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Sonia Fernandez 63 a

Tarsila do Amaral O Lago, 1928 tas em Paris. Ele não foi. Entretanto, comemorava com felicidade a “confiança mútua” que experimentava na relação com Tarsila. Elegância e confiança - conceitos apreciáveis em qualquer tempo e absolutamente necessários para este. Mário, sempre ele, a perceber primeiro que a pintura brasileira dependia de três mulheres: Anita Malfatti, Tarsila do Amaral e Zina Aita. Três mocinhas da Europa (quem se lembra da brincadeira infantil?) representavam o Brasil expressionista, cubista e pós-impressionista, respectivamente, em plena década de 1920. Porém o que fez de Tarsila o que ela ainda é hoje pode ser apreendido no dito que ela mesma proferiu ”Sinto-me cada vez mais brasileira: quero ser a pintora da minha terra... Quero, na arte, ser a caipirinha de São Bernardo, brincando com bonecas de mato, como no último quadro que estou pintando”. Referia-se ao quadro “A caipirinha” (1923). A vida da artista cheia de altos, do nascimento à idade adulta, e, com muitos baixos na velhice, arremata-se no sorriso aberto e franco ostentado marotamente em foto de 1971, meses antes de sua morte. Serena e amorosa, Tarsila é um alento para as mulheres de sempre e de todos os lugares. Suas telas são mostras de constância, doçura e prazer. Olhem para as telas “Manacá” e “ O mamoeiro” e neguem, se forem capazes. Vida e arte. Tarsila tinha noção do seu valor como artista, entretanto, jamais podia imaginar o valor que alcançariam suas obras. Nesse sentido, ela é o símbolo de um Brasil que podia ter sido e não foi. Por isso, comungo com a dor de Darcy Ribeiro (que faria 100 anos, neste ano da graça de 2022), expressa nesta frase amargurada “Tenho tão nítido o Brasil que pode ser, e há de ser, que me dói o Brasil que é.” Ainda que amargura nunca fosse um “sentimento-Tarsila” é preciso reconhecer que a História é feita muito mais de desencontros, como foram os últimos anos de Tarsila. Ao contrário do que poetou o poetinha Vinícius de Moraes. Mas, essa é outra história. E, em que pese tanta reviravolta quanto ao que se chamou futurismo, rejeitado por muitos, mas alardeado pela imprensa do contra, ou melhor dizendo, de província, e que acabou por generalizar o termo Modernismo (noção larga e imprecisa), o que temos de substantivo é a ampliação da representação das identidades nas várias artes gestadas e/ ou realizadas dentro do Brasil. Impõem-se, sem sombra de dúvida e, não sem conflitos, a inclusão das etnias originárias, bem como os registros de emancipação dos diferentes grupos. Nesse sentido, a contribuição de Tarsila é incontestável, além de ter estado muito à frente de sua época, na arte e na vida. Um sulco, como afirmou Mário de Andrade (1922). Um sulco consistente, no meu modo de ver. Não faltam, assim, motivos para amar Tarsila.

Humor Aparencias e expectativas

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Laerte Temple Doutor em Ciências Sociais Relações Internacionais

Quando adolescente, Juan era alto, bonito, forte e paquerador. Galinha mesmo, arrogante e convencido. As garotas fugiam dele devido à má fama. As mães detestavam e os pais não o queriam por perto. Na juventude, os amigos estava em namoro sério e ele sequer cogitava assumir um compromisso. As mulheres que os homens mais procuram são as mulheres perdidas e um Zé Galinha como ele nunca teve dificuldade para encontrar moçoilas carentes. Comportamento promíscuo e irresponsabilidade causaram atraso na escola e ele concluiu o colégio somente aos 21 anos. Queria mudar de vida mas, na pacata cidade todos o conheciam, ninguém apostava que um dia criaria juízo. Sua aparência era puro deboche e as expectativas eram sombrias. Por isso Juan prestou vestibular em uma universidade distante. Decidido a se corrigir, dedicou-se aos estudos desde o primeiro dia e foi gentil e atencioso com todos. Como não era da cidade, foi fácil passar por ex seminarista e emplacar o novo estilo. Fez amizades, conheceu garotas e conquistou a simpatia das famílias. No último ano, apaixonou-se por Jaima, moça bonita, romântica, elegante, exigente e difícil. Juan decidiu que era o tipo de mulher que procurava para casar. Morava na cidade vizinha à dele, pura, caseira, da roça e perdeu a virgindade por causa dos solavancos de um trator. O pai de Juan dizia que os objetivos mais difíceis são os que trazem maior satisfação. Chega de gente fácil, pensou. Encontrei quem procurava! As famílias aprovaram as escolhas dos filhos e eles se casaram após a formatura, com menos de 1 ano de namoro. Jaima também aproveitou o curso em outra cidade para recomeçar, mudar hábitos e a imagem de pessoa chata, instável, fria e insensível que os primos chamavam de TêPêMê (TPM Eterna) . Os pais gastaram muito com terapia para adapta-la ao convívio social e aceitar a ideia de namorar, casar e constituir família.

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