Segurito 93

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Periódico Para Rir e Aprender

Mensagem ao Leitor

Manaus, Junho 2014 – Edição 93 – Ano 8

SÓ SEI QUE NADA SEI

A

Prezados Prevencionistas, Como é mês de Copa e muita gente vai desacelerar um pouco no trabalho, fiz esta edição um pouco light. Textos leves, mesclando assuntos técnicos e outros para fazer você pensar um pouco. Mês que vem voltamos com a taça na mão, mas sem esquecer que não se mistura futebol e eleição.

frase é bem antiga, mas sempre é preciso lembrar que nunca teremos total domínio sobre qualquer que seja o assunto. Caso você ache que é muito bom, comece a ficar preocupado, pois é o primeiro passo para lhe estagnar. Percebi isto ao longo dos anos e com os esperados cabelos brancos, pois sempre gostei de dar aula e de estudar, mas no início tinha a ingênua ideia de que dominava alguns temas.

Boa Leitura! No mês passado indiquei três livros, então neste mês vou aproveitar para lhe lembrar do meu livro. É para você que está começando na área ou mesmo para você que não consegue organizar a casa e vive correndo de um lado para outro, ou seja, tento explicar os assuntos técnicos de forma prática, mas sempre lhe indicando um caminho como um verdadeiro colega de trabalho. Caso tenha interesse, acesse agora o site: www.jornalsegurito.com

Prof. Mário Sobral Jr.

Padronizar

Q uando

falamos sobre implantar um sistema de gestão, para muitos vem à mente um monte de papel e muita burocracia. Mas a verdade não é bem essa, quando falamos de sistema de gestão, estamos falando, principalmente, de padronização. Não entendi nada, professor! Então vamos lá, imagine que a sua empresa produz pregos e que resolveu implantar um Sistema de Gestão de Qualidade. No entanto, você notou que todos os pregos têm a ponta um pouco torta e fica pensando: como é que esse pessoal vai implantar ISO 9000 se estes pregos são uma porcaria! Não tem como! E seu disser que é possível eles implantarem, pois digamos que o processo desta empresa produza pregos com as mesmas características e com a mesma “tortice”.

Hoje sei que muita turma minha ouviu graves erros sobre assuntos técnicos, os quais eu tinha certeza de que estavam corretos (e talvez ainda estejam ouvindo, porém novos erros), ou seja, não podemos parar, pois se pararmos, não teremos como identificar os velhos erros e como corrigir os novos.

Autor: Mário Sobral Jr – Engenheiro de Segurança do Trabalho.

COMUNIQUE-SE

escrevi outros textos sobre este mesmo tema, mas como acho essencial, vou insistir na mensagem. Uma falha grave que eu percebo na maioria dos SESMTs, e que eu já cometi algumas vezes, é a falta de comunicação das ações realizadas. Pode ser por falta de tempo, por não saber como fazer, por não ter o canal adequado para a comunicação ou por achar que nem todos precisam da informação.

PIADINHA Uma velhinha de 86 anos ligou para o seu cardiologista querendo saber onde se localizava exatamente o coração e o médico respondeu: “Dois dedos abaixo do seio esquerdo”. No dia seguinte saiu a manchete no jornal: “Velhinha de 86 anos tenta suicídio com um tiro no joelho”. Uma impressora pergunta para a outra: “aquele papel no chão é seu ou é impressão minha?” Definição de jurados: pessoas escolhidas ao acaso para decidir quem tem o melhor advogado.

Se a empresa conseguir esta total padronização, podemos afirmar que sua gestão está funcionando, pois todos sabem que o produto será sempre exatamente do mesmo jeito. Um Sistema de Gestão de Saúde e Segurança do Trabalho funciona exatamente da mesma forma, se, por exemplo, temos procedimentos de permissão de trabalho, análises de acidentes, inspeções específicas que sempre são realizadas, posteriormente avaliadas, tratadas e quando necessário melhoradas, podemos afirmar que temos um sistema de gestão. Pois ainda que os problemas ocorram, e eles sempre irão ocorrer, todos sabem o que fazer quando ocorre uma falha no sistema.

O problema é que ao não mostrarmos as ações que realizamos, alimentamos a imagem, infelizmente ainda forte em diversas empresas, de setor que não faz nada. Precisamos criar o hábito de divulgar nossas ações, para a chefia, para os demais gestores e para os demais trabalhadores. Isto irá paulatinamente fortalecer o setor.

Autor: Mário Sobral Jr – Engenheiro de Segurança do Trabalho.

Autor: Mário Sobral Jr – Engenheiro de Segurança do Trabalho.

Contatos:

Segurança do Trabalho – Organizando o Setor - Vol. I – Mário Sobral Jr.

PENSE BEM!

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NÃO SAI DE MODA

NÃO SEJA SÓ UM ORELHA

A

ntes que você torça o nariz por não ter mês passado dei uma passada na gostado do título, leia mais um pouco e Fundacentro e finalmente adquiri o clássico entenda a mensagem. “As Doença dos Trabalhadores” do pai da Medicina do Trabalho, Bernadino Ramazzini, escrito em 1700. Além do fator histórico é interessante como há passagens que ainda hoje têm certa atualidade, leiam a seguir um trecho sobre a doenças daqueles que viviam da escrita (escribas e notários). Primeiro, quero lhe fazer uma pergunta: Você sabe o que é um orelha? Ahhh professor, é um trabalhador que faz serviço braçal.

No

Na verdade, meu filho, quando chamamos alguém de orelha estamos querendo dizer que ele só escuta, só obedece, ou seja, não dá ideias, não tem iniciativa. Acho que fica fácil de entender que mesmo um trabalhador braçal, pode não ser um orelha. Para isso, basta ele compartilhar seu conhecimento, que mesmo sendo exclusivamente prático, pode vir a gerar grandes ideias. Então se lembre de que independente do trabalho de que está exercendo, faça de tudo para não se tornar um orelha.

Autor: Mário Sobral Jr – Engenheiro de Segurança do Trabalho.

LIDERE PROCURANDO UMA ASA

O líder é aquele que é capaz de expor a capacidade de crescer coletivamente. “Três são as causas das afecções dos escreventes: primeira, contínua vida sedentária; segunda, contínuo e sempre o mesmo movimento da mão; e terceira, atenção mental para não mancharem os livros e não prejudicarem seus empregadores nas somas, restos ou outras operações aritméticas. Conhecem-se facilmente as doenças acarretadas pela sedentariedade: obstruções das vísceras, como fígado e baço, indigestões do estômago, torpor nas pernas, demora no refluxo do sangue e mau estado de saúde. Em suma, carecem esses operários dos benefícios que um moderado exercício promove, mas a que não podem se dedicar, ainda que queiram, pois fizeram contrato e precisam cumprir sua jornada de escrita. A necessária posição da mão para fazer correr a pena sobre o papel ocasiona não leve dano que se comunica a todo braço, devido à constante tensão tônica dos músculos e tendões, e com o andar do tempo diminui o vigor da mão. Conheci um homem, notário de profissão que ainda vive, o qual dedicou toda sua vida a escrever, lucrando bastante com isso; primeiro começou a sentir grande lassidão em todo o braço e não pôde melhorar com remédio algum e, finalmente, contraiu uma completa paralisia do braço direito. A fim de reparar o dano, tentou escrever com a mão esquerda; porém, ao cabo de algum tempo, esta também apresentou a mesma doença. Livro: A Doença dos Trabalhadores – Fundacentro – Bernardino Ramazzini (tradução de Raimundo Estrêla).

PIADINHA Os irmãos gêmeos eram tão parecidos, que um deles foi tentar o suicídio e acabou matando o outro. Otimista (definição): um pessimista mal informado.

Luciano de Crescenzo (presidente da IBM na Itália até fazer cinquenta anos de idade, quando deixou a vida corporativa e foi ser ator de teatro e escrever livros de filosofia) é autor de frase que registro amiúde em todos os lugares que acesso: “Somos todos anjos com uma asa só; e só; e só podemos voar quando abraçados uns aos outros”. Dizendo de outro modo: “Homens são anjos com uma só asa. Para voar, precisa grudar no outro”.

desprezando a asa do outro. Porque é uma asa feminina ou masculina. Porque é uma asa de alguém que não é da sua área. Porque é uma asa de um outro sotaque. Porque é uma asa de uma outra nação. Porque é uma asa de outra cor. Porque é uma asa com menos cargo. Então, o que é um líder? É um instrutor e um parceiro de asas. Por isso, concluo esta inquietação lembrando do “companheiro” do início e do mesmo modo como um dia terminei meu livro A Escola e o Conhecimento. Com um ditado chinês que diz o seguinte: “Quando dois homens vêm andando na estrada, cada um carregando um pão, e trocam os pães quando se encontram, cada um vai embora com um pão. Mas, quando dois homens vêm andando na estrada, cada um com uma ideia, e ao se cruzarem trocam as ideias, cada um vai embora com duas ideias”. Essa é a finalidade de líderes bem preparados e liderados bem conduzidos: juntar-se digna e eticamente a fim de trocar ideias para todos terem pão.

Por que a gente, quando se encontra, bate nas costas do outro? Para ver se a asa do outro está lá. Se não estiver, você não Livro: Qual é a tua obra? – Ed. Vozes – voa. E tem gente que passa a vida 22a edição - Mário Sérgio Cortella

CUIDADO COM A ZONA DE CONFORTO

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recisamos tomar cuidado com a famosa Zona de Conforto. Bem sei que para tomar algumas decisões é preciso planejar (eu acabo até planejando demais). Mas meu alerta não é para quem planeja, mas para aqueles que não tomam nenhuma decisão, tudo por causa do medo do “Pode Ser”. Como assim professor, quem é o tal do “Pode Ser”? É simplesmente a dúvida por trás de uma decisão, pois “Pode Ser” que você não consiga, “Pode Ser” que você ganhe menos, “Pode Ser” que algo dê errado. O que temos que ter em mente é que também “Pode Ser” que dê certo. Lembro que quando saí do meu segundo emprego, pedi demissão, achei que estava na hora de mudar (já fiz isso algumas vezes) e acabei indo para uma empresa com um salário maior, que me exigia

menos e que me agregou novos conhecimentos. Agora imagine se eu tivesse ficado preso ao “Pode Ser”. Mas atenção, não vá interpretar de forma distorcida as minhas palavras. Nunca pedi as contas como um aventureiro, sempre estabeleci um prazo de permanência na empresa, fiz um lastro financeiro que me aguentasse por alguns meses sem um emprego fixo e depois fui à luta, ou seja, fiz um planejamento. Mas lógico que arquei com as consequências de um período de certo desconforto pessoal e financeiro para poder crescer. Escrevo estas palavras, para você parar um pouco para pensar e quando reclamar do trabalho lembrar que a mudança depende somente de você.

Autor: Mário Sobral Jr – Engenheiro de Segurança do Trabalho.


JORNAL SEGURITO

ESTÃO ENTENDENDO? PERÍCIA JUDICIAL No mês de maio assisti um curso sobre pode ser decisivo na análise A lgumas pessoas necessitam de muita perícia com o Eng. Guilherme Caliri e empresas possuem apenas

informação para seguir em frente. Outras, não. Algumas no início do trabalho já possuem na cabeça a capa do relatório final. Outras precisam do passo a passo detalhado, estruturado, responsabilidades bem definidas. Algumas não precisam de estrada pronta, pois gostam de construir o caminho à medida que avançam. Algumas precisam de um propósito claro antes iniciar qualquer coisa, independente de ser fácil ou difícil.

Como se monta um treinamento, em power point, que agrade todas as dinâmicas? Algumas pessoas adorariam receber a apostila do curso antes. Outras, se receberem, não vão ler uma linha sequer. Fazer sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes é insano, diz o ditado. É o que na maioria das vezes as áreas de Recursos Humanos fazem. Algumas organizações criam padrões de treinamento para centena de pessoas, da mesma forma, com uma única mídia. Invariavelmente nas auditorias dos Sistemas de Gerenciamento a área de treinamento ligada aos Recursos Humanos é massacrada nas pesquisas. Alguns esforços são feitos, mas são exceções. Mesmo quando algum líder resolve inovar, bate de frente com estruturas de treinamentos fortemente consolidadas e teimosas. (...) Esta é uma constatação do dia a dia: pessoas das áreas centrais em algumas organizações têm pronta a seguinte sentença: eles não vão entender deste jeito. Desenvolver a segurança pode ser muito mais simples se levarmos em consideração que as pessoas são diferentes e têm o direito de aprenderem como acham melhor.

Fonte: Mudança Cultural Orientada por Comportamento – Ed. Qualitymark – José Luiz Lopes Alves e Luiz Carlos de Miranda Júnior.

PIADINHA - A quanto tempo José! - É verdade, já casei, separei e já fiz até a partilha dos bens. - E as crianças? - O juiz decidiu que ficariam com aquele que mais bens recebeu. - Ficou com a sua mulher? - Não, com o advogado.

resolvi destacar algumas das informações repassadas no excelente treinamento. Primeiro um alerta a que nem todo perito se atenta, o laudo precisa ser conclusivo, mas não pode sentenciar, ou seja, não deve concluir dizendo se o Reclamante tem direito ou não a alguma coisa, irá apenas apresentar todas as informações técnicas ao juiz e este sim dará a sentença. Durante a conversa com o Reclamante, durante a perícia, ter em mente e lembrar sempre ao Reclamante que os dados a serem relatados são apenas dos últimos 5 anos (prazo máximo retroativo), não interessando se há 10 anos atrás a empresa estava toda irregular.

Ter cuidado quando for avaliar insalubridade decorrente de produtos químicos, pois é comum para um mesmo produto termos diversas nomenclaturas, o ideal é confirmarmos se o produto não faz parte da lista da NR 15 por meio do número CAS que é como se fosse a digital do produto. Quando realizar a avaliação de calor ter sempre em mente que o turno de trabalho

e algumas avaliações realizadas no horário comercial esquecendo o terceiro turno, que em geral terá valores mais baixos. Que é obrigação do perito realizar as análises quantitativas. Na verdade, só deveria utilizar valores realizados pela empresa no caso do ambiente de trabalho não mais existir ou caso não tenha mais as características do período em que o trabalhador realizava a atividade. No entanto, isto nem sempre é possível para o caso das análises químicas, em função do custo elevado destas análises. De qualquer forma, em geral, estas análises são realizadas por terceiros e entregues em relatórios, o que diminui a possibilidade de alterações de má fé por parte da empresa. Nas análises dos soldadores lembrar de que as análises de fumos devem ser restritas ao cádmio, chumbo e manganês, únicos agentes presentes na NR15 para esta situação. Observar que alguns produtos químicos além da contaminação por via respiratória podem ser absorvidos por via cutânea, ou seja, ainda que determinado agente esteja com concentração abaixo do limite de tolerância é preciso uma análise da atividade para verificar se o trabalhador está protegido em relação ao contato com o produto. Por fim, sempre levar a máquina digital para tirar diversas fotos, auxilia a memória e facilita a vida do juiz que passa a ter uma melhor referência de como são as condições da Reclamada.

Autor: Mário Sobral Jr – Engenheiro de Segurança do Trabalho.

CONVENCENDO A USAR O EPI U

m problema que afeta a maioria dos profissionais de Segurança do Trabalho é de como conscientizar os trabalhadores sobre a importância do uso do EPI. Para minimizar este problema preparei uma palestra na qual tentei identificar os motivos que fazem o trabalhador não querer o EPI, no entanto, para cada motivo que detectei contra o EPI, eu apresento argumentos para ajudar no convencimento do trabalhador. Abaixo listo alguns dos motivos que o trabalhador utiliza para não usar o EPI. 1. Desconforto do equipamento Este primeiro motivo é a mais pura verdade, EPI realmente incomoda. No entanto é necessário, e é uma questão de hábito, igual a usar óculos ou uma bota nova, no início incomoda, mas se você persistir utilizando tem uma hora que você nem percebe que está usando, ou seja, é preciso informar ao trabalhador ser necessário um período de adaptação. 2. Não gostar de ser obrigado a usar Já ouvi muito isso, mas infelizmente, legalmente o colaborador é realmente

obrigado a utilizar, basta dar uma lida no artigo 158 do capítulo V da CLT, mas é uma obrigação para o bem do trabalhador, igual obrigar o uso de um colete à prova de balas no meio de um tiroteio. 3. Não se lembrar de utilizar Esta é a desculpa mais frequente, o famoso me esqueci. Lembro ao trabalhador de que para tudo na vida é preciso de disciplina, para passar em um concurso, para concluir um trabalho e até na vida pessoal, mas se ele não tem disciplina nem para lembrar-se de utilizar um EPI como espera ter outros sucessos. 4. Não acreditar que terá algum problema de saúde caso não use. Este motivo depende diretamente do SESMT. Não basta falar para o trabalhador que ele é obrigado a usar, ele precisa entender como o corpo trabalha e de que forma o EPI consegue auxiliar em mantêlo saudável.

Autor: Mário Sobral Jr – Engenheiro de Segurança do Trabalho.


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ACIDENTE DO TRABALHO

A Cidente, na linguagem corrente, é um acontecimento imprevisto ou fortuito que resulta dano à coisa ou à pessoa. É, como diz De Plácido e Silva, “ato involuntário, isto é, que se realizou ou ocorreu independentemente da vontade do agente e pela ausência de dolo ou de mau desígnio de sua parte”. Aí se confunde com o acaso. Para o mesmo autor, “distingue-se como acidente do trabalho todo e qualquer acontecimento infeliz que advém fortuitamente ou atinge o operário quando no exercício normal de seu ofício ou de suas atividades profissionais”. A presente definição de acidente do trabalho está de acordo com o entendimento vigorante no século XIX que o considerava como um acontecimento súbito decorrente de obra do acaso; um acontecimento casual; fortuito, ou imprevisto, de causa externa; um infortúnio que traduzia a ideia de infelicidade e a falta de sorte da vítima.

Mas essa ideia clássica de acontecimento do acaso e de imprevisibilidade não mais se sustenta como regra geral dentro do atual conceito porque, como se sabe, grande parte dos acidentes laborais, na atual modernidade industrial e tecnológica, decorre da falta de prevenção dos ambientes de trabalho, decorre da ausência de cuidados mínimos e especiais no que diz respeito à adoção de medidas coletivas e individuais na prevenção dos riscos ambientais. Além disso, há inúmeras atividades caracteristicamente perigosas, cujos acidentes decorrentes não podem ser considerados como meros infortúnios do acaso. São eventos perfeitamente previsíveis e preveníveis, porquanto as suas causas são identificáveis e podem ser neutralizadas ou mesmo eliminadas; são, porém, imprevistos quanto ao momento e ao agravo para a vítima.

Fonte: Ações Acidentárias na Justiça do Trabalho – Ed. LTr – Raimundo Simão de Melo.

PIADINHA - Oi Teresa, como vai? - Estou muito mal, meu médico disse que eu só tenho alguns dias de vida. - Acho que posso te ajudar. - Como? - Vou mandar meu marido passar esses últimos dias com você, cada dia vai parecer uma eternidade.

ESOCIAL, O RAIO-X DO GOVERNO

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história é a seguinte, hoje as empresas mandam um “catatau” de informações para diversos órgãos e algumas vezes a mesma informação é enviada para órgãos diferentes. Isto ocorre porque estes órgãos não conversam entre si ou conversam muito pouco. Qual foi a ideia que o governo teve para resolver este problema? Um sistema em que as empresa mandam uma única vez tudo que é necessário e estas informações ficam disponíveis para todos os órgãos. Na verdade, a ideia é excelente, pois o monitoramento de parte das informações será realizado pelo governo, mesmo à distância.

Teremos várias obrigações em parceria com o RH, no entanto se a empresa já estiver organizada, só será uma marolazinha de problemas, porém se estivermos levando as informações nas coxas, teremos um tsunami de trabalho. Não entendi professor, na prática quais são as atividades? São várias, deixe-me destacar algumas: a primeira que irá precisar de uma adequação é relacionada aos riscos a que os trabalhadores estarão expostos, o sistema precisará ser alimentado para cada trabalhador, ou seja, precisaremos informar quais os riscos ambientais, os riscos mecânicos ou os riscos ergonômicos a que cada funcionário estará exposto. Teoricamente já temos esta informação por meio do PPRA e avaliações complementares, o problema é que precisaremos utilizar a nomenclatura estabelecida pelo Esocial. No Manual de Orientação do ESocial – Versão 1.1 encontraremos uma tabela com os diversos riscos, mas digamos que esta tabela ficou bem detalhada, por exemplo, para as radiações não ionizantes, teremos: Laser, Ultravioleta, Radiofrequência e Microondas, Radiação Visível e Infravermelho e Outros. Agora um detalhe, você tem o levantamento para luz visível? Provavelmente não, pois no anexo 7 da NR 15 esta radiação não é citada. Ahhh professor, se não tem na NR 15 como é que eles inventam de avaliar luz visível? Meu filho dê uma lida no item 9.3.5.1 “c” da NR 09. Ou seja, se não tem na NR 15 devemos utilizar os parâmetros da ACGIH. Consequentemente, precisaremos dar

uma revisada no nosso PPRA, tem também o LTCAT. Professor, mas não temos LTCAT na nossa empresa! Bem, se vocês tem um PPRA que consiga suprir as informações do LTCAT, tá tudo certo. O problema é que na maioria das empresas isto é artigo de luxo. Além disso, outro problema pode vir a ser o PCMSO, este documento precisa estar realmente conversando (e na mesma língua) com o PPRA, ou seja, os riscos identificados devem estar presentes em ambos os documentos. Ainda temos os riscos ergonômicos, que podem nos trazer problemas, pois imagine que temos vários trabalhadores afastados por código 91 (responsabilidade da empresa), mas não indicamos nenhum risco ergonômico para aquele posto ou pior, nem temos uma análise ergonômica, como você irá explicar isso (o governo terá o conhecimento dos afastamentos). E para a área de saúde, o que pega além do PCMSO? Todo mundo sabe que exame admissional é realizado antes de o trabalhador entrar na empresa, mas às vezes se dá um jeitinho. Não terá mais como, pois você precisará informar a data de entrada do trabalhador e as datas dos ASOs. O mesmo rigor será para os periódicos e demissionais, ou seja, aquele gerente que está atrasado a mais de ano precisará atualizar seu exame logo. Ahhh professor, vai ter uma galera fazendo retroativo! Ok, mas para tudo tem multa e agora ficará mais fácil de identificar. Além disso, passaremos a informar todos os trabalhadores com estabilidade, ou seja, cipeiros, trabalhadores que sofreram acidentes de trabalho ou doença, como consequência, aquelas empresas que demitiam com esperança que o trabalhador ficasse na dele, estará enrolada, pois ficará fácil para o governo cruzar as informações. Também precisaremos informar (e isto será ótimo) quem é o responsável pela segurança dos espaços confinados, quem são os autorizados a operar e intervir em máquinas, quais são os autorizado a trabalhar em instalações elétricas, ou seja, ficará difícil explicar um acidente com máquina de um trabalhador que não tem esta atribuição. Já ia esquecendo, nos riscos identificados, junto com a intensidade ou a concentração, caso tenhamos controles como EPIs ou EPCs, precisaremos informar quais são utilizadas para cada situação. E serão realizadas algumas perguntas (as mesmas que hoje estão no PPP) que podem fazer um grande estrago. Resumindo o Esocial vai dar um trabalho inicial, mas vai ajudar a organizar a casa, pois é como um raio-x do governo que passará a ver as empresas por dentro, sem precisar sair do escritório.

Autor: Mário Sobral Jr – Engenheiro de Segurança do Trabalho.


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