UNIDADE
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ESTRUTURA DO TEXTO – PERÍODO E PARÁGRAFO
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
ESTRUTURA DO TEXTO – PERÍODO E PARÁGRAFO
As palavras se combinam em função de um contexto e de uma intencionalidade. Os textos se realizam em estruturas próprias: a frase, a oração, o período e o parágrafo. Os enunciados suficientes por si mesmos para estabelecer comunicação dentro de um contexto recebem o nome de frases. As frases podem ser construídas por uma única palavra ou por várias palavras. Podem apresentar verbos ou não. A oração é um enunciado que se organiza em torno de um verbo ou locução verbal Na maioria das vezes, a oração apresenta alguém ou algo sobre quem ou sobre o que se faz uma declaração e complementos. Observe as orações: “O dono prensa a voz.” “[...] a voz firmou contrato” Dois amigos se encontraram no sinal. “[...] eu vou indo em busca de um sono tranquilo [...] O sinal vai abrir! Esses enunciados apresentam uma estrutura sintática construída em torno das formas verbais prensa, firmou e encontraram e das locuções verbais vou indo e vai abrir. Oração é o enunciado que contém um verbo. Período é um enunciado completo constituído por uma ou mais orações. Os períodos podem ser classificados por: Período simples: constituído por uma oração e, portanto, organizado em torno de um só verbo ou locução verbal. Ex: “eu também só ando a cem.”, “A menina escreveu o cartaz para as amigas.”
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Período composto: constituído por mais de uma oração e, portanto, organizado em torno de mais um verbo ou locução verbal. Ex: “O dono prensa a voz, a voz resulta um pranto que gira para todos nós.” O período composto pode ter orações interligadas por dois processos: coordenação e subordinação: Período composto por coordenação é constituído por orações sintaticamente independentes. Ex: Olhou o sinal aberto e despediu-se do amigo. Queria conversar, mas estava com pressa. Período composto por subordinação é constituído por uma oração principal e uma ou mais orações que exercem, em relação à oração principal, a função de um advérbio, de um substantivo ou de um adjetivo. Ex: Despediu-se o amigo quando o sinal abriu. Ela tinha a impressão de que estava atrasada.
O menino, que não sabia ler, entrou no quarto da menina.
O parágrafo pode dividir-se em pequenos períodos. O PARÁGRAFO Escrever um bom texto, pelo menos para boa parte das pessoas, parece ser uma atividade árdua demais. A nossa sociedade, infelizmente, não valoriza o hábito da leitura, comportamento ideal para quem quer escrever um bom texto. Ler todos os gêneros textuais, ainda é a alternativa mais aconselhável para atingir a proficiência na modalidade escrita e também na modalidade oral, tendo em vista que a leitura melhora significativamente a comunicação. Para que seu texto seja mais bem estruturado, é importante conhecer a sua paragrafação. O parágrafo é um elemento importante de um texto e pode ser considerado a “alma” de qualquer redação. Quando um texto prescinde de uma paragrafação adequada, certamente ele ficará confuso, desorganizado e estruturalmente comprometido, falhas imperdoáveis principalmente para quem quer escrever
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um bom texto. A construção dos parágrafos está intrinsecamente relacionada a algumas características básicas que nutrem a construção de um bom texto: a objetividade, a clareza e a precisão das ideias retratadas. Para predominar essas características, certamente a coesão e a coerência farão parte essencial da estrutura do parágrafo. Para Severino (2002, p.84), o “parágrafo é uma parte do texto que tem por finalidade expressar as etapas de raciocínio. Por isso, a sequência dos parágrafos, o seu tamanho e a sua complexidade depende da própria natureza do raciocínio.” O importante é estabelecer entre os parágrafos uma ligação, de forma que uma ideia represente a sequência da outra. Para Volpato (2006, p. 46), tendo em vista a necessidade de o parágrafo ser caracterizado por uma argumentação completa (introdução, desenvolvimento e conclusão), o que determina a mudança deste não é a extensão, mas sim a conclusão de uma dada argumentação, no sentido de, no parágrafo seguinte, dar-se início à outra. O tópico frasal corresponde à argumentação central que se vai desenvolver dentro de cada parágrafo. Sua importância é tamanha que todo o restante do(s) parágrafo(s) será orientado por ele numa sucessão de ideias interligadas. É importante frisar que não há tópicos frasais apenas em textos dissertativos, mas também nos textos narrativos que contenham inserções argumentativas. OS DIFERENTES TIPOS DE TÓPICOS FRASAIS Declaração inicial Muitas vezes, o autor, já inicia seu texto com uma declaração forte, seja de afirmação ou de negação, para, em seguida, comprovar ou justificar a declaração, utilizando-se de argumentos de comparação, exemplos, testemunhos de autores, entre outros. Enquanto no Brasil da diversidade étnico-cultural o ponto de partida for o paradigma do “combate às drogas”, teremos como res-
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posta o fracasso das tímidas tentativas de políticas públicas, o aumento das violências, o jogo de poder, a deterioração das relações sociais. Isso acaba por referendar o seu oposto: a permissividade compulsória, o descaso com os mecanismos legais de controle social e a liberação das drogas. (O fracasso do combate às drogas. Araci Asinelli da Luz) Definição A definição é um processo muito usado pelos autores por apresentar as ideias de forma simples, clara e objetiva. Apresenta característica didática. Exemplo: Criptografia é a utilização de códigos e cifras para embaralhar as mensagens de modo que elas possam ser lidas apenas pelos destinatários desejados (que são informados sobre o método de decodificação com antecedência). A criptografia para fins militares e de espionagem tem uma longa história. Atualmente, ela também é utilizada para proteger segredos comerciais e permitir a transmissão segura de dados pela internet. WRIGTH, Michael, Mukul (eds). História dos códigos e da criptografia. Como funciona sistemas, utensílios, equipamentos anuais. Scientific American/ VISOR, 2000. P. 160-1. (Fragmento adaptado). Contraste O autor apresenta elementos que se opõem. Faz a exposição de um ponto de vista oposto. Exemplo: “O ministro da Educação se esforça para convencer de que o provão é fundamental para a melhoria da qualidade do ensino superior. Para isso vem ocupando espaços generosos na mídia e fazendo milionária campanha publicitária, ensinando como gastar mal o dinheiro que deveria ser investido na educação”. (Orlando Silva Júnior e Eder Roberto Silva, Folha de São Paulo, 05.11.96).
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Interrogação O autor pode iniciar o parágrafo com uma pergunta para despertar a atenção do leitor, Exemplo: “Em que consistiria o domínio do português padrão? Do ponto de vista da escola, trata-se em especial (embora não só) da aquisição de determinado grau de domínio da escrita e da leitura. É evidentemente difícil fixar os limites mínimos satisfatórios que os alunos deveriam poder atingir […]. (POSSENTI, 2012, p. 19). Divisão to.
O autor cita os aspectos que serão abordados ao longo do tex-
Duas realizações se destacam do rico legado deixado por Betinho: a criação do Ibase e a campanha da Ação da Cidadania contra a Miséria e pela Vida. O Ibase, Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas, é uma das mais atuantes organizações não governamentais do país. [...] A campanha contra a fome, lançada em 1992, foi um obstinado trabalho em favor dos 32 milhões de brasileiros totalmente desamparados. (Portal Ibase). Alusão Histórica ou Menção a Evento Recente O autor dá um tratamento histórico para a questão tematizada, resgatando, em momentos passados, acontecimentos que ilustram o tema a ser abordado Exemplo: Desde tempos remotos o homem tem se empenhado em tentar compreender sua condição e sua posição no mundo. Na Antiguidade, os pré-socráticos já procuravam maneiras de explicar, a partir de sua origem, o estatuto existencial do “ente” em oposição ao do “não-ser”. Tal preocupação também se fez sentir os religiosos e os cientistas. Na Idade Média, época em que a igreja gozava de incontestável prestígio [...] FERNANDES, Wellington Silva. Vestibular Unicamp, reda-
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ções 2003. Campinas: Editora da Unicamp, 2003. P.60-1. (Fragmento). O primeiro parágrafo de um texto é sempre muito importante: sua leitura determinará o tipo de envolvimento que o leitor terá com o texto. Assim, um início que desperte o interesse para análise a ser desenvolvida favorece a aceitação do caminho argumentativo que será pelo autor. Assumir um ponto de vista, redigir atendo-se ao tema, argumentar fundamenta-se com os porquês... Esses são elementos básicos para se ter um bom texto argumentativo. Vamos analisar a estrutura de um texto argumentativo: como se organiza? como se dá a sequência de ideias? como se inicia o texto? Como se desenvolve? E a conclusão? Para que Literatura? 1. Nesta época de tanta ciência e tecnologia, para que publicar textos de Literatura? Quem por eles se interessaria? Os pobres, que constituem a maioria em nosso país, absorvidos pela própria sobrevivência, talvez nem saibam que existe Literatura, embora boa parte dos grandes escritores tenham surgido de famílias pobres. Parece que o sofrimento nutre as Artes. 2. As perguntas sobre os grandes temas da vida humana se tecem nos poemas e nas obras de ficção. A Literatura, já o disse de outra maneira Roland Barthes, não responde às perguntas, fechando-as; porque as amplia, multiplica suas respostas. Não pretende atingir nenhuma “verdade”; pretende abrir nossa mente para as inúmeras percepções de mundo, que existem nos universos mentais das pessoas. 3. Mas do que precisamos, dizem os homens práticos, é de soluções, de respostas, de expedientes úteis, de resolver os problemas da cidade e do campo. 4. Então, para que Literatura? Para levantar questões fundamentais, abrir nosso mundo pequenino, feito de minúsculos fatos do dia a dia, ao grande painel da reflexão humana. Vivemos em Lorena, mas podemos transitar em Londres, Paris, Estados Unidos, Rússia, Antártida, Terra do Fogo, Noruega, Índia, no planeta Marte, nas Galáxias infinitas, enfim, no Cosmos. Sem perder o pé na realidade.
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5. A leitura é o meio que temos de conviver com valores e ideias de outros universos, no espaço e no tempo, inacessíveis, de outro modo, à experiência humana. (...) 6. Por que não Literatura? Por que não Poesia? A poesia é o que criamos de mais próximo do núcleo da realidade e do ser. Parecendo etérea e desvinculada de nossas metas pragmáticas, a poesia, no entanto, nos dá o mundo em lágrimas e em risos, em vida e morte, em angústia e esperança, o mundo em dimensão de humano. O poema recupera o ritmo das coisas, capta o alento e a respiração do todo, e os exprime em “palavras-coisas” essenciais. 7. Por vezes, a poesia invade nossa vida sob a forma de uma criança, um palhaço, um bêbado, um louco. Sob a forma de uma flor, de bicho, de árvore, de fogo, de beleza, enfim. Se isso acontecer, se formos capazes de reconhecer o rosto de nossa irmã-poesia nos pequenos ou breves encontros com as coisas, então estamos salvos do tédio e do desespero. 8. Cada um de nós, enquanto se torna receptivo aos grandes temas da Literatura – o amor e a morte, a liberdade e o destino, o absurdo e o racional, a iniquidade e a justiça, a angústia e o medo, o desespero e a esperança, a beleza e o grotesco –, poderá encontrar em si o diálogo com as profundezas do ser e o silêncio diante do mistério. 9. Para que Literatura? Para termos o direito ao sonho e a garantia da realidade. (Olga de Sá. Introdução a Contos de cidadezinha, de Ruth Guimarães. Centro Cultural Teresa d’Ávila, 1996). Verificando a estrutura desse texto, vemos que na introdução, há o tópico frasal, (parágrafos 1º e 2º.), e a autora nos apresenta o tema e o seu ponto de vista. Ela inicia o parágrafo com uma pergunta (ideianúcleo), para despertar a atenção do leitor. “Nesta época de tanta ciência e tecnologia, para que publicar textos de Literatura? Quem por eles se interessaria?” “ [...]A Literatura, já o disse de outra maneira Roland Barthes, não responde às perguntas, fechando-as; porque as amplia, multiplica suas respostas. Não pretende atingir nenhuma “verdade”; pretende abrir nossa mente para as inúmeras percepções de mundo, que existem nos universos mentais das pessoas.”
No 3º ao 6º parágrafos a autora apresenta a sua argumentação,
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os porquês, os exemplos, etc. ” Por que não Literatura? Por que não Poesia?” Nos parágrafos de 7º a 9º acontece a conclusão, na qual a escritora faz uma síntese reafirmadora das ideias. Portanto, é importante entender que o parágrafo deve ser constituído de apenas uma ideia-núcleo. A partir dela, serão desenvolvidas as ideias secundárias que deverão estabelecer relação dialógica com a ideia principal. As ideias em cada parágrafo devem estar relacionadas com a ideia principal do texto, que geralmente é apresentada na introdução. Se isso não acontecer, o texto poderá se transformar em um amontoado de argumentos, sem qualquer tipo de ligação uns com os outros. Iniciar com o tópico frasal que seja conciso e objetivo, composto, no máximo, por duas ou três orações, característica que irá facilitar o desenvolvimento da ideia central.
O livro de Othon Moacir Garcia, Comunicação em prosa moderna, Ed FGV, constitui obra pioneira na sistematização dos elementos lógicos e linguísticos imprescindíveis à boa organização do pensamento para a elaboração de textos consistentes, claros e coerentes. Corretos, enfim, na sua mais ampla acepção, que vai muito além da noção restrita de correção gramatical. O livro que atende a uma vasta gama de interessados nos assuntos, servindo a estudantes de variados níveis e áreas, a professores de língua portuguesa no seu trabalho didático e, cada vez mais, a estudiosos da importantíssima especialidade de produção textual, mantém-se plenamente atual. LEFFA, Vilson José. Fatores da compreensão na leitura. Cadernos do IL, Porto Alegre, v.15, n.15, p.143-159, 1996.
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“Só escreve bem que lê bem; só lê bem quem escreve bem”. Uma das maiores dificuldades de quem precisa ler muito é a falta de concentração. Quem tem dificuldades para interpretar textos e fica lendo e relendo sem entender nada, pode estar sofrendo de um mal que vem crescendo na população da era digital. Antes da internet, o nosso cérebro lia de forma linear, aproveitando a vantagem de detalhes sensoriais (a própria distribuição do desenho da página) para lembrar-se de informações chave de um livro. Conforme nós aumentamos a nossa frequência de leitura em telas, os nossos hábitos de leitura se adaptaram aos textos resumidos e superficiais (afinal, muitas vezes você tem links em que poderá “ler mais” – a internet é isso) e essa leitura rasa fez com que a gente tivesse muito mais dificuldade de entender textos longos. Os especialistas explicam que essa capacidade de ler longas sentenças (principalmente as sem links e distrações) é uma capacidade que você perde se você não a usar. Os defensores do “slow-reading” (em tradução literal, da leitura lenta) dizem que o recomendável é que você reserve de 30 a 45 minutos do seu dia longe de distrações tecnológicas para ler. Fazendo isso, o seu cérebro poderá recuperar a capacidade de fazer a leitura linear. Os benefícios da leitura lenta vão bem além. Ajuda a reduzir o estresse e a melhorar a sua concentração! Depois de treinar bastante e ler muito, você estará pronto para interpretar os mais diversos tipos de texto! Mãos à obra! http://guiadoestudante.abril.com.br/blogs/dicas-estudo/2015/03/
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REFERÊNCIA SEVERINO. Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 22 ed. São Paulo: Cortez, 2002. VOLPATO. Gilson Luiz. Dicas para redação científica: por que não somos citados. 2. Ed. Botucatu: Gilson Volpato, 2006. POSSENTI, S. Por que (não) ensinar gramática na escola. Campinas: Mercado das Letras, 2012.
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