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Thaissa Alvarenga Nosso Olhar 22 e

um estudante autista que vive em Porto Velho (Rondônia), foi retirado da sala de aula por uma alegação de que a escola não tinha ninguém para cuidar dele. Sua mãe Mabel Colares fez uma gravação do momento e compartilhou na web. O desabafo chegou até o apresentador Marcos Mion, que usou seu Instagram para dar voz à mãe. Infelizmente o caso dessa família não é único. Milhares de pais e mães diariamente encontram desafios similares. Mas como isso aconteceu, se existe a lei Berenice Piana, que garante a educação de estudantes com TEA (Transtorno do Espectro Autista), em qualquer rede de ensino? Assim como dito pela mãe de Gustavo, a inclusão, em 99% do tempo, está apenas no papel. Quem tem filho com alguma deficiência sabe que é muito comum chegar em uma escola e perguntar: vocês fornecem material adaptado? E a resposta da escola é: - Sim, nós temos. Porém, o que se vê na prática é que a instituição usa o material do 1° ano para ensinar a criança com deficiência no 3° ano. Isto não é material adaptado, isto não é inclusão. Por mais que o cenário da inclusão tenha evoluído ao longo das décadas, os estereótipos criados em nossa sociedade, atitudes capacitistas, falta de preparo de educadores, falta de estrutura dentro dos prédios das instituições de ensino em todos os níveis, do infantil até a graduação, só aumentam a distância entre alunos com deficiência dos outros alunos e diminuem grandemente sua capacidade de viverem em um mundo que pertence à eles também. O impacto não é só na escola, pois a criança um dia se tornará um adulto que não encontrará um ambiente de trabalho que atenda às suas necessidades, diminuindo assim seu potencial de contribuir na sociedade. Uma capacidade diminuída não por causa da deficiência e sim por causa da falta de inclusão. Então não seria mais fácil colocar todos os alunos com deficiência em uma escola específica para eles? A pergunta é: mais fácil para quem? Esse é um caminho curto e confortável para alguns, apenas por um breve momento, que apenas trará transtornos irreversíveis para uma sociedade. Na área da educação, o protagonismo deve ser do aluno e não da instituição. Uma escola só existe porque tem alunos. Sem eles, ela é apenas um lugar vazio. Para finalizar, gostaria de fazer uma reflexão e uma troca de palavras. Desta vez vou escolher a palavra alteridade no lugar de empatia. Alteridade vem do latim, em sua origem “alteritas”. O radical alter significa “outro”, enquanto itas remete a “ser”, ou seja, em sua raiz, alteridade significa “ser o outro”. Ser o outro na escola, Ser o outro no trabalho, Ser o outro no ponto de ônibus. Ao perceber que o “eu” deve conviver com outros, podemos alcançar sim, uma inclusão em todos os setores da sociedade.

*Thaissa Alvarenga é criadora da ONG Nosso Olhar, do portal de conteúdo Chico e suas Marias e do canal do youtube Inclua Mundo.

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Aprendizagens Diferentes, contudo iguais

Malu Navarro Gomes Pedagoga Psicopedagoga Educadora no projeto Feliz Idade

Olá! Sou Malu Navarro Gomes, pedagoga, psicopedagoga, neuropedagoga, mestre em Psicologia. Prefiro me apresentar como educadora. Minhas ações sempre estiveram ligadas à educação, à aprendizagem e ao modo de trabalhar o ensinar e reconhecer o aprender. Durante a maior parte de meu percurso profissional atuei como coordenadora pedagógica em diversas instituições. Assim, conheci realidades diferenciadas, desde a condição educativa escolar prestada a crianças institucionalizadas e em fase de alfabetização, a jovens que cometeram atos infracionais, queriam e deviam frequentar escola e o ensino profissionalizante, a adultos trabalhadores em usina de açúcar que pretendiam se alfabetizar, a crianças, filhas de funcionários dessa empresa que tinham na usina um espaço destinado para a Educação Infantil, a profissionais das áreas da educação e da saúde que queriam expandir seus conhecimentos sobre a aprendizagem, a pessoas com deficiência – PcD – a maioria com paralisia cerebral, crianças, jovens, adultos e suas famílias e, finalmente, a pessoas com mais de sessenta anos, consideradas idosas, no exercício ativo de suas funções cognitivas. A experiência adquirida junto a essa diversidade de pessoas veio provar o que no íntimo já sabemos: que todos, sem exceção, todos somos iguais independentemente de idade, gênero, descendência familiar, amizades, profissão, aspecto físi-

Foto: Christopher Ott - unsplash.com

co, condição intelectual e outras tantas características que possuímos e que nos diferenciam dos demais. Quando lecionei em cursos de especialização em Psicopedagogia, lembro-me de o que pedia aos alunos, antes de iniciarmos o trabalho prático de diagnóstico clínico a estudantes do Nível I do Ensino Fundamental encaminhados para atendimento psicopedagógico e seus pais. Pedia para observarem o que eu havia colocado sobre uma mesa. Naquelas aulas, os alunos dispunham suas cadeiras em semicírculo, de forma que todos pudessem ver os demais. Combinávamos formar um círculo com as cadeiras, sendo que a mesa ficaria no centro. Todos deviam permanecer em seus lugares e, à medida que distinguiam os objetos ali dispostos, iriam listar o que viam em uma folha de papel. Após um tempo, solicitava que parassem o exercício para propor uma alteração: agora, eles poderiam aproximar-se da mesa, e sem tocar nos objetos notar quais os que não haviam sido percebidos durante a primeira observação. A nova lista seria feita ao lado da primeira de forma a completá-la. No terceiro momento, solicitava que os alunos dissessem o que aqueles objetos tinham em comum. Na mesa havia uma série de objetos como caderno, livro, lápis, caneta, borracha, vaso de flores, frigideira, sabonete, pente, tesoura, copo, guardanapo, régua, ferro de passar roupa, vassoura, lupa, tintas e pinceis e muitos outros objetos. A discussão que se seguia era sempre muito rica. A conclusão a que chegávamos era que todos os objetos eram feitos pelo homem a partir de elementos encontrados na natureza, para facilitar seu trabalho e perpetuar suas ações. A possibilidade de transformar algo em um instrumento facilitador e mantê-lo próximo para usar quando necessário, exigiu muita observação, curiosidade, ousadia, habilidade, iniciativa, persistência e criatividade. A aprendizagem e a disseminação do conhecimento de modo a beneficiar toda

Malu Navarro Gomes

Especialista em Psicopedagogia e Neuropedagogia Atenção, concentração e memória. Práticas psicopedagógicas Troca de informações, orientações sobre dinâmicas e atividades apropriadas ao idoso.

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