Magazine 60+ 32

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60+

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#32

Variedades - Cultura - Informações Ano III

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Formato A4 | internet livre

Fevereiro/2022 - #32

- Brasil - Portugal

The New York Public Library

Argentina

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Planeta Terra

Uma releitura espiritual sobre nosso Planeta Páginas 11 e 12 A PRESENTE REVISTA TEM COMO FINALIDADE PASSAR INFORMAÇÕES PARA O PUBLICO 60+, SEM CONFLITOS DE INTERESSES E SEM FINS LUCRATIVOS.


NOSSOS PARCEIROS

USP 60+

Saúde Única, sonhos coletivos FMVZ - USP

Projeto Across Seven Seas www.acrosssevenseas.com

Cada um tem sua história e a liberdade para decidir qual caminho quer seguir, se é hora de mudar de rumo ou continuar lutando pela melhor qualidade de vida possível. Está chegando ou passou dos 60 anos, ou mesmo tem interesse pelo assunto, entre em contato e sugira histórias, cursos, eventos.

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04/02/2022

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Jornalista Responsável

Manoel Carlos Conti Mtb 67.754 - SP


Editorial

seja bem-vindo Manoel Carlos Conti Jornalista

Li em algum lugar que Indira Gandhi disse uma vez “O amor nunca faz reclamações”. Quem sou eu para dizer que uma sumidade dessas estaria certa ou errada quando disse tal frase. Com o COVID e uma irritação que não é normal em meu modo de ser, estava em casa de quarentena e não achava a menor graça em nada que tentava fazer. Reclamava da vida para amigos, falava mal do tal virus que me atingiu, dos remédios que poderiam fazer efeito de um dia para outro e isso não acontecia... cheguei até a reclamar num grupo de amigos que eu não via colaboração em uma coisa que eu inventei e resolvi fazer sózinho: essa revista que ajuda tanta gente. De uma hora para outra chegaram mensagens querendo dar apoio, perguntando onde poderiam ajudar, nem sei de onde pegaram minha “reclamação” mas até leitores passaram a querer dispor seu tempo para um apoio. Eu nunca reclamo de nada, depois que comecei meu tratamento de uma doença rara, festejo até quando risco um fósforo na caixinha e ele, obviamente acende. Não reclamo de comida, da falta de um doce, de programas de tv que estejam assistindo em casa, de filas, seja no banco, na padaria, no caixa do supermercado enfim, me tornei um hiper conformado com o que tenho e com o que me dão. Hoje, pensando melhor, não sei se minhas reclamações dos tempos de COVID foram para o bem ou para o mal. Percebo que os verdadeiros amigos têm de saber o que queremos. Me lembrei que uma vez em um aniversário ganhei 2 livros idênticos; quando fui trocá-los mesmo sem saber se aquele livro foi presente do amigo A ou do amigo B (uma vez que acho que essas coisas trazem um pouco da alma do ‘toque’) pensei comigo: porque não dizer o que se quer ganhar de presente? Acho que é chato né, parece grosseiro e naquele momento percebi que Indira estava certíssima em sua fala. Só não percebi que a palavra AMOR da tal frase é o ponto que ela quis chegar com mais ênfase e fazer RECLAMAÇÔES pode até ser um ato desse amor... basta fazê-lo com serenidade, com respeito, como um pedido de socorro e que, mesmo distantes as pessoas irão te ouvir. Obrigado meus amigos... boa leitura!

Indira Priyadarshini Gandhi, em hindi foi primeira-ministra da Índia entre 1966 e 1977 e entre 1980 e 1984 wikipédia

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60+

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Nosso time de Colunistas Herodoto Barbeiro 4e5 Silvia Triboni 7 a 10 Sérgio Frug (CAPA) 11 e 12 Thais B. Lima 13 e 15 Sandra Schevinsky 17 a 18 Marisa da Camara 19 e 20 Veterinária USP 21 e 23 João Aranha 25 e 26 Malu Navarro Gomes 27 a 29 Fabio F. Sá 31 e 32 Osvaldo B. Morares 35 e 36 Lawrence G. Nogueira 37 e 38 Sérgio Grinberg 39 e 40 Marcelo Conti 41 e 42 Norberto Worobeizyk 43 a 46 Cidália Aguiar 47 e 48 Laerte Temple 51 e 52 Luiz A. Moncau 51 e 52 Lenildo Solano 55 e 56 Katia Brito 57 e 58 Tony de Sousa 61 e 62 Malu Alencar 63 e 64 Marly de Souza 67 e 69 Cida Castilho 71 e 72 Ebe Fabra 73 a 75

AVISO LEGAL: Não há intenção de infringir direitos de autoria. Este Revista é apenas para fins educacionais e de entretenimento. Os direitos das fotos e textos pertencem àqueles citados nas reportagens, aos quais agradecemos imensamente This magazine is distributed via the internet to the Cancer Institute


Crônicas do Brasil - Parece mas não é

Eleições á vista

Ano de eleição é ano incomum no Brasil. Especialmente quando está em disputa a presidência da república. Já era esperada uma radicalização de parte a parte e por isso a disputa se polariza entre o candidato apoiado pela direita e pela esquerda. A situação é ainda mais tensa porque um dos candidatos vem das forças armadas. O envolvimento de militares na política vem desde a época da proclamação da república, passa pelos movimentos tenentistas, pela ascensão de Vargas e por todas as crises que se sucederam. A situação vivida pelo país agrava ainda mais a tensão da campanha. Há uma inflação descontrolada, queda do poder aquisitivo da população e o empobrecimento real. Há um descontentamento geral no campo e no setor financeiro. A imprensa avisa que o Brasil não tem como pagar as parcelas vencidas da dívida externa, que não deixa de crescer. O juros internacionais não param de subir o que contribui para piorar as contas públicas. Os gastos públicos estão descontrolados e decididos por critérios puramente políticos o que favorece os que estão encastelados no poder há décadas. Na disputa presidencial não pode faltar um ríspido debate entre os que são favoráveis ao nacionalismo, com a ampliação das estatais especialmente em setores considerados estratégicos como petróleo, minérios e aciaria. As empresas estrangeiras devem ser nacionalizadas como aconteceu em Cuba, líder da campanha contra a influência norte americana no continente. É uma das bandeiras principais da esquerda. Do outro lado estão os que querem a privatização e a abertura para uma economia liberal de mercado. Estes são rotulados de entreguistas, vinculados ao capital internacional que tem como objetivo dominar as nações latino americanas, e entre elas o Brasil. No fundo os programas eleitorais se assentam nos pilares do capitalismo ou socialismo. A vitória de um ou outro candidato pode determinar o caminho da economia nacional. Os partidos políticos estão embolados. Mudam de lado de acordo com o vento político. As pesquisas eleitorais servem de norte para os partidos apoiarem um ou outro candidato à presidência. Além dos candidatos mais

Senado Federal

Heródoto Barbeiro Jornalista/Historiador

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cotados, abre-se a possibilidade de uma terceira via, alguém que se distanciasse dos radicalismos divulgados tanto pela imprensa como nas reuniões políticas. Isto possibilita a candidatura populista de Adhemar de Barros, ex- interventor em São Paulo. O marechal Henrique Teixeira Lott inicia a campanha de forma robusta mas vai perdendo força ao longo da campanha. Tem o apoio da esquerda e ao seu lado, candidato a vice, está João Goulart, ex-Ministro do Trabalho no governo democrático de Vargas. O candidato da oposição ao presidente Juscelino é o ex-governador de São Paulo, Jânio Quadros. Outro populista, hábil na comunicação popular e que conta com o apoio de amplos setores da direita, especialmente do setor industrial. A disputa chega ao auge com o lançamento da chapa Jan-Jan, ou seja Jânio e Jango, ainda que este esteja na chapa do marechal Lott. A legislação eleitoral permite. Essa aliança recebe nas urnas o apoio do eleitorado. Jânio é eleito com 48% dos votos, Lott tem 32% e Adhemar 20%. Começa a crise que culmina com a renúncia do presidente.

FOTO: TRE

Acordo Obsoleto, Durmo Atualizado www.durmoatualizado.com.br

Seniors ativos, curiosos, empreendedores e eternos aprendizesUm blog com dicas fáceis e diversas desde cortar custo de aquisição de remédios, como tirar uma ideia da cabeça e tornar-se um projeto a aplicativos que facilitem o seu dia a dia. Desenvolvido por Marcelo Thalenberg colunista do Magazine 60+

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Mudança de Hábito

Guia para não sermos etaristas em nossas comunicações Fotos enviadas pela colunista Silvia Triboni Viajante Sênior e Repórter 60+

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Sabemos muito bem que o preconceito de idade é nocivo para as pessoas e para toda a sociedade. Entretanto, sabemos também que pequenas mudanças na maneira como falamos ou escrevemos sobre o envelhecimento e sobre as pessoas idosas podem ter impactos positivos e transformadores. Por esta razão é que este “Guia para não sermos etaristas em nossas comunicações” poderá nos ajudar a elaborar uma linguagem correta e inclusiva, que irá, inclusive, desafiar o preconceito etário (muitas vezes existente em nós mesmos). É de conhecimento geral que o etarismo está generalizado na sociedade e pode ser encontrado em todos os lugares, desde os nossos locais de trabalho e até nos estereótipos que vemos na TV, na publicidade e na mídia. Posto a linguagem e as imagens transmitirem significado que alimentam suposições e julgamentos preconceituosos, a leitura deste guia vai nos dar a confiança necessária para desafiarmos o idadismo e valorizarmos as representações positivas e realistas do envelhecimento que encontrarmos. Esclareço que este “Guia para não sermos etaristas em nossas comunicações” apresenta uma síntese de artigos publicados para a Campanha Global de Combate ao Etarismo, da OMS Organização Mundial de Saúde, que visa melhorar a comunicação, e evitar o preconceito de idade em mensagens e imagens que usamos; pelo Centre for Ageing Better, uma fundação do Reino Unido destinada ao combate ao idadismo e valorização dos direitos humanos da pessoa idosa; e para a apresentação do Glossário Coletivo de enfrentamento ao

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Idadismo, criado pela Consultoria Longevida cujo objetivo é promover a cidadania da pessoa idosa no Brasil, com termos, expressões e depoimentos que denotam preconceito contra a pessoa idosa. Ressalto, portanto, a importância da leitura na íntegra das referências acima mencionadas, com vistas ao conhecimento de todas as orientações que apresentam. Boa leitura! 1 – Troque associações do envelhecimento a fragilidades, vulnerabilidades ou dependências Não se concentre apenas em retratos da velhice como um tempo de fragilidade, ou como um estágio de vida associado a gostos particulares, por exemplo, o tricô. Ser mais velho não significa necessariamente ser frágil, vulnerável ou dependente. Pessoas mais velhas continuam a ser ativas e participativas e contribuem de várias maneiras em seus locais de trabalho, comunidades e sociedade. Adote representações realistas do envelhecimento: - Dê voz aos adultos mais velhos Histórias pessoais e as experiências dos adultos mais velhos podem dar destaque ao valor que há na diversidade etária. Não reforce ideias de ‘envelhecimento bem-sucedido’ menosprezando as demais vivências. A forma como nós envelhecemos é frequentemente mais um produto do nosso ambiente do que de escolhas pessoais. - Use uma linguagem neutra e precisa. Evite termos que possam ser vistos como estigmatizantes, bem como aqueles que tenham sido usados com sentido pejorativo ou que estejam associados a uma competência inferior.

Evite dizer

. Não se refira a alguém como “Vô, Vó” (se não forem seus avós verdadeiros). . Não chame as pessoas dos lares, ou institutos de longa permanência, de ‘pacientes’. Há pessoas que vivem nestes locais por opção. Mesmo onde a ajuda e assistência seja necessária à pessoa, evite esta expressão. . Evite usar termos e linguagem que evoque pena e faça adultos mais velhos parecerem um grupo separado do resto da sociedade.

EXPERIMENTE O termo adulto(s) mais velho(s); pessoa(s) mais velha(s) ou pessoa(s) idosa(s) são respeitosos e devem ser o padrão se forem claros e precisos ao se fazer referência à idade de alguém. Se possível, pergunte às pessoas que termos preferem. Quando for relevante ser específico quanto à idade use: pessoas com 60 anos ou mais, etc. 2 – Evite o etarismo compassivo

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A linguagem deve mostrar uma compreensão sobre a situação das pessoas, sem ser compassiva, estereotipada ou paternalista. É melhor usar uma linguagem objetiva e não enfocar apenas a idade, a deficiência ou outros estereótipos associados a diferentes faixas etárias. Esteja atento ao preconceito compassivo, bem intencionado, de mentalidade paternalista, onde pessoas idosas são retratadas como vulneráveis e que requerem proteção.

Evite dizer

. Não use termos como ‘querida’, ‘jovem de coração’, ou ‘vó, ou vô’. Sempre se refira às pessoas por seus nomes. . Não declare a idade de alguém, a menos que seja relevante. No entanto, se deve dizer a idade de alguém, seja específico. . Evite linguagem sensacionalista negativa, do tipo: ‘vulnerável’, ‘desesperado’ e “apavorado” ou positiva, por exemplo: ‘amado’ e ‘sorridente’. 3 - Não alimente conflito entre gerações A ideia de um ‘conflito intergeracional’ tem ganhado relevo na sociedade. Há quem não concorde que os benefícios para as pessoas mais velhas custem tanto às pessoas mais jovens.

Evite dizer

. Evite metáforas que apresentem o envelhecimento em termos de crise. Metáforas refletem uma percepção da geração baby boomer como um fardo social. Certos enquadramentos evocam imagens de um número incontrolável de adultos mais velhos que representarão um problema para a sociedade. Evite as seguintes expressões: - Tsunami prateado - Penhasco demográfico - Bomba-relógio demográfica

EXPERIMENTE

Posicionar as informações sobre o envelhecimento da população de forma neutra, a permitir uma apresentação equilibrada das oportunidades e desafios associados à transição demográfica. 4 – Escolha as imagens com cuidado As Imagens usadas ao lado de histórias sobre as pessoas idosas frequentemente são caricaturas sobre o envelhecimento. É importante mostrar representações positivas e que refletem a realidade da vida desses indivíduos.

Evite

. Imagens com com adultos mais velhos a fazer paraquedismo ou com mãos enrugadas

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Fundadora do pr ven Seas, Re Deputy Ambassad Lisb www.acrossse Linkedin: Si Instagram - @acr


rojeto Across Seepórter 60+ e dor na Ageing2.0 bon evenseas.com ilvia Triboni ross_seven_seas

entrelaçadas. O uso generalizado deste tipo de imagem é desumanizante. Embora isso possa refletir algumas das realidades das pessoas mais velhas, não representa todas as realidades que vemos na velhice.

EXPERIMENTE

. Experimente dar prioridade às imagens mais positivas e diversificadas que possam ilustrar melhor as diferentes realidades das populações mais velhas. 5 – Evite generalizações Ter a mesma idade não significa que se é igual. Na verdade, tornamo-nos cada vez mais diversificados à medida que envelhecemos. Apesar dessa realidade, pessoas mais jovens e mais velhas tendem a ser retratadas de forma homogênea como uniformemente frágeis, vulneráveis e dependentes, ou invencíveis e ativas. As nossas experiências de vida e capacidades intrínsecas são apenas parcialmente correlacionadas com a nossa idade. Portanto, assumir que todas as pessoas de uma determinada idade são iguais não reflete com precisão o mundo ao nosso redor.

Evite fazer

. evite fazer descrições generalizadoras se referindo às pessoas mais velhas como ‘eles’ ou ‘deles’. Pronome como “eles” e “deles” retratam pessoas mais jovens e mais velhas como se fossem um grupo separado e não parte de nossa sociedade.

EXPERIMENTE

Sempre que possível, tente usar uma linguagem inclusiva. Substitua “eles” ou “deles” por “nós” ou “nosso”. 6 – Adote o Glossário Coletivo de enfrentamento ao idadismo Este glossário é mais uma ferramenta educativa criada pela Consultoria Longevida, no bojo das ações da Campanha de Enfrentamento ao Idadismo chamada “Lugar de pessoa idosa é onde ela quiser”. O valioso material aqui apresentado foi produzido de forma colaborativa, com importantes parceiros, e reúne termos, expressões, frases e situações que revelam como o etarismo e o preconceito contra a pessoa idosa, estão presentes em nosso dia-a-dia. O melhor, muito de seu conteúdo foi apresentado, voluntariamente, por pessoas idosas, as quais relataram a linguagem preconceituosa, ou idadista, que mais a magoam, ou incomodam. Vale a pena fazer o download gratuito do Glossário Coletivo de enfrentamento ao idadismo.

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Cultura Geral

Planeta Terra

Uma releitura espiritual sobre nosso Planeta

Sergio Frug

Qual será a primeira e mais básica necessidade humana em nosso planeta? Com certeza o próprio sustento, a própria sustentabilidade. Nossa primeira manifestação, nosso primeiro choro se dirige a isso. Já buscamos alimento, mas não só alimento, buscamos o peito da mãe. Alimento físico, alimento emocional e alimento espiritual, já que somos espíritos recém-chegados neste mundo da matéria, chorando também de susto e medo de que lugar será esse em que aportamos. Muitos de nós apresentamos grande dificuldade para encarnar, necessitando cada vez mais de todos esses nutrientes para nos acalmar, estabilizar. Algo que em geral não acontece, pois existe um medo contagioso que passa de geração para geração. Assim, esse medo da escassez passa a ser o nosso maior obstáculo na busca pela sustentabilidade. Um tipo de medo sempre corroborado pelo sistema que criamos visando explorar o outro e assim transferir o medo para o próximo, o que nunca acontece, pois quem cria medo, vive com medo. Ainda assim continuamos nos desenvolvendo. Os mais impetuosos, os de Fogo, acham que precisam lutar mais e mais para obter sucesso. Os mais precavidos, os de Terra, acham que precisam trabalhar sem folga para garantir o próprio sustento. Os mais racionais, os de Ar, acham que precisam estudar sempre mais e mais para adquirir o conhecimento necessário, que em geral não vão usar. Os mais sensíveis, os de Água, se apegam ao passado, de certa forma com saudades eternas do seio materno e por isso não aprendem a deixar fluir adequadamente as suas emoções. Na verdade, aquele vazio interno constituído pelo medo endêmico nas primeiras fases da vida continua persistindo, porque o medo persiste. As cobranças surgem por todos os lados. Os chefes exigem dos subordinados aquilo que eles mesmo não sabem fazer. O próprio perfeccionismo dos que acreditam que na perfeição serão bem-sucedidos contribuirá para que não o sejam e precisem se esforçar cada vez mais e mais, eventualmente até quebrar. Os que acreditam no conhecimento como chave para a realização haverão de dedicar a isso uma vida inteira sem adquirir a sabedoria que os poderia salvar.

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Foto


o: Brasil Escola

E os emotivos sofrerão e causarão sofrimentos, pois ninguém ainda nos ensinou a lidar com as nossas próprias emoções. Chega um momento na vida, uma aposentadoria, por exemplo, que promete oferecer uma vida tranquila, mas não oferece porque o medo ainda está lá. Mas o que estará por trás de tudo isso? O medo da escassez, a ganância, o egoísmo extremo? Sim tudo isso. Como podemos acreditar numa governança global que há séculos aposta num crescimento contínuo e infinito, como o PIB, sabendo que todo produto precisa de matéria-prima e a nossa matéria-prima está acabando. Eles resolvem então ir para Marte. Será? Exagero? Sim, exagero, pois certamente há muito mais além disso. Há também aqueles que ouvem “Caçador de Mim” do Milton e saem caçando a Si mesmos, lidando com o próprio medo, ouvindo cada vez mais o próprio coração e deixando de dar ouvidos a nenhuma instituição que sentem estar faltando com a verdade e a integridade. Pois as instituições mentem e semeiam o medo porque tem medo de perder os próprios privilégios que pensam ter, mas na verdade não tem, pois são apenas privilégios materiais que nunca serão consistentes o suficiente para faze-los acalmar. Porém, por seu lado, os Caçadores de Si fazem o seu trabalho. Com suas pequenas velas acesas vão tentando acender também as velas dos companheiros mais aflitos e assim vão distribuindo e disseminando a sua Luz, ainda que frágil, por onde andam. Despertando a si próprios e àqueles que os acompanham. A Luz não se traz da mesma forma arrebatadora e alucinada com que se traz a treva. A Luz se traz com delicadeza, persistência e firmeza. Se não há delicadeza, não há Luz. Enquanto isso a situação continua se agravando. Mais do que correr perigo, nosso planeta agoniza. Ventos, maremotos, vírus, clima descontrolado, desertificações onde não devia haver, degelo dos polos e futuramente um calor insuportável irão nos abater. Lembrando do seio da mãe, porém, vamos abraçar Gaia, Kali, Isis, Ceres, Shechinah e tantos outros princípios femininos encarregados de nos trazer algo que só elas, sutilmente podem nos oferecer: a vida. Gaia é um organismo vivo, Gaia é a própria Natureza, Gaia é a mãe de todos nós. E ainda que violentada de forma tamanha nunca nos deixará desamparados. E nunca deixará de nos proporcionar o grande dom que irá nos salvar. Um antídoto lento, mas inevitável, pois todos esses arquétipos não estão aí para brincar. Para isso a Grande Mãe nos oferece o dom da Consciência. A Consciência sim é o único dom que nos leva a vencer o medo. A Consciência da Abundância. Garantindo assim que no devido tempo o novo reino efetivamente se constituirá.

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Benefícios

Memória afetiva e emoções Thais Bento Lima gerontóloga e colunista do SUPERA Ginástica para o Cérebro

O declínio cognitivo afeta o envelhecimento? No processo de envelhecimento precisamos estar atentos tanto para as características físicas como para a cognição. A capacidade cognitiva é um forte indicador de saúde, pois está relacionada ao processamento de informações, memória, análise, aprendizado, entre outros. Com o envelhecimento há um declínio natural na cognição e variáveis como escolaridade, doenças prévias, morar sozinho e o tabagismo podem ser considerados fatores de risco para um declínio cognitivo mais acentuado. O declínio cognitivo pode ser considerado o estado transitório entre o envelhecimento cognitivo natural e a demência. As pessoas que apresentam declínio cognitivo elevado podem ter um aumento no risco de resultados adversos à saúde e uma piora na qualidade de vida, em outras palavras, as atividades pessoais, sociais e ocupacionais podem sofrer mudanças, e uma consequência seria a perda da independência e autonomia. O Declínio Cognitivo Subjetivo (DCS) é uma queixa constante que uma pessoa tem em relação a sua cognição, mas que não apresenta nenhuma perda, ou seja, mesmo tendo queixas cognitivas, quando avaliado não apresenta anormalidades. É importante destacar que essas queixas podem estar associadas a uma pior qualidade de vida. Por outro lado, o Comprometimento Cognitivo Leve

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(CCL) é uma queixa cognitiva que pode ser confirmada através da avaliação de diferentes domínios cognitivos e tem um leve impacto nas atividades de vida diária, em atividades mais complexas, mas sem prejudicar a independência e autonomia do indivíduo. Em seu estudo Merlin (2021) relatou três critérios para DCS: 1) Declínio cognitivo e persistente das capacidades cognitivas, associado ao desempenho normal nos testes cognitivos padronizados; CCL;

2) Ausência de diagnóstico de demência ou

3) Quadro clínico não melhor explicado por transtornos psiquiátricos, uso de medicação ou doenças orgânicas. A depressão apresenta maior prevalência para as pessoas com 50 anos ou mais, sendo comum relacionar a depressão e a ansiedade como uma causa natural do envelhecimento, o que não é verdade pois em muitos casos precisam de tratamento. Estudos relatam que as pessoas com DCS frequentemente apresentam sintomas depressivos e de ansiedade, havendo o risco de evolução para uma demência ou CCL. Apresentamos algumas ações que podem ajudar a prevenir a evolução do DCS para um quadro demencial: ● Maximizar a função cognitiva por meio de estimulação cognitiva e social; Ilustração: M.Conti

● Tratar e controlar fatores de risco como doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão, entre outros; ● Manter uma alimentação saudável; ● Praticar exercício físico regularmente; ● Tratar a depressão; ● Cuidar da perda auditiva. Por fim, é aconselhável sempre procurar um médico quando perceber que você ou um familiar começou a apresentar queixas cognitivas, visto que um diagnóstico precoce ajuda a retardar uma pos-

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sível demência, favorecer a autonomia, evitar acidentes, diminuir o estresse e a ansiedade, inclusive dos familiares. Assinam esse artigo Profa. Dra. Thais Bento Lima-Silva Gerontóloga formada pela Universidade de São Paulo. Docente do curso de Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), Coordenadora do curso de pós-graduação em Gerontologia da Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo. É assessora científica e consultora do Método Supera. Referências bibliográficas MERLIN, Silva Stahl. Características de personalidade e alterações cognitivas de idosos no acompanhamento longitudinal. 2021.Tese de Doutorado. Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2021. NIEHUES, Janaina Rocha. Associação entre as características percebidas do ambiente construído, declínio cognitivo e limitações físico-funcionais em idosos comunitários. 2021. Dissertação, Universidade Federal de Santa Catarina, Araranguá SC, 2021. STUDART NETO, Adalberto; NITRINI, Ricardo. Declínio cognitivo subjetivo: a primeira manifestação clínica da doença de Alzheimer. Dementia & Neuropsychologia, v. 10, p. 170-177, 2016.

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Divã

Abra os olhos! Sandra Regina Schewinsky

Psicóloga - Neuropsicóloga

Acabamos de ter o Janeiro Branco, em que o objetivo é chamar a atenção da humanidade para as questões e necessidades relacionadas à Saúde Mental e Emocional das pessoas e das instituições humanas. Por que é tão importante pensar em Saúde Mental, hoje, ontem e sempre? Diferentemente das doenças do corpo em que alguém chega gritando por infarto a doença mental pode ser discreta e quase invisível e trazer consequências danosas para as pessoas. Mas, quero falar de problemas que também são negligenciados, ou desconhecidos, por isso temos o Fevereiro Roxo que é o mês de conscientização sobre as doenças: lúpus, fibromialgia e mal de alzheimer. O lúpus pode afetar articulações, pele, rins, células sanguíneas, cérebro, coração e pulmões. Os sintomas variam, mas podem incluir fadiga, dores nas articulações, manchas na pele e febre. Podem se agravar (crise) por alguns períodos e, posteriormente, melhorar. A fibromialgia costuma ser acompanhada por fadiga e alterações no sono, na memória e no humor. Dor muscular generalizada e sensibilidade são os sintomas mais comuns.

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Na doença de Alzheimer, as conexões das células cerebrais e as próprias células se degeneram e morrem, eventualmente destruindo a memória e outras funções mentais importantes. Perda de memória e confusão são os principais sintomas. Querido leitor, percebeu como doenças diferentes podem ter sintomas parecidos e que nos confundem. Não é raro pessoas com demência inicial serem tratadas como depressivas, aquelas que sofrem de fibromialgia são rotuladas de pessoas difíceis e que não querem trabalhar e o lúpus se não for rapidamente diagnosticado pode ser muito grave. Assim, quero chamar a atenção para a necessidade da investigação correta sobre a saúde global da pessoa, com médicos, psicólogos, neuropsicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, enfim, a equipe que for necessária para abarcar a pessoa em sua totalidade e em seu sofrimento. A neuropsicologia, por exemplo, pode contribuir para o diagnóstico diferencial, ou seja, na inter-relação dos dados obtidos por instrumentos e testes pertinentes, compreender o funcionamento do cérebro daquela pessoa, como estão suas funções mentais (atenção, memória, raciocínio, por exemplo) e suas questões emocionais e comportamentais, para assim, diagnosticar e tratar corretamente a pessoa. Por isso, ABRA OS OLHOS, busque avaliar seus problemas e de quem você ama, corretamente, para ter um caminho mais tranquilo. Beijos Sandra Schewinsky

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A vida como ela é

Nivelando a Sabedoria Marisa da Camara Terapeuta Energética Radiestesista

Há alguns dias, peguei-me perdida em pensamentos e reflexões sobre o que viria a ser sabedoria, em sua essência. Isso ocorreu-me ao vivenciar uma tristeza profunda após o tombo de um neto, com uma forte pancada na cabeça, que o deixou confuso e esquecido por algumas horas. Este quadro, que mudou positivamente em poucas horas, graças a Deus, me deixou abalada por três dias. Aquela sensação inquietou-me, afinal, se tudo estava bem com ele, que tristeza duradoura era aquela que eu sentia? Dei-me conta que havia me restado a constatação da fragilidade da vida daqueles que tanto amo. Com certeza, o estado temporário e assustador pelo qual passou meu neto mexeu muito comigo. Passados três dias de grande sensibilidade e tristeza, já recuperada, questionei-me a respeito: “Em qual nível encontra-se minha sabedoria, que não se sobrepôs aos meus sentimentos, equilibrando-me quando tanto precisei?” Mergulhando nesse raciocínio, atentei que ao longo do envelhecer convivemos com duas coisas que a mim me parecem antagônicas: a SABEDORIA e a SENSIBILIDADE EXACERBADA. - De um lado temos a sabedoria, conquistada e fortalecida em anos de experiências acumuladas, mas curiosa e ironicamente temos, do outro lado, nossa sensibilidade ampliada pelas vicissitudes da vida. Não à toa, os idosos sempre foram poupados ou privados de diversas notícias impactantes.

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Concluindo que nossa sabedoria pode não dar conta dessa nossa sensibilidade exacerbada, saí a buscar definições e a interpretá-las. A SABEDORIA trata de erudição, experiências acumuladas, conhecimentos, mas também sensatez e reflexão. A SENSIBILIDADE está ligada à suscetibilidade, à empatia, ternura e piedade; à faculdade de sentir compaixão, simpatia pela humanidade; predisposição à solidariedade, entre outros. Nessas buscas, encontrei também algo que achei interessante: a palavra ‘sabedoria’, deriva do latim “sapere” e significa, além de ‘saber’, ‘sentir’. Em Portugal, a palavra saber também é utilizada para exprimir o sabor das coisas. Ora, se ‘sabedoria’ também trata-se do sentir, do saborear, sua evolução dependerá de sabermos dosar o sentimento e o sabor que colocamos sobre as ocorrências de nossas vidas, quer sejam elas boas ou más, alegres ou tristes. Para completar o raciocínio, observa-se que as definições de ‘sensibilidade’ são todas relacionadas a uma predisposição; a algo facultativo, ou seja, que pode ser mudado. Isto reforça minha percepção de que a chave para ampliarmos nosso nível de sabedoria está em fortalecer nossa sensibilidade, ou seja, diminuir nossa suscetibilidade às ocorrências da vida. Ainda nessa linha de raciocínio, interpreto a sensibilidade exacerbada, essa coisa à flor da pele, não mais como algo assustador ou ameaçador, como relatei, mas sim como o caminho, uma oportunidade de rever os conceitos do sentir e, assim, elevar o nível de sabedoria, que não só ampliará a paz interior, mas permitirá o compartilhamento desta conquista, como um legado. Foto: M.Conti - Título: rir ou chorar

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Papo Animal

Comportamento dos cães Saúde Única, sonhos coletivos FMVZ - USP

Os cães são considerados os melhores amigos do homem e fazem parte do nosso dia a dia e das nossas famílias há cerca de 500 mil anos. Mas sabemos, realmente, como se comunicam? Para o ser humano, os sentidos mais importantes para a comunicação são a visão e a audição, e por isso nos comunicamos majoritariamente por uma linguagem falada e escrita. Os estímulos visuais são mais fortes do que os olfativos, que muitas vezes percebemos apenas quando nos remetem uma sensação positiva ou negativa e que passamos a ignorar após algum período, concentrando nossa atenção principalmente nas informações visuais. Já para os cães, o olfato é o sentido mais importante e é muito aguçado. E, de fato, alguns indivíduos são capazes de detectar uma colher de açúcar diluída no equivalente a 2 piscinas olímpicas inteiras. Por isso, a primeira reação de um cão, ao se aproximar de qualquer coisa, é cheirar. Os odores trazem tantas informações para eles quanto as que coletamos através da visão, razão pela qual se diz que o cão “enxerga” o mundo através do seu nariz. Diferentemente dos humanos, eles não se acostumam com os cheiros, pois a sua anatomia nasal e a forma como inalam e exalam o ar pelas narinas faz com que o ar seja renovado constantemente. Isso evidencia que alguns hábitos humanos, quando impostos aos animais, não os beneficiam como imaginamos. O banho frequente, por exemplo, especialmente quando são usados produtos perfumados, pode prejudicar a comunicação de sua identidade odorífera e causar desconforto nasal (observado na forma como exalam o ar com força, quando são expostos a perfume). Outra forma importante de comunicação

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arquivo

dos cães ocorre através da linguagem corporal. A posição da cabeça, das orelhas, do corpo, do rabo e a fisionomia do animal dão informações importantes sobre o que ele está sentindo no momento, se está feliz, relaxado, amedrontado, ansioso, stressado ou bravo. De modo geral, quando o animal está contente a fisionomia, orelhas, o corpo e o rabo estarão relaxados, embora o rabo possa ficar para o alto, abanando rapidamente; nessa condição o animal é bastante sociável. No entanto, quando amedrontado, ansioso ou estressado o animal pode reagir mal, se importunado; o melhor a fazer é dar-lhe espaço e tempo para se tranquilizar. Quando se sente incomodado ou amedrontado, ele fica com o corpo tenso, as orelhas atentas, o rabo baixo ou entre as pernas e pode levantar uma das patas dianteiras, pronto para sair do local. Se muito estressado, o corpo fica tenso, encolhido ou trêmulo, o rabo fica tenso e baixo ou esticado no prolongamento da coluna, pode arfar, rosnar e mostrar os dentes. Alguns comportamentos são comuns a diversas situações como bocejar, lamber, arfar e ladrar; para entender seu significado, é preciso observar o contexto em que se manifesta. O bocejo pode significar apenas que ele está cansado e sonolento, mas também pode ser sinal que está se esforçando para se controlar numa situação de estresse, medo ou ansiedade e, além disso, pode comunicar para outro animal que ele não quer briga. Lambidas em pessoas ou animais podem indicar afeto, mas podem decorrer de estresse, ansiedade, problemas cutâneos ou disfunção cognitiva quando lambem insistentemente alguma parte do próprio corpo ou alguma coisa. Os cães arfam quando estão com calor, mas esse comportamento pode ocorrer também quando estão agitados, tensos ou estressados. Os latidos denotam excitação, medo, delimitação de território, alerta de perigo ou alguma necessidade física como sede e fome. Reconhecer o comportamento do animal pode, portanto, melhorar nosso convívio diário e evitar situações potencialmente perigosas para todas as pessoas e animais envolvidos nas interações cotidianas. Além disso, compreender os sentimentos determinantes do comportamento animal nos permite atuar para modificar comportamentos indesejados através de nossa comunicação com eles. Isso se deve ao fato de que os cães aprenderam, ao longo dos milhares de anos de convivência, a ler a linguagem corporal e o tom de voz humanos. Ocorre que, sem querer e sem perceber, o comportamento humano pode deixá-los confusos, inseguros e ansiosos, resultando em conflito.

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Se tiver sugestões de temas ou dúvidas entre em contato pelo e-mail: papoanimal60mais@gmail.com. Nos siga nas redes sociais: Instagram: @projetosantuariousp e Facebook: Projeto Santuário - FMVZ USP. Ficaremos muito felizes em ter você conosco!

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É possível lidar e solucionar os problemas comportamentais dos animais, mas isso demanda tempo, paciência e esforço. Estudos apontam que reforçar positivamente os comportamentos desejados (com petiscos, elogios e carinho) produz mais efeito do que utilizar punições, além de promover o bem-estar animal. Puni-lo (fisicamente, com gritos, trancos na guia, barulhos como chacoalhar um pote com moedas, uso de coleiras do tipo enforcador ou coleira de choque, etc) pode levar a desvios comportamentais e traumas, o animal não consegue entender o porquê de estar sendo punido. Além disso, se exposto a punições constante pode apresentar o que se chama de desamparo aprendido, que é quando o animal se desinteressa em mudar o comportamento porque aprendeu que a punição é inevitável. Infelizmente alguns profissionais de comportamento ainda utilizam métodos punitivos, portanto, é importante questionar o adestrador quanto ao método utilizado e, se possível, acompanhar o treinamento. A socialização dos cães tem um papel essencial no seu desenvolvimento cognitivo e comportamental. Durante o período de 1 a 3 meses de idade, o animal construirá seu aprendizado sobre o mundo, e por isso, é importante que ele tenha experiências positivas com as situações que ele terá que lidar durante a vida: outros animais, barulhos, espaços, pessoas, etc. Se o cão for mal socializado durante essa fase, ele pode carregar traumas por toda a sua vida, levando a quadros de medo, ansiedade e agressividade no futuro. Texto escrito por Natacha Teixeira, com a colaboração de Natayane do Vale Torquato e Evelise Oliveira Telles, membros do Projeto Santuário.


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60+

magazine

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Contos II

Meritocracia

Panacéia ou solução? João F Aranha

Cidadão e Repórter

Histórias de superação nos levam amar a meritocracia. São relatos emocionantes de pessoas que vencem preconceitos, racismo, oportunidades desiguais e outras mazelas próprias de um sistema que geralmente se mostra injusto. Escrevem-se livros, que depois se transformam em filmes de sucesso, fazendo-nos crer que a sociedade justa é meritocrática, pois as perspectivas são iguais para todos, desde que se tenha talento e se trabalhe arduamente. Dessa forma, através da meritocracia, a mobilidade sócio-econômica torna-se a melhor resposta para a desigualdade e a elite passa a acreditar que faz parte de uma casta que alcançou esta posição por mérito próprio. O dinheiro passa a refletir o valor da contribuição social e com trabalho e fé há a ilusão de que o destino está em suas mãos. Esse clima leva uma competição desenfreada onde “estar bem na vida” significa que o indivíduo ascendeu sócio-economicamente falando, restringindo o conceito de vida a uma maratona de desafios e superação de obstáculos, criando uma falsa percepção de realização. Ao se auto considerar uma classe de virtuosos trabalhadores, vencedores da “grande batalha da vida”, acabam gerando um ciclo vicioso onde os filhos continuam a ter as melhores oportunidades de estudo, quando então a meritocracia volta a funcionar, criando uma casta onde os privilégios passam de geração para geração. Intensificam-se as cobranças e as novas gerações precisam se esforçar cada vez mais, tornando mais exaustos os que chegam à maturidade, levando a uma rebeldia contra essa busca incessante por mais produtividade e, principalmente, reconhecimento. Num ambiente de ansiedade coletiva, aparece o medo de não estar à altura, onde filhos competem com os pais que, por sua vez, já haviam competido com seus pais, ignorando-se por completo o senso comum, o conhecimento vulgar e prático, que orienta as ações do cotidiano e dá sentido à vida, gerando felicidade.

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Foto: ROBIN W


WORRALL - unsplash.com

Este outro lado da moeda diz que a meritocracia é uma farsa, pois uma sociedade que busca ser justa não pode se basear só na possibilidade de ser livre para ascender. Casos isolados de meritocracia não justificam a massa dos que sofrem a opressão de uma desigualdade estrutural. Poucos são os que vencem essas barreiras e muitos são aqueles que se amarguram por se verem apartados dos melhores empregos e das melhores escolas para seus filhos. Os ressentimentos gerados abrem as portas para políticos populistas, decorrentes da perda de confiança no conhecimento e nas instituições, onde promessas vagas do tipo “Brasil acima de tudo” nada significam na prática. Uma exceção não funciona quando se analisa o todo. Há os que vivem com dignidade e decência, dando sua contribuição fundamental para a sociedade, embora não reúnam as condições mínimas para ascender, levando a pecha de indolentes, preguiçosos e pouco ambiciosos. Num mar de ansiedade, frustrações e queixas legítimas, não apenas as de caráter econômico, mas também, morais e culturais, as pessoas que não podem ascender sentem-se alheadas ao não se verem como participantes de projetos comuns, não terem acesso à cultura do aprendizado e serem excluídos da vida econômica, social e política da nação. Essa situação se deteriora quando os governantes insistem em fazer uso também da meritocracia, gerando programas sociais que visam beneficiar jovens que se destacam em competições esportivas, ofertando bolsas de estudo para aqueles de bom desempenho em competições acadêmicas e científicas, excluindo dos benefícios a grande massa de famintos e desempregados. Ao se ver sem trabalho o ser humano se torna invisível, não participando do bem comum, nas suas formas consumistas e cívicas, ameaçando os princípios democráticos e a justiça social. Daí a pergunta que não quer calar: O que aconteceu com o Bem Comum e qual será a herança das gerações futuras num ambiente tecnocrático onde o modo meritocrático impera, definindo o mundo como sendo deganhadores e perdedores. Para Saber Mais: - A Cilada da Meritocracia – Daniel Markovits – Editora Intrínseca - A Tirania do Mérito – O que aconteceu com o bem comum? – Michael J. Sandel – Editora Civilização Brasileira MATÉRIA REPETIDA AGORA NA INTEGRA. POR UMA FALHA DE EDIÇÃO A MESMA FOI CORTADA NO NÚMERO ANTERIOR. PEDIMOS DESCULPAS AOS LEITORES E AO COLUNISTA

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Aprendizagem na 3ª idade

Em busca do envelhecimento saudável Malu Navarro Gomes Pedagoga Psicopedagoga Educadora no projeto Feliz Idade

Ao tomar conhecimento de uma questão levantada por um amigo sobre aquilo que escrevi na última edição desta Magazine 60+ resolvi transformar sua questão no tema central de nossas reflexões nesta nova edição da revista. Ary Filler, São Paulo – SP – transcrição resumida de mensagem por áudio de WhatsApp “Entendi que você irá fazer uma sequência de artigos falando sobre o envelhecimento saudável. Eu acho que você começou a abordar temas básicos, mas tem gente que ainda não discute muito isso. Eu não sou muito de seguir cartilha e vejo que existem muitas cartilhas: faz isso, faz aquilo... Você sugere: geriatria, nutrologia, fisioterapia psicomotora, tudo ligado à saúde, mas, principalmente à medicina ligada à indústria farmacêutica, à indústria da doença, quanto mais doença, melhor. E aí eu te pergunto: e a oriental e a medicina chinesa e coisas como a saúde integral? Então, quando a gente fala numa cartilha: procurem os médicos, procurem não sei o quê, eles vão cair nas mãos dos que estudaram em uma faculdade financiada pela indústria farmacêutica. A medicina integrativa é muito mais completa, muito mais sofisticada do que a medicina ocidental, a nossa. Então, eu acho que o envelhecimento saudável também deve abranger práticas que os orientais têm. A gente podia aprender com eles”. Caro Ary, grata por sua participação. Desculpe-me por ter resumido seu depoimento e só o fiz para que sua pergunta e minha resposta caibam no espaço desta coluna. Primeiramente você tem razão quando nos alerta para o foco no uso exagerado de remédios ao invés de mudança de hábitos de vida e de comportamentos saudáveis. Também concordo com você quanto ao que poderíamos aprender com a medicina tradicional chinesa. Muitos institutos sérios de pesquisa têm trabalhado para investigar os benefícios de técnicas como Shiatsu, Do In, Acupuntura, Reflexologia, Fitoterapia e outras que, se não forem técnicas orientais antigas são, pelo menos, mais naturais e menos invasivas, hoje fazem parte da prática de muitos médicos ocidentais, inclusive que foram

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Imagens: Pinterest

aceitas no Brasil pelo Ministério da Saúde, como parte da prática possível em nossa medicina. Trata-se das Práticas Integrativas e Complementares encontradas, por exemplo, no Sistema Único de Saúde – SUS – e que hoje conta com um total de vinte e nove dessas modalidades. Vale a pena buscar essa referência no site do Ministério da Saúde. É preciso lembrar que as Práticas Integrativas e Complementares não substituem o tratamento tradicional, porém o complementam. Não podemos nos esquecer também que a medicina ocidental – não gosto destas classificações, mas vá lá... – trouxe avanços como a penicilina, a insulina, medicamentos para a hipertensão, para a tuberculose, HIV, a hanseníase, assim como respeitados cientistas dedicaram sua existência a descobertas que salvaram muitas vidas, como Sabin, Marie e Pierre Curie e tantos outros. A expectativa de vida no ocidente no último século aumentou de 45 anos para 75 anos, mais ou menos, atualmente. Para nós, os idosos, além de mais tempo, melhorou também nossa qualidade de vida, diminuindo as dores antes consideradas normais em idades mais avançadas e isso nos ajuda a resgatar a disposição e energia para fazermos o que temos vontade. Podemos sonhar e construir um futuro melhor para nós mesmos e deixar um legado para as gerações posteriores à nossa. Quanto à indústria farmacêutica não há dúvida de que seu principal motivo para investir milhões em pesquisas é a busca do lucro. Aí entramos em uma questão do modelo econômico e de políticas sociais cujos acertos e erros fogem ao escopo de nossa coluna. O que você chama de cartilha, são de fato recomendações básicas para a saúde do idoso. Em trabalho psicopedagógico facilito o desenvolvimento de processos de aprendizagens para que os idosos superem seus limites físicos, cognitivos, emocionais, entendam que muito ainda podem fazer, descobrir novas ações e colaborar para disseminar suas conquistas e aprendizagens, não somente entre seus familiares como também para a sociedade. Poderia até orientá-los, quando à sua saúde física, a buscar orientação de profissionais da chamada medicina oriental, mas seria temerário desestimulá-los a buscar especialistas formados nas faculdades de medicina, com anos de estudo e conhecimento de terapias que solucionam problemas de saúde dos idosos. Não conheço e não posso opinar sobre a formação e currículo das faculdades de medicina. Como em todas as profissões, estas podem produzir mercenários, gente cooptada pela propaganda e interesse dos laboratórios. Não podemos generalizar. Sejam nutrólogos, fisioterapeutas, neurologistas ou cirurgiões, infectologistas em clínicas e hospitais ou pesquisadores em institutos e universidades, todos eles trabalham pela saúde. Muitos aqui no Brasil pesquisam a Medicina Oriental e publicam trabalhos interessantes. Nesta horrível pandemia, percebo que os profissionais da saúde que se encontram na linha de frente, se expondo à contaminação, muitas vezes distanciados de suas famílias para preservá-las, estafados pela carga de trabalho merecem nossa gratidão e respeito. Nos hospitais se esgotam de tanto trabalho e, se mal formados ou mal informados, essas mesmas pessoas se tornam heróis por sua dedicação, pela frustração que sentem e relatam quando um paciente morre, apesar de todos os esforços feitos para preservar sua saúde e sua

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vida. Frustração pela impossibilidade de trabalharem melhor por questões muitas vezes mais ligadas à política do que ao bom senso numa época tão necessitada de lucidez e de insumos para se trabalhar bem e melhor. E, no final, é tudo uma questão de escolha. Qual médico irei procurar e por que devo fazê-lo? E essas escolhas são individuais. Cabe às pessoas reconhecerem o que poderá fazer mais sentido para elas. Para isso, precisam se organizar e partir em busca de informações abalizadas. Eu sou uma idosa que escreve artigos em uma revista. Fiz a minha escolha e me cuido com a medicina ocidental sem deixar de usar técnicas complementares – meditação, Do In... Não posso e não quero escrever uma cartilha para as pessoas seguirem. Se puder ajudá-las a pensar em possibilidades para que suas escolhas sejam mais coerentes, já me darei por satisfeita.

PERGUNTAS DO LEITOR Sr. Sebastião Duarte – Guarulhos – SP “Excelente artigo, está de parabéns. Destaca bem os cuidados com a saúde. O que você acha da importância de uma preparação financeira para a velhice? Além de garantir uma boa alimentação pode ajudar a morar bem, acessar em melhores condições a medicina e tantos outros benefícios”. Sr. Sebastião, obrigada por ter gostado dos artigos; é um incentivo para meu trabalho. O senhor está certo quanto à importância de se preparar financeiramente para uma velhice tranquila. O fato é que chega uma hora em que não seremos capazes de manter o padrão de ganhos e, ao mesmo tempo, nossas despesas aumentarão. A questão básica será nos educarmos para viver – e ser feliz – dentro destes novos limites. Sua sugestão é tão importante que consultarei especialistas nestas questões financeiras e tratarei desse assunto no próximo artigo.

Malu Navarro Gomes

Especialista em Psicopedagogia e Neuropedagogia Atenção, concentração e memória. Práticas psicopedagógicas conforme necessiades e objetivos específicos Troca de informações, orientações sobre dinâmicas e atividades apropriadas ao idoso. blog: https://blogdafelizidade.blogspot.com + 55 11 93481 1109 email: qualidadedevidaidosos@gmail.com O BLOG DA FELIZ IDADE FOI CRIADO PARA AJUDAR, PRINCIPALMENTE OS 60+. COM ISSO, VEM RECEBENDO EMAILS E PEDIDOS DE CONSELHO OS QUAIS A EDIÇÃO DO MAGAZINE 60+ ACHA IMPORTANTE QUE TODOS LEIAM. PODE SER QUE UM DESSES CASOS ESTEJA ACONTECENDO COM VOCÊ!

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Amigo do Idoso

Oba, vou aposentar! Fábio Faria de Sá Diretor do Instituto de Orientação Previdenciária

Aposentadoria é o tempo de descanso tão sonhado pelos trabalhadores. A princípio, é o tempo de colher os frutos de muita dedicação ao longo da vida, muitas vezes, árdua e cansativa, de muito trabalho e contribuição ao INSS – Instituto de Previdência Social no Brasil. Mas, percebemos que em muitos casos, os brasileiros querem ou precisam continuar trabalhando para manterem o padrão de vida, ou mesmo, continuar suas atividades como forma de manterem sua sáude física e mental. Tempo propício para se dedicar a alguma atividade intelectual, ou de lazer, por exemplo, mais prazeirosa para a qual, não tinham tempo disponível ao longo da sua carreira profissional, enquanto, estavam ocupados em suas tarefas diárias no trabalho remunerado. E, vale lembrar que só se aposenta uma vez na vida! Então, hoje, quero abordar o tema aposentadoria no Brasil e as novas regras do INSS, especialmente, para você que está próximo de entrar nessa nova fase da vida! Com a reforma da previdência, deixou de existir a aposentadoria por tempo de contribuição. Agora, só existe aposentadoria por idade! Mas, a reforma não poderia desconsiderar e tirar os direitos daquelas pessoas que já começaram a contribuir há muitos anos. Como solução, foram criados algumas regras de transição, que são os chamados pedágios! Então, temos que voltar a 2019, ano da reforma, e fazer uma simulação para verificar quantos anos ou meses faltavam para se aposentar naquele ano. Por exemplo, um homem que já tinha contribuído 30 anos até 2019, estava faltando contribuir, apenas, 5 anos para completar os 35 anos exigidos pelo INSS. Nesse caso, aplica-se o pedágio de 100% do tempo que faltava, o que equivale a contribuir mais 10 anos. Mas, ao longo desses 10 anos a contribuir, é possível que, atinga a idade mínima. Nesses casos, já pode dar entrada na aposentadoria junto ao INSS, pois a idade mínima para os homens que já contribuíam permance de 58 anos de idade. Há, ainda, outros casos, que o pedágio é de 50%. Na regra nova, ou seja, a partir de 2019, os homens que começaram a contribuir a partir dessa data, só poderão se aposentar aos 65 anos e ter contribuído, obrigatoriamente, 20 anos. No caso da mulher é diferente! Porque a mulher se aposentava com 60 anos. A reforma da previdência, elevou a exigência da idade para 62 anos. Mas, como ficaram as mulheres contribuintes que estavam próximas dos 60 anos? Foi criada uma tabela progressiva, de 6 em 6 meses, até chegar em 62 anos. Em 2022, para aposentar, a mulher precisa ter 61 anos e 6 meses de vida. E, em 2023, tem que ter os 62 anos, nivelando todo mundo: as contribuintes antigas e as novas. Será igual para todas elas! A carência para todas as mulheres, será de 180 meses, ou seja, terá que ter contribuído 15 anos, no mínimo, obrigatoriamente. Sem esse tempo de contribui-

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ção, não é possível ter o benefício da aposentadoria mesmo que já tenha atingido a idade mínima. Nesses casos, há outras alternativas, que discutirei em outra oportunidade. E como ficam os contribuintes que, não tinham iniciado a contribuição ao INSS após a reforma, ou seja, após 2019? A regra é uma só, sem pedágios! Resumindo: o homem se aposenta aos 65 anos, com contribuição de 20 anos, ou seja, 240 meses. A mulher se aposenta aos 62 anos de idade, com contribuição de 15 anos, o que equivale a 180 meses. Ainda, existem outras variantes, como o fator previdenciário. O assunto é bem complexo, e muitas vezes, difícil de entender! Para isso, quero sugerir o IOPREV – Instituto Previdência Social, do qual sou diretor, onde atendemos e orientamos a população, gratuitamente, oferecendo o serviço que chamamos de contagem. Ou seja, fazemos a contagem do tempo que cada cidadão contribuiu ao longo da sua vida de trabalho. É esse tempo de contribuição que nos informa se a pessoa já pode se aposentar, ou quantos anos e meses, ainda, precisa contribuir para que possa receber a aposentadoria oferecida pelo INSS. Venha nos conhecer se quiser resolver tudo de maneira fácil e rápida! Estamos em São Paulo, pertinho do metrô Jabaquara! Lá, temos uma equipe de advogados, todos voluntários, que me ajudam a atender a população que deseja orientações nas questões ligadas à Previdência Social. Atendimentos presenciais às quintas-feiras, das 14 às 17h. Sábados, das 9 às 12h! É só chegar, nem precisa marcar! Me acha, também, nas redes sociais: @fabiofariadesa Serviço: Endereço - Av. Engenheiro George Corbisier, 1127 – Metrô Jabaquara Telefone: (11) 5015-0500 Instagram: @fabiofariadesa Facebook: @fabiofariadesa

Foto: arquivo do colunista

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Antropologia

Centenário da Semana de Arte Moderna I Osvaldo B. de Moraes Historiador

Fevereiro marca o centenário da Semana de Arte Moderna de 1922, ocorrida entre os dias 11 e 18 no Teatro Municipal de São Paulo. Os eventos dessa semana representaram a primeira manifestação de impacto geral do nosso modernismo, envolvendo diversas áreas culturais, como pintura, literatura, música poesia e escultura. Antes das manifestações apresentadas nessa semana já havia prévia de movimentos culturais de vários artistas visando colocar a arte brasileira no mesmo compasso com a arte mundial. Havia na época várias divergências na recepção dos primeiros sinais da arte moderna, destacando-se a polêmica envolvendo a exposição da pintora Anita Malfatti em 1917 em São Paulo, tendo como principal crítico Monteiro Lobato que ataca duramente a pretensão modernista da pintora em artigo publicado no jornal O Estado de São Paulo. Nessa exposição Anita destaca traços do cubismo e do expressionismo em suas obras após vários estudos no exterior. Ainda que já estivéssemos no século XX ainda vivíamos atrelados ao século passado, onde o parnasianismo (que tinha como objetivo a criação de poesias perfeitas valorizando a forma e a linguagem culta) dominava absolutamente a literatura nacional. Os jovens intelectuais não aceitando mais essas regras rígidas criam modelos livres para a expressão. A perspectiva dessa semana de artes foi muito esperada pela imprensa de São Paulo. Em 29/01/1932 o jornal o estado de São Paulo noticiava a iniciativa do festejo: “Por iniciativa do escritor senhor Graça Aranha da Academia Brasileira de Letras haverá em São Paulo uma semana de arte Moderna em que tomarão parte os artistas que em nosso meio representam as mais modernas correntes artísticas.” Esclarecia também que para esse fim o Teatro Municipal ficaria aberto durante a semana de 11 a 18 de fevereiro, instalando-se nele uma interessante exposição. Para esse evento instalou-se um comitê organizador, onde se destacou os esforços do advogado René de Castro Thiollier, que conseguiu junto ao prefeito da Capital, Firmino Pinto, o alvará para usar o Teatro Municipal. E ainda através do presidente do Estado, Washington Luiz, o custeio de parte das despesas com a hospedagem dos artistas escritores que vinham do Rio de Janeiro, entre eles Plinio Salgado e Menotti Del Picchia.

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A semana teve três dias de agitação e nos demais as exibições de artes plásticas esculturas e maquetes. A abertura da Semana de Arte contou com a conferência de Graça Aranha, nome que causou certo espanto já que era um imortal na Academia Brasileira de Letras, embora um autor pré-modernista e um dos organizadores do evento. No dia seguinte a pianista Guiomar Novaes fez uma bela apresentação musical. Já nos dias que se seguiram o clima ficou tenso com vaias e apupos da plateia quando o Menotti Del Picchia fez uma palestra sobre arte estética. Oswald de Andrade critica a retórica de Castro Alves, lê fragmentos da poesia pau brasil; Guilherme de Almeida consegue ler seus poemas. Como última atividade o apresentador anuncia o concerto de Villa-Lobos, que provocou um escândalo por ter incorporado aos instrumentos tradicionais outros inesperados, como material de congada, tambores e uma folha de zinco vibratória. Em meio as vaias da plateia, a orquestra teve que parar a apresentação. Somente na terceira noite Villa-Lobos reaparece com um programa menos ousado e aceito pelo público. A Semana de Arte Moderna foi um marco na nossa cultura contando com uma plêiade de artistas e intelectuais, dos quais destacam-se o escultor italiano Vitor Brecheret, pintores Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Sérgio Milliet, Rego Monteiro. Na música Heitor Villa-Lobos e Guiomar Novaes. Os escritores Oswald de Andrade, Mario de Andrade, Plinio Salgado, Tácito de Almeida, Menotti Del Picchia e Guilherme de Almeida. Tarsila do Amaral foi uma ausência sentida por estar naquela semana na França, embora posteriormente faria parte do movimento antropofágico. Essa semana foi um marco inovador na cultura nacional, passando da vanguarda para o modernismo, representando uma revolução na linguagem artística. Como exemplo a poesia que antes era apenas escrita, passou a ser declamada. Igualmente a apresentação musical foi alterada, já que os cantores anteriormente se apresentavam à capela (sem acompanhamento instrumental) e após a semana passaram a ter acompanhamento de uma orquestra. Igualmente chamou a atenção as manifestações chocantes das artes plásticas, que eram expostas em telas. E espalharam-se pelos salões esculturas arrojadas, além de maquetes de prédios que traziam modernos conceitos em arquitetura. o: Arquivo SEC A semana ecoou na imprensa e abriu caminho para a difusão dos princípios fundamentais do modernismo brasileiro, segundo Mario de Andrade o direito de pesquisa da estética; atualização da inteligência artística brasileira; a estabilização de uma consciência criadora nacional. Foi o estopim de um processo para consolidar o modernismo brasileiro através de manifestos, revistas e obras que seguiram seus parâmetros. Uma das revistas que tiveram maior impacto na vanguarda modernista foi a Klaxon, editada em são Paulo e teve nove números, (15 de maio de 1922 a janeiro de 1923) contando com a contribuição de Menotti Del Picchia, Guilherme de Almeida, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Sérgio Milliet e Manuel Bandeira. Tinha intercambio internacional, com representantes na Suíça, Bélgica e França. No Rio de Janeiro seu representante era Sérgio Buarque de Holanda. Finalizando, deve-se destacar a atuação de Oswald de Andrade, que com seus altos e baixos representou a ponta de lança do espírito que promoveu o vanguardismo para a realização da Semana de 1922.

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Condominio

Turma do STJ decide sobre locação por plataformas digitais (AIRBNB) em condomínios Lawrence Gomes Nogueira Advogado sócio da Advocacia Aurichio Sindico morador e Sindico Profissional

A 3ª Turma do STJ (Superior Tribunal de Justiça) no julgamento do Recurso Especial (RESP 1.884.483) decidiu em novembro/2021 que o condomínio residencial poderá modificar o regimento interno para proibir a locação de unidades por período inferior de 90 dias. Em abril/2021 a 4ª Turma do STJ julgou no mesmo sentido. Com essa decisão, condomínios poderão restringir as locações pelas plataformas digitais, especialmente o AIRBNB que permite locações por curtos prazos. No caso concreto um condomínio no Paraná determinou em assembleia que o prazo mínimo para locação das unidades é de 90 dias, inviabilizando as locações pelo aplicativo. Um morador, descontente com a decisão da maioria em assembleia, ingressou com ação judicial com a fundamentação do direito constitucional de propriedade do bem. Em primeira instância o morador obteve êxito e foi anulada a assembleia que determinava o período mínimo de 90 dias para locação, sendo reformada tal decisão pelo Tribunal de Justiça do Paraná, gerando o Recurso Especial para apreciação do STJ.

CONDO

O SUPERA é um curso diferente de tudo que você já conhece. Com apenas uma aula semanal de duas horas, você conquista uma mente saudável, com mais concentração, raciocínio, memória, criatividade e autoestima. Estas habilidades melhoram o desempenho na escola, alavancam a carreira e garantem mais qualidade de vida. Encare este desafio e experimente uma forma incrível de viver. Nossa metodologia não tem limite de idade: todo mundo pode viver esta emoção. magazine 60+ #32 - Fevereiro/2022 - pág.37


OMÍNIO

A controvérsia se dá no sentido que os condomínios residenciais têm o objeto de uso das unidades estritamente para o fim residencial, quando as locações de curto prazo (menos de 90 dias) são enquadradas como “serviço de hospedagem” desvirtuando a finalidade da unidade autônoma naquela definida na Convenção. Importante salientar que no Brasil há legislação especifica para locação a denominada lei de inquilinato nº 8.245/91 que prevê no artigo 48 a locação por temporada com prazo não superior por 90 (noventa) dias, contudo, as plataformas digitais de locação permitem locações por prazos pequenos geralmente até 5 dias. A maioria dos Ministros do STJ entendem que as locações por curto prazo por plataformas digitais se assemelham aos serviços de hospedagem (artigo 23 da lei nº 11.771/2008) o que é proibido pelo artigo 1.336, IV do Código Civil, vez que modifica a destinação da edificação, além de prejudicar a segurança dos demais moradores, já que não é possível a devida pesquisa do usuário que se utilizará da unidade e do condomínio como um todo. Por outro lado, há a corrente dos que defendem o direito constitucional de propriedade, que poderão dar o destino ao seu bem como este desejar, utilizando sua unidade para os fins de hospedagem, Contudo, para a maioria dos ministros do STJ o direito coletivo prevalece sobre o direito individual, permitindo assim que os condomínios deliberem em assembleia a matéria do prazo mínimo para locação (90 dias) como no caso narrado acima. É de extrema importância salientar que a decisão do STJ não é vinculante, ou seja, que não tem repercussão em todos os casos e somente se aplica ao caso especifico do processo, podendo ser utilizado como parâmetro para decisões no mesmo sentido. Para os condomínios que pretendem colocar essa regra em vigor, ou seja, limitar as locações por plataformas digitais e prazo mínimo, devem realizar a alteração da convenção através de votação em assembleia com aprovação de 2/3 dos condôminos nos termos do artigo 1.351 do Código Civil. Por outro lado, para os condomínios que queiram se adequar para a locação através de plataformas digitais necessitará a alteração da destinação do edifício e para tanto se faz necessário de aprovação de 100% dos condôminos nos termos do artigo 1.351 do Código Civil.

lawrencegnogueira@adv.oabsp.org.br

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Desmistificando a conversa com Smartphone/ Computador Por: Sérgio Grinberg Como sempre o objetivo do Projeto Desmistificando a Conversa com o Smartphone/Computador é ensinar as funcionalidades da tecnologia atual que estejam sejam do interesse e estejam ao alcance de todos interessados. Impactar positivamente a qualidade de vida, até a autoestima dos participantes. A grande maioria das funcionalidades abordadas é de aplicabilidade quase que imediata. Sempre respeitando a individualidade do tempo de aprendizado, as repetições, esclarecendo as dúvidas que vão aparecendo. Os dispositivos que já temos oferecem uma série acessível de possibilidades que promovem melhor organização, muita informação, diversão, comunicação com muitas outras pessoas. Pela experiência acumulada nestes 4 anos deste projeto (mais os muitos anos nesta estrada de softwares e Apps), reunimos o material a ser passado em núcleos de focos. Cada um dos 8 Encontros básicos passa por um ou mais núcleos.

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Viva Cultura

Um belo conto de Natal

O legado de Cândido Portinari Marcelo Conti

Escritor, Gestor Cultural Sócio da SOLUÇÃO Gestão de Negócios e Cultura Ltda. www.solucao-gnc.com.br

arquivo

Corria o ano de 1954 quando o médico de Portinari o advertiu sobre os males que o chumbo das tintas que utilizava já interferia em sua saúde. Obstinado, para não dizer teimoso, desobedeceu as ordens dadas para conter seu ímpeto e tentar diminuir o ritmo de trabalho, e manteve sua freqüente agenda de viagens para dentro e fora do Brasil, e jamais deixou de pintar até o dia em que perdeu a guerra para o mal que o acometia. Em 6 de fevereiro deste 2022 terão passados sessenta anos da morte daquele que foi um dos principais artistas brasileiros de todos os tempos, com certeza nosso pintor que atingiu a maior projeção internacional. E, por mais que conheçamos sua história – infelizmente a maioria não conhece – o que faz mantê-lo vivo além da obra é poder revisar ao menos em parte sua rica trajetória. Nasceu numa fazenda de café em 30 de dezembro de 1903, na cidade paulista de Brodósqui (onde hoje está um museu, na casa em que morou). De origem humilde, filho de imigrantes italianos, apesar de não ter cursado além do primário desde cedo manifestava uma vocação artística. Não por acaso, um grupo de pintores e escultores italianos que trabalhavam na região recuperando igrejas acabou por contratá-lo como ajudante, então com 14 anos de idade. A partir desta primeira oportunidade, e até o dia de seu falecimento, Cândido Portinari percorreu uma trilha de aprendizado e de sucesso, resultando nos mais diversos trabalhos espalhados ao redor “Mestiço” pintado e do mundo, reconhecidos e respeitados até os dias de hoje. 1934 – pertenc Foi ao Rio de Janeiro, e estudou na Escola Nacional de Belas Artes. Pinacoteca do Est Aos 25 anos já havia conquistado o prêmio da Exposição Geral de Belas Artes, de tradição acadêmica. Nessa mesma época foi à França, retornando dois anos depois, saudoso da pátria, e iniciando uma série de telas em que retratam o povo brasileiro. A tela “Café” lhe rendeu uma segunda menção honrosa nos Estados Unidos, em 1935, na exposição do Instituto Carnegie de Pittsburgh. Uma inclinação muralista se revela a partir de painéis exe-

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em óleo sobre tela – ce ao acervo da tado de São Paulo.

cutados na Rodovia Presidente Dutra, e em afrescos no edifício do Ministério da Saúde, no Rio de Janeiro. Tinha como companheiros poetas, escritores, jornalistas, diplomatas, o que lhe proporcionou participar de uma importante mudança na cultura do país. A partir do final dos anos 30, uma série de aparições foram feitas através da participação em exposições no exterior e no Brasil, sendo que em 1939 o Museu de Arte Moderna de Nova York adquire sua tela “Morro”. Expôs individualmente no Instituto de Artes de Detroit, e também no referido Museu de Arte Moderna de Nova York onde recebeu os melhores e maiores elogios da crítica especializada. Impressionado com a obra “Guernica” (Picasso), e sob impacto da Segunda Guerra Mundial, de volta ao Brasil realiza em 1943 oito painéis conhecidos como a Série Bíblica. Em 44, convidado por Oscar Niemeyer, inicia as obras de decoração do conjunto arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte. Influenciado pela escalada do nazi-fascismo e pelos horrores da guerra, deixa reforçado o caráter social e trágico de sua obra, da qual citamos “Os Retirantes”, 1944, e “Meninos de Brodósqui”, 1946. Entrou para a política em 46 filiando-se ao Partido Comunista Brasileiro. Foi candidato a deputado em 1945, e a senador em 1947. Em 47 retornou a Paris, onde participou da primeira exposição solo em território europeu. Por motivos políticos, exilou-se no Uruguai em 48 após ter passado por Buenos Aires e deixado sua marca quando expôs no Salão Peuser. Recebeu em Varsóvia, em 1950, a Medalha de Ouro concedida pelo júri Prêmio Internacional da Paz, por ter executado o grande painel “Tiradentes”, que narra episódios do julgamento e execução do herói brasileiro que lutou contra o domínio colonial português. Nos anos 50 já de volta ao Brasil, fez vários trabalhos encomendados. Em 1953 é inaugurada a decoração da igreja de Batatais, em São Paulo, para a qual Portinari fez telas sacras, um rico acervo preservado até os dias de hoje e que vale a pena ser visitado. Culmina com o painel “Guerra e Paz”, concluído em 1956, que foi oferecido pelo governo brasileiro e se encontra no hall de entrada dos delegados do edifício sede da ONU, em Nova York. Nesse mesmo ano viaja a Israel e expõe vários desenhos inspirados no recém criado Estado Israelense. Posteriormente os expôs em Bolonha, Lima, Buenos Aires, e Rio de Janeiro. Em 1959 volta a expor em Nova York, e em 1960 organizou importante exposição na então Tchecoslováquia. Acometido por várias recaídas da doença que o atacara, em 1961 lança-se ao trabalho para preparar uma grande exposição a convite da Prefeitura de Milão. Em fevereiro de 1962 falece aos 59 anos de idade na cidade do Rio de Janeiro. Mais que todas as palavras reunidas, no entanto, ficam a memória, o traço, a cor, e a mensagem. Para eternizar através dos tempos o rico legado deixado por Portinari, um orgulho para todos nós. “Pinto a dor, a alegria, o trabalho, a miséria. O meu povo, enfim...” (Cândido Portinari)

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Caminhos da Argentina

Capioví, donde el «milagro» de la Navidad se vive todo el año Fotos e texto blog do colunista

Norberto Worobeizyk

By Jorge Lascorz 02/01/2022 El festejo se inició en 2009, cuando un grupo de mujeres comenzaron a vestir la Parroquia de la ciudad de Navidad a esta localidad – ubicada a unos 120 kilómetros al norte de Posadas y unos 180 kilómetros al sur de las Cataratas del Iguazú- con el reciclado de botellas de plástico, pero el milagro de una fecha tan cara a los sentimientos cristianos hizo que desde hace 12 años en Capiovi la Navidad se viva todo el año. “Todo comenzó con la idea de celebrar una Navidad especial en 2009, pero el milagro de Navidad produjo que desde ese año durante todo el año se prepare a la ciudad para que sea adornada para la celebración de estas fiestas”; dijo el intendente Alejandro Fabián Arnhold. “Todas las decoraciones se realizan con botellas de plástico recicladas, para darle un sentido mucho más trascendental a la celebración de la Navidad”. Desde los primeros días de noviembre y hasta fines de enero, Capioví se transforma en la ciudad navideña similar a ciudades europeas de Suiza o Alemania. “Tenemos trineos, solo nos falta que caiga nieve”, dijo Silva Egger, una joven que heredó esta pasión de su madre. Todo el pueblo adorna la ciudad en general y cada casa en particular. “Nosotros desde la

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comisión si la familia no puede hermosear su casa los ayudamos, aunque sea con un simple adorno, es que la Navidad en Capioví, inclusive trascendió las creencias religiosas. Todos, sin distinción de clases social, políticas y religiosas vivimos esta festividad en Capioví”; dijo orgullosa Karina Hofer mamá de dos hijos que la acompañan en la tarea de reciclar botellas. Trascendió las fronteras La Navidad en Capioví trascendió las fronteras misioneras tanto a nivel nacional como internacional. “Años antes de la pandemia teníamos la presencia de contingentes de Europa que venían especialmente a visitar la ciudad y disfrutar de la Navidad. Este año contaremos con la presencia de brasileños y paraguayos que ya reservaron su estadía y de familias provenientes de otras provincias”, dijo el comerciante Juan Carlos Weber. La Navidad en Capioví también trascendió las fronteras de Misiones en cuanto a su difusión en los medios de comunicación. Canales de TV de Estados Unidos, Europa y Asia la visitaron. También fue incorporada en la venta de circuitos turísticos de agencias de turismo de Norteamérica y Europa De lado el materialismo Como se mencionara, todo comenzó en la Parroquia de la ciudad cuando un grupo de mujeres decidió adornarla para la Navidad del 2009. Al año siguiente se sumó el municipio y luego a toda la ciudad. “Se viajó la ciudad brasileña Gramados donde residen familiares directos de ciudadanos que viven en Capioví quienes abrieron las puertas para que se puedan aprender las técnicas para trabajar con el reciclado de botellas”; dijo el Jefe Comunal. “La actividad es amigable con el medio ambiente porque es un trabajo artesanal de reciclado de botellas de plástico. Cuando arrancó era muy chico y después fue creciendo, se fue sumando la gente. Ya llevamos recicladas más de 400 mil botellas de plástico en la celebración de la Navidad”. Si bien la inauguración oficial se realizó este domingo con el encendido del árbol de 14 metros de alto y un festival en la plaza de los Pioneros, los adornos navideños se instalaron el pasado 6 de noviembre y se extenderán hasta fines de enero. Arnhold dijo que “era algo que iba a hacerse por única vez, pero ocurrió el ´milagro´ de Navidad, porque gustó mucho y fue creciendo, sumando vecinos y hoy se transformó en una fiesta que atrae a turistas de otros rincones de la provincia, del país, y del ex-

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tranjero”. Los adornos y el festival son apenas una parte. La otra historia mágica es qué a partir de esta movida, todos los ciudadanos recuperaron el viejo espíritu navideño, tan dejado de lado hoy en día. “Desde el 2009 la Navidad en Capioví se vive de otra manera. Con menos espíritu materialista y con el objetivo de compartir con el vecino y colaborar en lo que se pueda”; dijo la docente Pamela Fisher. “La gente se acerca a ayudar cada vez más, algunos tienen destreza, otros no, pero todos ayudan, o vienen a tomar un mate y compartir, y cuando vemos que una persona se queda mirando los adornos es hermoso”, dijo Marta Werle, Aparte de los adornos está la Casita donde Papa Noel saluda y se saca fotos con los chicos y el Árbol de los Sueños, donde los visitantes escriben sobre una maderita terciada sus deseos para las fiestas, luego se cuelgan del árbol. El año pasado ese sector colapsó y tuvieron que poner otros árboles para sostener ´los sueños´. Después colocan esas maderistas en una canasta y las ofrecen en una misa de acción de gracias. “Muchos ciudadanos rescatan esta fiesta como la celebraban sus ancestros en Europa”; dijo Clara Trovak Los visitantes también pueden disfrutar el espacio de los artesanos que presentan sus trabajos con motivos navideños.

Capiovi, onde o “milagre” do Natal é vivido o ano todo A comemoração começou em 2009, quando um grupo de mulheres começou a vestir a Paróquia da Cidade de Natal nesta localidade - localizada a cerca de 120 quilômetros ao norte de Posadas e cerca de 180 quilômetros ao sul das Cataratas do Iguaçu - com garrafas plásticas recicladas, mas o milagre de uma data tão cara aos sentimentos cristãos fez com que durante 12 anos em Capiovi o Natal fosse vivido o ano todo. “Tudo começou com a ideia de celebrar um Natal especial em 2009, mas o milagre natalício produziu que desde esse ano, ao longo do ano, a cidade esteja preparada para se enfeitar para a celebração destas festas”; disse o prefeito Alejandro Fabián Arnhold. “Todas as decorações são feitas com garrafas plásticas recicladas, para dar um significado muito mais transcendental à celebração do Natal.” Dos primeiros dias de novembro até o final de janeiro, Capioví torna-se uma cidade natalina semelhante às cidades europeias na Suíça ou na Alemanha. “Temos trenós, só precisamos de neve para cair”, disse Silva Egger, uma jovem que herdou essa paixão da mãe. A cidade inteira adorna a cidade em geral e cada casa em particular. “Nós da comissão, se a família não consegue embelezar a casa, a gente ajuda, mesmo que seja com uma decoração simples, é aquele natal em Capioví, transcendeu até crenças religiosas. Todos nós, sem distinção de classes sociais, políticas e religiosas, vivemos esta festa em Capioví”; disse Karina Hofer orgulhosa mãe de dois filhos

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que a acompanham na tarefa de reciclar garrafas. atravessou as fronteiras O Natal em Capioví transcendeu as fronteiras missionárias nacionais e internacionais. “Anos antes da pandemia, tínhamos a presença de contingentes da Europa que vinham especialmente para visitar a cidade e curtir o Natal. Este ano teremos a presença de brasileiros e paraguaios que já reservaram sua estadia e famílias de outras províncias”, disse o comerciante Juan Carlos Weber. O Natal em Capioví também ultrapassou as fronteiras de Misiones em termos de divulgação na mídia. Canais de TV dos Estados Unidos, Europa e Ásia a visitaram. Também foi incorporada na venda de circuitos turísticos para agências de turismo na América do Norte e Europa. materialismo de lado Como referimos, tudo começou na freguesia da cidade quando um grupo de mulheres decidiu decorá-la para o Natal de 2009. No ano seguinte, a autarquia aderiu e depois toda a cidade. “Viajamos para a cidade brasileira de Gramados, onde moram parentes diretos de moradores de Capioví, que abriram as portas para que aprendam as técnicas para trabalhar com a reciclagem de garrafas”; disse o Chefe da Comunidade. “A atividade é amiga do meio ambiente porque é um trabalho artesanal de reciclagem de garrafas plásticas. Quando começou era muito pequeno e depois foi crescendo, as pessoas se juntaram. Já reciclamos mais de 400 mil garrafas plásticas na comemoração do Natal”. Embora a inauguração oficial tenha ocorrido neste domingo com a iluminação da árvore de 14 metros de altura e um festival na Plaza de los Pioneros, as decorações de Natal foram instaladas no dia 6 de novembro e durarão até o final de janeiro. Arnhold disse que “era algo que ia ser feito pela única vez, mas o ‘milagre’ do Natal aconteceu, porque eles gostaram muito e foi crescendo, agregando vizinhos e hoje virou uma festa que atrai turistas de outros cantos da província, do país e do exterior. A decoração e o festival são apenas uma parte. A outra história mágica é que a partir desta mudança, todos os cidadãos recuperaram o antigo espírito natalício, hoje tão negligenciado. “Desde 2009, o Natal em Capioví é vivenciado de forma diferente. Com um espírito menos materialista e com o objetivo de partilhar com o próximo e colaborar no que for possível”; disse a professora Pamela Fisher. “As pessoas estão chegando cada vez mais para ajudar, uns são habilidosos, outros não, mas todo mundo ajuda, ou vem para ter um companheiro e compartilhar, e quando a gente vê que uma pessoa fica olhando as decorações, é lindo”, disse Marta Werle , Além das decorações, há a Casinha onde o Papai Noel cumprimenta e tira fotos com as crianças e a Árvore dos Sonhos, onde os visitantes escrevem seus desejos para as festas em um pedaço de madeira compensada e depois penduram na árvore. No ano passado esse setor entrou em colapso e eles tiveram que plantar outras árvores para sustentar ‘os sonhos’. Em seguida, eles colocam esses woodistas em uma cesta e os oferecem em uma missa de ação de graças. “Muitos cidadãos resgatam este festival como seus ancestrais o celebravam na Europa”; Clara Trovak disse Os visitantes podem ainda usufruir do espaço dos artesãos que apresentam os seus trabalhos com motivos natalícios.

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Caminhos de Portugal

Um miradouro sobre leziria e o Rio Tejo Santarém, cidade portuguesa Ribatejana e capital do distrito, é um local cheio de história, tradições tauromáquicas, agricultura e paisagens verdejantes. Cidália de Aguiar Bióloga, professora, repórter 60+

Apelidada de Scallabis pelos escritores romanos, a cidade viria a ser conhecida durante todo o Mundo Antigo. Desde o século XII Santarém assume importância crescente, integrando na época dos Descobrimentos as terras da Ordem de Cristo. Nessa altura sofreu um grande desenvolvimento, o que se reflete ainda hoje nos monumentos espalhados pela cidade. Conhecida também como “Capital do Gótico”, datam do séc. XIII igrejas e conventos: S. Domingos, S. Francisco e Santa Clara. No miradouro Um bom ponto de partida da visita a Santarém é o concorrido Jardim das Portas do Sol, com uma vista deslumbrante das muralhas da antiga cidadela ou Alcáçova sobre a paisagem que emoldura o rio Tejo. Aqui se encontra instalado o Urbi Scallabis, centro de Interpretação, uma estrutura de apoio ao conhecimento do centro histórico. Neste espaço pode encontrar cafetaria, restaurante e um museu. Monumentos espalhados por Santarém Continuando pelo centro histórico, temos locais a não

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perder: A Igreja de Nossa Senhora da Graça, exemplo do gótico, onde encontramos o túmulo de Pedro Álvares Cabral e ao lado a Casa do Brasil. Do início de 1380, só foi terminada por volta de 1420. É um grande e belo templo, onde a iluminação é feita através de janelas ogivais e a fachada ostenta uma rosácea digna de nota. Na Praça Sá da Bandeira, são dignas de nota a Igreja de Nossa senhora da Conceição, atual Sé de Santarém, e a Igreja de Nossa Senhora da Piedade. Chegados ao Convento de São Francisco, do séc. XIII, contemplamos na sua estrutura sinais de épocas, como o gótico e o barroco, passando pelo manuelino e renascença. Outra presença do gótico é a Igreja de Santa Clara, que data de 1259. De destacar a dimensão, 80 m de comprimento. A iluminação peculiar é feita através de uma rosácea e por múltiplas frestas e janelas. Podemos encontrar em santarém uma construção maneirista de 1613, a Igreja Paroquial de S. Nicolau. Após a caminhada, viva o merecido descanso: um belo passeio pelo Jardim da Liberdade, local repousante, donde podemos observar, ao fundo, o edifício do tribunal. Local interessante para visitar, muito perto deste jardim, é o mercado municipal, datado de 1930, onde no exterior se pode admirar um conjunto de painéis de azulejos dignos de nota. 1 Não há só monumentos para apreciar em Santarém É imprescindível experimentar a gastronomia, com os seus pratos característicos, os seus vinhos e a sua doçaria. Os peixes do rio em açordas ou ensopados, as enguias e os pratos de carne como a sopa da pedra ou o cozido. Para terminar as sobremesas, como os característicos pampilhos. Tudo a não perder. Santarém situa-se num distrito de vastas planícies verdejantes que se estendem pelo horizonte. Local de campinas onde pasta o touro bravo e passeiam belos cavalos, é uma cidade rica em história e cultura, orgulhosa das suas tradições. Blogue e página da autora: http://urbanscidalia.blogspot. com/ https://www.facebook.com/Momentos-Cid%C3%A1lia-Aguiar-104233638203929/photos/ https://www.cm-santarem.pt Acesse Blogues: http://urbanscidalia.blogspot.com/ https://www.facebook.com/Momentos-Cid%C3%A1lia-Aguiar-104233638203929/photos/

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apoio cultural: Magazine 60+

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Humor

Sei como você se sente Laerte Temple Doutor em Ciências Sociais Relações Internacionais

ltemple@uol.com.br Todos temos um amigo, vizinho, colega de trabalho ou parente que sabe tudo. Aquela pessoa que sempre tem as respostas, normalmente erradas, domina assuntos que ninguém conhece, tem opinião para tudo e vive dizendo “eu avisei” ou: “sei como você se sente”. Tem como saber como alguém se sente? Clitório e Osberto cresceram juntos, vizinhos em casas geminadas. Se rolava barraco na casa de um, tudo era ouvido na casa do outro. Dava até para participar da discussão através da fina parede. A TV da casa de Osberto tinha o volume sempre alto por causa da surdez da avó. Na hora do Datena ou da novela, a família de Clitório nem aumentava o som. Era só acompanhar a imagem. Certa noite, os pais de Osberto discutiram feio. Eles faziam sexo uma vez por mês, toda quarta-feira de lua cheia. Wiliberto fracassou e Oswalda exigiu o teste da bacia para saber se ele pulava a cerca. Entenderam? OSvalda + wiliBERTO = OSBERTO. Os vizinhos acompanharam atentamente a discussão até altas horas e, na manhã seguinte, Clitório caminhou ao lado do amigo rumo ao colégio e disse: - Sei como você se sente. - Como pode saber? Você não é eu! - Isso é muito comum. Eu te avisei. Existem estudos na Europa... - Para de baboseira, doutor sabe tudo! Com a adolescência vieram os namoros. Clitório, bonito e forte, causava boa impressão nas garotas, enquanto Osberto, magrelo e fraco de feição, ficava com as sobras. As paqueras de Clitório sempre envolviam uma terceira pessoa, aquela amiga para “segurar vela” sem a qual a mãe não deixava a filha sair de casa. O bom Osberto cooperava com Clitório e ficava com a amiga, normalmente com acabamento inferior,

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Fo


oto Pfizer - divulgação

inodora, puritana e que se achava a última maçã do cesto. Os fracassos de Wiliberto na cama pioravam na proporção em que crescia a desconfiança de Oswalda de que o marido traía. A solução foi procurar terapia. A doutora ouviu ambos atentamente e conversou com cada um em separado. Para Oswalda, recomendou aumentar a frequência do sexo, banho antes de se deitar, depilar-se ao menos uma vez por mês, no lugar do roupão de flanela, lingerie mais ousada e tirar completamente a calça do pijama em vez de apenas uma das pernas. Para Wiliberto, ofereceu comprimidos azuis recém inventados por uma tal de Pfizer. Sugeriu mudar de posição para não ficar cara a cara com a verruga no nariz, dente de ouro e bigode da esposa. O arranjo funcionou e a paz voltou ao lar, mesmo com Oswalda insistindo na frequência mensal. Os vizinhos saudaram o fim das discussões na madrugada das quartas-feiras de lua cheia. Sei como se sente, disse Clitório, para desespero de Osberto. Os dois amigos chegaram à fase em que certas necessidades masculinas se intensificam. Como as paqueras não facilitavam as coisas, resolveram visitar a casa de tolerância do bairro vizinho. Diz o dito popular que, quando menos se espera, aí é que nada acontece. Mas desta vez, aconteceu. Descobriram que Wiliberto é o dono do bordel e tem não apenas uma, mas duas filiais jovens e fogosas. “Sei como você se sente” foi ouvido outra vez, seguido de “Eu te avisei”. O pai, que sabia dessas frases irritantes, chamou o filho à sala da gerência e explicou coisas e que há muito deveria ter dito em conversa de pai para filho. Depois chamou também Clitório, deu dicas aos jovens e para celebrar a iniciação de ambos, patrocinou ao amigo a Jennifer, loira, alta e sexy, a mais bonita da casa, e ao filho, Brenda, uma ruivinha sardenta, meiga, calada e de modos tímidos. A caminho dos quartos, lado a lado com as moçoilas, Osberto resmungou: - Até tu meu pai. - Sei como você se sente – emendou um Clitório animado, abraçado à loira. Uma hora e meia mais tarde, pai e filho tomavam cerveja com a ruivinha meiga que acariciava o feliz rapaz. Osberto agradeceu ao pai por indicar Brenda, a mais caliente “professora” da casa. Experiência inesquecível. Logo depois, Clitório juntou-se ao trio, cabisbaixo, olhar perdido, com cara de “isso nunca me aconteceu antes”. Jennifer, a loira sexy, passou por eles saltitante e rebolativa. Acariciou os cabelos de Clitório e disse: - Quem sabe na próxima vez da certo. - Sei como você se sente – disse Wiliberto. Clitório nunca mais incomodou Osberto que, em contrapartida, prometeu não comentar na turma o zero a zero na iniciação. Todos saberiam como ele se sentiu.

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Mensagens

Pássaros voam Luiz Arnaldo Moncau

Pássaros voam, não porque gostem ou queiram, mas porque é de sua natureza voar. Aprecio os mais novos, que já são fortes, mas ainda leves. Podem pousar nos galhos mais altos e finos que suportam bem o seu peso. O balançar mais forte ao menor vento, que hoje até nos incomoda um pouco, para eles é motivo de emoção e grande festa. Daquele ponto alto, vislumbram horizontes distantes e podem partir para aventuras mais longas, para mim até perigosas, mas que lhes assentam bem, como a vestir com cores suas almas floridas. Nós, mais calmos, nos acomodamos bem em galhos mais baixos e grossos, surpreendendo-os tantas vezes com nossas algazarras que eles imaginavam esquecidas, surpreendendo-os com vôos tambem distantes e aventuras de garotos. Não sabem eles, ainda, que em nossos vôos vemos coisas diferentes, como a mansidão dos lagos que lhes passa despercebida e que para nós é tão linda quanto o correr da gazela que a eles e a todos encanta. Pássaros voam e foram feitos para voar e partir, e não para ficar... Preocupamo-nos quando eles crescem e partem... é sempre cedo demais, ou longe demais, ou arriscado demais... Nesta hora nos esquecemos que fomos nós que neles incutimos o gosto de voar, de buscar o desconhecido, o novo, o imprevisto, o incerto. Esquecemos que nossas almas jovens também voaram além dos limites de nossos pais... Quando eles partem, sofremos e nos perguntamos: por que partiram? O que não lhes demos? Inúteis perguntas, por

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que exatamente o que não lhes demos foi o medo da vida, não lhes demos a falta de confiança neles mesmos, não lhes demos o acomodar-se com as coisas como estão, não lhes demos a insegurança dos mal-amados, não lhes demos o conformismo, a indiferença, a ausência de valores... Hoje ficamos saudosos ao olhar para cima e encontrar vazios os galhos mais altos. Afasto com dificuldade um sentimento de tristeza, pois triste seria se diferente fosse, triste seria um pássaro crescido que não voou. Ao invés de tristeza, vou enfeitando meu coração para o momento de revê-los, iluminando meu rosto e colocando alegria e brilho nas coisas ao meu redor. Alegria, porque nós os criamos e preparamos para voar e partir, e não para ficar. Alegria, porque em sua bagagem eles estão levando sementes do amor e do bem que soubemos plantar. Sementes que com o tempo irão germinar, futuros passarinhos que irão os galhos mais altos, enfeitar.

Ilustração - M.Conti

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Mensagens para leituras e reflexões

Pedras Nas Mãos e a Danada da Ressaca Fotos enviadas pelo colunista Lenildo Solano Professor

Em nosso programa na Rádio Comunitária CPA FM tem dois quadros com os títulos Coisas da Vovó e Causo do Nhô Solano bem cuiabanos, procurando usar o linguajar regional, semelhantes ao do interior brasileiro; tem como objetivos alertar, orientar o ouvinte. Vamos tomar a liberdade e trazer ao conhecimento dos amigos leitores um exemplo de cada. Coisas da Vovó: Pedras Nas Mãos Óia xás crianças, Antes quando a gente sentia agoniada procurava alguém de nossa confiança pra conversar, desabafar e já sentia bem. Mas hoje é preferível conversar com os animais e com as plantas ou mesmo com uma criança do que procurar alguém até da própria família. O povo já anda com pedras nas mãos, discutem por nada e nem ouve direito, interrompe e vai dando opinião, parecer, fazendo comentário e julgamento. Mas graças a Deus que não são todos e quando achamos alguém que nos ouve, nos dá um sorriso, uma palavra amiga temos que valoriza e por ela reza para que tenha saúde, paz e continue dessa forma sem mudar. Ouviram xás crianças? Procurem ser cordiais e amáveis! Causo do Nhô Solano: A Danada Da Ressaca Bom dia cumpadre! Óia este recado que vou dá em verso e veja se o senhor vai gosta:

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A Danada Da Ressaca: Há quem bebe e sabe bebê tem controle, manéra não se excede, não exagera Mas tem gente que bebe e vira bicho depois de alguns goles saciando o seu vício A danada da ressaca dá dor na consciência pode perder o respeito e até ser mandado embora do serviço Patrão não quer saber do seu atestado médico então vai se controlando e lembrando que cachaça não é remédio Deixa a criança, se tem sem alegria e nervosa pensa que ela não observa a sua cachorrada! - E aí cumpadre gosto do recado? Por isso sempre eu digo: Beber não é pra quem pode e sim pra quem sabe beber. Pensemos nisto!

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Em todas as telas

Um envelhecer de muitas possibilidades Katia Brito Produtora de conteúdo sobre envelhecimento e longevidade

Quando pensei nesse texto de fevereiro a primeira coisa que me veio a mente foi o trecho da música “País Tropical”, de Jorge Ben Jor: “Em fevereiro ... tem carnaval”. Mas não dessa vez ou, pelo menos, não deveria com o avanço da variante ômicron e o aumento de casos de covid-19, agora acompanhados de Influenza A – H3N2. Melhor manter os encontros reduzidos, sem grandes aglomerações; a vacinação em dia, e o uso de máscaras e álcool em gel. Indo além da pandemia que se prolonga e completa dois anos, o que tem salvado as horas de descanso são as atividades online. No meu caso, cursos e a variedade de séries e filmes dos serviços de streaming. Tenho visto um pouco de tudo, das mais variadas origens. Séries produzidas na Espanha, Finlândia, Rússia, Coreia, vale experimentar o extenso cardápio audiovisual, algo certamente vai te agradar. O destaque desta coluna vai para a série de ficção científica britânica “Eletric Dreams” (2017), disponível no Amazon Prime. Os episódios lembram os devaneios tecnológicos de “Black Mirror”, questionando o futuro e a realidade. Um deles é “Planeta Impossível”, com a participação de Benedict Wong, um dos destaques do filme “Doutor Estranho”, da Marvel. Referência para mim que sou fã do universo cinematográfico dos heróis.

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Funcionários aceitaram a viagem, inic que a mulher idosa faria - divulgação

Geraldine Chaplin é a protagonista do sível”, da série “Eletric Dreams” - D


cialmente, pelo pagamento o

o episódio “Planeta ImposDivulgação

A protagonista do episódio, inspirado no conto de Philip K. Dick de 1953, é vivida pela atriz Geraldine Chaplin, hoje com 77 anos. A filha de Charles Chaplin é Irma, uma mulher idosa, com mais de 300 anos, que deseja voltar para a Terra para reviver o amor de seus antepassados. Surda, ela é a acompanhada de um robô, que lembra “O Homem Bicentenário” (1999), filme protagonizado pelo saudoso Robin Willians. Irma contrata os serviços de uma empresa de turismo espacial, em que os funcionários mesmo sabendo que era impossível levá-la para a Terra, que já não existia mais, aceitam o serviço. O destino, que pode ser uma última viagem para a contratante, é um planeta qualquer. O objetivo dos funcionários, inicialmente, é meramente financeiro. E quantas pessoas, infelizmente, não se aproveitam financeiramente de pessoas idosas? Outros caminhos O desenrolar do episódio é interessante, mas o que fiquei pensando foi que a visão de um futuro, não é tão futurista assim. Pensando que o texto é dos anos 1950, não deveria causar estranheza. Mas será que só resta a uma mulher idosa ter como meta realizar o sonho de reviver experiências? Neste caso, memórias que nem são dela? De repente não caberia uma abordagem diferente, propondo a ela novas vivências? Acho que pensar em reescrever a história do episódio e dar mais opções a Irma é consequência do contínuo aprendizado na gerontologia. Na certeza de que #lugardepessoaidosaéondeelaquiser, sim, reviver lembranças pode ser o desejo de uma mulher idosa, mas também pode ser dada a ela a oportunidade de novas experiências, novos aprendizados. A surdez e a idade não a impediram de realizar uma viagem perigosa, por que seriam impeditivos para uma nova vivência? O mundo avança, as artes refletem as mudanças, mas ainda é longo o caminho pela frente. Como sempre digo é preciso estimular o protagonismo da pessoa idosa, que ela tenha autonomia e a certeza que há muitos caminhos.

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um livro é sempre um bom presente

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‘Causos’ do Nordeste

Audiência do Capeta Tony de Sousa Cineasta

( resumo do resumo e rearranjo no texto original ) Vivia, no sertão de outros tempos, um casal que se dava tão bem, que nem pareciam humanos, mas anjos de Deus. Causavam inveja a todo mundo. Aí apareceu na casa deles um monte de ratos. Parecia castigo. Tinha rato de todo tamanho. E faziam uma barulheira danada correndo pelo telhado da casa parecendo assombração. O casal tentou dar fim aos bichos armando várias ratoeiras. Não adiantou nada. Eles não mordiam as iscas da ratoeira. O casal estava desesperado quando apareceu na casa um gatinho preto. Para alegria deles o gatinho preto começou uma perseguição sem trégua aos ratos. Fosse de dia ou de noite, ele estava sempre no encalço de algum. Em pouco tempo os ratos sumiram e a casa voltou a ser um lugar tranquilo. E o gatinho preto reinava na casa. Tanto o marido quanto a esposa tinham adoração pelo gatinho. Um dia o marido precisou viajar. Antes de sair chamou a esposa e fez uma recomendação: “Mulher sei que nem precisa falar, mas cuide do nosso gatinho com cuidado! Esse gato caiu do céu! ”. “Pode deixar! Eu cuidarei dele, sim! Pode ficar sossegado! ”, disse a mulher. Mas no mesmo dia que o homem viajou o gatinho sumiu. A mulher saiu atrás dele em volta da casa, andou pelo quintal, foi até um matagal próximo chamando e nada. E foi assim todos os dias. Até que o marido voltou. A primeira coisa que perguntou foi como estava o gato. A mulher contou o que aconteceu. O marido ficou muito nervoso. E enquanto a mulher ainda falava o gato apareceu vindo lá dos fundos do quarto do casal. Miando bem fraquinho. O marido pegou o gato e viu que ele estava bem magrinho. Cuidou dele que logo se recuperou, cresceu e engordou. Aí o marido teve que fazer outra viagem. E voltou a fazer recomendações à mulher. Ela prometeu que ficaria mais atenta para não deixa-lo sumir de casa. E aconteceu igual a primeira vez. Assim que o marido saiu o gato voltou a desaparecer. A mulher fez a mesma peregrinação atrás dele e nada de encontra-lo. Quando o marido voltou a mulher veio com a mesma história. O gato desaparecera, ela o procurou em todo lugar todos os dias e não o achou. O marido ficou tão nervoso que falou um monte impropérios e até ameaçou bater na mulher. De novo o gato apareceu como se nunca tivesse saído de casa, só que bem magrinho como se não tivesse comido há muito tempo. O marido cuidou dele e o gato logo se recuperou. De novo o marido teve que viajar. Antes de sair fez ameaças à mulher dizendo que se acontecesse mais vez o descuido com o gato ele se separaria dela. Agora

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Foto: Caterina Pia


a Naclerio -unsplash.com

caro leitor, vou deixar que vocês desfrutem da gostosura do texto original, transcrevendo um trecho exatamente como está no livro “Contos Tradicionais do Brasil”, de Câmara Cascudo: “Ora, se bem disse, mió saiu. Gatim caiu no mato, virou tiririca, logo que o homem saiu. A muié, coitadinha, virou, remexeu, fez promessa a conto santo houve, escogitou po conto boraco das redondezas e vizim, responso Sant’Antonio, percurou, indagou, revirou... e nada. Chega o marido e lá longe foi logo, antes de sodá a muié, proguntano por aqui. - Cadê o meu gatim, muié? - Nosso gatim, meu marido... Não acabou de falá, que o gatim, saíno de den de casa, coge no rasto foimiano piadoso s’enroscá entre as pernas do seu senhô que acabava de s’apiá. Stava coge espirano de magro e de miséria. Antonce, o homem não contou fiado não! Meteu-lhe o chicote que trazia na muié, deu-lhe pancadas de cego, fêis artes de cabeça, quebrou-lhe um braço, abriu brechas na cabeça e espancou a coitadinha promode a bestagem do gatim. Passou-se. Dias ô dispois do baruio, o home arrependeu-se de tê purcedido assim, e envergonhado S’ apaxonou... ele que vivera tão bem có sua muié! Invetou por isso memo, outra viagem; mas, desta feita, com tenção de nunca mais botá pé em casa. Arrumou o saco e meteu cara na mudança adoidamentes. Ora bens! Andou o dia inteiro e à noite abrigou-se numa grande gameleira ramalhuda. Com o escuro iam chegando umas coisas misteriosas, falando e se reunindo numa sessão. Apareceu depois o Maioral que perguntou, a um por um, os trabalhos em que se ocupava. Houve relatório de todas as façanhas dos Diabos, tentando os cristãos. Um dos Demônios começou a historiar o que fazia na casa do homem que dera a sova na mulher por causa do gato fujão. (...) Nisso o homem que estava debaixo da gameleira tinha ouvido tudo. - Accôo! Seu meco! Ah! é assim, eim? Stá bom! E arrumou outra veis a troxa e cortou pra casa, onde chegou de manhãs horas d’almoço brabo. A muié, logo que o viu, ficou muito indimirada e foi logo arrecebê ele c’oa mão na tipóia; mas porém , adiante d’ela correu o gatim miano muito, muito, mais piedoso do que das outras veis. O homem apanhou ele e botou, ó dispois, no chão; mas porém, o gatim inrestou c’o ele, miano...miano... enroscando po las perna d’ele. - Muié, ocê deu dicomê a nosso gatim? – perguntou ele c’a cara muito enfarruscada e percurando já um pau. - Não home. Já le tenho dito muitas veis que ele se some, logo que você sai. - Se some! Hem? Apois, eu te torno a amostrá e é já. A muié veno o perigo, correu chorano; e ele apanhano um bom porrete, desandou com ança, mas porém, na cabeça do gatim, que deu aquele estouro que fedeu enxofre pru treis dias. O dispois, foi ele, antonce, contá à muié o causo sucedido da gameleira da encruziada. D’aquela data em diante foi ele vivê com sua muié, como d’antes era.”

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Contos I

São Paulo: um canteiro de obras e demolições Malu Alencar Historiadora e Produtora cultural

Desde o começo da pandemia, no início de março de 2020, não andava pela cidade de São Paulo, minhas idas e vindas totalmente restritas ao mais trivial: casa de filhos, supermercado, farmácia e médicos. Feira livre, que adoro, nem pensar.... Mas depois de estar devidamente vacinada e ainda com o suporte da 3a dose, fiquei mais livre para dar umas voltas pela cidade que tenho um carinho especial: São Paulo! Resolvi fazer um roteiro, selecionei alguns locais que sempre fizeram parte de minha vida desde quando cheguei em São Paulo nos idos de 1966. O que aconteceu com a Terra da Garoa, tão cantada e exaltada em letras de Caetano Veloso, Tom Zé, Adoniran Barbosa, Itamar Assumpção, Rita Lee e tantos outros cantores e grupos variados de pagode, rappers, sertanejo.... Cadê o charme das avenidas da minha capital: São Luiz, Ipiranga, Angélica, Consolação, Santo Amaro, Morumbi, Cidade Jardim, Faria Lima, Vinte e Três de

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Fotos: Malu Alencar

Maio, Nove de Julho, Sumaré, Pacaembu, Brigadeiro Luiz Antonio, Liberdade, Vergueiro.... O que aconteceu com a Paulista, a avenida mais alta e charmosa de São Paulo? Triste passar e ver que se tornou um local de abrigo para moradores humilhados pelo desemprego, pela fome e pobreza. Mas por onde passei, eu chorei.... chorei de tristeza e de vergonha. Como um país tão abençoado pela natureza e pela terra que tudo floresce, pode deixar a cidade mais importante do Brasil por seu potencial econômico, cultural.... ser literalmente destruída? Cadê a Praça da República que por anos foi um cartão postal de São Paulo? O que fizeram com o Terminal da Ana Rosa? Cadê os bancos para descanso de passageiros que esperam os ônibus? Os boxes de lanches viraram caixotes fechados sem janelas... Bairros inteiros sendo demolidos, destruindo vilas, prédios e casas antigas. Pinheiros, Perdizes, Vila Mariana e tantos outros viraram canteiro de obras. Ruas, calçadas, avenidas, praças.... a maioria abandonadas, verdadeiros lixões a céu aberto e que dificultam o andar de pedestres. Triste São Paulo que comemora 468 anos sem ter do que se orgulhar.

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Falando em leitura

Modernismo no Brasil Marly de Souza C. Almeida Pres. da Academia Contemporânea de Letras

O Modernismo no Brasil teve seu início, após escritores, poetas, músicos e artistas se influenciarem por tendências estéticas europeias, que impulsionaram uma nova visão, uma nova consciência criativa brasileira em todo tipo de arte no século XX. Este movimento artístico, cultural e literário caracterizou-se pela liberdade estética, o nacionalismo e a crítica social. Teve seu marco com a Semana de Arte Moderna, liderada pelo chamado “Grupo dos cinco”: Anita Malfatti, Mário de Andrade, Menotti Del Picchia, Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral, e ocorreu de 11 a 18 de fevereiro de 1922, no Theatro Municipal de São Paulo. Foi um grande evento, com inúmeras e diversas apresentações e exposições, que impulsionou o surgimento de revistas, manifestos, movimentos artísticos e grupos que trouxeram ideias modernistas e experimentações estéticas inovadoras, consolidando o Modernismo no Brasil. O modernismo no Brasil foi um longo período (19221960), por isso está dividido em três fases, também chamadas de gerações: · Primeira fase modernista (1922-1930) – a fase heroica ou de destruição; lembrando o contexto histórico: Primeira Guerra Mundial (1914-1918) que levou a morte de milhares de pessoas, a destruição de diversas cidades e a instabilidade política e social; golpes, revoltas, greves, insatisfação do povo, poder concentrado nas mãos das elites, crise econômica; Os escritores e as obras mais relevantes da primeira geração modernista, foram: · Mario de Andrade (1893-1945) - Obras: Paulicéia Desvairada (1922), Amar, Verbo Intransitivo (1927) e Macunaíma (1928). · Oswald de Andrade (1890-1954) - Obras: Os condenados (1922), Memórias Sentimentais de João Miramar (1924) e Pau Brasil (1925). · Manuel Bandeira (1886-1968) - Obras: A cinza das horas (1917), Carnaval (1919) e Libertinagem (1930). Retratavam em suas obras o radicalismo e o nacionalismo, busca de uma identidade nacional (regionalismos, linguagem informal, valorização do folclore, arte e cultura popular brasileira), versos livres (sem métrica), versos brancos (sem rimas), utilização do sarcasmo e ironia. · Segunda fase modernista (1930-1945) – a fase de consolidação ou geração de 30; golpe de estado, era de Vargas, fim da Segunda Guerra Mundial, que foi um conflito militar global que durou de 1939 a 1945, envolvendo a maioria das nações do

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Mario de


Andrade

mundo, mais crise econômica e revoltas; Os escritores e os poetas (poesia de 30) e as obras mais relevantes da segunda geração modernista, foram: Poetas: · Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) - Obras: Alguma poesia (1930), A Rosa do povo (1945) e Claro Enigma (1951). · Murilo Mendes (1901-1975) - Obras: Poemas (1930), A poesia em pânico (1937) e As metamorfoses (1944). · Jorge de Lima (1893-1953) - Obras: Novos poemas (1929), O acendedor de lampiões (1932) e O anjo (1934). · Cecília Meireles (1901-1964) - Obras: Espectros (1919), Romanceiro da Inconfidência (1953) e Batuque, Samba e Macumba (1935). · Vinicius de Moraes (1913-1980) - Obras: Poemas, Sonetos e Baladas (1946), Antologia Poética (1954), Orfeu da Conceição (1954). Na prosa: · Graciliano Ramos (1892-1953) - Obras: Vidas Secas (1938), São Bernardo (1934), Angústia (1936), Memórias do cárcere (1953). · José Lins do Rego (1901-1957) - Obras: Menino do Engenho (1932), Doidinho (1933), Banguê (1934) e Fogo morto (1943). · Jorge Amado (1912-2001) - Obras: O País do Carnaval (1930), Mar morto (1936) e Capitães da areia (1937). · Rachel de Queiroz (1910-2003) - Obras: O quinze (1930), Caminho das pedras (1937) e Memorial de Maria Moura (1992). · Érico Veríssimo (1905-1975) - Obras: Olhai os lírios do campo (1938), O Tempo e o Vento - 3 volumes (1948-1961) e Incidente em Antares (1971). · Jorge Amado (1912-2001) - obras principais (romance): Cacau, 1933; Jubiabá, 1935; Mar morto, 1936; Capitães de areia, 1936; Gabriela, cravo e canela (1958); Dona Flor e seus dois maridos, 1966; Tieta do agreste, 1977. Pretendiam com suas obras consolidar o modernismo no Brasil; uma vasta produção literária em poesia e prosa (poesia de 30 e romance de 30); a valorização do regionalismo e da linguagem popular; a utilização de versos livres (sem métrica), versos brancos (sem rimas); críticas à realidade social brasileira; a valorização da diversidade cultural do país; temática cotidiana, social, histórica e religiosa. · Terceira fase modernista (1945-1960) – a geração de 45. Esse momento, que ficou conhecido como “Geração de 45”, reuniu um grupo de escritores, muitas vezes chamados de neoparnasianos, que buscavam uma poesia mais equilibrada e objetiva. Assim, a liberdade formal, característica das fases anteriores, é deixada de lado para dar lugar à métrica e o culto à forma, com produções inspiradas no Parnasianismo e Simbolismo. Além da poesia, há uma diversidade grande na prosa com a prosa urbana, intimista e regionalista. As principais características desse período foram: · linguagem mais objetiva e equilibrada; · influência do Parnasianismo e Simbolismo; · oposição à liberdade formal;

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· forte preocupação com a estética e a perfeição; · valorização da métrica e da rima; · temática social e humana. Os escritores que se destacaram nessa fase, na poesia e na prosa, foram: · Mario Quintana (1906-1994) - Obras: Rua dos cataventos (1940), Canções (1946) e Baú de espantos (1986). · João Cabral de Melo Neto (1920-1999) - Obras: Pedra do sono (1942), O cão sem plumas (1950) e Morte e vida severina (1957). · Guimarães Rosa (1908-1967) - Obras: Sagarana (1946), Primeiras Estórias (1962) e Grande Sertão: Veredas (1956). · Clarice Lispector (1920-1977) - Obras: Perto do coração selvagem (1942), A paixão segundo G. H (1964) e A hora da estrela (1977). Vejam os poemas a seguir: MOTIVO (Cecília Meireles, livro Viagem – 1939) Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa. Não sou alegre nem sou triste: sou poeta. Irmão das coisas fugidias, não sinto gozo nem tormento. Atravesso noites e dias no vento. Se desmorono ou se edifico, se permaneço ou me desfaço, — não sei, não sei. Não sei se fico ou passo. Sei que canto. E a canção é tudo. Tem sangue eterno a asa ritmada. E um dia sei que estarei mudo: — mais nada. O BICHO (Manuel Bandeira) Vi ontem um bicho Na imundície do pátio Catando comida entre os detritos. Quando achava alguma coisa, Não examinava nem cheirava: Engolia com voracidade. O bicho não era um cão, Não era um gato, Não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem. Rio, 27 de dezembro de 1947 A ARTE MODERNISTA NO BRASIL Outro importante movimento ocorrido junto à literatura foi a arte, com grande influência na pintura, cujos temas mais explorados pelos artistas foram: cultura brasileira e as críticas sociais. Os pintores modernistas que mais se destacaram foram: · Tarsila do Amaral (1886-1973) · Anita Malfatti (1889-1964) · Di Cavalanti (1897-1976) · Cândido Portinari (1903-1962) Tarsila do Amaral foi uma das mais importantes pintoras do movimento modernista. Ao lado de seu marido, Oswald de Andrade, inaugurou o movimento Antropofágico na primeira fase. Abaporu é, sem dúvida, sua obra mais emblemática. Fontes: https://www.todamateria.com.br/modernismo-no-brasil/ https://brasilescola.uol.com.br/literatura/o-modernismo-no-brasil.htm https://pt.wikipedia.org/ wiki/Modernismo_no_Brasil Curso de Literatura Cearense Imagem do Google

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Nosso cafézinho

Métodos de Café

Fotos: enviadas pela colunista

Cida Castilho Barista

O nosso segundo maior comodity (café) tem processos diferentes de se preparar essa bebida tão apaixonante. Você, pode se tornar um apreciador de café, podendo ter o prazer de degustar bebidas de sabores inigualáveis. Não posso deixar de agradecer a Biah Sobral que cedeu os vários métodos de preparo de café para Cida Castilho poder proporcionar aos leitores do Magazine 60+. Nome do método: Clever Quando foi lançado: 2009 Quem lançou: Hand Brew - Taiwan Histórico: Clever é um método recente, apesar de ser bastante conhecido no seguimento de cafés. Criado pela empresa “ABID” Absolutamente a melhor ideia desenvolvida (hoje Hand Brew) de origem Taiwandesa, cuja especialidade são utensílios para infusão e preparos de chás. Descrição: Clever tem um formato cônico, parecido com filtro tradicional Mellita, podendo ser de vidro, cerâmica ou acrílico. Também tem ranhuras que lembram o método V60 . Possui um sistema “shutt off” que permite o controle do tempo do café com a água. Possui uma base se sustentação para o pré preparo. Pode-se usar qualquer tipo de filtro: papel (o mais recomendado), pano ou metal. Possui uma tampa que permite manter a temperatura no momento do preparo. Preparo: Adicione o filtro de papel no porta filtro e mantenha-o em sua base de sustentação. Escalde o filtro para retirar as impurezas e na sequência despreze a água. Para o modelo de 350 ml recomendamos 30 gramas de pó de café, numa moagem grossa, lembrando açúcar cristal, para uma proporção de 330 ml

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de água numa temperatura de 95º. Comece a por a água em contato com o pó, Inicie o movimento pelas laterais, vá afunilando até chegar com o bico ao centro e finalize assim que todo o pó estiver umedecido. Aguarde 30 segundos . Chamamos esse processo de blooming. Após 30 segundos de infusão, acrescente o restante da água lentamente e em movimentos circulares. Mexa. Tampe a Clever. Para esta receita, recomendamos 1 minuto de infusão. Retire-a da base de sustentação e coloque-a já na jarra pré determinada para o preparo do café. O fluxo da filtragem será continuo. Finalizada a extração, retire a Clever de cima da jarra. Volte a apoiar na base de sustentação para evitar respingos. Sirva-se. Curiosidades: Este método nos permite usar vários tipos de moagens e controlar o tempo de infusão através da válvula capaz de reter ou liberar o fluxo de água. No mercado, a cafeteira é encontrada em dois tamanhos padronizados: Pequena, 200 ml ou a grande 350 ml. Casa: Este método nos permite usar vários tipos de moagens e tempos de infusões. Portanto, independente da variedade do café utilizado, se a moagem for grossa, ligeiramente a bebida trará notas mais leves, do contrário, moagens mais finas cafés com sabor mais intensos. Estabelecimento: Em cafeterias, bares e restaurantes é imprescindível todos os materiais que se fazem necessários para a extração do método. É de fundamental importância que o Barista conheça o café que foi cuidadosamente selecionado,ter o domínio das técnicas do método a ser preparado, tornando aquele momento único e que estabeleça o retorno do cliente outras tantas vezes em seu estabelecimento Onde encontrar: https://flavors.com.br/produto/suporte-para-filtrar-cafe-grande-clever/ Bibliografia: https://flavors.com.br/produto/suporte-para-filtrar-cafe-grande-clever/ https://blog.ucoffee.com.br/clever-dripper/ https://www.youtube.com/watch?v=sBBlExS0MPM&feature=emb_rel_end

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Receitas Fáceis

DICAS DE EBE FABRA NA COZINHA Fotos e receitas da Colunista

Ebe Fabra Chef de Gastronomia

Estamos em pleno verão, apesar de muita chuva, o clima está quente e abafado. E o calor volta intensamente....sem chuva! O verão nos chama para a rua para estrada, pois o calor nos deixa a vontade e nos inspira muita diversão, ar livre e muita alegria. Seja para viajar ou dar apenas uma volta na rua ou num parque, é maravilhoso poder vestir roupas leves e sandálias de dedo, levar lanches frios e curtir a natureza em qualquer cantinho. Sózinha ou acompanhada, ou melhor coma família e amigos. Ficar em casa com os pés descalços sentindo o geladinho do piso da cozinha, é uma delícia abrir a geladeira e encontrar um sorvete, um picolé ou uma melancia (aliás amo de paixão) para saborear com toda calma e nos refrescar. Nos meses de calor, refrescarsse com sucos, cervejas, vinhos e espumantes é também um bom motivo para um programinha em família ou pra receber amigos sem cerimônia, e os aperitivos para acompanhar a gente improvisa, porque é VERÃO e precisamos vivê-lo intensamente antes que ele vá embora deixando muitas saudades. Como falamos em aperitivos, vamos começar por ele.

Tomatinhos Brie e A

ENTRADA TOMATINHOS CEREJA COM BRIE E ALECRIM Ingredientes: *1 cx de tomates cereja 🍒(180g)cx pequena *1 pedaço de queijo 🧀Brie(300g) *2 ramos de Alecrim (2 pra enfeitar) *2 colheres de sopa de vinagre de maçã *2 colheres de sopa de açúcar demerara

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Salada de


cereja com Alecrim

e lentilha

MODO DE FAZER Lave bem os tomates e separe-os. Pegue uma panela pequena e coloque o vinagre, o açúcar e coloque pra ferver, acrescente 1 ramo de Alecrim, assim que ferver, acrescente os tomates, deixe 5 minutos e desligue. Coloque o 🧀queijo Brie num recipiente e jogue por cima os tomates com a calda. Enfeite com o outro ramo de Alecrim. Sirva com torradas ou fatias de pães. Acompanhado de uma bebida bem geladinha. SALADA Hoje vamos fazer uma salada de lentilhas. Vocês conhecem LENTILHA....laranja, senão encontrar use a comum mesmo. Ingredientes: *300 g de lentilha laranja *salsinha picada a gosto *1 dente de alho bem picadinho *1 cebola (de preferência a roxa) média cortada em cubinhos bem pequenos * 1/2 pimenta dedo de moça 🌶️em cubinhos *sal/pimenta do reino, vinagre, usei balsâmico e o tinto, a gosto. *1 manga 🥭Palmer, cortada em cubos pequenos *azeite, 4 colheres de sopa bem generosas MODO DE FAZER Deixe de molho em água a lentilha por 2 horas. Coloque em uma panela média, 2 lts de água pra ferver. Quando esta estiver fervida, coloque as lentilhas, cozinhe até que elas fiquem cozidas ( eu gosto ao dente). Escorra, coloque num recipiente meio fundo, ponha todos os ingredientes e misture bem. Deixe esfriar, coloque mais um pouco de azeite por cima e coloque na geladeira até a hora de servir. Decore com umas folhas verdes(pode ser hortelã), eu coloquei agrião e uma pimenta dedo de moça️, se você quiser. PRATO QUENTE BATATAS TATU Ingredientes: *Batatas médias(eu usei 4 para 3 pessoas),é super bem servido *sal e pimenta do reino a gosto *Azeite

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*Ervas frescas(usei tomilho,salvia,salsinha e alecrim MODO DE FAZER Corte as batatas inteiras em fatias,de médias par finas, sem cortar até embaixo. Tempere bem com todos os ingredientes passando cuidadosamente entre as fatias par não soltar ou quebrar. Pegue um recipiente que vá ao forno quente 200° C pré aquecido, pincele azeite e coloque as batatas. Depois de 10 minutos, baixe o forno pra 160°C. Leva de 40 a 60 minutos, espete um palito pra ver se estão cozidas. DICA Se quiser, depois de prontas, ainda com o forno ligado, retire do forno e intercalando nas fatias, coloque queijo e presunto ou frios, fica muito bom par um lanche da tarde. Se for servir na refeição, cai muito bem uma carne assada, frango e linguiças. Eu fiz um hamburgão de peito de frango com espinafre. Se gostar pode acompanhar arroz branco. Quem me deu esta receita, foi minha tia Marília Peixoto da Costa Cabianca, tem este nome de Batata Tatu, porque sua neta Lia disse como ficou parecida com um Tatu.

Corte a batata assim

SOBREMESA Como disse no início, estamos no verão e nada como um picolé pra nos refrescar. PICOLÉ DE IOGURTE COM GELEIA DE MORANGO

Batata Tatú

Ingredientes: * 500 g de Morangos 🍓picados * 5 colheres de açúcar (use o da sua preferência) * 500 g de iogurte grego MODO DE FAZER: Ponha todos os ingredientes no liquidificador ou processador e coloque nas forminhas de picolé ou num pote de sorvete. Coloque no freezer por 12 horas. Desenforme ou sirva em taças conforme sua preferência. Queridos até o próximo mês. Beijos no coração Picolé de Iogurte com geléia de morango

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Desde 1993

Diagramação, Reportagem, Fotografia, Desenho, Entrevistas, Propagandas, Folders, Folhetos, Identificação Visual, Montagem de livros e Revistas

(11) 9.8890-6403 contihq@hotmail.com

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segunda capa


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