UNIDADE
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DÚVIDAS GRAMATICAIS MAIS COMUNS
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DÚVIDAS GRAMATICAIS MAIS COMUNS Escrever bem não é difícil, mas para que isso aconteça, é necessário o conhecimento das normas gramaticais. É por esse motivo que estudaremos mais um pouco sobre esse assunto. Muitas vezes, no momento de escrever um texto, nos vemos na dúvida sobre como se escreve determinada palavra, qual letra é a correta, o tempo verbal correto ou se o texto está objetivo. Visto isso, iremos aprender mais algumas dicas para orientá-lo (a) nestas questões.
BARBARISMO significa o desvio relativo à palavra. É quando grafamos ou pronunciamos uma palavra que não está de acordo com a norma culta. O barbarismo pode ser de grafia, morfologia, semântica, regência e colocação, citando, apenas, os mais comuns. Observe a figura a seguir.
fig.01
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Para melhor entendimento, verifique os exemplos a seguir.
• Gráficos: usa-se hontem, proesa, conssessiva, aza, por ontem, proeza, concessiva e asa. • Ortoépicos: usa-se interese, carramanchão, subcistir, por interesse, caramanchão, subsistir. • Prosódicos: usa-se pegada, rúbrica, filântropo, por pegado, rubrica, filantropo. • Semânticos: usa-se tráfico (por tráfego) indígena (como sinônimo de índio, em vez de autóctone). • Morfológicos: usa-se cidadões, uma telefonema, proporam, reavi, deteu, por cidadãos, um telefonema, propuseram, reouve, deteve. • Mórficos: usa-se antidiluviano, filmeteca, monolinear, por antediluviano, filmoteca, unlinear. É importante destacar que diversos autores consideram barbarismo palavras, expressões e construções estrangeiras, mas, neste estudo, elas serão consideradas “estrangeirismo”. • ESTRANGEIRISMO: todo e qualquer emprego de palavras, expressões e construções estrangeiras em nosso idioma recebe denominação de estrangeirismo.
Para Faraco (2014), algumas regras simples podem ser seguidas.
• Textos formais: jamais empregar uma palavra estrangeira se há em uso uma expressão equivalente em português. • Se não há solução, senão usar uma palavra estrangeira, destacá-la graficamente (negrito, itálico ou aspas). Se a palavra não é muito conhecida, é interessante traduzi-la entre parênteses, em respeito ao leitor. • Muitas palavras já se popularizaram em inglês, como: skate, site,
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mouse, videogame, rock. Neste caso, não há necessidade de destacá-las. É possível que com o tempo, elas acabem recebendo forma gráfica portuguesa, como xampu (de shampoo), máuser (do alemão mauser) etc. Em outros casos, a forma original resiste e se consolida: show e rock. Neste caso, parece bem mais adequado manter a grafia estrangeira do que gerar formas gráficas esdrúxulas (chou por show; por exemplo; ou roque por rock, muito embora já tenhamos criado roqueiro). • No caso de textos técnicos destinados a especialistas, não há mesmo solução, senão usar os termos estrangeiros que não disponham de tradução corrente, sem destaque gráfico, pois o texto ficaria poluído de tantas aspas, negritos, itálicos. • Na transcrição de títulos de filmes, livros, discos etc. preferir sempre a tradução corrente em português; se necessário, acrescentar entre aspas o título original. (FARACO, 2014, p. 36, adaptado)
fig.02
• NEOLOGISMO: segundo o dicionário Soares Amora, essa palavra significa: 1. palavra nova formada no seio da língua ou importada de língua estrangeira; 2. palavra antiga com sentido novo. (AMORA, 2009, p. 484)
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fig.03
• SOLECISMO: são os erros que condizem com as normas de concordância, de regência ou de colocação. A seguir, apresentamos alguns exemplos desse vício de linguagem e que deve ser evitado. • Solecismo de regência
Ontem assistimos o filme (correto: ontem assistimos ao filme).
Cheguei no Brasil em 1923 (correto: cheguei ao Brasil em 1923).
Pedro visava o posto de chefe (correto: Pedro visava ao posto de chefe). • Solecismo de concordância Haviam muitas pessoas na festa (correto: havia muitas pessoas na festa)
O pessoal já saíram? (correto: O pessoal já saiu?)
• Solecismo de colocação
Foi João quem avisou-me (correto: Foi João quem me avisou)
Me empresta o lápis (Correto: Empresta-me o lápis)
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• COLISÃO: se refere à aproximação de sons consonantais idênticos ou semelhantes, como: Sua saia saiu suja da máquina. • HIATO: se refere à aproximação de vogais idênticas, como se observa a seguir. Traga a água. Trago o ovo. • ARCAÍSMO: é o uso de expressões que caíram em desuso.
Eu sou um pão = eu sou bonito
A sinhá deixa eu dar uma saída hoje? (“sinhá” = senhora, patroa). • PLEBEÍSMO: é qualquer desvio que caracteriza a falta de instrução. As gírias são um bom exemplo.
Tipo assim, cara, fala sério, entre outras.
fig.04
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• TAUTOLOGIA: é a utilização de termos como: “subir para cima” ou “entrar para dentro”. Essas expressões são consideradas incorretas, pois há a combinação de duas palavras com o mesmo significado. A tautologia também pode ser chamada de redundância ou de pleonasmo vicioso. A seguir apresentamos alguns exemplos de tautologia.
fig.05 Abertura inaugural Abusar demais Acabamento final Adiada para depois Amanhecer o dia Anexo (a) junto a carta A seu critério pessoal Comparecer em pessoa Concluímos finalmente Continua a permanecer Conviver junto Criação nova Demasiadamente excessivo Em duas metades iguais Empréstimo temporário Escolha opcional Exceder em muito
Elo de ligação Goteira no teto Gritar / bradar bem alto Há anos atrás Obra-prima principal Passatempo passageiro Planejar antecipadamente Preconceito intolerante Relações bilaterais entre dois países Repetir outra vez Retornar de novo Sintomas indicativos Superávit positivo Surpresa inesperada Última versão definitiva Todos foram unânimes Vereador da cidade
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Mesmo que essas repetições possam parecer necessárias num primeiro momento, a norma culta pede que façamos a escolha certa, ou seja, evitar o uso desse tipo de expressão. Assim, se observarmos essas dicas no momento de elaborar um texto, já podemos eliminar alguns erros mais comuns. No entanto, essa não é a fórmula final da boa comunicação. Outro fator muito importante é a ortografia. Para Amora (2009, p. 504), ortografia é: 1. escrita correta; 2. parte da gramática que ensina a escrever corretamente as palavras; 3. maneira de escrever; grafia. (AMORA, 2009, p. 504). Sendo assim, o ato de escrever impõe também a escrita correta das palavras, e isto implica na observância das mudanças que, de tempos em tempos são incorporadas em nossa língua, isto é, as mudanças ortográficas. Nesse sentido, a última alteração ortográfica entrou em vigor em 01 de janeiro de 2009, com o intuito de unificar o idioma nos oito países que utilizam como língua principal a língua portuguesa. E, para que houvesse um período de adaptação foi determinado o prazo de quatro anos, quer dizer, até 31 de dezembro de 2012, eram consideradas corretas as duas grafias. No entanto, a partir desta data apenas a nova ortografia seria aceita. Assim, a seguir, abordaremos as mudanças da Reforma Ortográfica da Língua Portuguesa. A primeira mudança se deu em relação ao alfabeto. Hoje, nosso alfabeto é composto de 26 letras, pois houve a inclusão das letras k, w e y, visto que antes não eram consideradas letras pertencentes ao nosso alfabeto. A outra mudança ocorreu com o trema. É incorreto grafar palavras como: linguiça, pinguim, tranquilo, delinquir, entre outras com o trema na letra u que está posposta à letra “q”. Já, em relação à acentuação, deixou-se de grafar com acento agudo (´) em palavras como: ideia, assembleia, jiboia, apoio, paranoico, plateia, entre outras. Porém, para palavras que possuam ditongos abertos em palavras oxítonas e monossílabas o acento continua como podemos observar em: herói, constrói, dói, anéis, papéis. Também, nas palavras com ditongo aberto o acento permanece: chapéu, véu, céu, ilhéu.
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Nos hiatos “oo” e “ee”, não existem mais o acento circunflexo (^), como se observa em: voo, coo, moo, coroo, creem, releem. Para as palavras homográficas (mesma grafia e sentido diferente), não se aplica o acento diferencial, como em: para (verbo), pelo (substantivo), polo (substantivo), entre outras. No entanto, o acento diferencial permanece no verbo “poder” (3ª pessoa do pretérito perfeito do indicativo: pôde) e no verbo “pôr” para diferenciar da preposição “por”. Outro caso de acentuação que não se utiliza mais é em relação às formas verbais rizotônicas, quando precedidas de “g” ou “q”, antes de “e”, ou “i”, como nos exemplos: argui, averigue, enxague, oblique. Ainda em relação à acentuação, não se acentua mais o “i” e “u” tônicos em palavras paroxítonas quando precedidas de ditongos, a saber: boiuna, baiuca, feiume, feiura etc. Outra mudança substancial ocorreu em relação ao uso do hífen (-), ele não é mais utilizado em palavras formadas de prefixos (ou falsos prefixos) terminados em vogal + palavras iniciadas por “r” ou “s”, portanto, essas palavras devem ser dobradas, como observado em: autorretrato, antirrugas, extrasseco, ultrassonografia, suprarrenal, suprassensível etc. Ainda em relação ao hífen, temos mais uma mudança, ele não é mais utilizado em palavras formadas de prefixos (ou falsos prefixos) terminados em vogal + palavras iniciadas por outra vogal, como nos exemplos: autoafirmação, autoescola, contraexemplo, contraindicação, intraocular, neoimperialista, semiárido, semiaberto, ultraelevado etc. Agora, se utiliza o hífen para palavra que é formada por um prefixo (ou falso prefixo) terminado em vogal + palavra iniciada pela mesma vogal, como por exemplo, em: anti-ibérico, anti-inflamatório, micro-ondas, micro-ônibus, micro-orgânico etc. Portanto, com o conhecimento destes itens aqui destacados, juntamente com os conteúdos anteriores, teremos um texto com maior eficiência, eficácia, coesão e coerência.
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LISTA DE IMAGENS Fig.01: thiago.correia.zip.net Fig.02: ventosdalusofonia.wordpress.com Fig.03: slideplayer.com.br Fig.04: www.mensagenscomamor.com Fig.05: nobrenews.blogspot.com REFERÊNCIAS AMORA, A. S. Minidicionário Soares Amora da língua portuguesa. 19 ed. São Paulo: Saraiva, 2009. FARACO, C. A. Prática de texto para estudantes universitários. 24 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014. TERRA. E. Minigramática. Ed. Reform. São Paulo: Scipione, 2007. Vícios de linguagem. Disponível em: <http://www.mundovestibular. com.br/articles/9567/1/Vicios-de-Linguagem/Paacutegina1.html>. Acesso em: fev. 2016. Reforma Ortográfica da Língua Portuguesa. Disponível em: <http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/portugues/reforma -ortografica-da-lingua-portuguesa>. Acesso em: fev. 2016.
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