Revista Inurban - edição de abril 2018

Page 1

A bri l 2 0 1 8 / n º 3 9

•DESVIOS •DESVIOS

DA DA NORMA• NORMA•

/Comer Bem/pág. 28/

•COMPORTAMENTOS

DESVIANTES•

“A educação alimentar é tão importante como a educação moral.” (Mariana Costa)

/Plus Ultra/pág. 32/

•A ALMA E A CONSCIÊNCIA• (Bruno Costa Carvalho)

/De Dentro para Fora/pág. 46/

POLIAMOR

(ENTREVISTA)

MARIANA GUERRA

MARIANA TEM AGORA 26 ANOS E ACEITOU FALAR CONNOSCO SOBRE SER-SE POLIAMOROSE (Nadine Mussá)


ÍNDICE

F ICHA TÉCNICA Direcão: TIAGO BARREIRO Coordenação Editorial: MANUELA PEREIRA Design/Paginação: SILVANA RIBEIRO Artigos e Rúbricas / Fotos: MARIA INÊS MATOS EDUARDA ANDRINO ANTÓNIO MAIA LEONOR NORONHA DRª. ANDREIA RODRIGUES JOSÉ MASSUÇA AMÂNCIO SANTOS LIETE COUTO QUINTAL MARIANA COSTA DR. FILIPE MAGALHÃES RAMOS BRUNO COSTA CARVALHO TIAGO VAZ OSÓRIO NADINE MUSSÁ OLGA MURO

Nota: A responsabilidade dos conteúdos e revisão textual é do autor de cada rubrica! A Inurban não se responsabiliza pela informação escrita e organização linguística.


/Consultório da Mente/

•NORMAL É SER-SE•-------- Pág. 4 /Por Detrás do Pano/

•FERNANDO CORRÊA DOS SANTOS - NASCER COM O DOM DE IMORTALIZAR MOMENTOS •-------- Pág. 8 /Cantinho do Maia/

• OPINIÃO PELA CELEBRAÇÃO DA DIFERENÇA•-------- Pág. 14 /Divulgação Inurban/

•BLACK TULIP HOTEL•-------- Pág. 17 /Páginas Soltas/

•AS ESCOLHAS DO MÊS•-------- Pág. 18 /Divulgação Inurban/

•HOTEL SOLPLAY - NOVIDADE!•-------- Pág. 19 /Team 4 Health/

•PEDAGOOOGIA 3000

(PARTE II) •--------

Pág. 20

/Fitness Hut/

•COMO SE PREPARAR PARA PROVAS/DESAFIOS

QUE CARECEM DE UMA PREPARAÇÃO FÍSICA POTENTE •--------

Pág. 22

/Comer Bem/

•COMPORTAMENTOS DESVIANTES•-------- Pág. 28 /Filipe Magalhães Ramos/

•MASTOPEXIA•-------- Pág. 30 /Plus Ultra/

•A ALMA E A CONSCIÊNCIA•-------- Pág. 32 /Divulgação Inurban/

•NOVO HOTEL CRUZEIROS TOMAZ DOURO•-------- Pág. 41 /Cinema/

•3 CARTAZES À BEIRA DA ESTRADA•-------- Pág. 42 /Cabelo e Corpo Saudáveis/

•RICARDO TEIXEIRA CABELEIREIROS •-------- Pág. 44 /Selo de Qualidade/

•SUSHI EM TUA CASA?•-------- Pág. 45 /De Dentro para Fora/

•POLIAMOR ENTREVISTA MARIANA GUERRA •-------- Pág. 46 /Entrevista/

•O MISTÉRIO MH 370•-------- Pág. 52 /Os Pequenos Marqueses/

•QUANDO O DESENVOLVIMENTO DO MEU FILHO “FOGE” À NORMA•-------- Pág. 56 /Coluna Social/

• 1º ANIVERSÁRIO CHARMES LISBON•-------- Pág. 60 • 18º GALA DO DESPORTO DE CASCAIS•-------- Pág. 61 •SÓNIA COSTA IN HONOR OF TINA TURNER •-------- Pág. 62 • EVENTO FOTOGRÁFICO ANGLES AND DEMONS•-------- Pág. 63 • OPEN DAY ACADEMIA 365•-------- Pág. 64 /Selo de Qualidade/

• PUBLICIDADE: USHINDI SHOES•-------- Pág. 65


CO N S U LTÓRIO DA M ENTE

• NORMAL

É

“SER-SE” ! •

Quando comecei a estabelecer a minha prática clínica costumava brincar que gostaria de ser uma anti-psicóloga, na medida em que acreditava ser mais confortável aos meus pacientes que conseguissem aceitar o seu lado negro do que lutar pelo bem que neles vive. Brincadeiras à parte convém frizar que vale sempre a pena lutar pelo nosso bem-estar, mas existem também partes de nós que, por mais que nos pareçam estar à margem do socialmente aceite, não quer com isso dizer que as devamos esconder na cave.

4

O tema deste mês fala-nos disso mesmo, daquilo que vive à margem da sociedade e ao qual chamamos de desvio à norma. Mas o que quer isso dizer? O desvio à norma nada mais é do que

um conceito estatístico básico, que nos permite perceber onde se concentram os valores mais centrais, a média. Com o tempo, esse conceito ganha um novo significado e a norma passa a ser vista como a regra que orienta o comportamento entre membros de uma sociedade ou grupo. O famoso sociólogo Émile Durkheim aborda as normas como fatos sociais capazes de moldar os nossos pensamentos e comportamentos.

AS NORMAS SÃO O QUE NOS PERMITE PERCEBER COMO DEVEMOS ATUAR. Para o bem e para o mal, elas têm sobre nós um poder quase coercivo.


A socialização é-nos ensinada pela observação dos nossos familiares, professores, figuras de autoridade, de religião, da política, do direito ou da cultura popular (atores ou outros famosos). Percebemos o que dizem e como agem. E esse processo é importante para regular o nosso comportamento e sermos capazes de perceber o funcionamento do grupo em que nos queremos inserir. Mas é muito curioso refletir no quão inconsciente acaba por ser todo esse processo, na maioria do tempo nem sequer nos apercebemos que o nosso comportamentopode não ser normativo até ao momento em que sentimos a força das sanções sociais. E era precisamente aqui que queria chegar. Quão justo é sofrermos punições por não nos encaixarmos no padrão da norma? Afinal de contas, quão importantes são as normas? Quando estamos numa loja sabemos que nos devemos dirigir a uma caixa para pagar. Sabemos ainda que devemos esperar na fila. Se por alguma razão sairmos da loja sem pagar ou se passarmos à frente dessa fila, então devemos sair impunes? Sabemos bem que isso não seria sequer justo. O reconhecido sociólogo Durkheim, na sua perspetiva funcionalista, considera as normas como a essência que regula a ordem social, capaz de distinguir o que será um comportamento aceitável em sociedade daqueles que não devem ser permitidos. São as normas que nos

permitem viver as nossas vidas com a noção do que podemos esperar dos outros, fazendo-nos sentir seguros.

Acredito que sem normas o mundo acabaria por se tornar um verdadeiro caos! No entanto, e como o mundo é feito de evolução, é necessário permitir algumas quebras. É necessário um bocadinho de caos para se compreender para lá do evidente e não nos deixarmos guiar por uma confiança cega de quem não se dá sequer ao trabalho de pensar. Porque para além de promoverem a ordem social e criarem a base para a aceitação grupal, as normas também podem ser geradoras de conflitos e hierarquias injustas e opressivas.

CO N S U LTÓRIO DA M ENTE

Embora soe ligeiramente assustador, a importância da normalização surge com a criação das primeiras sociedades e com elas a necessidade de interação como forma de aprendizagem.

Mas onde podemos então traçar a linha? Onde estão os limites à norma?

UM EXEMPLO CLARO DE UM CONDICIONAMENTO INJUSTO DAS NORMAS SOCIAIS É O CASO DA ORIENTAÇÃO SEXUAL.

5


CO N S U LTÓRIO DA M ENTE

Durante séculos a heterossexualidade foi considerado o comportamento esperado e desejado em sociedade. Todos os restantes eram considerados desviantes. As pessoas LGBTQ, historicamente e ainda hoje, chegam a enfrentar punições por não estarem dentro da norma, seja a nível religioso (excomunhão), social (perda de amigos, exclusão social ou vínculos com a familia), económicas (penalidades salariais ou profissionais), legal (prisão ou acesso desigual a direitos e recursos), médico (classificação como psicologicamente doente) e até sanções físicas (assalto ou em casos extremos até mesmo assassinato). Este é o perigo de agir em conformidade com o que é esperado sem sequer parar para pensar.

A ISTO CHAMAMOS CONFORMIDADE! Em 1951, o psicólogo Solomon Asch realizou uma experiência que pretendia ver com que frequência as pessoas se conformavam com a pressão social. Numa sala cheia de pessoas, que os sujeitos consideravam ser também participantes sendo na verdade parceiros do investigador, era feita uma pergunta simples. A resposta, bastante óbvia, era a resposta C. Após selecionada a resposta, os sujeitos eram convidados a verbalizar a sua resposta, e perante uma sala cheia de supostos participantes que verbalizam terem escolhido a opção A, o sujeito acaba por mudar a sua resposta também para A. Mais de 75% dos participantes conformaram-se à norma, dando assim uma resposta errada!

6

Conclusão: muitas vezes limitamo-nos a fazer as coisas exatamente como sempre foram feitas e isso nem sempre é o melhor caminho!

MAS ENTÃO ESTAR NA NORMA É BOM OU MAU? Na era das cavernas a normalidade era concerteza bastante útil. Valorizava-se muito a sobrevivência e saber interagir de forma eficaz com outras tribos seria uma caraterística bastante protetora. Ainda hoje, e pensando do ponto de vista social, a normalidade dá-nos uma confortável ilusão de que somos funcionais, de que somos semelhantes aos outros e que por isso lhes somos próximos, criando a sensação de pertença que todos procuramos. Sim, a conformidade faz sentido e pode muitas vezes ser boa (no caso da integração social), grave é quando ganha contornos de autoritarismo, interferindo com a criatividade e muitas vezes com a evolução. Vemos por exemplo o caso da Coreia do Norte, onde a conformidade é exigida, o que não parece estar a favorecer a sua economia. Como em tudo na vida, ser um desvio à norma só é mau se isso puser em causa a integridade de outros ou a integridade física do próprio. Tirando isso, sair da norma pode ser simplesmente uma coisa incrível!


Por exemplo, entre os anos de 1960 e 1964, os Beatles tocaram ao vivo mais de 1.200 vezes, logo mais de 10.000 horas. Já Gates passou bem mais de 10.000 horas, ainda em adolescente, a programar num computador. E muitas são as histórias daqueles que fizeram as pazes com as suas diferenças e lutaram por se destacar a partir delas.

O livro inicia-se com a peculiar observação de que um avantajado número de jogadores de hóquei de elite haviam nascido nos primeiros meses do ano.

Será mais, acredito eu, uma questão de vivermos plenamente as oportunidades que nos são oferecidas.

A explicação é tão simples como: crianças nascidas no início do ano são estatisticamente maiores e mais robustas fisicamente do que seus concorrentes mais jovens, mesmo que só ligeiramente, logo será maior a probabilidade de serem selecionados para ligas de elite. O autor menciona também a “Regra das 10.000 horas”, baseada nos estudos de Anders Ericsson, em que apresenta a base do sucesso como sendo exclusivamente dependente do tempo dispendido no aperfeiçoamento dos nossos talentos.

Torna-se assim evidente que não só de talento vive o sucesso.

CO N S U LTÓRIO DA M ENTE

Para essa descoberta sugiro a leitura atenta do livro Outliers de Malcolm Gladwell, que retrata o percurso de pessoas excepcionais que operam na extremidade do que é estatisticamente plausível. Histórias como a dos Beatles ou de Bill Gates lança-nos numa reflexão profunda do que nos pode tornar extraordinários. Gladwell discute de que forma a família, a cultura, a amizade ou mesmo a sorte influenciam o sucesso desses indivíduos tão “fora da caixa”.

E é isso que nos irá distinguir de milhões de outros e sair da norma na melhor das formas possíveis. A todos os que pretendem assumir-se como positivos desvios à norma, eu ergo-me e bato palmas.

Texto: Maria Inês Matos - Psicoterapeuta www.facebook.com/ines.hipnoterapia

7


PO R D ETRÁ S DO PA NO

por Eduarda Andrino

•FERNANDO CORRÊA DOS SANTOS•

NASCER COM O DOM DE IMORTALIZAR MOMENTOS!

A minha empatia com Fernando Corrêa dos Santos começou cedo logo após o primeiro encontro. Senti que muitas coisas nos uniam, e de facto era um homem com muitas histórias que brilhavam nos olhos e se reflectiam mais tarde nas fotografias que vi suas.

PERCEBI CEDO QUE ESTAVA PERANTE UM “GÉNIO” MAS DAQUELES VERDADEIROS, NÃO ERA FICÇÃO (RISOS...)! Foi amor a primeira vista, e ficamos amigos para sempre até aos dias de hoje. Fernando M. M. Corrêa dos Santos é o mais antigo jornalista/repórter fotográfico português no ativo, tendo-se iniciado na em 1947 com apenas 13 anos como ajudante de fotografia, fazendo trabalhos como varrer o chão, recados, assim como lavar fotografias. Fernando Corrêa dos Santos nasceu a 1 de junho de 1934 em Lisboa, terra que ama incondicionalmente, na Rua Nova do Almada, filho e neto de duas modistas de alta-costura. A família mudou-se para a Rua Garrett para um a casa de 11 assoalhadas quando este tinha apenas 4 anos de idade, casa essa que ainda reside ate hoje.

8

É no Chiado que ele “apanha” muitos “famosos” para alimentar as páginas das revistas “TV Guia” e “Flash”, mas

não deixa de dizer: “Sou um paparazzo atípico porque as minhas fotos não prejudicam ninguém.” A sua atividade profissional começou, em 1952, como colaborador das revistas “O Mundo Ilustrado”, “Portugal Ilustrado”, “Flama”, “R&T”, “Notícia de Angola”, “Manchete”, no Brasil e, posteriormente, em grande parte dos jornais nacionais. Fernando Corrêa dos Santos, foi distinguido com vários galardões, tais como: • Prémio Gazeta e do Clube Português de Imprensa, ambos em 1987


• Prémio de reportagem fotográfica da Feira Popular de Lisboa em 1984 • Menção Honrosa Ex-acquo no concurso “A descoberta de Portugal” (reportagem sobre hospitais psiquiátricos). • Melhor reportagem sobre o Salão de automóveis antigos. Colaborou, também, com a “Associated Press” e, em 1968, entrou para o jornal “Diário Popular”, onde permaneceu até ao seu encerramento. Executou trabalhos em regime de permanência na “Phillips Portuguesa“, “Kodak Portuguesa“, “Indústrias Fima/ Lever“, “National Cash Register Co.“, “Companhia Singer“, “TAP“ entre outras. Ilustrou, em parceria com 19 outros repórteres fotográficos, a brochura “Portugal Livre” (Sobre o 25 de Abril de 1974). O livro “Iniciação ao Jornalismo” possui fotografias suas publicadas no mesmo, assim como em muitas outras obras. Deu palestras sobre a sua actividade como repórter fotográfico, no Instituto Português de Fotografia. Deslocações em serviço de reportagem ao Brasil, México e USA (Aniversario da ONU), Inglaterra, Irlanda e Dinamarca (Festivais da Eurovisão), Tunísia, África do Sul e França (Emigrantes nos bidonvilles), Madeira, Açores e Cabo Verde.

A HUMILDADE E SIMPLICIDADE QUE POSSUI, CONFEREM-LHE O TÍTULO DE “MESTRE”, APLICADO MUITAS VEZES POR COLEGAS SEUS MAIS NOVOS NA PROFISSÃO. “Chamam-me “mestre”, mas não me sinto mestre nenhum, até porque sou igual aos outros colegas e gosto de me sentir assim quando estou a trabalhar com eles.” Não se inibe de pedir conselhos aos colegas de profissão mais novos, até porque os mesmos estão muito mais à vontade com a era digital. Reconhece que teve alguma dificuldade em passar do analógico para o digital, mas isso nunca foi impedimento para continuar a seguir o sonho que sempre o realizou. A fotografia. Presentemente o fotógrafo colabora com o “Grupo Cofina”, há cerca de 25 anos, com a revista “TV Guia” e, mais recentemente, com a revista “Flash” e sente que e bom ver e sentir o seu trabalho reconhecido em vida por tanta gente.

PO R D ETRÁ S DO PA NO

• Prémio da Feira do Livro (1972, 1973, 1982, 1983, 1987, 1988, 1989.)

No ano de 2016, publicou parte da sua obra fotográfica no álbum “Portugal da década de 50 aos nossos dias”. Aos 83 anos, e com 70 de carreira, Fernando Corrêa dos Santos, é conhecido entre os colegas pelo seu sentido de humor e boa disposição, um pouco o espelho de como leva a vida quotidiana, não fosse “Gémeos “ de signo, peritos na arte de comunicar e imortalizar momentos! Por estas e muitas outras razões, teve casa cheia na apresentação do seu livro,

9


PO R D ETRÁ S DO PA NO

“Da Década de 50 aos Dias de Hoje”, na Pastelaria Bénard, em Lisboa, local escolhido para lançamento deste seu livro apresentado por Francisco Pinto Balsemão e Catarina Furtado. 100 Fotografias únicas retiradas do seu longo e vasto portfólio, contam histórias relatadas pelos próprios protagonistas, e por figuras tão diversas como Ramalho Eanes, Jorge Sampaio, Marcelo Rebelo de Sousa, Adriano Moreira, Carlos do Carmo, Judite de Sousa, Eusébio e Tony Carreira, o que confere ao livro um caracter único e muito próximo dos momentos e das pessoas que as ilustram. Sente que foi testemunha de momentos importantes da história privilegiada contemporânea dos portugueses. No final da apresentação do seu livro, emocionado, e rendido a todos os presentes, o fotógrafo agradeceu o carinho de colegas e amigos, encerrando a sua apresentação com alguns episódios engraçados e com muito humor da sua longa carreira. A 23 de junho de 2016 Fernando Corrêa dos Santos inaugura uma exposição de fotografia “80 anos - 80 fotos” a emblemática entrada principal do Casino Estoril onde recebeu um grupo grande de colegas, amigos e conhecidos assim como algumas figuras públicas amigas do autor de há muito tempo como o Dr. Gentil Martins, Júlio Isidro, o actor Ruy de Carvalho entre outros.

10

A exposição contou com a presença do presidente da câmara de Cascais Dr. Carlos Carreiras, que felicitou o autor pelo sucesso de toda uma carreira entregue a captação de imagens únicas da história de Portugal e do mundo.

Quando Corrêa dos Santos mostra entre as outras fotos as sua imagens da inauguração do antigo estádio da Luz, em 1954, houve quem se impressionasse e questiona-se se ele já era repórter naquela altura? Sim, ele já era repórter.

AO LONGO DE 70 ANOS, FOTOGRAFOU TUDO O QUE OS SEUS OLHOS NÃO DEIXARAM ESCAPAR. Das condecorações de Salazar à realeza exilada no Estoril, passando pela inauguração do antigo estádio da Luz, em 1954, ou pela primeira visita oficial da Rainha Isabel II a Portugal. Corrêa dos Santos ainda não parou, nem tenciona fazê-lo tao brevemente pela paixão que o move. “Hei-de morrer com uma máquina na mão”, afirma com paixão!


Destaque também para a foto que captou do professor Christian Bernard na universidade de Coimbra numa república de estudantes, entre outras. Como profissional tornou-se muito exigente e determinado consigo mesmo, o que o fez sempre ser o último a sair dos eventos, hábito que lhe valeu outra das melhores imagens do seu acervo, feita nas comemorações do 10 de Junho, em

meados dos anos 50. “A cerimónia já tinha terminado quando dei com Salazar a beijar a mão ao Cardeal Cerejeira e disparei.” São muitas as imagens que tem únicas e exclusivas de personalidades que lhe deram o mérito de serem fotografadas. Num 10 de Junho, na década de 80, trabalhava o fotógrafo no “Diário Popular” e pediu boleia a Ramalho Eanes no helicóptero, para chegar a Lisboa mais depressa. “A meio do caminho, parámos em Alcains, perto de Castelo Branco, para o Presidente ir visitar a mãe. Fui convidado para entrar, mas à porta de casa ele disse-me: ‘Entre, beba e coma à vontade, mas a máquina fica a entrada, fique descansado que ninguém a tira.’ Fiquei frustrado porque queria muito fotografar o Presidente com a mãe”, recorda.

PO R D ETRÁ S DO PA NO

Captou a primeira imagem com 16 anos e aos 23 já estava em reportagem na visita de Isabel II a Portugal, em Fevereiro de 1957. Fotografou-a no desembarque no Cais das Colunas e depois acompanhou a passo o coche, o mesmo que serviu D. João VI, e na sua passagem pela Avenida da Liberdade fez “a” foto - talvez a mais emblemática da sua carreira e que escolheu para a capa do livro.

Talvez seja da sua forma inquietante de viver a vida que Corrêa dos Santos anda sempre à procura da “coisa diferente” e um dia, quando José Cid lhe perguntou se queria fazer a foto da sua vida, não hesitou. “Disse-lhe logo que sim. Ele apareceu-me despido, só com o disco a tapá-lo, e eu fotografei-o. Mas a Tv Guia, onde eu trabalhava, recusou publicar a foto, por não ser própria para uma revista de família como era esta. Depois, outros fizeram a mesma foto e publicaram-na noutras revistas”, revela. Nunca parando a sua caminhada pela fotografia, mas também nunca sendo esquecido a sua brilhante carreira recebe em 2017, o prémio da Lusofonia e em 2018 é convidado como colaborador o “Caderno Domingo” do mediático jornal Correio da manhã.

11


PO R D ETRÁ S DO PA NO 12

Uma carreira de sucesso sempre a crescer e certamente que o seu percurso e o seu nome jamais serão esquecidos no mundo, não só da fotografia mas também na história de um país ao qual sobreviveu sempre genuíno.

Um sentido agradecimento Fernando e obrigada pela partilha do teu caminho com o mundo. É uma honra ter-te no meu caminho e na minha vida como amigo. Bem hajas.


PO R D ETRÁ S DO PA NO Texto: Eduarda Andrino

13


CA NTINHO DO MA IA

• OPINIÃO PELA CELEBRAÇÃO DA DIFERENÇA• Cumprimentos mais um mês, caros leitores. Neste mês, o desafio que foi colocado foi desenvolver um artigo em torno do tema “Desvios à norma”. Inicialmente, pensei em dedicar este espaço a um dos “Fugazes”, como forma de dar a conhecer mais uma oportunidade aos leitores de “desviar da norma” que é a rotina quotidiana. Lembrei-me no entanto de me desviar eu próprio da minha norma de oferecer temas mais informativos, e introduzir uma temática mais pessoal e de reflexão, razão pela qual este mês ofereço-vos “Pela Celebração da Diferença”, um artigo de opinião. Antes de mais, deixem-me frisar que tudo o que escrever neste artigo, tal como sucede nos demais, a minha palavra é apenas isso, minha, e a “Inurban” é apenas o meio através do qual a minha palavra é expressa, não tendo necessariamente a edição a mesma visão do mundo que eu. Posto isto, passemos ao que interessa.

14

E para começar, iniciarei com a definição de “norma”, que de acordo com o Dicionário infopédia da Língua Portuguesa [em linha], e no que ao caso interessa, corresponde a um “modelo” ou “padrão”, ou a um “tipo ideal, ou regra, em relação ao qual são formulados os juízos de valor”.

A norma é, assim, o protótipo ideal ao qual todos aspiram ou deveriam aspirar, sendo entendido como socialmente atrativo seguir a norma, e socialmente reprovável desviar-se, voluntária ou involuntariamente, da mesma. O grande problema que vejo com esta definição é que ela é, no que respeita à sociedade, e como habitualmente se chama no meio jurídico, um conceito indeterminado.

COM EFEITO, NINGUÉM CONSEGUE CONCRETIZAR O QUE É “NORMAL” OU “A NORMA” NUMA QUALQUER SOCIEDADE. Sim, claramente há alguns pilares basilares que formam um núcleo mais ou menos homogéneo de regras que são necessárias para a existência de uma sociedade (nomeadamente a vontade de relacionamento interpessoal, o respeito pela vida humana do próximo, e o reconhecimento da necessidade de existência de regras de coexistência), mas o que é “a norma” é, em si mesmo, indefinível no âmbito de uma sociedade, sendo infinitamente mutável no tempo e no espaço. A norma já foi a vassalagem entre servos e nobres, numa sociedade carregada de desequilíbrios ao nível dos direitos e deveres mas que ainda assim, e nos livros de História, é frequentemente designada como o “sinalagma feudo-vassálico”,


A norma já foi a escravatura, a negação completa do respeito pela vida humana de uma grande parte da população mundial, privando-a sequer de ser considerada como gente, com efeitos que ainda se fazem sentir nos dias de hoje, mesmo depois da abolição formal da prática. A norma já foi o “Übermensch” ariano, o ser humano superior a todos os demais, com um conjunto de características físicas e alegadamente mentais que os colocaria num patamar superior a todas as demais raças.

HOJE EM DIA, PELO MENOS TEORICAMENTE, ESTAS “NORMAS” JÁ NÃO SÃO “NORMAL”, NEM GERALMENTE VISTAS COM BONS OLHOS. Mas, talvez por um lado fruto do passado, e por outro pela inata característica do ser humano de ter medo do que é diferente de si, por qualquer razão, continuam a surgir alegadas “normas” que, a bem ver, ninguém, ou quase ninguém, consegue verdadeiramente seguir, e os que conseguem constituem uma pequeníssima fração da sociedade, ao ponto de serem antes uma exceção, e não a regra que toda a sociedade se impõe a si própria. A “norma” mais comum hoje em dia é a do homem de meia-idade, branco, heterossexual, bem sucedido economicamente, e, graças à influência americana, empresário (ou trabalhador independente), casado por amor (de preferência com a primeira esposa), dono de uma respeitável casa nos subúrbios de

uma cidade, onde mora com dois a três filhos e um ou mais animais de estimação. Esta é a imagem que, desde o “baby boom” e até hoje, é bombardeada sobre grande parte da população humana, à qual todos os seres humanos devem aspirar. E é uma imagem que está completamente afastada da realidade. Em primeiro lugar, porque aproximadamente 50% da população não é do sexo masculino, e francamente mais de 50% não tem entre 40 e 60 anos de idade. O que desde logo cria uma “norma” impossível de atingir para pelo menos 75% de toda a população, que por um lado recebe a rejeição da parte da população que poderia estar em condições de atingir tal ideal, e por outro lado se sente logo à partida inferiorizado por não poder atingir um objetivo externamente definido que involuntariamente não pode cumprir.

CA NTINHO DO MA IA

implicando por um lado uma vontade livre e esclarecida por parte dos servos, e por outro a existência de escolha em celebrar um tal contrato.

Mas não acaba aqui esta “norma”. É preciso retirar ainda desses (sendo generoso) 25% da população todos os que não têm um espírito empreendedor, ou que por qualquer razão não têm a capacidade económica para se tornar num, que não são de ascendência branca, solteiros (por escolha ou não), sem filhos (novamente, por escolha ou não), e com uma orientação sexual outra que não exclusivamente heterosexual (ou que não esteja disposto a fazer de conta que é exclusivamente heterosexual). Rapidamente se pode concluir que “a norma” hoje socialmente aceite nas sociedades ditas ocidentais (embora, com as devidas alterações, o mesmo ocorra em todas) é tudo menos normal,

15


CA NTINHO DO MA IA

com uma ínfima percentagem de toda a população a representar um ideal que, de todo, pode sequer ser partilhado por uma parte sequer significativa da mesma, e muito menos por uma maioria. Tenho a felicidade (ou infelicidade, deixo ao critério do leitor, quando terminar de ler este artigo), de não me enquadrar na “norma”. Nunca fui “normal”, por diversas razões, e como tal senti e sinto todos os dias da minha vida as consequências dessa falta de normalidade. Custou-me anos de sanidade mental, com repercussões até aos dias de hoje; custoume também relações pessoais e familiares, e por isso talvez sofra de alguma falta de objetividade ao tratar deste assunto, mas posso dizer com certeza que sei o que é olhar de fora para uma sociedade que idealiza um “normal” que virtualmente ninguém consegue atingir. E por isso o título deste artigo: se a diferença é a “norma” de facto, ainda que não seja a norma “de direito”, porque razão celebramos a “norma” quando, parece-me, deveríamos celebrar a diferença e a individualidade de cada um, acolhendo de braços abertos os nossos irmãos e irmãs nessa mesma diferença?

16 Texto: Adriano Maia


/

Hotel /

O Hotel Black Tulip possui seis pisos de quartos standards todos remodelados em Agosto de 2014, dois andares de quartos executivos e duas suites. TODOS OS QUARTOS apresentam uma decoração sóbria e contemporânea, e encontram-se equipados com LCD, Tv por Cabo, secretária e casa de banho privativa com amenities, balança, roupão e chinelos. Os quartos possuem um cofre com código personalizável, mini-bar, pillow menu, de forma a escolher o tipo de almofada que lhe proporcionará um sono mais descansado e repousante.

DIV U LGAÇAO INUR BA N

•BLACK TULIP•

PARQUE ESTACIONAMENTO O Hotel possui duas opções de estacionamento mediante disponibilidade: Garagem subterrânea, com vigilância 24h e acesso direto aos quartos, que terá um custo adicional à estadia. Parque exterior, não vigiado mas fechado, que não tem qualquer custo para os nossos hóspedes. Para o uso de estacionamento basta requerer o serviço junto da receção e será prontamente encaminhado. CONTACTOS - Hotel Black Tulip Porto Av. da República, nº 2038, 4430-195 Vila Nova de Gaia - Portugal Tel.: +351 223 748 020 Fax: +351 223 748 021 email: geral@hotelblacktulip.pt

17


PÁG INA S S OLTA S

por Leonor Noronha

•AS ESCOLHAS DO MÊS • HISTÓRIA DE PORTUGAL E DO MUNDO DISPARATADAS Não é novidade nenhuma que os alunos têm uma capacidade de criar, inventar e inovar única e especial. Para os professores isso tanto pode ser uma dor de cabeça como uma mais valia. Tanto lhes pode arrancar uma boa gargalhada como fazê-los chorar. A professora de História, Isabel Moreira Brito, resolveu reunir em livro algumas das respostas mais originais e hilariantes que os seus alunos já deram. Tenha sido em testes de avaliação, nas aulas, em fichas de trabalho ou até mesmo em exames, a verdade é que as respostas mais incríveis e hilariantes a simples factos históricos, aprendidos na aula, dão origem a um desfilar de bons momentos que convidam a várias gargalhadas e que dispõem bem. Em D. Sebastião desapareceu em Alcácer do Sal… E outras respostas disparatadas pode ler as versões diferentes de mais de 100 eventos da História de Portugal e Universal que a autora contextualiza também com os factos e dados corretos. Um espaço para o entretenimento com conhecimento que lhe vão dar a conhecer a História de uma forma divertida e diferente. Isabel Moreira Brito é também autora do blogue “Estórias da História” além de colaborar esporadicamente com alguns jornais e revistas.

MENTE SÃ EM CORPO SÃO

18

A autora desta sugestão é uma cara conhecida de todos. Isabel Silva, a conhecida apresentadora da TVI, é uma apaixonada pela vida e por um modo de vida saudável. Em A comida que me faz brilhar - Receitas (incríbeis) que te vão nutrir, proteger e dar a energia que precisas partilha com os leitores dicas de alimentação naturais, saudáveis, mas

com sabor, cor e que transmitem a energia necessária para encarar o dia-a-dia. A autora está ciente de que muitos dos problemas fisicos e psicológicos que enfrentamos podem ser resolvidos, ou minorados, através de uma alimentação cuidada e equilibrada daí que tenha pesquisado esta área de modo a partilhar com todos 60 receitas,que a própria considera, “incríbeis” que utiliza no seu quotidiano para se sentir meljor e enfrentar a rotona com mais energia e ânimo. Em resposta aos sinais de cansaço que o corpo transmite nada como responder com métodos naturais e saudáveis. Doces ou salgados há diversas opções que ajudam a enfrentar todos os momentos rotineiros transformando-os em momento de prazer que proporcionam uma vida mais equilibrada e cuidada. É Isabel Silva quem melhor descreve as suas receitas: “São saborosas, variadas e, claro, muito coloridas. Conto-vos o meu segredo para Despertar com Alegria, a maneira certa para Matar a Sede, revelo-vos os meus Yummies, as receitas das minhas Bowls, taças cheias de cor e saúde, os Lanches que me acompanham durante o dia e as minhas Marmitas. Claro que não faltam as Lambarices, sem as quais eu não vivo e... Tudo com Caju! «Ai, meu Deus, o meu Caju!» Sim! Há um capítulo só dedicado ao meu fruto seco favorito”. A proposta para uma vida melhor está feita.


Hotel

SOLPLAY •

NOVIDADE!

DIV U LGAÇAO INUR BA N

A última novidade que pode encontrar no Solplay Hotel de Apartamentos vai deixá-lo com a atenção redobrada na hora de escolher o seu hotel. Esta estância hoteleira tem um espaço exclusivo para carregamentos de veículos Tesla, mas também servirá para carregamentos universais. Com espaço reservado e equipado com tecnologia de última geração, já não terá que se preocupar onde levar o seu carro Tesla. O Hotel Solplay pensa em si e na qualidade do seu serviço, que tem por objetivo principal os seus hóspedes. Mais informações junto do Solplay. Contactos: Rua Manuel da Silva Gaio,nº 2 Linda-A-Velha, Lisboa, Portugal /21 006 6000/

19


TE A M 4 HEA LTH

•PEDAGOOOGIA 3000• PARTE II

(...)Pedagooogia 3000, assume-se como uma nova pedagogia em expansão que vai evoluindo de acordo com os novos desafios surgidos face às novas gerações de crianças; acompanhando a evolução dos novos tempos. Sendo conscientes que se atravessa velhas crenças e padrões rumo a uma nova civilização, aceita-se que as crianças nascem com novos perfis psicoemocionais e que as aprendizagens deverão ser diferentes. Estas requerem novos paradigmas, uma nova linguagem, nova ética, nova pedagogia e acima de tudo uma abertura da mente e do coração de todas as pessoas que as acompanham. Relembrando (à luz desta corrente pedagógica) as características que se evidenciam das novas gerações de crianças, tendo em conta que cada Ser é único e diferente: / CRIANÇAS EXTROVERTIDAS / • Nível elevado de sensibilidade • Características de líderes e carismáticas • Íntegras e coerentes com os seus pensamentos, palavras e ações • Saudáveis com metabolismo mais acelerado

20

• Expressam-se com facilidade e rapidez em temas complexos • Resistem à autoridade se esta não

se apresentar justa/democrática para ambas as partes • Não toleram a mentira, engano ou manipulação (embora algumas, aprenderam esses mecanismos como meios de defesa do que viram os adultos a usar) • Hábeis para as novas tecnologias desde pouca idade • Vivenciam experiências extrasensoriais, falam facilmente de temas ligados à espiritualidade • Sensíveis à dor do outro, compaixão, sem no entanto, se deixarem levar pela manipulação emocional ou dramas • Amam a Natureza • Oscilam entre estados de elevada autoestima ou de tristeza/depressão • Autónomas desde idade precoce • Facilmente executam mais de duas tarefas em simultâneo • Curiosas, quase insasiáveis de conhecimento(sempre questionam o Porquê? de tudo), gostam de aprender a todo o momento • Aprendizagem sem criatividade ou que não lhes permita escolhas para aprender o que sentem necessitar, é altamente frustrante • Dificuldades em lidar com o não conseguirem o que pretendem • Características de discurso semelhantes aos dos adultos • Não suportam conflitos em casa/família ou se algum dos membros grita


• Expressam o que sentem com facilidade. / CRIANÇAS INTROVERTIDAS / • Tranquilas, pacíficas e gentis • Intuitivas, podem experienciar habilidades telepáticas • Lideram dando o exemplo • Ficam em silêncio e se retiram se há conflitos • Evitam confrontação • Utilizam um discurso de poucas palavras, mas “bem profundas” e intervêm se são solicitadas • Irradiam paz e serenidade • Afetuosas, facilmente compreendem as necessidades do outro • Harmonizam naturalmente a energia do ambiente que estão inseridas • Menos “robustas” fisicamente e mais vulneráveis emocionalmente • Extremamente sensíveis a tudo o que existe em no seu ambiente: sons, cores, odores, produtos químicos, violência, emoções negativas de outros, etc • Gostam de passar tempo sozinhas • Não compreendem a desumanidade, guerra, avareza • ”Desconectam-se” do ambiente em que se encontram é muito intenso ou violento • Evitam espaços com muitas pessoas, como centros comerciais • Extremamente empáticas, ao ponto de saber o que o outro está a sentir • Regeneram facilmente ossos, pele e outros tecidos • Emanam inocência, pureza, ingenuidade...ausência de egocentrismo

Assim se constata, que a criança de hoje mudou e a sua forma de aprender também. Educação deve mudar em todos os contextos (família e escola) e a Pedagooogia 3000 assume-se como uma ferramenta educativa que permite a integração do Ser numa visão holística. Propõe reunir e potencializar o melhor de várias metodologias do passado, presente e as de futuro, de forma a que os pais, educadores ou professores se proponham a Ser autênticos, responsáveis e a co-criar uma nova sociedade através de uma nova educação.

TE A M 4 HEA LTH

• Nível elevado de imaginação e criatividade

A Pedagooogia 3000 integra métodos, procedimentos e técnicas pedagógicas que se baseiam: › Nas treze inteligências múltiplas › Numa aprendizagem associativa, experimental e multidimensional › Em jogos (aprendizagem lúdica) › Em atividades ao ar livre, sempre que possível. Para muitas crianças sala de aula = a jaula › Em movimento/expressão corporal “o pensamento se ancora com o movimento” › Elaboração de projetos, experiências profissionais, saídas académicas, intercâmbios culturais e seminários › ”Quando me esqueço de tudo retorno ao Amor e confio na intuição do meu coração” No próximo artigo, será concluída esta temática abordando o que são as 13 Inteligências múltiplas, ferramentas Bio-Inteligentes, adulto Ser e Co-criar uma nova Educação, o segredo dos 8SSSSSSSS para crianças, jovens e adultos e a Escola das 7 Pétalas. Texto: Drª. Andreia Rodrigues - Licenciada em Terapia da Fala - Pós-graduada em Ciências da Fala (Universidade Católica Portuguesa) - Terapeuta da Fala na Clínica Joaquim Chaves Saúde

21


F ITNES S HU T

•COMO SE PREPARAR• PARA PROVAS/DESAFIOS QUE CARECEM DE UMA PREPARAÇÃO FÍSICA POTENTE! Para além da preparação e treino, da necessária resistência para completar provas longas, é cada vez mais importante preparar também a capacidade física em termos de “força explosiva”. Para José Massuça, tem se revelado fundamental nas provas de ultra endurance, em especial nas disciplinas multidesportivas e mais ainda quando praticadas fora-de-estrada. “Assim entendo fundamental incluir exercícios de potência no alinhamento do treino, para através desta preparação conseguir obter o essencial equilíbrio entre força e resistência, o que fará com que eu consiga enfrentar esforços mais intensos e durante mais tempo, sendo que igualmente me permitirá estar mais sereno psicologicamente para fazer frente a obstáculos inesperados em que o uso da força é essencial, tanto nos percursos de estrada como no trail, swim-run ou btt.”

Segue um conjunto de exercícios (a que eu recorro frequentemente) que poderão ser integrados num plano de treino de força complementar ao treino de resistência. A preparação física de José Massuça para o EPIC5 foi acarinhada e realizada por Amâncio Santos. Parte fundamental: Faça 3 séries, vezes 12 repetições. 1

BURPEE PULL UPS

2

BACK SQUAT - 30kg

3

SQUAT NO BOSU COM LANÇAMENTO DE BOLA MEDICINAL - 6kg 4

LUNGE COM ROTAÇÃO TRONCO COM LANÇAMENTO DE BOLA MEDICINAL - 6kg 5

SLED COM CORRIDA - 50kg

6

SLAM BALL OVER SHOULDER - 20kg

- diz José Massuça.

Bom treino!

22


2

BURPEE PULL UPS

F ITNES S HU T

1

BACK SQUAT - 30kg

23


F ITNES S HU T 24

3

SQUAT NO BOSU

COM LANÇAMENTO DE BOLA MEDICINAL - 6kg


LUNGE COM ROTAÇÃO TRONCO

COM LANÇAMENTO DE BOLA MEDICINAL - 6kg

F ITNES S HU T

4

25


F ITNES S HU T 26

5

SLED COM CORRIDA - 50kg

Atleta: José Massuça - Vencedor do desafio EPIC5 Plano: Amâncio Santos - Group Operations Director Fitness Hut Fotos: Liete Couto Quintal - LCQ Photography


SLAM BALL OVER SHOULDER - 20kg

F ITNES S HU T

6

27


COM ER BEM

Por Mariana Costa

•COMPORTAMENTOS DESVIANTES• Comer bem para cada tipo de corpo!

Um comportamento desviante pode pôr em risco um regime saudável. Comportamentos desviantes são vícios, Por Mariana normalmente relacionados com aCosta ingestão de açúcar, tabaco, álcool e drogas como anti-depressivos.

ESTES VÍCIOS ESTÃO MUITAS VEZES RELACIONADOS COM TRAUMAS FAMILIARES OU DESEQUILÍBRIOS DO AMBIENTE COMO STRESS OU MÁ NUTRIÇÃO. O mais importante é compreender e identificar estes comportamentos e adoptar comportamentos desviantes positivos. Algumas pessoas têm a necessidade de ir contra as normas estabelecidas o que torna muito difícil implementar um plano alimentar, este comportamento também é considerado desviante. A “Dieta do Tipo de Corpo” atua em cada pessoa de uma forma diferente tornando mais fácil seguir um regime que realmente funciona e oferece liberdade para fazer as suas experiências e aprender a ouvir o seu corpo.

28

NÃO SÃO OS ALIMENTOS QUE NOS ENGORDAM SÃO AS NOSSAS ESCOLHAS, OS NOSSOS HÁBITOS QUE ENGORDAM.

Desta forma assumimos uma responsabilidade que normalmente não queremos assumir.

A EDUCAÇÃO ALIMENTAR É TÃO IMPORTANTE COMO A EDUCAÇÃO MORAL. Os alimentos controlam a expressão dos nossos genes e podem ser a causa ou a prevenção de certas doenças como Diabetes, Alzheimer e Cancro. Um comportamento desviante impede que atinja o seu potencial máximo. A auto-destruição e falta de auto-estima, os vícios são todos factores que impedem o seu sucesso. Na“Dieta do Tipo de Corpo” adotamos um comportamento desviante positivo. Tento incutir conceitos positivos como “o seu corpo é o seu melhor amigo” para obter feedback positivo e controle sobre seu corpo “voçê têm o controle sobre o seu corpo, sobre as suas escolhas” Somos diferentes e propomos uma atitude diferente dos outros nutricionistas. Propomos um regime personalizado, identificamos gatilhos e trabalhamos conceitos como Positividade Corporal para aumentar a sua auto-estima e aprender a amar o seu corpo. Oferecemos o exemplo e encorajamos a que siga modelos positivos de saúde e nutrição e desta forma pode aos poucos Pode seguir as minhas dicas no facebook e instagram em @adietadotipodecorpo.


Responda a este questionário e veja se tem comportamentos desviantes negativos que o/a estão a afastar do seu potencial máximo.

PROPENSÃO PARA COMPORTAMENTO DESVIANTE - VÍCIOS: Se respondeu sim a pelo menos 8 destas questões:

6; 8; 13; 19; 20; 21; 24; 25; 28; 31; 33; 34; 35

1 ESFORÇO-ME POR ESTAR SEMPRE BEM VESTIDA/O.

PROPENSÃO PARA COMPORTAMENTOS AUTO-DESTRUTIVOS E FALTA DE AUTO ESTIMA:

2 ADIO PARA AMANHÃ O QUE POSSO FAZER HOJE.

Se respondeu sim a pelo menos 10 destas questões:

3 AS REGRAS SÃO ABORRECIDAS. 4 SOU SEMPRE VERDADEIRO/A. 5 QUANDO ME ENERVO COMO TUDO O QUE TIVER Á FRENTE

2; 11; 13; 15; 16; 17; 18; 19; 23; 25; 28; 34; 35

6 ÁLCOOL, AÇÚCAR E DROGAS EM MODERAÇÃO NÃO FAZEM MAL

PROPENSÃO PARA COMPORTAMENTOS DE SUPERAR REGRAS E NORMAS:

7 SOU BOM OUVINTE

Se respondeu sim a pelo menos 7 destas questões:

COM ER BEM

mudar a sua mentalidade para uma mais positiva e confiante onde as suas escolhas sejam saudáveis e se sinta feliz na sua pele.

8 UM COPO DE VINHO RESOLVE TUDO 9 SOU PACIENTE

3; 8; 10; 12; 13; 15; 19; 25; 28; 31; 33

10 ALGUMAS REGRAS PODEM SER DESCARTADAS 11 ENERVO-ME COM FACILIDADE 12 SINTO NECESSIDADE DE ME SENTIR VIVA/O 13 TENHO AMIGOS COM VÍCIOS 14 NÃO CONSIGO NÃO IR AO GINÁSIO 15 ÁS VEZES MINTO 16 ÁS VEZES NÃO QUERO VIVER 17 HÁ SITUAÇÕES EM ME APETECE BATER EM ALGUÉM 18 NÃO ACEITO QUE DISCORDEM DE MIM 19 SOU CAPAZ DE PASSAR DIAS SEM COMER 20 TENHO UMA VIDA SOCIAL MUITO ATIVA 21 OS MEUS AMIGOS SÃO O MAIS IMPORTANTE 22 SOU PACIENTE 23 QUANDO ACORDO, NÃO ME APETECE SAIR DA CAMA 24 ENGORDO COM O AR 25 NÃO GOSTO DE ME EXERCITAR

Se se revê em alguma destas categorias e ou em várias então deve fazer uma reflexão acerca do que está a bloquear os seus resultados e deve alterar os seus hábitos e adotar exemplos mais positivos. Mudar não é mau, ás vezes essa decisão é tudo o que precisa para para atingir o seu potencial máximo e o corpo e saúde que procura. Não está sozinha/o neste caminho estamos aqui para si!

ADOPTE COMPORTAMENTOS DESVIANTES POSITIVOS. O PODER ESTÁ NAS SUAS MAOS E NA SUA PRÓXIMA ESCOLHA… VOCÊ É CAPAZ!

26 COMO Á MESA COM A FAMÍLIA 27 DESLIGO A TV ENQUANTO COMO 28 COMO Á PRESSA 29 COZINHO PARA A FAMÍLIA 30 PREOCUPO-ME COM A SAUDE 31 A VIDA É CURTA MAIS VALE APROVEITAR 32 DEITO-ME CEDO 33 FAÇO NOITADAS 34 NÃO DURMO SEM OS MEUS COMPRIMIDOS 35 TENHO MEDO DE ESTAR SOZINHA/O

29


FIL IPE MAGA LHA ES RA M O S

•MASTOPEXIA• A aparência dos seios é uma das preocupações mais comuns entre as mulheres.

QUEM NUNCA PAROU EM FRENTE AO ESPELHO E ACHOU QUE O PEITO ESTÁ DESCAÍDO OU COM UMA APARÊNCIA QUE NÃO É APELATIVA? O tamanho ou a forma dos seios, muitas vezes não convencem, e é comum que isso aconteça principalmente depois de uma gravidez, perda de peso significativa ou mesmo devido ao envelhecimento. A primeira coisa que vem a cabeça é recorrer à Mamoplastia de Aumento para levantar e encher o peito, mas sabia que é possível levantar os seios com uma cirurgia indicada para esse fim? A MASTOPEXIA é a intervenção que permite o levantamento do peito. Com o envelhecimento, com a gravidez e amamentação, ou devido apenas a excesso de volume, os seios das mulheres tendem a perder firmeza e elasticidade, ficando mais descaídos.

Tendo em conta a importância desta parte do corpo para as mulheres e para a sua autoestima, rejuvenescer o aspeto do peito pode tornar-se essencial para que estas se sintam confiantes e bonitas consigo mesmas.

• Este procedimento pode ser feito com e sem próteses/implantes mamários, consoante o volume e aspeto desejados. • A cirurgia pode ser realizada com anestesia geral (preferencial) ou com local e sedação, tem a duração aproximada de 1 hora a 1 hora e meia, podendo ser associada a outros procedimentos cirúrgicos faciais ou corporais. • O tempo de internamento dura entre 1 a 2 dias dependendo do procedimento e da sua invasão. • Não poderão fazer esforços, como ginásio e exercício físico, durante pelo menos 4 semanas. • E o regresso ao trabalho é feito entre 7 a 12 dias dependendo da profissão. • Terão também de utilizar vestes compressivas durante 6 a 8 semanas, neste caso serão soutiens.

30


FIL IPE MAGA LHA ES RA M O S CONTACTOS: Porto: /Avenida da Boavista 3523, 3º andar, sala 301, 4100-139/ Lisboa: /Avenida Casal Ribeiro 61, 2º andar, 1000-091/ /22 316 8066/ • /915 127 622/ geral@fmrcirurgiaestética.com

Texto: Dr. Filipe Magalhães Ramos

31


P LUS ULTRA

•A ALMA E A CONSCIÊNCIA•

A ALMA Se pedirmos a alguém para definir alma, as repostas remetem-nos constantemente para algo transcendental, espiritual, alguma coisa que todos os humanos julgamos possuir. No dicionário, alma é definida como a “composição imaterial de uma pessoa que perdura após sua morte; espírito”.

MAS SERÁ QUE A ALMA EXISTE OU É APENAS UMA ILUSÃO?

32

Um estudo levado a cabo em 1901, conduzido pelo por um médico americano, chegou à conclusão não só que a alma

existia, mas que pesava 21 gramas. Com efeito, o Dr. Duncan MacDougall estava convencido que podia provar que a alma existia, e que tinha massa, através de uma experiência que ele achava ser científica. O Dr. Duncan MacDougall usava pacientes já idosos que estivessem às portas da morte devido à tuberculose, uma vez que era uma doença que permitia prever que o fim estaria por horas. Os doentes quando atingiam esse estado estavam permanentemente a ser pesados com uma balança industrial. No momento em que morriam, o Dr. Duncan MacDougall observou que eles


No entanto, dos seis pacientes dois foram excluídos, de imediato, por dificuldades técnicas, e apenas um perdeu logo peso no momento da morte. Só outros dois perderam peso, mas apenas depois de passados uns minutos. O Dr. MacDougall acabou por tirar as suas conclusões com base num só paciente. Com efeito, só um paciente perdeu os tais 21 gramas. Dos outros dois que também perderam peso, um perdeu 46 gramas e o outro 14 gramas e não foi logo no momento da morte, tendo-se tal apenas verificado uns minutos depois. A explicação para isso do Dr. MacDougall foi a de que o momento da saída da alma não era exactamente o mesmo devido a diferenças de temperamento de cada um. A alma saía mais facilmente de uns do que de outros que, por serem mais teimosos, faziam com que ela ficasse no corpo mais tempo. O estudo, por mais ridículo que nos pareça agora, foi publicado em dois jornais científicos da época. No entanto, as medições não eram suficientemente rigorosas, a repetição do teste não veio a revelar nada, para além de outras dificuldades que existem como, por exemplo, saber qual é o exacto momento em que alguém, de facto, morre. De qualquer forma, o New York Times, quando o Dr. MacDougall morreu, fez com ele um cabeçalho dizendo que tinha morrido o homem que tinha pesado

a alma humana. Deste modo, o estudo científico para comprovar a existência da alma revelouse um fracasso. No entanto, talvez nos possamos interrogar se esse sentido do eu transcendental a que alguns chamamos de alma não será a mesma coisa do que a ciência define como consciência. A CONSCIÊNCIA

P LUS ULTRA

perdiam peso nesse preciso instante. Ele pesou 6 pessoas nessas circunstâncias e no primeiro paciente ele registou uma perda de peso de 21 gramas. Este seria o suposto peso da alma a abandonar o corpo no momento da morte.

SERÁ QUE ALMA E CONSCIÊNCIA PODERÃO SER A MESMA COISA? Será que a consciência poderá ser responsável por esse sentimento transcendental de que vive algo dentro de nós humanos que sobreviverá à nossa própria morte? Haverá alguma maneira científica de explicarmos este sentimento? Comecemos, então, por tentar definir o que é consciência. Recorrendo ao neurocientista português António Damásio, a consciência relaciona-se com a noção do eu integrado no mundo, isto é, uma percepção de que uma autobiografia rica define um indivíduo no contexto da sociedade, da cultura e da história, com os seus medos e esperanças relativamente ao futuro, tudo encoberto sob o simbolismo denso e reflexivo da linguagem. Esta definição de consciência remete-nos, de imediato, para a forma como sentimos o nosso eu em relação a um mundo que nos rodeia e que não é neutro nessa relação. No entanto, os neurocientistas fazem a distinção entre dois tipos de consciência. Falam de uma consciência primária ou central e de uma consciência ampliada ou elaborada. Estes dois tipos de consciência têm a sua diferença estabelecida no cérebro.

33


P LUS ULTRA

A CONSCIÊNCIA PRIMÁRIA é aquela mais animalesca como sejam as emoções, motivações, dor. Há apenas uma rudimentar percepção de si próprio sem existir o sentido autobiográfico e sem a compreensão da própria morte. Já a CONSCIÊNCIA AMPLIADA diz respeito àquilo que tem a ver com a mente humana e todo o seu esplendor que seria impossível de alcançar sem a linguagem, sem a cultura, sem a sociedade. Aquilo que nos define como humanos é, portanto, a consciência ampliada. Mas como é que chegámos até ela? A explicação, ao contrário do que muitos imaginam, não tem muito de místico nem de transcendental. Tudo se passa no cérebro que cria uma quantidade enorme de circuitos paralelos enraizados na experiência social em que o indivíduo está inserido. Se pegássemos numa criança de hoje e a puséssemos a viver no tempo das cavernas, seguramente que a sua consciência ampliada seria muito diminuta. É o meio cultural em que nos inserimos que é responsável pela criação dos circuitos no cérebro que nos possibilitam ter essa consciência mais evoluída.

MAS COMO É QUE SE CHEGA AOS SENTIMENTOS?

António Damásio estabelece uma diferença entre emoções e sentimentos.

Essa é a questão mais difícil de todas e denominado “problema difícil” relativamente à consciência.

Para Damásio, uma emoção é muito uma experiência física corporal. Todos sabemos o que é uma dor de barriga por causa de algo que tememos ou já sentimos o coração a acelerar por algum motivo. Há quem fique com as palmas das mãos transpiradas, olhos esbugalhados e por aí fora. São tudo comportamentos inconscientes e muito difíceis de controlar. Portanto, as emoções são algo físico, têm lugar no nosso corpo.

EMOÇÕES E SENTIMENTOS

34

A verdade é que a questão a que precisamos de responder é a seguinte: como é possível que a actividade de uns neurónios, como é que o seu disparo, nos pode provocar sentimentos tão sublimes e sofisticados? Ou melhor, como podem gerar de todo um sentimento? Como é que se explica a vermelhidão do vermelho a um cego? Como é que uns neurónios conseguem gerar a sensação de uma cor ou como geram sentimentos como o amor ou o medo? Essa é a grande questão que se põe.

Nós, humanos, sentimos alegria e tristeza, amor e ódio, esperança, desilusão, sentimos alegria com um raio de sol ou com uma brisa fresca ao fim da tarde.


O mapeamento das emoções é feito pelas zonas mais antigas do cérebro o que significa que elas podem ser sentidas por muitos animais e não apenas por humanos. O cérebro foi evoluindo. Numa divisão simples, podemos identificar 3 zonas diferentes no cérebro. A parte mais antiga é denominada “cérebro reptiliano” e controla as funções mais básicas, mais animais, como sejam o equilíbrio, a respiração, a digestão, o batimento do coração, a tensão arterial, mas também o instinto de sobrevivência e de reprodução. Este é, ainda hoje, o cérebro dos répteis actuais. Depois o cérebro dos mamíferos é já mais complicado e tem zonas que regulam, por exemplo, o comportamento social. O cérebro criou estruturas completamente novas, como o sistema límbico que rodeia o cérebro reptiliano. Este sistema límbico é fulcral para que se possa perceber quem poderá ser nosso aliado ou inimigo. Finalmente, há uma zona nova do cérebro mamífero, o córtex cerebral, que é a camada exterior do cérebro, aquela das rugas, e está muito desenvolvida nos humanos. Esta zona corresponde a 80% da massa cerebral de um humano e é a zona em que se processa o comportamento cognitivo mais sofisticado. As emoções, como estávamos a ver, são mapeadas nas zonas mais antigas do cérebro comuns a outros animais.

De facto, os nossos cérebros têm a extraordinária capacidade de criar mapas. Toda a gestão da vida se faz através desse mapeamento. O cérebro usa os mapas para se informar a si próprio.

OS MAPAS NEUROLÓGICOS DAS EMOÇÕES CORPORAIS CONSTITUEM OS SENTIMENTOS. No entanto, nós só passamos a estar conscientes a partir do momento em que passamos a sentir os sentimentos, a conhecer os sentimentos.

P LUS ULTRA

Os estados do corpo são transmitidos ao cérebro através dos nossos nervos e das hormonas e qualquer alteração no corpo é mapeada pedacinho a pedacinho. Há uma verificação constante órgão a órgão, sistema a sistema.

Os mapas neurais primários traçam o mapa do corpo. Estão constantemente a ver o estado do nosso corpo, isto é, a controlar a nossa respiração, o açúcar do sangue, os movimentos dos olhos, etc.. Isto é tudo feito inicialmente de forma inconsciente, mas o nosso “eu” começa a surgir a partir daqui. A verdadeira consciência, a consciência do nosso “eu”, surge da forma como estes mapas são alterados na relação com os objectos do mundo exterior. Damásio dá exemplos como o cheiro do café, quando se vê um inspector de bilhetes num autocarro ou quando se olha para um filho. Estes objectos são evidentemente percebidos pelos nossos sentidos e geram uma resposta emocional no corpo que é captada pelos mapas neurais que estão no cérebro de forma a gerarem um sentimento. Consciência é, deste modo, o conhecimento de como objectos no mundo alteram o nosso “eu”, isto é, a geração de um mapa de segunda ordem que mapeia todos os mapas que mostram essa relação.

35


P LUS ULTRA

MAS SERÃO ESSES MAPAS IGUAIS PARA TODA A GENTE? A RESPOSTA É NÃO.

Imaginemos uma maçã.

A relação entre os neurónios depende da experiência acumulada de cada um. Quem sabe tocar um instrumento musical tem mais ligações para isso do que uma pessoa que não sabe. Ou um piloto de Fórmula 1 tem que ter algo de especial no seu cérebro que lhe permita conduzir àquela velocidade. Uma determinada experiência é mapeada no cérebro através de neurónios que disparam ao mesmo tempo, criando ligações físicas entre eles, as chamadas sinapses. É importante dizer que as ligações cerebrais não são criadas pelos nossos genes. Nós não temos todos as mesmas ligações cerebrais. Os seres humanos têm 30.000 genes e no córtex cerebral existem 240 triliões de sinapses. Os genes estabelecem as ligações genéricas do cérebro, os seus circuitos iniciais. Depois entra a experiência em jogo. E é precisamente a experiência que define, depois, os circuitos em concreto de cada indivíduo. Toda a experiência é gravada no cérebro e a partir daí vem o seu significado. Após o nascimento, é à medida que começamos a ter experiências que a mente começa a ser esculpida.

36

É curioso ver como um cérebro funciona.

Por incrível que pareça, nos primeiros meses de vida biliões de neurónios morrem. Um bebé pode perder entre 20 a 50% de todos os seus neurónios e perde dezenas de biliões de sinapses fracas. Enquanto isso acontece, triliões de sinapses são fortalecidas. Isto acontece sobretudo nos anos em que somos pequenos, no entanto, não deixa de acontecer com menor intensidade a vida toda. Os neurónios que são utilizados pela experiência ficam fortes, os outros morrem.

Quando pegamos nela vemos a sua cor, sentimos o cheiro e a textura, o peso, etc.. Cada uma dessas informações é armazenada num ponto distinto do cérebro. A cor é armazenada num sítio, o cheiro noutro sítio, a suavidade ou não do toque noutro, o peso noutro e assim sucessivamente. Os neurónios envolvidos nas várias características da maçã ficam todos ligados entre si e disparam ao mesmo tempo. Assim, quando alguém pensa numa maçã toda a informação sobre ela é chamada ao mesmo tempo. Isto é, neurónios numa determinada região do cérebro comunicam com neurónios noutra zona afastada através de um circuito que vibra em sincronia. Por outro lado, nós estamos permanentemente a ser bombardeados com informação e sensações. Não pensamos nem ligamos à vasta maioria da informação que nos chega senão ficávamos loucos.


Evidentemente que há muitos estímulos ao mesmo tempo que competem pela nossa atenção. A verdade é que a consciência actua numa escala de décimos ou centésimos de milissegundos. Há zonas do cérebro que estão sincronizadas. Há neurónios que disparam 40 vezes por segundo e outros com outros ritmos como 60 ou 70 vezes por segundo, etc.. Quando o ritmo é igual é porque estão interligados e comunicam entre si. É como se dessem as mãos. Quando o ritmo é diferente eles não estão ligados. Depois é preciso conseguir captar a atenção do cérebro para o que se passa. Se virmos uma determinada imagem e passados 40 milésimos de segundo virmos outra vez a mesma imagem, não teremos consciência de que a vimos a primeira vez ainda que o cérebro a tenha detectado. Para que tenhamos consciência dessa imagem será necessário que o grupo de neurónios que a viu disparem simultaneamente várias vezes. Toda a informação não-consciente produz uma espécie de sumário executivo ainda a um nível não-consciente até que o cérebro decida passá-la para o nível consciente. No fundo, pode-se fazer a analogia com um Presidente Executivo (CEO) de uma empresa. Numa organização passamse milhões de coisas ao mesmo tempo de que o CEO não faz ideia até que há alguma informação que lhe prende a atenção. Temos assim neurónios a oscilar a várias velocidades. Os que oscilam mais vezes, mais rapidamente, estão a verificar o

que vemos, o que cheiramos, as nossas emoções. Estão a controlar o meioambiente e a nossa relação com ele. Os neurónios que oscilam mais lentamente estão a combinar as várias informações recebidas dos neurónios que oscilam mais rapidamente, estão a harmonizar toda a informação recebida pelo corpo e pelos nossos sentidos, produzindo a consciência. A consciência nuclear ou primária opera no presente refazendo-se momento a momento, mapeando como o nosso eu é alterado pelo mundo exterior, transformando as percepções em sentimentos. A consciência alargada liga a linguagem e a memória a cada momento da consciência nuclear, conferindo-lhe um significado emocional que será catalogado como um passado autobiográfico, classificando os sentimentos e objectos com palavras. A consciência alargada dá significado às coisas, integrando a memória, a linguagem, o passado e o futuro no que estava inscrito na consciência nuclear.

P LUS ULTRA

COMO É QUE ALGO NOS DESPERTA A ATENÇÃO E IGNORAMOS O RESTO? COMO FUNCIONA ESSE PROCESSO?

Chegados aqui, e percebendo melhor o funcionamento do cérebro, a pergunta mantém-se: como é que os neurónios são capazes de gerar um sentimento? Aqueles sentimentos inexplicáveis... Como se consegue explicar a tal vermelhidão do vermelho? Como é que os neurónios geram os nossos sentimentos mais profundos, aqueles que nos definem como seres, o amor, o ódio, a amizade? Pois bem, já vimos que as emoções são físicas como a fome, o medo, a sede ou a dor. São coisas essenciais à sobrevivência. Se não tivéssemos fome ou sede não nos alimentávamos nem bebíamos. Provavelmente morríamos. A dor é um mecanismo essencial à sobrevivência. As emoções primárias

37


P LUS ULTRA

têm a ver com a sobrevivência ou com a propagação da espécie e daí o prazer que o sexo dá. Existe, em ambos os casos, uma função biológica. As emoções são necessárias à sobrevivência. A sensação de se ter sede ou fome não é suficiente. Imaginemos que alguém tem sede e não bebe... morria. Então tem que haver algo que faça mesmo beber. Se alguém estiver desesperado com sede, sente uma força que compele a beber, uma raiva que conduz à acção, que faz sobreviver. O cérebro definiria isso como a primeira prioridade da pessoa. Não bastou ter o sinal de sede. É necessário que haja uma emoção que leve a beber e essa emoção pode mesmo ser a responsável pela sobrevivência, levando uma pessoa aos limites para fazer tudo o que for possível para satisfazer essa necessidade. Isto são as emoções primordiais e os tais neurónios disparam ao mesmo tempo nos mapas de que já falámos. E os sentimentos? E a consciência? A CONSCIÊNCIA Há quem veja um mistério grande nos sentimentos e no surgimento da consciência e até pense em física quântica para explicar que os sentimentos fazem parte de uma qualquer capacidade da matéria ainda desconhecida. William James, o pai da psicologia moderna, acreditava em algo místico, que a consciência estava em toda a parte e fazia parte de tudo. Mas talvez haja uma explicação mais simples e mais lógica.

38

Tal como as emoções primordiais correspondem a um conjunto de neurónios que interagem simultaneamente, também os sentimentos não são mais que outros padrões de neurónios a dispararem ao mesmo tempo. Há uma evolução

natural das emoções mais simples para os sentimentos mais complexos. Mas, no fundo é a mesma coisa, o mesmo processo. O processo de geração de emoções, de sentimentos e da consciência não é algo de místico como nós humanos gostamos de imaginar... a tal questão da sensação que temos alma de que falámos no início, que temos um eu especial. Mas se os sentimentos são a evolução natural das emoções mais primárias e essas são sentidas pelos animais, isso significa que eles também têm consciência?

PROVAVELMENTE A CONSCIÊNCIA ESTÁ BEM MAIS ESPALHADA DO QUE AQUILO QUE NÓS PENSÁVAMOS. O nosso cérebro não tem receptores de dor. Como não há dor, os neurocirurgiões operam o cérebro sem anestesia e até chegam a conversar com os pacientes durante as operações. Temos aqui que fazer a distinção clara entre mente e cérebro. A mente é a nossa consciência, é o nosso eu, os nossos sentimentos, é a percepção imaterial de nós próprios enquanto o cérebro é o órgão onde tudo se passa. Dantes nem se sabia para que é que o cérebro servia. Os egípcios quando embalsamavam os mortos guardavam com cuidado todos os órgãos, mas deitavam o cérebro fora. Não é à toa que o cérebro não tem receptores de dor. O objectivo é que não nos apercebamos sequer da sua existência. Deste modo, não damos conta do funcionamento das nossas mentes. A razão disso é simples: sobrevivência. Nós temos que estar sempre alerta para


Como já vimos, a linguagem está ancorada aos nossos sentimentos. Os nossos sentimentos são constituídos por padrões de disparos neurais, têm um código preciso. Os sentimentos são inscritos numa linguagem não-verbal sofisticada. A linguagem verbal tem as suas raízes nos sentimentos, nessa linguagem não-verbal, mas não é a mesma coisa. A linguagem verbal não se confunde com o sentimento. A palavra para um sentimento está registada e guardada por outro processo neural separado.

Como não sentimos o funcionamento do cérebro porque seria uma ameaça à nossa sobrevivência, como não sentimos a parte física da criação do nosso eu, então a nossa mente parece-nos algo imaterial causando essa profunda admiração e esse sentimento de espiritualidade que nos invade.

AS PALAVRAS APENAS DESCREVEM OS SENTIMENTOS, TRADUZEM-NOS, PORQUE NA REALIDADE OS SENTIMENTOS SÃO INDESCRITÍVEIS.

Imagino que não seja muito agradável para a maioria das pessoas destruir desta forma aquele sensação de espiritualidade e imaterialidade que sentem relativamente a si próprias, ao que chamam alma e que mais não é do que a mente, a consciência que temos que desperta de forma natural, mas que nos é propositadamente escondida como mecanismo de defesa.

MAS SERÁ QUE OS ANIMAIS TÊM TAMBÉM CONSCIÊNCIA?

P LUS ULTRA

todos os perigos externos e isso não se compadece com estarmos a perder tempo com a análise do funcionamento da nossa mente ao mesmo tempo. A introspecção seria algo bastante inapropriado quando se tem que fugir de um inimigo. Ao ignorarmos o funcionamento da mente, as nossas percepções e sentimentos não são óbvios nem visíveis, estão simplesmente no cérebro sem nós nos apercebermos da sua existência ou formação, sem nós termos qualquer pista da base neural física que foi criada para a sua existência.

Como já sabemos, é impossível explicar a vermelhidão do vermelho a um cego porque a cor vermelha não existe na realidade. A cor vermelha é uma construção neural dos nossos cérebros. É como descrever o cheiro do café ou a sensação de medo. Quando se fala com alguém espera-se que essa pessoa saiba do que se está a falar, pois é impossível explicar por palavras como cheira o café ou o que é o medo. A linguagem sem o sentimento que lhe está subjacente não tem significado, mas o contrário não é verdadeiro. Os sentimentos estão lá mesmo sem qualquer linguagem. O café cheira a café consiga-se ou não explicar o cheiro. Os sentimentos existem, o seu significado existe sem a necessidade da existência de uma linguagem verbal, estão gravados na consciência. Como já sabemos, a consciência tem a sua base nos sentimentos. As raízes da consciência não necessitam de linguagem verbal.

39


P LUS ULTRA Nos animais vertebrados, os sinais de emoções são bem claros, mas se calhar existem noutros tipos de animais de que nós nem suspeitávamos. É provável, então, que a consciência esteja muito mais difundida do que se imaginava. A verdade é que as emoções primordiais como a sede ou fome, o medo ou até a luxúria, parecem estar espalhadas por todo o lado, por todos os animais com cérebro. As emoções não têm nada místico nem resultam de nenhuma propriedade misteriosa da matéria, mas sim de algo que decorre normalmente de uma construção neural e que foi evoluindo, que se foi sofisticando e que encontra o seu ponto mais alto nos humanos. Uma espécie de evolução darwiniana.

40

Texto: Bruno Costa Carvalho - Presidente da Avenue Planet e Director da Palanca TV

Os sentimentos são a base da consciência e nós sentimo-los reais porque eles resultam da vida real, da selecção que foi feita. Os sentimentos são, na realidade, um código neural, mas uma código vibrante, rico em significado e que foi sendo formado ao longo de milhões de gerações. Na realidade ainda não sabemos ao certo como é que os nossos neurónios o fazem, mas a consciência tem muito mais a ver com a vida, com o jogo entre a vida e a morte, do que com algo sagrado da mente humana.


CRUZEIROS TOMAZ DOURO Projecto familiar, propriedade da empresa de cruzeiros Tomaz DouroEmpreendimentos Turísticos Lda., o novo hotel une dois edifícios antigos da Praça da Ribeira/esquina com a R. Fonte Taurina e possui 18 confortáveis quartos, com casas de banho com janela, louças de design e portas em vidro, TV digital, ar condicionado, telefone, cofre, secador de cabelo, e amenities da marca Saboaria Portugueza. Projecto do Arq.o Ricardo Azevedo, o hotel preserva as lindíssimas fachadas que o compõem e distingue-se pela sua decoração sóbria e de design, e pela sua localização privilegiada, que proporciona de todos os quartos vistas lindíssimas sobre a Ribeira, o rio e as pontes. Nos quartos, a ligação entre o Douro (destinos dos cruzeiros) e o Porto é feita por gigantescas e magníficas fotografias antigas, a preto e branco, destas regiões, que preenchem o fundo das paredes por detrás das camas. Outra curiosidade é o “Tasca Bar”, um agradável espaço de pequenos almoços (07h30 às 10h30), que recria, com graça e gosto, uma típica tasca portuguesa dos anos 30, com as suas cadeiras e mesas em pau com tampos de mármore.

DIV U LGAÇAO INUR BA N

•NOVO HOTEL•

TOMAZ DO DOURO Venha conhecer e sentir a beleza ímpar do Douro. Fascine-se pela beleza desta natureza minuciosamente trabalhada pelo Homem e viva momentos únicos de descoberta, junto a um dos mais bonitos rios do mundo. Jet Boating é uma aventura única e incrível junto das margens do Douro. Leve consigo o testemunho de uma aventura que irá perdurar na sua memória.

41


CINEMA

•”3 CARTAZES À BEIRA DA ESTRADA”• O APELO DESESPERADO POR JUSTIÇA DE MILDRED A morte trágica da filha de Mildred Hayes continua por explicar... já passaram sete meses e a polícia não conseguiu descobrir quem foi o autor da violação e homicídio de Angela. Cansada de procurar respostas que nunca lhe chegam a dar Mildred decide alugar três cartazes junto a uma estrada de Ebbing, no estado redneck do Missouri. O que pretende? Simplesmente justiça e que a polícia descubra quem matou a sua filha. Mas esta decisão vai trazer o caos à vida de Mildred, do seu filho e dos habitantes da pequena localidade. Os cartazes vão gerar um grande desconforto em Ebbing e muitos vão ser os opositores que vão tentar impedir que Mildred continue o seu apelo por justiça. Os confrontos vão ser contínuos, mas com uma mulher decidida, amargurada e insensível (ao que os outros podem pensar), o resultado está longe de ser simpático.

42

A polícia local vê a sua competência colocada em causa, principalmente a do chefe William Willoughby e vai fazer tudo o que esteja ao seu alcance para silenciar Mildred. Pelo caminho acaba mesmo por entrar numa grande disputa com o agente o seu adjunto Dixon (Sam Rockwell), um menino da mamã imaturo com uma inclinação para a violência que vai pôr em alvoroço toda a lei de Ebbing. Repleto de humor negro e sarcasmo, “Três Cartazes à Beira da Estrada” conta com uma extraordinária interpretação de Frances McDormand, que lhe valeram o Globo de Ouro e o Óscar de Melhor Atriz, e também o grande desempenho de Sam Rockwell que também venceu os mesmos galardões na categoria de Melhor Ator Secundário.


TOP E FLOP

SUBMERSÃO

BLACK PANTHER

(12 DE ABRIL) Ele (James McAvoy) é um espião dos Serviços Secretos Britânicos com uma missão de encontrar uma célula jihadista da Somália. Ela (Alicia Vikander) uma bio-matemática que vai mergulhar nas profundezas do oceano Ártico para tentar comprovar a sua teoria da origem da vida no planeta. Com as suas vidas em situações completamente opostas, descobrimos como o acaso os uniu numa grande paixão.

LOVING PABLO (19 DE ABRIL) Este é para os fãs de Narcos! Com Javier Bardem no papel de um dos maiores traficantes de droga da história, este filme mostra a ascensão e a queda de Pablo Escobar através da sua relação amorosa com a jornalista Virginia Vallejo, interpretada por Penelope Cruz.

Black Panther é o primeiro filme dedicado a um super-herói negro e tal como apontavam as previsões foi um enorme sucesso. O mais recente filme da Marvel Studios já amealhou mais de 420 milhões de dólares em todo o mundo.

CINEMA

ESTREIAS ABRIL

50 SOMBRAS DE GREY LIVRE Christian Grey e Anastasia estão de volta...juntamente com as críticas. O filme 50 Sombras de Grey Livre está a ser arrasado pela crítica que fala de um filme desinteressante, demasiado comercial, sem grandes performances interpretativas. Há quem esteja a celebrar o final da saga!

AVENGERS: GUERRA INFINITA (26 DE ABRIL) O terceiro filme Avengers estreia este mês nos cinemas portugueses. Além de ser o mais caro alguma vez produzido pelos estúdios da Marvel este será o filme onde irão aparecer o maior número de super-heróis. Desta vez os Avengers contam com a ajuda dos Guardiões da Galáxia para travar Thanos que tenta juntar as Pedras do Infinito e dominar o universo.

Texto: Tiago Vaz Osório

43


CA BE LO E CO R PO SA UDÁVEIS

• RICARDO TEIXEIRA • / CABELEIREIROS / O que é para si cuidar da imagem? Em Ricardo Teixeira Cabeleireiros é certo que está cuidar da imagem acompanhado por bons profissionais. Levamos a experiência a um outro nível. O nosso foco: Cabelos saudáveis e Corpo São e uma experiência única a cada cliente com produtos de qualidade. Os nossos clientes procuram nos porque somos bons e não os mais baratos, pois valorizamos a nossa profissão e toda a formação e estrutura para acompanhar esta nova era de tendências e clientes exigentes. Num espaço acolhedor, minimalista, no centro histórico de Paço de Arcos e num ambiente único ao som de um jazz, é onde a nossa equipa trata si... é garantido um aconselhamento de imagem e forma como deve tratar do seu cabelo ou rosto,mesmo em casa,com os produtos certos, biológicos e conceituados no mercado... Disfrute de um momento para si. A pensar no seu bem estar o nosso forte é: CABELO • Corte feminino/masculino • Coloração/Contrastes

44

CORPO E ROSTO • Massagem terapêutica • Rosto com Gernetic • Drenagem linfática manual • Reflexologia.

Contactos: Rua Costa Pinto, n108 Paço de Arcos 214416346


MIGUEL PRATA O “Sushi em tua casa?” nasceu por iniciativa de Miguel Prata, que se aventurou a fazer sushi em jantares com amigos. Em 2010, tornou-se um negócio e sete anos depois existem vários estabelecimentos “Sushi em tua casa?” espalhados pelo país. O conceito tem por base o sushi de fusão freestyle, em que são utilizados vários ingredientes e peixes, conjugando sabores tropicais, orientais e mediterrâneos. Usam apenas produtos de alta qualidade, saudáveis e frescos. Todas as peças são preparadas na hora e com ingredientes frescos. Todos os menus são freestyle, ou seja, a cada dia o menu é construído em função dos ingredientes disponíveis, com a criatividade dos nossos sushimen.

S E LO DE QUA LIDA DE

• ”SUSHI EM TUA CASA?”•

Estão constantemente a estudar ingredientes e combinações novas de forma a proporcionar aos nossos clientes a melhor experiência gastronómica e dar-lhes a conhecer o melhor da cozinha japonesa de fusão em qualquer lugar. Os serviços incluem take-away, entrega, serviço de sushiman em casa e catering de eventos como casamentos e festas.

Contactos: 934 411 583 porto@sushiemtuacasa.pt

45


D E D ENTRO PA RA FORA

• POLIAMOR • (ENTREVISTA) MARIANA GUERRA Mariana Guerra, poliamorose e não-binárie, de identidade limiar. (Nota: Os pronomes serão neutros ou omitidos ao longo desta entrevista, uma vez que Mariana se encontra fora do binarismo de género. A Inurban esforçarse-á para manter a linguagem inclusiva durante esta entrevista) O Poliamor, e as Não-Monogamias Consensuais no geral, têm vindo a ser amplamente discutidos nos últimos tempos. E se lhe disséssemos que não tem necessariamente de seguir os padrões da sociedade? No Poliamor ama-se, relaciona-se, comunica-se de forma clara e aberta, longe do apego típico das relações monogâmicas. Dentro desta orientação relacional existem três pilares: Diálogo, Transparência e Consentimento. Além de falarmos em Poliamor, falaremos também de outro desvio à norma: o género não-binário, pessoas que não se identificam como femininas ou masculinas.

EXISTE TODO UM MUNDO DE POSSIBILIDADES, COMO EM TUDO, O GÉNERO E AS RELAÇÕES NÃO EXISTEM APENAS A PRETO E BRANCO.

46

A sociedade tende a ensinar as pessoas a seguir um guião mononormativo e a censurar quem foge deste através vários

tipos de discriminação e agressão. As Não-Monogamias Consensuais assumidas vieram revolucionar estas ideias. O consenso, aqui, é conceitochave. A Inurban sentou-se com Mariana Guerra a propósito de falar sobre o Poliamor e o Não-Binarismo de Género. Mariana tornou-se numa das faces do Poliamor em Portugal aos 24 anos, idade em que começou a surgir na imprensa a falar sobre o assunto e as suas experiências pessoais. Mariana tem agora 26 anos e aceitou falar connosco sobre ser-se poliamorose, o que isso implica, e também sobre o nãobinarismo de género, orientação de género em que se enquadra.


EXISTEM REGRAS DENTRO DAS RELAÇÕES NÃO-MONOGÂMICAS? SÃO DEFINIDAS DENTRO DE CADA ESFERA RELACIONAL OU SÃO TRANSVERSAIS? Depende de cada pessoa. Não gosto muito de falar em regras, acho que as pessoas entendem logo isso como algo com outro peso quando dizemos “regras.” No geral, eu tenho protocolos de segurança, a nível pessoal, protocolos esses que cumpro com todos os meus parceiros. Acredito que as regras têm a ver com o que cada qual se sente confiante ou confortável em fazer. Há diversos protocolos de segurança que podem ser tomados, como por exemplo a nível de passagem de fluidos, tendo sempre em conta a segurança e a saúde de todos os envolvidos. Este protocolo é usado muitas vezes até por casais em relações monogâmicas que pensam abrir

a sua relação, muitas vezes, nestes casos poderá haver menos transparência e algumas falhas de comunicação – isto de acordo com os exemplos com os quais tive contacto. Por vezes poderão existir regras como não dar a mão a outras pessoas sob pena de outra pessoa se sentir menos “especial”, eu não concordo, acho que todos somos especiais enquanto seres humanos, e temos de nos valorizar enquanto seres humanos individuais e não precisamos de pessoas para nos complementar, para nos completar ou de comportamentos específicos para garantir que aquela relação é a mais especial. Os protocolos não são limitados, obviamente, a comportamentos sexuais, no entanto, pode ser aplicado a diferentes tipos, nível de comunicação, até. No meu caso, eu tenho momentos em que preciso de estar sozinhe e comunico essa situação aos meus parceiros, que sabem que voltarei. É algo que aviso os meus parceiros no início de qualquer relação, independentemente do seu foco, é algo que eu preciso mas sei que não posso exagerar. COMO FUNCIONA O POLIAMOR NO SEU CASO? De momento tenho três relações significativas a nível amoroso, mas não tenho nenhum parceiro fixo devido à minha situação actual. Não divido as minhas relações entre primárias e secundárias, não acredito que existam ou devam existir. Considero que, no geral, quando se fala em hierarquia costuma ser por uma questão de medo, em que não acreditam que o Amor é um recurso infinito. É uma teoria que vai de acordo com a teoria de Franklin Vause em relação à abundância ou escassez do Amor como recurso (link para recurso Franklin veaux : https://www.morethantwo.com/ blog/2015/01/developing-mindsetabundance). Acredito que quanto mais Amor colocamos no mundo, mais Amor nos é dado de volta.

D E D ENTRO PA RA FORA

PARA OS NOSSOS LEITORES QUE DESCONHECEM O QUE É O POLIAMOR, PODERÁ DAR-NOS UMA DEFINIÇÃO? Poliamor é amar várias pessoas ao mesmo tempo, ter várias relações ao mesmo tempo com o conhecimento e consentimento de todas as pessoas envolvidas. Os pilares do poliamor poderão ser ditos como comunicação, comunicação, comunicação – muita gente diz isso – mas existem diferentes abordagens. No caso da Neuf Haus (nota: poderá saber mais sobre este projecto no decorrer desta entrevista), referimos comunicação, consentimento e calendarização. Time management é muito importante. No geral as coisas mais importantes são o diálogo, a honestidade e o consentimento. A minha definição de consentimento é o consentimento entusiástico e informado. Posso dizer que avaliei e analisei todas as variantes disto e tomo uma decisão informada ao entrar nesta situação.

47 5


D E D ENTRO PA RA FORA 48

UTILIZA A EXPRESSÃO “PARCEIROS”, O QUE VAI CONTRA O “NAMORADOS” UTILIZADO MAIS FREQUENTEMENTE. PODERÁ EXPLICAR-NOS O PORQUÊ DESTA TERMINOLOGIA? Porque “namorados” acaba por ser muito mononormativo. Creio que entra no que a sociedade espera de uma relação em que primeiro somos namorados, depois vamos viver juntos, depois somos noivos, depois marido e mulher. EXISTE ALGUM ESTIGMA ASSOCIADO AO POLIAMOR E ÀS PESSOAS POLIAMOROSAS? COMO LIDA COM ISSO? Existem os preconceitos da promiscuidade e da ideia de que uma família poli não é adequada para criar uma criança, que esta seria desajustada socialmente, que seria prejudicial. Sempre ouvimos dizer que é preciso uma aldeia para criar uma criança e de repente uma aldeia é demais. Há progresso nos casos de custódia em alguns países mas nada é garantido. Tem vindo a ser discutida a possibilidade de num certificado de nascimento poderse ter mais do que dois progenitores, o que garantiria que todas as pessoas dentro da mesma família pudessem ter os mesmos direitos em relação à criança. Obviamente temos ainda bastantes batalhas pela frente no que diz respeito a assuntos queer e direitos lgbtq em geral, incluindo a luta não-monogâmica e outras questões que são tidas como irrelevantes. Vai de encontro à maior aceitação da representatividade de casais gay brancos na televisão em relação à presença de mulheres trans negras. Algumas destas situações têm uma história imensa em comunidades como a nativa americana e dentro de várias minorias étnicas. Na questão do binarismo de género há que referir que a feminilidade tem vindo a ser rejeitada e policiada ao longo de séculos e não podemos esquecer-nos que, por

mais que seja importante rebatermos estas opressões através de uma apresentação mais andrógina, não nos podemos esquecer das nossas raízes, e que a luta das mulheres é importante para todas as pessoas. A luta pelos direitos das mulheres é a luta pelos direitos humanos. Em relação à promiscuidade, eu já fui insultade por ser poli, até mesmo por pessoas que não me conhecem, dizem que na verdade não amo ninguém e coisas do género. As pessoas presumem que, por uma pessoa ser poli, é “free for all” a qualquer hora, qualquer dia, da tua vida o que não corresponde à verdade em todos os casos. É um estereótipo muito desgastante. Por exemplo, num encontro a pessoa pensa automaticamente que vou para casa com ela, quando eu prefiro ir dormir para a minha cama sozinhe. MARIANA TORNOU-SE NUMA DAS FACES DO POLIAMOR EM PORTUGAL. DE QUE MODO ISTO VEIO A ACONTECER? Foi por acaso. Tenho o privilégio de vir de uma família bastante politizada e bastante activista na sua forma geral. Foi um meio com o qual estive em contacto indirectamente. Este acaso ocorreu apesar de eu ter um medo constante de comunicar algo errado de alguma forma. Tenho noção do meu privilégio por ser uma pessoa branca, não poderei falar de questões étnicas do mesmo modo que outros activistas, sei que não o devo fazer, não é o meu lugar. A primeira entrevista surgiu devido ao projecto Neuf Haus, tinha terminado a minha última relação monogâmica em 2014, conheci o meu primeiro parceiro em 2015, acabei por aprender muito nos dois anos que se sucederam. Lembro-me bem da noite anterior à primeira entrevista, estava numa chamada skype com uma pessoa que sabe muito destas questões, como a identidade de género e sexualidade. Acho importante


TEVE MEDO DE EXISTIREM REPERCUSSÕES A NÍVEL PROFISSIONAL OU PESSOAL QUANDO COMEÇOU A DAR A CARA EM NOME DO POLIAMOR? DE QUE MODO AS ENTREVISTAS IMPACTARAM A SUA VIDA? Tive medo. Acho que devia haver evolução a nível legal consoante a sociedade for avançando, no sentido em que não deveríamos ser despedides por ter determinada presença ou devido à orientação relacional. Tive medo mas não teve o impacto que pensei que teria, acabou por afectar mais a minha vida pessoal, devido a pessoas que não sabiam isto sobre mim.

PARA ALÉM DO POLIAMOR E DO GÉNERO NÃO-BINÁRIO, EXISTEM OUTRAS FORMAS EM QUE FOGE ÀS NORMAS? Sou pansexual (bissexual), considero a minha identidade limiar, não caio a 100% em nenhuma categoria. No caso do nãobinarismo, não me enquadro no que é feminino nem no que é masculino no seu todo. TENDO EM CONTA QUE SE ENQUADRA FORA DA DITA NORMA EM MAIS DO QUE UMA VERTENTE, ENCONTRA-SE DENTRO DELA NOUTROS CASOS? PENSA, POR EXEMPLO, EM TER FILHOS? Às vezes sim, mas aí a questão do género não-binário a incorrer. A ideia de ser “parent” é super normativo a nível de género e eu acho que nesta altura da minha vida me causaria uma certa disforia de género, pensar em gravidezes etc. Não se encaixa sequer com o que são as minhas relações a nível sexual de momento. MARIANA, FALE-NOS UM POUCO SOBRE O QUE É IDENTIFICAR-SE FORA DO BINARISMO MASCULINO/ FEMININO. É algo que gostaria que alguém me tivesse dito mais cedo na minha vida. Eu comecei a ter contacto com a ideia do género como espectro na faculdade quando tinha 18 ou 19 anos. Tive a sorte de ter uma professora fantástica que entrou na primeira aula dizendo que existe apenas um binarismo: breeders and non-breeders. Foi ela que apresentou à turma, e consequentemente a mim, a ideia do género como espectro. Apesar de estar focade noutras vertentes, acabei por explorar por mim, a partir daí, a ideia do género como espectro. Fui exposte, durante muito tempo, a coisas que diziam que as meninas não faziam. Venho de

D E D ENTRO PA RA FORA

que não nos esqueçamos da história colectiva e das pessoas que vieram antes de nós que nos permitiram chegar onde estamos hoje. Nessa chamada estava completamente aterrorizade, a pensar que não sabia nada sobre o assunto. Depois da entrevista, nos dias a seguir, tive uma série de chamadas e uma reunião de café onde me corrigiram. Após 2017 inteiro a aprender e a dar entrevistas sobre estas questões, noto que cresci imenso com esta exposição e com o que “devo ou não devo” dizer em relação a tópicos que não são muito compreendidos pela maior parte das pessoas.

49 5


D E D ENTRO PA RA FORA 50

um mundo altamente masculinizado e misógino. Desempenhava os mesmo papéis que os rapazes, sendo considerade a rapariga no meio dos rapazes. Depois comecei a passar por situações de slut shaming, porque sempre fui uma pessoa bastante aberta a nível sexual, e bastante interessada em explorar. Mais tarde, passei situações de discriminação em relações monogâmicas que tive em relação à minha aparência, em coisas como depilação – que eu acho uma estupidez porque os pêlos existem por algum motivo no nosso corpo – em relação ao corpo, à roupa mais “masculina” etc. Comecei a questionar o porquê deste policiamento da minha aparência no geral e da forma como eu agia e me apresentava no mundo. Depois foi uma questão de perceber, a nível profissional quais seriam as formas nas quais poderia ser fora da norma e identificar-me fora deste binário, mantendo uma aparência profissional, aceitável perante o social. As questões mais problemáticas têm sido a utilização do género neutro dentro da língua portuguesa, porque o género ainda está muito demarcado na nossa linguagem, como acontece em outras línguas. Procurei formas de identificação fora desse binário. Depois há também a questão dos nomes próprios, a legislação obriga a que o nome esteja relacionado directamente ao género binário, o que é transfóbico e xenófobo, uma vez que obriga a que todos os nomes obedeçam à Gramática Portuguesa. Citando a lei: ““Os nomes próprios devem ser portugueses, de entre os constantes da onomástica nacional ou adaptados, gráfica e foneticamente, à língua portuguesa, não devendo suscitar dúvidas sobre o sexo do registando”. Já me aconteceu, em pessoas estrangeiras, neste caso uma terapeuta na área da sexualidade em geral, que me disse que sempre se referiu em mim enquanto “they” (pronome neutro em inglês) até que ficou a saber o meu nome

completo. Ao perceber que o meu nome termina em “a”, por ser alemã, começou a associar-me aos pronomes femininos. Devido a estas situações incisivas, torna-se urgente haver maneiras de nos referirmos a nós próprios na nossa língua materna. Às vezes explicar isto para mim é difícil, quanto mais para os outros, eu tento manter uma postura em que não há problema em errar várias vezes, desde que estejamos a fazer o esforço. Eu próprio já passei por situações em que tive que pedir desculpa a pessoas trans por me ter enganado no pronome. Acabo por não corrigir tanto os outros em português, mas em inglês, havendo o “they”, já é diferente. Ainda assim as pessoas não sabem bem como o utilizar a nível de conjugação. COMO VEIO A ASSUMIR-SE COMO NÃO-BINÁRIE? FOI ALGO QUE TEVE SEMPRE PRESENTE CONSIGO? Esta já é a segunda vez que faço um “coming out” a nível de pronomes, porque me foi dada uma nova oportunidade de o fazer através de um parceiro meu, que me ajudou e impulsionou nesta exploração de identidade. No que diz respeito a família, no entanto, continua a ser difícil, e é por isso que, apesar de isto sempre ter estado comigo, eu sei que actualmente não é possível ser aceite numa escala massiva por pessoas que vêm de ideais diferentes que não têm conhecimento em relação a este tipo de assuntos.


FAZ ALGUM TIPO DE ACTIVISMO NO SENTIDO DE MUDAR A PERSPECTIVA DA SOCIEDADE PERANTE O NÃOBINARISMO OU O POLIAMOR? A Neuf Haus é o que considero que neste momento posso fazer a nível de activismo, a participação constante e activa em tudo o que é eventos de educação e formação sexual etc. e o Pride, para mostrarmos as nossas cores. O SEU PROJECTO NEUF HAUS, QUE TEM EM CONJUNTO COM MARTA LEITÃO, VOLTOU AO ACTIVO RECENTEMENTE. PODE, POR FAVOR, FALAR-NOS UM POUCO DA NEUF HAUS, DOS OBJECTIVOS, E DO QUE PODEREMOS ESPERAR AO ENTRAR NO SITE? A Neuf Haus é um projecto que pretende a comunicação acessível em português sobre educação e formação sexual, assuntos lgbt, e outros assuntos que possam querer. Temos conteúdo lúdico, conteúdo mais vocacionado para o lado educativo, é um projecto de conteúdo digital, esperançosamente um dia virá a ser mais do que isso. Estamos sempre abertes a submissões e quanto mais, melhor, portanto se acharem que têm algo a partilhar, basta irem a neufaus.com/ submissions.

D E D ENTRO PA RA FORA

CONSIDERA QUE É POSSÍVEL ATINGIRSE UM PONTO EM QUE A SOCIEDADE ACEITARÁ QUE EXISTEM PESSOAS FORA DO ESPECTRO QUE ESTA CONSIDERA ACEITÁVEL, A CHAMADA NORMA SOCIAL, NÃO SÓ EM TERMOS DE GÉNERO MAS TAMBÉM NA MANEIRA COMO AS PESSOAS SE RELACIONAM? Acho que sim. É um processo longo em que é possível visualizar a concretização da evolução social, porém ainda está longe. Neste momento vejo-nos a retroceder em campos como os direitos humanos, direitos da mulher, direitos reprodutivos… Considero que as questões de não-binarismo de género e as questões dos direitos trans são as próximas batalhas a ser tidas, e talvez depois disso a batalha quanto à não-monogamia. Acho que neste momento devemos focar-nos em assuntos trans porque ainda são menosprezados dentro dos direitos lgbt e queer. Temos de honrar as pessoas que lutaram para nós estarmos onde estamos hoje, como a Gisberta, activista trans brasileira, assassinada em Portugal

A Inurban convida os seus leitores a espreitar o projecto Neuf Haus em neufhaus.com.

51 5 Texto: Nadine Mussá


ENTREV ISTA

•O MISTÉRIO MH 370• NUNO NOGUEIRA DA SILVA O Boeing 777 desapareceu no dia 8 de março de 2014 pouco depois de descolar de Kuala Lumpur (Malásia) com destino a Pequim (China). Este desaparecimento é um dos maiores mistérios da história da aviação civil e, após a apresentação do relatório final, permanece sem resposta.

• O DESAPARECIMENTO DO VOO MH370 DA EMPRESA MALAYSIA AIRLINES COM 239 PESSOAS HÁ MAIS DE QUATRO ANOS É UM ENIGMA “QUASE INCONCEBÍVEL” . O QUE ESTEVE NA BASE DESTE DESEJO DE O TRANSFORMAR NUMA OBRA COMO ESTA?

Nuno Nogueira da Silva atreveu-se por águas não navegadas e escreveu um dos livros do momento. “O Mistério MH 370 - e os seus mistérios!”

Estávamos perante um mistério internacional e, o facto de ser possível, que um avião nos dias de hoje pudesse desaparecer tornou-se um desafio interessante. O desaparecimento do voo MH 370 está cheio de enigmas e questões sem respostas. Inicialmente desejei descobrir a verdade, passados alguns meses perante a presistência da tragédia desejei apenas decobrir o paradeiro do avião e por fim determinei que devia contar esta história. Eu comparo este desaparecimento a outro enigma no campo da aviação: o caso da aviadora Amelia Earth, quando o seu avião desapareceu no ano de 1937 em local incerto no Oceano Pacífico. Muitas questões se levantam sobre o mistério MH 370, tais como a possibilidade de suicídio do piloto ( possivelmente já se saberia onde o avião tinha caído); falha mecânica; sequestro (já tinha sido reconhecido o erro); ato terrorista (alguém o tinha reivindicado). O que aconteceu preocupou-me da tal maneira, que eu participei nas buscas pelos destroços do avião, ainda que à distancia. As hipóteses sobre o que aconteceu com o avião da Malaysia Airlines continuam a se multiplicar diariamente, fato que

Um dos grandes mistérios da aviação mundial aconteceu em 8 de março de 2014, quando o voo MH 370 da Malaysia Airlines desapareceu e provocou a maior operação de busca por mar, terra e ar. O avião terá decolado de Kuala Lumpur às 0h41, o Boeing 777-200 deveria chegar a Pequim seis horas mais tarde, mas quarenta minutos após a decolagem, desapareceu subitamente das telas do radar.

52


• REALIDADE E FICÇÃO MISTURAMSE DE UMA FORMA QUASE IMPERCEPTÍVEL. O QUE PRETENDIA COM ESTA FORMA DE NARRATIVA? DEIXAR O LEITOR MAIS CURIOSO? As ruas estão cheias de pessoas e, as bibliotecas carregadas de livros. É preciso chamar a atenção do leitor de alguma maneira. No meio da rua, se queres chamar a atenção, tens que levantar os braços. Nos livros tudo é bem diferente. É preciso respeitar algumas regras, por vezes quebrá-las, para que o leitor olhe para o teu livro, ou para o teu percurso literário. Em alguns livros, a realidade e a ficção andam na maioria das vezes de mãos dadas. De outra maneira, não se consegue chamar a atenção e prender o leitor ao livro. O autor deve sempre respeitar a sua ideia, mas lê-la como leitor. Era preciso entrar na pele das personagens, e vestir a pele dos agentes da polícia Malaia, pensar como eles e talvez desta fora conseguisse encontrar algumas explicações para o que tinha acontecido com o avião da Malásia Airlines. Contudo era preciso algum cuidado com o que seria escrito, ao contar uma história trágica, é preciso algum cuidado para não ferir os sentimentos dos familiares dos passageiros.

• ESTE ACIDENTE É ALGO SOCIALMENTE INACEITÁVEL? O desaparecimento do voo MH 370, é um acontecimento inaceitável, para os dias de hoje. Hoje todos os passos são controlados à distância, o que torna este acontecimento ainda mais misterioso. Será preciso encontrar uma solução global ou criar uma instituição independente capaz de investigar estes acontecimentos, sem medo de expor a verdade. Eu acredito que os contornos em torno do desaparecimento do avião é conhecida, mas não podem ser contados. David Learmount, Editor de Segurança e de Operações do site Flight Global, especializado no setor aéreo, afirmou à BBC News que “as aeronaves de hoje são incrivelmente confiáveis, o que reduz muito o risco de que uma falha estrutural imediata aconteça durante o voo. Simplesmente isso não acontece”. Existem testemunhas que afirmam ter ouvido e visto na madrugada de 8 de Março um avião, com as mesmas características do Boeing 777-200 da Malaysia Airlines, sobrevoar as suas casas. Ele estava seguindo os pontos de navegação que levariam a aeronave até as Ilhas Andamão. Os dados do radar não mostram a aeronave sobre as Ilhas Andamão, mas somente uma rota conhecida que levaria até elas. Na mesma direção existe a ilha Diego Garcia, onde se situa uma das mais importantes bases estratégicas Americanas. Um jornal russo, Moskovsky Komsomolets (The Daily Star), afirmou que o avião desaparecido do voo MH 370 foi sequestrado e levado para o Afeganistão, citando um agente do Serviço Secreto Federal (FSB) como fonte de mais uma informação intrigante. Ele alegou ainda que todos os 227 passageiros e 12 tripulantes poderão estar vivos. Ou pelo menos alguns deles.

ENTREV ISTA

me chamou a atenção. Cheguei à triste conclusão depois de acabar de escrever este livro – A Verdade não podia ser contada. Primeiro ponto, um avião não pode desaparecer e, o que levou a acreditar que existia mão humana para tal desgraça, para o que tinha ocorrido. Assim sendo, passam a existir os ingredientes necessários, para criar uma teoria da conspiração. Era preciso descobrir, qual a carga misteriosa que nunca foi revelada, uma arama, pronta para ser vendida no mercado negro? Ou quem eram os passageiros e, que poderes tinham.

53


ENTREV ISTA

• QUANTO TEMPO DEMOROU A INVESTIGAÇÃO E A ESCRITA DESTA OBRA? Uns seis meses. Só quando terminei de escrever o rascunho do último capitulo, a que me apercebi que a verdade poderia estar a ser muito bem dissimulada, para que nunca fosse descoberta. A dada altura estava tão envolvido com o que tinha acontecido, como os familiares das vítimas ou as pessoas envolvidas nas buscas, que me dediquei apenas a este projeto, o que nunca tinha acontecido. Na maioria das vezes, sou capaz de estar a trabalhar em vários temas em simultâneo, parando um para recomeçar outro, ou simplesmente deixa-lo na gaveta algum tempo. Neste livro deixei-me envolver, mais que os anteriores, tornando-se cada vez mais empolgante, como se eu procurasse encontrar “ uma agulha no palheiro” o pior de tudo é que ninguém sabia onde estava o palheiro. Logo não se sabia muito bem qual era o local certo para procurar o avião. • COMO SE INSPIROU PARA A TRAMA FICCIONADA? A inspiração para escrever este livro, baseou-se na investigação sobre a caga misteriosa e os passageiros que estavam a bordo do voo MH 370, para além de acompanhar as buscas e as novidades que estavam a ser transmitidas. • FOI DIFÍCIL ACEDER AOS PORMENORES NECESSÁRIOS PARA DAR CONSISTÊNCIA AO QUE ERA REAL?

54

Acredito que os meios ou as direções tomadas pelas buscas do avião, não foram bem estudadas ou exploradas. Hoje é muito mais fácil tirar conclusões. A experiencia ajuda-nos a compreender

melhor. As dificuldades foram aparecendo, aos poucos, quanto mais eu me aproximava da oportunidade de ser bemsucedido na minha teoria do desvio do avião, mais obstáculos apareciam e eram precisos ser ultrapassados. Para mim não existiam dúvidas, o avião tinha sido desviado, mas para onde e porquê, eu não sabia. Para isso tive que me registar em alguns fóruns e até numa plataforma para ajudar na procura do avião, analisando as imagens do imenso oceano disponibilizadas, após terem sido captadas por um satélite. • QUAL ERA O OBJETIVO NUCLEAR COM O LANÇAMENTO DE UMA OBRA DESTA MAGNITUDE? Quando o autor está a escrever um livro, penso que deve ser assim com os outros autores, o pensamento não passa pela magnitude que o livro pode atingir, pelo menos na fase inicial. É preciso seguir uma linha sequencial da história, fiel às personagens, locais e acontecimentos. Existem várias fases ao escrever uma história. O autor começa por depositar o prazer da escrita ao escrever a sua nova história sem saber muito bem por vezes como vai terminar. A história pode ser alterada a cada segundo, dependendo na maioria das vezes do estado emocional do autor. Depois é colocando uma boa dose de factos, curiosidades, sentimentos, para manter o leitor colado ao livro da primeira à última página. Contudo não excluo o pensamento de o livro se tornar num “best seler” traduzido em várias línguas. O livro tem ingredientes suficientes, para provar uma verdade escondida perante o que aconteceu ao avião.


ENTREV ISTA

• REALÇA-SE, DE ALGUMA FORMA, UMA ESPÉCIE DE TEORIA DA CONSPIRAÇÃO NO DESAPARECIMENTO DESTE AVIÃO. A SUA OBRA AJUDA-A A TORNAR-SE CONSISTENTE OU DEITA POR TERRA ESSA POSSIBILIDADE. Acho que já não existem dúvidas, este livro só pode ser interpretado dessa forma. Esta história não podia ser contada de outra maneira. Desde a primeira página que o livro foi escrito, para que o leitor perceba o que pode ter acontecido ao voo MH 370. Ao ler este livro, o leitor retoma as buscas que foram realizadas durantes as primeiras semanas, deixando em aberto . Acredito que a tripulação e os passageiros perderam a consciência, antes de o avião aterrar em parte incerta, para o mundo, mas no local desejado. • O LIVRO É INTEMPORAL? Os livros são de facto intemporais. Essa é a magia dos livros, permitindo que os leitores possam viajar no tempo, nas mais diversas histórias que existem em livros, mas na verdade quem viaja no tempo não só os leitores, mas os livros. Eu acho que os autores devem escrever sobre a época em que vivem. Relativamente a este livro, ele permanecerá sempre atual. Na minha opnião o avião foi desviado, com contornos invulgares, mas liderado por pessoas muito poderosas, impedido que a verdade possa ser contada. Os objetos encontrados a 2.500 km ao sudoeste de Perth, a grande cidade da costa Oeste da Austrália, foi apenas um ato de diversão, talvez um desvio de atenções. Os anos vão passar muito lentamente para quem se dedicar a esta investigação, e por cada dia que passar as pessoas falarão menos sobre esse assunto. Os familiares irão fazer o seu luto e o tempo se encarregará de apagar o resto.

PARA ADQUIRIR O LIVRO: https://www.chiadobooks.com/livraria/o-misterio-mh-370 http://www.amazon.com/O-Mist%C3%A9rio-MH-370Portuguese/dp/1503128539/ref=sr_1_1?ie=UTF8&qid=141632 2929&sr=8-1&keywords=O+Mist%C3%A9rio+Mh+370

55


O S PEQU E N O S MA R QUES E S 56

• QUANDO O DESENVOLVIMENTO DO MEU FILHO “FOGE” À NORMA• ou seja, antes do nascimento do bebé já a família tem expectativas e ansiedades relativamente ao mesmo aquando do nascimento.

Ter um filho é o grande desejo da maioria dos casais. O nascimento de um bebé é um marco relevante e marcante para toda a família. Segundo Gameiro (1992, família é uma rede complexa de relações e emoções (…)”, é também um lugar de profundo afeto, autenticidade, confiança e solidariedade. Quando se decide formar uma família, ter filhos idealiza-se um cenário perfeito. Quer-se que tudo corra bem, que a gestação corra sem sobressaltos, que o seu termo seja no tempo certo, que o parto decorra bem, quer seja de forma natural ou de cesariana. Para os pais, o bebé começa a “existir” antes da sua conceção, pois a partir do momento em que o planeiam, os futuros papás começam logo a imaginar como o seu filho será. Os pais não só idealizam as qualidades do futuro filho como têm presente a noção de saúde e bem-estar. É muito comum ouvir-se a expressão “o sexo não importa, desde que venha perfeitinho” ou até mesmo “o que interessa é que venha com saúde”,

Ter um filho, de facto, é um dos acontecimentos mais vitais para o ser humano. Os vínculos afetivos que se estabelecem entre pais e filhos são, por norma, muito intensos, as emoções partilhadas são fonte de felicidade e, ao mesmo tempo de receio felicidade pela realização de uma expectativa idealizada e de uma projeção de si mesmo; receio por algo que possa não corresponder a essa idealização e que escape à “normalização” de um desenvolvimento saudável e harmonioso do filho. O nascimento de uma criança fora do que são os parâmetros considerados de normalidade cria uma nova realidade para a família, que terá de fazer uma serie de reestruturações.

MAS O QUE É ISSO DE NORMALIDADE? Segundo Canguilhem, os critérios para classificar o conceito de normalidade dependem de opções filosóficas, ideológicas e pragmáticas. Alguns dos principais critérios na área da psicopatologia são: a normalidade como ausência de doença, a normalidade ideal, a normalidade estatística, a normalidade funcional, entre outras, mas a que gostaríamos


O conceito de normalidade implica um estado de bem-estar psicológico através do qual o indivíduo desenvolve as suas próprias capacidades e potencialidades, relacionando-se com os outros de forma significativa (…). Quando isto não acontece, o que se sente, como se reage? Por vezes os Pais são confrontados logo à nascença do filho para a dura realidade de que este é portador de uma deficiência. Perante este diagnóstico é natural que os sentimentos passem pela tristeza, pelo medo e pela dúvida.

Deparam-se diante da renúncia da expectativa que foram alimentando ao longo de toda a gestação de estar a gerar o filho ideal, o filho perfeito sem nenhuma e qualquer dificuldade. Nos casos em que a criança com um desenvolvimento normal sofre um acidente ou uma doença, o processo pode ser ainda mais duro pois o que se perde não é apenas uma ideia, uma fantasia, mas a perda das capacidades reais que o filho possuía. As fases mais frequentes que se vivenciam desde que se constata a deficiência de um filho até à aceitação da mesma são, segundo Seligman e Hornby (1979/1995) FASE DE CHOQUE Em que ao ser informado de que o filho tem uma deficiência se cria um bloqueio, um atordoamento geral que pode impedir a compreensão da mensagem que está a ser transmitida. FASE DA NEGAÇÃO Em que após a profunda perturbação e desorientação inicial, a primeira reação passa por “esquecer” ou ignorar a informação recebida, tentando levar o diaa-dia como se nada estivesse a acontecer ou então a resistir de forma mais ativa, questionando a veracidade do diagnóstico e considerando-o um erro.

Na maioria das vezes perante esta realidade há uma grande dificuldade de aceitação, o que vai obrigar a um enorme conjunto de transformações e mudança na família. As etapas que trilham até à aceitação da deficiência de um filho são similares às de um luto, em que há um sentimento de derrota, de falha e de perda.

O S PEQU E N O S MA R QUES E S

de destacar é a normalidade como bem-estar, que a Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu como saúde, sendo esta o complemento entre o bem-estar físico, mental e social e não somente a ausência de doença.

FASE DE REAÇÃO Em que depois do choque e da negação dos primeiros momentos se vive uma serie de emoções e sentimentos tais como a Irritação, a Culpa, a Depressão, a Ansiedade e o Sentimento de fracasso estes constituem os primeiros passos para a adaptação à situação. FASE DA ADAPTAÇÃO E ORIENTAÇÃO Depois de sentir com intensidade algumas

57


O S PEQU E N O S MA R QUES E S 58

das reações mencionadas, chega-se a um grau de calma emocional que permite avançar no sentido de uma visão realista e pragmática, centrando-se no que se deve fazer e como ajudar a criança portadora de deficiência Quando ao longo do desenvolvimento de um filho chega a informação de que este pode sofrer de uma perturbação que afeta o seu normal desenvolvimento e/ou afeta a sua aprendizagem como por exemplo uma Perturbação do Espectro do Autismo, Asperger, sente-se e vivencia-se o mesmo sentimento de falha e perda o que leva na grande maioria das vezes, a negar este facto e a fechar os olhos o mais possível para não enfrentar a “falência” enquanto pais. Tenta-se “inventar desculpas” que justifiquem alguns comportamentos que possam indicar essas mesmas perturbações e, só muito mais tarde e, já sem “espaço” para que se possa negar ou evitar aceitar as evidências, é que se acaba por passar à fase de adaptação e orientação, procurando, desta forma e inevitavelmente ajuda. A infância é um período dinâmico de crescimento e de mudança. O desenvolvimento consiste num processo contínuo e complexo de aquisição de competências funcionais, que permitem à criança adaptar-se ao meio envolvente. A aquisição das diversas competências depende da integridade do sistema nervoso e da estabilidade do contexto psicoafectivo da criança e faz-se por etapas, passando por uma sequência fixa, ou seja, existem certas competências que são adquiridas em cada etapa. No entanto, o ritmo de aquisição de cada competência varia de criança para criança, uma vez que cada uma delas é única.

Não obstante, para cada uma das etapas existem sinais de alerta que nos indicam a possibilidade de uma perturbação do às quais devemos estar atentos, vigilantes e relativamente às quais devemos adotar uma postura proactiva.

A CRIANÇA TERÁ UMA MELHOR EVOLUÇÃO SE FOR ACOMPANHADA PRECOCEMENTE E SE SENTIR O APOIO DA FAMÍLIA. O principal é não desistir do filho, da criança, ser persistente e intervir na necessidade da mesma porque tudo pode ser ultrapassado ou minimizado apesar da dificuldade. O mais importante é que exista um ambiente de amor, calma, confiança, segurança e apoio incondicional. É essencial que a família dedique e foque a sua atenção no filho que sofre de alguma perturbação de desenvolvimento ou de aprendizagem, procurando estimulálo e incentivá-lo ao máximo e o mais precocemente possível na conquista


Assim que o bebé nasce e se verifica que é portador de uma deficiência ou assim que após a nascença se detete uma malformação ou perturbação, é fundamental que seja sinalizado e encaminhado, seja pelo hospital, seja pela família, seja pela creche ou jardimde-infância, à Equipa de Intervenção Precoce da sua área de residência. A Intervenção Precoce está regulamentada pelo Decreto-Lei nº 281/2009 de 6 de outubro e abrange todas as crianças até aos 6 anos de idade que apresentem algum tipo de desenvolvimento atípico. Destina-se a crianças que estejam em risco de atraso de desenvolvimento, que manifestem deficiência ou revelem necessidades educativas especiais. Consiste na prestação de serviços educativos, terapêuticos e sociais a estas crianças e às suas famílias. A intervenção precoce pode iniciarse a partir da nascença e quanto mais cedo se iniciar maior é o potencial de desenvolvimento de cada criança. Está provado que a intervenção precoce demonstra resultados muito positivos ao nível do desenvolvimento e educação das crianças que dela beneficiam, melhora o nível de funcionamento da família e produz benefícios económicos e sociais a longo prazo.

A intervenção individualizada e dirigida às necessidades específicas da criança está associada a bons resultados, no entanto é também possível um trabalho em grupo que será definido pelo técnico especializado responsável pela criança As atividades de grupo podem ser estruturadas de forma a ir ao encontro das necessidades educativas de cada criança. O tipo de intervenção será definida pelas equipas de intervenção que elaborarão um plano individual de intervenção precoce (PIIP) onde estará organizada toda a informação sobre a criança, as metodologias a utilizar e os objetivos propostos. Este documento contará com a colaboração da família. Todas as crianças são crianças independentemente de serem portadoras ou não de uma deficiência ou de terem ou não uma perturbação de desenvolvimento que possa comprometer a sua aprendizagem. Todas têm os mesmos direitos, a serem crianças e a beneficiarem de um ambiente familiar coeso, atento e protetor. Têm, também, o direito a uma educação inclusiva onde possam estar rodeadas de outras crianças e onde os agentes educativos lhes proporcionem todas as condições para o desenvolvimento das suas competências, onde interajam com os seus pares e onde não sintam a diferença.

O S PEQU E N O S MA R QUES E S

da sua autonomia, desenvolvimento e crescimento, para que possa viver uma vida tão equiparada quanto possível à dos restantes elementos da família e da sociedade.

Esta não pode ser motivo de exclusão; deve ser, sim, uma oportunidade de aprendizagem para todos, crianças e adultos, que têm o privilégio de contatar e partilhar o seu dia-a-dia com estas crianças. Texto: Olga Muro

59


COLUNA S OCIA L

por Eduarda Andrino

•1º ANIVERSÁRIO•

CHARMERS LISBON Foi no dia 3 de Março, que foi celebrado o 1º aniversário da Charmers Lisbon, numa festa com múltiplas surpresas como o lançamento da mala de edição limitada lançada por Zulmira Ferreira, totalmente desenhada e personalizada pela mesma nas cores preto ou camel. O evento contou com muitos clientes, amigos e conhecidos da loja, que para além de conhecerem as novidades das novas tendências para FW 2018/19, desfrutaram desta celebração ao som único da Dj Merche Romero sempre única e igual a si própria.

Créditos: Augusto Abel Dias

60

A Charmers Lisbon é a prova de mais um projecto de sucesso que muito dignifica a moda e o comércio de vestuário em Portugal.


•18ª

GALA

DO DESPORTO DE CASCAIS • O Salão Preto e Prata do Casino Estoril acolheu dia 21 de Janeiro, a 18.ª Gala do Desporto de Cascais, cerimónia de homenagem aos atletas do concelho pelos títulos alcançados nas épocas 2016/2017. A votação foi feita pelo público mais uma vez.

COLUNA S OCIA L

por Eduarda Andrino

Na cerimónia foram divulgados os “Melhores do ano 2017” nas categorias Esperança Feminina / Esperança Masculino / Atleta feminina / Atleta Masculino / Equipa / Treinador. A seleção está a cargo de um júri constituído por personalidades do meio desportivo que escolhem os melhores atletas nas seis categorias indicadas. Destaco entre os nomeados, o vencedor Bernardo Cancela de Abreu, “Treinador do ano” na categoria de Bodyboard. Estiveram presentes 400 personalidades do mundo desportivo do concelho de Cascais e representados 25 clubes, 24 federações e 32 modalidades desportivas. Cascais é candidata a Cidade Europeia do Desporto 2019.

61


COLUNA S OCIA L

por Eduarda Andrino

SÓNIA COSTA IN HONOR OF TINA TURNER •”THE ULTIMATE CELEBRATION”• A cantora Sónia Costa esteve de corpo e alma no Auditório Ruy De Carvalho (Carnaxide) a 21 de Fevereiro pelas 21h30, com uma plateia a abarrotar de fãs, amigos e conhecidos para verem a excelente interpretação do mix de “covers” do enorme reportório de Tina Turner numa verdadeira homenagem a esta diva. Absolutamente Arrepiante! Foi também um momento muito especial pelo reencontro de amigos do coração da cantora. A noite tornou-se mágica e fez vibrar toda a plateia como falam as imagens. STAFF Produção: Patrícia S. Cardoso, Vanessa Kebe, Ruben Vinagre Som: Pedro Sá Chaves Piano e direção musical: Bruno Faneco Caracterização: Dora Garcez Cabelos: Esmeralda Roque Fotos: João Ramos e Abel Dias

62


EVENTO FOTOGRÁFICO

•ANGELS AND DEMONDS• “Angels & Demons” é um romance policial do escritor Dan Brown. O livro fala do histórico conflito entre ciência e religião, em particular entre os Illuminati e da Igreja Católica. Foi inspirado neste mundo fantástico que Anabela Vieira realizou o seu primeiro evento individual num misto de paixão pelo mundo da ilusão e a arte que nasceu consigo e que tão bem transporta através das suas mãos de fada!

COLUNA S OCIA L

por Eduarda Andrino

Anabela Vieira e uma mulher multifacetada, mostrando aqui o seu ponto de vista muito particular sobre o fantástico! O resultado do evento foi um murro no estômago! FICHA TÉCNICA MUA, roupa, adereços e maquilhagem: Anabela Vieira Cabelos: Vera Belchior Fotógrafos: Jorge Ferreira, Pedro Ralha, Vera Pereira, Nuno Henriques, Luís Lobo Henriques, Carlos Barbeitos, Carlos Carreto, Rosa Paixão, Filipe Ferreira, Gil Quintino, Samuel Santos, Ricardo Carneiro, Ilda Silva, Pedro Ribeiro, João Delgado. Local: Jardim do Solar do Visconde da Barreira. Apoio: Junta de Freguesia da Barreira Produção: Mysterious Events

63


COLUNA S OCIA L

por Eduarda Andrino

•OPEN DAY•

ACADEMIA 365 Foi a 3 de Março que decorreu o primeiro encontro “Open Day” da “Academia 365” em parceria com a “Arena Aqua & Fitness Club”! Um grupo de mulheres partilharam com Cármen Mateus e Rui Martins (PT) mediadores deste encontro um dia diferente. O encontro assentou no descobrir do potencial de vida pessoal e profissional do homem e mulher, todos diferentes, todos com potencial ilimitado! Beleza e imagem, gestão da emoção, treino físico, convidados especiais, Créditos: Lúcio Cruz e Paulo Mascarenhas

64

convívio serão uma constante todos os meses sempre com novidades! A Academia 365 procura que o tempo seja intensivo para ser mais e melhor e positivo durante os 365 dias do ano 2018 com o lema “Eu Sou”! A troca de testemunhos decorreu entre os presentes e foi motivante e muito empreendedor! O evento terminou com o testemunho de vida da convidada de honra deste primeiro encontro - Eduarda Andrino.


P UB LICIDA DE

•USHINDI SHOES•

Criada em 2015, a Ushindi Shoes quer inovar pelo design, sem descurar a qualidade e conforto a que já habituamos os nossos clientes. USHINDI SHOES - Made in Portugal e o link do site https://ushindishoes.facestore.pt

65


Te m a d a PRÓXIMA EDIÇÃO! N ão perca!

•DOENÇAS QUE OBRIGAM A RECOMEÇAR•

Visite-nos em:

WWW.FACEBOOK.COM/REVISTA.INURBAN.PT/ WWW.INSTAGRAM.COM/REVISTA_INURBAN/ Para reportagens contactar, Coordenadora Editorial

MANUELA PEREIRA | 910749747


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.