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Veterinária USP 25 e
arquivo afetuosos,mas possuem uma maneira diferenciada de demonstrar. Como forma de denotar seu afetoaos seus humanos, um gato pode dar leves cabeçadas, ronronar após carinho, esfregar-se nas pernas, piscar lentamente os olhos e até mostrar a barriga–posição que indica vulnerabilidade. A linguagem corporal dos gatos é sofisticada: podemos entender o humor por meio da posição das orelhas e bigodes, bem como da cauda e pelos. É fundamental observar os sinais que são dados para que a interação não ultrapasse os limites do animal e não gere acidentes. Outra característica que difere as duas espécies é a alimentação: gatos são carnívoros estritos, o que significa que alimentos específicos para essa espécie são fundamentais. São conhecidos pelo hábito alimentar de“petiscadores”, ou seja,gostam de fazer pequenas refeições ao longo do dia. Além disso, gatos ingerem menos água que os cães devido ao comportamento de seu ancestral do deserto, que não possuía disponibilidade de água através de rios ou outrasfontes, sendo sua necessidade suprida através da caça. Assim, os gatos domésticos também não têm ocostume de ingerir água em sua forma pura, porém como geralmente se alimentam apenas de ração seca, é necessário estimulá-los para que suas necessidades sejam atendidas. Os felinos gostam de água sempre fresca, depreferência corrente. Logo, investimentos em fontes de água são válidos pois podem aumentar a ingestão, além de incluir na dieta ração úmida como sachês. Ainda, são animais muito higiênicos e preferem que a área de “banheiro” esteja distante da área de alimentação,de preferência em outro cômodo. Os gatos também preferem que os potes de água sejam amplos para não encostar os bigodes e que fiquem distantes dos potes de alimento. Mas e em relação aos banhos, os gatos podem tomar? Diferente dos cães, os gatos possuem hábitos de higienização. Desta maneira, banhos são estressantes para esses animais e se fazem desnecessários, salvo se tiverem objetivo terapêutico. Os gatos também precisam de atividades físicas, mas o ideal é que eles permaneçam dentro de casa, sem sair para dar ”voltinhas” sem supervisão. Saindo na rua estão expostos a doenças, maus-tratos de outros humanos, risco de acidentes e brigas, portanto telas de proteção são fundamentais para impedir que tenham acesso a tais riscos. O ideal é fornecer dentro do próprio ambientecaseiro atrações para o gato realizar suas atividades físicas. Para estimular atividades, pode-se investir em verticalização de ambientes com uso de suportes que permitam que o gato escale superfícies, arranhadores e brinquedos que estimulem o comportamento caçador do animal. Por fim, é necessário estar atento ao seu amigo! Os gatos não mostram dor com facilidade e mascaram doenças, portanto, é preciso observar qualquer sinal diferente que seu felino demonstrar: urinar ou defecar fora dolocal habitual, mudança no padrão de atividades,diminuir quantidade de ingestão de comida ou água e outros comportamentos que você considere estranhos para o seu companheiro. Texto escrito por NatayanedoValeTorquatocomacolaboraçãodeGabrielaCristinadeO.Santos, Evelise Oliveira Telles, membros do Projeto Santuário. Para sugestões ou dúvidas, entre em contato pelo e-mail: papoanimal60mais@gmail.com. Nos siga nas redes sociais:Instagram:@projetosantuariouspeFacebook: ProjetoSantuário-FMVZUSP. Ficaremos muito felizes em ter vocês conosco
magazine 60+ #33 - Março/2022 - pág.26
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Aprendizagem na 3ª idade O idoso e as finanças
Malu Navarro Gomes Pedagoga Psicopedagoga Educadora no projeto Feliz Idade
Na edição passada recebemos uma sugestão muito oportuna e importante do Sr. Sebastião Duarte, de Guarulhos - SP. Ele fez o seguinte comentário: ”Excelente artigo, muitas informações importantes principalmente no tocante à saúde do idoso; bem detalhado a boa alimentação e a preparação em outros sentidos. Penso que você, embora não tenha citado ache importante uma preparação financeira para a velhice, já que isso além de garantir uma boa alimentação pode ajudar, entre outras coisas, a morar bem, acessar em melhores condições a medicina e tantos outros benefícios que uma saúde financeira proporciona. Muito bom o artigo. Está de parabéns. ” Publiquei seu comentário na Magazine 60+ de fevereiro 2022 e escrevi que esse assunto é mesmo tão relevante, que merecia um artigo para melhor explorarmos esse tema. Para garantir maior fundamentação, entrevistei um Consultor, especialista em cultura organizacional que, além de ser educador é também autor de mais de uma dezena de livros. 1. Malu Navarro Gomes: Hoje em dia as pessoas estão vivendo muito mais do que se vivia no século passado. Quais são, a seu ver, algumas das principais consequências dessa condição tanto para o idoso como para a sociedade?
Mário Donadio: Quando a questão do idoso é vista somente sob o prisma econômico algumas conclusões são perversas. O que sem dúvida é uma conquista, passa a ser vista como um problema cuja solução seria os idosos “morrerem mais cedo”. Em um texto de Machado de Assis, escrito por volta de 1870 ele se refere a um “velho que carrega nas costas mais de 50 anos; posto que bem vividos”. Hoje em dia, desde que cuide de sua saúde, superar os noventa anos não é incomum. Para o idoso a consequência principal é ter que aprender a ser feliz aproveitando tudo o que a experiência de vida lhe dá. Os profissionais da saúde, não apenas da medicina, mas da educação principalmente, podem ajudar. Quanto
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à sociedade, as coisas são mais complicadas quando as políticas governamentais privilegiam o econômico e não o bem-estar, felicidade e qualidade de vida. Quando a idade lhes dá limites para serem produtivos os idosos são vistos como um estorvo e geradores de custos. 2. MNG: Pensando-se que a realidade atual e futura seja a de que a maioria da população ultrapasse a idade dos 60, 70 anos, a partir de quando a pessoa deve se organizar para viver uma velhice digna, sem necessariamente depender dos filhos e ou familiares? Você percebe a existência de outras possibilidades para o idoso?
MD: Estudos feitos há vários anos, e que necessitam ser atualizados para a realidade contemporânea, indicavam três ciclos na vida econômica: A) até os 25 anos investimento profissional, terminar uma faculdade, estagiar em empresas. Nas famílias de classe média, a pessoa é sustentada pelos pais. B) Dos 25 aos 50 anos, crescimento profissional, pós-graduação, carreira na empresa, independência financeira. Nesta faixa etária ocorre a constituição da família, investimento na educação dos filhos. C) Dos 50 aos 75 anos, acontece a maturidade profissional e certa estabilidade dos ganhos. As mulheres, estatisticamente, pagam um preço alto no segundo ciclo quando, dos 25 aos 30 anos ou mais, são obrigadas a abandonar a carreira para cuidar dos filhos. Estes ciclos funcionam para a classe média, não para os muitos pobres ou muito ricos. Portanto, é dos 25 aos 50 anos que devem se preocupar em construir um patrimônio que lhes garanta uma velhice sem depender de familiares. Está cada vez mais difícil este cuidado para a maioria das pessoas. Existe sim, outras possibilidades que é a construção de políticas voltadas ao bem-estar social e garantia da dignidade do ser humano de mais idade, como existem em muitos países europeus. Lamentavelmente estão sendo eliminadas no Brasil. 3. MNG: Pensar em viver mais representa algo como permanecer mais tempo no mercado de trabalho?
MD: Direto ao ponto: o idoso não deveria ter que permanecer mais tempo no mercado de trabalho, tem que ter mais tempo para apreciar a vida. Alguém com mais de 75 anos só deveria trabalhar para buscar alguma realização pessoal; nunca para ter que se sustentar, ou compor as receitas financeiras de sua família. Ele já produziu tudo o que era possível dos 25 aos 50 anos, criou seus filhos e chegou aos 75 anos ou mais. Para muitos é difícil perceber que os mais jovens vêm com mais energia e conhecimentos atualizados A ajuda que precisa é que lhes indiquemos como aprender quais são os caminhos para lidar
com as limitações naturais que a idade traz e quais potenciais para superá-las aplicando sua experiência e maturidade. Voltamos à questão das políticas de respeito à dignidade humanas e de bem-estar social, necessitamos de uma sociedade mais ética e solidária. 4. MNG: O que a população de idosos pode ensinar aos mais jovens – pensando-se que estes também chegarão à velhice?
MD: Nas sociedades antigas o idoso era essencialmente um educador, guardião dos valores, modelo e exemplo. Mesmo nestes tempos das tiranias das redes sociais é possível ser o referencial ético. Sem discursos moralistas – por favor! – que somente irritariam os jovens. Esperando que perguntem, ou até peçam conselhos, compreender as diferentes demandas e momentos que cada um está passando. Cara Malu, aqui entramos em uma área que não é minha. Há duas circunstâncias reais: os idosos, sem as políticas sociais solidárias, têm que enfrentar a queda de sua renda, ao mesmo tempo em que suas despesas, inclusive com a saúde, aumentam ano a ano. Neste quadro econômico ético e profissional que eu descrevi, o que a psicopedagogia recomenda para ajudar o idoso?
MNG: Antes de mais nada, quero agradecer sua colaboração. A psicopedagogia trata eminentemente das questões ligadas à aprendizagem do ser humano, seja qual for a sua idade. Por que se aprende, como se aprende? O idoso precisa conviver com as transformações sociais, mudanças de costumes e até com os preconceitos – idadismo – contemporâneos que julgam os limites que você descreveu. Podemos exercitar suas habilidades em se relacionar com seus pares e com outras gerações, principalmente do seu grupo familiar. As questões de memória, concentração, atenção, organização de suas atividades – que de fato são reais – podem ser tratadas através de jogos e exercícios pedagógicos, representam desafios a serem respondidos, são muito agradáveis e, fundamentalmente, auxiliam o desenvolvimento e manutenção de sua autonomia.
Malu Navarro Gomes
Especialista em Psicopedagogia e Neuropedagogia Atenção, concentração e memória. Práticas psicopedagógicas conforme necessiades e objetivos específicos Troca de informações, orientações sobre dinâmicas e atividades apropriadas ao idoso.
blog: https://blogdafelizidade.blogspot.com + 55 11 93481 1109 email: qualidadedevidaidosos@gmail.com