MAXILLARIS PORTUGAL FEVEREIRO 2020

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Ciência e prática

Entre as modalidades terapêuticas para o manejo da paralisia facial reportaram-se técnicas pouco invasivas (fisioterapia e toxina botulínica) e as invasivas – intervenções cirúrgicas (enxertos, descompressões e anastomoses), preconizadas para os casos mais complexos. Contudo, na maioria das vezes, são necessárias mais de uma intervenção, e os seus resultados nem sempre são satisfatórios4,7,15. A reabilitação miofuncional vem sendo empregada por fonoaudiólogos e fisioterapeutas, objetivando restabelecer a função muscular debilitada, associada às modalidades cirúrgicas. Coadjuvantemente, a toxina botulínica vem sendo utilizada, favorecendo a reabilitação funcional e estética facial4,8,9,11,13,14,16,18. O propósito deste trabalho é apresentar o caso de um paciente com paralisia facial idiopática, sendo submetido às aplicações de toxina botulínica tipo A, com o propósito de minimizar as sequelas funcionais e os danos estéticos ao paciente, favorecendo a qualidade de vida. Relato do caso Paciente leucoderma do género masculino, de 43 anos, compareceu à clínica dentária particular com queixa de paralisia facial idiopática do lado esquerdo recorrente há 11 dias, ocasionado por herpes simples e stress, segundo anamnese. O diagnóstico de paralisia facial idiopática foi realizado pela equipa médica da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Santa Luzia de Ribeirão Pires (São Paulo), após a realização da tomografia computadorizada (fig. 1), sendo excluídos diagnósticos que sugerissem possíveis eventos isquémicos, hemorrágicos, traumáticos ou tumores.

Clinicamente, o paciente apresentou atenuação de linhas hipercinéticas (rugas) na região do músculo frontal e glabela durante a contração muscular (fig. 2); dificuldade na oclusão palpebral no lado esquerdo, com discreto prejuízo do reflexo de piscar (fig. 3); desvio de rima durante a contração do músculo orbicular da boca, bem como desvio contralateral ao sorrir (fig. 4) e no ato da sua contração (fig. 5); atenuação do sulco nasogeniano do lado esquerdo (fig. 6). O paciente reportou ainda a dificuldade de controlo motor ao ingerir líquidos, além de dislalia e disfonia. Referente ao histórico, o paciente já havia apresentado um episódio de paralisia facial do lado esquerdo há 20 anos, sendo mais acentuado que o episódio atual. O paciente reportou ter sido causada por abuso alimentar (ingestão de carne e bebida alcoólica destilada), tendo apresentado melhora com massagem ocular (para lubrificação dos olhos) e fisioterapia (mascar gomas). O paciente reportou que a sua irmã já havia apresentado a paralisia facial idiopática aos 14 anos de idade. No que respeita às condições sistémicas, foi relatada a hipertensão arterial e infeções recorrentes do vírus do herpes simples, além de ser etilista e apresentar obesidade mórbida (170 kg), sendo preparado à cirurgia bariátrica. Observaram-se alterações de ordem emocional e psiquiátrica (depressão), com queixas de perda de emprego e situação financeira atual. Sugeriu-se ao paciente as aplicações contralaterais de toxina botulínica tipo A, com o propósito de melhorar a estética facial e favorecer o controle funcional, reduzindo o desconfor-

Fig. 1. Definição do diagnóstico de paralisia facial periférica pela tomografia computadorizada, excluindo outras possibilidades.

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