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Ciência e atualidade do setor dentário - ano XV
Tema de capa Crónica
Miguel Pavão define prioridades da “nova” OMD
Falamos com...
Sérgio Matos, presidente da comissão organizadora do XL congresso da SPEMD
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Ortodontia
A ortodontia domina a edição que marca a rentrée da MAXILLARIS. O tema é aprofundado numa entrevista com a presidente da SPO, Teresa Pinho, e no artigo de opinião assinado por Maria Cristina Pollman. A atualidade científica reflete-se nos casos clínicos de Luis Horacio Escobar Parada e Kamila Dorea Barreto.
setembro 2020 no 111 P
O
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destaques
Ciência e atualidade do setor dentário - ano XV
Crónica
Falamos com...
Novo bastonário vai empenhar-se na defesa da saúde oral, valorização da classe e qualidade do ensino.
Sérgio Matos, presidente da comissão organizadora do XL congresso anual da SPEMD.
Tema de capa
Ortodontia
IDS 2021 promete reanimar indústria do setor à escala mundial. Objetiva clínica
O médico dentista e fotógrafo Bruno Seabra retoma a sua habitual secção, com o tema “A importância dos pixéis na escolha da câmara fotográfica”.
A ortodontia domina a edição que marca a rentrée da MAXILLARIS. O tema é aprofundado numa entrevista com a presidente da Sociedade Portuguesa de Ortodontia, Teresa Pinho (foto esquerda), e no artigo de opinião assinado pela presidente da Associação Portuguesa dos Especialistas em Ortodontia, Maria Cristina Figueiredo Pollman (à direita). No plano científico, a atualidade ortodôntica é assegurada com a publicação de casos clínicos da autoria de Luis Horacio Escobar Parada e Kamila Dorea Barreto.
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sumário
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❏ Crónica 10 Miguel Pavão vai empenhar-se na defesa da saúde oral, valorização da classe e qualidade do ensino.
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Orlando Monteiro da Silva na hora da despedida faz balanço de cinco mandatos como bastonário.
Kamila Dorea Barreto: “Ortodontia, visagismo, harmonização e atratividade: a tétrade da nova Medicina Dentária”. Ponto de vista de Maria Cristina Figueiredo Pollmann, presidente da Associação Portuguesa dos Especialistas em Ortodontia: “Porquê a ortodontia?”.
❏ Objetiva clínica
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IDS 2021 promete reanimar indústria do setor à escala mundial.
❏ Falamos com... 16 Sérgio Matos, presidente da comissão organizadora do XL congresso anual da SPEMD: “Congressos com características muito próprias como o da SPEMD continuarão a ocupar o seu espaço”.
Bruno Seabra retoma a sua habitual secção com a abordagem ao tema: “A importância dos pixéis na escolha da câmara fotográfica”.
❏ Relatos
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Márcia Almeida, médica dentista e voluntária da Mundo A Sorrir.
❏ Calendário
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❏ Tema de capa (Ortodontia)
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Luis Horacio Escobar Parada: “A finalização do tratamento ortodôntico”.
Teresa Pinho, presidente da Sociedade Portuguesa de Ortodontia: “Será expectável uma diminuição na procura dos tratamentos ortodônticos”.
Agenda de cursos para os profissionais e calendário de congressos, simpósios, jornadas, encontros e exposições industriais.
❏ Novidades
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Produtos e equipamentos
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Editorial O mês de setembro assinala o regresso à(s) rotina(s) nos diferentes setores de atividade, após o pico da tradicional época estival que, para a maioria, é sinónimo de “recarregar baterias”. Os profissionais da área da saúde oral não são uma exceção e, num ano atípico como este 2020 marcado pela devastadora pandemia global de COVID-19, têm boas razões para voltar aos consultórios, clínicas e laboratórios de mangas bem arregaçadas e prontos para defender várias causas e inverter o debilitado panorama da profissão. O novo bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), Miguel Pavão, no seu discurso de tomada de posse numa cerimónia (em Braga) condicionada pelas restrições impostas pelo coronavírus sublinhou três desígnios, em particular, que a classe tem pela frente: a defesa de políticas de saúde oral que melhorem a qualidade de vida das pessoas, a valorização dos médicos dentistas, tantas vezes esquecida, e garantir que a formação superior e pós-superior prestada em Portugal possam tornar-se numa referência europeia. O mercado desregulado e o excesso de profissionais são outros “cavalos de batalha” da renovada liderança da OMD. A velha questão da plétora no contexto da Medicina Dentária, de resto, é uma problemática recorrente que se vai agravando com o passar do tempo, a avaliar pelos últimos dados sobre a matéria: todos os anos entram no já muito saturado mercado de trabalho cerca de 500 novos profissionais, um número insustentável, que está a provocar um crescimento exponencial da emigração. Presentemente, 14% dos médicos dentistas estão emigrados, “um fenómeno que continua em crescendo”, tal como alertou Miguel Pavão, durante a recente audiência que manteve com o Presidente da República, aproveitando a ocasião para anunciar a intenção da OMD em enviar trimestralmente os números de colegas que abandonam o país ao Chefe de Estado e ao primeiro-ministro. O impacto da pandemia de Covid-19, naturalmente, é motivo de especial preocupação nesta rentrée. Neste capítulo, um inquérito realizado pela OMD, no passado mês de agosto, em que participaram 4.136 médicos dentistas (de um total de 10.653 membros com inscrição ativa na OMD) é bastante revelador: em 71% das clínicas e consultórios dentários a faturação caiu quando comparada com os meses de maio e junho do ano passado, sendo que quase 20% dos inquiridos reportam uma quebra superior a 40%, e 35% registaram uma descida entre 21 a 40%. Trata-se do primeiro balanço das acentuadas consequências que a pandemia impôs, realizado após a reabertura da atividade que, por imposição do Governo, esteve parada entre meados de março e 4 de maio (salvo em situações urgentes ou inadáveis). Tudo aponta para a necessidade urgente, como de resto reclama a classe em uníssono, de se adotarem, nos tempos mais próximos, medidas específicas e reajustarem linhas de apoio, entre outras soluções que possam relançar, rapidamente, uma profissão que, em regime privado, é responsável - nunca é demais lembrar - por 98% dos cuidados de saúde oral prestados à população portuguesa.
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Rentrée atípica
Coordenador Edição Espanhola: Julián Delgado. julian.delgado@maxillaris.com
índice
Diretora Comercial: Verónica Chichón. publicidad@maxillaris.com Redatores: María Santos e Diego Ibáñez. redaccion@maxillaris.com
3Shape . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Serviços Administrativos: administracion@maxillaris.com REDAÇÃO ESPANHA: C/ Clara del Rey, 30, bajo. E-28002 Madrid Tel.: (0034) 917 25 52 45
BTI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Edição online espanhola: www.maxillaris.com
Dürr Dental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
Comissão Editorial: Nacho Rodríguez Ruiz. Miguel Roig Cayón. Raúl Ferrando Cascales. Beatriz Giménez González. Rafael Flores Ruiz. Daniel Rodrigo Gómez.
Eckermann . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
Comissão Científica (edição espanhola): Javier García Fernández (diretor científico). Armando Badet de Mena. Baoluo Gao. Blas Noguerol Rodríguez. Carlos Fernández Villares. Emilio Serena Rincón. Esther Nevado Rodríguez. Francisco Teixeira Barbosa. Germán Esparza Gómez. Héctor Tafalla Pastor. Jaime Jiménez García. Jaume Janer Suñé. José Manuel Navarro Martínez. Juan López Palafox. Luis Calatrava Larragán. Manuel Cueto Suárez. Manuel V. de la Torre Fajardo. Marcela Bisheimer Chemez. María Rosa Mourelle Martínez. Rafael Martín-Granizo López. Rui Figueiredo.
EMS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
Fotoreira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Gnathos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
Henry Schein . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
Laboratorio Europeo de Ortodoncia . . . . . . . . . . . . . . 21 e 61
Light Up Studio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Systhex . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50 e 51
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crónica Novo bastonário da OMD tomou posse em cerimónia marcada por restrições impostas pela pandemia
Miguel Pavão vai empenhar-se na defesa da saúde oral, valorização da classe e qualidade do ensino Miguel Pavão tomou posse do cargo de bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) no passado dia 18 de julho, numa cerimónia em que assumiram funções todos os órgãos sociais eleitos em junho para o mandato 2020/2024. O novo bastonário definiu três prioridades para o seu mandato: a defesa da saúde oral para melhorar a qualidade de vida da população, a valorização dos médicos dentistas e a qualidade do ensino de Medicina Dentária em Portugal. No discurso que proferiu durante o ato de tomada de posse, Miguel Pavão salientou que “os médicos dentistas desempenham uma missão essencial para a saúde pública e para o bem-estar dos portugueses. As políticas de saúde pública têm sido muitas vezes desvalorizadas por sucessivos governos, facto que põe em risco o desenvolvimento e estabilidade da sociedade portuguesa. Durante este mandato estaremos muito focados em três grandes áreas, a defesa de políticas de saúde oral que melhorem a qualidade de vida das pessoas, a valorização da nossa classe profissional, tantas vezes esquecida, e garantir que a formação superior e pós-superior prestada em Portugal se tornam uma referência europeia”. Numa cerimónia que decorreu no Altice Forum Braga, Miguel Pavão fez questão de dirigir “uma palavra de homenagem a todos os profissionais de saúde, em que os meus colegas médicos dentistas se incluem por estarem a ser o garante da estabilidade política e social nesta crise causada pela COVID-19, que constitui um periodo adverso e que põe à prova os mais altos valores humanitários. Estou convicto de que sairemos vencedores e mais fortes desta crise pandémica e que isso seria impossível sem a intervenção dos profissionais de saúde”. Mudar o rumo O responsável salientou as linhas do programa que apresentou a sufrágio e que têm como objetivo “mudar o rumo da profissão”. “Defesa rígida da ética e do nosso Código Deontológico”, combater a “desvalorização do ato médico”, “criar mecanismos de responsabilização de entidades empresariais de prestação de serviços” em matéria de “práticas abusivas de publicidade em saúde”, “rever o atual sistema de contratação de médicos dentistas pelo Serviço Nacional de Saúde, alocar 25%
Miguel Pavão num momento do seu discurso durante a cerimónia de tomada de posse do cargo de bastonário da OMD, que decorreu em Braga.
de verbas para a saúde oral” da Taxa Acrescentada nas Bebidas Açucaradas e reformar o cheque-dentista são algumas das metas que a atual equipa pretende alcançar. Num apelo à união e colaboração da classe, o bastonário assegurou que tudo fará para que a mudança aconteça e comunicou a decisão de “destinar 5% do vencimento” do seu cargo para a constituição do Fundo Social da Ordem dos Médicos Dentistas. Dirigindo-se a uma restrita plateia, em virtude do cumprimento das orientações emanadas pelas autoridades de saúde para prevenção da COVID-19, Miguel Pavão afirmou que “é vital planear e preparar uma nova etapa de maturação, consolidação e otimização de uma classe profissional, que se quer respeitada e valorizada”. O bastonário lembrou que, “se é verdade que a eventual escassez de profissionais, leva a uma debilidade concorrencial e com limitações para
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Crónica
um mercado liberal, também é verdade que o excesso de profissionais e o mercado desregulado conduzem a uma deturpação concorrencial e de subvalorização dos agentes”. “Não é aceitável que a saúde oral possa correr riscos e, por isso, tudo faremos, em nome da Ordem, para que tal não aconteça”, frisou. Por fim, não esqueceu “a aposta e a valorização da prevenção em saúde oral, a literacia em saúde e as medidas profiláticas” que “têm de fazer parte da uma estratégia nacional, onde os médicos dentistas se devem empenhar”, sobretudo num momento em que a dimensão social e económica do país tem um enorme impacto no acesso aos cuidados de saúde oral. Miguel Pavão tem 40 anos e é licenciado em Medicina Dentária pela Universidade Fernando Pessoa. Foi fundador e, até 2018, presidente da organização não governamental Mundo A Sorrir - Médicos Dentistas Solidários Portugueses. Para além do bastonário, tomaram posse os novos membros do Conselho Diretivo, do Conselho Geral, da Assembleia-Geral, do Conselho Fiscal e do Conselho Deontológico e de Disciplina da OMD.
Novo bastonário tem vasto currículo • Licenciado em Medicina Dentária pela Universidade Fernando Pessoa, Porto
O governo esteve representado pelo secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, e também médico dentista, André Moz Caldas. Na sua intervenção, o representante salientou que o governo conta com a OMD “como interlocutor essencial da política de saúde, em geral, e de saúde oral, em particular. E aqui fica ao dispor da Ordem para a continuidade do diálogo que tem sido permanente e assim deve continuar doravante”.
(2004). • Especialista em Implantoprótese pela Universidade Complutense de Madrid
(2006). • Máster em Estética Dentária pela Universidade Internacional da Catalunha
(2008). • Pós-Graduado em Empreendedorismo e Inovação Social pela Faculdade
de Medicina do Porto e pela Fundação Porto Social (2011).
A cerimónia contou ainda com a presença do presidente da Câmara Municipal de Braga, Ricardo Rio.
• Fundador e Presidente da organização não governamental “Mundo A Sorrir”-
Médicos Dentistas Solidários Portugueses (2005-2018). • Membro “Think Tank” Português. PCS - Plataforma de Crescimento
Sustentável. Fellow e vice-regente do ICD Portugal - International College of Dentists. Fellow da International Youth Foundation-Baltimore, EUA (2009). 1º Prémio “Os nossos heróis”- Grupo Impresa. 1º Prémio Social Entrepreneur INSEAD (galardoado em duas ocasiões). Ordem de Mérito atribuído pelo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, por ocasião do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades (10 de junho). • Aluno GSPUN - Graduate Study Programm United Nations (2015). • ISEP - INSEAD Social Entrepreuneurship Programme Singapore (2015). • Fellow da Ariane de Rothschild Foundation. • Membro da direção da organização social CAIS e do Conselho Social da EAPN (Rede Europeia Anti-Pobreza). • Membro do Global Dental Health da World Federation Of Public Health Associations (WFPHA). • Membro da direção do Global Visionary Fund (International College of Dentists). • • • • •
Juramento de tomada de posse do novo bastonário, acompanhado do presidente da Mesa da Assembleia Geral, Carlos Silva.
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Crónica
Orlando Monteiro da Silva na hora da despedida faz balanço de cinco mandatos como bastonário Após ter cumprido cinco mandatos como bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), Orlando Monteiro da Silva sublinha que foi “uma enorme honra ter dedicado essa parte substancial da minha vida a realizar o dever de defender a nossa classe, quer dentro do país quer nos diversos fóruns e confederações internacionais em que tive funções dirigentes”. Na passagem de testemunho, o bastonário que cessou funções desejou “ao colega Miguel Pavão, bem como à sua equipa, as maiores felicidades para o mandato que agora se vai iniciar. Obteve nas eleições uma vitória inequívoca, diria retumbante, sendo depositário de muitas expetativas da profissão, umas mais realistas do que outras, mas todas legítimas, porque a ambição é própria dos audazes e nunca faltou no nosso meio”. Orlando Monteiro da Silva deixou ainda um agradecimento especial a todos os que consigo caminharam nestas quase duas décadas, quer integrando os órgãos sociais, quer através da sua participação nas muitas iniciativas e atividades da nossa Ordem. “Em conjunto, deixamos o legado que mais nos deve orgulhar – uma Ordem respeitada, ouvida, exemplarmente gerida, com um corpo de funcionários
e colaboradores leais, dedicados, competentes, incondicionais na sua entrega às tarefas inerentes ao funcionamento da instituição. Numa altura de crise generalizada do país, das instituições e das empresas, quero realçar o facto de deixarmos uma Ordem económica e financeiramente muito robusta, com disponibilidades e excedentes financeiros mais do que suficientes para enfrentar o que por aí possa vir, por pior que possa ser”. O que foi feito Nestes momentos de mudança, o bastonário cessante considera fundamental fazer um balanço do que foi feito nos seus mandatos durante quase 20 anos. De então para cá, recorda, foi possível aumentar a acessibilidade da população à saúde oral de cerca de 15% (em 2001) para mais de 60%. Para tal, os médicos dentistas inscritos na OMD (atualmente cerca de 11.000 no ativo em Portugal) revelaram-se fundamentais em diversas frentes: integrados numa rede de cerca de seis mil clínicas e consultórios de Medicina Dentária, cobrem 97% do território nacional; com a ajuda do programa cheque dentista, 3,5 milhões de portugueses acederam a consultas; e, recentemente, a integração de cerca de 120 médicos dentistas no Serviço Nacional de Saúde, um número que deverá crescer para mais de 300 até ao final da presente Legislatura.
e estudos, que proporcionaram visibilidade pública e se revelaram eficazes e promotores de políticas de saúde pública mais efetivas. A afirmação do congresso anual da Ordem como “um dos maiores e mais prestigiados da Europa” é outra “bandeira” evocada pela liderança de Orlando Monteiro da Silva que, enquanto bastonário, ocupou lugares de destaque e de prestígio dentro e fora do país. A presidência do Conselho Nacional das Ordens Profissionais e a sua presença no Comité Económico e Social são exemplos disso no plano nacional. A nível externo, assumiu uma participação ativa nos organismos mais representativos da profissão, designadamente na presidência e comités da Federação Dentária Internacional e do Conselho Europeu de Dentistas, e na presidencia da Federação dos Reguladores Europeus da profissão, para além de ter promovido diversas parcerias estabelecidas com os países de língua e expressão portuguesa, em especial o Brasil. Orlando Monteiro da Silva afirma que a Medicina Dentária praticada no nosso país ultrapassa em muito os limites das nossas fronteiras, concluindo que “somos uma área de vanguarda, reconhecida como produtora de conhecimento e de mais-valias para Portugal”.
Orlando Monteiro da Silva destaca outros objetivos que foram atingidos, como o reconhecimento pleno da Medicina Dentária como uma profissão médica, e dos médicos dentistas como “médicos de saúde oral”, alargando o seu papel e a sua intervenção na sociedade, mediante a introdução de especialidades e de competências em Medicina Dentária, ou o bem sucedido combate à elevadíssima taxa de exercício ilegal da profissão.
A partir da esquerda, o bastonário cessante, Orlando Monteiro da Silva, e Miguel Pavão, que iniciou, em julho, o seu primeiro mandato à frente da OMD.
A criação de um Observatório de Saúde Oral foi, na sua opinião, uma iniciativa relevante que permitiu estudar e promover a profissão e a saúde oral através de barómetros, campanhas
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A afirmação do congresso anual como “um dos maiores e mais prestigiados da Europa” é um dos motivos de orgulho de Orlando Monteiro da Silva.
Crónica
Bastonário recebido em audiência pelo Presidente da República O recém-empossado bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), Miguel Pavão. foi recebido em audiência no Palácio de Belém, em Lisboa, pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Durante o encontro, Miguel Pavão informou o Chefe de Estado sobre a situação atual da Medicina Dentária em Portugal e a fase difícil que os médicos dentistas atravessam no contexto da pandemia. A retoma da atividade está a ser feita com grandes condicionantes por causa das medidas adoptadas para evitar os riscos de contágio. O novo bastonário alertou o Presidente da República para a falta de apoios aos médicos dentistas, explicando que são necessárias linhas de apoio específicas para a profissão. Abordou ainda junto de Marcelo Rebelo de Sousa a questão do excesso de profissionais na Medicina Dentária, alertando que o impacto negativo do surto de Covid-19 poderá agravar ainda mais esta situação. Miguel Pavão considera “urgente diminuir o número de vagas em Medicina Dentária. Uma medida que deveria ser adoptada de imediato, já no próximo ano letivo, por todas as faculdades que lecionam o mes-
Audiência decorreu no Palácio de Belém, em Lisboa.
trado integrado. Todos os anos entram no mercado de trabalho, já muitíssimo saturado, cerca de 500 novos profissionais. Um número insustentável, que está a provocar um crescimento exponencial da emigração”. Hoje, 14% dos médicos dentistas estão emigrados, um fenómeno que continua em crescendo. Neste sentido, Miguel Pavão anuncia que irá enviar trimestralmente os números de colegas que abandonam o país ao Presidente da República e ao primeiro-ministro.
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Crónica
Mundo A Sorrir tem em marcha projeto para pessoas em situação de sem-abrigo A Mundo a Sorrir (MAS) vê-se novamente distinguida pelo Portugal Inovação Social, no âmbito do Programa Parcerias para o Impacto, através da aprovação da iniciativa de inovação e empreendedorismo social “Prevenir, capacitar e incluir”, cofinanciada pelo Programa Operacional Inclusão Social e Emprego (POISE), tendo como investidor a Câmara Municipal do Porto. O projeto visa prevenir as doenças orais e promover a saúde oral junto das pessoas em situação de sem-abrigo do concelho do Porto, através da realização de iniciativas de prevenção e promoção de saúde oral, especificamente sobre doenças orais associadas a comportamentos de risco e à ausência de hábitos de higiene oral. O principal impacto social que se pretende alcançar é a melhoria da saúde oral e da qualidade de vida destas pessoas. Em marcha desde o passado mês de agosto, esta iniciativa da MAS desenvolverá as suas atividades ao longo de três anos, no concelho do Porto, abrangendo 600 pessoas em situação de sem-abrigo e 50 instituições sociais.
Para além da realização de sessões de informação e capacitação, de rastreios orais, de encaminhamento dos casos mais graves para serviços de saúde oral públicos e/ou de resposta complementar, atuar-se-á junto dos profissionais que trabalham nas instituições sociais que apoiam estas pessoas, para que também fiquem capacitados para agir na área da promoção de saúde oral, nomeadamente ao nível dos hábitos de higiene oral e da prevenção das doenças orais.
por nenhum programa público de educação para a saúde oral.
Projeto premiado
Para contrariar esta tendência, o projeto “Foca-te” aposta na prevenção do cancro oral, contribuindo para a aquisição de conhecimentos sobre esta doença, os fatores de risco, o seu diagnóstico e tratamento, e, por consequência, a melhoria da qualidade de vida futura dos jovens e suas famílias.
Entretanto, o Prémio BPI “La Caixa” Infância 2020 distinguiu a Mundo A Sorrir pelo projeto “Foca-te”, que visa contribuir para o aumento da literacia do diagnóstico precoce das lesões potencialmente malignas e do cancro oral, através da realização de ações de educação para a saúde oral. O projeto tem como destinatários adolescentes socioeconomicamente vulneráveis, que frequentam escolas profissionais do distrito do Porto, e que não são beneficiados
O cancro oral é diagnosticado, anualmente, em cerca de 1.000 portugueses e aproximadamente 50% dos pacientes acabam por falecer desta causa num período de cinco anos. Estima-se que a taxa de sucesso no tratamento do cancro oral poderia ser de cerca de 80% se o diagnóstico fosse realizado precocemente (fonte: Direção-Geral da Saúde 2019).
Os Prémios BPI “La Caixa” são uma iniciativa conjunta do BPI e da Fundação “La Caixa” e destinam-se a apoiar financeiramente projetos que promovam a melhoria da qualidade de vida e a igualdade de oportunidades de pessoas em situação de vulnerabilidade social.
O novo projeto da Mundo A Sorrir vai abranger, no concelho do Porto, 600 pessoas em situação de sem-abrigo e 50 instituições sociais.
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IDS 2021 promete reanimar indústria do setor à escala mundial A pandemia do novo coronavírus coloca o setor dentário perante desafios até aqui desconhecidos. Ainda não é possível avaliar os efeitos sobre o mercado e os diferentes tipos de negócio, mas todos os intervenientes neste setor estão a trabalhar intensamente para conseguir soluções criativas que garantam de forma eficaz, precisamente em época de crise, a colaboração segura e produtiva com interlocutores comerciais assim como com a indústria. O salão internacional de Colónia (IDS), que se realiza de dois em anos naquela cidade alemã, na sua qualidade de feira de referência global para o setor dentário, desempenha aqui um papel decisivo para conseguir uma bem sucedida retoma nos negócios pós-pandemia. De acordo com a organização da IDS 2021, estão a ser asseguradas as melhores condições possíveis para um intercâmbio pessoal seguro, criando com isso impulsos para conseguir um ambiente adequado de reativação. “Nos últimos meses, desenvolvemos, através de intensos processos e em estreita colaboração com todas as administrações públicas pertinentes, um amplo conceito para a reiniciação de certames en Colónia. No contexto da IDS, criámos uma plataforma segura de comunicação que permitirá reunir expertos, entusiastas e execu-
tivos dos mais diferentes setores para iniciarem conjuntamente novas vias sustentáveis para o setor dentário”, esclarece Oliver Frese, diretor da feira de Colónia (Köelnmesse). Mark Stephen Pace, presidente da Associação da Indústria Dentária Alemã (VDDI), também está convicto de que a IDS 2021 será um elemento dinamizador decisivo para o reinício das atividades depois da crise do coronavírus: “O setor internacional tem os olhos postos com grandes expectativas neste certame, que desempenha um papel crucial no processo de superação da crise, especialmente no campo do intercâmbio pessoal de estratégias nos diferentes mercados e regiões”. Na opinião do dirigente alemão, “só num diálogo direto se podem comprovar as necessidades e posições próprias e analisar uma nova orientação também no contexto de cadeias de criação de valor acrescentado”. Medidas de segurança Um elemento central de uma feira é o contacto direto de pessoa a pessoa. Para conseguir que estes contactos sejam o mais seguros e eficazes possível, a Köelnmesse desenvolveu, de
A próxima edição do salão IDS, com data marcada para os dias 9 a 13 de março de 2021, vai adequar-se às novas exigências que existirão de forma definitiva depois da pandemia.
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acordo com as regras de proteção alemãs contra o coronavírus e em estreita coordenação com as autoridades de Colónia, uma série de medidas consequentes entre si que regulam os contactos na feira. O objetivo é garantir uma segurança profissional ao mais alto nível e criar um ambiente propício ao crescimento dos setores e negócios. A feira de Colónia resumiu as suas medidas relacionadas com a saúde dos seus expositores e visitantes recorrendo a quatro mundos temáticos: “Show Safe, Meet Safe, Stay Safe, Visit Safe”. Neste sentido, a IDS oferece suficientes possibilidades e espaços para poder distribuir com toda a segurança um número elevado de participantes nas superfícies correspondentes. Outra vantagem é o sistema digital de controlo. Stands desenhados com suficiente espaço garantem a possibilidade de manter as distâncias mínimas, de forma que o volume de visitantes num stand não será regulado, desde que fique assegurada a distância mínima de 1,5 metros. Ao mesmo tempo, com a ajuda de meios técnicos adequados, controlar-se-á a distribuição dos participantes na feira e, deste modo, as correntes de visitantes. O conceito de segurança da próxima IDS prevê também que o sistema de entradas seja limitado exclusivamente às obtidas por via online. A organização do certame comprovará regularmente o conceito de segurança, adequando-o às situações de cada momento. A IDS 2021 aproveita a crise para reposionar a sua visão das feiras e adequar-se às novas exigências que existirão de forma definitiva depois da pandemia. No entanto, continua a ser imprescindível o contacto direto pessoal. A próxima edição do certame alemão será, por isso, concebida como um fórum aberto que torne possível o intercâmbio para lá das fronteiras para todo o setor dentário internacional.
Falamos com...
SĂŠrgio Matos
presidente da comissĂŁo organizadora do XL congresso anual da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina DentĂĄria (SPEMD)
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Congressos com características muito próprias como o da SPEMD continuarão a ocupar o seu espaço”
O XL congresso anual da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD), que estava agendado para o próximo mês, em Coimbra, foi uma das grandes cimeiras presenciais do setor que não resistiu aos efeitos da pandemia de COVID-19, tendo sido adiado para 2021. A comissão organizadora, presidida pelo médico dentista Sérgio Matos, programou, entretanto, para a primeira quinzena de outubro, uma série de webinários, que vão funcionar como “rampa de lançamento” do congresso do próximo ano. O também investigador da Universidade de Coimbra antecipa à MAXILLARIS os pormenores desta iniciativa. A propósito dos efeitos da conjuntura pós-coronavírus na Medicina Dentária, vaticina que iremos assistir a um foco maior em temas estruturais da profissão como ergonomia, patologias ocupacionais, organização do espaço clínico e medidas de prevenção e controle da infeção.
Em tempos de pandemia, a SPEMD optou por cancelar o congresso que estava previsto celebrar-se em outubro, como acontece todos os anos. Não estavam reunidas as condições para a realização do encontro em 2020? No contexto atual, ainda vivemos tempos de incertezas e riscos relevantes. Só se justifica organizar um congresso desta natureza e dimensão se conseguirmos projetar com segurança o cumprimento de condições para a sua realização num hiato temporal relativamente lato. Neste momento, isso não é possível face à imprevisibilidade sanitária, econó-
mica e social da evolução da pandemia. Inclusivamente, os planos de contingência e as diretrizes governamentais e das autoridades competentes não são definitivos sobre este tipo de eventos face a um cenário em permanente alteração. Nesse sentido, a SPEMD, como sociedade científica de referência, tem a obrigação de dar o seu contributo através de uma posição clara de responsabilidade social. Tivemos a compreensão e solidariedade nesta decisão de todos os nossos parceiros comerciais que patrocinam o evento e penso que esse sentimento também é extensível à maioria dos colegas e associados.
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O período de confinamento, apesar de todo o constrangimento que provocou, também foi pródigo em dar-nos algumas dicas para o futuro Que alternativa encontrou a comissão organizadora para compensar o “vazio”, no plano formativo, que resulta da não realização do congresso? Pretendemos, durante a primeira quinzena de outubro, fazer um evento que funcione como o lançamento do congresso do próximo ano através da organização de uma série de webinários e de comunicações científicas. A ideia é promover um envolvimento precoce dos colegas. Iremos desenvolver temas de caráter profissional relacionado com a nossa atividade nos consultórios no contexto atual, mas também temas de relevância clínica na área da estética, periodontologia e reabilitação. Tudo indica que os webinários, e a formação online em geral, vão assumir um especial protagonismo no periodo pós-COVID-19. Partilha deste ponto de vista? Sim, claramente. O periodo de confinamento, apesar de todo o constrangimento que provocou, também foi pródigo em dar-nos algumas dicas para o futuro. Essa foi por certo uma delas. Contudo, não partilho da opinião de alguns que se apressaram a vaticinar o fim dos congressos nos moldes tradicionais, mas será por certo um instrumento muito útil e incontornável na formação ao longo da vida. Não considero que seja um substituto da formação presencial, mas um complemento importante. Apesar de tudo, os congressos, como os conhecemos até agora, também possibilitam uma forma de aprendizagem única fora das salas de conferência, através
da troca de ideias, confrontação de experiências, discussão de controvérsias entre colegas e profissionais da área, sem mediadores, de uma forma rica e direta, num contexto informal de proximidade. Esta vivência é insubstituível e muitas vezes representa a mais-valia dos eventos científicos presenciais. Julgo que os colegas passarão a ser mais seletivos nas suas escolhas e muitos eventos deixarão de se justificar em moldes estritamente presenciais, mas congressos com características muito próprias como o da SPEMD continuarão a ocupar o seu espaço. O que não invalida que mesmo este possa evoluir para um modelo misto no futuro. Já foi definida uma data para o congresso de 2021? Seguindo a regra de alternância (geográfica) que caracteriza este evento, Coimbra irá manter-se como cidade anfitriã da próxima edição? A regra da alternância geográfica não se coloca neste momento excecional, porque o congresso foi adiado por um ano. Assim, transfere-se toda a organização que já estava a ser implementada nos mesmos moldes para o ano seguinte. Como tal, a edição XL do congresso da SPEMD irá realizar-se nos dias 8 e 9 de outubro, em Coimbra, no Convento de São Francisco. Que temáticas vão merecer particular destaque ao abrigo do programa científico? Iremos apostar num modelo de fóruns de discussão clínica que promova a partilha de experiências e interação com os colegas. Pretende-se estimular discussões com diferentes abordagens de problemas atuais em áreas como a cirurgia e patologia oral, regeneração óssea ou odontopediatria, para citar apenas algumas das mais relevantes. Daremos ainda particular ênfase à organização de um fórum de casos multidisciplinares com a participação de especialistas de diversas áreas, para que nos possam dar o seu contributo na resolução de casos complexos a longo prazo. É nosso entendimento que a bitola da excelência clínica deve centrar-se na arena científica e não na prática dentária baseada no imediatismo mediático. Além disso, como é apanágio da SPEMD, sendo uma das suas marcas identitárias, organizaremos um fórum de investigação, cujo objetivo incidirá em descodificar o chavão do conceito da investigação translacional e clarificar o grau de extrapolação clínica das várias tipologias de estudos.
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Que pormenores pode adiantar quanto à vertente mais formativa do congresso? O congresso da SPEMD sempre teve como ambição máxima conseguir alcançar o pleno, o que advém do seu legado histórico. Temos, simultaneamente, que fazer jus a um caráter generalista de grande divulgador da legis artis, mas ao mesmo tempo desenvolver com profundidade as várias “artes” dentárias. O nosso propósito continua a ser o de conjugar a visão singular do especialista e o pragmatismo abrangente do generalista, para que cada um possa fazer a sua própria síntese no melhor enquadramento da sua atividade. Assim, além da vertente científica muito diversa que iremos implementar, também apostaremos em cursos práticos com vários níveis de diferenciação. Espera-se um reforço da adesão dos representantes da indústria? Até agora tivemos uma resposta muito positiva da parte dos nossos parceiros comerciais. Muitas empresas estão a atravessar momentos de reorganização interna e o adiamento do congresso foi não só compreendido por todos, como também serviu para ganhar tempo, fôlego e transmitir alguma tranquilidade. Houve uma manifesta vontade em continuarem a apoiar o evento no próximo ano e, inclusivamente, já angariámos novos apoios durante o periodo de desconfinamento. Pelo que é expectável que a adesão venha a ser reforçada à medida que a confiança vá aumentando com a adaptação aos tempos atuais. Iremos, ainda pela primeira vez, estimular uma forma de programa participativo, em que os colegas poderão escolher temas e oradores que mais gostariam de ver no congresso. Quais são os nomes que já confirmaram disponibilidade para comparecer em Coimbra, e que deverão despertar especial interesse entre o leque de oradores e convidados da próxima edição? Devido às alterações inerentes do momento particular que vivemos, ainda temos muitos nomes pendentes que carecem de confirmação, mas que a devido tempo serão divulgados. Estamos convictos de que o programa científico será de grande qualidade apostando não só nalgumas referências internacionais, como tem sido apanágio de edições anteriores, mas também em colegas nacionais de reconhecido valor, que assenta aliás numa longa tradição na SPEMD. Para já podemos destacar o nome de duas referências nas suas áreas de atuação: Paulo Vinicius Soares, da Universidade Federal da Uberlândia (Brasil), sobre lesões cervicais não cariosas e hipersensibilidade, e Asunción Mendonza, da Universidade de Sevilha (Espanha), que abordará o tema das avulsões dentárias.
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No contexto da exposição comercial, a comissão organizadora pondera adotar eventuais medidas que possam vir a dar uma melhor resposta às aspirações dos expositores? Tudo faremos para reunir as condições apropriadas para que se mantenha uma interação direta entre os colegas e as casas comerciais num clima de segurança e normalidade. As condições que o Convento de São Francisco proporciona são ótimas e passaremos a ter uma área de exposição completamente coberta, com uma localização central em relação às salas de conferências. Será uma zona âncora de encontro, convívio e passagem obrigatória. Na sua qualidade de profissional de Medicina Dentária, como encara o presente e o futuro do setor face à inédita crise de saúde pública que o país e o mundo atravessam? Os tempos que correm são de uma exigência generalizada e nunca tivemos uma perceção social tão viva de que estamos todos ligados e interdependentes. Apesar de ter assistido de uma forma incrédula a momentos dignos de um cortejo da estupidez humana, quero acreditar que por uma questão de sobrevivência o bom senso terá que imperar e que seremos for-
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De acordo com o presidente da comissão organizadora, o XL congresso da SPEMD irá estimular uma inédita forma de programa participativo, que permite aos participantes poder escolher temas e oradores.
çados pelas circunstâncias a refazer as nossas vidas com uma nova normalidade. Da parte dos doentes, apesar do contexto económico adverso que se avizinha, acredito que passarão a equacionar melhor as suas escolhas e que o setor da saúde será prioritário. Relativamente aos colegas, julgo que haverá uma tendência para gerir a consulta de uma forma mais racional, com uma organização mais equilibrada das agendas e horários. Iremos assistir a um foco maior em temas estruturais da profissão como ergonomia, patologias ocupacionais, organização do espaço clínico e medidas de prevenção e controle da infeção. A ciência, por seu turno, terá que converter esta necessidade num novo impulso de investigação nestas áreas.
O presente é pródigo em paradoxos e aparentes contradições. Sentimos que estamos extremamente dependentes da ciência e que será esta a encontrar as respostas para ultrapassarmos este momento difícil, mas simultaneamente a própria ciência também acentua dúvidas e contradições. Há um problema de comunicação para a sociedade em geral, e esta tem dificuldade em compreender a gestão da dúvida e da incerteza típica da abordagem científica. Também aqui a nossa profissão poderá assumir uma responsabilidade social acrescida, com um posicionamento credível, através de um discurso esclarecedor e como exemplo de referência.
É nosso entendimento que a bitola da excelência clínica deve centrar-se na arena científica e não na prática dentária baseada no imediatismo mediático
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Teresa Pinho
presidente da Sociedade Portuguesa de Ortodontia
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Será expectável uma diminuição na procura dos tratamentos ortodônticos”
Desde que assumiu a presidência da Sociedade Portuguesa de Ortodontia (SPO) – no último trimestre do ano passado –, a médica dentista e investigadora Teresa Pinho definiu a ampliação da formação contínua como um dos eixos prioritários do seu mandato, com um especial enfoque no estímulo e incentivo à componente científica. Por prudência, face à pandemia de COVID-19, a SPO decidiu adiar o seu congresso anual para setembro (dias 16 a 18) do próximo ano. Em entrevista à MAXILLARIS, a também professora universitária e duplamente especialista em ortodontia e odontopediatria antecipa os contornos do atrativo “cartaz” científico que vai ter como cenário o Super Bock Arena - Pavilhão Rosa Mota, no Porto. Entre outros temas que marcam a atualidade ortodôntica, Teresa Pinho antevê, numa época dominada pela tecnologia, “realidades que vão muito além” de uma ortodontia de consultório e de prática puramente clínica.
Em termos gerais, quais são as linhas mestras da atual direção da SPO? O prestígio da instituição que tenho a honra de presidir deve-se ao facto de, ao longo dos anos de história, ter sido dirigida por prestigiados colegas que figuram nos anais da história da SPO pelo seu contributo em prol do desenvolvimento da ortodontia. Construir uma SPO cada vez mais forte e coesa foi o compromisso que assumimos para com os nossos sócios honrando, assim, o legado que herdámos dos nossos antecessores. A ampliação da formação continua é um dos eixos prioritários, com um especial enfoque no estímulo e incentivo à componente científica.
No horizonte da nova direção da SPO está, também, o aumento do número de sócios. Para o efeito anunciámos, em janeiro do corrente ano, condições especiais de participação no congresso extensíveis a todos os profissionais com interesse na ortodontia, mediante inscrição no congresso, tendo aumentado, significativamente, o número de associados. Por fim, privilegiar uma comunicação permanente e eficaz, não só com os sócios SPO como com profissionais da área não especialistas, divulgando e promovendo, amplamente, as iniciativas da SPO, numa ótica de despertar e manter vivo o interesse na ortodontia.
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Na nossa profissão as boas práticas de higiene sempre estiveram presentes, devendo ser mantidas, adaptadas e reforçadas De que forma encara a SPO a atual crise de saúde pública e como projeta o periodo pós-COVID-19? A forma como encaramos a atual crise de saúde pública não será, certamente, muito diferente das demais especialidades no domínio da saúde: com as inevitáveis interrogações de como e em que condições será exercida a prática clínica no futuro. Afinal de contas, a Medicina Dentária foi a primeira especialidade a ser suspensa pela elevada transmissibilidade do vírus, decorrente da vulnerabilidade inerente à profissão. No entanto, não podemos esquecer que na nossa profissão as boas práticas de higiene sempre estiveram presentes, devendo ser mantidas, adaptadas e reforçadas. O receio do impacto desta pandemia na economia do país é legítimo e compreensível. Ante a possibilidade de um colapso económico resultante deste periodo em que todos nós, médicos dentistas, nos vimos forçados a suspender a nossa atividade (com exceção dos atendimentos de casos urgentes e inadiáveis) surgem as inevitáveis preocupações. Antevendo uma recessão económica e não estando a ortodontia no topo das prioridades no que concerne aos cuidados de saúde oral, será expectável uma diminuição na procura dos tratamentos ortodônticos, em particular procedimentos em adultos, associados quer a motivos estéticos quer a motivos de ordem funcional. Cientes de que demorará algum tempo até que retomemos a normal rotina, perspetivam-se desafios para todos nós. Vivemos uma situação de pandemia, com graves implicações para a saúde pública, que nos obrigou a uma rápida adaptação a esta nova realidade. Vamo-nos deparar com pacientes mais apreensivos e exigentes pois estão cientes do elevado risco de propagação do vírus em contexto de consulta. Podem, no entanto, ficar tranquilos porque a saúde oral, assim como a segurança e o bem-estar dos nossos utentes foi, e será sempre, uma prioridade. Contudo, o rigoroso cumprimento das recomendações das autoridades de saúde pública, nomeadamente em relação às normas preventivas e procedimentos de segurança, mais do que uma necessidade são, agora, uma obrigatoriedade
que não pode, em circunstância alguma, ser negligenciada. Manter a confiança dos pacientes nos nossos serviços vai depender, em grande medida, da nossa conduta enquanto profissionais responsáveis e da capacidade de lhes transmitirmos total segurança e tranquilidade. O surto de coronavírus terá consequências na organização do próximo congresso da SPO? Quando e em que formato se irá realizar? Face a este surto pandémico com forte impacto na economia global, deparamo-nos com um cenário de incertezas em que continuam a ser mais as perguntas do que as respostas. Este vórtice que estamos a viver obrigou-nos a uma redefinição de prioridades. Manter a data de realização do congresso comprometeria, inevitavelmente, a adesão expressiva que perspetivávamos atingir. Ao mesmo tempo, a oferta formativa online vai preenchendo a necessidade de atualização científica. Face a todos estes fatores, por prudência e em consciência, as comissões organizadora e científica da SPO entenderam adiar este atrativo evento científico no panorama ortodôntico nacional, para setembro de 2021, nos dias 16 a 18, no Super Bock Arena - Pavilhão Rosa Mota, no Porto. Que pormenores pode adiantar quanto ao programa científico? Sendo o aperfeiçoamento em ortodontia um processo evolutivo e contínuo, a realização de um congresso de elevada dimensão científica é absolutamente imprescindível. A comissão científica estruturou um programa abrangente e diversificado no seu conteúdo que faz jus ao rigor que a SPO imprime em todas as suas iniciativas. Antecipamos, para 2021, a confirmação de grandes nomes da ortodontia, nacionais e internacionais, referências nas suas áreas de atuação, que integram este exímio painel de oradores: Ertty Silva, Alberto Albaladejo, Armando Dias da Silva, Iván Malagón, Martin Baxmann, Hélder Costa, João Pedro Marcelino, Manuel Pesqueira Pérez e eu própria, proporcionaremos experiências enriquecedoras e práticas diversificadas no lato espectro de domínios na ortodontia, com um forte debate tendo em conta o tratamento ortodôntico convencional e com alinhadores, mas sempre com a ortodontia para a além da técnica. Perspetivamos ainda a participação do Dr. Manuel Román Jiménez, presidente da
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Face ao surto pandémico, a presidente da SPO descreve um cenário de incertezas em que continuam a ser mais as perguntas do que as respostas.
Sociedade Espanhola de Alinhadores (SEDA), que assegurará o curso pré-congresso subordinado à temática “Alinhadores: tratamentos desde os cinco anos até à cirurgia ortognática”. Pretendemos, assim, que este congresso, onde serão discutidas as novas fronteiras e territórios do conhecimento da ortodontia, enfatizando uma abordagem multidisciplinar, se apresente como uma oportunidade de atualização científica. Serão abordadas diferentes visões no domínio ortodôntico sem perder de vista as inovações e os mais recentes avanços científicos que fazem da nossa especialidade uma das mais atrativas e fascinantes da Medicina Dentária. Quais são as suas expectativas quanto à adesão ao congresso de 2021 por parte dos colegas de profissão e também dos representantes das casas comerciais? O elevado nível de oradores que integra o programa científico, aliado ao dinamismo e capacidade mobilizadora das comissões organizadora e científica, leva-nos a acreditar que será um sucesso. A escolha de temas diversificados e as diferentes abordagens no tratamento ortodôntico convertem este encontro científico num espaço privilegiado de partilha de conhecimento, discussão, análise, debate e reflexão das problemáticas relacionadas com “os novos desafios” que se colocam à especialidade. De salientar que, imediatamente após a abertura das inscrições em janeiro do corrente ano, tivemos uma expressiva adesão de profissionais: 114 inscrições em apenas um mês de divulgação. A forma como as empresas e serviços, com particular interesse no setor, aderiram ao nosso convite no período que antecedeu a pandemia é um excelente indicador de que a área de exposição poderá suplantar as nossas melhores expetativas. Para além das empresas e marcas que estiveram presentes na XXVI edição, novos players confirmaram já a sua partici-
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pação após terem tido conhecimento do sucesso obtido na edição anterior, marcada por um expressivo número de participantes e empresas do setor. Um novo formato de evento, que privilegiou a inovação tecnológica ao serviço do congresso, o qual pretendemos manter na próxima edição, contribuiu, em larga medida, para o êxito alcançado. À margem da pandemia, que outros grandes desafios (pré-coronavírus) se colocam aos médicos dentistas que centram a sua prática na ortodontia? Na época tecnológica e no aumento de técnicas diferenciadas, antevêem-se realidades de prática clínica que vão muito além de uma ortodontia de consultório e de prática puramente clínica. Para além da formação de base e atualizações constantes que o médico dentista, com interesse na ortodontia, vive ao longo da sua carreira, a prática na ortodontia exige investimentos tecnológicos e de material ainda mais elevados do que sempre nos habituamos. A ortodontia pré-COVID-19 mostrava-se numa fase de valorização de uma importância primordial, quer em termos de saúde oral com uma oclusão estável e funcional, como a consequência de um resultado estético que era, cada vez mais, compreendido e procurado pela maioria dos pacientes. Os pacientes já começavam a estar mais sensibilizados para um plano de tratamento completo que valorizava o sorriso como um todo para uma melhoria pessoal. Havia uma integração, cada vez maior, na projeção do sorriso e uma abordagem multidisciplinar na qual a ortodontia fazia, faz e fará sempre de pilar para a maioria das outras áreas da Medicina Dentária. A intervenção precoce em pacientes de idade jovem estava a tornar-se consolidada numa sociedade cada vez mais sensível e atenta e exigente na procura de um sorriso saudável
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e agradável para um bem-estar funcional, físico e psicológico dos seus filhos. Numa fase pós-covid, provavelmente, ver-se-á um controlo maior de custos. Contudo, esperemos que tenhamos semeado algo que floresça neste plano geral que se avizinha, muito embora conscientes de que as necessidades vão ser priorizadas. No campo da formação continuada e da pósgraduação, como avalia a evolução do ensino desta especialidade nos últimos anos? Assim como a ortodontia tem evoluído bastante, o ensino e a formação contínua são, sem dúvida alguma, dois dos principais pilares que sustentam toda e qualquer especialidade. A expressiva adesão às pós-graduações universitárias são críveis indicadores do crescimento e notório interesse pela ortodontia. Em Portugal, o ensino universitário neste âmbito deve continuar a evoluir de forma exponencial, com seleção cada vez mais rigorosa do corpo docente, critérios estes que devem ser assentes na comprovada experiência clínica, valorização e elevado reconhecimento científico, com o intuito de desenvolver as potencialidades e competências dos seus alunos. Desta forma, as universidades devem estar preparadas para a formação dos seus discentes pós-graduados, propagando que, como princípio primordial, a ortodontia em Portugal deve ser exercida por profissionais altamente qualificados e que acompanhem a constante inovação científica e técnica, em prol do melhor resultado para os seus pacientes. Tendo em conta que a ortodontia atual prima por planos de tratamento menos invasivos e estéticos, o ensino teve, necessariamente, de evoluir nesse sentido. A base da ortodontia permanece constante sendo o diagnóstico a primazia do todo, mesmo que as metodologias de diagnóstico, planeamento e tratamento, se vão tornando cada vez mais sofisticadas, assim como as metodologias de ensino.
A expressiva adesão às pós-graduações universitárias são críveis indicadores do crescimento e notório interesse pela ortodontia que consigam apresentar uma eficiência igual ou até mesmo superior, com menos comprometimento da componente estética e do conforto dos pacientes. Tendo em vista o seu vincado perfil na área da investigação, que aposta delineou neste domínio? Consideramos fundamental que a ação formativa ultrapasse o congresso da SPO e se replique ao longo de todo o ano. O simpósio “Tratamento ortodôntico preventivo e intercetivo”, realizado em janeiro do corrente ano, com inscrições gratuitas para sócios e alunos da pós-graduação em ortodontia, atesta o nosso compromisso de sociedade científica dinâmica que tem como foco primordial os nossos associados. Face ao êxito alcançado nesta iniciativa onde marcaram presença cerca de 200 profissionais estamos já focados na preparação da segunda edição, com data prevista para janeiro de 2021. Até outubro deste ano será relançada a revista “Ortoclínica”, órgão oficial da SPO, um importante veículo de disseminação do conhecimento, com renovado grafismo e novo corpo editorial. O próximo número conterá também artigos editados pelo fundador e propulsor deste importante projeto, Dr. Miguel Nóbrega, sendo
Em que momento se encontra a ortodontia sob o ponto de vista científico e terapêutico? Sob o ponto de vista científico e terapêutico podemos afirmar, com toda a convicção, que nos encontramos num patamar de consistência e qualidade. Esta especialidade tem-se destacado pelo número, cada vez mais expressivo, de profissionais de excelência que têm dado um enorme contributo para a dignificação, valorização e reconhecimento da ortodontia no seio da Medicina Dentária. Não desmerecendo a eficiência já cientificamente comprovada e consolidada do tratamento ortodôntico convencional, a ortodontia tem sofrido grandes evoluções em termos científicos e, consequentemente, terapêuticos. As evoluções e alterações na aparatologia ortodôntica têm apresentado um importante espaço na ortodontia contemporânea, cada vez com uma procura maior por tratamentos
Doutorada e especialista em ortodontia e odontopediatria, Teresa Pinho é professora no Instituto Universitário de Ciências da Saúde (IUCS) e na Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto (FMDUP).
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O congresso da SPO, reagendado para setembro de 2021, terá como cenário o Super Bock Arena - Pavilhão Rosa Mota, no Porto.
Para a também investigadora, com mais de 100 artigos publicados, a importância de se fazerem diagnósticos clínicos perspetivando planos de tratamento tridimensionais “é, e será cada vez mais, uma constante na área da ortodontia”.
a transição para um novo ciclo abrindo novas possibilidades. Sermos editores deste importante veículo de divulgação clínica e pesquisa é mais uma etapa a ser cumprida pela nova direção da SPO e um grande desafio que encaramos com muita determinação e elevado sentido de responsabilidade. Nesse sentido, endereçamos o convite a todos os colegas para submissão de manuscritos (casos clínicos, artigos de revisão e investigação), colaborando na sua divulgação. Que importância atribui às novas tecnologias como contributo para a prática ortodôntica? A especialidade de ortodontia tem assistido ao aparecimento de inúmeras tecnologias inovadoras que resultam numa maior
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eficácia, eficiência, rapidez e conforto no tratamento ortodôntico. As inovações tecnológicas possibilitaram o desenvolvimento de métodos e ferramentas com maior precisão e detalhe. A ortodontia digital também possibilitou a previsibilidade dos resultados com o aparecimento de novas tecnologias para realização de diagnóstico e de plano de tratamento que, através do CBCT e scanners intraorais e faciais com construção de modelos em CAD-CAM, quando bem utilizadas, a tecnologia permite tratamentos de maior precisão, maior qualidade e resultados surpreendentes. A importância de se fazerem diagnósticos clínicos perspetivando planos de tratamento tridimensionais é, e será cada vez mais, uma constante nesta área.
tema de capa ORTODONTIA
A finalização no tratamento ortodôntico
Luis Horacio Escobar Parada Médico dentista. Diretor do Máster de Ortodontia da Universidade à Distância de Madrid (Espanha). Diretor do Centro de Estudos de Ortodontia Gnathos. Diretor e docente de cursos da Fundação Gnathos na Europa. Diretor da Orthoquick. Ortodontista de prática exclusiva em Madrid.
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Ciência e prática
Introdução A finalização no tratamento de ortodontia é o término de um longo processo terapêutico que começou com o diagnóstico, a planificação e a seleção dos procedimentos mais apropriados. Não é uma fase desprovida de um objetivo já traçado e à qual o clínico deve enfrentar com a surpresa do imprevisto. Claro está que, por muito rigorosa que seja a planificação, o desenrolar da correção nunca é linear. Qualquer tratamento ortodôntico, que se caracteriza pela evolução a longo prazo, estará condicionado por variações impostas pelas estruturas alveolares, musculares e funcionais, pelos hábitos e atitudes próprias do paciente e pelas intervenções do clínico. Se a estas peculiaridades juntarmos as dificuldades próprias do tratamento – não se reveste da mesma complexidade um tratamento com extrações e um tratamento sem elas – poderíamos chegar à fase de finalização, com um aspeto clínico diferente do esperado. É aqui que devemos começar a falar do tema deste artigo. Uma vez definido o plano de tratamento, o clínico deve estar disposto a monitorizar permanentemente todos e cada um dos passos previstos e constatar se se vão cumprindo os objetivos sem se afastar da rota establecida. Se em algum momento surgem desvios, mais ou menos significativos, é necessária a implementação de medidas oportunas para evitar o descontrolo da situação. Quero dizer com isto que a fase de finalização não pode ser uma fase de recuperação de rumos perdidos nem se podem esperar milagres que salvem o caso. Assim sendo, neste artigo abordaremos as manobras clínicas necessárias para acompanhar a evolução de um tratamento relativamente bem supervisionado. Portanto, vamos enfatizar os tópicos mais importantes desta fase de finalização.
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Interessa-me apresentar o final de um tratamento com extrações dadas as peculiaridades destas terapias. Desenvolvimento Depois da mecânica de fechamento de espaços, que deverá ser aquela que cada um de nós mais domine, encontraremos as arcadas com pontos de contacto e um somatório de pequenas mal posições dentárias individuais. Estas são fruto dos movimentos parasitas gerados durante esta fase. É frequente, naqueles casos de grandes fechamentos de espaços, que tenhamos perda de torque, inclinações mesio-distais e desníveis das peças dentárias adjacentes. Será necessário, numa grande percentagem dos casos, recimentar brackets com o intuito de fazer uma correção significativa e ganhar tempo para se alcançar o objetivo. Esta recimentação está relacionada com o tipo de assentamento oclusal dos segmentos posteriores e com o grau de
Fig. 1. A imagem retrata um caso de classe II com extrações de pré-molares superiores. Quando se concluiu o fechamento de espaço, perdeu-se o controlo do plano oclusal superior. Mesio-inclinação dos segmentos posteriores, disto-inclinação dos caninos e intrusão e perda de torque do grupo anterior. Esta soma de movimentos parasitas exigirá uma longa fase de assentamento e finalização.
tema de capa ORTODONTIA Ciência e prática
Fig. 2. Caso terminado com uma deficiência transversal do maxilar que se manifesta no lado direito. Esta descoordenação transversal afeta a qualidade do overbite.
Fig. 3. Caso terminado sem alteração transversal do maxilar. O overbite é suficiente e funcional.
overjet e overbite. Definitivamente, perseguimos sempre os conceitos duma oclusão mutuamente protegida. A correta colocação vertical dos brackets no setor anterior é fundamental para se conseguirem as guias anteriores. Relativamente a esta questão, vamos recapitular alguns detalhes da importância na interdigitação dos segmentos posteriores. É óbvio que para establecer uma correta relação intermaxilar deve haver uma adequada coordenação transversal das arcadas. Há uma diferença significativa da repercussão vertical que existe entre um contacto cúspide/fossa e um contacto cúspide/cúspide, que se reflete na relação do overbite anterior. Esta última, cúspide/cúspide, afetará diretamente o entrecruzamento anterior (overbite). Por outro lado, a relação sagital dos segmentos posteriores também compromete a função. Numa reabilitação ortodôntica procura-se um assentamento cúspide/rebordo marginal. Disto dependerá que os caninos inferiores se posicionem adequadamente com o seu antagonista. Aqui se consolida ou não o overjet.
Fig. 4. Na imagem observa-se um leve desvio da classe molar para uma classe II. Leve descoordenação transversal das arcadas, posicionamento de tubos e brackets muito para oclusal. Tudo isto impede um bom assentamento dos segmentos posteriores.
Vamos analisar um pouco mais detalhadamente a classe molar. Todos sabem que os molares em classe I e classe II não têm a mesma relação com o seu antagonista. Isto leva implícito uma alteração na posição individual do molar superior.
Figs. 5 e 6. Na imagem representa-se, com a linha vermelha, a posição do tubo para a classe I e classe II. Note-se que os molares na classe II são perpendiculares ao plano oclusal.
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tema de capa ORTODONTIA Ciência e prática
Figs. 7 e 8. Na imagem representa-se, com a linha azul, o eixo do canino em classe I e, com a linha vermelha, o eixo do canino em classe II.
Se o molar superior não tem a mesma posição nestas relações, será então necessário cimentar o tubo de um primeiro molar de classe I de maneira diferente ao tubo do molar de classe II. Esta diferença só se manifesta nos primeiros molares superiores. A alteração da posição individual das peças dentárias, de uma classe para outra afeta também o canino. O canino superior de classe II é mais vertical que o canino de classe I, por este motivo a cimentação do bracket también deve assumir esta mudança de inclinação. Para garantir a funcionalidade das guias anteriores deveria haver um entrecruzamento anterior (overbite) de pelo menos 2,5 mm. Este entrecruzamento resultará funcional na medida que o plano oclusal se encontre nivelado ou com uma mínima Curva de Spee. Para alcançar este objetivo poderia ser necessária a recolocação vertical dos brackets no grupo anterior, de canino a canino. Temos de ter em consideração que a extrusão das peças antero-inferiores pode provocar um aumento da Curva de Spee, pouco desejável se tivermos em conta a perspetiva funcional. E a extrusão anterosuperior pode afetar a estética pela modi-
Figs. 9 e 10. Overjet e overbite funcionais.
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ficação da exposição dentária. Sendo assim, a recolocação vertical deve fazer-se sempre com ligeiras variações. Se, durante o desenrolar das outras fases do tratamento, tivermos tido o cuidado de corrigir os conflitos verticais posteriores, agora, na fase de finalização, as relações de overbite deveriam estar muito próximas das corretas. É frequente que a ausência de contacto anterior seja provocada por um excesso de contacto posterior. É conveniente, para organizar as ideias, estabelecer prioridades e que estas nos permitam implementar uma cronologia de objetivos. Para isso vamos definir que a arcada mais importante é a arcada inferior. Esta declaração de princípios está fundamentada porque é sobejamente referido que a arcada inferior tem maiores limitações/restrições e, efetivamente, é a mais importante quando fazemos a planificação. Será então mais importante terminar a arcada inferior em ótimas condições. Que seja esta a arcada melhor organizada e que sirva de referência à arcada superior que, por sua vez, deveria adaptar-se às condições impostas pela inferior.
ORTODONTIA tema de capa Ciência e prática
Fig. 11. Modelo articulado onde se confirma o nivelamento do plano oclusal posterior.
Destaquemos o que sería desejável encontrar na arcada inferior: • Plano oclusal posterior reto. Sem dúvida, os segundos molares devem ser incluídos na sequência de arcos para que tenhamos todas as peças do segmento posterior niveladas. Mas para considerar nivelado o segmento posterior devem estar os rebordos marginais dos molares e pré-molares todos ao mesmo nível. • Bordo incisal nivelado. Os quatro incisivos inferiores devem estar posicionados de forma tal, que os quatro bordos incisais representem uma linha contínua e que resultará fundamental para dar suporte, estabilidade e função anterior. Este objetivo, que poderíamos considerar de máxima importância, deve-se conseguir pela correção individual das peças, por subtração de tecido dentário ou por adição de material de restauração. • Os caninos inferiores devem ter um aumento de meio milímetro acima dessa linha reta, que é o bordo incisal. • Definida a prioridade e os objetivos avançamos com a fase de finalização. Uma vez fechados os espaços, é necessário fazer uma reavaliação da posição individual dos dentes, a fim de decidir que peças devem ser recimentadas. Esta atitude clínica é muito mais eficaz e económica do que fazer dobras em arcos ou procurar “truques” para alcançar o objetivo final.
Fig. 12. Neste esquema figura a representação dos incisivos inferiores perfeitamente nivelados e o aumento dos caninos.
x .022 – com a intenção de manter a arcada inferior nivelada e que sirva como referência para adaptar a superior sobre esta. A arcada superior deve-se conformar relativamente à inferior, para ajustar-se às variações anatómicas da mesma. Pode ser que estas manobras clínicas sejam suficientes para nos aproximarmos de uma relação inter-maxilar adequada, no entanto, possuímos ainda mais alguns recursos para conseguir os melhores standards de finalização. Falamos dos ajustes oclusais e a adição de material de restauração. É importante que ao retirar os aparelhos não existam contactos prematuros posteriores que possam desestabilizar a posição mandibular. Este é, provavelmente, o fator mais importante na estabilidade a longo prazo de um tratamento de ortodontia. Por isso, torna-se imprescindível fazer o controlo oclusal pertinente e eliminar, por desgaste, estes possíveis contactos prematuros posteriores. Tão importante, como o ponto anterior, será a adição de material de restauração naqueles casos que apresentem dis-
Esta nova posição de brackets e tubos vai obrigar a colocar arcos mais ou menos flexíveis para iniciar uma renivelação das arcadas. Habitualmente, a utilização de arcos trançados retangulares .016 x .022 costuma ser suficiente para iniciar a renivelação e também poderia ser necessária a utilização de um arco retangular super-elástico que termine de corrigir a posição tridimensional dos dentes de forma individualizada. Como último recurso poderíamos utilizar uma mecânica de assentamento com elásticos intermaxilares que ajudem a melhorar a relação intermaxilar. É conveniente instalar um arco de aço retangular na arcada inferior – pelo menos de .016
Fig. 13. Elásticos de assentamento utilizando como base um arco trançado superior e um arco de aço inferior para manter o formato da arcada inferior. Note-se que os brackets do canino, pré-molar e molar superiores estão cimentados muito perto da cúspide, o que dificulta o assentamento.
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Figs. 14 e 15. Modelos articulados onde se observa uma má distribuição de contactos interdentários (lado esquerdo). E o mesmo modelo com a remodelação já executada.
Fig. 16. Na imagem A, a discrepância de Bolton afeta o volume dentário dos incisivos laterais e perde-se a relação de contacto com o seu antagonista. Isto compromete a estabilidade individual dos incisivos.
crepância de Bolton. Esta alteração é extremamente frequente e é habitual manifestar-se a nível dos incisivos laterais superiores. Afeta o volume tridimensional destes dentes. Nos casos de laterais superiores com severa alteração de Bolton (déficit) teremos duas opções para a sua correção: • Ou cimenta-se mal o bracket no sentido vertical, isto é, cimentar o bracket mais perto do borde incisal para evitar a exposição para além da coroa anatómica. • Ou faz-se a restauração prévia à colocação dos brackets sempre e quando as condições de espaço assim o permitam.
Fig. 17. Caso sem discrepância de Bolton. Os quatro incisivos superiores estão em contacto com os seus antagonistas.
Conclusão Neste artigo tentei abordar os pontos mais importantes que o clínico deveria considerar na fase de finalização de um tratamento ortodôntico. Já dizia o Dr. Robert M. Ricketts que é muito importante manter um equilíbrio entre os casos que se iniciam e os casos clínicos que se terminam. Se não formos capazes de cumprir esta premissa, a nossa prática clínica começará a ficar saturada de casos inconclusivos, aumentando o nível de stress do ortodontista, gerando perdas económicas e frustração profissional.
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Ortodontia, visagismo, harmonização e atratividade: a tétrade da nova Medicina Dentária
Kamila Dorea Barreto Aluna de Graduação em Medicina Dentária, Universidade Brasil, São Paulo (Brasil). Thiago Gregnanin Pedron Médico dentista. Especialista em Ortodontia e Dentística. Clínica particular, São Paulo. Irineu Pedron Médico dentista. Especialista em Estética Dentária. Clínica particular, São Paulo. Caleb Shitsuka Médico dentista. Especialista, Mestre e Doutor em Odontopediatria pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP). Professor das disciplinas de Odontopediatria e Cariologia, Universidade Brasil, São Paulo. Irineu Gregnanin Pedron Médico dentista. Especialista em Periodontia e Implantodontia. Mestre em Clínica Integrada pela FOUSP. Professor das disciplinas de Periodontia e Clínica Integrada, Universidade Brasil, São Paulo. Professor do Curso de Toxina Botulínica em Odontologia, Instituto Bottoxindent, São Paulo.
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Resumo Atualmente, a busca pela ortodontia obedece não apenas à melhoria e incremento funcional (oclusão ideal), mas também é impulsionada pelo crescente interesse na estética facial. A estética, por sua vez, é muito peculiar de cada indivíduo. Utilizando conceitos do visagismo geométrico, no qual particularizamos a beleza dentária de acordo com o biotipo original do paciente, harmonizando as suas características físicas dento-gengivo-faciais, promovemos a atratividade e favorecemos a perceção à estética facial, já durante a fase do tratamento ortodôntico. O propósito deste trabalho é apresentar a comunhão destes conceitos - visagismo, harmonização e atratividade - numa paciente ortodôntica que apresentou sorriso gengival.
ções fisiológicas e estéticas de posicionamento dentário, conhecer as preferências, e desejos do paciente. Nesta perspetiva, a estética do sorriso tornou-se o foco principal de pacientes que procuram o tratamento pela ortodontia2.
Introdução
Dentro do conceito do que é belo e de padrões de beleza, inserimos a harmonização, equilíbrio e customização da imagem pessoal, o visagismo. A palavra visagisme surgiu na França, sendo originada pelo termo visage, que significa rosto. O conceito de visagismo é a arte de criar uma imagem pessoal customizada, que expressa a personalidade e o estilo de vida, com harmonia e estética. Essa arte é constituída de duas fases: na primeira, o profissional, por meio de uma consultoria, ajuda o paciente a decidir o que deseja expressar através de sua imagem; e, na segunda, utiliza sua técnica, sensibilidade e domínio dos elementos que compõem a linguagem visual para transformar a intenção numa imagem com harmonia e estética. Em 2003, o artista plástico Philip Hallawell, nascido em São Paulo (Brasil) e cuja formação incluiu a Inglaterra e os EUA, estabeleceu o que seria a criação ou adequação da imagem pessoal segundo pessoas autênticas. Nesta perspetiva, lançou uma nova possibilidade terapêutica aplicando a intervenção visual totalmente alinhada com as tendências contemporâneas do comportamento humano, que neste século, busca auto-conhecimento e expressão individual. A personalização é a palavra de ordem
A estética é conceituada como a ciência que trata da beleza em geral e do sentimento que ele desperta em nós. Esse sentimento pode ser definido pela perceção do olho humano em relação ao objeto. Entende-se por atratividade o ponto que tem a capacidade de atrair, despertando interesse do impacto visual. Referente, especificamente a beleza facial, a atratividade determina-se rapidamente, nos primeiros dois segundos, após visualização da face1. Adicionalmente, a estética é influenciada e afetada por fatores culturais, educacionais, sociais e ambientais1,2. Nos dias de hoje, a atratividade facial é considerada um dos fatores fundamentais ao convívio social, bem-estar físico, psíquico, emocional e no sucesso. O desejo em apresentar o sorriso belo, atraente e saudável aumenta a busca do paciente em direção à Medicina Dentária, nas suas diversas especialidades. Considerando o sorriso parte integrante da face, torna-se importante que o médico dentista, particularmente na atuação da especialidade da ortodontia, que trata das disfun-
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Segundo o conceito grego de beleza, o belo apresenta-se por meio de harmonia e proporção entre partes, além da medida, simetria e virtude. Esses conceitos - que também se referem à proporção áurea - aplicam-se desde a Grécia antiga em diversas ciências e, posteriormente, no Renascimento1. Estas definições parecem tão atuais quando aplicadas, por exemplo, na ortodontia, onde a simetria reflete não apenas na estética, como na função.
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num mercado cada vez mais globalizado. O visagismo foi delineado como ferramenta para unir a vontade e necessidade do paciente pelo desenho do sorriso, expressando visualmente por meio de formas e linhas adequadas1. Na sociedade atual, a beleza e a atratividade faciais estão ligadas à perceção social, onde os indivíduos com face mais atraente, são percebidos como tendo habilidades atléticas, sociais e de liderança. Os olhos e a boca são os fatores mais importantes na hierarquia de características para determinar a beleza facial3. O sorriso é um dos meios mais eficazes pelos quais as pessoas transmitem as suas emoções, e ocupa o segundo lugar, posicionado atrás apenas para os olhos, como a mais importante característica de atratividade facial. É a expressão facial que denota alegria e simpatia, podendo, portanto, influenciar a maneira como um indivíduo é percebido pela sociedade, tanto profissional, quanto social. Um sorriso equilibrado e atraente é primordial, objetivo da terapia ortodôntica moderna4. Beleza e harmonia são as características faciais objetivas quantificáveis que os humanos buscam e anseiam, pois desempenham um papel inerente ao comportamento e à perceção social em todo o mundo. A maior consciencialização da estética facial também levou ao aumento no número de pacientes que procuram o tratamento ortodôntico e ortognático. A estética tornou-se cada vez mais importante na prática da odontologia restauradora
Fig. 1. Paciente apresentando o sorriso gengival.
moderna e são sinónimos de uma aparência natural e harmoniosa. Um sorriso atraente ou agradável melhora claramente a aceitação de um indivíduo na nossa sociedade, melhorando a impressão inicial nos relacionamentos interpessoais5. O propósito deste trabalho é apresentar a comunhão destes conceitos - visagismo, harmonização e atratividade - numa paciente ortodôntica que apresentou sorriso gengival. Relato de caso Paciente feoderma, do género feminino, de 23 anos, compareceu na clínica particular com queixa de sorriso gengival, durante o tratamento ortodôntico (fig. 1). Ao exame clínico extrabucal, foi analisada discrepância entre o comprimento dos dentes anterossuperiores e sorriso gengival proeminente (figs. 2 e 3). O comprimento do dente 21 foi mensurado com 9 mm (entre a linha cervical e a borda incisal) e o sorriso gengival com 16,1 mm (entre a margem inferior do lábio superior ao sorrir, e a borda incisal do dente 21). Adicionalmente, verificou-se ainda a respiração bucal, pela incompetência labial causada pela ausência de vedamento labial passivo. As figuras 4 e 5 ilustram a incompetência labial numa vista lateral.
Fig. 2. Mensuração do comprimento do dente 21 (9 mm) caracterizando a discrepância dentária.
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Fig. 3. Mensuração da exposição gengival (16,1 mm).
Fig. 4. Sorriso gengival em vista lateral.
No exame clínico intrabucal, utilizou-se o dente 11 como referência por apresentar-se menor em comprimento em relação ao dente 21. Entretanto, todo o sextante anterossuperior apresentou-se desarmónico em relação ao comprimento dos dentes contíguos (fig. 6). A régua de proporcionalidade de Chu também indicou a desproporção entre comprimento e largura do dente 11 (fig. 7). Adicionalmente, a exposição gengival acentuada maior de 3 mm foi determinante para a classificação do sorriso gengival. Propõs-se a gengivoplastia para a redefinição dos arcos gengivais e torná-los mais harmónicos, reduzindo assim a discrepância dentogengival do sorriso gengival. A paciente concordou e assentiu à execução do tratamento. A priori, antes da gengivoplastia, recomendou-se a orientação de higiene bucal, com o propósito de reduzir a inflamação gengival e evitar a possibilidade de recorrência do crescimento gengival. Decorridos sete dias da consulta de orientação da higiene bucal, realizou-se a gengivoplastia. Sob anestesia local infiltrativa, determinaram-se os pontos sangrantes com auxílio de sonda milimetrada e a união destes pontos realizou-se com o bisturi elétrico (BE 3000®, KVN, São Paulo, Brasil). Aumentou-se o comprimento dos dentes, caracterizando-se o zénite dentário. Posteriormente, realizou-se o scraping, assemelhando-se a técnica de bisel externo, com o propósito de
Fig. 5. Mensuração da exposição gengival (16,1 mm) em vista lateral.
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Fig. 6. Aspeto clínico intrabucal, apresentando desarmonia no comprimento dentário dos elementos anterossuperiores.
Fig. 7. Desproporção entre comprimento e largura do dente 11 verificada pela régua de proporcionalidade de Chu.
incrementar a reparação tecidual (figs. 8 e 9). Não houve necessidade da utilização do cimento cirúrgico, visto que o processo da ferida ocorre por segunda intenção. A paciente foi orientada e administraram-se fármacos analgésicos no pós-operatório. Após 30 dias, na consulta subsequente, observou-se reparação tecidual satisfatória e não se reportaram alterações ou queixas pela paciente (fig. 10). O emprego da régua de proporcionalidade de Chu demonstrou melhora na harmonia da relação entre comprimento e largura (fig. 11). O comprimento do dente 21 tornou-se mais condizente com o comprimento do dente 11, medindo 9,6 mm (fig. 12), enquanto que o procedimento cirúrgico reduziu a discrepância do sorriso gengival (reduzindo para 15 mm), apresentado na figura 13. Entretanto, ainda persistiu a queixa da paciente. Na mesma consulta, aplicou-se a toxina botulínica. Previamente à aplicação da toxina botulínica, desinfetou-se a superfície da pele com álcool etílico, evitando-se a infeção local e removendo-se a oleosidade da mesma. Posteriormente, aplicou-se anestésico tópico dermatológico (Emla®, Astra, São Paulo, Brasil) com o propósito de promover conforto durante o procedimento. Diluiu-se a toxina botulínica tipo A (Botox® 200 unidades, Allergan, Westport, Irlanda) em 2 ml de solução salina, de acordo com as normas do fabricante, e injetaram-se duas unidades no sítio preconizado, lateralmente a cada narina. Após a aplicação, orientou-se a paciente no sentido de não baixar a cabeça nas primeiras quatro horas e não realizar atividades físicas por 24 horas após o procedimento. Após 15 dias, avaliou-se a paciente, apresentando a deiscência uniforme do lábio superior. Ao sorrir, a margem do lábio superior coincidiu com a margem gengival dos incisivos centrais superiores (figs. 14 e 15). As figuras 16 e 17 apresentam a deiscência do lábio superior em vista lateral, com incremento da deficiência respiratória (respi-
Fig. 8. Gengivoplastia: pós-cirúrgico imediato do lado esquerdo da maxila.
Fig. 9. Gengivoplastia: pós-cirúrgico imediato final.
ração bucal) pelo vedamento labial passivo. Não se reportaram efeitos colaterais ou queixas. Orientou-se a paciente quanto a recorrência do sorriso gengival após, em média, de quatro a seis meses da aplicação.
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Fig. 10. Pós-cirúrgico (30 dias) da gengivoplastia.
Fig. 11. Melhora na harmonia da relação entre comprimento e largura verificada pela régua de proporcionalidade de Chu.
Fig. 12. Aumento do comprimento do dente 21 (9,6 mm).
Fig. 13. Redução da discrepância do sorriso gengival (15 mm).
Discussão A filosofia do visagismo contempla duas vertentes: a psicológica e a geométrica. Na primeira, prevalece o conceito psicológico, no qual o paciente escolhe o seu físico de acordo com a imagem que quer transmitir. O segundo dita que medidas equilibradas favorecem a harmonização de acordo com seu biotipo1. Particularmente, preconizamos a vertente geométrica, na qual particularizamos a beleza de acordo com o biotipo original do paciente, mas ainda camuflando imperfeições, ressaltando qualidades e equilibrando o conjunto, naturalmente, harmonizando a cavidade bucal à face. Essa aborda-
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gem favorece a atratividade facial, contudo, respeita a singularidade de cada paciente e não contempla a padronização. A atratividade e a beleza faciais são determinadas rapidamente nos primeiros segundos ao ver a face1. A face com proporções equilibradas é melhor tolerada, mesmo aos pacientes que apresentam sorriso gengival, e podem atenuar a sua perceção negativa da exposição gengival6. O conceito de sorriso ideal baseia-se na morfologia e na cor dos dentes e nas relações proporcionais entre os dentes, lábios e gengiva6. O sorriso, como parte integrante da face, foi alvo de inúmeras pesquisas2-8.
tema de capa ORTODONTIA Ciência e prática
Fig. 14. Deiscência uniforme do lábio superior (10 mm).
Fig. 15. Coincidência da margem inferior do lábio superior com a margem gengival dos incisivos centrais superiores.
Fig. 16. Deiscência do lábio superior em vista lateral.
Fig. 17. Deiscência do lábio superior em vista lateral (10 mm).
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Segundo Godinho et al.8 (2020), ao analisar a atratividade facial sorridente e os componentes faciais (sorriso, nariz, olhos, cabelos, queixo, sobrancelhas e pele), observou-se forte correlação entre a face e o sorriso. Entretanto, para os demais fatores avaliados, não se observaram correlações significativas. Contudo, a perceção masculina difere da feminina, na qual a primeira se atrai ao sorriso (49%) e olhos (22%), enquanto que a segunda se cativa ao sorriso (69%) e pele (13%). Ainda de acordo com os autores, as más oclusões influenciam a perceção da atratividade, inteligência, personalidade e comportamento. Indivíduos com oclusão normal são considerados mais atraentes, inteligentes, agradáveis e extrovertidos. As mordidas cruzadas anteriores direcionam às perceções negativas, e pacientes com vários diastemas são considerados como menos conscientes e agradáveis. O sorriso gengival2,4,6,7 e a presença de diastemas4,7 foram considerados os fatores menos estéticos e atraentes, particularmente pelos avaliadores do género feminino5,7. O sorriso médio e o desvio de linha média foram as características
menos percetíveis7. Entretanto, de acordo com Tosun e Kaya2 (2020), a cobertura das bordas incisais dos incisivos superiores apresentam influência negativa na atratividade do sorriso e os ortodontistas têm preferência pela mínima exposição aos incisivos inferiores e a quase completa exibição das coroas dos incisivos centrais superiores. O sorriso gengival é conceituado pela exposição gengival, ao sorrir, de mais de 3 mm de altura5,9-11. O sorriso gengival foi por nós manejado pela aplicação da toxina botulínica, coadjuvantemente ao tratamento ortodôntico. A aplicação favoreceu não apenas a estética facial, bem como a respiração bucal de que se queixava a paciente, pela incompetência labial causada pela ausência de vedamento labial passivo. A melhora da auto-estima pode verificar-se através da comparação das figuras iniciais (1 a 5) com as finais (12 a 17). O sorriso gengival vem sendo percebido, por nós, mais frequentemente em pacientes dolicofaciais10,11. No que respeita à caracterização do biotipo facial, o padrão mesofacial foi considerado o mais atraente em comparação com os padrões dolicofacial e braquifacial3.
Conclusões O crescente interesse pela estética facial aumentou a busca por tratamento ortodôntico, conduzindo ortodontistas e pacientes a realizarem tratamentos não apenas com a finalidade funcional (oclusão ideal), como também a almejarem a estética facial. Parafraseando o ditado em latim “virtus in medium est” podemos concluir que a atratividade da beleza facial se encontra no equilíbrio: alinhamento dentário adequado, promovido pela terapêutica ortodôntica e redução do sorriso gengival, ocasionado pela aplicação da toxina botulínica. O sorriso gengival é uma das características mais pejorativas na perceção negativa da atratividade facial. No presente relato, houve melhora na atratividade e perceção auto-reportadas e incremento da qualidade de vida e bem-estar da paciente.
Bibliografia 1. Paolucci B. Visagismo - A arte de personalizar o desenho do sorriso. São Paulo: VM Cultural Ed., 2011. 250 págs. 2. Tosun H, Kaya B. Effect of maxillary incisors, lower lip, and gingival display relationship on smile attractiveness. Am J Orthod Dentofacial Orthop 2020; 157(3): 340-7. 3. Batwa W. The influence of the smile on the perceived facial type esthetics. Biomed Res Int 2018; 2018: 3562916. 4. Malheiros AS, Brito AC, Gurgel JA, Bandeca MC, Borges AH, Hayashida TMD, Filho EMM, Tavarez RRJ. Dentogingival alterations and their influence on facial and smile attractiveness. Contemp Dent Pract 2018; 19(11): 1322-8. 5. Tjan AH, Miller GD, The JG. Some esthetic factors in a smile. J Prosthet Dent 1984; 51(1): 24-8. 6. Lima APB, Conti ACCF, Filho LC, Cardoso MA, Almeida-Pedrin RR. Influence of facial pattern in smile attractiveness regarding gingival exposure assessed by dentists and laypersons. Am J Orthod Dentofacial Orthop 2019; 155(2): 224-33.
7. Cracel-Nogueira F, Pinho T. Assessment of the perception of smile esthetics by laypersons, dental students and dental practioners. Int Orthod 2013; 11(4): 432-44. 8. Godinho J, Gonçalves RP, Jardim L. Contribution of facial componentes to the attractiveness of the smiling face in male and female patients: a cross-sectional correlation study. Am J Orthod Dentofacial Orthop 2020;157(1):98-104. 9. Pedron IG. Toxina botulínica - aplicações em odontologia. Florianópolis: Ed. Ponto, 2016. 195 págs. 10. Pedron IG. Comment on “Botulinum toxin type-A as an alternative treatment for gummy smile: a case report”. Dermatol Online J 2019; 25(6): 13030/qt1qk3183b. 11. Pedron IG. Botulinum toxin for a gummy smile. Am J Orthod Dentofacial Orthop 2020; 158(2): in press.
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ponto de vista Porquê a ortodontia?
Maria Cristina Figueiredo Pollmann Médica dentista.
Presidente da Associação Portuguesa dos Especialistas em Ortodontia. Especialista em Ortodontia pela Ordem dos Médicos Dentistas. Professora Associada com Agregação na Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto.
A ortodontia é um mundo, no universo da Medicina Dentária, que apesar de ser uma especialidade com conhecimentos, competências e especificidades técnicas muito próprias, é altamente abrangente, desafiante e em constante aperfeiçoamento e inovação. Não é admissível considerar que a prática clínica de ortodontia se restringe aos atos de colar brackets, dobrar arames ou aplicar alinhadores, quem o fizer não tem a mais pálida noção do que é a ortodontia. Parafraseando o grande ortodontista gaulês Michel Langlade «L’orthodontie?... C’est dans la tête!» (A ortodontia?… Está na cabeça!). Entenda-se: no conhecimento, no saber. Pois é isso mesmo! A verdadeira avaliação dos nossos pacientes é a executada de uma forma holística, no presente e no futuro, percebendo a função e a disfunção, a harmonia e a desarmonia, antevendo o modo como se vai processar o crescimento, mas também o envelhecimento (sim, porque a população está a envelhecer, e também porque cada vez mais, há procura de tratamento ortodôntico por adultos com mais de 60 anos), entre muitos outros aspetos. Por sua vez, é preciso integrar com o nosso conhecimento, raciocínio, criatividade, crenças e emoções, toda a informação percecionada sobre o paciente, de forma voluntária e involuntária, através da entrevista, do exame obje-
A ortodontia portuguesa em 2020 é de alto nível, equiparada ao que há de melhor no primeiro mundo. Isto não acontece por acaso!
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tivo e subjetivo, da sua linguagem e expressão corporal, entre outros pormenores. Aqui chegados, estaremos aptos a definir os problemas do paciente e a formular o diagnóstico. Depois, planificar o tratamento e selecionar os dispositivos mais adequados e os procedimentos necessários à resolução do caso específico. Não é de mais salientar que o tratamento ortodôntico é um contributo, num conceito de abordagem multi, pluri e interdisciplinar para o tratamento do indivíduo, e que os procedimentos técnicos são apenas e tão só o meio de atingir os objetivos do tratamento. E onde entra a “revolução digital”, de que todos falam e muitos temem? Esta evolução não aconteceu apenas na última década, como por vezes se quer dar a entender. A “transição para a era digital” começou há já muito tempo com a integração e adoção das tecnologias da computação, da informação e da inteligência artificial (IA) como ferramentas para os mais diversos tipos de atividade. Nas últimas décadas, para além da melhoria de muitos programas e aplicações informáticas, houve a expectável redução de preços a nível do hard e software que melhoraram as condições de acesso a esses instrumentos de apoio, também na área da ortopedia dentofacial e da ortodontia. O “digital” começou por ser incorporado na gestão de ficheiros clínicos e administrativos, por volta dos anos 90 e rapidamente se alargou à imagem e ao armazenamento de dados. Daí à extensão às ferramentas auxiliares de diagnóstico, foi um instante: as nossas rotinas profissionais transformaram-se e continuam em constante e progressiva modificação e evolução, atualmente a incorporar a imagem 3D; nomeadamente os scanners intraorais. A tecnologia digital e os seus diversos instrumentos auxiliam-nos e muito no diagnóstico mais
ORTODONTIA tema de capa ponto de vista
preciso e completo, e melhoram a comunicação com os pacientes e com todos os envolvidos no tratamento, através da gravação, visualização de informação, do planeamento e de simulações virtuais, desenho e fabrico de dispositivos médicos assistido por computador… Relativamente à incorporação da chamada IA em ortodontia e sua utilização pelo cidadão comum para o acesso direto a algum arsenal terapêutico ortodôntico (e até noutras áreas da saúde) considero que vai constituir um sério risco de saúde pública; não creio que seja uma ameaça aos profissionais, como alguns colegas temem. Poderá sê-lo no início porque “a ignorância é atrevida” mas, passada a falácia inicial, vai provavelmente ser uma fonte de problemas para os pacientes e certamente irá criar muita patologia “IA (tro)génica” ou “tecnogénica”. Sou médica dentista desde 1984, quando a Medicina Dentária em Portugal era um mundo quase exclusivamente masculino. Mercê dessa circunstância fui a primeira mulher a doutorar-se em Medicina Dentária em Portugal e também a primeira mulher especialista em Ortodontia pela OMD. A Medicina Dentária é agora maioritariamente feminina e nestes 36 anos vivi a transformação exponencial da ortodontia em Portugal. A ortodontia portuguesa em 2020 é de alto nível, equiparada ao que há de melhor no primeiro mundo. Isto não acontece por acaso! Foi impulsionada nos anos 90 por um grupo pioneiro de colegas e de docentes universitários, arrojados e com visão de futuro, num empenho fundamental para a criação e posterior crescimento do ensino pós-graduado em ortodontia, ministrado em instituições de ensino superior. Estes cursos, regulados e acreditados pela OMD, no seguimento das normativas europeias, permitem o acesso ao reconhecimento do título de Especialista em Ortodontia no seio da União Europeia. Algumas sociedades científicas desempenharam e continuam a desempenhar um papel complementar de relevo na atualização e na formação. Na atual plétora de informação disponível, cada vez mais, há que ser criterioso na identificação de sociedades verdadeiramente científicas, onde a primazia está na formação isenta e na divulgação do conhecimento com fundamento na ciência. Multiplica-se a oferta de cursos presenciais ou à distância, privados ou patrocinados pela indústria, que fornecem a
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opinião/experiência de gurus sobre uma vasta gama de tópicos. São locais onde a pseudo science e até a fake science tendem a prevalecer, cujas mensagens subvencionadas por interesses mercantilistas são ardilosamente ampliadas, por opinion makers e por meio de algoritmos dos meios de comunicação social e, difundidas para o público em geral. O problema é que há quem acredite que uma gota de detergente lava a louça toda... Vivemos tempos em que a informação e a desinformação estão acessíveis em escassos segundos, mas a verdadeira formação e educação parecem ficar secundarizadas. Enquanto profissionais de saúde temos um papel a desempenhar também nesse campo e corrigir a informação deturpada que é veiculada para o público; há que não tolerar e muito menos pactuar com a pseudociência. Um dos objetivos da Associação Portuguesa de Ortodontistas (APESORT/APO) engloba exatamente essa vertente. A associação foi fundada com o propósito de representar os especialistas em Ortodontia em Portugal que nela se encontram inscritos, tendo como principal intuito a defesa da saúde pública, no que concerne ao âmbito de atuação da profissão de ortodontista, bem como fomentar o progresso da ortodontia e defender a dignidade e o prestígio da especialidade. Uma das preocupações e formas de intervir é exatamente fornecer informação fidedigna ao público em geral. Na nossa página eletrónica www.aparelhos.pt ou www.apo-ortodontia.pt é possível aceder a FAQs sobre tratamento ortodôntico e fazer uma pesquisa sobre os especialistas em Ortodontia inscritos na associação. A pesquisa no motor de busca da APESORT/APO garante que todos os médicos dentistas que lá se encontram listados por região do país, são realmente especialistas em Ortodontia, pois a associação apenas permite a inscrição como membro efetivo àqueles que têm o título de especialistas em Ortodontia pela OMD. Este tempo da pandemia recolocou-nos a todos perante várias dimensões. É importante que mantenhamos a lucidez já que, também em ortodontia, se aplica: “O essencial é invisível para os olhos” (Antoine de Saint-Exupéry).
Estética
Objetiva Clínica
A importância dos pixéis na escolha da câmara fotográfica
Bruno Seabra
Médico dentista e fotógrafo. Formador na área da fotografia em Medicina Dentária. Diretor do Light Up Studio, com sede no Lumiar (Lisboa). fotografia@maxillaris.com
Na última edição falámos dos sensores câmaras fotográficas digitais e vimos a importância que tinha o seu tamanho, nomeadamente no fator de corte, que pode determinar o tamanho e a ampliação da imagem captada.
imagem”. Corresponde ao menor elemento de uma imagem digital, e ao qual se pode atribuir cores (RGB: Red/vermelho; Green/verde; Blue/ azul) e outras informações. Geralmente, representa-se por um quadrado muito pequeno.
Mas essa não é a única característica das câmaras digitais associada ao seu sensor. Outro fator importante é a quantidade de pixéis, expressa normalmente em Megapixéis (MP).
Nos sensores digitais vimos precisamente a forma como os pixéis estavam organizados e como se obtinha uma imagem.
O que é o píxel? Píxel é uma palavra inglesa que vem da união de picture e de element e que significa “elemento da
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Quantos mais pixéis estiverem presentes no sensor, maior definição terá a imagem, tornando-se mais nítida. Se a imagem é composta por 25 pixéis (5 × 5), significa que a imagem poderá ser representada apenas por cubos coloridos, com
Objetiva clínica
Fig. 1. Representação de imagens semelhantes mas com número de pixéis crescentes, aumentando consecutivamente todo o detalhe. A partir de determinado número de pixéis, não haverá alteração na qualidade da imagem observada, pois o olho humano não tem capacidade para essa distinção.
resolução muito baixa, em que somos incapazes de distinguir corretamente os objetos (fig. 1). Quando a imagem é composta por exemplo por 1 MP - 1.238.769 pixéis (1.113 × 1.113), a imagem
fica com mais definição, melhorando também a cor, o contorno e todos os detalhes do objeto, podendo inclusive realizar-se uma ampliação na imagem sem que esta perca qualidade por exemplo na impressão (fig. 2).
Fig. 2. Resultado da ampliação de uma imagem com uma quantidade de pixéis elevada, e que permite a realização da ampliação sem comprometer a qualidade (sem que se consigam distinguir os pixéis).
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Objetiva clínica
Fig. 3. Tabela com alguns exemplos de câmaras digitais, que usei e ainda uso em fotografia em Medicina Dentária, mostrando a evolução ao longo dos anos do número de pixéis e o respetivo aumento de resolução.
O que é a resolução? Desde o aparecimento das câmaras digitais, as diferentes marcas têm realizado uma corrida aos megapixéis (MP). No último ano em particular vimos um enorme aumento na resolução, em que apareceram desde smartphones com câmaras de 108 MP (sensor da Samsung: Isocell Bright HMX) até câmaras DSLR com 61 MP (Sony A7R Mark IV). Assim, as marcas têm tentado desenvolver, cada vez mais, sensores com maior resolução, para atrair mais clientes para atualizar o seu equipamento para os mais recentes, mas, mantendo o mesmo tamanho dos sensores. Atualmente usamos o termo resolução predominantemente associado ao número total de pixéis existentes num sensor. Podemos então afirmar que a resolução da imagem é diretamente proporcional à quantidade de pixéis. Uma imagem com X pixéis de altura por Y pixéis de largura terá X x Y pixéis de resolução (fig. 3).
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Mais megapixéis significam melhor qualidade? A resolução da foto está normalmente associada à qualidade de imagem. Assim, quanto maior for a resolução do sensor, maior será a definição de todos os detalhes e também mais fiel será a reprodução das cores, e o registo do brilho e do contraste, levando à obtenção de uma imagem com melhor qualidade (fig. 4) Essa imagem será também maior (mais MP) e ocupará mais espaço de memória. Atualmente, isso não é um problema tendo em conta o tamanho e a capacidade de armazenamento dos cartões de memória e discos rígidos disponíveis. Mas o número de MP da imagem é apenas um dos aspetos a considerar quando falamos de qualidade da imagem. Também temos de ter em consideração o equipamento, o tipo de sensor da câmara, o tamanho dos pixéis, o processador e até
Objetiva clínica
Fig. 4. Comparação de duas câmaras com resoluções diferentes, e as suas imagens normais e ampliadas dez vezes (onde se pode ver menor qualidade da imagem da câmara com menos pixéis).
a qualidade da lente que usamos. Podemos ainda contar com outros fatores mais técnicos como a focagem da lente e a correta iluminação. Qual a importância da resolução? A resolução está associada a diferentes aspetos da imagem que podemos considerar importantes na utilização que damos aos nossos ficheiros: Tamanho da impressão: basicamente, quanto maior for a resolução, maior será o tamanho potencial de impressão. A impressão de imagens digitais realiza-se selecionando um determinado número de pixéis por polegada (PPI – píxel per inch) - normalmente 300 PPI. Corte de imagem (crop): quanto maior for a resolução, mais margem teremos para cortar imagens e elas parecerem ampliações maiores no monitor ou na tela de projeção. Muito útil para
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mostrarmos pormenores sem termos de realizar microfotografia. As imagens para serem publicadas nas redes sociais precisam apenas de ter 72 PPI. Com esta informação complementar sobre os sensores e os seus pixéis, conseguimos ter ainda maior discernimento na altura de escolher a câmara, pois essa escolha depende precisamente da forma como pretendemos utilizar as imagens que obtemos. Queremos apenas registar e observar no monitor ou partilhar com colegas ou laboratório; queremos imprimir imagens para mostrar aos pacientes; queremos ter imagens com qualidade para podermos projetar em apresentações e até podermos fazer corte e ampliação; queremos imagens para imprimir em tamanho grande por exemplo para colocar na nossa clínica. Tudo isso deve ser pensado no momento de comprar o material para a fotografia em Medicina Dentária.
Relatos Márcia Almeida Médica dentista. Natural de Felgueiras. Experiência clínica: seis anos como médica dentista generalista e seis meses com prática exclusiva em Prótese Fixa e Estética Dentária.
Conheci a Mundo A Sorrir durante o meu percurso académico e exultei ao perceber que poderia concretizar o sonho de auxílio em África na minha área de formação. Ainda durante o Mestrado Integrado em Medicina Dentária associei-me à causa desta organização não governamental, participando em formações de voluntariado organizadas pela mesma e conhecendo melhor a sua ideologia e ação em projetos nacionais. Nunca mais me desvinculei. Imediatamente após a conclusão do curso, parti para a Guiné-Bissau com uma expectativa difícil de suprir. Levava uma mala de material dentário e uma mochila de sonhos e ambições. Para trás deixava uns pais receosos e expectantes, incapazes de me demover.
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Entrei em território guineense acompanhada por uma colega de viagem que se viria a transformar numa companheira de vida incessante e não podíamos ter sido melhor recebidas. Ao longo das semanas, a vontade de fazer mais ia crescendo e, além de tratamentos dentários em consultório, em Bissau, atuámos na área da prevenção, com rastreios dentários e ações de sensibilização para a saúde oral em escolas e orfanatos. Nas ilhas de Formosa e Uno, no Arquipélago de Bijagós, conseguimos fazer a diferença fazendo chegar, a uma população totalmente isolada, a ajuda em saúde oral que nunca tivera. O trabalho foi exigente, mas muito gratificante, enriquecedor e profícuo para uma população que nos ficou profundamente agradecida.
Não existe nada mais motivador do que perceber que caminhamos juntos no sentido certo Márcia Almeida, de 29 anos, cumpriu em outubro de 2013, pela mão da Mundo A Sorrir, um sonho antigo: realizar uma missão de voluntariado em África. A jovem médica dentista, natural de Felgueiras, não tem “uma resposta que justifique racionalmente a minha motivação”, até porque nunca tinha estado no continente africano, mas o facto é que, desde muito nova, “o desejava profundamente”. O desejo materializou-se na Guiné-Bissau, onde recentemente – sete anos depois da sua estreia em território guineense – assistiu in loco, e com particular orgulho, à inauguração de uma clínica dentária “nunca antes vista” naquele país africano de língua oficial portuguesa.
Márcia Almeida sublinha que um problema dentário não tratado carrega consigo “uma série de consequências em cadeia que podem ser irreversíveis e potencialmente catastróficas”.
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Relatos
A voluntária considera-se uma felizarda por poder assistir à evolução guineense no que toca a condições de saúde oral e decréscimo do índice de cárie e patologias orais.
Toda a experiência foi verdadeiramente inesquecível, desde o aproximar de uma realidade paralela, que se conhece apenas à distância, à sensação de se fazer parte da diferença num país “renegado” e sedento de cuidados de saúde oral. Como sabemos, a saúde oral é uma componente essencial da saúde em geral e está diretamente relacionada com a taxa de morbilidade e abstenção ao trabalho ou escola. Um problema dentário não tratado carrega consigo uma série de consequências em cadeia que podem ser irreversíveis e potencialmente catastróficas. Desta forma, foi fácil identificar-me com a ideologia da Mundo A Sorrir para quem a saúde oral é um direito humano fundamental e cabe a cada um de nós fazer o possível para que esse direito chegue a todos. Regressei absolutamente rendida a um país que me fez sentir em casa e a pessoas que se tornaram uma segunda família. As marcas desta missão ficaram tão carimbadas num povo agradecido por cada uma das nossas “pequenas” ações como em dois espíritos irreversivelmente presos a cada pessoa que Além de tratamentos dentários em consultório, em Bissau, Márcia Almeida atuou na área da prevenção, com rastreios dentários e ações de sensibilização em escolas e orfanatos.
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Relatos
A médica dentista refere que a missão foi exigente, mas também enriquecedora e profícua para “uma população que nos ficou profundamente agradecida”.
abraçaram. ”Bó fika ku paz! Bó na riba pa nós” foi a frase da despedida e significa: “Vai com paz! Volta para nós”. E voltei, voltei a vestir a t-shirt da Mundo A Sorrir, já este ano, com um orgulho enorme e o desejo de fazer ainda mais e melhor.
Nas ilhas de Formosa e Uno, no Arquipélago de Bijagós, conseguimos fazer a diferença fazendo chegar, a uma população totalmente isolada, a ajuda em saúde oral que nunca tivera
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Assistir à inauguração da clínica da Mundo A Sorrir na Guiné-Bissau e ver, na primeira pessoa, o fascínio estampado na cara de quem entrava numa clínica dentária nunca antes vista no país, é absolutamente indescritível. Testemunhar in loco a evolução dos resultados descritos estatisticamente da ação da Mundo A Sorrir ao longo dos anos é um poderoso boost de motivação para continuar. Considero-me uma felizarda por poder assistir à evolução no que toca a condições de saúde oral e decréscimo do índice de cárie e patologias orais no povo da Guiné-Bissau, entre 2013 e 2020. Não existe nada mais motivador do que perceber que caminhamos juntos no sentido certo. Assim, em nome do “meu país do coração” e dos “meus” que lá vivem, agradeço genuinamente à Mundo A Sorrir e a todos os parceiros e voluntários que, com força, resiliência e capacidade de trabalho, tornam este sonho realidade. Desejo que nunca deixem esmorecer esta paixão de levar sorrisos além-fronteiras porque “a saúde oral é um direito de todos” e há ainda muito caminho a percorrer.
Calendário
CIRURGIA ORAL Exodontia dos terceiros molares inclusos
Elevação de seio maxilar por abordagem crestal
O Centro de Formação Contínua da Ordem dos Médicos Dentistas agendou para o dia 19 de outubro um curso de fim de dia em regime de transmissão online, subordinado ao tema “Abordagem clínica da exodontia dos terceiros molares inclusos”, ministrada pelo médica dentista Joana Saraiva Amaral . Neste curso pretende-se apresentar o estado da arte das diferentes abordagens cirúrgicas na extração de terceiros mloares inclusos e semi-inclusos, bem como as suas indicações, vantagens e desvantagens, complementada com a apresentação de alguns casos clínicos.
No dia 21 deste mês realiza-se uma formação online (via streaming), com a chancela da Ordem dos Médicos Dentistas, centrada no tema “Elevação de seio maxilar por abordagem crestal com osseodensificação”, sob a orientação do médico dentista João Gaspar. A osseodensificação é uma técnica que representa claramente uma mudança de paradigma na preparação do leito implantar. Nesta apresentação, será abordada a evidência científica sobre este conceito e vão ser apresentados vários casos clínicos ilustrativos do potencial da técnica no âmbito da elevação do seio maxilar.
226 197 690 - formacao@omd.pt
226 197 690 - formacao@omd.pt
SPPI realiza reunião anual em fevereiro de 2021
DESTAQUE
IMPLANTOLOGIA
Sociedade Portuguesa de Periodontologia e Implantes Centro de Congressos de Aveiro www.sppi.pt
A reunião anual da Sociedade Portuguesa de Periodontologia e Implantes (SPPI), que esteve agendada para os dias 20 e 21 de março passado, vai ter lugar nos dias 5 e 6 de fevereiro do próximo ano, devido à atual conjuntura de pandemia global. O Centro de Congressos de Aveiro mantém-se como cenário da reunião e o programa científico também se prevê sem alterações, focado nos principais desafios da prática clínica atual da periodontologia e da implantologia. O primeiro dia da reunião será dedicado a cursos hands-on, enquanto a segunda jornada será preenchida com palestras de oradores de renome, tais como Sofia Aroca, que é uma das referências mundiais em cirurgia plástica periodontal e, nomeadamente, no tratamento de recessões gengivais. Da Universidade Complutense de Madrid (Espanha) virão Ignacio Sanz Sánchez e Ana Molina Villar. De França, e em representação da Sociedade Francesa de Periodontologia e Implantologia Oral, espera-se a presença de Frédéric Gadenne. Os oradores portugueses serão António Mano Azul e Pedro Moura.
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Calendário
ORTODONTIA
ORTODONTIA
Pós-graduação em ortodontia
Desenho e desenvolvimento de alinhadores
A ORTOCERVERA, líder em ortodontia digital, anuncia para os dias 24 a 26 deste mês o início, em Madrid (Espanha), da 90ª edição da pós-graduação em ortodontia “Experto em ortodontia funcional, aparatologia fixa estética e alinhadores”, orientada por Alberto Cervera. O programa desta pós-graduação, com a duração de dois anos, divide-se em nove módulos presenciais e complementa-se com sessões clínicas online. Abrange as seguintes áreas: protocolo de diagnóstico e tratamento, estudos de síndromas clínicos, práticas em simuladores com brackets metálicos, estéticos e alinhadores, e práticas clínicas tutorizadas.
A ORTOCERVERA, líder em ortodontia digital, organiza em Madrid (Espanha), nos dias 15 a 17 de outubro, o curso de formação “Desenho de alinhadores”, orientado pelo médico dentista espanhol Alberto Cervera. Esta formação complementa o programa “Experto em ortodontia”, também com a chancela da ORTOCERVERA, e tem como finalidade transmitir conhecimentos na área do desenho e desenvolvimento das distintas fases de tratamento com alinhadores. Inclui práticas com simulador de alinhadores.
(0034) 915 541 029 - www.ortocervera.com
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ORTODONTIA Desenho de alinhadores para técnicos de prótese
Novos conceitos em periodontologia
A ORTOCERVERA, líder em ortodontia digital, organiza regularmente, em Madrid (Espanha), o curso de formação “Desenho de alinhadores para técnicos de prótese”, orientado pelo médico dentista espanhol Alberto Cervera. Esta formação destina-se tanto a técnicos de prótese que já estão familiarizados com a área da ortodontia como a profissionais sem experiência neste domínio, que pretendem conhecer as possibilidades que as técnicas com alinhadores oferecem.
O Centro de Formação Contínua da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) tem agendado para o próximo dia 31 de outubro mais uma sessão formativa em regime de transmissão online, desta feita subordinada ao tema “Periodontologia: novos conceitos e sua aplicação clínica”, que terá como orientador o médico dentista Ricardo Castro Alves. Especialista em Periodontologia pela OMD, Ricardo Castro Alves é regente das unidades curriculares de Periodontologia do Instituto Universitário Egas Moniz, onde também é docente da Pós-Graduação em Periodontologia Clínica Internacional.
(0034) 915 541 029 - www.ortocervera.com
226 197 690 - formacao@omd.pt
A comissão organizadora do 29º Congresso da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) adiou o evento para 2021. A habitual cimeira anual da classe dos médicos dentistas estava marcada para novembro deste ano, na Exponor, em Matosinhos, mas face às condições associadas à pandemia COVID-19, a comissão organizadora, presidida pela médica dentista Patrícia Manarte Monteiro, decidiu adiar a edição deste ano. A Expodentária que se realiza paralelamente ao congresso foi igualmente adiada para o próximo ano. Para além da condição pandémica COVID-19 e a consequente limitação de meios logísticos, tempo e recursos humanos internos e externos, fundamentais para a organização adequada do congresso nesta altura do ano, outro motivo apontado pela comissão organizadora para o adiamento do congresso é o respeito pela recente eleição para os órgãos sociais da Ordem e as consequentes decisões que num futuro breve devem ser tomadas por direito e dever pelo novo conselho diretivo que tomou posse no passado mês de julho. O congresso da OMD é um dos maiores eventos do setor da saúde na Península Ibérica e reúne anualmente cerca de 6.000 participantes.
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29º congresso da OMD adiado e remetido para o próximo ano
Ordem dos Médicos Dentistas www.omd.pt
DESTAQUE
PERIODONTOLOGIA
Calendário
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VÁRIOS
EAO anuncia evento digital alternativo à sua reunião anual
Congresso da SPEMD regressa a Coimbra em 2021
A reunião científica anual da Associação Europeia de Osteointegração (EAO, na sigla em inglês) foi convertida num evento totalmente digital, que vai decorrer, a partir de Berlim (Alemanha), de 5 a 10 de outubro próximo. A decisão de descartar o habitual congresso presencial deve-se à crise de saúde pública provocada em todo o planeta pela pandemia associada ao novo coronavírus. A organização alemã desta iniciativa, designada por “EAO Digital Days 2020”, promete um programa online inovador e criativo com a mesma qualidade científica que tem caracterizado os encontros desta organização europeia. Recorde-se que a última reunião anual decorreu em Lisboa, em junho do ano passado.
O XL congresso da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) foi adiado, devido à pandemia de COVID-19. O próximo encontro anual da centenária sociedade científica, por sinal a mais antiga do setor dentário na Península Ibérica, deverá celebrar-se no segundo fim de semana de outubro de 2021, em Coimbra. O congresso da SPEMD voltará a reunir no emblemático Convento de São Francisco da cidade dos estudantes cerca de um milhar de participantes, entre oradores e profissionais de todas as áreas da saúde oral, bem como algumas dezenas de representantes da indústria dentária.
www.eao.org
www.spemd.pt
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Próxima IDS agendada para meados de março
XXXII reunião da SPODF celebra-se em abril de 2021
A próxima edição da IDS, a principal feira mundial da indústria dentária que se celebra de dois em anos em Colónia (Alemanha), está agendada para os dias 9 a 13 de março do próximo ano. As últimas inovações em produtos, serviços e tecnologia nas diferentes áreas da Medicina Dentária vão ser, como habitualmente, exibidas durante cinco dias no amplo recinto de feiras da referida cidade alemã (Kolnmesse). Para além da vertente comercial, a IDS proporciona, ao abrigo da modalidade Speaker´s Corner, sessões formativas com oradores de renome mundial.
A XXXII reunião científica anual da Sociedade Portuguesa de Ortopedia Dento-Facial (SPODF) vai ter lugar de 15 a 17 de abril de 2021, depois de ter sido adiada (estava prevista para abril deste ano) devido aos constrangimentos provocados pela pandemia de COVID-19. O cenário deste congresso manter-se-á o pavilhão Altive Arena de Braga, de acordo com a respetiva comissão organizadora que assegura que tudo fará para manter o excelente “cartaz” científico que tinha programado para este ano. Para já, confirma-se que a pré-reunião continuará a ter como protagonista James A. Mcnamara.
www.english.ids-cologne.de
secretariado@spodf.pt
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Expodental de Madrid adiada para 2022
Jornadas internacionais em formato online
O Salão Internacional de Equipamentos, Produtos e Serviços Dentários (Expodental), que se realiza de dois em dois anos em Madrid, adiou para 2022 a edição que estava prevista para este ano. Esta decisão foi tomada pela comissão organizadora da Expodental no contexto atual gerado pela pandemia de COVID-19. A organização do certame decidiu manter a mesma estrutura que a prevista para este ano, pelo que a feira celebrar-se-á nos pavilhões 2, 4, 6 e 8 do recinto de feiras de Madrid. À partida, também se manterá a misma distribuição e atribuição de espaços de 2020. Em 2022, os reponsáveis da Expodental esperam atrair a atenção dos profissionais do setor, dentro e fora de Espanha, e superar os 31.000 visitantes da última edição.
As XXVIII Jornadas Internacionais de Medicina Dentária do Instituto Universitário Egas Moniz, que estavam programadas para o passado mês de março e foram adiadas devido à pandemia de COVID-19, vão realizar-se em formato online no dia 21 do próximo mês de novembro, em conformidade com as orientações da Direção-Geral de Saúde. A organização irá proporcionar aos patrocinadores uma massiva publicidade nas redes sociais e irá ainda ser criado um stand virtual onde os congressistas poderão consultar informações acerca dos patrocinadores do evento, garantindo vários palestrantes de renome quer nacional quer internacional e trabalhando para ser uma iniciativa online que marque pela diferença e que seja um verdadeiro sucesso.
www.ifema.es
www.xxviiijinternacionais@gmail.com
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Calendário
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WCDT Lisboa adiado para junho de 2021
Congresso da APHO reagendado para janeiro de 2021
O 21º World Congress in Dental Traumatology (WCDT), que estava agendado para o passado mês de junho no Centro de Congressos de Lisboa, mas foi adiado devido à pandemia de COVID-19, vai realizar-se de 2 a 5 de junho do próximo ano no mesmo recinto lisboeta. A organização local deste evento internacional está a cargo da Sociedade Portuguesa de Endodontologia, presidida por António Ginjeira, em parceria com a International Association of Dental Traumatology (IADT) e a European Society of Endodontology (ESE).
Com os recentes desenvolvimentos que afetam o normal panorama de saúde pública, a Associação Portuguesa de Higienistas Orais (APHO) analisou o assunto globalmente, atendendo às recomendações nacionais e internacionais, tendo decidido adiar o seu XX congresso nacional, que estava previsto realizar-se em abril passado. A direção da APHO e a comissão organizadora do congresso tomaram esta decisão com o objetivo de assegurar as melhores condições de segurança e a saúde de todos os intervenientes. A nova data prevista será os dias 29 e 30 de janeiro de 2021, mantendo-se o local da sua realização (Lisboa) e o programa científico.
www.wcdt2021.com
www.apho.pt
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Barcelona Dental Show é nova plataforma de negócios
Aplicação clínica do avanço mandibular para o tratamento do SAHS
O certame Barcelona Dental Show é a nova plataforma de negócios do setor, em território espanhol, que de 27 a 29 de maio do próximo ano reunirá médicos dentistas, técnicos de prótese, higienistas orais e estomatologistas, em busca dos parceiros clínicos que lhes ofereçam as inovações para levar os seus negócios a uma dimensão médica e empresarial. Barcelona acolherá este novo evento profissional onde se exibirão as últimas soluções para a transformação das clínicas e laboratórios, e marcarão presença os líderes e a inovação em saúde oral.
A ORTOCERVERA, líder em ortodontia digital, organiza este curso personalizado, ministrado por Mónica Simón Pardell, em Madrid (Espanha), para o correto enfoque terapêutico dos transtornos respiratórios obstrutivos do sono. Este curso obedece ao seguinte programa: introdução ao SAHS (conceitos básicos e definições), protocolo diagnóstico odontológico do SAHS, tratamento do SAHS, algoritmo do tratamento do SAHS, toma de registos e individualização de parâmetros para a confeção de um dispositivo de avanço mandibular (DAM), aplicação com casos práticos e curso personalizado e “a la carta”.
info@dentalshowbcn.com.pt
(0034) 915 541 029 - www.ortocervera.com
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IV congresso da SPDOF realiza-se em maio de 2021
FMDUL lança Mestrado em Higiene Oral
Face à situação originada pela pandemia do novo coronavírus, a Sociedade Portuguesa de Disfunção Oro-Facial (SPDOF) decidiu adiar o congresso que esteve marcado para o passado mês de maio. A quarta edição do encontro transita, mantendo programa e local, para os dias 13 a 15 de maio de 2021, na Fundação Bissaya Barreto, em Coimbra. Todos os compromissos da SPDOF serão mantidos no que toca a palestrantes, patrocinadores, colaboradores e congressistas. A plataforma e o site do congresso continuarão ativos, a receber inscrições e resumos para as novas datas.
Encontram-se abertas as inscrições para o curso de Mestrado em Higiene Oral da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa (FMDUL). Este é o primeiro mestrado criado nesta área das Ciências da Saúde Oral em Portugal e na Europa, e destina-se a titulares de grau de licenciado em Higiene Oral ou equivalente legal. Tem a duração de dois anos letivos (16 semanas por semestre), 120 ECTS e 20 vagas disponíveis. Tem por objetivo a aquisição de conhecimentos científicos e o uso de ferramentas avançadas para o estudo e para a investigação no domínio da higiene oral, bem como o desenvolvimento de competências práticas nesta área do conhecimento.
www.spdof.pt
www.fmd.ulisboa.pt
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Novidades
Novo sistema de aspiração extraoral
Novos SmartPegs para implantes Galaxy e ZV2
A Henry Schein colaborará con www.henryschein.com B.A. International para distribuir o sistema de aspiração extraoral OPTIMA EOS 350. Este dispositivo foi desenhado para capturar com eficácia as gotículas e os aerosóis que se produzem nos tratamentos nas consultas dentárias. Como sistema de aspiração extraoral, este dispositivo oferece comodidade para o paciente durante o seu uso e ergonomia para o profissional. O sistema OPTIMA EOS 350 tem um filtro HEPA H14 de capa tripla que capta 99,95% das partículas de pelo menos 0,3 μm de tamanho. As lâmpadas UVC duplas situadas à frente do filtro HEPA desativam os vírus e as bactérias captadas pelo filtro. Graças à função Intelligent Airflow Dynamics, o ar de escape liberta-se através de um respiradouro colocado na parte superior traseira do sistema para evitar a explosão de partículas de pó ou contaminantes procedentes do solo.
Os SmartPegs são dispositivos que, ao www.ziacom.es ser enroscados na conexão do implante, permitem medir o coeficiente de estabilidade do implante (ISQ) através da análise da frequência de ressonância. A medição do ISQ permite ao profissional avaliar objetivamente a estabilidade mecânica inicial do implante no momento da cirurgia, pelo que é uma ferramenta muito útil para realizar o procedimento de carga imediata de uma maneira segura a longo prazo. Também é possível realizar medições posteriores para determinar o grau de osteointegração e comparar com o valor ISQ inicial. Os SmartPegs de Osstell foram homologados recentemente para os implantes de conexão cónica Galaxy e ZV2 da ZIACOM, os quais estarão proximamente disponíveis no guia de referências de SmartPegs, descarregável através da respetiva página web.
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Novidades
Sistema de matrizes seccionais Composi-Tight 3D Fusion
ZIACOM lança expansor inovador na elevação sinusal
www.garrisondental.com A nova matriz seccional Composi-Tight 3D Fusion da Garrison foi desenhada para o tratamento das restaurações de compósito da classe II de tipo MO/DO, MOD e as preparações cavitárias amplas. Este completo kit inclui três anéis separadores diferentes (um curto, um alto e outro para preparações amplas), bandas matrizes em cinco tamanhos, cunhas interproximais em quatro tamanhos e pinças para colocação dos anéis. O novo sistema baseia-se nos mais de 20 anos de experiência e liderança em matrizes seccionais da Garrison para produzir o seu sistema mais completo, versátil e fácil de usar. Os três anéis separadores incorporam as pontas de silicone Soft-Face para reduzir as arestas e excessos de compósito, e extensões de retenção Ultra-Grip, que evitam que o anel “salte”. Uma paleta de aderência oclusal simplifica a colocação e a retirada das bandas matrizes.
www.ziacom.es O novo Expansor Sinusal ZIACOM foi criado para simplificar a elevação da membrana sinusal mediante a técnica transcrestal, também conhecida como elevação atraumática. A elevação da membrana sinusal para a colocação de implantes dentários é uma técnica complementar que permite posicionar implantes de maior comprimento nos casos em que existe uma neumatização do seio maxilar. O Expansor Sinusal ZIACOM pode utilizar-se tanto com uma técnica manual com roquete como com um motor de implantes. Conta com uma morfologia cónica e uma rosca que facilita a inserção no osso residual. A ponta ou ápice do expansor é côncava, o que permite recolher o osso que rodeia a membrana sinusal, evitando assim perfurações na membrana à medida que se vai elevando o solo do seio maxilar e permitindo a colocação de implantes de maior comprimento.
Gama de IPS e.max Press MT reforçada com cinco cores
Hemostasyl evolui com as suas novas seringas
O sistema de cerâmica de vidro de dissilicato de www.ivoclarvivadent.es lítio (LS2) IPS e.max Press, da Ivoclar Vivadent, para a técnica de injeção desempenhou um papel destacado na odontologia restauradora durante mais de 15 anos. A sua alta resistência e provada durabilidade, a sua eficiente aplicação e excecional estética são características que determinam o seu sucesso. Os lingotes aplicam-se em cinco níveis de translucidez, em duas versões de Impulse e numa versão policromática. Os utilizadores dispõem agora de uma margem de manobra ainda maior no seu trabalho diário, já que foram acrescentados cinco novas cores à gama de IPS e.max Press MT. Com a sua translucidez média, os lingotes MT são ideais para as restaurações monolíticas. A sua equilibrada relação entre brilho e translucidez permite uma estética natural. A gama existente de lingotes MT ampliou-se para incluir cinco novos tons: A3.5, B2, C1, C2, D2. As pastilhas de injeção aplicam-se em dois tamanhos e na alta resistência característica da gama IPS e.max Press.
As novas seringas Hemostasyl, da ACTEON/ www.acteongroup.com Pierre Rolland, estão disponíveis agora com uma maior vida útil, que passa de 18 a 24 meses, devido à selagem melhorada da seringa. A embalagem do Kit Hemostasyl mantém-se sem alterações: duas seringas de 2 g com 40 tubos de aplicação de um só uso. As seringas podem ser reutilizadas. Hemostasyl é uma pasta que se utiliza como apósito hemostático por ação mecânica. É eficaz graças às suas propriedades tixotrópicas com presença de cloreto de alumínio, que reforça o seu efeito hemostático mecânico, e indolor quando se usa num periodonto são. O produto é fácil de usar, com boa aderência à mucosa gengival, sem compressão, e fácil de localizar devido à sua cor. É rápido e fácil de eliminar borrifando suavemente com água e sem que se retome o sangramento após um tempo de contacto de dois minutos no máximo.
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