Se não é a canção nacional, para lá caminha: a presentificação da nação na construção do samba e do

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4.2. Os “morros-Academias”: o cronista Vagalume aponta o “samba verdadeiro”

Já no final de 1932, o jornal A Noite anunciava, em matéria intitulada “Na Roda do Samba – o novo livro de Francisco Guimarães (Vagalume)”: “dentro de poucos dias será entregue á curiosidade publica um livro interessantíssimo”. O autor, descrito como “nosso antigo collega de imprensa”, apresentaria uma obra cujos “capítulos, cheios de ‘verve’, baseiam-se no profundo conhecimento que [...] possue das ‘coisas nossas’, puramente regionais. A origem do samba, por exemplo, é uma explanação clara que muito agradará, visto que demonstra apuro de pesquisa”. Embora o texto não esteja assinado, provavelmente fora o próprio Vagalume que fez com que o jornal tomasse conhecimento do livro, numa demonstração de empenho em divulgar e, sobretudo, de preocupação com a boa recepção da obra. A matéria d’A Noite encerra-se justamente com uma afirmação nesse sentido: “Na roda do samba terá, certamente, grande aceitação, pois está sendo ansiosamente esperado”.564 Ainda antes da publicação, em maio de 1933, A Noite voltaria a divulgar o livro. Francisco Guimarães é apresentado na matéria como o colega de imprensa que acabara de “escrever um livro denominado Na Roda do Samba, e ninguem melhor do que elle, o popularíssimo Vagalume, decano dos chronistas carnavalescos, velho reporter policial, para escrever sobre o assumpto”. O texto, também anônimo, apresenta uma síntese da obra: Na primeira parte do livro, trata da origem do samba e sua divulgação, dos sambistas e suas producções e da relação do samba com os poetas, os literatos, com a grammatica, com o Carnaval, com os ranchos e com a victrola. A segunda parte é a relação do samba com os chamados morros-academias.565

Curitiba, 2002; MORAES, José Geraldo Vinci de. Os primeiros historiadores da música popular no Brasil. ArtCultura, Uberlândia, v. 8, n. 13, p. 117-133, jul.-dez. 2006; BAIA, Silvano Fernandes. A historiografia da música popular no Brasil (1971-1999). São Paulo: USP, 2010, 279 f. Tese (Doutorado) – Programa de PósGraduação em História Social, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010. 564 “Na Roda do Samba – o novo livro de Francisco Guimarães (Vagalume)”, A Noite, Rio de Janeiro, 3 de dezembro de 1932, p. 5. 565 “Na Roda do Samba”, A Noite, Rio de Janeiro, 31 de maio de 1933, p. 7. 173


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