Março 2017 | Nº 26
VÍCIOS
QUEM NÃO OS TEM? O PRAZER NO VÍCIO
A CHUCHA/CHUPETA COMUNICAR É AMIGA OU INIMIGA?
EM FAMÍLIA
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Indice 4 Meias de rede estão em vogue 8 ENTREVISTA 14 CRÓNICA Ana Sofia Bexiga 18 Pode a hipnose ser uma cura para o vício? 32 A chucha/chupeta é amiga ou inimiga? 46 CRÓNICA Vera Soares 50 Vício ou hábito? Serão a mesma coisa? 56 CRÓNICA Sónia Machado Araújo 64 Comunicar em família 76 Ser feliz é um vício... prazeroso 84 POR DETRÁZ DO PANO by Eduarda Andrino 100 COLUNA SOCIAL by Eduarda Andrino 110 LIVROS por Leonor Noronha 114 CINEMA por Tiago Vás Osório 116 “O Treino em futebol” 120 SPAZZIO VITA Cavitação 114 PRESS RELEASE Fitness Hut 128 CULINÁRIA por coco e baunilha
Ficha Técnica Cordenação Editorial Manuela Pereira Tiago Barreiro
Grafismo e Paginação Ana Isabel Vieira
Colaboração Editorial Ana Sofia Bexiga, António Oliveira, Áurea Venceslau, Diana Oliveira, Eduarda Andrino, Fitness Hut, Leonor NoronhaLídia Santos, Manuela Pereira, Marisa Melo, Miguel Ferri, Nuno Campilho, Porto Editora, Sandra Cunha, Spazzio Vita - Maria Leitão, Sonia Machado,Telmo Firmino, Tiago Vaz Osório, Vera Soares 3
4
MEIAS DE REDE estรฃo em vogue
O
novo desafio das influencers da moda parece ser a de convencer as suas seguido-
ras a usar as meias e outras peรงas de vestuรกrio em rede textualizada. E, pela quantidade de fotos no Instragram com este slogan, fica 5
ARMÁRIO SEM CHAVE
6
Não há duvida que esta textura esteve sempre associada á sensualidade, provocação e rebeldia
bem claros que estão no bom ca-
de Alta Costura Primavera/Verão
minho.
2017, deu-lhe um ar top e outras
Porque com o hashtag #fishnets, as usuárias da rede social confirmam que se trata de uma das novas
marcas assumiram-no como o tecido fetiche. O
Armário sem Chave junta-
tendências com potencial para as-
mente com a Marilene Faria autora
sumir um lugar na nossa sociedade.
do blog da Mary realizou um outfit
Não há duvida que esta textura
onde as meias de rede também fo-
esteve sempre associada á sensualidade, provocação e rebeldia.
ram a chave. Uma combinação perfeita com
As flappers usavam-nas para
uma tshirt da nossa marca, Armá-
dançar e escandalizar a sociedade
rio sem Chave, personalizada com
dos anos 30.
seda e pedraria.
Marilyn Monroe usou-as para aumentar a temperatura; e os punks
Primamos pela exclusividade, peças distintas e personalizadas.
usavam-nas como um símbolo de
Pode encontrar ainda na loja on-
rejeição. Embora agora tenham
line através do facebook ou loja físi-
muitas outras versões.
ca situada em Chaves, uma imensa
Givenchy usou na sua colecção
gama de acessórios de moda. 7
ENTREVISTA
8
9
JHEMERSON Guimarães
ENTREVISTA
J
HEMERSON, o menino da Bahia que dá cartas no futebol. É uma das novas apostas do Clube Vitória , já trabalhou em entrega de panfletos mas sempre com o sonho de menino em ser profissional de futebol... e conseguiu!
- A paixão pelo futebol, como
surge ?
do em treinamento, até chegar em
A paixão pelo futebol começou
uma equipa chamada AMDH em
com 7 anos de idade, em uma es-
betim, onde foi fundamental para
colinha de futebol chamada: fute-
meu crescimento, depois fui para
bol e cia em Belo Horizonte, lá fiz
o Coritiba (PR). Araxá em Minas
os meus primeiros campeonatos,
Gerais, até chegar hoje no vitoria.
primeiros títulos, primeiras experiências.
- Em 2015, existiu uma fase complicada, ainda que, com um percur-
- Com 7 anos iniciaste o teu per-
so curto no futebol, estiveste sem
curso no futebol tendo as primei-
jogar... Nessa altura, por algum mo-
ras experiências em clubes, como
mento pensaste em desistir? Como
Cruzeiro. Conta-nos um pouco des-
foi essa fase ultrapassada?
se teu ínicio.
10
cruzeiro, depois passei um perío-
2015 foi o momento mais difícil
Passei por vários clubes como
na minha carreira, porque eu esta-
disse,comecei no futebol e cia,
va sem clube, e todo lugar que batia
depois fui para o campo em uma
na porta para ter uma oportunidade
equipa chamada comercial de
não me davam. Então sem clube e
Belo Horizonte, depois disso tive
sem trabalhar, precisava fazer algo
minha primeira oportunidade em
para poder ter meu dinheiro ter mi-
um clube de maior expressão, o
nhas coisas. Então arrumei traba-
2015 foi o momento mais difĂcil na minha carreira, porque eu estava sem clube, e todo lugar que batia na porta para ter uma oportunidade nĂŁo me davam 11
ENTREVISTA
Acho que todo jogador pensa em alcançar uma seleção, e servir seu país e comigo não é diferente lhos pontuais entregando panfleto, em festas infantis etc, e sempre treinando nesse tempo esperando uma oportunidade, esse momento a fé foi fundamental para minha superação, esperança e fé! - Surge o clube Araxá- MG onde
Todos os dias nos treinos eu
atraíste a atenção do Vitória, sen-
deixo meu 100%, trabalho para
do assim contratado para a equipa
melhorar meus erros, aperfei-
base do clube e em seguida con-
çoar meus acertos, e esperando
segues chegar ao profissional.
a oportunidade de fazer a estreia
Qual foi a sensação dessa ascensão para a equipa principal?
chegar estarei preparado!
Essa sensação é a melhor do
- Jogar pela selecção nacional
mundo, é um sonho de criança
brasileira é um objetivo a concre-
que se torna realidade, sou grato
tizar?
a Deus por tudo que ele tem feito em minha vida. - Como pretendes afirmar-te na equipa principal do Vitória? 12
em um jogo oficial, quando ela
Acho que todo jogador pensa em alcançar uma seleção, e servir seu país, comigo não é diferente, preciso dar um passo de cada vez
só assim vou conseguir alcançar
pre em prol do grupo, se o grupo
meus objetivos.
se destaca o individual aparece.
- Qual a tua referência(s) no futebol? Gosto muito do estilo de jogo do phillippe Coutinho, Ronaldinho gaúcho, Neymar, um futebol alegre e para frente. - Como te defines enquanto futebolista ? Sou um jogador que gosta de ir para a frente , um futebol alegre e ousado, se divertindo mas sempre com responsabilidade, jogo sem-
CURIOSIDADES: Equipa da europa que gostarias de jogar: Tenho muita admiração pelo chelsea. Derrota mais injusta: Copa sp de futebol júnior vitória x red bul Vitória mais marcante : vitoria x Rafaela copa Rs. Melissa Casanova 13
CRÓNICA
O PRAZER NO VÍCIO
A
ssim como a virtude, o vício é um hábito e, como tal, carece de repetição para ser
consolidado. Mas, se na virtude se tem dor seguida de prazer, no vício se tem prazer seguido de dor. As causas do vício poderão ser factores de situação económica,
ANA SOFIA BEXIGA
conflitos famíliares, estresse, etc. Mas o que defendo mais, é que o vício não se forma de um único fator, que ele é resultado de uma combinação de elementos. Freud foi o primeiro a descrever o papel do vício
nho mais rápido para obtenção de
no que ele chamava de “
prazer e afastamento da dor.
Economia de Líbido” a for-
Da mesma forma que são vários
ça vital que nos move, se-
os fatores que levam ao vício, eu
gundo seu pensamento.
entendo que várias mudanças na
Para ele, era o cami14
As causas do vício poderão ser factores de situação económica, conflitos famíliares, estresse, etc.
nossa vida e trabalhando a cons-
ciência do nosso ser, que esse
com as emoções, pode-se traçar um
mesmo vício pode ser resolvido.
plano para iniciar o “fim” do vício.
Ir ao fundo da questão sobre o que levou ao vício, estudando o passado da pessoa, avaliando a sua vida presente e a forma como lida
Temos à disposição ferramentas como: - Alimentação consciente e adaptada a cada estilo de vida. 15
CRÓNICA
É possivel viver a felicidade sem socorrer a um vício para matar a dor mais profunda, façam as vossas melhores escolhas
- Caminhadas na natureza, abraçar árvores! - Leituras de uma vida saudável. - Práticas diárias de Yoga e Tai-chi por trabalharem a energia do ser num todo e equilibrar. - Práticas diárias de gratidão.
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Freud foi o primeiro a descrever o papel do vício no que ele chamava de “ Economia de Líbido” a força vital que nos move, segundo seu pensamento - Práticas diárias de olhar e res-
É possivel viver a felicidade sem
peitar o nosso templo que é o nos-
socorrer a um vício para matar a
so corpo.
dor mais profunda, façam as vos-
- Terapia de Reiki; Terapia de Cura Quântica; Terapia baseada no Mé-
sas melhores escolhas porque a “ fatura “ é paga aqui!
todo L.Hay; Terapia baseada no Método de Constelações Familiares.
Ana Sofia Bexiga 17
18
PODE A HIPNOSE SER UMA CURA PARA O VÍCIO? 19
PODE A HIPNOSE SER UMA CURA PARA O VÍCIO?
T 20
odos os dias somos
redes sociais. Mas seja qual for o
bombardeados por
vício a que nos entregamos, a ver-
histórias sobre a for-
dade é que este nem sempre tem
ma como os vícios
que ser visto como um problema:
acabam com a vida
permitir que o nosso corpo e men-
de tantas famílias e
te cedam oportunamente aos seus
sobre a infinidade
instintos pode até ser útil. Certos
de comportamentos destrutivos a
hábitos que vamos tendo ao longo
que as pessoas se sujeitam para
da vida podem ser um pedido fisio-
alcançar os seus fins. Nesta cons-
lógico do nosso corpo: quem não
trução social, os vícios são vistos
tem desejos de comer um chocola-
como defeitos de caráter ou uma
te todos os dias? Ou do imprescin-
debilidade de que só padecem os
dível café matinal? Curiosamen-
fracos de espírito, mas a verdade
te, tanto o chocolate que contém
é que todos nós temos, de uma
antioxidantes que melhoram a fle-
forma ou outra, um vício de elei-
xibilidade dos vasos sanguíneos,
ção. Em Portugal fala-se muito dos
como o café que melhora o fluxo
vícios mais evidentes, como o ta-
sanguíneo tem um propósito no
baco, o jogo, o álcool ou a droga,
combate às doenças cardiovascu-
mas existem outros que, por serem
lares. Até a gordura, vista como ini-
vistos como menos problemáticos,
miga de tantos de nós, acaba por
não deixam de ter as suas conse-
estar a prestar um serviço à nossa
quências: a alimentação compul-
saúde: os tipos certos de gordura,
siva, o trabalho, o dinheiro, o sexo,
como gorduras monoinsaturadas
ou mesmo a internet e a febre das
ou o aclamado Ómega-3, não só
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PODE A HIPNOSE SER UMA CURA PARA O VÍCIO?
Em termos práticos, nós apreciamos o objeto do nosso vício pela mesma razão pela qual o experimentámos pela primeira vez, porque gostamos da sensação que acreditamos sentir melhoram o funcionamento cardíaco como podem ser uma ajuda em casos de depressão.
A perspetiva de que nem to-
dos os vícios são automaticamente negativos permite uma reflexão sobre as possíveis causas psicoemocionais ou biológicas que podem estar na sua origem, e assim
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aceitarmos o vício como algo de
o hábito de beber um copo de vi-
profundamente humano. Só a par-
nho todos os dias nos pode trazer
tir dessa aceitação será possível
benefícios, mas a necessidade de
perceber se ele é ou não um mal
beber três ou quatro pode tradu-
em potência: se nos traz alguma
zir-se num descontrolo. Em termos
utilidade ou se é na verdade pre-
práticos, nós apreciamos o objeto
judicial. Sabemos certamente que
do nosso vício pela mesma razão
ma como essa pessoa nos faz sentir. Mas quando essa perceção não corresponde à realidade, então entramos numa relação disfuncional. Reconhecer a fronteira entre o saudável e o patológico não é de todo fácil, mas na minha prática clínica é-me claro que basta prestarmos um pouco de atenção ao que se passa no nosso interior para encontrarmos estas respostas. Muito do trabalho terapêutico que se faz em torno das adições parte exatamente desse momento de aceitação e, para tal, penso ser importante tranquilizar mais uma vez o leitor quanto à naturalidade com que um comportamento aditipela qual o experimentámos pela primeira vez, porque gostamos da
vo pode surgir.
Existem ainda muitas ques-
sensação que acreditamos sen-
tões sobre a natureza da adição
tir. O mesmo mecanismo parece
e a falta de conhecimento sobre
acontecer nas nossas relações
o que realmente se passa a nível
pessoais: acreditamos gostar de
cerebral leva-nos facilmente ao
alguém porque idealizamos a for-
exagero, à desconfiança ou à so23
PODE A HIPNOSE SER UMA CURA PARA O VÍCIO?
breproteção das pessoas a quem queremos bem. Para percebermos a melhor forma de trabalhar os vícios, é relevante compreender o que se passa no nosso cérebro. O PRINCÍPIO DO PRAZER
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satisfatória. No cérebro, o sensa-
Os vícios podem ser de ordem
ção de prazer advém da libertação
física, como o caso do abuso de
do neurotransmissor dopamina no
substâncias, ou comportamental,
núcleo accumbens, um aglome-
como as reações compulsivas (ví-
rado de células nervosas situado
cio do jogo ou alimentar). Porém a
abaixo do córtex cerebral (ver ilus-
maioria dos investigadores conclui
tração). O efeito da dopamina no
que a dependência psicológica é
núcleo accumbens está tão con-
a maior dificuldade sentida na re-
sistentemente ligado ao prazer
cuperação, uma vez que a nossa
que os neurocientistas se referem
mente consegue estabelecer vá-
à região como o centro do prazer.
rias ligações ao objeto de desejo
A probabilidade de recorrer ao ví-
e essa associação frequente faz
cio está diretamente ligada à ve-
com que océrebro acabe por esta-
locidade com que este promove a
belecer circuitos neuronais muito
libertação de dopamina, à intensi-
próprios.
dade dessa libertação e à confia-
O nosso cérebro regista todos
bilidade da mesma. Por exemplo,
os prazeres da mesma maneira,
injetar uma droga tem um efeito
sejam eles substâncias psicoati-
mais rápido do que inala-la mas
vas, recompensas monetárias, um
pode ser mais arriscado. Desta for-
encontro sexual ou uma refeição
ma, as ações viciantes são um ata-
lho para o sistema de recompensa do cérebro, inundando o núcleo accumbens com dopamina. Em resposta, o hipocampo irá formar memórias dessa rápida sensação de satisfação, e a amígdala ficará condicionada a determinados estímulos associados a esse momento. A exposição repetida a uma
O nosso cérebro regista todos os prazeres da mesma maneira, sejam eles substâncias psicoativas, recompensas monetárias, um encontro sexual ou uma refeição satisfatória
substância ou comportamento viciante faz com que as células ner25
PODE A HIPNOSE SER UMA CURA PARA O VÍCIO?
26
vosas se comuniquem de forma a
fica “aquele que atua em nome
interpretar o vício como atividade
de outro” e é precisamente dessa
recompensadora, sendo que todo
forma que o vício se implementa,
o processo nos motiva a agir para
como um substituto físico para
buscar essa fonte de prazer.
uma componente emocional que
É nesta fase que se ultrapassa a
podemos não estar a conseguir
fronteira final e a compulsão assu-
aceder. Embora haja pessoas que
me o controlo. O prazer associado
experimentam drogas, comem do-
a uma droga ou comportamento
ces frequentemente, ou fumam
aditivo diminui, mas ainda assim
cigarros sem nunca ficarem vicia-
persiste a memória do efeito dese-
das, a maior parte de nós transpõe
jado e a necessidade de o tentar
rapidamente esse limiar.
recriar. A amígdala e hipocampo
Como sugeriu um slogan nos
assumem um papel de destaque
anos 80, a verdade é que não
e, através da memória condicio-
“basta dizer não” e, pelo contrá-
nada, tentam encontrar pistas no
rio, devemos encontrar o caminho
ambiente externo para conseguir
para a cura dizendo “sim” a outras
reproduzir esse momento. Estas
formas de dar resposta aos nossos
memórias são um grande perigo
desejos.
no aumento do desejo e potenciamento de recaídas, visto ativarem de imediato o cérebro na presença de qualquer estímulo associado à situação problemática. No latim, a palavra vice signi-
Os vícios podem ser de ordem física, como o caso do abuso de substâncias, ou comportamental, como as reações compulsivas 27
PODE A HIPNOSE SER UMA CURA PARA O VÍCIO?
O PAPEL DA HIPNOSE CLÍNICA A hipnose tem um longo historial
berta ativa das causas por detrás
de aplicação eficaz em cuidados
do problema e que podem surgir
de saúde, embora a sua reputação
sob a forma de memórias ou sen-
tenha sido denegrida por anos de
sações associadas a experiências
uso no mundo do entretenimento.
traumáticas, sensações essas que
Essa noção de que o estado hipnótico manipula o nosso subconsciente de forma quase mágica é não só errada como não deve interferir na investigação objetiva da sua eficácia no tratamento de distúrbios como o vício. Até muito recentemente, pouco era conhecido sobre a forma como o cérebro é capaz de desligar o desejo de álcool ou drogas, ou como a mente subconsciente consegue travar esses impulsos. Mas a verdade é que a mente humana possui uma incrível capacidade de permitir que o nosso pensamento altere as nossas perceções, assim que se descubram as suas reais motivações. Nesta medida, o hipnotera28
peuta surge como guia na desco-
fomentam ainda mais as fragilidades do cliente. Como sabemos, o viciado tem acesso fácil às memórias de satisfação associadas ao momento do vício, mas é-lhe igualmente fácil
O cérebro é capaz de desligar o desejo de álcool ou drogas, ou a mente consegue travar esses impulsos
29
PODE A HIPNOSE SER UMA CURA PARA O VÍCIO?
aceder a profundos sentimentos de fracasso, medo, ansiedade e desespero que podem ser muito poderosos. A hipnose clínica recorre a técnicas que foram desenvolvidas especificamente para identificar os estímulos ou traumas associados à necessidade de compensação emocional e que são a matriz deste mecanismo de auto-sabotagem. Mudando a maneira como o cérebro reage a estas memórias pode por si só parar o desejo. Em hipnose é possível reprogramar a resposta que o subconsciente dá à visão, cheiro ou pensamento sobre o vício, forçando a mente a despertar um sentimento totalmente novo. Quando o cliente é exposto a qualquer um dos estímulos prévios, o seu cérebro não irá responder da forma automática a que estava habituado, fazendo com que se sinta mais forte, saudável e confiante. Os elementos que antes podiam ativar 30
Em hipnose é possível reprogramar a resposta que o subconsciente dá à visão, cheiro ou pensamento sobre o vício uma recaída são agora vistos como um reforço do compromisso para travar o vício, aumentando a sua sensação de controlo. Ao longo do processo, o terapeuta irá recorrer a técnicas de visualização nas quais o cliente é incentivado a imaginar-se com as mudanças desejadas. A mente humana é capaz de alterar as perceções anteriores e redirecionar as redes neuronais que foram sendo desenvolvidas, contribuindo para a valorização da auto-estima. Assim, é possível integrar essas visualizações numa nova identidade por forma a estabelecer a base necessária a que, gradualmente, seja possível ter um estilo de vida mais saudável. Maria Inês Matos 31
A CHUCHA/CHUPETA é AMIGA OU INIMIGA? HÁBITO ou VÍCIO?
A
32
chucha ou chupeta surgiu
Inicialmente a chucha era cons-
há cerca de 3000 anos e
tituída por materiais muito primiti-
a sua presença foi descrita
vos, mas foi evoluindo, quer na sua
por várias civilizações ao longo da
forma quer no material de confe-
história. Hoje em dia é um obje-
ção, sempre com vista à máxima
to difundido por todo o mundo e
segurança possível. A borracha
estima-se que é usada por cerca
deu lugar ao látex e mais tarde ao
de 75 a 79 por cento das crianças
silicone. Inicialmente era fabricada
dos países industrializados.
em várias peças e posteriormente
passou a uma peça única. Mais re-
cifier – e é usada devido à neces-
centemente surgiram as chuchas
sidade que o bebé tem de sucção.
ortodônticas que se moldam ao
A sucção é um reflexo inato que
palato do bebé de forma a reduzir
está presente desde a vida intrau-
o impacto que possa ter nas estru-
terina. É um instinto que começa
turas dentárias.
a desenvolver-se no útero materno
A chucha foi criada com o intui-
entre a 15ª e a 17ª semana de ges-
to de acalmar os bebés, tal como
tação. Se por um lado o reflexo da
o seu nome em inglês indica – Pa-
sucção é instintivo, por outro lado 33
A CHUCHA/CHUPETA É AMIGA OU INIMIGA? HÁBITO OU VÍCIO?
Através da sucção, o bebé tem os primeiros contactos com o mundo exterior. também é verdade que os bebés
bebé) e a não nutritiva, que repre-
recorrem aos dedos para obter con-
senta a forma mais prematura do
forto ainda no útero materno. Este
bebé responder à sua frustração e
instinto tende a desaparecer com o
à sua necessidade afetiva, sendo
crescimento, o que deverá aconte-
a fonte de bem-estar, conforto e
cer entre o 1º e o 3º ano de vida.
segurança. Nesta última categoria
Através da sucção, o bebé tem os primeiros contactos com o mun-
34
encontra-se a sucção digital e a chucha.
do exterior. São conhecidas duas
À medida que o bebé cresce,
formas de sucção: a nutritiva que
começa a atingir a plenitude da
inclui a amamentação e o biberão
necessidade alimentar, mas se a
(forma de providenciar alimento ao
necessidade de sucção persistir, o
bebé começa a sugar os dedos ou
mais tarde, falar, desta forma a
as chuchas (sucção não nutritiva)
sucção tem, também, a função de
em busca da sua satisfação.
preparar os músculos para a fala.
A amamentação (sucção nutriti-
Um bebé que mama bem tem mais
va) é a forma mais eficiente para
probabilidades de respirar melhor,
proporcionar a plena satisfação
de desenvolver a sua fala e a lin-
do bebé além de que possibilita
guagem de forma adequada e har-
um desenvolvimento adequado da
moniosa, bem como de aprender
mastigação, respiração, degluti-
a ler e a escrever com maior faci-
ção e da própria fala. Os músculos
lidade.
orais que o bebé usa para sugar
Oferecer a chucha ao bebé, tor-
são os mesmos que usará para,
na-se numa tentação para os pais 35
A CHUCHA/CHUPETA É AMIGA OU INIMIGA? HÁBITO OU VÍCIO?
pois esta representa um recurso
diminui a ansiedade; conforta-o
invencível face à complexidade e
quando está cansado, triste ou
multiplicidade de emoções e tare-
frustrado; satisfaz a sua necessi-
fas que os pais têm, e representa
dade de sucção; previne o hábito
uma fonte de estabilidade e con-
de sucção do polegar; obtendo-se
forto para os bebés.
um padrão de comportamento de
O bebé usa a chucha devido a
autocontrolo. Desta forma pode-
três fatores fisiológico - necessida-
mos concluir que o ato de sugar
de exacerbada de sucção, ambien-
relaxa o bebé, levando a que os
tal - início precoce da alimentação
seus batimentos cardíacos fiquem
artificial e a emocional - devido à
mais regulares.
dificuldade em lidar com a frustração e a problemas emocionais.
36
O uso da chucha difundiu-se amplamente na sociedade con-
A chucha tem os seguintes efei-
temporânea pois trouxe consigo
tos no bebé: acalma-o; alivia a dor;
conveniência e comodidade, “sim-
A chucha acalma-o; alivia a dor; diminui a ansiedade; conforta-o quando está cansado, triste ou frustrado
alertar para a importância, que o uso da chucha se torne num hábito “saudável” e para a necessidade da largada da mesma, sendo a idade limite entre os dois e três anos de idade. Pode-se afirmar que até esta idade estamos
plificando” a tarefa dos pais. Cabe,
perante um hábito da criança que
apenas, aos pais decidir introduzir
se considera inofensivo para o seu
ou não a chucha e devem ser os
desenvolvimento. Por hábito en-
profissionais da área da saúde a
tende-se um comportamento que
ajudá-los para que tomem uma
resulta de uma repetição frequen-
decisão consciente e informada.
te de certos atos, uma rotina. Trata-
Devem ser os profissionais da área
-se de um comportamento que se
da saúde em primeira instância a
aprende e repete frequentemente 37
A CHUCHA/CHUPETA É AMIGA OU INIMIGA? HÁBITO OU VÍCIO?
Deve-se esperar que o bebé precise da chucha em vez de colocá-la automaticamente na sua boca
38
mas não é algo de que se mante-
te na sua boca, deve-se usar chu-
nha uma dependência. No caso do
chas ortodônticas e adequadas à
uso da chucha não se deve facili-
idade do bebé, não se deve deixar
tar o seu constante uso pelo bebé/
a chucha à disposição do bebé du-
criança. Desta forma devem ser os
rante o dia, assim serão os pais a
adultos a manter uma vigilância
controlar a chucha e não o bebé.
da frequência, da intensidade e da
Deste modo estamos a contribuir
duração do hábito do uso da chu-
para que o uso da chucha seja um
cha, assim como devem limitar o
hábito e não se transforme em de-
seu uso ao estritamente necessá-
pendência ou mesmo um vício.
rio, ou seja, durante as cólicas ou
O que separa o hábito comum
na hora de dormir. Deve-se esperar
de um vício é justamente o prejuí-
que o bebé precise da chucha em
zo que este comportamento (vicio)
vez de colocá-la automaticamen-
causa na vida das pessoas.
deve-se usar chuchas ortodônticas e adequadas à idade do bebé as nossas emoções, desta forma a remoção da chucha deve ser pensada e equilibrada. Nunca deve ser de forma repentina e abrupta pois pode gerar efeitos psicológicos Quando isto acontece e o uso
complexos e difíceis de mensurar
se prolonga para lá dos três anos
e poderá levar à sua substituição
a chucha deixa de ser “amiga” das
pelo hábito de sucção do dedo, do
crianças e das famílias para se tor-
lábio ou da língua. Este novo hábito
nar numa “inimiga”; deixa de ser
dificultará, no futuro, a criança, uma
um hábito para ser um vício. E por
vez que rapidamente se tornará
vício entendemos que é um com-
num outro vício e este será contro-
portamento que dá prazer e alivio
lado pela criança e não pelo adul-
temporários, que traz efeitos nega-
to. É determinante que a retirada da
tivos a longo prazo e que não se
chucha seja feita de forma gradual
consegue largar. Segundo a Psico-
sob o ponto de vista emocional. De-
logia o vício é um mecanismo de
ve-se proteger o desenvolvimento
fuga emocional em que o individuo
emocional do bebé/criança, este
foge da sua dor por meio de prazer.
processo exige para além da par-
Só é possível controlar os vícios
ticipação da família, a participação
quando aprendemos a lidar com
ativa do bebé/criança. 39
A CHUCHA/CHUPETA É AMIGA OU INIMIGA? HÁBITO OU VÍCIO?
Deixamos aqui algumas estratégias que podem ajudar nesta etapa: Iniciar o processo só quando a família estiver preparada para uma fase difícil; Caso o bebé frequente a creche, os pais devem comunicar a sua decisão e, em conjunto, partilharem a mesma estratégia nos dois ambientes de referência do bebé/criança; Quando o bebé/criança adormece com a chucha na boca e deixar de chuchar, deve-se retirá-la da sua boca; Não se deve dar a chucha perante qualquer sinal de desconforto do bebé/criança; Deve-se retirar a chucha ao bebé/criança quando está distraído a brincar; Deve-se restringir o uso da chucha apenas em situações de sono ou cansaço; Não se deve colocar a chucha pendurada num cordão ou corrente 40
Não se deve colocar a chucha pendurada num cordão ou corrente para que não esteja sempre disponível para o que bebé/criança a use para que não esteja sempre disponível para o que bebé/criança a use; Deve-se tentar substituir a chucha por um elemento de transição, como um brinquedo macio e aconchegante (peluche…); No momento da erupção dos primeiros dentes deve-se oferecer aos bebés mordedores ou brinquedos de borracha para que possam mordiscar, pois nesta altura, os bebés ficam mais agitados, inquietos e desconfortáveis devido às gengivas estarem inchadas; Deve-se ser, sempre, consistente durante esta fase mesmo que o bebé/criança acorde a meio da noite e faça uma birra, deve-se 41
A CHUCHA/CHUPETA É AMIGA OU INIMIGA? HÁBITO OU VÍCIO?
Quando o bebé/criança adormece com a chucha na boca e deixar de chuchar, deve-se retirá-la da sua boca proporcionar-lhe conforto através
o primeiro e o terceiro ano de vida
de colo, mimos e beijinhos.
que se deve eliminar o hábito do
Como nos foi já dado a perceber existem várias vantagens no uso da
42
uso da chucha. Das desvantagens destacamos as seguintes:
chucha enquanto esse uso é con-
Interfere negativamente sobre a
trolado pelo adulto e não ultrapasse
amamentação – estudos mostram
a idade apropriada para o seu uso.
que as crianças que desmamam
No entanto, existem muitas desvan-
precocemente usam chucha com
tagens quando se prolonga o uso
maior frequência do que aquelas
da chucha no tempo. Não nos de-
que são amamentadas por um pe-
vemos nunca esquecer que é entre
ríodo maior de tempo.
Prejudica a correta maturação
zadas, diastema (espaço entre os
do sistema estomatológico, atrapa-
dentes), céu-da-boca alto e estreito,
lha na respiração (passa de nasal
protrusão dos incisivos superiores
para bucal ou misto), na degluti-
(projeção dos dentes da frente);
ção (atípica – alteração do padrão
Causa o Síndrome do Respirador
normal devido à interposição da
Bucal - a criança respira pela boca
língua), na mastigação (passa de
e o ar inspirado não passa pelo
bilateral e alternada para vertical
processo de filtragem, aquecimen-
ou unilateral) e na fala (podem
to e umedecimento fisiológicos
surgir deficiências de dicção, voz
deixando o sistema respiratório
rouca e anasalada);
vulnerável a algumas patologias
Altera a postura e tonicidade dos
– problemas respiratórios, proble-
músculos da boca - lábio superior
mas nutricionais e de crescimento,
fica encurtado, o lábio inferior fica
alterações fonoaudiológicas (ron-
flácido e virado para fora, as bo-
co, apneia, pesadelos, terror notur-
chechas ficam híper ou hipotonifi-
no, enurese noturna, bruxismo);
cadas e caídas e a língua perde a tonicidade;
Pode causar infeções de ouvido – otite – (existe uma relação direta
Causa deformações esqueléti-
em crianças que têm um uso pro-
cas na boca e na face - os ossos da
longado e o aparecimento de infe-
face crescem de forma desarmóni-
ções do ouvido);
ca, as arcadas e os ossos nasais sofrem estreitamento e desvios;
Pode causar algumas outras infeções – vómitos, febre, diarreia e có-
Provoca a maloclusão dentária
lica (importância da esterilização);
- mordidas abertas, mordidas cru-
Gostaria de terminar reforçando 43
A CHUCHA/CHUPETA É AMIGA OU INIMIGA? HÁBITO OU VÍCIO?
que só a família pode decidir dar
menda que deve ser promovido o
ou não dar a chucha ao bebé as-
ensino às mães sobre a utilização
sim como só com muita paciência
das chuchas no período pós-parto
e perseverança da família e com a
de modo a evitar dificuldades re-
ajuda do bebé/criança terá inicio a
lacionadas com a amamentação.
sua retirada.
Recomendam ainda que o desma-
Aqui ficam também alguns con-
me da chucha seja nos primeiros
selhos de algumas entidades rela-
seis meses de vida, de modo a evi-
tivamente ao uso da chucha.
tar a otite média aguda.
American Academy of Family
American Academy of Pediatrics.
Physicians. Esta academia reco-
Esta academia recomenda que os
Nunca esquecer que é entre o primeiro e o terceiro ano de vida que se deve eliminar o hábito do uso da chucha
44
Organização Mundial de Saúde. A OMS, em 1991, em conjunto com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) criou medidas para incentivar o aleitamento materno pais devem oferecer a chucha aos
capnia, o que estimula a ventilação.
seus filhos após o 1ºmês de vida e
Organização Mundial de Saú-
até um ano de idade, no início do
de. A OMS, em 1991, em conjunto
sono, de modo a reduzir o risco de
com o Fundo das Nações Unidas
Morte Súbita do lactente. Vários es-
para a Infância (Unicef) criou me-
tudos sugerem que o uso da chu-
didas para incentivar o aleitamen-
cha possa ter uma ação protetora
to materno, das quais se destaca
contra a Síndrome de Morte Súbita
a Iniciativa do Hospital Amigo da
do Lactente (SMSL). A sucção ativa
Criança, que elabora os “Dez Pas-
na chucha exige que a língua da
sos para o Sucesso do Aleitamen-
criança se posicione para a fren-
to Materno”. Esta iniciativa propõe
te, diminuindo deste modo o risco
um conjunto de medidas com o
de obstrução da orofaringe. A chu-
objetivo de apoiar, proteger e pro-
cha previne o movimento de virar a
mover o aleita-
cabeça para baixo, virando a face
mento mater-
para o colchão e o seu uso também
no.
está associado a uma ligeira hiper-
Olga Muro e Silva 45
O VÍCIO DO PODER
CRÓNCA
VERA SOARES
Mas o poder por si só é um desastre, podendo acarretar consequencias desastrosas
46
poder desde sem-
O
Vivemos numa sociedade de
pre existiu como
poder e não devemos negligenciar
característica do
essa realidade. E a verdade é que
ser humano, encontran-
o poder pode ser extremamente
do-se presente em várias
positivo e instigar o Bem Comum,
esferas da vida política,
desde que usado com humilda-
organizacional, económi-
de e virtude. O bom uso do poder
ca, religiosa e social.
depende da pessoa que o detém
e da sua relação com a virtude,
rente de virtudes será, ainda que
pois nas teias do poder, virtuoso é
a longo prazo, frágil e catastrófico.
aquele que detém sabedoria e sa-
Por outro lado, uma pessoa virtuosa
gacidade para atuar devidamente.
e sem poder terá mais dificuldade
Mas o poder por si só é um de-
em produzir o Bem, uma pessoa
sastre, podendo acarretar conse-
que alicerce os eu poder em virtu-
quencias desastrosas. Acredito que
des como a humildade, coragem,
o poder detido por uma pessoa ca-
honestidade e temperança, poderá 47
CRÓNCA
O problema surge quando a pessoa se vicia no poder, passando por cima dos outros para conquistar os seus objetivos
48
contribuir para a evolução e o Bem
assistimos, na sociedade atual, a
Comum. O poder deve, então, ser
um crescimento elevado do núme-
usado virtuosamente, sem exces-
ro de viciados. São pessoas que já
sos, sem perversidade, sem abuso
não sabem viver sem o exercício
e livres de condutas viciosas. O
do poder, pessoas que encontram
problema surge quando a pessoa
no poder uma armadura e o seu
se vicia no poder, passando por
benefício narcísico. São pessoas
cima dos outros para conquistar os
que impelidas pela ânsia do poder
seus objetivos sem nenhum prin-
são capazes de quebrar princípios,
cípio ou resquício de ética. A ideia
mentir, manipular, usar, oprimir. São
de se exercer domínio sobre outras
pessoas que ficam cegas pelo po-
pessoas parece muito sedutora e
der, sentindo -se “donos” de tudo e
todos, são pessoas que se viciam, e
Se é certo que há quem exerça
todo o vício é danoso e causa mal.
o poder com moderação e princí-
Ao invés o poder deve ser utili-
pios, é igualmente verdade que as
zado com virtude e dissociado do
exceções confirmam a regra: o po-
vício. Os vícios são nocivos e o vício
der vicia e leva ao abuso e, infeliz-
do poder é deveras perigoso, sendo
mente, existem muitos viciados em
até mais destrutivo porque se refere
poder no mundo atual.
ao domínio sobre as pessoas e en-
Tal como o teólogo inglês John
volve princípios e valores. Quando
Stott afirmou “o poder é mais tó-
alguém se vicia no poder despe-se
xico que o álcool e vicia mais do
de todos os valores éticos, morais,
que as drogas”.
cívicos e até patrióticos.
Vera Soares 49
Vício ou hábito? Serão a mesma coisa?
D 50
e acordo com a definição lin-
Podemos então considerar que o
guística consideramos que:
vício é um hábito mais intenso com
hábito é uma mania, uma
características patológicas, já que
acção que se repete com frequência
não é controlável e causa efeitos
e regularidade; comportamento que
secundários no comportamento e
alguém aprende e repete frequente-
vivência social ao sujeito.
mente; o Vício é um hábito repetitivo
Como podemos então entender
que degenera ou causa algum pre-
quais os nossos comportamentos
juízo ao viciado e aos que com ele
são hábitos ou vícios, se muitas ve-
convivem.
zes existe uma linha ténue e incons-
ciente que os separa? O que é facto é que uma boa parte das nossas ações parecem governadas por um “piloto automático”: em muitos casos, agimos de forma automática; e reagimos a determinadas situações sem que necessitemos pensar acerca do que fazer. Muitas vezes só nos consciencializamos de algo depois do ocorrido, como se, diante do susto, o piloto automático se tivesse desligado! Chamamos de hábitos aos comportamentos, não inatos, que se tornam repetitivos e fixos. Ao que tudo indica, eles consolidam-se na nossa memória, criando um caminho sólido no sistema nervoso, de modo que, em cada dada situação, res51
VÍCIO OU HÁBITO? SERÃO A MESMA COISA?
Os vícios correspondem a hábitos específicos que se perpetuam apesar de terem um caráter frequentemente inconveniente ou mesmo nocivo
52
pondemos do modo que foi padro-
prolongado, para conseguirmo-nos
nizado.
livrar dos nossos condicionamentos.
Uma vez criado um hábito, que é
Os vícios correspondem a hábitos
um tipo de reflexo condicionado que
específicos que se perpetuam ape-
se estabelece em função das repeti-
sar de terem um caráter frequen-
ções, fica muito difícil desfazê-lo. Te-
temente inconveniente ou mesmo
mos facilidade para associar (con-
nocivo. O que os caracteriza, a meu
dicionar) e enorme dificuldade para
ver, é uma propriedade muitas vezes
dissociar, desfazer essas conexões
difícil de ser detectada, qual seja, a
cerebrais que se fixam com vigor.
de que provocam uma redução de
Precisamos de atenção redobra-
ansiedade: se alguém está muito
da, de enorme empenho constante e
nervoso e desenvolveu um determi-
nado vício, será nessa hora que o irá
numa primeira fase, provocam enor-
fazer, posto que isso provocará uma
me prazer, sendo que os efeitos no-
melhoria do estado emocional.
civos só costumam aparecer depois
O vício costuma estar ligado a um
de muito tempo. Nem todos os vícios
fortalecimento ainda maior das co-
implicam dependência química, po-
nexões neuronais típicas dos hábi-
rém todos têm a ver com a presença
tos, pois, no cérebro, estabelecem-se
de um prazer positivo, um bem-es-
outros trajectos típicos da depen-
tar inicial: consumismo desvairado,
dência química.
excesso de trabalho…É preciso
Desnecessário será falar das di-
cautela, pois não é difícil vermo-nos
ficuldades das pessoas para se li-
enredados em algumas dessas si-
vrarem deles, posto que, ao menos
tuações. E, para sairmos, necessita53
VÍCIO OU HÁBITO? SERÃO A MESMA COISA?
mos, na maior parte das vezes, de
- gasta muito tempo pensando sobre
uma força enorme e muitas vezes
o Facebook ou a planear como usá-lo.
de ajuda técnica!
- sente vontade de usar o Facebook
Um dos vícios mais recentes da nossa sociedade e que se verifica a
- usa o Facebook para esquecer os
um nível geral cada vez mais, sen-
problemas pessoais.
do que poucas são as pessoas que
- tentou reduzir o uso do Facebook
se dão conta disso, são as redes so-
sem sucesso.
ciais. Muitos denominam de hábito,
- fica inquieto ou agitado se é proi-
quando na realidade esse hábito ini-
bido de usar o Facebook.
cial se tornou já num vício.
- usa tanto o Facebook que isso
Aqui ficam 6 pontos a analisar e reflectir sobre a utilização do facebook ou outras redes sociais: 54
cada vez mais.
afecta negativamente o seu trabalho/estudo/relações interpessoais. Sandra Cunha
55
SÓNIA MACHADO ARAÚJO
CRÓNICA
Dependência Visivelmente Oculta Energias que nos fazem falta
56
E
stamos sozinhos. Perdi-
ciada na tecnologia e tal como Albert
dos. Dependentes. Basta
Einstein previu: “Eu temo o dia em
olhar em voltar e sentir
que a tecnologia ultrapasse nossa
as pessoas.
interação humana, e o mundo terá
A humanidade ficou vi-
uma geração de idiotas.” – Chega57
DEPENDÊNCIA VISIVELMENTE OCULTA
“Eu temo o dia em que a tecnologia ultrapasse nossa interação humana, e o mundo terá uma geração de idiotas.” mos ao estado supremo de idiotice. Vivemos na mesma casa, mas quase não nos olhamos. Trabalhamos juntos todos os dias, mas quase nem conversamos. Vivemos no mesmo prédio, mas quase nem nos conhecemos. Temos um casamento de anos, mas quase já nem sabemos a que sonhos pertencemos.
58
Somos estranhos entre gente da nossa gente. Vamos jantar fora, sair com os
Somos pais e filhos, mas quase
amigos, vamos correr na praia, pas-
nem conhecemos em que horizonte
sear no campo, mas perdemo-nos
se prende a nossa esperança.
em fotos e visibilidades que nos
a um ato escrito, publicado, mas tão pouco vivido. Ficamos cada vez mais dependentes de realidades quase perfeitas, que se pintam aos nossos olhos num facilitismo altamente perigoso, que foram concebidas para nos servir e que cada vez mais nos fazem seus escravos. Escolhemos plantar e colher frutos virtuais em fez de sair à rua da vida e semear para colher o melhor que todo o ser humano contém dentro roubam tempo de estar, realmente,
de si. Vivemos a cada passo como
presentes.
na busca de um “gosto”, de uma
Escolhemos permanecer diante
manifestação oca de aprovação e
redes sociais que ampliam o mundo
aceitação, limitados a quem somos
sem fronteiras, a uma existência mir-
e perdidos de quem poderíamos ser.
rada e cega, que reduz a nossa vida
Estamos cegos. Presos. Incapazes. 59
DEPENDÊNCIA VISIVELMENTE OCULTA
Tão incapazes que em vez de procurar a cura em nós, saímos porta fora em busca da energia alheia de forma exagerada e descontrolada. Estamos presos e condenados à loucura dos nossos dias, às estradas
Precisamos de nos desligar da corrente, de um game over, para voltar de novo a viver…
sem saída da nossa vida, à velocidade atroz das nossas rotinas e obrigações… estamos sufocados, absorvidos e cada vez mais sozinhos. Estamos inaptos de ser humanos! Estamos presos aos nossos problemas! Precisamos, urgentemente, de ajuda.
tão pouco. É imperativo olhamos. Sentirmos. Respirar fundo. O Universo está à nossa espera. Tudo permanece à nossa espera como outrora. As ondas do mar. O céu aberto. O sol que brilha alto. A
Precisamos de humanidade!
chuva que nos lava a alma. Está
Precisamos de nos desligar da
tudo lá, todos os dias. Só precisa-
corrente, de um game over, para voltar de novo a viver… Basta de automatismos. De felicidades furtivas, irreais.
60
Basta de estarmos condenados a
mos de usufruir e aproveitar. Precisamos de sair à rua, sim, mas numa tomada de consciência que a energia que brota de nós faz
Basta de assaltos impiedosos
parte de um ciclo de vida que cir-
aos nossos bens mais preciosos e
cula por tudo que nos rodeia e que
às preciosidades dos demais que
é também da nossa responsabili-
nos rodeiam.
dade tudo aquilo que atraímos.
Estamos presos e condenados à loucura dos nossos dias, às estradas sem saída da nossa vida, à velocidade atroz das nossas rotinas e obrigações…
Precisamos de tomar consciência que não precisamos de realidades virtuais ou de nos sustentar da energia dos outros. Precisamos de nos libertar de ví-
cios redutores e dar lugar a um estado de alma maior. Para isso, só precisamos de redirecionar o nosso foco e se é para viver repetindo atos e com61
DEPENDÊNCIA VISIVELMENTE OCULTA
portamentos que seja na prática
Instantes de paz e harmonia com
daquilo que nos faz bem, que
esse todo que nos acolhe, na flor
seja para nos tornarmos na nos-
que se desabrocha, na chuva que
sa melhor versão.
molha o chão, no sol que nos aque-
Se é para fazer rotina que seja do melhor que a vida nos dá a honra de viver. Serões de casa cheia, rodeados
Agora é a única certeza que temos, viver é única hipótese que nos edifica e nos transpõe.
de quem mais amamos, desligados
Por isso! Comece agora…
da tecnologia e imensamente avan-
Deixe para trás os seus vícios e dê
çados nas relações humanas. Momentos leves e descomprometidos, em que o nosso dom se misture em harmonia com os outros em prol de um mesmo objetivo. 62
ce até à alma…
a partida a um novo caminho…. Liberte-se! Porque pior do que morrer do vício é deixar-se viver condenado a ele! Sónia Machado Araúo
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COMUNICAR em
64
FAMÍLIA
65
COMUNICAR EM FAMÍLIA
N
as últimas décadas o conceito de família tem vindo a adquirir uma transforma-
ção significativa, novas tendências, novas configurações familiares têm permitido novas conceções de família e da organização da vida dos seus membros, sendo valorizada por uns, manter-se seus hábitos tradicionais e por outros, o progresso moderno. Foram os fatores económicos, políticos, sociais, culturais, demográficos e tecnológicos que contribuíram para as alterações na estrutura e dinâmica familiar. Es-
Foram os fatores económicos, pol que contribuíram para as alteraçõ
tes fatores interferiram na organi-
postas, em virtude do aumento do
zação, nas funções e nas relações
número de divórcios, aumento das
do desenvolvimento familiar. Modi-
uniões de facto e uniões livres, e,
ficações como por exemplo: dimi-
mais recentemente o aparecimen-
nuição do número médio de filhos,
to das famílias homossexuais.
diminuição da fecundidade, au-
66
mento do número de pessoas sós,
MODELOS DE FAMÍLIA:
diminuição das famílias numero-
*As uniões de facto, trata-se de
sas, aumento das famílias recom-
uma realidade semelhante ao ca-
olíticos, sociais, culturais, demográficos e tecnológicos ções na estrutura e dinâmica familiar samento, no entanto não implica
após o divórcio ou separações. É
a existência de qualquer contrato
frequente a existência de filhos de
escrito;
casamentos ou ligações diferen-
- As uniões livres, semelhantes às uniões de facto, apenas nestas não está presente a intenção de formar família com contratos;
tes, denominando-se os meios-irmãos; - As famílias monoparentais, compostas pela mãe, pai e os fi-
- As famílias recompostas, são
lhos. São famílias resultantes do
constituídas por uniões conjugais
divórcio, viuvez ou da própria op67
COMUNICAR EM FAMÍLIA
Seja qual for o modelo de família, ela é sempre um conjunto de pessoas, uma unidade social, funcionando como um todo sistémico, onde se estabelecem relações entre os seus membros e o meio exterior ção dos progenitores, mães soltei-
É importante consciencializar,
ras, adoção por parte das mulheres
esta nova realidade familiar, a partir
ou dos homens sós ou do recurso
de um olhar sistémico e comunica-
a técnicas de reprodução;
tivo tendo presente que cada mem-
- As famílias homossexuais cons-
bro está em interação com todos os
tituídas por duas pessoas do mes-
outros. A visão sistémica considera a
mo sexo com ou sem filhos.
família como um todo, os membros
A família nuclear, constituída
da família ao interagirem e comu-
por dois adultos de sexo diferen-
nicarem estabelecem relações que
te e os respetivos filhos biológicos
servem para manter o sistema em
ou adotados, já não é para muitos
equilíbrio. O desequilíbrio do siste-
o modelo de referência, embora
ma pode provocar desequilíbrio no
continue a ser o mais presente.
indivíduo e vice-versa. E quando
Seja qual for o modelo de fa-
surgem desequilíbrios (contração
mília, ela é sempre um conjunto
do sistema), surge o chamado para
de pessoas, uma unidade social,
o poder da comunicação se desta-
funcionando como um todo sisté-
car, como fator determinante para a
mico, onde se estabelecem rela-
homeostase do sistema familiar (ex-
ções entre os seus membros e o
pansão).
meio exterior. 68
A comunicação entre todos os
membros familiares é importan-
das competências comunicado-
te e mais relevante na relação
ras do emissor (pais) e do recetor
progenitor versus filho, porque a
(criança), no que se refere à forma
influência principal na vida dos
como codificam e descodificam as
filhos é essencialmente exercida
mensagens, bem como à sua ca-
pelos pais, sobretudo das crianças
pacidade de raciocinar/analisar os
mais novas. Muitas das dificulda-
conteúdos das mesmas.
des/bloqueios na Criança, em mo-
A família, deverá constituir-se
mentos da sua vida ou nalgumas
como “um espaço privilegiado” em
áreas específicas do seu desenvol-
que se possa manifestar em liber-
vimento, podem ser provenientes
dade e respeito mútuo entre todos, 69
COMUNICAR EM FAMÍLIA
70
para que assim as aprendizagens
Assim, depreende-se que comu-
de socialização e comunicação
nicar subentende relação, promove
aconteçam, onde as emoções e
capacidade de expressão, é ligação
os afetos, têm espaço para serem
a outrem, é satisfação das necessi-
vivenciados formando Sentimen-
dades de ordem intelectual, afetiva,
tos de sermos quem somos e de
moral e social, constituindo uma
pertencermos aquela e não a ou-
componente essencial de vida para
tra família. A família é a primeira
cada um individualmente, e em ge-
instituição, a promover as relações
ral no todo do sistema familiar, seja
e o modo como nela se desenvol-
ele que modelo for.
vem os processos de comunica-
A família deverá revelar-se como
ção e isso determinará o maior
sendo o elemento mais firme, se-
ou menor sucesso do desenvolvi-
guro e mais estruturante da perso-
mento pessoal e social dos seus
nalidade dos seus membros. Um
membros e, consequentemente, a
espaço sagrado, para a formação
integração na sociedade.
do caráter dos filhos, sendo que os
A família deverá revelar-se como sendo o elemento mais firme, seguro e mais estruturante da personalidade dos seus membros. adultos desempenham um papel
Quando há comunicação entre
decisivo no pleno desenvolvimento
todos os integrantes da família, o
das capacidades, atitudes e valo-
Lar permanece em harmonia paz
res que sustentam a performance
e amor. Chave: comunicação fami-
do sistema como um todo.
liar = troca de sentimentos!
Há evidência, que apesar das
“Decretos” a considerar:
interações entre os membros fami-
*A comunicação intra e interpes-
liares serem múltiplas, as relações
soal com os familiares, é mesmo
entre eles assentarem em proces-
importante, sendo fundamental
sos de comunicação permitem o
para se criar um ambiente pací-
equilíbrio do sistema familiar.
fico, onde a “Família Feliz” possa viver...se manifestar e isto não é
O PODER DA COMUNICAÇÃO
utopia, é possível dar voz ao poder
FAMILIAR
de criativo que todos os seres são
A comunicação é um portal de
dotados. É necessário, ser cuida-
acesso para a felicidade familiar.
doso na nossa expressão verbal: 71
COMUNICAR EM FAMÍLIA
Deixar de lado o que é “inútil” no modo de comunicação com aqueles que fazem parte da família
72
atenção ao que se fala e como se
tros membros que não são familia-
fala com os pais, irmãos e irmãs,
res. Acontece é que se esquece, de
etc. William Edward Norris, escritor
premissas significativas na comu-
inglês, refere: “Se quiseres evitar er-
nicação, como por exemplo: dispo-
ros no falar, três coisas deves com
nibilizar tempo para a partilha de
cuidado observar: para quem falas;
mensagem, de forma prazerosa;
de quem falas; E como falas.”;
baseado em conceitos como Escu-
*Selecionar a informação que se
ta Ativa/Atenção Plena/Mindfulness,
pretende transmitir. Deixar de lado
Comunicação Assertiva, Comunica-
o que é “inútil” no modo de comuni-
ção Não Violenta, Poder do Cora-
cação com aqueles que fazem par-
ção... Desse modo, a comunicação
te da família. Escolher modos como
fluirá e abrirá espaço para que todos
bondoso e gentil, poderá potenciar
melhor compreendam e aceitem,
ser se bem interpretado/compreen-
por exemplo: que devem participar
dido, abrindo assim espaço para
mais nas tarefas familiares, ativida-
também melhor compreender o ou-
des em conjunto, etc; e ainda que
tro, colocando se no seu lugar;
as divergências, zangas, conflitos,
*Geralmente, observa-se que a
podem ser ultrapassados/soluciona-
maioria das pessoas, têm mais fa-
dos, se o desejo de União Familiar
cilidade para comunicar com ou-
for transversal a todos os envolvidos;
*É também de se reconhecer,
filhos ouvir dos pais a seguinte fra-
que é necessário ter coragem para
se “Estou muito ocupado, não me
expressar, de modo autêntico, o
incomodes mais hoje, vai para o
que se deseja falar, assim como
teu quarto! ou vai brincar!”...res-
ser se altruísta nalguns momentos
postas como estas têm um efeito
“chave”, quando alguém se apro-
devastador nas emoções da crian-
xima com o intuito de comunicar.
ça ou adulto (que também se apli-
Fazer pausa no que se está a fa-
ca noutras relações) daquele que
zer para ouvir o que o outro tem
se sente “sufocado” em busca de
a dizer…tão comum este cenário:
comunicação, de dialogar. 73
COMUNICAR EM FAMÍLIA
*Relembrar, que escutar é diferente de ficar calado (não respondendo ou dando qualquer feedback), permanecendo em silêncio. Solicita-se interesse genuíno, para com o que o outro deseja comunicar. Quando assim acontece, algo mágico no processo comunicativo familiar acontece: ter se a perceção, que o outro verdadeiramente escutava, a compaixão pelo outro é sentida… valida-se mais o outro e fortalece os laços afetivos entre ambos. *Qualquer espaço é viável, para a comunicação acontecer...e quan-
recebida)... não se deve pensar
do se reporta para a Criança, a di-
que o outro já sabe que se nutre
versidade é maior: pode ser na co-
Amor por ele e que é importante
zinha, no momento das refeições,
na Família e que por isso não é ne-
no banho, ao deitar, no carro a ca-
cessário se expressar. Nunca, cair
minho da escola ou até mesmo de
na tentação de se presumir isso.
pé numa fila enquanto se espera...
“Quem não demonstra o seu amor,
Ser Criativo é fundamental.
não ama.” William Shakespeare.
- Erro crasso, que está imple-
73
*Aprender a comunicar, efi-
mentado nas crenças sociais (mui-
cazmente, com familiares ou ou-
tas delas originárias da educação
tros é condição fundamental, para
não se deve pensar que o outro já sabe que se nutre Amor por ele e que é importante na Família e que por isso não é necessário se expressar todos os contextos de vida e existem várias áreas de intervenção que promovem essa aprendizagem. Nota final: não se pode Não Comunicar, ou seja, qualquer comportamento (verbal ou não verbal) tem sempre o valor de mensagem, pelo que se está sempre em Processo de Comunicação, com o próprio e com os outros.
ANDREIA RODRIGUES Licenciada em Terapia da Fala Pós graduada em Ciências da Fala (Universidade Católica Portuguesa) Terapeuta da Fala na Clínica Joaquim Chaves Saúde 75
Ser FELIZ é um vício... prazeroso
E
screvo addicted no goo-
versus prazeres e vamos admitir, à
gle e vou parar à Wikipé-
partida, que dependências e drogas
dia. Lá, aparecem-nos as
não vêm ao caso.
diferentes
“aplicações”
Pessoalmente, tenho vícios para
possíveis (?) - ver foto
todos os gostos e, embora desejas-
- e, de forma mais curiosa, remete
se afirmar que todos os meus vícios
para ‘dependência psicológica’, ou
dão prazer (ou são prazeres) para
seja, a necessidade de prosseguir
além de redutor, poderia ser atenta-
determinado comportamento, para
tório à sanidade mental (a começar
viver normalmente e nos sentirmos
pela minha), até porque esta revista
confortáveis. O que é que é curioso
é lida dos 8 aos 80 anos e há que
aqui? Bem... mais atrás fala em “de-
manter o pudor.
pendência” (o que é que isso tem de
Comecemos pelos meus filhos.
confortável?) e, mais à frente, fala
Vício saudável, mas extraordinaria-
em “drogas” (o que é que isso tem
mente cansativo.
de normal?). Mas não é nada disso que me
76
O Benfica. Vício incontrolável e, por vezes, agoniante.
leva a escrever este artigo. Gostava
Primeira conclusão. Nem sempre
mais de entrar no limbo dos vícios
o que cansa é um fastio (até por-
Continuando. Fumar uma cigarrilha, na varanda, depois de um robalo assado, confeccionado por mim. Uma maravilha, mas impede-me, o pudor, de aconselhar. Manias... (o mesmo que vícios?? Peçam a outro para escrever sobre isso, pois, a mim, faz-me lembrar o Marco Paulo... não aprecio). Passar música. Um espetáculo! Sou um DJ amador. Como diz o Alvim, um MD (mete discos). Adoro!! Depois de 14 horas de trabalho,
o vício é uma doença? Alguns benfiquistas fazem-me crer que sim que prefiro água da torneira) e nem sempre o que nos agonia nos impede de repetir. Moral 1: o vício é uma doença? Alguns benfiquistas fazem-me crer que sim. Moral 2: o vício o é fanatismo? Alguns sportinguistas (e portistas) também me fazem crer que sim... 77
SER FELIZ É UM VÍCIO... PRAZEROSO
Depois de 14 horas de trabalho, já aguentei outras 8, de pé, a passar música para pessoas que, na metade desse tempo, já vêem 2 a 4 Dj’s e eu já não vejo, só ouço
78
já aguentei outras 8, de pé, a passar
eu responderia “experimenta deixar
música para pessoas que, na meta-
de ser estúpido(a), por exemplo!” e
de desse tempo, já vêem 2 a 4 Dj’s
como tenho uma relação conflituo-
e eu já não vejo, só ouço (palavras
sa com pessoas estúpidas, isso diz
enroladas) e cheiro (misturas gástri-
muito do vício que eu tenho de não
cas com álcool). É chato? É... mas
as conseguir suportar.
os vícios não são, também, assim?
Adiante. Comprar livros. Verdadei-
Aquelas pessoas que passam o tem-
ramente viciado! O vício de ler, que
po a comer (não é, de todo, o meu
também existe, infelizmente, anda a
caso) chocolates, ou outra coisa
uma velocidade muito inferior àque-
qualquer, não estão sempre a dizer,
la da compra. Um amigo meu, en-
“sou viciado(a), o que é que eu hei-
trou no meu gabinete, um dia destes
-de fazer?”. Bem, em alguns casos,
e perguntou: “mas estes livros são
de quem??”, ao que eu respondi,
dos mais característicos dos vícios.
“são meus!”. Retorquiu, de imedia-
Já fui viciado em mochilas, sacos,
to, “viciado!”. O que é que eu hei-de
saquinhos e pastas. Sou viciado nos
fazer? Bem, as pessoas que não
catálogos da Montblanc (a minha
apreciam o facto de eu gastar tanto
conta bancária não me permite pas-
dinheiro neste vício, também pode-
sar do catálogo, embora até tenha
riam aproveitar para dizer para eu
alguns produtos, não me custa as-
experimentar deixar de ser estúpido
sumi-lo). Gosto de comprar roupa,
(estupidez, mesmo, e à grande, é ter
jornais, revistas (Harvard Business
o vicio de arrancar, à dentada, a pele
Review e Monocle no topo das pre-
dos dedos à volta das unhas)...
ferências), piquinhices, dirão alguns.
O que eu acabei de descrever, entra no capítulo do consumismo, um
Peço desculpa, são os meus vícios... e são todos confessáveis. 79
SER FELIZ É UM VÍCIO... PRAZEROSO
Também sou um viciado social. Eventos, festas, amigos, amizades. Mas não me interpretem mal. Não sou um partyman. Beber, sim, um bom copo de vinho (e, se for bom, tanto faz ser tinto, como branco, e não precisa de ser cheio). Quem me conhece, sabe como eu adoro passar música (ver atrás), como eu gostava de organizar as Festas de Paço de Arcos e como foi um prazer gerir um apoio de praia durante dois anos. As responsabilidades de re-
Gosto de me identificar como um engenharia e arquitetura.Tenho p presentação institucional, enquanto presidente de junta de freguesia, dava-me tanto prazer, que até pode ser assumido como um vício, dada a ressaca em que vivo, em permanência, desde que não o sou. Gosto de me identificar como um cidadão do mundo. Sou um apaixonado pela 80
m cidadão do mundo. Sou um apaixonado pela cidade, pela sua prazer em ter pessoas à minha volta... ouvir e ser ouvido cidade, pela sua engenharia e arqui-
dições e têm o poder de fazer pelos
tetura. Tenho prazer em ter pessoas
outros, aquilo que os outros, de per
à minha volta... ouvir e ser ouvido.
se, não conseguem fazer por eles
E, depois, há a política. Paixão, ou
mesmos. Estou imbuído de um es-
vício? Tenho uma máxima, gosto da
pirito coletivo que, estou em crer, é
política enquanto objeto de estudo
incurável.
e daquela política que faz, dos po-
Amar também é um vício. Amar os
líticos, pessoas que estão em con-
meus filhos, conforme já referi... amar 81
SER FELIZ É UM VÍCIO... PRAZEROSO
Amar também é um vício. Amar os meus filhos, conforme já referi... amar a vida...
82
a vida... amar o que faço... amar o
não mereçam (e eu também não),
que faço aos outros, quando os con-
não conseguem combater o vício de
sigo marcar. Amar viver... amar andar
gostar de vós (nós).
por aí e, por vezes, ter o vício de cha-
Ser feliz é um vício... prazeroso.
tear a cabeça a uns quantos. Desde
P.S. (post-scriptum, para não ha-
já, as minhas desculpas.
ver dúvidas): Não coube o vício do
E tenho o vício de escrever, o que
telemóvel, se calhar o maior de to-
não é difícil de perceber, porque foi
dos, o vício de viajar, o vício de co-
aquilo que acabei de fazer.
mer gelados (Santini!!! Talvez o úni-
Façam do vício, um bem e, não,
co vício de comer, porque, pastilhas
da dependência, um mal. Seja físi-
elásticas, é mais uma necessidade)
ca, ou psicológica, é um favor que
e outros, que tais, alguns proposita-
fazem a todos vós e àqueles que vos
dos, lá está, pelo pudor de não se-
rodeiam. Sobretudo àqueles que,
rem confessáveis...
embora alguns de vós, por vezes,
Nuno Campilho 83
POR DETRÁS DO PANO BY EDUARDA ANDRINO
UHF
...de sempre e para sempre!
S
e existem referências que são preciosas e que nos recusamos a abandonar porque fazem parte da nossa identidade, então posso afirmar convictamente que os UHF são uma dessas referências
na minha vida. Cresci a ouvir o que de melhor se produzia de rock português com um nome sonante que preservo ate aos dias de hoje. UHF três letras que fazem toda a diferença e que marcaram gerações e gerações de fans. Com um percurso invejável e uma postura particular, alcançaram um
84
85
POR DETRÁS DO PANO BY EDUARDA ANDRINO
lugar de destaque na música portuguesa.
António Manuel Ribeiro fundou
António Manuel Ribeiro é o co-
a banda em 1978 na linda cidade
ração deste projecto e o mentor de
de Almada, sem na altura saber que
todo um percurso feito a pulso e
se tornaria num dos grupos de rock
com total entrega. Um homem de
português mais prestigiados, e tam-
valores e multifacetado.
bém o mais antigo com atividade
Os UHF criaram o movimento de
86
boom do rock em Portugal em 1980.
ate agora.
renovação musical denominado
A formação inicial do grupo era
“rock português”, e são também os
composta por António Manuel Ri-
responsáveis pelo surgimento do
beiro (vocal e guitarra), Carlos Peres
(baixo), Renato Gomes (guitarra) e
dentes com a criação da editora
Américo Manuel (bateria).
AM.RA Discos, fundada por António
A banda foi sofrendo algumas
Manuel Ribeiro.
alterações e atualmente é formada
Nunca pensei ter o privilégio de
por António Manuel Ribeiro (vocal
o entrevistar e muito menos de ter
e guitarra), António Côrte-Real (gui-
a possibilidade de partilhar consigo
tarra), Luís ‘Cebola’ Simões (baixo),
respostas tao integras e tao únicas.
Fernando Rodrigues (teclas) e Ivan
Mas a vida e assim mesmo presen-
Cristiano (bateria e percussão).
teia-nos com pessoas especiais e
A partir de 1998, os UHF tornaram-se discograficamente indepen-
momentos inesquecíveis. Foi de uma maneira informal e
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POR DETRÁS DO PANO BY EDUARDA ANDRINO
descontraída que se deu início a nossa conversa.
projecto musical?
E.A - A tua carreira como músico
AMR - É verdade, nasceram de um
começou a solo ou integrado logo
grupo chamado À Flor da Pele, éra-
num grupo? Em que ano?
mos os mesmos, só o nome mudou.
AMR - Comecei num grupo, um trio que depois gerou um quarteto.
88
E.A - Os UHF foram o teu único
Depois, em 1981, demos esse nome ao nosso primeiro LP.
Não tinha competência nem co-
E.A - Quais os músicos que tens
ragem para um projecto a solo. As
como referência musical e que de
coisas tornaram-se inevitáveis, sem
certa forma influenciaram o teu per-
recuo, em 1977.
curso profissional?
AMR - Na guitarra o Neil Young e
Flor da Pele (1981), que ocupou a
também o Keith Richards (Rolling
primeira posição na tabela de ven-
Stones). Em Portugal o 1111 (José
das durante várias semanas, são os
Cid), José Afonso e Sérgio Godinho.
vossos primeiros grandes êxitos.
E.A - Os UHF existem desde 1978
Fala-me deste momento.
e foi desde sempre uma banda de
AMR - Foi tudo muito rápido, vi-
referência para algumas gerações,
vemos esses dois, três anos, entre
mas uma banda sempre atual.
1980 e 1982, dentro de um carro,
O single “Cavalos de Corrida”
em palcos por aí, camarins e em
(1980) – canção génese do rock
hotéis. De repente, a banda do ig-
português – e o aclamado álbum À
norado “Jorge Morreu”, era n.º 1 em
89
POR DETRÁS DO PANO BY EDUARDA ANDRINO
90
tudo: concertos, vendas discografias,
tor noviço. As coisas boas tocavam-
entrevistas, fãs. Aconteceu.
-me, viessem de onde viessem. Mis-
E.A - A banda inspirou-se em vá-
turei José Afonso com Jim Morrison,
rias outras bandas, nomeadamente
como Keith Jarrett com os Beatles.
os DOORS, com uma postura mais
Sou um melómano praticante, e
Hard Rock criando assim um estilo
hoje um autor que tem a sua própria
mais alternativo, mas também em
linguagem.
Zeca Afonso numa postura ativa em
E.A - Estão passados 39 anos des-
relação a temas sensíveis na vida
de a criação da banda. Qual o ba-
das pessoas, como é o caso das
lanço que fazes deste percurso?
canções “Sarajevo”, “Porquê (portu-
AMR - Uma aventura conseguida,
guês) “ ou “Vernáculo (para um ho-
começou por um desafio, um ‘va-
mem comum) “. Fala-me de como
mos lá a ver o que isto dá’ e che-
foram importantes para a divulga-
gámos aqui. Foi certamente um dia
ção dos UHF.
de cada vez, e sempre que caímos
AMR - Essa mistura de que falas é
soubemos reerguer o esqueleto em
mesmo a minha essência como au-
vez de choramingar. Isso foi e é muito importante. E.A - Para mim e para muitos seguidores tu és uma referência da música dos anos 80, e um dos mitos do rock português que marcou juventudes de fãs. Como é seres
91
POR DETRÁS DO PANO BY EDUARDA ANDRINO
92
abordado na rua pelas pessoas, que
frendo constantes alterações ao
carinhosamente te reconhecem?
longo dos anos. Tu foste compositor
AMR - Ainda hoje me espanta essa bonomia, mas percebo e acei-
maioritário das canções, e és o único membro fundador residente.
to que tocámos gerações e isso é
Sentes que o teu percurso sempre
gratificante. Valeu e valemos a pena.
fiel à banda foi a base do sucesso
Sou sempre receptivo a quem me di-
que a mesma alcançou?
rige a palavra.
AMR - O património de um artista
E.A - Em 2013, a digressão “UHF
é ‘ter um som próprio’. Conseguimo-
35 anos – A Minha Geração” foi das
-lo logo de início, e é por isso que as
mais bem-sucedidas, marcada com
várias alterações que houve no pas-
palavras de ordem contra a desor-
sado nunca interferiram ou subver-
dem governativa do país.
teram o ‘nosso som’. Todos entraram
Como podes hoje falar desse ano e do sucesso desses 35 anos sempre a surpreender gerações?
na casa dos UHF sem descaracterizar o seu património sonoro. E.A - Além de cantor e músico, és
AMR - Foi muito afectivo, a can-
também escritor e autor regular de
ção “Vernáculo (para um homem
várias crónicas para rádios e jornais.
comum) ”, apesar de proibida (igno-
Fala-me um pouco dos cinco livros
rada é outra forma de censura) in-
que já foram lançados por ti e de
cendiou o país. Foi muito curioso de
onde te vem a inspiração para es-
perceber que as pessoas estavam à
creveres tão bem e com tanto sen-
espera de qualquer coisa que me-
timento.
xesse com elas. Tomámos posição. E.A - A formação dos UHF foi so-
AMR - Editei quatro livros de poesia e o quinto foi de crónicas sobre a 93
POR DETRÁS DO PANO BY EDUARDA ANDRINO
vida dos UHF em Portugal – “Por Detrás do pano” (2015). A inspiração
E.A - Os UHF atingiram em 2015 a
tem a ver com observação e depois
fantástica cifra de 1 700 concertos
lançar o que vejo, o que sinto, numa
em Portugal e no mundo, venderam
folha de papel, entoar uma melo-
mais de um milhão e meio de dis-
dia, partir para um arranjo. Se nas
cos. Estão representados em mais
canções já sou um sénior, nos livros,
de 100 compilações com outros ar-
ainda aprendiz, sinto-me cada vez
tistas incluindo nos Estados Unidos
mais peixe no oceano.
e Brasil. Receberam onze discos de
E.A - Lançaste álbuns a solo sem-
prata, sete de ouro, três de platina e
pre com a participação de outros
ainda o prestigiado prémio da Casa
amigos músicos. Foi um projecto pa-
da Imprensa em 1981, a “Medalha
ralelo ou uma alternativa aos UHF?
de Mérito da Cidade” de Lisboa
AMR - Foi uma pausa, quando
94
para mim.
em 2009 e, no final de 2015 a
tenho tempo ou me dão tempo. Há
“Medalha de Honra da So-
coisas que escrevo que não perten-
ciedade Portuguesa de
cem à casa musical dos UHF, ficam
Autores”.
95
POR DETRÁS DO PANO BY EDUARDA ANDRINO
96
Faz-me um balanço destes anos
ligaram-me para me dizer que o se-
dourados que prestigiam os UHF
nhor acabara de falecer. Fui eu que
como uma das bandas portuguesas
lhe fui dar a notícia e isso foi um
mais mediáticas de sempre?
momento muito difícil, antes de su-
AMR - Impensável quando come-
birmos ao palco.
çámos, tornou-se real com o tra-
E.A - Com tantos sucessos da ban-
balho e a entrega. Mesmo quando
da e trabalho árduo no seu percurso,
fomos mal entendidos demos o má-
consegues arranjar tempo para a fa-
ximo e é assim que vamos continuar,
mília? Tempo para ti?
respeitando o público e aquele que nos olha no espelho pela manhã.
AMR - Não, ou muito pouco. Como patriarca, depois da partida do meu
E.A - Sendo o único membro re-
pai, reúno aos domingos a família
sidente dos UHF, sentes que existe
à volta da minha mãe para um jan-
algum patamar a alcançar para que
tar de parlamento aberto. Quanto a
a banda tenha o seu percurso com-
mim, vou adiando o que me apetece
pleto? Qual?
fazer. Mas o meu próximo livro é pior
AMR - Gravar o próximo disco e
que uma amante zelosa.
realizar o próximo concerto com entrega, arte e seriedade.
DISCOGRAFIA
E.A - Conta-me um momento de
A sua discografia é composta por
bastidores dos UHF que te tenha
quinze álbuns de estúdio, cinco ál-
marcado.
buns ao vivo, dez extended plays
AMR - No ano passado, em Julho,
(EP), dezanove coletâneas e por
o Ivan Cristiano (baterista) tinha o
uma mini box set composta por dois
pai hospitalizado. Depois do jantar
discos compactos. 97
POR DETRÁS DO PANO BY EDUARDA ANDRINO
Lançaram quarenta e oito singles
rios artistas. A sua videografia con-
incluindo maxi-singles e bootlegs ,
siste num álbum de vídeo e vinte e
sendo que três contêm inéditos no
oito vídeos musicais.
lado B, e as suas canções vigoram
Em paralelo com a carreira da
em sete bandas sonoras de teleno-
banda, António Manuel Ribeiro lan-
velas e séries. Interpretaram treze
çou quatro discos a solo com a par-
covers de canções de outros canto-
ticipação de antigos e atuais músi-
res e participaram em cinquenta e
cos dos UHF.
cinco compilações diversas de vá98
Os UHF atingiram em 2015 a
prata, sete de ouro, três de platina e
em Portugal e no mundo, venderam
ainda o prestigiado prémio da Casa
mais de um milhão e meio de discos
da Imprensa em 1981,a “Medalha
entre álbuns, extended plays, singles
de Mérito da Cidade” de Lisboa em
e cassetes.
2009 e, no final de 2015, a Sociedade
Estão representados em mais de 100 compilações com outros artistas, incluindo nos Estados Unidos e Brasil. Receberam onze discos de
Portuguesa de Autores congratulou a banda com a “Medalha de Honra”. UHF....de sempre e para sempre! Eduarda Andrino
Créditos: Luís Charréu, Rogério Bernardo, Rui Leal
fantástica cifra de 1 700 concertos
99
COLUNA SOCIAL BY EDUARDA ANDRINO
LANÇAMENTO CARTÃO EUSÉBIO HEART
O
hotel Pestana Cr7, foi o local escolhido para a apresentação do Cartão de Saúde Eusébioheart, uma iniciativa da Associação ArtEusébioheart ,e da Saúde Global. A família do antigo futebolista, a mulher, Flora, e as filhas Sandra e Carla, criaram a associação há
cerca de três anos e pretendem perpetuar a memória do seu pai. Este cartão e uma parceria entre a SAUDEGLOBAL e a Associação que resultou na criação de um plano de Saúde EUSÉBIOHEART, possibilitando aos seus utilizadores condições exclusivas Este cartão e uma parceria entre a SAUDEGLOBAL e a Associação que resultou na criação de um plano de Saúde EUSÉBIOHEART,
Eduarda Andrino e João Malheiro 100
Créditos – Eduarda Andrino
Flora Ferreira e as filhas Sandra e Carla
na área da saúde. A ideia assenta na sensibilização das doenças cardiovasculares, tendo sido esta a causa de morte do saudoso EUSEBIO DA SILVA FERREIRA. A cerimónia privada contou com a presença de diversos amigos de Eu-
sébio, ex-companheiros, individualidades do desporto, das artes, e da cultura como, João Molheiro, Ruy de Carvalho, Eunice Munoz, António Vitorino de Almeida, Marina Cruz, Rogério Alves, Cristina Esteves, Toni, Hilario e Humberto Coelho.
Créditos – Eduarda Andrino
Ricardo Dinis, Catarina Insiro e David Simões
101
COLUNA SOCIAL BY EDUARDA ANDRINO
GALA SOLIDARIA CONSELHEIROS DA VISAO 2017 A diva rock Liza Veiga Green Carpet
102
(Foto – Abel Dias)
A frase “Olhe por si” sensibiliza-nos para a prevenção do cancro da mama onde a actriz Rita Ribeiro e Simone de Oliveira são embaixadoras
Créditos – Eduarda Andrino
F
oi no dia 28 de Janeiro que se realizou mais uma gala anual promovida pelos Conselheiros da visão no emblemático salão Preto e Prata do Casino Estoril. A frase “Olhe por si” sensibiliza-nos para a prevenção do cancro da mama onde a actriz Rita Ribeiro e Simone de Oliveira são embaixadoras. Rafael Silva presidente dos conselheiros da Visão, reuniu uma serie de artistas como a Diva soprano Liza Veiga, Fernando Pereira, Mónica Sintra, Ana, Nuno Guerreiro entre outros para darem vida a mais uma grande noite solidaria. A apresentar esta gala Victor De Sousa, Eunice Maya e Sara Aleixo, três profissionais de topo. Na green carpet destacaram-se algumas personalidades como Paula Carvalho, Paulo Coelho, João Carvalho, Isabel Arroja, António Coelho, Carlos Madail, Nuno Vidigal, Patrícia Cruz , Luís Taborda entre outros.
Créditos - José António Marques - VISAGE
António Coelho e Carlos Madaíl
Paulo Coelho, João Carvalho, Isabel Arroja e Paula Carvalho
103
COLUNA SOCIAL BY EDUARDA ANDRINO
MODA ÁFRICA 2017 Eth(n)ical Fashion Week
F
oi nos dias 21 e 22 de Janeiro de 2017, que 17 estilistas Africanos mostraram as coleções com as tendências de Moda para 2018, 2ª edição do MODAAFRICA – evento anual do Eth(n)ical Fashion Week no edifício central do I.S.Técnico em Lisboa. 17 propostas todas elas de grande interesse e originalidade onde destaco três grandes nomes:
JOAN AUGUNI, ROGUE WAVE e IKILOMBA salientaram-se pela sua criatividade harmoniosa e multicolor. Entre o arrojado, pratico e muito formal todas as peças falavam de glamour e sensualidade, preservando sempre o conceito de harmonia e família. Presentes no evento estiveram várias caras conhecidas do mundo da moda Africana; estilistas, bloguers e outros fashionistas.
Jussara Prata, Dyvaldo Legancy e Eduarda Andrino
Siwana (Rogue Wave) e Sandra B.Rosa (Joan Auguni)
Irina Diniz Ferreira - Ikilomba
104
Catarina Insiro, Sofia Vilarinho, Liz Ogombo
Créditos - Juvenal Candeias, Eduarda Andrino
Eduarda Andrino, Beatriz Roliz Constança Roliz, Sílvio Nascimento, Sandra B.Rosa, Salvador Andrino, Marta Nunes, Nando Roliz.
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COLUNA SOCIAL BY EDUARDA ANDRINO
INAUGURAÇÃO SPA “O Segredo”
F
oi num ambiente acolhedor no Estoril que se realizou a inauguração do spa “O Segredo”. O espaço distingue-se pelos seus valores: honestidade, integridade, transparência, simplicidade e inovação aliados sempre a saúde para garantir bons resultados na beleza. Com serviços diferenciadores como, unhas de gel e imersão em pó, micro-
Staff “O Segredo” 106
dermoabrasão, terapia de oxigénio, massagem reafirmante de glúteos, massagem turbinada, entre outros, o espaço prima pela descoberta do segredo de cada cliente. Presentes estiveram amigos e conhecidos convidados pelo Rp Daniel Martins para festejar esta grande abertura. PARABÉNS a todo o staff.
Paula Carvalho, João Carvalho e Eduarda Andrino
Sofia Laranjeira, Eduarda Andrino, Mónica Sintra, Maria Carmo Morgado e Filomena Catarina Insiro, Sofia Morim
Vilarinho, Liz Ogombo
Créditos – João Ramos
Ricardo Dinis, Lili Caneças, Daniel Martins
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COLUNA SOCIAL BY EDUARDA ANDRINO
GALA SOLIDARIA CONSELHEIROS DA VISAO 2017 A diva rock Liza Veiga Green Carpet
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(Foto – Abel Dias)
A frase “Olhe por si” sensibiliza-nos para a prevenção do cancro da mama onde a actriz Rita Ribeiro e Simone de Oliveira são embaixadoras
Créditos – Eduarda Andrino
F
oi no dia 28 de Janeiro que se realizou mais uma gala anual promovida pelos Conselheiros da visão no emblemático salão Preto e Prata do Casino Estoril. A frase “Olhe por si” sensibiliza-nos para a prevenção do cancro da mama onde a actriz Rita Ribeiro e Simone de Oliveira são embaixadoras. Rafael Silva presidente dos conselheiros da Visão, reuniu uma serie de artistas como a Diva soprano Liza Veiga, Fernando Pereira, Mónica Sintra, Ana, Nuno Guerreiro entre outros para darem vida a mais uma grande noite solidaria. A apresentar esta gala Victor De Sousa, Eunice Maya e Sara Aleixo, três profissionais de topo. Na green carpet destacaram-se algumas personalidades como Paula Carvalho, Paulo Coelho, João Carvalho, Isabel Arroja, António Coelho, Carlos Madail, Nuno Vidigal, Patrícia Cruz , Luís Taborda entre outros.
Créditos - José António Marques - VISAGE
António Coelho e Carlos Madaíl
Paulo Coelho, João Carvalho, Isabel Arroja e Paula Carvalho
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LIVROS
POR LEONOR NORONHA
QUANDO O ACASO MUDA A HISTÓRIA “
110
Q
uem Nasce Torto Também se Endireita” é o nome do primeiro livro de João Moleira, jornalista e responsável pela edição da manhã da sic notícias e pela edição de fim-de-semana do Primeiro Jornal da sic. O convite partiu da Editora Manuscrito e, apesar de apreensivo e cauteloso, o jornalista confessou, durante a apresentação deste trabalho, “a ideia que eu tenho, hoje em dia, de quando nos convidam para escrever um livro passa muito pela escrita criativa, um romance. E foi o que eu disse à Sofia [representante da Editora]: a minha mente não está preparada ao nível da escrita criativa e nem sei se algum dia estará. Mas não era essa a proposta; foi-me pedido um livro adequado à minha imagem, com curiosidades e cultura geral”. João Moleira apenas teria de encontrar o fio condutor e materializar a ideia. Ora neste campo, o jornalista estava a navegar em águas conhecidas, como o próprio explica: “Curiosamente este é o tipo de literatura que eu sempre li mesmo enquanto criança. Os meus livros favoritos, na altura, eram os da Coleção do Círculo de Leitores Resposta a Tudo. Havia a Resposta a Tudo – História, Resposta a Tudo - Ciência, Resposta a Tudo - Século XX e havia um livro mais genérico
“Este é um livro de factos. A fo é tão caricata que leva a que s que foi o primeiro a sair. E nessa coleção já tinha visto algumas destas histórias. Quem diria que muitos anos mais tarde iria ter o convite para escrever um livro nesta área?”. Para que não surjam quaisquer dúvidas, é o próprio jornalista a esclarecer que “Este é um livro de factos. No entanto, a forma como muitas destas descobertas surgiram é tão caricata que leva a que sejam, naturalmente, histórias bem dispostas, algumas delas engraçadas e assim contadas. Mas não é um livro de humor; não sou humorista nem pretendo ser. Foi um gosto muito grande para mim escrevê-lo. Foi muito bom ter aceite este convite para o fazer”. O método de trabalho do jornalista foi elogiado pela editora e é na primeira
orma como muitas destas descobertas surgiram sejam, naturalmente, histórias bem dispostas pessoa que ficamos a saber que o autor é muito disciplinado: “quem me conhece sabe que eu sou muito metódico no meu trabalho. Tinha este desafio e tinha que o cumprir, espero que com sucesso, e a disciplina que criei foi contar uma história por dia: pesquisar e escrever uma história por dia. E ao fim de 128 dias este livro estava pronto”. A apresentação deste trabalho foi da responsabilidade de David Marçal, um dos mais cotados bioquímicos de Portugal. João Moleira explica esta escolha de forma clara e concisa: “decidimos convidar o David para apresentar este livro, porque contém muitas descobertas acidentais na área da medicina e das ciências ditas da
natureza. E achámos que o ideal era ter aqui alguém que pudesse falar de algumas destas questões”. David Marçal resumiu o livro com provérbios que contradizem o seu titulo:“ ‘há males que vêm por bem’ ou ‘a necessidade aguça o engenho’. Este livro também é um pouco sobre esses ditados populares e sobre essas dimensões. É, de facto, sobre invenções acidentais, felizes acasos que acabaram por resultar ‘melhor do que a encomenda’. Acho que isto também tem muito a ver com aquela ideia que todos nós temos de que quando as coisas correm bem é nosso mérito, somos bons, e quando correm mal temos muita tendência a atribuir ao azar. Este livro coloca, um
111
LIVROS
POR LEONOR NORONHA
bocadinho, essa característica da vida em evidência. Aquilo a que os ingleses chamam serendipity. Em português serendipicidade, que o João explica no livro: ‘são acidentes de percurso que criam algo de diferente do propósito inicial, que porventura até se vêm a revelar mais necessário e de maior sucesso’. Portanto, é qualquer coisa que não se consegue prever”. O livro fala de felizes obras do acaso que, em alguns casos, se revelaram úteis e de muita importância para a evolução do ser humano. Texto: Leonor Noronha
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‘há males que vêm por bem’ ou ‘a necessidade aguça o engenho’
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CINEMA
POR TIAGO VÁS OSÓRIO
LA LA LAND MELODIA DO AMOR
N
o momento em que estejam a ler isto talvez La La Land – Melodia do Amor já pode ser sido aplaudido de pé por toda a Academia, na entrega dos Óscares no Dolby Theatre. Ou pode ser mais um filme musical que não conseguiu conquistar os cinzentões membros da Academia. Mas vamos lá ao que interessa, afinal que filme é este que levou Damien Chazelle a enveredar por um dos parentes pobres da cinematografia atual, o musical? La La Land é todo um “cliché” reinventado do estilo musical. Mia (Emma Stone) é uma aspirante a actriz que trabalha numa cafeteria nos estúdios de cinema e que está farta de ser rejeitada nos imensos castings em que participa apesar do seu enorme talento. Sebastian (Ryan Gosling) é um brilhante pianista de jazz com o sonho de abrir o seu próprio clube. Conhecem-se por mero acaso e depois de um jogo de gato e rato apaixonam-se profundamente. Com La La Land Damien Chazelle não pretende ser um musical à antiga e até na presença de imperfeições nos passos de dança e até na própria música. E apesar de ter cenas claramente
114
inspiradas nos melhores musicais de todos os tempos, presta-lhes uma singela homenagem, trazendo o género para algo mais real, mais palpável, mas sem nunca destruir a sua essência. O filme acompanha a sua história de amor mas também as dificuldades de ambos em alcançarem os seus sonhos. E num claro movimento de fazer o género musical descer à terra e à realidade não ficou esquecido o que o concretizar do sonho pode provocar numa relação. Sem dúvida que um dos pontos fortes de La La Land é a enorme empatia que existe entre Emma Stone e Ryan Gosling em simples momentos de cumplicidade de dança e em simples
Sem dúvida que um dos pontos fortes de La La Land é a enorme empatia que existe entre Emma Stone e Ryan Gosling em simples momentos de cumplicidade de dança e em simples trocas de olhar. trocas de olhar. No entanto a grande estrela do filme é a brilhante Emma Stone que dá vida a uma personagem bastante simples à primeira vista mas repleta de pequenas subtilezas apaixonantes. Sem dúvida a grande favorita ao Óscar. Aposto que o venceu! Por isso, não se deixe ir nas cantigas de que La La Land é apenas um musical. Dê-lhe uma oportunidade vai ver que não se vai arrepender. Tiago Vaz Osório 115
“O Treino em FUTEBOL”
O
“
116
jogo de futebol é sem dúvi-
de variabilidade, imprevisibilidade e
da nenhuma e indiscutivel-
aleatoriedade, no qual as equipas
mente o desporto da nossa
em confronto, disputando objecti-
sociedade, que comporta e cria uma
vos comuns, lutam para gerirem em
panóplia de emoções e de estados
proveito próprio, o tempo e o espa-
de espírito muita das vezes antagó-
ço, realizando em cada momento,
nicos e imprevisíveis que o torna vi-
ações reversíveis de sinal contrário
brante e apaixonante.
(ataque- defesa), alicerçadas em
O futebol é um Jogo Desportivo
relações de oposição-cooperação”
Colectivo que ocorre num contexto
(Garganta, 1997, citado por Neto,
2008). Estamos então claramente, perante um jogo de grande imprevisibilidade imposta pela oposição e interação entre todos os intervenientes, os jogadores, onde estes adoptam e ajustam os seus comportamentos de forma contextual agindo de” “acordo com a situação, com o momento. A grande dimensão e pro-
O futebol é um Jogo Desportivo Colectivo que ocorre num contexto de variabilidade, imprevisibilidade e aleatoriedade, no qual as equipas em confronto, disputando objectivos comuns
porção que este Jogo Desportivo Coletivo atingiu, o futebol, aliado a
é o principal meio de preparação
uma relação de forças entre coope-
dos jogadores e das equipas”. Por
ração e oposição, à enorme variabili-
sua vez (Bompa, 1983) considera o
dade e aleatoriedade que o mesmo
exercício como o principal meio de
acarreta, acionou mecanismos, para
preparação”. Matveiev, 1977 consi-
que os intervenientes desta modali-
dera “os exercícios como meios fun-
dade, nomeadamente treinadores e
damentais do treino desportivo.
jogadores, se preparassem cada vez
Segundo Carvalho (1984), o
mais e melhor para a confrontação
treino desportivo pode ser defini-
desportiva. Aí o treino começou a ter
do como um processo pedagógico
um papel cada vez mais preponde-
complexo conduzido sistematica-
rante e decisivo na preparação das
mente que, servindo-se de diver-
equipas, como confirma (Teodores-
sos conteúdos (contextos de exer-
cu, 1983) referindo que “o exercício
citação/exercícios), executados de 117
“O TREINO EM FUTEBOL”
O treino deve permitir uma familiarização e um conhecimento ca adequando-o à realidade competitiva
118
acordo como princípios gerais pe-
treino deve por isso, permitir uma
dagógicos e os principais métodos
familiarização e um conhecimento
de treino, visam alcançar objecti-
cada vez maior do modelo de jogo
vos previamente definidos. Pode-
a ser implementado adequando-o
mos então deduzir que os meios e
à realidade competitiva. Confir-
métodos de treino que devem ser
mando a tese acima referida. Na
aplicados deverão estar enquadra-
esfera das suas competências, o
dos com a respectiva modalidade
treinador procura, em cada mo-
e também deverão ser específicos
mento, perceber quais condimen-
da mesma, de acordo com os con-
tos necessários para que a sua
textos situacionais que ela apor-
equipa seja bem-sucedida e em
ta e com os objectivos enquanto
que doses esses condimentos se
equipa que eles proporcionam. O
combinam. Posteriormente, por
ada vez maior do modelo de jogo a ser implementado
meios de exercícios, procura indu-
na réplica dessas mesmas condi-
zir, nos praticante, os modelos de
ções ambientais conseguiremos
comportamento desejados, no sen-
garantir hábitos suficientemente
tido dos mesmos permitirem mate-
eficazes e duradouros.”. Podemos
rializar a concepção de preconiza-
então presenciar a existência de
da.” (Garganta, 2002). No mesmo
uma relação de proximidade im-
sentido, (Araújo, 2014) considera
portante e decisiva entre o binó-
que, “Perante a necessidade de
mio treino-competição.
decidirmos tantas vezes com base
O treino é e será para mim uma
no inconsciente e automático, em
paixão e o meio mais sofisticado
contextos e circunstâncias em que
para em desporto podermos estar
domina a pressão do tempo e do
mais próximo de atingir o sucesso.”
resultado, só treinando com base
António Oliveira 119
SPAZZIO VITA
CAVITAÇÃO
C
om a despedida do Inverno, surge a preocupação com o corpo uma vez que se avi-
zinha a nova estação, com roupas mais leves, mais transpararentes e, mais curtas. Entre os mais variadissímos tratamentos de estética, vamos abordar a Cavitação. Ainda surgem algumas dúvidas acerca deste tratamento. A cavitação é um tratamento não
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invasivo sem qualquer procedimen-
um calor intenso apenas durante al-
to cirúrgico e que não necessita de
guns minutos.
anestesia. Não implica qualquer tipo
A cavitação, ou lipoaspiração não
de cortes, cicatrizes ou período de
invasiva tem como principal objec-
recuperação, funciona através de ul-
tivo a melhoria do aspecto corporal.
tra sons de baixa frequência.
Tem como principal função a elimi-
Após a sessão de tratamento em
nação da gordura acumulada, perda
algumas pessoas pode aparecer
de volume e a remodelação corporal.
uma vermelhidão na zona tratada
O número de sessões irá depen-
mas esta desaparecerá até duas ho-
der de cada organismo, sendo que
ras. Durante a sessão poderá sentir
o ideal será fazer uma sessão uma
A cavitação é um tratamento não invasivo sem qualquer procedimento cirúrgico e que não necessita de anestesia vez por semana, uma vez que o or-
efectuado em pessoas com doen-
ganismo demora cerca de 72 horas
ças hepáticas, com implantes no
a eliminar a gordura após cada tra-
ouvido, com doenças do âmbito
tamento. Este tratamento pode ser
cardíaco, com “pacemaker”, com
feito, nas pernas, abdómen e gluteos.
diabetes, com epilepsia, grávidas ou
Para que os resultados da cavi-
que estejam a amamentar. Também
tação sejam visíveispotencializados
não é recomendado a adolescentes,
deve ser deverá ter uma alimentação
pessoas com elevados índices de
equilibrada,fazer exercício físico e in-
triglicéridos e colesterol, com cica-
gerir água (pelo menos 1,5l por dia).
trizes, hérnias, ou doenças de pele
Este tratamento não pode ser
na zona a tratar. 121
PRESS RELEASE
Prepare-se no INVERNO para o VERÃO
T
reino para trabalhar todos os
este treino, em Circuito, do Personal
músculos do corpo e nada de
Trainer Juan Hernandez, até aque-
armazenar e esconder gordura
las pequenas loucuras gastronómi-
na roupa mais larga. “Por vezes desistimos de treinar
cas deixam de ser um problema na consciência!”
por causa do tempo. Arranjámos o
Envio em baixo a sugestão de um
treino ideal para ti. E só precisas de
circuito de 30´. 3 voltas de 20 reps
30min, 3 vezes por semana!!! Com
cada exercício.
1
.AGACHAMENTO COM LIGEIRO SALTO (PLIOMÉTRICO) Exercício do Básico Agachamento normal mas com um ligeiro salto na subida. A ideia é saubir até esticar o corpo e descer até quebrar a
paralela e voltar a subir. A ideia é não travar o movimento da descida mesmo quando faz contato com chão mas só no momento em que quebra a paralela. Este exercício é muito explosivo e ideal para fazer disparar a frequência cardíaca num curto espaço de tempo. No final de cada série deverá ter a sensação de “ardor” nas pernas. Este exercício apesar de trabalhar toda a conjuntura muscula da perna incide essencialmente nos Glúteos e Coxas.
122
2
FLEXÕES ALTERNADAS (COM UM STEP DE UM LADO PARA OUTRO) Com uma mão apoiada no chão
e a outra no step, a ideia é fazer flexões de forma alternada de um lado para o outro do step. Reforçar que a flexão deverá garantir que o angulo entre o braço e o antebraço fazem no mínimo 90 graus. Exercício que além de exigir alguma coordenação, promove a tonificação dos braços (acabar com àquele músculo do adeus) mas é ideal para fortalecimento do “core” e tonificação da “zona abdominal”
123
PRESS RELEASE
3
BATTLE ROPE (CORDA AO CHÃO) Com uma mão a segurar em cada uma das pontas da corda, “ba-
ter” com a corda em direção ao chão ao mesmo tempo com as duas
mãos. Atenção a postura de execução (verificar na imagem). Exercício muito metabólico, uma vez que vai acelerar consideravelmente o batimento cardíaco e consequentemente uma maior queima de gorduras no pós treino.
124
4
WALKING LUNGE COM VIPER OU PESO Exercício de grau de execu-
ção difícil. Com as mão em total extensão a segurar no Viper/Peso fazer andamento com flexão de 90 graus das pernas. A imagem do numero 2, este exercício além de promover uma boa tonificação dos glúteos permite também trabalhar e fortalecer o core consequente tonificação abdominal. 125
PRESS RELEASE
5
.TRUSTER COM KETTLEBELL Consiste na junção de Agachamento com Press de Ombros. A. Aga-
chamento com o kettlebell. Segurar o peso mostra na imagem. B –
Logo após a fase final do agachamento fazer uma extensão completa dos braços com o peso (kettlebell). Exercício mais completo deste circuito, sendo aquele que recruta mais massas musculares (trem inferior/trem superior). No final de cada série será normal sentir uma grande aceleração cardíaca. Não aconselhado a hipertensos.
126
6
V-SITS (ABDOMINAIS) Para acabar temos um exercício abdominal. Com os braços e pernas em total extensão, fletir o tronco em forma de “V” e tocar com a ponta
das mãos com a ponta dos pés. Este exercício vai acabar por ter uma grande incidência no abdominal inferior também.
Fonte: Juan Hernandez - Personal Trainer @ Fitness Hut Loures e Olivais Fotos: Liete Couto Quintal - https://www.facebook.com/lietecoutoquintal 127
CULINÁRIA
POR COCO E BAUNILHA www.cocoebaunilha.com
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PANNA COTTA DE IOGURTE E BAUNILHA COM MOUSSE DE MORANGO PANNA COTTA 200g de natas 100g de iogurte natural 45g de açúcar 1 vagem de baunilha 3g de gelatina (2 e 1/2 folhas) Amolecer a gelatina em água fria. Aquecer as natas com o açúcar e a vagem de baunilha aberta e sementes raspadas (TMX – Bimby: 4min/90º/vel.3 inv). Quando começar a ferver, retirar do lume. Remover a vagem, juntar a gelatina espremida e misturar vigorosamente com um fouet (TMX-Bimby: 15seg/vel.4). Deixar arrefecer. Juntar o iogurte e misturar bem. Distribuir em tacinhas. Colocar no frigorífico até solidificar ou no congelador para ser mais rápido. MOUSSE DE MORANGO 100g de puré de morango 15g de açúcar 2g de gelatina (1 folha) 75 de natas, bem frias (c/30% m.g.) Amolecer a gelatina em água fria. Aquecer metade do puré de morango com o açúcar
até ferver (TMX-Bimby: 3min/100º/vel.2). Retirar do lume e juntar a gelatina espremida e misturar vigorosamente com um fouet (TMX-Bimby: 10seg/vel.5). Juntar o restante puré de morango e misturar (5seg/vel.4). Deixar arrefecer. Entretanto bater as natas em chantilly e envolver no puré de morango. Distribuir por cima da panna cotta de forma a obter uma camada mais fina do que a primeira. Colocar no frigorífico até solidificar ou no congelador para ser mais rápido. GELEIA DE MORANGO 150g de puré de morango 2g de gelatina (2 folhas) 35g de açúcar Amolecer a gelatina em água fria. Aquecer o puré de morango com o açúcar até ferver (TMX-Bimby: 3min/100º/vel.2). Retirar do lume e juntar a gelatina espremida e misturar vigorosamente com um fouet (7seg/ vel.4). Distribuir por cima da mousse em camada fina. Levar novamente ao frigorífico para solidificar. 129