UNIDADE
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MAPEAMENTO DO PROCESSO PRODUTIVO
QUALIDADE DE VIDA, MEIO AMBIENTE E ECONOMIA SUSTENTÁVEL
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
MAPEAMENTO DO PROCESSO PRODUTIVO
Nesta unidade, o nosso objetivo é analisar o mapeamento do processo produtivo de forma a compreender a lógica do processo e a doutrina que o sustenta. Contribuir para um mundo mais belo. Integrar e ajudar a ver oportunidades e gerar valor, bem como mitigar potenciais riscos sociais e ambientais.
Ter um modelo de gestão do meio ambiente e da sustentabilidade que integra princípios, valores, políticas e compromissos de todos os envolvidos, além da observação das tendências do mercado em que se atua. A análise profunda e criteriosa conduz à construção de uma estratégia de sustentabilidade de forma a envolver todos, sociedade, organizações e governo na prática da gestão do meio ambiente, tirase do papel as intenções e se realiza de fato uma prática. Prioriza-se o que se entende como mais importante para o meio ambiente e sua preservação, de maneira que a sociedade e as empresas influenciem e obtenham os ganhos através de oportunidades únicas, sem jamais perder de vista os riscos e ganhos de ambos. Empresa/Sociedade/Meio ambiente.
Temas importantes para serem discutidos:
• Formulação das estratégias de negócio que contemplem gestão de meio ambiente e sustentabilidade; • Engajamento dos diferentes atores nas decisões; • Fluxos e critérios transparentes para seleção de parceiros de negócios; • Incentivo de adoção de práticas de gestão de meio ambiente e sustentabilidade na cadeia de valor; • Gestão dos riscos sociais e ambientais nos processos de pesquisa e desenvolvimento do produto;
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• Monitoramento das emissões de gazes do efeito estufa; • Promoção da diversidade e inclusão social; • Saúde e segurança.
O compromisso deve ser assumido por todos.
O Pacto Global da ONU e o Compromisso de Conduta Empresarial para Erradicação do Trabalho Infantil do Instituto Ethos são exemplos de compromissos a serem seguidos e cumpridos. O mapa de risco e oportunidades sempre será uma prioridade. Conforme as demandas de cada ator do processo, mapeamos as oportunidades, dimensionando os benefícios potenciais e o esforço necessário para implementação. O engajamento aos temas sempre deve ser estruturado, a fim de minimizar os riscos que podem ser classificados em seis tipos postulados a seguir: • Imagem • Legal • Financeiro • Estratégico • Operacional • Terceirização/Abastecimento
Risco de imagem: significa que podemos, pela prática da gestão e mapeamento ambiental, construir uma imagem distinta da proposta teórica e metodológica adotada. Por exemplo, falamos que somos preocupados com meio ambiente, mas ainda mantemos espaços confinados na organização ou não realizamos a coleta seletiva do lixo. Risco legal: significa que a preocupação no atendimento das questões legais a empresa venha perder seu ritmo de trabalho. Por exemplo, a empresa que fica preocupada com atendimento princípio legal e esquece de cuidar da atividade finalística.
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Risco financeiro: é quando a adequação à metodologia venha a se desequilibrar financeiramente, tornando inviável a produtividade. Um exemplo bem presente é o custo da energia elétrica na produção de plástico, a partir da sua própria reciclagem. Risco estratégico: se torna vulnerável quando, ao elaborar uma estratégia, não contempla a efetividade da ação, focando apenas na ação estratégica e não no seu custo. Risco operacional: é quando a preocupação, como método, nos impede de verificar os aspectos de operacionalizar a ação e encarecemos o processo fabril significativamente. Risco da terceirização/abastecimento: ocorre quando delegamos a responsabilidade sem um controle efetivo do processo.
Vejam como podemos ilustrar:
Somos grandes incentivadores das causas delicadas do mundo “Pensando na importância da aviação para vida de milhões de pessoas e no futuro das próximas gerações, na Embraer desenvolvemos projetos de aeronaves menos poluentes, silenciosas e mais eficientes no consumo de combustível. Já certificamos o primeiro avião de série movido a etanol, o Itapema, além de sermos o primeiro fabricante de aeronaves a obter a certificação ISO14001 referente a normas ambientais. O compromisso da Embraer com a construção de um futuro sustentável está fundamentado pelo nosso apoio ao Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU) e é reconhecido pela nossa participação nas carteiras do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) e do Dow Jones Sustainability Indexes (DJSI). Essas iniciativas são apenas uma pequena parte do que a Embraer começou a fazer. Estamos comprometidos a fazer ainda mais. Porque somente grandes ideias desta geração irão preservar as causas mais delicadas das gerações futuras. ” Grupo Embraer.
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A afirmação de Milton Friedman que “O negócio dos negócios são os negócios”, no Prêmio de Economia, foi feita em 1960 e ainda é um mantra em turmas de MBA ou reuniões de conselhos. O economista e os seguidores da teoria do valor para o acionista argumentaram que a única responsabilidade de uma empresa é maximizar o retorno das ações. A empresa não tem, segundo esse ponto de vista, compromisso adicional com a sociedade. Essa visão predominante infelizmente corresponde a uma linha de raciocínio que levou os executivos a transitar por campos minados da ética. Quase não existem indícios de que a teoria de Friedman esteja perdendo adeptos entre os altos executivos e isso se deve, em parte, à ausência de alternativas viáveis. Não basta alertar os executivos de que devem fazer as coisas “direito”. São necessárias ferramentas reais que ajudem a pensar a responsabilidade socioambiental, uma questão que deve ser abordada estrategicamente pelos líderes de empresas que agirão menos em causa própria do que antes. Esse foi o argumento que fundamentou a elaboração em 2002, de uma ferramenta que contribuiu para o cálculo do retorno da Responsabilidade Socioambiental Empresarial (SRE): Matriz da Virtude.
MATRIZ DA VIRTUDE
FRONTEIRA (motivação intrínseca) BASE CIVIL (motivação instrumental) A MATRIZ
fig.01
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MOTIVAÇÕES E FRONTEIRAS O objetivo da Matriz da Virtude é oferecer às empresas uma referência viável para avaliar oportunidades de ação responsável e criar uma estratégia de cidadania corporativa. Ela é formada por quatro quadrantes. Os dois inferiores “escolhas” e “conformidade”, formam a base civil e refletem grandes normas, costumes e leis que governam a prática corporativa. As companhias adotam essas práticas corporativas por escolha voluntária ou por conformidade às regras. Assim, satisfazem expectativas da sociedade e mantém o status quo. Tal comportamento está em sintonia com os interesses de acionistas. No quadrante da escolha, uma empresa pode, por exemplo, optar por doar dinheiro para reforçar sua reputação e prometer vender mais para compensar essa despesa. No quadrante da conformidade, a companhia pode levar adiante atividades específicas para se manter ao lado da lei, como realizar seminários sobre assédio sexual ou respeitar as normas de segurança no trabalho. Essas formas de Responsabilidade Social Empresarial (RSE) servem explicitamente ao objetivo de aumentar o valor para os acionistas e, por isso, são consideradas instrumentais. Mas há, também, atividades responsáveis que são realizadas porque são tidas como moralmente corretas. Esse tipo de motivação é mais intrínseco do que instrumental e marca uma distinção crucial: há ações que beneficiam simultaneamente a sociedade e o acionista, mas há outras que somente trazem benefícios à sociedade. Daí a linha divisória entre os quadrantes superiores da matriz: a fronteira entre o que é estratégico e estrutural. The Body Shop, rede de produtos de beleza e cuidados pessoais, é exemplo do que ocorre na fronteira estratégica. Sua abordagem atenta ao meio ambiente e aos animais tanto fez do mundo um lugar melhor como gerou retornos altamente positivos para os acionistas. Na fronteira estrutural, as iniciativas individuais não duram muito, já que o custo para os acionistas é muito alto. Uma pequena empresa pode, por exemplo, decidir investir na redução de gazes geradores do efeito estufa sem obter retorno por parte dos clientes, com isso ela perderá competitividade em custos. A solução é adotar ações coletivas, com a participação de todo um setor, a fim de compartilhar
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custos.
INTERDEPENDÊNCIA As atividades em um quadrante podem influenciar os demais. Quando as ações na fronteira estratégica são bem-sucedidas, tendem a ser copiadas e a se converter em normas da sociedade. As coalizões realizadas na fronteira estrutural podem estimular governos a empreender mudanças no plano legal, isso fortalecerá a base civil e levará a melhoria para a sociedade. A Matriz da Virtude oferece as ferramentas para que uma empresa se torne cidadã exemplar. O grupo canadense de serviços financeiros RBC Financial foi um dos primeiros a empregar a Matriz no desenvolvimento da estratégia de RSE. Ganhou lealdade da comunidade, como Blue Water Project, empreendimento localizado no limite do quadrante estratégico. Em 2007, a empresa decidiu destinar US$ 50 milhões, ao longo de dez anos, a iniciativas que fomentassem a cultura do cuidado com a água. O uso da matriz lhe permitiu aplicar a lógica dos negócios a uma oportunidade ambiental e também melhorar o desempenho da sua RSE. Os recursos da empresa então, não foram empregados para satisfazer expectativas que se colocam normalmente sobre o banco.
A APLICAÇÃO DA MATRIZ Muitas empresas permanecem presas a maneiras conhecidas de agir. A crise financeira de 2008 não apenas demonstrou que é longo o caminho adiante, mas também representou uma encruzilhada tanto para a teoria de Friedman como para RSE e a Matriz da Virtude. Portanto, é importante questionar como devemos pensar a matriz hoje. Há exceções, mas as organizações tendem a fracassar em mostrar liderança em questões de sustentabilidade. Em vez de irem determinadas à fronteira estratégica ou com outras companhias à fronteira estrutural, acabam enfraquecendo a base civil. A crise que isso desencadeia enseja a intervenção governamental legítima e quase obrigatória, por meio de leis que escoram o quadrante da conformidade. Mas como as empresas deveriam analisar suas iniciativas de RSE e sustentabilidade? Há oportunidades na fron-
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teira?
As iniciativas corporativas da fronteira estratégica são, cada vez mais, vistas como publicidade desonesta. Pode se argumentar que o modo mais produtivo de abordar a cidadania corporativa é ser ativo e criativo na fronteira estrutural, que é onde os membros de um setor devem atuar juntos para promover o progresso construtivo e desejado pelos cidadãos, mas que não pode ser gerado por uma empresa sozinha.
Existe um precedente animador: em 1999, antecipando-se à implantação do Protocolo de Kioto, três empresas do setor de cimento começaram a discutir questões que abordavam sobre a grande emissão de dióxido de carbono gerada por sua atividade. Dois anos depois, uniram-se na iniciativa de uma Sustentabilida de do Cimento. Assim, conseguiram aperfeiçoar sua tecnologia, reduzir custos e riscos e melhorar sua reputação. Mostram, portanto, os benefícios de trabalhar com aliados inesperados, reguladores e concorrentes.
A sociedade precisa de organizações que incorporem ferramentas novas para solucionar seus problemas e a Matriz da Virtude é uma delas, já que foi construída para apoiar o desenvolvimento de estratégias de RSE.
Eis o que as companhias líderes farão:
• Entrarão em conformidade com as leis; • Atingirão os níveis mais altos das normas atualmente não regulamentadas;
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• Implementarão projetos na fronteira estratégica; • Serão participantes ativas de projetos na fronteira estrutural.
Dessa forma, as empresas protegerão o melhor daquilo que é, ou seja, a base civil, e contribuirão para a expansão daquilo que “ poderá vir a ser”, por meio de atividades nas fronteiras.
LISTA DE IMAGENS
Fig.01: Autoral.
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