Revista Inurban, edição de março 2018

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M a rç o 2 0 1 8 / n º 3 8

/Consultório da Mente/pág. 12/

VAMOS PÔR UM TRAVÃO NO CYBERBULLYING? “É uma perseguição. E é isto que convém perceber.” (Maria Inês Matos)

/As Minhas Crónicas/pág. 26/

A JANELA ABERTA PARA O MUNDO

NA MENTIRA VIVIDA DE PORTA FECHADA (Sónia Machado Araújo)

/Psicologia/pág. 50/

INTERNET

SOU OU NÃO DEPENDENTE? • “O transtorno acontece quando a utilização excessiva começa a atrapalhar as actividades do dia a dia e a vida social das pessoas.” (Sandra Cunha)

DEEP WEB


ÍNDICE

F ICHA TÉCNICA Direcão: TIAGO BARREIRO Coordenação Editorial: MANUELA PEREIRA Design/Paginação: SILVANA RIBEIRO Artigos e Rúbricas / Fotos: ANTÓNIO MAIA MARIA INÊS MATOS EDUARDA ANDRINO PATRULHA MALVADA SÓNIA MACHADO ARAÚJO SANDRA CUNHA DRª. ANDREIA RODRIGUES BRUNO ANDRADE GAJA DOS TIPOS DE CORPO DR. FILIPE MAGALHÃES RAMOS BRUNO COSTA CARVALHO TIAGO VAZ OSÓRIO AUREA VENCESLAU NADINE MUSSÁ OLGA MURO LEONOR NORONHA

Nota: A responsabilidade dos conteúdos e revisão textual é do autor de cada rubrica! A Inurban não se responsabiliza pela informação escrita e organização linguística.


/Cantinho do Maia/

•TECHIE DEEP WEB•-------- Pág. 4 /Consultório da Mente/

•VAMOS PÔR UM TRAVÃO NO CYBERBULLYING?•-------- Pág. 8 /Por Detrás do Pano/

•PATRULHA MALVADA - DUPLA DE TRÊS: PROFISSIONALISMO, ALEGRIA, HUMOR E SOLIDARIEDADE •-------- Pág. 12 /As Minhas Crónicas/

•A JANELA ABERTA PARA O MUNDO•-------- Pág. 17 /Psicologia/

•INTERNET SOU OU NÃO DEPENDENTE? •-------- Pág. 20 /Team 4 Health/

•PEDAGOOOGIA 3000•-------- Pág. 22 /Fitness Hut/

•SURF TREINO INDOOR•-------- Pág. 24 /Comer Bem/

•QUAL O SEU PESO IDEAL?•-------- Pág. 28 /Filipe Magalhães Ramos/

•LIFTING CIRÚRGICO•-------- Pág. 30 /Plus Ultra/

•HAVERÁ VIDA NOUTROS PLANETAS?•-------- Pág. 32 /Cinema/

•THE POST•-------- Pág. 42 /Armário Sem Chave/

•SPORT CHIC

TENDÊNCIA VERÃO 2018 •--------

Pág. 44

/De Dentro para Fora/

• ENCOBERTOS PELA SOMBRA O LADO NEGRO DA INTERNET•-------- Pág. 46 /Coluna Social/

• 1º BAZAR MENSAL JOAN AUGUNI•-------- Pág. 50 • EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA E LANÇAMENTO DE LIVRO DE ZITO DELGADO•-------- Pág. 51 •FÁTIMA LOPES MILÃO•-------- Pág. 52 •PROTOCOLO “CONSELHEIROS DA VISÃO” E “PORTO EDITORA” •-------- Pág. 53 • EXPOSIÇÃO FOTOGRAFIA “JOÃO AGUARDELA”•-------- Pág. 54 /Entrevista/

•HACKERS•-------- Pág. 56 /Os Pequenos Marqueses/

•O MUNDO WEB NA INFÂNCIA•-------- Pág. 60 /Selo de Qualidade/

• RESTAURANTE CHARKOAL•-------- Pág. 66 • RESTAURANTE LODGE•-------- Pág. 68


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•TECHIE DEEP WEB• Um novo mês para a Inurban, um novo artigo. Desta feita, e atento o tema da revista, “Deep Web”, a série “Techie” é a mais apropriada para trazer aos caros leitores os meus conhecimentos sobre o assunto em mãos. Imagino que, para o leitor que não esteja por dentro dos meandros na informática, e em particular da Internet, a mera expressão “Deep Web” possa desde logo trazer ao de cima a pergunta: “Mas afinal o que é a Deep Web? A Internet não é só uma?”. A resposta a essas questões é o que pretendo transmitir com o presente artigo. Começarei pela resposta à questão mais simples: Afinal existe mais do que uma Internet ou não? A resposta a esta pergunta é aparentemente simples: Sim, existe só uma Internet, o conjunto de computadores interligados que se iniciou na década de 60 com a ARPANET, um projeto de pesquisa do governo dos EUA com o intuito de criar protocolos de comunicação que permitissem a interligação de várias redes diferentes. A sua evolução, em especial em 1982 com a standardização do protocolo TCP/IP (o protocolo de transmissão de dados utilizado na Internet), e o início da interligação à rede original, primariamente militar e académica, de ISPs (Internet Service Providers, ou Provedores de Serviço) comerciais permitiram a criação do que é hoje conhecido pela Internet.

CONTUDO, HÁ POR UM LADO QUE NOTAR QUE A INTERNET NÃO É A ÚNICA REDE DE REDES DO MUNDO. Em particular em aplicações militares, ou em locais remotos sem acesso à Internet, continuam a poder existir, e frequentemente existem, redes de computadores onde se efetua troca de dados e informação. No entanto, não estando estas redes ligadas à Internet, não estão acessíveis à generalidade da população, como é o caso da Internet. Por outro lado, e aqui nos aproximamos já do tema central deste artigo, há que notar que nem toda a informação existente na Internet está acessível a qualquer pessoa que aceda à rede. Aliás, estimativas apontam mesmo para que mais de 90% dessa informação não esteja acessível ao “comum dos mortais”. Atendendo à natureza oculta desta parte da Internet, não será possível nunca saber ao certo o seu tamanho real, mas também por natureza será sempre um volume de informação muito maior do que o efetivamente visível. E é aqui que surge o conceito de Deep Web, associado frequentemente à figura de um iceberg. Acima da linha da água fica a normalmente designada “World Wide Web”, e abaixo dela a “Deep Web”, destacando-se daqui um segmento particular com o nome de “Dark Web”.


acessível através de um motor de busca (como o Google, o Bing, ou o Yahoo, por exemplo) pertence à World Wide Web.

Importa agora, então, debruçarmo-nos sobre cada uma destas camadas do iceberg.

Acontece, porém, que a aplicação World Wide Web tida no seu conjunto não é a única que corre sobre a Internet.

Em primeiro lugar, haverá que notar que a World Wide Web não é a mesma coisa que Internet, embora vulgarmente estes termos sejam utilizados indistintamente. Embora na prática para o utilizador comum tal seja o caso, importa fazer a distinção.

Nem a que é mais acedida, nem a que utiliza mais dados.

A World Wide Web é apenas uma aplicação que corre na Internet, e corresponde à soma de todos os documentos e recursos acessíveis através de URLs, ou endereços da web, como são vulgarmente designados. A página principal do Google, por exemplo, é um conjunto de documentos e recursos acessíveis através de vários URLs. Assim, faz parte da World Wide Web. Na prática, qualquer página, imagem ou documento

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O conjunto formado pela totalidade do iceberg corresponderá, assim, à Internet na sua globalidade.

Mas, não estando diretamente acessível através de um motor de busca, ou precisando de software específico que não apenas um browser/navegador, tudo o resto é geralmente considerado parte da Deep Web.

IMAGINO QUE AGORA O CARO LEITOR SE ESTEJA A INTERROGAR SOBRE ENTÃO O QUE CABE NA DEEP WEB, E SE TAL É PERIGOSO OU NÃO. A RESPOSTA A ESTAS QUESTÕES É, RESPETIVAMENTE, “MUITA COISA” E “NÃO NECESSARIAMENTE”.

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Ok! O suspense já é muito. Vamos então dar exemplos do que pertence ou não à Deep Web. Primeiro exemplo: o Facebook. Dirá o caro leitor “mas toda a gente conhece o Facebook, e é fácil de o encontrar no Google!”, e terá toda a razão. Qualquer pessoa consegue encontrar a página de entrada no Facebook facilmente. Da mesma forma, algum do conteúdo do Facebook é acessível através de pesquisas no Google, ou de outro motor de pesquisa. No entanto, a única informação disponível para a generalidade da população, mesmo através de pesquisas, é básica, e limitada aos perfis públicos de utilizadores. Se pesquisar o nome do autor deste artigo, não encontrará o seu perfil de Facebook. A não ser, claro, que tenha fornecido ao Facebook os seus dados de acesso. E aqui está a diferença que faz com que o Facebook esteja quer na World Wide Web quer na Deep Web: parte do seu conteúdo só está acessível de uma forma mais ou menos restrita. Da mesma forma, o E-mail, outro serviço que corre na Internet, faz eminentemente parte da Deep Web, porque não é indexado e cada utilizador só tem acesso aos documentos que lhe dizem respeito, ninguém tem todo o conteúdo da caixa de correio eletrónico de terceiros publicamente acessível apenas com uma rápida pesquisa no Google. Isto é, presumindo que não ocorra uma quebra maciça de segurança e que de repente algum motor de pesquisa passe a indexar contas de correio eletrónico.

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Um último exemplo, também popular: o WhatsApp.

Tal como no Facebook e no e-mail, a grande maioria dos dados relativos a esta aplicação, que é facilmente localizável na World Wide Web, está compartimentada, acessível apenas a quem por um lado tiver uma conta de acesso, e por outro uma aplicação específica, que permite enviar, receber e armazenar mensagens de texto, e realizar chamadas de áudio e vídeo. Todos estes, e muitos outros, serviços operam, assim, na Deep Web, e são perfeitamente legais. Existe, no entanto, uma camada mais profunda da Deep Web, a Dark Web, que abrange aplicações que correm também na Internet mas de legalidade no mínimo duvidosa e frequentemente completamente ilegais. Refiro-me aqui a coisas desde “Torrents” ilícitos (notando aqui que há usos perfeitamente lícitos de troca de ficheiros) até escravatura, pornografia ilegal e assassinatos a soldo. Este tipo de aplicações pode nem sequer ter uma face na World Wide Web, ao contrário dos exemplos que referi antes. Aliás, muitas vezes tal é o caso. Aqui chegados, e antes de continuar, referirei que, a nível pessoal, considero a troca de ficheiros (quer seja através de torrents quer seja através de Usenet, FTP, ou outros protocolos) mais próxima da Deep Web do que da Dark Web, em virtude de ser relativamente fácil de aceder a esse conteúdo (os leitores que viveram na década de 90 lembrar-se-ão da facilidade com que se acedia ao Napster, uma das primeiras formas de troca de ficheiros de legalidade duvidosa). No entanto, atenta a proliferação de material ilegal neste tipo de aplicações, que inexoravelmente mancha a reputação das mesmas, terei de considerar que estarão também ligadas à Dark Web.


A FACE DA VERDADEIRA DARK WEB É ANÓNIMA. Para se aceder aos serviços considerados verdadeiramente ilegais de uma forma ou outra, podendo haver casos de atividade considerada ilegal mas ética (tudo desde denunciantes de informação, a troca de mensagens por ativistas políticos perseguidos nos seus países, a assassinato a soldo, a compra e venda de droga, passando por todo o tipo de práticas ilícitas que possam passar pela cabeça ao ilustre leitor), é preciso garantir que, dentro do possível, não haja rastos que se possam seguir, ou que seja um rasto tão ténue que dificilmente se chegue a algum lado seguindo-o. Daí que a Dark Web se desenvolva geralmente (mas não em exclusivo) sobre o protocolo TOR (The Onion Router), ironicamente desenvolvido inicialmente pela Marinha dos Estados Unidos da América, e atualmente financiado maioritariamente pelo Departamento da Defesa deste país, para garantir a proteção das comunicações online dos serviços de inteligência dos EUA. Este protocolo de comunicação, implementado em software específico, permite que o tráfego originado por quem o usa seja encriptado na origem e desencriptado apenas no destino, e ao mesmo tempo passado aleatoriamente por diversos pontos da rede, até que cheguem ao seu destinatário, garantindo por um lado a segurança no teor da comunicação (através da encriptação), e um relativo anonimato (já que não é possível imediatamente saber qual o concreto ponto de origem do tráfego, mesmo que haja uma interceção do tráfego. Aqui chegados, nota-se que o protocolo

TOR não é utilizado apenas para fins ilícitos. Como se viu, o Departamento da Defesa dos EUA é o atual financiador primário, atentas as suas origens e finalidades originais. Além disso, há vários usos perfeitamente éticos, ainda que potencialmente ilícitos, para o seu uso. Por exemplo, as “Wikileaks” possivelmente não teriam sido possíveis sem este protocolo. Da mesma forma, diariamente inúmeras mensagens e informação são trocados através deste protocolo por ativistas que de outra forma poderiam facilmente ser encontrados e processados (ou pior) nos seus países, ou mesmo por cidadãos comuns que pretendem ter acesso a informação filtrada a nível nacional por “contrária ao regime”, ou considerada “contrária aos bons costumes”, aqui se incluindo até páginas e serviços existentes na World Wide Web, já que é possível transferir todo o tipo de informação sobre este protocolo.

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Raramente se sabe quem é quem, e onde os seus intervenientes se encontram.

Tal como na partilha de ficheiros que referi acima, o protocolo TOR não é necessariamente utilizado apenas para atividades ilegais, mas a sua reputação está, feliz ou infelizmente, altamente ligada a elas. O acesso a serviços disponibilizados através da plataforma TOR e similares foge de todo ao escopo do presente artigo. No entanto, e em especial no que diz respeito aos serviços de cariz criminal, a propaganda boca-a-boca, ou quanto muito outros serviços acessíveis através da Deep Web, são as formas de descobrir o que existe enterrado nas profundezas da Internet. Pessoalmente, prefiro não ir à procura, e espero sinceramente nunca ter de me encontrar numa situação em que trocar informação na Internet por TOR seja uma necessidade.

Texto: Adriano Maia

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CO N S U LTÓRIO DA M ENTE

•VAMOS PÔR UM TRAVÃO NO

CYBERBULLYING? •

Como não podia deixar de ser, venho falar-vos de Cyberbullying! Enquanto co-fundadora do projeto A.P.P.I.B. (Associação Portuguesa de Prevenção e Intervenção no Bullying) conheço bem esta realidade. O bullying, seja sob que forma for, já não consegue andar disfarçado. É violência. Ponto. Não o ignoremos. Compreendo que haja uma linha ténue entre o bullying e as brincadeiras típicas de criança. Elas testam limites, faz parte, e muitas vezes fazem disparates pelo caminho. Mas bullying é diferente, é continuado e tem intenção de magoar. É maldoso e pura e simplesmente negativo, não há nada de bom nele, nem mesmo como aprendizagem.

É UMA PERSEGUIÇÃO. E É ISTO QUE CONVÉM PERCEBER. Muitas vezes viramos a cara a estas atitudes, e ai de mim se não o fiz também, assumindo que se trata de um jogo de crianças com o qual elas aprendem a ficar mais fortes. Mas ficamos mais fortes ao sermos confrontados com maldade? Se todos os dias chegarmos ao trabalho e alguém nos disser “estás cá com um ar!”, todos os dias sem excepção, será que aprendemos a ter menos “esse ar”?

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Pois é, o bullying é o explorar destrutivo de uma fraqueza que simplesmente não

conseguimos mudar. Perde o sentido de brincadeira pois não há nada de construtivo a obter dali. Só dói. E essa mágoa continuada irá ter, garanto-vos, muitos efeitos negativos para todos, quer seja quem ataca, quer sejam as vítimas. Enquanto pais, familiares, educadores, ou simplesmente seres humanos, todos temos um papel ativo a desempenhar. E este começa por não ignorar. Estar atento aos sinais das crianças com as quais lidamos, ou até mesmo nos adultos, estar aberto à comunicação plena e sem julgamentos. Deixarmo-nos de frases como “faz-te homem”, como se


Não. Para quebrar o ciclo é preciso quebrar este padrão de comportamento antigo e ensinar crianças e adultos que a violência é um sinal de dor profunda e que não deve ser respondido da mesma forma. Não é ficar calado, mas há outras formas de o ensinar a defender-se, como os treinos de assertividade.

E ASSIM, ELE IRÁ APRENDER A AGIR DE FORMA REALMENTE POSITIVA E REFLETIDA EM QUALQUER ADVERSIDADE. Existem formas de educar a sociedade a reconhecer o que nos leva a agir de forma violenta, a tomar consciência das consequências das nossas atitudes, a aprender estratégias para lidar com conflitos ou simplesmente com o emaranhado que muitas vezes são as nossas emoções. Mas isso serão outras conversas às quais terei todo o gosto de responder caso tenham interesse, queridos leitores, em compreender um pouco mais estas questões (appib.apoio@gmail.com).

O FENÓMENO MODERNO DO CYBERBULLYING Há já algum tempo que lido com esta temática, seja pelos anos enquanto professora, seja pela investigação na psicologia a qual seguia atentamente, seja agora como formadora e interveniente ativa neste problema. E no trabalho que tenho vindo a desempenhar, o cyberbullying é sem dúvida um dos pesos que carrego aos ombros. E assusta-me. Assusta-me a falta de consciência das pessoas e a falta de ferramentas de que dispomos para lutar contra uma sombra que cresce sem que lhe prestemos atenção. O cyberbullying é definido pelos comportamentos de alguém com intuito de magoar outrém através de tecnologias interativas, sejam elas jogos online, e-mail, aplicações e plataformas de telemóvel ou outros dispositivos eletrónicos.

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ser homem implicasse não sentir. E não, ignorar não passa por ensinamentos à moda antiga, do género “paga na mesma moeda”,”amor com amor se paga”, ou sei lá eu que mais expressões fomos inventando para justificar um crescendo de violência estilo vingança do macho latino.

O cyberbullying inclui comportamentos de ameaça, envio de vírus, entrar nas contas de e-mail, humilhar e expor conteúdo pessoal da pessoa, publicando conteúdos, vídeos e fotografias e explorando as fraquezas da pessoa perante outros, excluir ou maltratar, incluindo conteúdo sexual (as famosas

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sexts ou nudes). Termos como trolling, griefing e killstealing começam a fazer parte do conhecimento comum de quem passa muito tempo online, sendo já acedido pela maioria das crianças e jovens. Os atos de cyberbullying são variáveis quanto ao seu conteúdo e efeito, mas podem ser verdadeiramente traumáticos, especialmente nos universos cada vez mais realistas que absorvem completamente a mente de quem neles entra, sendo muito difícil a distinção entre fantasia e realidade. Se um jogador online investe centenas ou milhares de horas na representação da sua personagem, o que é comum, então é natural existir um significativo apego emocional à mesma. A identidade da pessoa mistura-se com a da personagem.

TUDO ISTO ESCONDIDO ATRÁS DE UMA MÁSCARA QUE ESCONDE SENTIMENTOS DE DESADEQUAÇÃO, DESESPERO, PERDA E DEPRESSÃO NA VIDA REAL. Uma máscara que é também usada pelos agressores, em que o anonimato permitido pela internet encoraja os comportamentos antisociais e disruptivos por se sentirem protegidos das consequências de seus atos, dizem os especialistas. E não sendo isto suficiente, os dados de uma pesquisa feita em 2007 afirmavam que 32% dos adolescentes tinham sido vítimas do cyberbullying. E aquilo que podemos, enquanto adultos, identificar como pieguice, pode não ser assim tão linear. O ciberbullying altamente traumático na medida em que

é profundamente invasivo, significando que nem a nossa própria casa é um lugar seguro. Não há maneira de se refugiarem, e isso pode ser uma enorme fonte de angústia e desespero. Felizmente, tanto os responsáveis pela indústria de jogos como os das redes sociais estão cada vez mais alerta para este tipo de situações, tendo tomado já algumas medidas como bloqueio dos jogadores, identificação de palavraschave, a redução do número de participantes (Dunbar’s number) ou ainda a Declaração dos Direitos do Avatar, um conjunto de direitos e deveres pelos quais as personalidades online se devem reger.


1- MONITORIZE O USO DOS APARELHOS ELETRÓNICOS: Limite o tempo online e vá estimulando a comunicação sobre o que acontece nessas redes, perguntando com quem tem interagido. Se a criança não tiver nada a esconder, será aberta, desde que seja capaz de reagir sem exageros ou indiferença. 2- EDUQUE: Devemos preparar as crianças que estão sob a nossa responsabilidade, ensinando-lhes a importância da dignidade e privacidade tanto online como offline. E educar-nos também a nós, mostrando-nos sempre atentos e predispostos a compreender e atuar neste problema. 3- MODIFIQUE AS CONFIGURAÇÕES: Mostre aos seus filhos de que forma podem alterar as suas configurações de privacidade de forma restringir quem os pode contactar e aceder a informações sobre eles online e nas redes sociais.

4- REÚNA PROVAS: Se o cyberbullying se tornar grave, então é importante guardar as evidências do mesmo (mensagens, e-mails, printscreens), mantendo datas e horários das ocorrências. O seu filho poderá mostrar a sua assertividade ao dizer ao agressor que irá tomar medidas e alertar os moderadores ou provedores de serviços de Internet (ISPs) que muitas vezes têm o poder de suspender ou proibir cyberbullies. É importante que as crianças percebam que podem e devem reportar um bully. Se identificar alguns sinais mais profundos decorrentes da exposição a qualquer tipo de bullying, não faça de conta que os traumas se resolvem sozinhos, procure ajuda para si e para quem lhe é próximo. Uma boa terapia é como um bom medicamento, e a mente não é menos do que o corpo. Deixo ainda a novidade de que já existe um serviço de apoio ao vício dos videojogos no Hospital Santa Maria em Lisboa, mostrando já uma ótima iniciativa nisto, que é sem dúvida um problema do século XXI.

CO N S U LTÓRIO DA M ENTE

No entanto, ainda há muito a fazer neste campo e esse trabalho parte de cada um de nós. Assim, deixo algumas dicas:

Se não mora em Lisboa, procure um bom especialista. E assim vos deixo com este tema que tanto necessita de uma boa reflexão, lembrando sempre a disponibilidade de nos contactarem (appib.apoio@gmail. com). Até breve! Texto: Maria Inês Matos - Psicoterapeuta www.facebook.com/ines.hipnoterapia

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PO R D ETRÁ S DO PA NO

por Eduarda Andrino

•PATRULHA MALVADA• DUPLA DE TRÊS:

PROFISSIONALISMO, ALEGRIA, HUMOR E SOLIDARIEDADE!

De alguns anos para cá, as forças de segurança em Portugal, nomeadamente a PSP, tem vindo a desenvolver um excelente trabalho de Marketing nas mais diversas áreas de interceção com a sociedade com diversas abordagens de forma menos formal nas chamadas de atenção, aos cuidados a ter com inúmeros casos em que estamos expostos todos os dias, tais como o roubo de crianças (Pulseira PSP), alerta e vigilância das casas na altura das férias, protecção dos idosos ao acedido das suas residências entre outras. Aqui o que mudou foi a forma como remodelaram a abordagem autoridade/ cidadão, muito mais interactiva, aberta, menos formal e por altura de algumas datas festivas até um certo humor nos assuntos que não deixam de ser preocupantes.

PARABÉNS PSP! A Patrulha Malvada é mais uma prova dessa mudança e abertura e consequente solidariedade com os que mais precisam. Passo a transcrever na íntegra a minha entrevista a estes três agentes que tantos esforços têm feito para ajudar tantas causas! Grata!

• COMO NASCEU A PATRULHA MALVADA? E QUEM SÃO?

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A Patrulha Malvada “nasceu” em meados do ano de 2016, após algumas conversas

de ocasião entre os três, o Pedro, o João e o Marco e somos três agentes da PSP, do Comando Metropolitano do Porto, colocados na esquadra de Cedofeita.

• PORQUÊ O SLOGAN “DUPLA DE TRÊS” E O NOME “PATRULHA MALVADA”? Patrulha, porque é a essência do nosso serviço… Malvada, pelo incómodo que causamos a quem vive à margem da lei… E Dupla de Três, porque o nome é bastante engraçado e chama à atenção. Como nos diz o significado da palavra, “uma dupla é uma pessoa que substitui outra por ser muito parecida com ela”, pois bem… nós somos os três muito parecidos, temos as mesmas opiniões e ideais… Complementamo-nos. E, além de colegas de profissão, somos amigos, aliás, somos uma família.


Sem dúvida alguma que estas máximas, são o que nos move no dia a dia. A nossa forma de estar e de ser enquadra-se neste lema, independentemente de estarmos a trabalhar ou não.

• PORQUÊ 3 ELEMENTOS E NÃO MAIS? Sermos apenas 3 deve-se ao facto de partilharmos valores e ideias comuns aos três e também ao facto de termos plena confiança uns nos outros, até porque trabalhamos sempre juntos, o que inevitavelmente conduz a uma maior proximidade e como já dissemos, somos amigos, somos como irmãos, e não apenas colegas de trabalho! Mas neste momento a nossa “família” é

enorme, pois todos os nossos seguidores e apoiantes fazem parte da nossa “Patrulha Malvada”, o que para alguns é mesmo um prazer… E para nós também… É sinal que gostam do que fazemos e se revêm nas nossas ações.

• COMO É QUE A ENTIDADE PSP VIU E ACEITOU ESTA VOSSA IDEIA? Parece-nos que houve uma boa recetividade, dado que a instituição constatou que a nossa missão e profissionalismo, não era posta em causa, bastando para isso ver a nossa folha de serviço e pelo facto de também a própria imagem da instituição sair dignificada, conforme se constata nos comentários que vários cidadãos fizeram quer na nossa página, quer na página do Facebook da Polícia de Segurança Pública.

PO R D ETRÁ S DO PA NO

• “PATRULHA MALVADA - DUPLA DE TRÊS: PROFISSIONALISMO, ALEGRIA, HUMOR E SOLIDARIEDADE!” - É EXATAMENTE ESTE O ESPÍRITO DA VOSSA MISSÃO?

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PO R D ETRÁ S DO PA NO

• A ESTRATÉGIA DE PERTENCEREM A UMA FORÇA DE SEGURANÇA, FAZ DE VOCÊS UMA MAIOR ACREDITAÇÃO DO VOSSO OBJETIVO QUE É AJUDAR? Obviamente que sim. O facto de sermos polícias traz uma maior visibilidade e seriedade a tudo aquilo que nos propomos, o que reflete bem a confiança que os cidadãos em geral têm nos elementos das forças policiais, que servem este país.

• SENTEM QUE O VOSSO PERCURSO TEM SIDO GRATIFICANTE? O facto mais gratificante é o de constatarmos que podemos contribuir para que alguém tenha uma vida melhor, apenas com pequenos gestos e atitudes que nada custam. Um pouco de cada um poderá fazer muito por quem precisa.

• SÃO ABORDADOS NA RUA COMO ÍDOLOS, MAS TAMBÉM VISTOS PELA SOCIEDADE COMO AUTORIDADE MAIS PRÓXIMA DAS PESSOAS? Somos abordados com muita simpatia, mas apenas como elementos policiais, que mostraram uma outra faceta dos polícias. Isso de ídolos é para outras profissões.

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• COMO É QUE AS VOSSAS ACÇÕES DE SOLIDARIEDADE APARECERAM? A PRIMEIRA FOI CASO DO GONÇALO? O início foi a partir do momento que o 1.º vídeo foi divulgado, por altura da passagem de ano em 2017, em todos os meios de comunicação social, e no Facebook oficial da Policia de Segurança Publica, onde em poucos dias, atingiu mais de 1 milhão de visualizações, algo impensável. Nessa altura, percebemos que com a visibilidade que começamos a ter, poderíamos conseguir chegar a mais pessoas que nos ajudassem a ajudar quem mais precisava. Primeiramente, associamo-nos na organização de um torneio de futebol, que teve como objetivo angariar fundos para entregar à esposa e filhos de um colega que faleceu inesperadamente vitima de doença. Depois começamos então a canalizar as nossas atenções para o Gonçalo, a nossa principal causa solidária, até porque o conhecemos desde que nasceu e é filho de um colega nosso.


• O QUE JÁ FIZERAM PARA ANGARIAR DINHEIRO PARA AJUDAR O GONÇALO? Inicialmente começamos por elaborar o nosso logotipo, fizemos t-shirts com o logotipo e começamos a vender, foi um sucesso. Depois disso, organizamos um torneio de futsal. Conseguimos através de contacto com os clubes, camisolas de praticamente todas as equipas Portuguesas, e estrangeiras, (Cristiano Ronaldo, Ricardinho, Madjer, Fernando Santos, Miguel Oliveira, Ricardo Quaresma, entre outros), autografadas, para que as mesmas fossem leiloadas, em que o valor obtido foi totalmente doado ao Gonçalo. Ultimamente criámos uma angariação de fundos online, que se encontra ainda a decorrer, tal como alguns leilões de camisolas.

• RECORRERAM E RECORREM A VARIAS AÇÕES DE SENSIBILIZAÇÃO A EMPRESAS, CLUBES DE FUTEBOL ENTRE OUTROS PARA AJUDAR AS CAUSAS A QUE SE PROPÕEM. TEM TIDO ABERTURA POR PARTE DE QUEM SOLICITAM ESSA PARCERIA? Tem sido uma agradável surpresa constatar que no geral há grande recetividade por parte de empresas, clubes e pessoas, no intuito de ajudarem. Houve mesmo várias figuras públicas, que logo se disponibilizaram para ajudar de uma forma ou de outra, e que neste momento, além de simples conhecidos, são grandes amigos nossos, o que nos enche de orgulho.

Para que as pessoas percebam, o Gonçalo, um menino com 4 anos, é portador de Síndrome de Moebius, um distúrbio neurológico extremamente raro, que torna esta doença numa das 10 mais raras do mundo. Esta síndrome não possui cura, existindo apenas um tratamento (cirurgia), com uma taxa de sucesso de 90%, que é feita exclusivamente no México, que consiste na colocação de um nervo retirado da perna e colocado na face “adormecida”, através de 2 cirurgias, e que tem como objetivo proporcionar uma melhor qualidade de vida ao Gonçalo, tendo um custo aproximado de 115 mil euros. O Gonçalo efetuou já em Dezembro de 2017, a primeira das duas operações que necessita, e dos 115 mil euros necessários inicialmente, apenas faltam angariar cerca de 6 mil euros, ou seja, através de todas as ações realizadas foi já angariado o valor de 109 mil euros. Sendo assim, o Gonçalo irá novamente ao México, em Agosto deste ano, para ser submetido à segunda cirurgia, esperando nós que o seu problema fique minimizado o mais possível. E até lá temos que angariar o valor que falta, os cerca de 6 mil euros, estando a decorrer leilões de camisolas de clubes de futebol e uma angariação de fundos, para esse efeito.

PO R D ETRÁ S DO PA NO

• EM QUE PONTO DE SITUAÇÃO ESTÁ A AJUDA PARA O GONÇALO, E QUANTO FALTA AINDA?

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PO R D ETRÁ S DO PA NO

• SEI QUE TAMBÉM JÁ PARTICIPARAM NUMA AÇÃO DE RECOLHA DE BENS PARA UMA ASSOCIAÇÃO DE CRIANÇAS COM CARÊNCIAS. FALEM-ME DESSE PROJETO. Sim, é verdade. Associamo-nos à Campanha dos 5 - Recolha de Bens para o Kastelo, que é a primeira Unidade de Cuidados Continuados e Paliativos Pediátricos em Portugal e na Península Ibérica, e quarta na Europa. Foi uma excelente iniciativa que nos deu muito prazer participar.

• PROJETOS NA GAVETA PARA ALÉM DO GONÇALO QUE PRECISA DE CONSTANTE AJUDA? A seguir ao Gonçalo logo iremos ver quem poderá beneficiar da nossa colaboração. Estamos disponíveis para colaborar com quem precise. A nossa missão não termina depois do Gonçalo.

• UM OBJETIVO A ALCANÇAR PELA PATRULHA MALVADA? O nosso objetivo é fazer com que a população em geral veja os elementos

Texto: Eduarda Andrino Créditos Patrulha Malvada

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das forças policiais deste país de uma forma mais positiva. Esperar que num futuro próximo a relação polícia/cidadão seja efetivamente uma relação de confiança e proximidade.

• ALGUM AGRADECIMENTO ESPECIAL? Não podemos agradecer a ninguém individualmente, pois com toda a certeza que nos iriamos esquecer de alguém, tantas são as pessoas que nos têm ajudado. Mas, queremos obviamente agradecer a todas as pessoas que nos acompanham, nos apoiam e nos ajudam, a todos sem exceção, muito obrigado.

• QUEREM DEIXAR ALGUMA MENSAGEM? “Com um pouco de cada um, podemos fazer muito por quem precisa”, Lembremse disso, hoje não precisamos, mas amanhã podemos precisar e também vamos gostar que nos ajudem, não é? Ninguém sabe o dia de amanhã… Hoje pelos outros, Amanhã por nós! “Sejam Felizes e Divirtam-se!” Juntos Somos Mais Fortes!


ABERTA PARA O MUNDO • NA MENTIRA VIVIDA DE PORTA FECHADA

Estamos acompanhados. As redes sociais acumulam gente, encurtam distâncias e num simples teclar de dedos, fazem o mundo caber na palma da mão. É inegável a importância que elas assumem, incontornável e de reconhecido valor, mas também escondem um lado mais escuro, ou vários. Nos recônditos recantos da beleza estampada, nas publicações mais vistas, nas melhores fotos adoradas fica uma verdade não vivida, trancada e condenada a uma linha de opções de ícones interativos. Há muitos que as usam como complemento de interação, mas

A S MIN HA S CRÓNICA S

• A JANELA

infelizmente, muitos mais como única plataforma de socialização. Nestes últimos casos, reduz-se o propósito máximo da nossa existência, porque não foi validado na época esta forma digital de partilha com o outro. Cada vez mais, vejo, sinto e eu própria acabo presa nessa rede de armadilhas. O cenário é perfeito e capaz de ser quase recortado aos nossos mais loucos desejos e devaneios e existe um perigo imergente nisso. Não me refiro só aos jovens, que no deslumbre da tenra idade os pode deixar à mercê destas artimanhas, cada vez mais, talvez, pelas obrigações punidoras da vida, são os adultos os mais viciados,

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A S MIN HA S CRÓNICA S 18

quase sequestrados do mundo real. Voltamos à escravatura, sem querer comparar, no respeito que essa ditadura merece, a verdade é que basta olhar à volta e ver a total dependência instalada.

PÁRA. OLHA À TUA VOLTA. QUANTAS PESSOAS ESTÃO AO TELEMÓVEL? Independentemente do espaço em que estejas, a verdade é que irás sempre encontrar esta realidade de que falo. E em alguns casos, te depararás com uma escancarada solidão patente, uma falsidade disfarçada, um silêncio sem eco de comunicação interrompida. Temo que com o avançar dos tempos, se nada fizermos, deixaremos de saber falar e ficarão os dedos calejados das teclas e ecrãs gelados sem vida.

Fica então o apelo incontornável. Usem as redes sociais para os manifestos vividos, como aditivo da vida real. Usem e abusem. Criem registos e memórias, aproveitem aliás, a funcionalidade brutal que, por exemplo, o Facebook disponibiliza e daqui a um ano, de mãos dadas com o vosso amor ou na remarcação daquele café com os amigos, revejam aquele momento eternizado também nas redes sociais. Troquem os gostos por abraços, os corações por conversas sentadas à mesa, façam a escolha acertada e chega de mentiras mascaradas. Não fomos concebidos para as aparências, não somos anúncios publicitários, a nossa autoestima não é um produto para atingir o top de vendas e muito menos as nossas relações são concebidas para encher pódios de audiências. Às vezes, nesta montra aberta ao mundo de uma suposta felicidade máxima, parece que nos esquecemos de ser gente, de que não somos perfeitos (nem temos que ser),


Não precisamos de ter uma lista infindáveis de amigos, muito menos de adorar todos aqueles que coabitam connosco, a base de toda e qualquer relação é o respeito e não molduras falsas de sentimentos inexistentes. Onde foi maquiavelicamente esse conceito criado?

Nada! Não se faz nada com o nada que fica do que realmente não é vivido e muito menos sentido.

NADA! QUANDO A PORTA DA CASA SE FECHA EM TI NUMA SOLIDÃO VAZIA DE GENTE, DE AFETOS, DE VERDADE! Esta é a imagem latente na sociedade que temos. Pode não ser a de todos, mas é a de muitos e bastava ser de uma só pessoa que já não faria sentido.

Não suportas aquela pessoa, mas fazes gostos nas suas publicações. Não aguentas o teu chefe, mas fazes comentários fofos às fotos que ele edita. E porquê? Porque é público? Não abraças o teu colega de trabalho, mas enches-lhe o mural de corações vibrantes de vermelho intenso? Cada vez mais esbarro-me com este quadro estranho de conexões, ouve-se e vive-se realidades esquisitas, tristes e que pouco falam de empatia, respeito e quase tocam a maldade (ou tantas vezes, a ultrapassam), mas que se estende imaculadamente no estendal das redes sociais como relações de sucesso esplêndido. Parece que a roupa suja fica atolada a um canto da casa, a ganhar mofo e a corromper as relações, a verdade, a vida e do lado de fora só se deixa visível o belo, o maravilhoso, o inexistente, a mentira. Mas de que vale tudo isso? Mil e quinhentas visualizações? Duas mil manifestações de afeto, admiração e reconhecimento? E o que fazes com elas?

É importante fazer parte deste tempo, das inovações, das tecnologias. É imperativo que elas chegam e tomem parte da nossa vida, que a complementem e melhor. Só assim faz sentido.

A S MIN HA S CRÓNICA S

de que choramos, gritamos e temos dias maus, que a dor não deve ser enaltecida, mas também não se fez para chutar para o spam e só ter na caixa de entrada sorrisos forçados.

A base de quem somos. As relações que vivemos. Os lugares que visitamos. Tudo o que compõe a nossa vida, não precisa de aprovação traduzida em gostos, nem de manifestações interativas para realmente serem validadas. Tudo o que compõe a nossa vida só precisa da nossa verdade!

SAI À RUA. LEVA O TELEMÓVEL NO BOLSO. MAS USA-O SÓ QUANDO NECESSÁRIO, O RESTO DO TEMPO… VIVE! Texto: Sónia Machado Araújo

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P S ICOLOGIA

• INTERNET •

SOU OU NÃO DEPENDENTE? conectado e não conseguir sair; 7. Ter o trabalho e as relações familiares e sociais em risco pelo uso excessivo; 8. Mentir para as pessoas sobre o tempo que fica conectado.

O uso constante da tecnologia/internet não é, por si só, um problema.

O TRANSTORNO ACONTECE QUANDO A UTILIZAÇÃO EXCESSIVA COMEÇA A ATRAPALHAR AS ACTIVIDADES DO DIA A DIA E A VIDA SOCIAL DAS PESSOAS. O afastamento de amigos e familiares e o isolamento progressivo são sintomas que devem ser observados. Podemos considerar oito as características para ter em conta se algo está errado. É necessário apresentar um conjunto de pelo menos 5 para que seja caracterizada como uma dependência:

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1. Pensar o tempo inteiro em estar conectado; 2. Sentir necessidade de aumentar o tempo de uso para obter o mesmo prazer; 3. Tentar parar de usar a internet e não conseguir; 4. Sentir irritação e ansiedade durante o tempo que não pode entrar na internet; 5. Mudar o humor quando entra em contacto com a tecnologia; 6. Perder a noção do tempo que fica

A internet para muitos pode ser vista quase como um antidepressivo. É um prozac virtual. A pessoa fica mais calma, sente mais alívio e um prazer muito grande quando está em contacto com a tecnologia/internet. Muitas pessoas podem ter essas sensações e não se enquadrarem no perfil de dependência. É preciso ficar atento quando há perda de controle, como abrir mão de actividades do dia a dia, colocar em risco o trabalho, os estudos e as relações interpessoais. Outra diferença entre utilizadores saudáveis e utilizadores dependentes é a capacidade que continuam a ter de aproveitar momentos e pessoas da vida real. Pessoas sem dependência da internet conseguem desfrutar de actividades que envolvem interacção presencial com o outro, já os dependentes da internet encontram dificuldades a nível social e de interacção.


Podemos considerar 5 dimensões para medir a perda de controle sobre a utilização de internet:

Há especialistas que divides os utilizadores em 3 grupos:

2 - Tolerância - quando não se viaja para lugares em que não tem conexão com internet;

• CONSCIENTE: pode usar pouco, moderadamente ou muito, mas o virtual não atrapalha o real, • ABUSIVO: usa muito, e o virtual atrapalha o real, • ABUSIVO DEPENDENTE: além do virtual atrapalhar o real, existe um nível de perda de controle. O que muitas vezes está na origem desta busca de utilização e prazer na internet sem controle e para fins de recompensa emocional são situações de desavença familiar, de grande frustração e de fracassos. Pessoas tímidas, com ansiedade social e que têm dificuldade de interacção, também são mais inclinadas a desenvolverem dependência, assim como aqueles com maior propensão a ter depressão.

1 - Excitação e segurança - Utilizar a internet como refúgio de falso prazer e segurança;

3 - Relevância - quando se acorda a primeira coisa é olhar o telemóvel, leva para o wc, para o almoço, etc;

P S ICOLOGIA

A quantidade de likes tem um peso enorme nos utilizadores dependentes. Mais do que o tempo em que a pessoa passa ligada à internet podemos considerar que o que se deve ter em conta a falta de controle que a pessoa tem sobre a utilização da mesma.

4 - Abstinência – quando não pode aceder À internet sente instabilidade, ansiedade, mau humor, angústia, tristeza; 5 - Conflitos na vida real - Perda de rendimento no trabalho ou nos estudos. Mas é importante referir que não há problema em ter prazer com a utilização de internet; o que não se pode é substituir o mundo real pelo virtual. Quando o virtual passa a atrapalhar o real, pode gerar isolamento e desprezo pelas relações interpessoais. É neste momento que a pessoa precisa de ajuda.

Texto: Sandra Cunha

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TE A M 4 HEA LTH

•PEDAGOOOGIA 3000• NOVA PEDAGOGIA PARA NOVA ERA DAS NOVAS GERAÇÕES DE CRIANÇAS / PARTE I Noemi Paymal é antropóloga e criadora do Pedagooogía 3000. Nasceu na França, e vem trabalhando há mais de 20 anos em diferentes países da América Latina no campo da antropologia aplicada e da educação alternativa e evolutiva. Atualmente reside na Bolívia. Em conjunto com uma equipe multidisciplinar, iniciou em 2001 investigação da temática das crianças e jovens chamados “Do Terceiro Milênio”/novas gerações. É também diretora do Instituto Pedagoooogia 3000 “La Paz”, na Bolívia. Dirige várias revistas online e é produtora de três programas de televisão, sobre o tema da educação e do desenvolvimento pessoal. Já ministrou mais de 320 conferências e seminários na Argentina, Colômbia, Bolívia, Brasil, Chile, Equador, Espanha, México, Perú e Venezuela. Está impulsionando um novo movimento consciente pedagógico: a Aliança Mundial para a Nova Educação. O QUE É PEDAGOOOGIA 3000?

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Pedagooogia 3000 é uma sinergia pedagógica que prioriza a criança do presente e do futuro, com suas mudanças, suas necessidades específicas/individuação e sua nova maneira de aprender e de Ser. Procura constantemente ferramentas pedagógicas para o bem-estar e o desenvolvimento harmonioso integral-afetivo das crianças,jovens, pais e docentes. É flexível baseia-se em novos paradigmas do Terceiro Milênio, adaptando-se de acordo com o ambiente social, cultural, económico e ecológico. Rege-se pelo princípio fundamental que é o Amor universal e incondicional. Prioriza-se o

menino, a menina, o bebé, o jovem, aquele que está por nascer, o que virá nas próximas décadas, em uma constante observação, escuta e instrumentalização do que aprendemos, com amor, humildade, consciência e respeito. Na medida em que as crianças vão evoluindo, gradativamente vai mudando também a compreensão dos adultos acerca das mesmas. O QUE MUDOU? A criança de hoje mudou (de acordo com o já partilhado do artigo sobre a evolução das novas gerações de crianças), a educação está a mudar (pouco, porque não está ao mesmo ritmo das novas gerações), os próprios adultos, como pai ou mãe ou professor, estão em mudança. Tudo está em movimento e em constante transformação. Os paradigmas do Terceiro Milênio, a energia e a consciência estão surgindo “saltos quântico” no Planeta. Os 13 passos simples da Pedagooogia 3000 para os cuidadores das crianças: PRIMEIRO: Aprendo porque as crianças de hoje, já não são as mesmas da geração passada e permito-me surpreender... SEGUNDO: Conheço e respeito sua nova maneira de aprender e sua nova conduta... TERCEIRO: Compreendo suas novas características e talentos, assim posso melhor atendê-las... QUARTO: Importante! Consciencializo as minhas próprias mudanças...


SEXTO: A Inteligência Emocional tem mais significância do que o Coeficiente Intelectual. Como desenvolvê-la?... SÉTIMO: Conheço outras formas de inteligência e aprendo a utilizá-las... OITAVO: Adquiro informação sobre Educação Associativa, Experimental, Multidimensional; Jogos, Ao Ar Livre (fora da sala de aulas), Movimento; Elaboração de projeto, Experiências de Trabalho, Saídas Académicas, Intercâmbios, Treinamento e Seminários...

A Aliança Mundial para a Nova Educação é composta por indivíduos, grupos, instituições e comunidades educativas que estão impulsionando uma transformação real na Educação, fundamentando-se nos novos paradigmas do Terceiro Milénio, sempre conscientes de que a Nova Educação concerne a todos nós, desde a gestação até ao nosso último alento. Os objetivos são: Investigar, compartilhar, atuar com apoio mútuo e difundir toda a informação relacionada com a Nova Educação e com as crianças do Terceiro Milênio. A meta é conseguir uma força sinérgica que possa produzir uma elevação na consciência mundial capaz de induzir notáveis mudanças no campo da educação e do desenvolvimento pessoal.

TE A M 4 HEA LTH

QUINTO: Como utilizo ao máximo as capacidades dos hemisférios cerebrais, como deixo fluir a criatividade de meu filho ou aluno?...

FUNDAÇÃO PEDAGOOOGIA 3000 NONO: Descubro o que é uma criança intuitiva, o que fazer e o que não fazer... DÉCIMO: Integro novas ideias acerca das ferramentas bio-inteligentes para um bom desenvolvimento integral... DÉCIMO-PRIMEIRO: Tenho em conta o aspecto multicultural individual de cada criança na educação diária... DÉCIMO-SEGUNDO: Crio uma nova educação adequada para as crianças e para mim... DÉCIMO-TERCEIRO: Proponho Ser e Cocriar uma nova sociedade através de uma nova educação... ALIANÇA MUNDIAL PARA A NOVA EDUCAÇÃO A Aliança Mundial para a Nova Educação tem o objetivo de introduzir uma nova educação baseada numa nova consciência, tanto para as crianças das novas gerações, atendendo-as de acordo com suas características, como também para a humanidade em geral.

Composta por uma equipa solidária que, em sinergia, fomenta o desenvolvimento integral do Ser humano, reorientando a educação em seus diferentes níveis através dos novos paradigmas do Terceiro Milénio. Visa Co-criar uma nova humanidade integral com consciência, liberdade, alegria e harmonia, promovendo e aplicando mundialmente uma Educação Holística, desenhada em função das necessidades e característica das novas crianças de hoje. Compreendendo a educação como um processo de reconexão integral que gera uma elevação de consciência, promovendo uma melhoria substancial do sistema educativo em geral, o desenvolvimento pessoal e grupal, assim como o bem-estar do Ser humano e de uma nova sociedade que necessita de emergir, com urgência... Texto: Drª. Andreia Rodrigues - Licenciada em Terapia da Fala - Pós-graduada em Ciências da Fala (Universidade Católica Portuguesa) - Terapeuta da Fala na Clínica Joaquim Chaves Saúde

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F ITNES S HU T

•SURF TREINO INDOOR• O Surf é uma modalidade de grande entrega e muita paixão pelo mar e entendê-lo, em toda a sua complexidade, implica muitas horas, muitos dias, muita dedicação física e emocional. Como qualquer outra modalidade, exige bastante preparação, dentro e fora de água. É um desporto de alta intensidade que exige bastante esforço para enfrentar a rebentação, as quedas, as variações de remada e todo o desafio de encarar as energias do mar. Sendo este um desporto distinto, a preparação física deverá ser também específica. Tendo em consideração que a modalidade tem características muito particulares, definem-se 5 momentos: REMADA: etapa que corresponde ao tempo decorrido para passar a rebentação, para se chegar ao ‘outside’, lutando contra correntes de água. Esta é a etapa mais longa, correspondendo a mais de metade do tempo passado no mar. REMADA DE ATAQUE: a remada para entrar na onda, mais forte do que a remada de posicionamento e que exige muita força e velocidade. Esta etapa exige grande potência muscular, que é uma combinação de força e velocidade;

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TAKE OFF: momento em que o surfista se coloca em pé em cima da prancha, com

um pé à frente e outro atrás, dependendo se é regular (esquerdo à frente) ou goofie (direito à frente); PARADO: o tempo que o surfista fica sentado na prancha, já posicionado no “outside”, apenas aguardando a onda chegar. É basicamente um período de recuperação e descanso; ONDA: o tempo de surf efetivo que leva em consideração o tempo de reação, a atenção e a precisão. Assim, num plano de treino destinado ao desempenho do surfista, é importante ter em consideração potência, resistência muscular, resistência cardiovascular e tempo de reação.


• 5X10 COM 1’ DESCANSO ENTRAR NA ÁGUA E REMAR

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TREINO - CIRCUITO 1

REMADA DEITADO COM HALTERES: Deitado em decúbito ventral (barriga para baixo) com os pés juntos e elevados e braços esticados à frente. Fazer um movimento circular com cada braço e alternadamente, com halteres de 2/3 kgs em cada mão. Passar a rebentação - “bico de pato”

YOGA PUSH UPS: Em posição de flexão mas com a bacia para cima, formando um “V” invertido com o corpo, fletir os braços e levar a bacia para perto do chão, subindo o peito. Fazer o movimento de baixo para cima e repetir 10 vezes por série. Levantar - “Take off”

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BURPEE LATERAL: Deitado em decúbito ventral, fazer uma flexão e dar impulso com os braços e as pernas de forma a ficar em pé e com o pé de apoio à frente, terminando com um salto.


F ITNES S HU T

TREINO - CIRCUITO 2 • 3X10 COM 1’ DESCANSO ESTABILIDADE NA PRANCHA

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PRANCHA DINÂMICA NA FITBALL (BRAÇOS NA BOLA): Colocar os antebraços em cima da bola e ponta dos pés no chão, fazendo insistências para a frente e para trás com os braços, de forma a movimentar a bola.

TORÇÃO COM FLEXÃO (PÉS NA BOLA): Com os pés em cima da bola e mãos no chão, retirar um dos pés da bola, fazendo com que a perna passe por baixo do corpo, havendo uma torção e de seguida fazer uma flexão de braços. Repetir com a perna contrária, alternadamente, 5 vezes cada perna.

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PIKE (PÉS NA BOLA): Com os pés em cima da bola e mãos no chão, puxar a bola para a frente e subir a bacia, ativando bem o abdominal, com algum ênfase nos ombros. Formar um “V” invertido com o corpo.


•3X10 COM 1’ DESCANSO POTÊNCIA

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TREINO - CIRCUITO 3

SALTOS LATERAIS COM ROTAÇÃO NO BOSU: Com um pé no bosu e outro no chão, saltar e rodar 180 graus, de modo a colocar o pé que estava no chão, no bosu e vice-versa.

ARREMESSAR A BOLA À PAREDE LATERALMENTE: Colocar-se de lado para a parede, com uma bola nas mãos e lançá-la 10 vezes, de modo a trabalhar todo o CORE. Repetir do lado contrário.

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PISTOL NO TRX COM SALTO: Colocar o TRX na altura média e deixar apenas um pé no chão com a outra perna esticada para a frente. Fazer o movimento de agachamento e subir com um salto no final. Fazer 10 saltos com cada perna.

Texto: Bruno Andrade

- Personal Trainer (Fitness Hut oeiras) | Fotos: Liete Couto Quintal - LCQ Photography


COM ER BEM

Comer bem para cada tipo de corpo!

• QUAL É O SEU PESO IDEAL?• O seu peso ideal não é definido por tabelas ou números.

É MUITO SIMPLESMENTE O PESO NO QUAL VOCÊ TEM A MELHOR APARÊNCIA E SE SENTE MARAVILHOSA/O. É o peso em que está livre de bolsas de gordura e celulite, no qual o seu corpo está bem proporcionado e atraente. O peso em que tem energia abundante e em que dorme bem e consegue tirar o maior proveito do sono.

UMA TABELA DE ALTURAS NÃO PODE DIZER QUAL O MELHOR PESO PARA SI. Mesmo entre pessoas da mesma altura o peso pode diferir consoante o tipo de corpo. Tipos de corpo com ancas ou ombros mais largos são sempre mais pesados mesmo no peso ideal. Não há uma dieta que funcione para todos, nem nunca vai haver. Há 4 tipos diferentes de corpo e como tal 4 dietas específicas para cada um dos 4 metabolismos.

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Cada tipo de corpo é definido pela glândula hormonal mais ativa: GÔNADAS (ovários ou testículos), ADRENAIS, TIRÓIDE ou PITUITÁRIA. Cada um destes metabolismos tem requisitos bastante específicos, daí a sua irmã ou mãe comerem exactamente os mesmo que você e serem magras e você engorda com o ar e tem celulite….não é justo!!

A ÚNICA COISA QUE PRECISA É APRENDER A COMER PARA O SEU TIPO DE CORPO. Há alimentos que você não metaboliza há outros aceleram o seu metabolismo mas que se habituou a não comer porque lhe disseram que eram pouco saudáveis. Lembra-se de como quando era jovem podia comer tudo e não engordava? Vamos voltar a esses tempos…. TIPO 1: Corpos com ombros largos e peito grande, normalmente estatura grande, corpo de guerreira/o devem comer bastantes lacticínios magros e beber chá de salsa. • Devem ir aumentando a ingestão de alimentos ao longo do dia devem fazer um jantar substancial e podem incluir uma sobremesa ao fim do dia. • Devem evitar sal, marisco, queijos amarelos, carne vermelha, manteiga e álcool. • Devem praticar exercício ao fim do dia, o seu corpo queima bastantes calorias em atividades como o squash.


Levantar peso aumenta a sua massa muscular e aumenta a queima de calorias de forma a manter um peso saudável e estável e um estrutura forte e equilibrada.

• Devem fazer um pequeno almoço leve e ir aumentando a ingestão de alimentos ate ao fim do dia quando o seu metabolismo é mais ativo. • Devem evitar gorduras saturadas, queijos, enchidos, especiarias, marisco e carne vermelha.

COM ER BEM

TIPO 2: Corpos com ancas largas e gordura acumulada nas coxas e ventre liso devem comer muita fruta e beber chá de trevo.

• Devem praticar exercício fisico ao fim do dia. Atividades como artes marciais moldam o seu corpo de uma forma equilibrada e ajudam a queimar a gordura nos sítios certos. TIPO 4: Corpo frágeis e pequenos. • Devem comer muita carne vermelha com pouca gordura e beber chá de feno grego. • Devem fazer um pequeno almoço forte e ir diminuindo a ingestão de alimentos até ao fim do dia que é quando o seu metabolismo é mais lento. • Deve evitar lacticínios, açúcar e cafeína. • Deve praticar exercício fisico de manhã e de preferencia atividades como dança, ou ballet. TIPO 3: Corpos sem cintura com membros esguios e pés e mãos magras devem comer muita proteína magra e beber chá de folha de framboesa. • Devem fazer 3 refeições igualmente substanciais. • Devem evitar açúcar, cafeína e cereais refinados ou brancos. Podem praticar exercício a qq hora e escolher o bodybuilding como atividade principal. Pode seguir as minhas dicas no facebook e instagram em @adietadotipodecorpo.

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FIL IPE MAGA LHA ES RA M O S

• LIFTING CIRÚRGICO• O Lifting Cirúrgico começa a ser nos dias de hoje uma solução procurada por pacientes que desejam um resultado mais duradouro em relação aos fios de sustentação e aos preenchimentos injetáveis. Existem vários tipos de Lifting que podem ser realizados, como o Lifting Facial, o Lifting Cervical e o Mini Lifting. A escolha do procedimento deve ser adequado à situação de cada paciente pelo que aconselhamos sempre a realizar uma consulta de avaliação para discutir quais as opções mais adequadas ao seu caso. O LIFTING FACIAL é indicado para melhorar o aspeto de flacidez da face. Este procedimento cirúrgico tem como principal objetivo corrigir a atrofia e a aptose dos tecidos faciais. Estas alterações são sobretudo provocadas pelo envelhecimento. Após uma avaliação detalhada e individual do envelhecimento de cada pessoa, é feito um reposicionamento dos tecidos profundos, de forma a obter-se um resultado mais natural possível. As cicatrizes associadas a estes procedimentos estão localizadas nas orelhas e muito juntas à linha do cabelo tornando-se praticamente impercetíveis.

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A cirurgia é realizada com anestesia geral, com uma recuperação em ambulatório ou com uma noite de internamento.

O LIFTING CERVICAL é o procedimento cirúrgico que visa a remodelação, o rejuvenescimento e a melhoria acentuada do contorno do pescoço.


CONTACTOS: Porto: /Avenida da Boavista 3523, 3º andar, sala 301, 4100-139/ Lisboa: /Avenida Casal Ribeiro 61, 2º andar, 1000-091/ /22 316 8066/ • /915 127 622/ geral@fmrcirurgiaestética.com

O MINI LIFTING é o procedimento cirúrgico realizado para melhorar o aspeto de flacidez da parte média do rosto em grau ligeiro a moderado. O objetivo é tratar as zonas mais afetadas, proporcionando uma imagem semelhante à de alguns anos antes. É uma opção menos invasiva que o Lifting Cirúrgico, realizada com anestesia local e sem ser necessário noite de internamento. As zonas que costumam estar mais alteradas são as rugas que vão do nariz ao lábio e por vezes o contorno da mandíbula. Na maioria dos casos a incisão começa na linha de implantação do cabelo a nível das têmporas e estende-se para baixo em frente ao ouvido. Depois a pele é esticada para trás e para cima e o excesso é excisado.

O QUE ACHA DE FAZER UMA CONSULTA DE AVALIAÇÃO?

Texto: Dr. Filipe Magalhães Ramos

FIL IPE MAGA LHA ES RA M O S

O LIFTING CERVICAL pode ser realizado ao tempo uma lipoaspiração do duploqueixo. Com o primeiro consegue-se a suspensão do músculo do pescoço e a tração da pele. Com a lipoaspiração consegue-se retirar o excesso de gordura da região do mento, deixando assim o queixo e o pescoço com um contorno mais definido. A cirurgia é realizada com anestesia geral, com uma recuperação em ambulatório ou com uma noite de internamento.

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P LUS ULTRA

• HAVERÁ VIDA

NOUTROS PLANETA S? • Se admitirmos, como a ciência procura explicar, que a vida surgiu na Terra por processos naturais e se o universo tem um número inacreditavelmente grande de estrelas, então temos que considerar, seriamente, a possibilidade da existência de vida noutros pontos do universo. Em muitos sítios, provavelmente.

centro era o Sol e que os vários corpos existentes no universo tinham todos uma composição semelhante e, portanto, seriam também capazes de suportar formas de vida. Muitos consideram Demócrito o pai da ciência e o seu pensamento virá a influenciar, muito mais tarde, Giordano Bruno (1548-1600).

A Terra, todos hoje sabemos, não está no centro do Universo e o Homem não foi criado com o seu aspecto actual, o que contraria duas ideias religiosas que apontavam que nós éramos únicos e que só havia vida no nosso planeta.

Com efeito, Giordano Bruno teve a coragem de questionar se estaríamos sozinhos no universo. Em 1584, ele publica, em Londres, um livro que contém cinco diálogos, chamado “De l’Infinito, Universo et Mondi”. Para ele, o universo era infinito. Infinito porque era infinitamente extenso, e porque seria composto por um número infinito de peças. O universo seria assim porque, por um lado não seria lógico que pudesse ter um limite e, por outro, porque esse seria o efeito de Deus, infinito.

No entanto, e em bom rigor, isso não contraria a hipótese de Deus. O facto de a Terra não ocupar um lugar especial no universo nem a humanidade ser composta por criaturas que foram desenhadas tal qual somos hoje, significa que o papel da Terra e da humanidade poderão não ser assim tão especiais, sendo fácil de admitir que Deus, a existir, colocou a semente da vida noutros locais do universo.

A EXISTÊNCIA DE VIDA NOUTROS PLANETAS É, ASSIM, UMA HIPÓTESE A CONSIDERAR QUER NUMA PERSPECTIVA MERAMENTE CIENTÍFICA, MAS TAMBÉM SOB UM PRISMA RELIGIOSO.

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Aristóteles (384 - 322 ac) pensava que a Terra era o centro do Universo, um sítio único e especial. Já antes Demócrito (460 – 370 ac) achava que quem estava no

GIORDANO BRUNO FALA DE INÚMEROS SÓIS E TERRAS, QUE ANDAM À VOLTA DOS SEUS SÓIS. Estes mundos seriam habitados, como o nosso, por criaturas vivas. Esta obra marca uma ruptura com o pensamento aristotélico e com o cristianismo. A Igreja medieval apoiava-se na visão aristotélica de uma Terra especial, centro do mundo e o único sítio onde Deus teria criado vida. É por isso que o Giordano Bruno foi condenado à fogueira.


A ideia que poderá haver vida noutros sítios começou a ser cada vez mais discutida e popularizada. É, evidentemente, uma ideia que fascina a humanidade.

O destino de Giordano Bruno não impediu outros de pensar que poderá existir vida noutros planetas. Em 1621, apenas pouco mais de duas décadas após a morte brutal de Bruno, é o próprio padre da Universidade de Oxford, Robert Burton, a questionar porque é que não se podia conceber uma pluralidade de mundos no seu livro “Anatomy of Melancholy”, um livro médico sobre a melancolia, que hoje todos conhecemos como “depressão”.

Alfred Wallace era um biólogo galês que escreveu uma tese em que definia as bases da teoria da evolução, isto após a pesquisa que levou a cabo nas ilhas Molucas. Acontece que Alfred Wallace correspondia-se, com regularidade, com Darwin. Numa dessas cartas, enviada em 1858, Wallace pede a Darwin que dê a sua opinião sobre o seu estudo. Darwin não podia acreditar no que lia. Tinha trabalhado e escrito a sua teoria no maior dos sigilos e agora via alguém com um

P LUS ULTRA

Giordano Bruno foi dos primeiros, após o enorme interregno desde os gregos, a voltar a equacionar a hipótese de haver vida para além do nosso planeta. Desde aí foram muitos a sonhar com essa possibilidade.

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P LUS ULTRA

trabalho em tudo semelhante ao seu. Desta forma, as investigações de Charles Darwin e Alfred Russel Wallace foram apresentadas em simultâneo, no dia 1 de Julho de 1858, em Londres. Pois bem, Wallace, já mais tarde, em 1903, no seu livro “Man’s Place in the Universe” considerava altamente improvável que a combinação de condições que levaram à existência de vida na Terra pudesse ser encontrada noutra parte do universo. No entanto, em 1903, não existiam os grandes telescópios e sabia-se muito pouco do universo. Newton estava prestes a ser destronado por Einstein quando este, dois anos mais tarde, publicou a teoria da relatividade. E mais importante, nunca ninguém tinha sequer ouvido falar da “Hipótese do Átomo Primordial”. Essa teoria foi proposta por Lemaître, em 1927, e ficou conhecida, anos mais tarde, pela “Teoria do Big Bang” quando, em 1949, num programa de rádio da BBC, Fred Hoyle, que não acreditava nela, chamou-lhe “big bang” para tentar ridicularizá-la. Esta teoria, actualmente, amplamente aceite e com provas que se vão acumulando cada vez mais, defende que a origem do universo se deu apenas num ponto, ponto esse mais pequeno que um só átomo e que, ao explodir, deu origem a todo o universo.

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Apenas dois anos após Lemaître ter avançado com a sua hipótese, o astrónomo Edwin Hubble apercebeuse, ao olhar para as galáxias distantes, que elas apresentavam uma cor avermelhada.

afasta para o vermelho: é o chamado efeito de Doppler. Ora bem, ao ver que as galáxias tinham um desvio de luz para o vermelho, Hubble percebeu que se estavam a afastar de nós. Mais tarde, viemos a perceber que se estão a afastar a uma velocidade inacreditável. Estão literalmente a fugir de nós. Se tentamos reverter o tempo, elas começariam a andar para trás e a convergir todas para um mesmo ponto.

Quando um objecto se aproxima há um desvio da luz para o azul e quando se

A observação confirmou a tese de Lemaître de que o universo teria


Claro que agora temos uma ideia clara de quando o universo começou e qual a dimensão daquilo que somos capazes de observar, do universo visível.

P LUS ULTRA

A título de ilustração, veja-se que o arcebispo irlandês James Ussher (1581 - 1656), publicou um livro em 1650, “Annales Veteris Testamenti, A Prima Mundi Origine Deducti,” em que apresenta o cálculo de quando é que o mundo foi criado baseado nos factos bíblicos. Para Ussher, o primeiro dia da criação começou no sábado, dia 22 de Outubro de 4004 ac, às 6 da tarde.

Estima-se que o número de estrelas seja verdadeiramente gigantesco e que ultrapasse as 120.000.000.000.000.000.000, ou seja, 120 quintiliões. começado num só ponto. Depois há outras provas, como a “radiação de fundo”, isto é, marcas da explosão inicial, que ainda hoje pode ser observada nos grãos que aparecem na tua televisão quando nenhum canal está sintonizado. Aquilo a que chamamos vulgarmente por “areia”. A Teoria do Big Bang, ao determinar que o universo deve a sua existência a um único evento, permitiu, pela primeira vez, termos a noção de há quanto tempo ele existe. Pode-se dizer hoje, com uma precisão enorme, que o universo foi criado há 13,7 biliões de anos. Muitos mais anos do que muitos imaginavam. E estamos perante um universo de uma dimensão muito maior do que se pensava.

ATÉ A TEORIA DO BIG BANG SER ACEITE, É CURIOSO VER OS ESFORÇOS QUE FORAM FEITOS PARA DETERMINAR QUANDO É QUE O MUNDO FOI CRIADO.

É verdade que as estimativas variam muito conforme os especialistas, mas há um consenso de que existem, no universo, entre 100 biliões a 200 biliões de galáxias. Cada galáxia tem biliões de estrelas e algumas poderão até ter triliões. A nossa, a Via Láctea, tem uma dimensão de 120.000 anos-luz. Essa é a distância de uma ponta à outra, o que faz dela uma galáxia relativamente pequena, e estimase que tenha entre 100 e 400 biliões de estrelas. Hoje, temos como certo que a existência de planetas à volta das estrelas é uma coisa muito comum. A descoberta do primeiro planeta fora do sistema solar aconteceu, apenas, em 1995. Girava à volta da estrela 51 Pegasi, na constelação de Pegasus, e foi denominado 51 Pegasi B. Eis o primeiro exoplaneta que é como se denominam os planetas fora do nosso sistema solar.

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P LUS ULTRA

Depois deste, já foram descobertos milhares de planetas todos eles relativamente perto de nós, isto é, apenas a umas dezenas ou centenas de anos-luz. Os dados recolhidos da sonda espacial Kepler, que foi lançada em 2009, permitem-nos estimar que pelo menos um quinto de todas as estrelas do tipo do Sol têm planetas do estilo da Terra dentro da zona considerada habitável, onde há condições para existência de, por exemplo, água em estado líquido. O astrónomo sueco Erik Zackrisson, da universidade de Uppsala, estima que o número de planetas do tipo da Terra que poderão existir no universo visível poderá ascender a 1.000.000.000.000.000.000, isto é 1018, também chamado 1 quintilião. Presume-se que só na Via Láctea existam cerca de 10 biliões de planetas com um tamanho similar ao da Terra.

A QUESTÃO QUE SE PÕE, ENTÃO, É: COMO É QUE SE PODE ESTIMAR O NÚMERO DE CIVILIZAÇÕES QUE PODERÃO EXISTIR NO UNIVERSO?

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Frank Drake, um astrónomo americano, foi um dos pioneiros da busca de inteligência extraterrestre, sendo mesmo um dos fundadores do SETI Institute

que foi criado em 1984. SETI quer dizer “Search for Extraterrestrial Intelligence”, isto é procura de vida inteligente fora do nosso planeta. Para ter uma ideia da probabilidade de sucesso da sua busca, Drake avança, em 1961, com uma equação que tenta calcular o número de civilizações detectáveis, isto é, que poderiam desenvolver capacidade de comunicar, especialmente via rádio, na Via Láctea. A fórmula é esta: N = R x p x ne x l x i x c x L (N) é o tal número de civilizações que poderão comunicar connosco que queremos conhecer e é igual à multiplicação do “número de estrelas formadas na nossa galáxia em cada ano“(R), pela “fracção dessas estrelas que têm planetas” (p), pelo “número de planetas em cada um destes sistemas solares que poderá suportar vida” (ne), pela “fracção destes planetas que na realidade acabam mesmo por desenvolver vida” (l), pelo “subconjunto destes planetas que desenvolvem vida inteligente” (i), pela “proporção destes onde as espécies inteligentes desenvolvem alguma tecnologia que é possível ser observada, como o rádio” (c), pelo “período de tempo, em anos, durante o qual estas civilizações possam ser detectadas antes da sua extinção ou depois de desenvolverem sistemas de comunicação que vão para além das nossas capacidades de detecção” (L). Com a excepção do R, que é um valor que os astrónomos podem estimar com alguma razoabilidade através da observação da formação de estrelas em nébulas, todos os outros são uma autêntica incógnita.


P LUS ULTRA Repara-se que o R é a taxa anual de formação de estrelas e não o número de estrelas existentes na Via Láctea. A melhor estimativa que temos neste momento é de 10, isto é, em cada ano são formadas 10 novas estrelas na nossa galáxia. A partir daí as incertezas são bem maiores. Uma hipótese é atribuir o valor 1 a todas as variáveis, excepto ao L. Isto é o mesmo que dizer que cada estrela tem um planeta na qual a vida é possível e onde vida inteligente acaba mesmo por surgir. Quanto ao L, Drake considerou o valor 10.000, isto é, cada civilização com capacidade de comunicar estará detectável durante um período de 10.000 anos, ou seja, 10.000 anos é o tempo calculado durante o qual uma civilização usa a tecnologia rádio. Chegamos assim a N = 10 x 1 x 1 x 1 x 1 x 1 x 10.000, isto é, que há a cada momento, 100.000 civilizações que podemos contactar na nossa galáxia. Se considerarmos a estimativa de que há 100 biliões de estrelas na Via Láctea (o

valor mínimo que se supõe), então isso significa que haverá uma civilização com capacidade de comunicar, e que nós a podemos detectar, em cada milhão de estrelas. Uma num milhão, à primeira vista, pode parecer um número razoável, mas a verdade é que ainda não conseguimos contactar ninguém, apesar de já termos tido um momento de grande excitação: no dia 15 de Agosto de 1977, o astrónomo Jerry Ehman, que trabalhava no projecto SETI, detectou um sinal rádio, em ondas curtas, de forte intensidade e que durou 72 segundos. Aparentemente o sinal tinha a sua origem na constelação de Sagitário e apresentava as características de que se estava à espera. Ehman ficou tão excitado que escreveu no papel onde estava registado o sinal a expressão “wow”. Desde então, e apesar de várias tentativas feitas por Ehman e outros astrónomos, esse sinal nunca mais voltou a ser detectado.

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P LUS ULTRA

CHEGADOS AQUI, O PROBLEMA QUE SE COLOCA É O SEGUINTE: SE AS POSSIBILIDADES SÃO TÃO GRANDES DE ENCONTRAMOS VIDA FORA DA TERRA, PORQUE É QUE NUNCA FIZEMOS NENHUM CONTACTO? Isto é, de facto, um problema e chama-se “Paradoxo de Fermi”. Enrico Fermi (um físico italiano naturalizado americano) também se interrogava: “onde é que está toda a gente?” Na realidade, há uma aparente contradição entre as fortes probabilidades de existência de outras civilizações na nossa galáxia, em que a equação de Drake é um dos instrumentos que a tenta evidenciar, e a total falta de contacto ou de conseguirmos qualquer prova da existência de vida fora da Terra. A verdade é que, com tantos biliões de estrelas que são parecidas com o Sol na nossa galáxia e que são até mais antigas que a nossa estrela, e com a quantidade enorme de planetas tipo Terra que existem também há mais anos que o nosso planeta, seria natural que civilizações inteligentes tivessem emergido bem antes da nossa. Ora, parece normal pensar que essas civilizações pudessem ter desenvolvido a capacidade de viajar no espaço. Quando uma civilização atinge esse nível, mesmo considerando uma taxa lenta de expansão, com uma tecnologia não demasiado avançada, demoraria apenas cerca de 5 milhões de anos a atravessar toda a Via Láctea. Mas poderia demorar 50 milhões de anos que o problema era o mesmo.

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Recordemos que podem existir civilizações biliões anos mais antigas do que a nossa e, portanto, esses 5 ou 50 milhões de anos não representam nada porque são uma quantidade de tempo

muito reduzida em termos relativos. Então, o que é que se passa ao certo? Ninguém sabe, mas algumas explicações têm sido avançadas. Há quem diga que a principal explicação é que, pura e simplesmente, não existe vida em mais lado nenhum que não seja no nosso planeta, o que aumenta a nossa responsabilidade de o tratarmos bem. Depois há uma série de outro tipo de explicações. Mesmo reconhecendo que a vida pode existir noutros sítios, há quem pense que a inteligência é mais difícil de atingir do que se pensa e, portanto, nós somos os únicos que a conseguimos alcançar. A realidade é que sabemos que pelo menos uma vez foi possível atingi-la. Nós, os humanos, somos a prova disso. Depois há ainda mais explicações como, por exemplo, as civilizações fora da Terra poderem achar que não devem dar sinais da sua existência e, logo, disfarçarem-na por acharem perigoso qualquer tipo de contacto. Outra explicação para a ausência de contacto é a de que essas civilizações podem estar demasiado afastadas para serem detectadas e que não se expandiram pela galáxia por razões económicas. Há, também, quem pense que a nossa tecnologia é demasiado primitiva para conseguir detectar civilizações avançadas.

HÁ EXPLICAÇÕES PARA TODOS OS GOSTOS PORQUE ESTAMOS NO MUNDO DA MERA ESPECULAÇÃO. No entanto, há quem considere que poderá existir uma barreira - chamada


P LUS ULTRA de “Grande Filtro” - que explica a razão pela qual não tenhamos contactado com ninguém. Ora bem, a aparente inexistência de uma civilização muito avançada na nossa galáxia (muito mais avançada do que a nossa) poderá dever-se à existência de um evento que impede as civilizações de atingirem esse nível de desenvolvimento, provavelmente uma qualquer catástrofe auto-imposta: a autodestruição. A tese é que todas as civilizações acabam por se autodestruir antes de terem a capacidade tecnológica para viajar pelas estrelas. O nosso exemplo parece ilustrar isso. A humanidade tem, já há bastantes anos, capacidade para se autodestruir e está longe de poder viajar para fora do sistema

solar. Ainda não fomos a outro sítio para além da nossa lua e estamos há anos a considerar ir a Marte. Há uma enorme diferença temporal entre a capacidade de autodestruição e de fazer viagens galácticas. Isso faz que nos possamos destruir antes de estarmos espalhados por mais do que um planeta o que nos levaria à extinção. Deste modo, se a teoria do “Grande Filtro” for verdadeira temos que encarar 3 hipóteses: 1/ A primeira possibilidade é que já ultrapassámos os anos mais críticos que estiveram na infância nuclear, como foram os dias de grande tensão entre os Estados Unidos e a União Soviética durante a guerra fria em que o mundo chegou a estar perto de uma guerra nuclear global. Se já tivermos ultrapassado esse “Grande Filtro” estamos bem, apesar

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P LUS ULTRA

de não termos a certeza de que novos desafios poderão estar à nossa frente. 2/ A segunda possibilidade é que o estejamos a enfrentar agora. Quem vê telejornais ou quem lê notícias fica, seguramente, preocupado e sabe que vivemos tempos delicados. 3/ A terceira, e talvez mais assustadora, é que esse filtro estará no nosso futuro e nós ainda nem sabemos o que é. Uma das hipóteses aqui é que sejam as máquinas mais inteligentes do que nós que causarão a nossa extinção. Saindo do mundo das especulações, o que sabemos é que ainda não fomos contactados por ninguém nem detectámos vida em lado nenhum. Não fomos e mentes brilhantes como a de Stephen Hawking acreditam que estamos bem melhor assim, que qualquer contacto com uma civilização mais avançada do que a nossa não nos trará nada de agradável. Nenhum sinal é bom sinal, segundo ele. Ainda assim, Hawking está plenamente convencido que existem civilizações muito mais avançadas do que a nossa e apela a que nós não as tentemos contactar, temendo que possam querer os nossos recursos para continuar a sua viagem ou a sua conquista.

Nota: este artigo usa numeração americana

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Texto: Bruno Costa Carvalho - Presidente da Avenue Planet e Director da Palanca TV

As suspeitas que há vida noutros sítios da nossa galáxia adensam-se não apenas por haver muitos mais planetas como a Terra do que se pensava na Via Láctea (agora estimamos que possam existir 10 biliões), mas também ao facto de, nos últimos anos, ter sido possível estudar a matéria contida nos cometas que se avizinham do nosso planeta e de terem sido neles encontrados vestígios de elementos necessários não só à vida, mas à vida baseada no carbono, tal como a conhecemos. Um exemplo disso foi a missão Stardust que conseguiu recolher material da cauda do cometa Wild 2, em 2006. Confirmou-se, em absoluto, a existência de aminoácidos e de vários elementos indispensáveis à vida. É claro que a existência destes materiais não prova que os cometas são os transportadores de vida no universo, nem que a teoria da panspermia, isto é, da contaminação cósmica da vida, esteja correcta. O que mostra é que os elementos da vida são muito comuns no universo. Muito mais do que se pensava. À semelhança dos planetas que existem em muito maior número do que se imaginava, também os ingredientes da vida são muito mais comuns do que se acreditava. Com a existência de tantos planetas, de água, de todos os ingredientes da vida por todo o lado, parece quase inverosímil que a vida só se tenha formado no planeta Terra.


•AS ESCOLHAS DO MÊS• INSTINTO MATERNAL “Reino das Feras”, de Gin Philips, é um thriller, cuja a ação se passa num banal dia da semana num jardim zoolóigico durante três horas. Lincoln, um curioso, inteligente e bem comportado menino de quatro anos, faz sempre o que a sua mãe diz e conhece todas a regras. Mas aquele que deveria ser um dia comum e um passeio agradável entre mãe e filho acaba por se transformar num pesadelo no qual a mãe terá de juntar toda a sua coragem e forças para proteger Lincoln. Uma luta entre o certo e o errado e entre a humaninada e o instinto animal. A luta pela sobrevivência e a luta pela defesa da cria será razão suficiente para cruzar a ténue linha que separa o bem do mal? Será a maternidade razão para usar todos os argumentos em defesa de um filho? Em Reino das Feras cruzam-se momentos de graça com o poder selvgem. Esta história traça uma linha ténu entre o instinto animal e o dever humano para proteger os outros. Até onde se podem quebrar as regras? Esta obra foi galardoada com o Prémio Transfuge, está editada em mais de 20 países e a adaptação ao cinema já está a ser realizada.

DESCOMPLIQUEMOS Sofia Castro Fernandes, autora do blog “Às 9 no Meu Blog” e do bestseller “Às 9 no Meu Livro”, regressa com um título que promete tornar os dias mais fáceis e simples. Numa altura em que complicar parece ser o caminho mais fácil, a blogger apresenta, pela mão da Manuscrito, “Descomplica”. O objetivo é dar início a uma vida melhor e mais feliz. A autora reuniu 11 verbos que prometem transformar a vida de quem ler este livro e aplicar as práticas nele sugeridas. Textos de inspiração, motivação, reflexão e um mapa com vários pontos cardeais que prometem indicar o caminho para uma vida mais tranquila e fácil. Uma ajuda para encontrar o caminho da paz consigo e com o mundo que lhe permitirá iniciar um novo ciclo de vida sem complicações e problemas. Com fé, foco e força é possivel atingir os objetivos propostos deuma forma natural e sem qualquer esforço. Com o coração, a melhor bússola de cada um, e as sugestões de Sofia Castro Fernandes encontrará formas de Descomplicar a vida tornando-a mais prazenteira.

PÁG INA S S OLTA S

por Leonor Noronha

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CINEMA 42

•” THE POST

A REVELAÇÃO DA VERDADEIRA FACE DA GUERRA DO VIETNAM •


“The Post”, protagonizado pelos veteranos Tom Hanks e Meryl Streep conta a história de como o Washington Post revelou a verdadeira face da Guerra do Vietnam e como os sucessivos Presidentes encobriram uma das mais desastrosas guerras em que os EUA se viram envolvidos. Spielberg assina o filme que em certos momentos faz relembrar “O Caso Spotlight”, mas que fica a léguas de distância da sua qualidade. A salvar a honra do convento está Meryl Streep que como sempre consegue dar uma vida muito própria à sua personagem. Streep interpreta o papel de Katherine Graham uma mulher que se tenta afirmar na liderança do Washington Post, cargo que mais nenhuma outra mulher exerce nos EUA. O outro protagonista da trama é Tom Hanks, Ben Bradlee, o editor da publicação que tenta reunir esforços para reestruturar o jornal em dificuldades. Os dois vão criar uma equipa improvável e terão a sua grande prova de fogo em junho de 1971 quando, sob ameaças e pressões governamentais do Presidente Nixon, se colocaram na linha de fogo na defesa da liberdade de expressão ao divulgarem os Pentagon Papers - um

dossier ultrassecreto que comprovava o que muitos desconfiavam, que a Guerra do Vietnam fora um fiasco e que quatro presidentes mentiram ao longo de décadas ao povo americano insistindo numa guerra que sabiam estar a perder. “The Post” acompanha todo o processo de descoberta do dossier, da sua preparação e tem como climax a tomada de uma decisão muito complicada, que poderia muito bem ter significado a ruína do jornal, mas que acima de tudo feriria quase mortalmente a liberdade de expressão. Fica muito evidente uma realidade que ainda existe hoje em dia das diferenças entre Redação e Administração com a grande pressão da redução de custos e da tentativa de criação de conteúdo que gere dividendos e que acaba por poder colocar em xeque a qualidade jornalística.

CINEMA

O backstage do jornalismo de investigação voltou a servir de inspiração em Hollywood e volta a figurar na lista dos candidatos a melhor filme nos Óscares.

Apesar de se passar em 1971, este é um cenário que pode ser transportado para os dias de hoje, onde a administração Trump é acusada de pressionar a imprensa, acusando-a de publicarem notícias falsas apenas com o intuito de denegrir a imagem do Presidente. O timing de “The Post” não é certamente um acaso... talvez até tenha sido apressado... e talvez isso explique um pouco o facto de parecer que tudo ficou retratado pela rama e que a temática prometia mais sumo do que aquele que acabou por ser extraído.

AINDA ASSIM O FILME DE SPIELBERG É UM DOS QUE NÃO DEVE PERDER NO CAMINHO ATÉ AOS ÓSCARES. Texto: Tiago Vaz Osório

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A R MÁ RIO S EM CHAVE

• SPORT CHIC

TENDÊNCIA VERÃO 2018• ESTILO DESPORTIVO CHIC NÃO É DE AGORA, FOI TENDÊNCIA NOS ANOS 90, MAS ACTUALMENTE ESTA CADA VEZ ESTÁ MAIS PRESENTE NO ESTILO DIÁRIO DE TODAS NÓS. Optamos por um estilo de rua casual, confortável e sobretudo prático. Este estilo promete ser super tendência deste verão, as bloguers são fãs deste estilo. Rápido o estilo foi levado para a rua. A “Versace” foi dos primeiros a criar uma linha desportiva, uma aposta da passarela para as ruas, uma aposta sofisticada e bem confortável. O estilo desportivo é dos mais versáteis para podermos fazer combinações: • Jeans, estampados com números e palavras são algumas dicas. • Combinar acessórios como mochilas, bonés e chinelos. • Este estilo pode ser combinado com saias, calções e vestidos. • Cores fortes são perfeitas para combinarmos com este estilo.

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Deixo algumas imagens como sugestões, dicas e inspirações.


https://www.facebook.com/ armariosemchaveforman/?fref=ts

A R MÁ RIO S EM CHAVE

Pode nos encontrar na loja online através do facebook ou loja física situada em Chaves.

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D E D ENTRO PA RA FORA

•ENCOBERTOS PELA SOMBRA O

LADO NEGRO

Muitas vezes, ao navegar na internet, é possível tropeçar-se em sites de conteúdo obscuro que fazem o mais centrado utilizador tremer e perceber o quão negra pode ser a internet. E se lhe dissessemos que esses websites são apenas o topo do iceberg? Apenas 4% do conteúdo online está disponível na surface web, aquela que é acessada pela larga maioria dos utilizadores.

DA INTERNET •

que é utilizado para fugir ao que é ético e moral. É todo um mundo em que o correcto e humano é posto de parte para dar aso ao que mais sombrio existe na mente humana. A surface web, aquela que conhecemos, embora virtualmente infinita, alberga apenas o que pode ser indexado pelos motores de busca.

Para lá de vídeos perturbadores no youtube e sites com conteúdo questionável que se pode acessar fácilmente, aos quais se pode ir parar em qualquer pesquisa, por muito inocente que seja, existe um mundo perturbador escondido que poucos conseguem aceder. Referimo-nos ao que é conhecido como “Deep Web”, expressão usada para aquele lado da internet que muita gente conhece por ouvir falar mas jamais ousaria visitar para além da curiosidade. Existem alguns termos para diferentes vertentes da internet sombria: Deep Web, Dark Web, Darknet. DEEP WEB É fácil tomar estes termos como significando o mesmo, no entanto, talvez seja interessante escavar um pouco este tema para que possa conhecer melhor a teoria por detrás da prática que ninguém admite utilizar.

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Definamos então estes três termos de modo a que o leitor entenda do que se tratam, para além do aparente refúgio

A Deep Web é justamente o que os motores de busca não atingem. O conteúdo que não pode ser alcançado numa normal pesquisa online. Não conseguirá, certamente, chegar a estes conteúdos através das caixas de pesquisa, pelo que necessitará de conseguir o acesso a bases de dados


arquivos online e redes de intranet de negócios. A Deep Web é completamente legal e possibilita que use serviços privadosatravés de autenticação de identidade. É possível mergulhar ainda mais nas profundezas da internet e encontrar a Dark Web.

Algumas bases de dados governamentais e de bibliotecas contêm informação da Deep Web, que não é tão ilícita e sombria como é tida pelo conhecimento geral, uma vez que dentro da Deep Web existem locais mais obscuros.

Como referido antes, existe a surface web, aquela que qualquer pessoa consegue aceder facilmente, a Deep Web, alcançada através de hiperligações e jamais motores de busca, chegamos agora a um patamar mais escondido: a Dark Web.

DARK WEB

A Dark Web é todo um conjunto de conteúdo guardado em servidores anónimos que não pode ser acedido através dos canais normalmente utilizados para navegar na internet. Isto quer dizer que não conseguirá entrar na Dark Web utilizando o seu fiel browser de confiança. É um recanto da internet escondido intencionalmente, para que não seja penetrada pelo comum utilizador da internet.

O termo Deep Web é muitas vezes confundido com Dark Web, sendo a última um patamar mais escondida do que a primeira. A Deep Web é tida como 400 a 500 vezes maior do que a internet visível. Podemos referir-nos à Deep Web como todas as bases de dados e websites privados protegidos por passwords,

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e sites protegidos para que só possam ser atingidos através de softwares, configurações e autorizações específicas ou ter o endereço do conteúdo até chegar a algo que normalmente não conseguiria aceder, como é o caso de sites com conteúdo pago como serviços de streaming (Netflix, por exemplo) e sites privados com credenciais para entrar.

Um exemplo reconhecido do conteúdo da Dark Web é a TOR network, uma rede anónima possível de alcançar através do TOR browser, onde decorrem actividades ilícitas encobertas pela dificuldade de acesso. Existe também a I2P, que permite a hospedagem de sites de forma anónima. A anonimidade dentro da Dark Web é assegurada pelas máscaras e encriptação em camadas através de vários servidores intermediários que poderá usar, como software que esconde o seu endereço de IP. A desencriptação é apenas feita no nó de saída e é impossível deslindar o IP do utilizador, bem como a sua geolocalização,

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D E D ENTRO PA RA FORA

garantindo portanto a confidencialidade de utilizadores, servidores e domínios. Os domínios geralmente terminam em .onion, e são constituídos por uma amalgama de letras e números. A Dark Web é menor do que a Deep Web e é maioritariamente conhecida devido à prática de actividades ilícitas como a compra e venda de drogas ou armas ou acções mais nefastas. DARKNET Chamemos à Darknet o mercado negro, encriptado, da internet. Talvez já tenha ouvido falar da Silkroad, o primeiro mercado anónimo de sucesso online. A Silkroad surgiu em 2011 e permitia que o utilizador comprasse e vendesse numa plataforma semelhante ao que a Amazon é na surface web. A diferença está, no entanto, na anonimidade, na utilização de e-currency (moedas existentes apenas na internet, cujo trajecto não é seguido) e no abandono do que é legal, moral e ético. Na Darknet tudo é possível. O contrabando, comunicação entre criminosos e partilha de conteúdo ilegal desde pedofilia a outros crimes graves discutidos e mantidos entre utilizadores em fórums, blogues e lojas acontece longe da visão do comum cidadão.

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Quando a Silkroad foi mandada a baixo em 2013, o FBI apontou que existiam já cerca de 1400 vendedores, 957 079 utilizadores registados e mais de 1.2 milhões de transações concluídas no que se estimava o valor de 214 milhões de dólares. Com o desaparecimento da Silkroad, a Darknet adaptou-se, e, além do regresso da Silkroad, surgiram novos mercados alternativos como a Agora e a Alphabay, onde os negócios ilícitos continuam em browsers como Freenet,

Tor, GNUnet, I2P, OneSwarm, RetroShare. De acordo com estudos, meio milhão de dólares é movimentado todos os dias nestas redes. As botnets conseguem fugir à censura através das suas redes de comando. Na Darknet não acontecem apenas grandes crimes, existe um uso mais leve em que amigos usam tecnologia peer-topeer para partilha de ficheiros, no entanto, o que se diz como mito urbano sobre existirem transacções e trocas de serviços ilegais verificou-se real. Na Darknet é possível comprar drogas, contractar serviços criminosos e trocar conteúdo obscuro anonimamente, longe dos olhos da lei. É também possivel ser-se observado por hackers, pelo que muitas pessoas colocam fita cola opaca a tapar a sua webcam e usam protectores VPN. Concluimos recordando que existe uma franca diferença entre Deep Web, Dark Web e Dark Net, avisando que a utilização das mesmas não é segura, não havendo protecção do utilizador e aqueles que se aventuram pelas águas do lado negro da internet correm o risco de serem alvos de hacking, roubo de identidade e de encontrarem o produto dos maiores medos da humanidade.


Na Surface Web poderá aceder a motores de busca, imensa informação, redes sociais, blogues e websites. Na Deep Web poderá encontrar conteúdo privado legalmente, como por exemplo entrar no seu e-mail - o que quer dizer que a larga maioria das pessoas acede diariamente à Deep Web - mas existem outros modos de utilizar a internet de forma nefasta e imoral, além de criminosa. Há que ir contra a tendência de utilizar e confundir a Deep Web e a Dark Web, pois se tratam de vertentes diferentes do que está escondido. Uma legal e outra ilegal e inaceitável para uma sociedade que se quer civil, cheia de conteúdo repulsivo e problemático para além do que já o é considerado em alguns sites da surface web. Nem todos os utilizadores da Dark Net são criminosos ou pretendem contratar criminosos, no entanto.

Muitos repórteres, jornalistas, activistas, investigadores, recorrem a esta para poderem obter informações de forma anónima para que se mantenham protegidos. É possivel encontrar tutoriais para aceder à Dark Web, no entanto não é aconselhado que o faça, mesmo que por curiosidade, especialmente se não tiver conhecimento das medidas de segurança que necessita de pôr em prática e se não estiver preparado para o conteúdo que irá encontrar.

D E D ENTRO PA RA FORA

Na World Wide Web é possível encontrarse um pouco de tudo.

Dentro das profundezas da internet encontrará tudo o que existe de moralmente errado, horrível, traumatizante da natureza podre da Humanidade.

Texto: Nadine Mussá

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COLUNA S OCIA L

por Eduarda Andrino

•1º BAZAR MENSAL•

JOAN AUGUNI Foi no atelier da estilista Sandra Bravo da Rosa criadora da marca Joan Auguni que se realizou o 1º Bazar, no Parque das Nações em Lisboa. O ambiente era muito acolhedor entre amigos, conhecidos e clientes. A união perfeita entre parceiros como Ana de Sá Fashion Designer (representada pelo empresário António de Sá), Lubetina Mak estilista, Jóias Grega, Bally Loraine de Rosa de Andrade, escritor Angolano Wylsony Dos Santos, Revista Mulher

Créditos: Nuno F. Sousa Luís Miguel Ferreira João

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de Isabel Manique, entre outros que partilharam o espaço para dar a conhecer as suas tendências e serviços. Destaco a presença de Cátia Ruela criadora das coroas dos concursos de Misses que se realizam em Portugal e desfiles de alta-costura. Todos os meses novas caras e novas marcas irão dar vida a este espaço para mais novidades!


•EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA E LANÇAMENTO DE ZITO DELGADO•

DO LIVRO

Foi no NH Hotel do Campo Grande sob a organização da Métizartis que o fotógrafo Zito Delgado inaugurou a sua exposição de fotografia e lançamento do seu primeiro livro “Sentimentos fotográficos” com textos da autoria de Celine Mestre. A exposição esteve patente ao público até dia 6 janeiro de 2018.

COLUNA S OCIA L

por Eduarda Andrino

O livro é edição limitada e como tal foi um sucesso entre os presentes. A exposição viajou até a Casa de Angola para ser novamente levada a público com a sempre simpática recepção do seu presidente Zeferino Boal e da diretora artística deste espaço cultural, Márcia Dias. Estará patente ao público até dia 6 de março de 2018.

Créditos: Onésimo Costa

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COLUNA S OCIA L

por Eduarda Andrino

FÁTIMA LOPES / MILÃO •COLECÇÃO DE SAPATOS FW18/19• Fátima Lopes apresenta em Milão a sua colecçao de sapatos FW18/19. Aos 51 anos a estilista madeirense Fátima Lopes aposta mais uma vez na internacionalização da sua marca e viaja ate Milão para apresentar a sua nova coleção de calçado na Micam, a tão considerada e maior feira de calçado do Mundo.

A estilista detentora pelo terceiro ano consecutivo do prémio “5 Estrelas” na categoria MODA, leva as suas criações Outono/Inverno 2017/18 a Itália, até ao próximo dia 15. Mais um motivo de orgulho para Portugal que está tão bem representado no mundo da Moda por esta grande senhora. Parabéns Fátima Lopes!

Créditos: Publicidade Fátima Lopes

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•PROTOCOLO “CONSELHEIROS

DA VISÃO” E “PORTO EDITORA” LITERACIA 3Di - Desafio do Conhecimento

As ópticas “Conselheiros da Visão”, que Fernando Oculista integra, e a “Porto Editora” celebraram um protocolo de colaboração no projecto Literacia 3Di desafio para o conhecimento. Foi no Hotel Villa Rica Executive perante uma sala atenta e participativa, que este debate se realizou, um projecto direccionado às escolas e professores que são muitas vezes os primeiros a detectar comportamentos dos alunos relacionados com problemas de visão e consequente défice de atenção.

COLUNA S OCIA L

por Eduarda Andrino

Decorreu também um fórum sobre o tema “Ver bem, Aprender melhor” moderado por Eduarda Andrino, com a presença do Presidente do Grupo Conselheiros da Visão e do Dr. Victor Ruiz, Oftalmologista e Cirurgião. É nesse sentido que o Grupo Conselheiros da Visão sob a direcção de Rafael Silva e a Porto Editora Dr. Vasco Teixeira (Director) uniram esforços.

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COLUNA S OCIA L

por Eduarda Andrino

•EXPOSIÇÃO FOTOGRAFIA•

“JOÃO AGUARDELA” Foi apresentada nos dias 10 e 11 de Fevereiro pela presidente da J.F.S.D.Rana, Dra. Fernanda Gonçalves a Exposição de fotografia “João Aguardela”, mentor e vocalista falecido do grupo “Sitiados”, com quem o fotógrafo Jorge Buco (autor das fotos) e também elemento da banda teve o privilégio de partilhar 17 anos de vida e amizade. Ao longo desse período, recolheu inúmeras imagens do carismático vocalista, que faria 49 anos a 2 de Fevereiro, e que agora deu a conhecer ao público, prestando homenagem ao músico e amigo.

A convite do pai do músico, José Aguardela e do Clube desportivo de Monte Real em Tires, foram apresentados registos únicos do fotógrafo captados durante o tempo de partilha e amizade com o tão único vocalista da banda. Durante a exposição Jorge Buco proferiu ao público presente uma frase comovente ao referir-se a uma das imagens que abre esta exposição: “...é com enorme prazer que quero partilhar convosco esses momentos. Esta imagem é um desses momentos.”

Créditos: Jorge Buco (Autor da Exposição)

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P UB LICIDA DE

•USHINDI SHOES•

Criada em 2015, a Ushindi Shoes quer inovar pelo design, sem descurar a qualidade e conforto a que já habituamos os nossos clientes. USHINDI SHOES - Made in Portugal e o link do site https://ushindishoes.facestore.pt

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ENTREV ISTA

por Leonor Noronha

•HACKERS•

“ENTUSIASTAS QUE DEFENDEM QUE TODOS TÊM ACESSO À TECNOLOGIA SEM PRECISAR DE PAGAR POR ISSO” Chamemos-lhe Romão, nome fictício, porque um hacker trabalha de forma anónima e não se quer dar a conhecer de forma a proteger a sua identidade e atividade, obviamente. O meu entrevistado é professor de inglês, mas sempre teve muita curiosidade pelo mundo informático. Esse seu gosto pessoal levou-o a transformar-se num autodidata nesta área e a explorar o mundo das tecnologias em todas as suas vertentes. Chegou a trabalhar na área, mas a sua paixão pelo ensino falou mais alto e regressou à sua profissão de eleição. No entanto, nunca largou este interesse que acaba por ser muito mais que um hobby e pouco menos que uma atividade profissional No seu círculo de amigos quando se fala em hacker e segurança informática, Romão é o primeiro nome que ocorre a todos. Por isso mesmo, quando surgiu o tema deste mês foi exatamente dele que me lembrei e foi a quem recorri para tentar perceber melhor algumas facetas dos lados mais obscuros da informática e da internet.

• EXATAMENTE O QUE É QUE FAZ UM HACKER?

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Hacker é alguém que possui conhecimentos suficientes de informática que lhe permitem ter acesso a informações de outras pessoas. Pode fazer isso através da invasão de computadores ou de dados fornecidos

pelos utilizadores a sites falsos. Qualquer pessoa que se dedique intensamente nalguma área específica da informática e descobre utilidades para além das previstas nas especificações originais pode ser considerada um hacker.

• O QUE É QUE DESPERTOU EM SI A VONTADE DE EXPLORAR OS SISTEMAS INFORMÁTICOS ALHEIOS? Existem várias razões: uma nova forma de editar uma ficheiro do Excel, navegar na internet utilizando metabuscas antes desconhecidas, entre outras, são áreas que não existiam e foram descobertas ou criadas por especialistas (ou hackers). Qualquer pessoa com conhecimento avançado fora da informática também pode descobrir algo especial num sistema qualquer que antes não lhe parecia possível e que não seja necessariamente uma brecha de segurança. Os hackers são entusiastas que defendem que todos têm que ter acesso à tecnologia sem precisar de pagar por isso.

• JÁ ATACOU ALGUM SISTEMA COM INTUITOS MALICIOSOS? Não foi um ataque malicioso, mas sim uma forma de provar que, por muito que digam que os sistemas de segurança das entidades bancárias são infalíveis, isso não é verdade. Por isso decidi provar as defesas e vulnerabilidades dos sistemas bancários usando o famoso tópico de


ENTREV ISTA empréstimos até 300€ com o acesso a uma conta bancária para o depósito do mesmo e um telefone da rede do pais em questão. Em 48h é depositado o dinheiro nessa conta que pertence a um sujeito com uma identidade falsa – criada através de aplicações com Gerador de Identidades Falsas - sem o prejudicar nem fisicamente nem moralmente pois na realidade ele não existe.

• PODE CONSIDERAR-SE QUE GRUPOS COMO OS ANONYMOUS PRATICAM ATIVIDADES ILEGAIS? Quando pensamos em hackers seja a dos casos relacionados com a fuga de informações do Wikileaks ou com as atividades do grupo Anonymous, com invasões de sistemas alheios, não se deve pensar em crime. As atividades que praticam não os transforma em criminosos. Tanto num caso como no outro trata-se de grupos que utilizaram os seus conhecimentos informáticos para

divulgar mensagens importantes para o mundo.

• PARTICIPA EM GRUPOS, FÓRUNS OU ENCONTROS COM OUTROS HACKERS? NÃO TÊM RECEIO DE SEREM APANHADOS POR PRÁTICA DE ATIVIDADE ILEGAL? Participo, mas como modo de informação e descoberta de novas oportunidades e conhecimentos. Muitos hackers compartilham e partilham informações e colaboram em projetos comuns, incluindo congressos, ativismo e criação de software livre constituindo uma comunidade hacker com cultura, ideologia e motivações específicas.

O QUE É A DARK WEB? COMO FUNCIONA? Uma darknet é qualquer rede fechada, contendo um grupo privado de pessoas com o intuito de se comunicar. Contudo, desde 2002, o termo evoluiu e tem sido

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usado para se referir às redes de partilha de arquivos, sejam elas privadas ou acessíveis ao público em geral. De uma maneira geral, uma darknet é um grupo que permite compartilhar todo tipo de conteúdo de maneira anónima, não sendo possível identificar o utilizador, e também privada, pois os arquivos disponibilizados são criptografados. As darknets são utilizadas, portanto, para compartilhar informações sigilosas. A darknet está associada à deepweb onde, como referido anteriormente, o seu IP é redirecionado para outro IP fora do país, é um servidor fantasma. TOR, WASTE e FREENET são três das mais conhecidas darknets, sendo que esta última tem milhões de utilizadores compartilhando conteúdo.

• QUE INFORMAÇÃO ACHA RELEVANTE DIVULGAR, EXPLICAR OU ESCLARECER SOBRE HACKERS, DARK NET E ESTE TIPO DE ATIVIDADE PARA QUE O PÚBLICO EM GERAL NÃO ASSOCIE ESTA ATIVIDADE A ALGO SOMENTE OBSCURO E ILEGAL? Os meios de comunicação normalmente não diferenciam um hacker em alguma área específica de um criminoso virtual, tratando ambos com o mesmo sentido de ilegalidade. Mas um especialista não é necessariamente um criminoso. Por exemplo, alguém com experiência de programação fora do comum tanto pode criar programas comerciais com alto valor acrescentado como descobrir uma brecha de segurança em outros programas, sendo mais importante a índole da pessoa do que a sua habilidade técnica.

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O nosso entrevistado denomina-se um “White Hat”, mas existem diferentes categorias de hackers cujas nomenclaturas variam de acordo com as ações que desenvolvem neste campo. Com a ajuda de Romão apresentamos-lhe as mais conhecidas, que são uma ajuda para melhor perceber este mundo misterioso e bem ou mal intencionado, conforme os propósitos dos seus utilizadores.

incompetentes e menos capazes de fazer algo. Contribuem apenas para denegrir a imagem real de um hacker.

• WHITE HAT: o hacker mais experiente e mais bem-intencionado;

• NEWBIE: aqueles que estão a iniciarse nesta atividade. Por exemplo, fez o download de um CD do Linux na net e fica horas e horas por dia a aprender e a tentar fazer coisas diferentes. Este novato, no futuro, terá de decidir se será “do bem” ou “do mal”.

• GRAY HAT: tão experiente quanto o anterior, no entanto pode usar seus conhecimentos para tirar proveito de alguma coisa; • BLACK HAT OU CRACKER: é o hacker criminoso, aqueles que normalmente são notícia nos órgãos de comunicação social; • LAMER: o mais comum de todos. Trata-se de alguém com más intenções e mentiroso, que se considera hacker ou cracker e assume-se perante todos como um hacker. Normalmente são

• CRACKER: é um indivíduo malicioso, que pode quebrar a segurança de um sistema. Pode pegar um CD do Windows e tirar a opção de ativação, fazer com que o sistema funcione gratuitamente entre outras ações.

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TIPOS DE HACKERS

• PHREAKER: hacker de sistemas telefónicos, fixos ou móveis. Pode ser alguém que desbloqueia aparelhos, que rouba o sinal, que monta infraestruturas entre outras ações possíveis. Há os bons e os maus, também denominados de black hat ou white hat, consoante as suas intenções ao praticarem estas ações.

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• O MUNDO WEB

NA INFÂNCIA •

A realidade dos nossos dias é a de uma nova era - a Era da Tecnologia. Em pleno século XXI, tudo se pode esperar em relação aos avanços das várias tecnologias, num piscar de olhos, a sociedade vai-se ajustando a um novo parâmetro social, modificando os seus atos, os seus costumes, a sua rotina e, o mais importante, a sua própria vida. Este ajuste não se verifica só no mundo dos adultos, em que, por exemplo, as reuniões de grupo são muitas vezes feitas pela internet, em que as pessoas pertencentes a diferentes locais, trocam informações e ideias entre si sem saírem desses mesmos locais - esta realidade também se verifica na infância.

Na verdade, ainda na vida intrauterina já se filmam os bebés, ficamos com os registos para mais tarde recordar e para mostrar à família ficamos com fotografias das ecografias. Até mesmo o nascimento das crianças já acontece online. Há partos que são filmados e transmitidos em direto - ainda com poucos minutos de vida, a família e os amigos já conhecem o recémnascido. Através das novas tecnologias, o bebé começa a sua aventura pelo mundo virtual e este mundo vai-se intensificando ao longo dos seus primeiros anos de vida. As tecnologias surgem logo com os primeiros brinquedos interativos, com os brinquedos eletrónicos, com a televisão, com os desenhos infantis acompanhados


Este tipo de brinquedos veio substituir, em grande escala, as bolas, os carrinhos, as bonecas, e vão-se infiltrando e ocupando mais tempo e mais espaço no dia-a-dia da infância.

É UM FACTO QUE AS CRIANÇAS DA NOSSA ERA DESBLOQUEIAM A TELEVISÃO E O TELEMÓVEL SEM DIFICULDADE ALGUMA, ABREM QUALQUER TIPO DE APLICATIVO E USAM RECURSOS TECNOLÓGICOS ANTES MESMO DE APRENDEREM A VESTIR-SE E CALÇAR-SE. Estudos recentes demonstram que o acesso à web se inicia cada vez mais cedo e que cada vez há mais crianças “ligadas” à internet durante mais tempo no seu dia-a-dia. Hoje em dia, as brincadeiras deixaram de ser do tipo de atividade lúdica em que havia interação entre pares, onde se privilegiava a cooperação, a imaginação, o prazer, a criatividade, a exploração da psicomotricidade e em que se promovia o desenvolvimento saudável da criança.

errado. Segundo a psicóloga, Alexandra Barros, “são menos capazes... de avaliar os riscos e perigos, de antecipar consequências, de adiar a gratificação e de regular o próprio comportamento”. Isto levanta sérias questões quanto ao futuro destas crianças, quanto aos impactos no seu desenvolvimento do excesso de exposição à tecnologia. Na área científica, há pesquisas que comprovam o que se chama de Plasticidade Cerebral - o cérebro adaptase aos estímulos recebidos. Assim, crianças expostas frequentemente ao excesso de tecnologia têm o seu funcionamento cerebral e a estrutura das suas conexões mentais alteradas. Segundo Piaget, a aprendizagem implica modificações no sistema nervoso e geralmente dá-se por ação de um estímulo externo, correspondendo a um processo adaptativo, já que o indivíduo se vai ajustando às alterações do meio - daí a grande importância de estímulos significativos e de qualidade durante a primeira infância, pois a aprendizagem concretiza-se uma vez que a criança associa a experiência com as funções percetivas e motoras.

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de imagens excessivamente estimulantes, com os brinquedos barulhentos e que brincam sozinhos (falam, andam, cantam), com os telemóveis, com os tablets, etc.

A criança precisa de explorar fisicamente o mundo para que o possa conhecer.

Atualmente, as brincadeiras estão voltadas para os jogos de computador e para os telemóveis, em que as crianças se isolam socialmente perdendo a atividade lúdica entre pares e descurando o desenvolvimento psicossocial. O principal risco do acesso às tecnologias cada vez mais precoce, por parte das crianças, deve-se à sua imaturidade e vulnerabilidade, sendo que, nestas idades, as crianças ainda não são capazes de distinguir o certo do

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Através das interações face-a-face, a criança vai adquirir conhecimento, experiência e, por conseguinte, aprendizagem. Se isto não acontecer, a criança perde marcos importantes no seu desenvolvimento. Das muitas teorias que foram estudadas por diferentes Educadores, Psicólogos, Médicos e Cientistas destacamos a do Psicólogo e Filósofo Jean Piaget, que foi e é ainda hoje, um dos autores mais respeitados e prestigiados em todo o mundo. O seu trabalho serviu e serve de base para inúmeros estudos e teorias na área da educação e do desenvolvimento infantil. Piaget foi pioneiro no estudo de como o cérebro da criança se desenvolve.

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SE O CÉREBRO DA CRIANÇA ESTIVER SUJEITO A UM EXCESSO DE USO DE TECNOLOGIA ESTARÁ PROPENSO A QUE SE VÁ MODIFICANDO, UMA VEZ QUE ESTÁ SUJEITO A UMA HIPERESTIMULAÇÃO. O cérebro da criança ainda não tem maturidade suficiente para conseguir lidar com esse excesso, ficando sobrecarregado devido ao facto de tentar absorver incontáveis informações, como imagens, sons, cores e, desta forma, passa a trabalhar em ritmo acelerado. Contrariamente ao cérebro que está acelerado, o corpo está estático e esta disparidade causa um enorme desequilíbrio das funções neuronais resultando em processos muito instáveis como agitação, irritação, ansiedade e agressividade. O desenvolvimento motor e sensorial da criança e os seus sistemas neuronais não


Por estas razões, tem-se observado um aumento de distúrbios físicos, psicológicos e de comportamento nas crianças. Segundo determinadas pesquisas alguns destes distúrbios estão relacionados com os diagnósticos de transtorno de coordenação, atraso no desenvolvimento, dificuldades de aprendizagem, transtorno de processamento sensorial, ansiedade, depressão, distúrbios do sono, entre outros. Segundo a Academia Americana de Pediatria e a Sociedade Canadense de Pediatria, as crianças até aos dois anos não devem ter qualquer contato com as tecnologias, crianças dos três aos cinco anos devem ter acesso restrito a uma hora por dia e crianças dos seis aos dezoito anos devem ter acesso restrito até duas horas por dia. Ainda segundo a pesquisa da Academia Americana, existem motivos fortes para condicionar e limitar, ou mesmo proibir, o uso da tecnologia na infância.

E PORQUÊ? • Entre os 0 e os 2 anos o cérebro da criança triplica de tamanho. O seu desenvolvimento inicial é determinado pelo excesso, adequação ou carência de estímulos ambientais. O desenvolvimento cerebral exposto a um excesso de uso de tecnologias vai afetar negativamente o seu funcionamento e pode causar défice de atenção, atrasos cognitivos, aprendizagem deficiente, aumento da impulsividade e diminuição da sua capacidade de auto regulação. • O uso excessivo da tecnologia restringe o movimento (o que pode resultar num atraso de desenvolvimento, uma vez que o movimento aumenta a atenção e a capacidade de aprendizagem). • As crianças com aparelhos de alta tecnologia nos seus quartos tornamse demasiado dependentes desses mesmos, o que leva a que estejam a maior parte do seu tempo sentadas no mesmo lugar, não gastando a energia que vão consumindo diariamente. Desta forma, existe uma relação entre o uso excessivo de tecnologia e a obesidade. E estas crianças estarão assim mais propensas a desenvolver diabetes e a correr mais riscos de acidente vascular cerebral.

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têm as condições biológicas e emocionais necessárias para acomodar a natureza sedentária e, ao mesmo tempo, o ritmo frenético do uso da tecnologia.

ESSAS RAZÕES ENVOLVEM: 1. Rápido crescimento do cérebro, 2. Atraso no desenvolvimento, 3. Aumento da taxa de obesidade, 4. Privação do sono, 5. Doença do foro psicológico, 6. Agressão infantil, 7. Vícios, 8. Emissão de radiação, 9. Insustentabilidade.

• Os pais que não supervisionam o uso de tecnologia dos seus filhos e que permitem o uso destes aparelhos nos seus quartos, fazem com que estes se sintam à vontade para o fazer durante o tempo que entenderem sendo que, desta forma,

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estes ficam privados das horas necessárias de sono e como consequência, possam ter resultados de insucesso escolar. • O uso excessivo de tecnologia está ainda ligado a taxas crescentes de depressão infantil, ansiedade, transtornos de vinculação, défice de atenção, transtorno bipolar, psicose e comportamento infantil problemático. • As crianças estão cada vez mais expostas à crescente informação e conteúdo violento que é transmitida nos meios de comunicação atualmente, o que se torna um risco à saúde pública devido ao impacto na promoção da agressão infantil. • Como os pais ficam cada vez mais presos à tecnologia ficam desapegados dos seus filhos sendo que na ausência do apego dos pais, as crianças acabam por se conectarem aos dispositivos, o que pode resultar numa dependência (vício). • As crianças são mais sensíveis do que os adultos à emissão de radiação dos aparelhos eletrónicos, pois os seus cérebros e sistemas imunológicos ainda estão em desenvolvimento. • A forma como as crianças estão a ser educadas com a tecnologia já não é sustentável. As crianças são o nosso futuro mas não há futuro, para as crianças com “overdose” de tecnologia. Cuidar disso é urgente e necessário.

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É premente desenvolver ações de prevenção relativamente a esta dependência das tecnologias. Esta dependência torna-se tão mais forte quanto maior for o tempo envolto pela sedução da tecnologia e quanto menor for o tempo dedicado a atividades

como brincadeiras ao ar livre, atividades desportivas, atividades manuais, atividades lúdicas, atividades artísticas e contatos com animais de estimação em que as crianças se possam envolver em interações sociais e apreender conteúdos educativos. Perante este cenário tão obscuro, tornase imperativo procurar formas de controlar o tempo que as crianças têm à sua disposição os dispositivos, a fim de evitar todos estes possíveis danos que prejudicam a seu desenvolvimento harmonioso e saudável. Os pais exercem um papel fundamental na educação dos filhos em relação ao uso das novas tecnologias. Impor limites é a única forma de proteger as crianças do excesso e dos perigos da internet. Segundo a psicóloga Ana Cristina Vendramin, “as crianças precisam aproveitar a infância, brincar, se divertir, ter amigos, fazer amizades e vivenciar este período. Quando elas se isolam, deixam de aprender e se desenvolver como pessoa”. Ainda segundo Vendramin “as crianças precisam entender que existem regras e que devem ser cumpridas”. A chave da parentalidade é a comunicação e é através dela que os pais podem prevenir, detetar e corrigir situações problemáticas. Nós, pais, precisamos de ajudar os nossos filhos a encontrar o equilíbrio certo entre os momentos com os amigos e a família e os tempos online. É através da brincadeira, do faz de conta, da atividade física e da relação com o outro que as crianças adquirem muitas competências intelectuais, socio afetivas e motoras.


É importante que as crianças ponham em prática a liberdade para criar, fantasiar e brincar. Segundo Froebel, “brincar é a fase mais importante da vida”.

A BRINCADEIRA É A FORMA MAIS PRIVILEGIADA DE APRENDIZAGEM, POIS ATRAVÉS DESTA A CRIANÇA DESCOBRE O MUNDO, DESCOBRESE A SI PRÓPRIO E DESCOBRE OS OUTROS. A brincadeira está relacionada com a criatividade, com a resolução de problemas, com a aprendizagem da linguagem, com o desenvolvimento dos papéis sociais e com numerosos fenómenos cognitivos e sociais. Proporciona à criança um contato com sentimentos de alegria, sucesso, realização dos seus desejos assim como com o sentimento de frustração. E este jogo de emoções ajuda na estruturação da personalidade da criança.

VAMOS INCENTIVAR OS NOSSOS FILHOS A BRINCAR O MAIS POSSÍVEL. BRINCAR É BOM E SAUDÁVEL!

CONSELHOS A COLOCAR EM PRÁTICA COM OS NOSSOS FILHOS • Crianças com menos de 2 anos não devem usar aparelhos eletrónicos; • Brincar junto dos filhos e interagir com eles face-a-face; • Garantir que o uso de aparelhos eletrónicos não interfere na socialização; • Evitar levar aparelhos eletrónicos para restaurantes, festas ou ambientes em que os filhos terão oportunidade de interagir com outras crianças; • Substituir os jogos eletrónicos por jogos concretos; • Incentivar momentos em família, momentos de interação e de comunicação;

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Existem alguns fatores importantes que contribuem para um desenvolvimento infantil saudável como o movimento, o toque, a conexão humana e a exposição à natureza e estes são somente possíveis fora de casa, longe do computador, na rua e em convívio com pares. Estes fatores, designados por estímulos sensoriais, garantem o desenvolvimento das competências necessárias ao crescimento, desenvolvimento, aprendizagem e relações sociais saudáveis.

• Quando usar recursos tecnológicos, procure aplicativos de qualidade que promovam a construção de vocabulário, a alfabetização, a matemática e conceitos científicos; • Limite o uso da tecnologia a, no máximo, 30 a 40 minutos, por dia.

Texto: Olga Muro

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•RESTAURANTE•

CHARKOAL Há locais que levamos no coração, outros que nos seguem pelo paladar. A sugestão do Selo de Qualidade nesta edição vai deixar-vos com a vontade enorme de saber mais, na prática, sobre o Charkoal.

1- QUANDO NASCEU O CONCEITO DO CHARKOAL? O conceito Charkoal nasce de várias ideias entre os proprietários Aldina Almeida e Pedro em conjunto com o Chefe Cordeiro. Sentimos a necessidade de abrir um espaço agradável, informal e onde os grelhados a carvão e saladas tivessem o papel fundamental. Foi intenção logo desde o inicio abrir um espaço de grelhados, mariscos, peixes, carnes, legumes, etc mas sempre no carvão.

2- A COMIDA É CONFECIONADA, DE FORMA GERAL, EM CARVÃO. TANTO A CARNE COMO O PEIXE. É ESTE O SEGREDO DO ENORME SUCESSO DO PALADAR DA COMIDA?

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Logicamente que todos sabemos que a comida grelhado no carvão tem um sabor requintado e muito peculiar. Por essa razão ainda utilizamos várias técnicas de grelha que aumenta o sabor e os aromas, como por exemplo adicionar certas e determinadas ervas aromáticas no momento efectivo de grelhar. Essas ervas aromáticas são sempre determinadas mediante aquilo que no momento se vai grelhar. Juntamente com estas técnicas juntamos também muito carinho e muita paixão a tudo aquilo que fazemos diariamente.

3- QUAIS SÃO OS OBJETIVOS DESTE ESPAÇO QUE SE SITUA NUM LOCAL PRIVILEGIADO JUNTO AO MAR? Os objectivos já foram traçados logo antes mesmo da abertura. Queremos que os clientes se sintam confortáveis, sejam bem atendidos e que a comida seja perfeita. Lutamos todos os dias para conseguir agradar aos nossos clientes. Temos uma equipa muito unida. O negócio não representa nada se não agradarmos aos nossos clientes. Estamos a funcionar muito bem e chegaremos certamente ao nosso objectivo de não sermos melhor do que ninguém, nem pior do que ninguém, mas sim, sermos diferentes. A localização é idílica e nada satisfaz mais do que num belo dia de calor almoçar ou jantar na nossa esplanada. Ter a água e as nuvens como horizonte é de facto um privilegio para quem nos visita e também para nós que aqui trabalhamos diariamente. 4- CHARKOAL, PORQUE? O nome Charkoal vem de duas filhas (proprietários e do Chefe Cordeiro), a Inês e a Raquel que lançaram o nome para cima da mesa e foi aprovado. Tem tudo a ver. Carvão em inglês é de facto o nome correcto para o nosso espaço. É também um nome que encaixa muito bem na sua sonorização.

5- OS CLIENTES DO CHARKOAL PROCURAM MAIS A CARNE OU O PEIXE? Relativamente a esta questão ambos estão empatados. Vendemos ambos muito bem.


temos vários pratos de referencia. A sopa de peixe em massa folhada já é conhecida, e temos as carnes grelhadas, desde o Costeletão maturado, ou mesmo o nosso Tomahawk maturado, que é uma peça com + de 1,200 KG. O peixe grelhado é sem duvida face á nossa proximidade com o Mar, um dos nossos cartões de visita. Temos sempre presente praticar uma cozinha muito portuguesa naquilo que concerne aos pratos não grelhados, mas também entramos por alguns pratos internacionais. Temos um leque de cocktails que tem sido um grande sucesso. Adoramos a liberdade de alterar e modificar para agradar sempre aos nossos clientes.

7-A TAREFA DE INOVAR PARA CONQUISTAR NOVOS CLIENTES SEM PERDER A QUALIDADE É DIFÍCIL? A tarefa de inovar e criar é

produto de qualidade e criar emoções aos nossos clientes. Promete bem estar e muita humildade no trabalho que realizamos. Teremos surpresas brevemente, mas como tudo na vida as surpresas não se podem contar. Neste verão também vamos abanar o chão. Esperem para ver.

11- ONDE PODEMOS ENCONTRAR O CHAKOAL? O Charkoal está localizado na Marina de Oeiras, junto ao Mar, com uma vista privilegiada sob o Tejo e o Farol do Bugio. Estamos também presentes no Facebook e Instagram.

S E LO DE QUA LIDA DE

6- QUAL O VOSSO PRATO DE REFERÊNCIA? Neste momento já

muito dolorosa. Seja no Charkoal ou seja onde for. Aquilo que efectivamente temos de ter sempre presente é nos produtos de qualidade. Seguimos este caminho e assim será.

8-QUAL O DIA EM QUE O RESTAURANTE MAIS É SOLICITADO? O Sábado e o Domingo são sem duvida os dias mais requisitados.

9-QUAL É O MAIOR DESAFIO TODOS OS DIAS? Continuámos diariamente a tentar inovar, mantendo sempre os padrões de qualidade a que habituámos os nossos clientes. A satisfação do cliente é o nosso continuo.

10-O QUE PROMETE O CHARKOAL PARA 2018? O Charkoal promete qualidade todos os dias. Trabalhar com

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•RESTAURANTE•

LODGE

O Lodge nasceu em 2010, pelas mãos de um empresário que detém outros setores de atividade comerciais em Tomar, Fernando Ferreira, nascido em África do Sul e, por esse motivo, criou a marca patenteada Lodge. Conheça tudo sobre este espaço em Tomar.


Sendo conhecidos os Tomarenses pelo seu bom garfo, era necessário criar um conceito de cozinha tradicional caseira. Para garantir isso a empresa tem funcionários com provas dadas nesta área, associado á boa qualidade dos produtos da nossa região, entregues diariamente no Lodge. Habitualmente os nossos clientes tanto os locais como de outras localidades, por vezes bem longe, procuram o Lodge em virtude de saberem também cozinhar nas suas casas e por isso valorizam o que apresentamos e servimos.

2- QUAIS SÃO OS OBJETIVOS DESTE ESPAÇO? O bem servir associado ao glamour do momento. Desde um casamento ao batizado, ao evento da empresa, á refeição empresarial, desde a refeição servida ou em buffet com uma disponibilidade de espaços decorados para tal ocasião e desde do interior, ao jardim exterior criado para eventos á sala multiusos para reuniões ou festas privadas.

3- VERIFICAMOS QUE O FIM DE SEMANA É BUFFET. QUAL O VALOR DO BUFFET E O PORQUÊ DESSE CONCEITO DIFERENTE AO FIM DE SEMANA? Todos os dias ao almoço temos uma sala preparada a servir refeições em buffet. Às sestas e sábados á noite também temos jantares em buffet. Noutras salas servimos almoços e jantares á Carta todos os dias.

4- TODOS OS DIAS HÁ MÚSICA AO VIVO? Sim todos os dias temos músicos profissionais a acompanhar os jantares que atuam em termos musicais de acordo com a vontade e o gosto da maioria dos clientes na sala.

5- QUAL O VOSSO PRATO DE REFERÊNCIA? Com uma vasta ementa diária rotativa é difícil criar uma referência, porem aos Domingos é o Cabrito assado. O peixe fresco também se torna referencia.

6- A TAREFA DE INOVAR PARA CONQUISTAR NOVOS CLIENTES SEM PERDER A QUALIDADE É DIFÍCIL? Pelo nosso êxito obtido penso que não é difícil, porque esse é o nosso trabalho diário desde que abrimos.

7- QUAL O DIA EM QUE O RESTAURANTE MAIS É SOLICITADO? Em eventos que criamos

S E LO DE QUA LIDA DE

1- A COMIDA É CONFECIONADA, DE FORMA GERAL, COM UM SABOR MUITO CASEIRO. TANTO A CARNE COMO O PEIXE. É ESTE O SEGREDO DO ENORME SUCESSO DO PALADAR DA COMIDA?

para o público em geral e aos fins de semana.

8- QUAL É O MAIOR DESAFIO TODOS OS DIAS? Ter toda a equipa Lodge motivada para a grande responsabilidade que é depositada pelos clientes que nos procuram e confiam nas nossas capacidades todos os dias.

9- O QUE PROMETE O LODGE RESTAURANTE PARA 2018? Qualidade inovação glamour e uma boa disposição para os nossos clientes, fornecedores e amigos.

10- ONDE O PODEMOS ENCONTRAR? Edifício Lodge em Tomar tel. 249 346 359 Aberto ao público todos os dias.

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Te m a d a PRÓXIMA EDIÇÃO! N ão perca!

•DESVIOS DA NORMA•

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MANUELA PEREIRA | 910749747


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