o rapper paulista edgar destaca 05 músicas de protesto — pág. 05
festivais, espetáculos e exposições no brasil e no mundo — págs. 06 e 17
salma jô comenta “tônus”, novo trabalho da carne doce — pág. 05
the biggest smallest cultural platform
MECAJournal Distribuição g ratuita
Número #023 — Setembro, 2018
sim, nós podemos Esta edição traz uma série de conteúdos sobre política e cidadania. Fred Zero Quatro, do Mundo Livre S/A, comenta o engajamento político da banda e analisa a urgência por mudanças pág. 12 [A]
os “localtivistas ”
TRENDS — Em parceria com a WGSN, o MECA apresenta um novo perfil de consumidor engajado com questões sociais e marcas locais — pág. 08 [B]
marcas no divã
— O MECA e a consultoria Contagious analisam a delicada relação entre marketing e questões sociopolíticas pág. 11
por que esperar ? ESPECIAL — Em uma época de tensões eleitorais, a mudança do país passa pelo protagonismo da sociedade civil e por novas formas de fazer política — pág. 14
conheça o instituto update mecaintro em dose dupla explore hong kong
Alê Youssef explica como as redes sociais devem impactar as eleições pág. 09 [C]
www.meca.love
WELCOME
Por dentro do MECA
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Vários projetos movimentam a nossa sede em São Paulo ao longo de 2018. O MECASpot se consolidou como um miniespaço cultural e educacional, com programação gratuita de talks, exposições de arte, pocket shows, DJ sets e feirinhas. Temos o orgulho de ser um ponto de encontro de pessoas à frente de projetos criativos das mais diversas áreas que movimentam a cena cultural e fomentam um futuro melhor por meio da troca. De julho a agosto, nossa casa abrigou duas exposições, três aniversários, um MiniMECA e inúmeros eventos idealizados por marcas parceiras. A partir de agora, entramos no mood ansioso pelas datas confirmadas de mais quatro festivais: MECABrennand (Recife), MECAMaquiné (Rio Grande do Sul), MECAUrca (Rio de Janeiro) e MECABrás (São Paulo). Vamos?
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MECACrew
MECASpot
Andrea Soares, Bruck Nogueira, Camilo Raesh, Carol Goulart, Débora Stevaux, Dimas Henkes, Gabriel Pires, Helder Ferreira, Felipe Seffrin, Fernanda Branco Polse, Kamila Montalvão, Letícia Ippolito, Lucas Pexão, Luisa Dantas, Maíra Miranda, Marilia Ramos, Maurício José, Rara Debiase, Rodrigo Peirão, Rodrigo Santanna, Thaís Tolentino, Thum Thompson, Wilaize Lenud | Fale com o MECAJournal: redacao@meca.love
contato@meca.love Funcionamento: sáb (14h à 00h) e dom (14h às 20h) Rua Artur de Azevedo, 499 Pinheiros – São Paulo – Brasil CEP 05404-011 . +55 (11) 2538-3516
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FOTOS DE CAPA: `[A] CRISTIANO BIVAR; [B] BRANDON STANCIELL; [C] VINÍCIUS CORDEIRO | FOTOS: BRUCK NOGUEIRA; [A] LUISA DANTAS; [B] TON GOMES
1, 3 e 6 –– Vários eventos movimentaram o MECA, como a abertura da exposição de Arthur Slama e festas com DJs convidados 2, 4, 5, 7, 8, 9 e 10 –– Em agosto, o MiniMECA reuniu quem já é de casa e presenças especiais como as modelos Lea T e Lola Gleich, ao som da banda Marrakesh e do trio de DJs Windy City Classics
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22/set Recife
03/nov Maquiné
MECABrennand Oficina Brennand Mais infos e ingressos: www.meca.love/mecabrennand
MECAMaquiné Fazenda Pontal Mais infos e ingressos: www.meca.love/mecamaquine
17/nov Rio de Janeiro
19/nov São Paulo
MECAUrca Morro da Urca Mais infos e ingressos: www.meca.love/mecaurca
MECABrás Complexo Behring Mais infos e ingressos: www.meca.love/mecabras
(PE)
(RJ)
(RS)
(SP)
AGENDA CULTURAL (SÃO PAULO)
MÚSICA — Dois
festivais de MPB
Coala Festival. Além de um line up recheado de vozes baianas, como Gilberto Gil, Baco Exu do Blues e Luedji Luna, o evento con-
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A primavera está chegando e, com ela, a 33ª Bienal, dois festivais de música brasileira, uma mostra de cinema italiano e muito mais
LISTICLE Lançamentos do mês: uma série, um livro e um disco
Maniac, Netflix (21/9) Com Emma Stone e Jonah Hill, a nova série do diretor Cary Fukunaga conta a história de dois estranhos que se conhecem em um teste para uma nova droga e embarcam em uma jornada pela mente.
Quitutes poloneses
DRINK IT
COMIDA — Paca Polaca abre as portas em Pinheiros
O drink de Caio Braz, jornalista e apresentador
Quando a fome bater, procure um toldo vermelho próximo à Estação Sumaré. O Paca Polaca é uma espécie de delicatessen com pratos da culinária judaicopolonesa para levar. O restaurante é uma empreitada da cineasta e escritora Clarice Reichstul. O destaque fica
“Eu adoro negroni, porque não sou muito de drinks docinhos. Prefiro os mais fortes. Recomendo o vermute Antica Romana pra misturar.”
para os varenikes, espécie de pastéis recheados, com creme azedo e cebola caramelizada. Gefilte fish (bolinho de peixe), salmão gravlax e borscht (sopa de beterraba tradicional) compõem o cardápio enxuto, mas caprichado. R. Amália de Noronha, 339.
Ingredientes • Gelo • 30 ml de vermute • 30 ml de Campari • 30 ml de gim Beefeater • 2 rodelas de laranja Preparo Misture na coqueteleira o gim, o bitter e o vermute. Coloque no copo com gelo e finalize com uma rodela de laranja.
ta com encontros para lá de especiais: Milton Nascimento se apresenta ao lado de Criolo, enquanto Elza Soares, Juçara Marçal e Ilú Obá de Min dividem o palco. Tudo isso no coração do Memorial da América Latina. Já em 23/9, na Casa das Caldeiras, a chegada primavera é celebrada em grande estilo com uma nova edição da festa multicultural Primavera, te Amo. Com oito horas de duração, o fesival conta com todo o suingue do recifense Di Melo, que se apresenta com a Orquestra Primavera, Juliana Strassacapa, Aline Paes e Msário. @coalafestival @primaverateamo
Feita por todos
OFICINA —Virada
Política propõe o diálogo
Uma semana antes das eleições, nos dias 29 e 30/9, a Virada Política busca novos olhares sobre os rumos do país. O encontro anual e gratuito apresenta projetos, movimentos e organizações que unem esforços
Elas na história
para fortalecer a democracia. Em vez de shows como na Virada Cultural, o evento propõe o debate. A programação inclui palestras e oficinas dos coletivos #VotePreta, Politize!, Mandato Aberto e Fast Food da Política. As atividades acontecem na Câmara Municipal e em três espaços: CIVICO, Impact Hub e b_arco. @viradapolitica [C]
CURSO — Quatro encontros feministas
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Alfaiataria tropical LOJA — Handred inaugura
primeira unidade em São Paulo
Atemporal, sem gênero e com tecidos naturais: assim se apresenta a marca Handred, desenvolvida pelo estilista carioca André
Namitala, com um espaço recéminaugurado nos Jardins. A marca integra o time de Novos Talentos da plataforma Veste Rio e encantou os
críticos de moda da São Paulo Fashion Week pela leveza, pelo caimento e pela diversidade de cores das peças feitas em sua maioria de linho. O projeto do espaço, com pegada clean e moderna, é assinado pelo Estúdio Chão. O clima acolhedor
fica por conta do barzinho, que serve cafés e drinks aos clientes. O endereço da primeira unidade da marca é em Ipanema, no Rio. Além das duas lojas físicas, a Handred conta com um e-commerce. R. Dr. Melo Alves, 508.
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Quatro encontros coordenados pela cientista social Carla Cristina Garcia integram o curso “Introdução às Teorias Feministas Contemporâneas”, que ocorre entre os dias 1o e 29/9, no centro cultural b_arco. O debate é fomentado pelas dissidências do movimento surgidas nos últimos
40 anos. Outro aspecto abordado é como o movimento feminista pode se unir para combater inimigos comuns como o patriarcado, o sistema econômico e as tradições culturais. R. Dr. Virgílio de Carvalho Pinto, 426.
Coração Azedo, de Jenny Zhang Eleito um dos melhores livros de 2017 pela “The New Yorker”, apresenta contos que abor dam temas como família, sexualidade e gênero.
Bloom, de Troye Sivan O artista pop traz temas amorosos queer à tona de modo sutil e dançante. “Bloom”, singlechefe do novo álbum, mostra a potência de um trabalho que vem animado e poderoso.
Uma destilaria, oito alambiques, nove botânicos e três destiladores especializados produzem o sabor especial do gim mais premiado do mundo. A cultura e a energia de Londres traduzidas em uma única bebida.
TEXTO: DÉBORA STEVAUX | FOTOS: DIVULGAÇÃO; [A] HENRIQUE ALQUALO; [B] PEDRO LORETO; [C] LUCIA LOEB; [D] VIVI BACCO/ELLE BRASIL; [E] INGRID BRANDÃO; [F] RAFAEL ROCHA; [G] FRANCO AMENDOLA; [H] PEDRO H LADEIRA; [I] BIANCA PIANTA
O que não vai faltar é MPB na capital paulista durante em setembro. Logo no início do mês, nos dias 1 e 2, a cidade recebe o
Setembro musical
AGENDA CULTURAL (SÃO PAULO)
Pavilhão do afeto
ARTE — 33ª Bienal de Arte aborda afinidades afetivas O Pavilhão Ciccillo Matarazzo recebe, de 7/9 a 9/12, a 33ª edição da Bienal de Arte de São Paulo. Para esta edição, o curador geral espanhol Gabriel Pérez-Barreiro se inspirou nas obras do escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe e do crítico de arte
brasileiro Mário Pedrosa para criar o título: “Afinidades Afetivas”. Em vez de dar um direcionamento temático, a frase norteou o modo de organizar a exposição, que se baseou em vínculos e afinidades artísticas e culturais entre os autores envolvidos. Por isso,
sete artistas foram convidados para criar projetos expositivos. Entre eles estão Waltercio Caldas, Sofia Borges e Wura-Natasha Ogunji. E tem mais: o evento conta também com exposições individuais de Aníbal López, Denise Milan, Feliciano Centurión, Luiza Crosman e outros. Av. Pedro Álvares Cabral, s/n.
turn the music on
by Edgar
— O multiartista paulistano acaba de lançar seu quarto disco, “Ultrassom”, mistura de rap com eletrônico. Ele lista cinco músicas que simbolizam a luta por direitos sociais no Brasil.
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MARIA DA VILA MATILDE — Douglas Germano
A grande espera
TEATRO — Antunes Filho
reconstrói peça de Lagarce
Geleia geral
SHOW — Rogério Duprat imortalizado À esquerda da capa do disco-manifesto “Tropicália ou Panis et Circensis”, Rogério Duprat segura um penico como se fosse uma xícara de chá. O maestro carioca é um dos criadores do Tropicalismo, que inundou a MPB
À moda italiana
CINEMA — Sophia Loren celebrada em mostra O Festival de Cinema Italiano chega à sua 13ª edição na capital paulista homenageando Sophia Loren. Lenda viva da sétima arte, a atriz italiana — vencedora de três Oscars — será celebrada com a exibição de clássicos como “Matrimônio à Italiana”, de Vittorio De Sica, e “Um Dia Muito Especial”, de Ettore Escola, de 17 a 22/9, no MIS.
nos anos 60. E para homenageálo, o Sesc Pompeia apresenta o espetáculo “Professor Duprat — Maestro da Invenção”, com uma constelação musical. Nos dias 6 e 7/9, Tim Bernardes, Curumin, Luiza Lian, Jaloo, Maria Beraldo, Mariá Portugal e Tiê se reúnem para reviver clássicos tropicalistas. Ingressos custam de R$ 9 a R$ 30. R. Clélia, 93.
Há seis décadas na ativa, o diretor paulistano Antunes Filho encara um novo desafio: adaptar o texto “Eu Estava em Minha Casa e Esperava que a Chuva Chegasse”, do francês Jean-Luc Lagarce, para uma narrativa atemporal. Fernanda Gonçalves, Daniela Fernandes, Viviane Monteiro, Susan Damasceno e Rafaela Cassol encarnam cinco mulheres sem
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nome que aguardam o retorno do irmão — único homem da casa — que partiu após se desentender com o pai. No entanto, a grande protagonista da peça, segundo o próprio diretor, é a palavra. Em cartaz no Sesc Consolação, de 21/9 a 16/12, às sextas, sábados, domingos e feriados. Ingressos a partir de R$ 12. R. Dr. Vila Nova, 245.
“Essa música escancarou o dia a dia de muitas mulheres e seus hematomas.”
VENVIADESCER — Linn da Quebrada
“Destruiu armários que impedem gays de entrarem no estado de crisálida e tirou muitos homens padronizados de sua zona de conforto.”
GASOLINA — Teto Preto
“Sintetiza o marco histórico da greve dos caminhoneiros, que criou uma paralisação nacional da reposição de itens sagrados do nosso cotidiano.”
RIOS, PONTES & OVERDRIVES — Chico Science & Nação Zumbi
O evento conta também com uma mostra de 16 longas de cineastas contemporâneos. Entre eles estão “O Dublê”, comédia da diretora estreante Rä di Martino selecionada pelo Festival de Veneza de 2017, e o drama “Onde Nunca Habitei”, de Paolo Franchi. As sessões ocorrem entre 27/9 e 3/10 em diversos cinemas da cidade. Além disso, a programação prevê a projeção de um dos filmes, seguido de debate, na Fiesp, no dia 22/9. @festivaldecine maitaliano
“Quando ouço, enxergo o trágico crime ambiental em Mariana (MG), transformando tudo em imensas esculturas de lodo e lama.”
EXU NAS ESCOLAS — Elza Soares
“Reafirma a questão: o Brasil é realmente um país laico? Estamos rodeados de influências e medos praguejados por religiosos com posicionamentos políticos.”
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Vocalista e compositora,
Salma Jô
acaba de lançar “Tônus”, terceiro álbum da goiana Carne Doce.
[I]
Qual é o fio condutor desse novo álbum? Com o passar do tempo e conforme podemos observar com mais distância, vejo que há temas em comum nas músicas, como insegurança, construção e desconstrução de um ideal, carência e impotência. Como você trabalha as tensões sexuais na sua obra? Corpo e sensualidade são comuns nas minhas letras desde o primeiro disco, mas não são o principal assunto. Na hora de escrever, procuro coisas que me emocionam e que podem emocionar outras pessoas. Você acha importante artistas se posicionarem politicamente? Admiro muitos artistas que fazem isso bem e alguns que nunca tentaram. Se manifestar politicamente através da música é algo que exige competência. Forçar a inspiração nem sempre funciona.
Mais do que ondas sonoras. Música é uma experiência completa, para ser sentida e cantada a plenos pulmões. Junto com Heineken, buscamos projetos e pessoas que vivem a música de um jeito especial. #LiveYourMusic
AGENDA CULTURAL (BRASIL) RIO DE JANEIRO
Borbulhas criativas
Sobre o saber
sarau na Casa Borbulhante
especialistas se reúnem no Rio
PALESTRA — 41
Paladar coletivo
BAR — CoLAB reúne diversos sabores Uma cafeteria com torrefação própria, um bar com comi-
[A]
de artes integradas reúne músicos, poetas e outros artistas. Os ingressos custam R$ 10 até as 19h. A primeira edição, em julho, reuniu 14 pocket shows,
das e drinks selecionados, uma cozinha colaborativa, uma microcervejaria artesanal e uma central de distribuição e logística. Essa mistura de sabores é a essência do CoLAB — bar, restaurante e café
entre eles as cantoras Letícia Garcia e Nath Rodrigues, além de várias performances com leitura de poesias. Est. da Barra da Tijuca, 1990.
Repensar o papel político da educação no Brasil em crise de identidade é a missão do Seminário Educa-
Marina moderna ARTE — 80
galerias reunidas
Um dos cartõespostais mais tradicionais do Rio, a Marina da Glória recebe a oitava edição da ArtRio, de 26 a 30/9. A feira de arte internacional reúne 80 galerias do país e do mundo. Quadros e instalações de mestres e novos artistas levam ainda mais cor para a Baía de Guanabara. Av. Infante Dom Henrique, s/n.
que abriu perto do Aterro do Flamengo. O Mate da Casa, com chá, xarope artesanal de capim-limão, suco de limão e rum, é o carrochefe do bar. R. Fernandes Guimarães, 66.
PORTO ALEGRE
Let's dance!
FESTA — JAM
club agita a noite de POA
Em agosto, o JAM club inaugurou sua pista de dança no bairro Cidade Baixa, um dos endereços
mais movimentados na noite de Porto Alegre. A ideia audaciosa é se tornar ponto de referência para a criação e difusão da cultura da música eletrônica no sul do país. O projeto possui direção artística de Gabriel Bernardo (o GB)
iluminação da Modular, projeto acústico por GafaMax e instalações artísticas com curadoria de Eduardo Guspe. O preço da entrada antecipada para as festas custa a partir de R$ 25. Av. Venâncio Aires, 240.
Travessia de força
[B]
SHOW — Milton provoca pelo teor político
Elis imortalizada
TEATRO — Peça revisita a força
poética da Pimentinha
Uma hora e vinte de imersão na potência inflamada da Pimentinha, como Elis Regina era conhecida. A proposta da peça "Das Tripas Sentimento" é resgatar todas as emoções da cantora através do universo poético de suas músicas.
Serão seis datas: de 21 a 23/9 e de 28 a 30/9, na Casa Cultural Tony Petzhold. A direção artística e coreográfica é assinada por June Machado, em uma produção majoritariamente feminina. Av. Cristóvão Colombo, 400.
Uma reflexão sobre o delicado cenário político atual no Brasil define a turnê "Semente da Terra", da nova fase de Milton Nascimento. Não por acaso, esse foi o nome dado a Bituca por lideranças espirituais da tribo GuaraniKaiowá. No dia 28/9, o cantor interpreta para o público gaúcho sucessos de dois
de seus maiores dis-cos: "Travessia" e "Clube da
Esquina". O show acontece no Auditório Vianna.
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Ingressos antecipados custam a partir
de R$ 40. Av. Osvaldo Aranha, 685.
Burger lovers
COMIDA — Sabor artesanal para todos os gostos O The Chefs inaugura sua terceira franquia em Porto Alegre. A hamburgueria abre as portas em um dos pontos mais disputados da Carlos Gomes. São oito tipos de hambúrguer, e os vegetarianos também estão convidado: duas opções não levam carne. O pão é feito no restaurante e o queijo é colonial, vindo de produtores locais. Av. Carlos Gomes, 400.
[C]
TEXTO: DÉBORA STEVAUX | FOTOS: DVULGAÇÃO; [A] RENNO CARVALHO; [B] PEDRO DAVID; [C] FELIPE GAIESKI; [D] FERNANDO GALASSI; [E] RAFAEL SANDIM; [F] BRUNA BRANDÃO; [G] UNDERLIGHT; [H] ANA WANDER BASTOS/DIVULGAÇÃO; [I] ADELOYEÁ MAGNINI
ARTE — Segundo
Um espaço para fazer ebulir o talento da cena independente carioca. No dia 15/9, a Casa Borbulhante recebe a segunda edição do Sarau Coletivo Borbulhante. Realizado em parceria com o projeto Sarau Coletivo, o festival
ção e Resistência. Os debates acontecem de 19 a 22/9, na Escola Oga Mitá. O evento reúne 41 expoentes do assunto, entre eles Conceição Evaristo, Djamila Ribeiro e Lydia Hortélio. Marielle Franco será homenageada. R. Conde de Bonfim, 1305.
AGENDA CULTURAL (BRASIL) BELO HORIZONTE
Mudanças em pauta
Brasil em cena
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FESTIVAL — Carne Doce e LULI
fecham o IDEA em Pauta
Em cinco edições, o festival IDEA em Pauta se norteou por temas urgentes e que fazem parte do nosso dia a dia. A última edição do evento, organizado pelo IDEA Casa de Cultura e pela Agência Retalho, acontece no dia 21. A pauta do debate é instigante e atual: cyberfeminismo. O evento será realizado no IDEA. Em seguida, a casa A Autêntica recebe
um show da multiartista mineira LULI, que estreou em 2017 com seu primeiro álbum, "Deserto", produzido por Nobat e Leonardo Marques. Quem encerra a noite é a banda goiana Carne Doce, que acaba de lançar "Tônus", seu segundo disco. Ingressos custam a partir de R$ 20. R. Bernardo Guimarães, 1200 e R. Alagoas, 1172.
TEATRO — 19ª
edição do Cenas Curtas
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Frescor boêmio
LOJA — Vendinha
pop up e bar na Sapucaí
A Casa Sapucaí abre as portas em setembro para um novo projeto da Perestroika BH. Uma loja pop up que reúne 18 marcas,
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A edição deste ano do Festival Cenas Curtas reúne vários sotaques. A seleção dos projetos inclui representantes de
Minas Gerais, Bahia, São Paulo, Rio, Paraná e Santa Catarina. Serão 16 peças de palco e três de rua, encenadas na capital mineira e em outros estados. As apresentações abordam diversos temas, como negritude, gênero e direitos humanos. @galpaocinehorto
entre elas Nephew, Tropika e Molett, vai funcionar no prédio histórico durante três meses. O local possui ainda dois bares e comidinhas assinadas pelo restaurante Anexo Jardim. Ótima oportunidade de comer bem e fazer compras. R. Sapucaí, 303.
Strike a pose
FESTA — Três
dias de BH Vogue Fever
Dançar também é uma forma de resistir. E resistência é o que norteia o festival BH Vogue Fever, organizado pelo trio Lipstick.
O evento ocorre entre os dias 6 e 8/9. Serão cinco oficinas, uma delas com a presença da atriz nova-iorquina Precious Ebony,
capital baiana. Foi ali, em uma igreja católica construída no século 18, que se instalou o primeiro registro de candomblé da nação ketu. Depois de ter sido quase completamente destruído por um incêndio em 1984, o templo foi res-
taurado e reaberto em 1991. O local recebe, até 8/9, o Festival Internacional Latino-Americano de Teatro da Bahia (Filte). Logo após, a tragédia "grecobaiana" "Medeia Negra" entra em cartaz de 13 a 23/9. R. do Couro, s/n.
além de um seminário e uma festa com 11 performances. A entrada custa R$ 20. Av. Tereza Cristina, 537.
BRASIL BRASÍLIA
MANAUS
Tela brasiliense
Todo brasileiro
CINEMA — A vez delas no circuito
nacional do Festival de Brasília Grande tela da cultura brasiliense, o 51º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro ocorre de 14 a 23/9, no Cine Brasília. Este ano, o evento conta com protagonismo feminino na direção. Dos 21 filmes escolhidos para a Mostra Competitiva, entre longas
e curtas, 14 são assinados por mulheres. Entre os destaques está o premiado "Bixa Travesty", sobre Linn da Quebrada. A edição também engloba o Festival Universitário do Cinema de Brasília. Asa Sul Entrequadra Sul, 106/107.
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SHOW — Silva se apresenta em solo manauara RECIFE
Alceu orquestral
SHOW — Cantor
visita sua terra amada
Alceu Valença está em turnê nacional, mas aproveita para dar um pulo em casa. No dia 29/9, o cantor se apresenta no Teatro Gurarapes, em Recife. O show “Valencianas” inclui, é claro, sucessos como "Anunciação" e "La Belle de Jour". Na apresentação, ele é acompanhado pela Orquestra Ouro Preto. Ingressos a partir de R$ 160. Av. Prof. Andrade Bezerra, s/n.
O capixaba Silva faz jus ao nome do seu sétimo disco, "Brasileiro". Em nova turnê, o artista traça caminhos pela música popular ao lado de Lucas Arruda e Hugo Coutinho. Silva se apresenta no Teatro Manauara, no dia 14/9. Ingressos a partir de R$ 60. Av. Mário Ypiranga, 1300.
SALVADOR
Saudações aos orixás TEATRO — Berço
do candomblé na Bahia
O Espaço Cultural da Barroquinha é sinônimo de resistência negra na
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#PodeVir — Essas são as duas palavras em que TNT Energy Drink acredita para resumir o poder da resistência. Todo mês, um lugar no Brasil que traduza toda energia necessária para continuar lutando.
MECA
WGSN
De dentro para fora
Primeiro passo
TENDÊNCIA & COMPORTAMENTO — Para os Localtivistas, um novo perfil comportamental mapeado pela WGSN, consumir local e conscientemente é um ato político pulsante para construir um mundo melhor e mais justo
Mulher deste ano, quando milhões de mulheres, de todas as idades, participaram de protestos organizados pela Marcha Mundial das Mulheres em 50 países. O fator inédito é a junção das gerações mais novas, que se engajam civicamente por meio da tecnologia, com as gerações veteranas. Unidas, elas começaram (ou voltaram) a praticar o “ativismo analógico”, transpondo barreiras etárias, locais e virtuais em um só corpo coletivo. “Se o ativismo de sofá bastasse, não passaríamos por situações de perdas de direitos como passamos em níveis local e mundial”, destaca Arruda. “A tecnologia se mostrou insuficiente para dar conta das nossas lutas.” Para os Localtivistas, petições online e textões são insuficientes para a conquista de mudanças efetivas. Mas mudar nossa forma de consumir pode fazer toda a diferença.
1. Mãos Ateliê
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[A]
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1 - Extração de látex , principal matéria-prima da PAIMM 2 - Camila Pinheiro, do Mãos Ateliê, em uma aldeia Yawanawá 3 e 4 - A marca House of Aama valoriza a identidade cultural negra americana por meio de tecidos e cores que remetem à África
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A marca tem como propósito cocriar com comunidades artesãs brasileiras, unindo mulheres de norte a sul. A venda das peças é feita seguindo as práticas do comércio justo, em que o lucro é revertido para financiar as comunidades e fomentar diversas ações locais. maos.art.br 2. Proudly South African Criada em 2017, a campanha incentiva o comércio local na África do Sul. Com uma edição anual que acontece em Joanesburgo, o evento busca dar apoio financeiro e educacional para empreendedores. proudlysa.co.za
3. PAIMM
A marca nasceu em 2016, no meio da Floresta Amazônica. Criada por Manoela Paim, investe no trabalho de comunidades seringueiras locais por meio da confecção de roupas com borracha, tecidos orgânicos e garrafas pet com uma pegada fashion. paimm.com.br 4. House of Aama Criada em 2013 por Akua Shabaka e sua mãe Rebecca Henry, a marca de roupas resgata a identidade cultural negra do sul dos Estados Unidos. A primeira coleção foi feita com tecidos vindos direto do Quênia. houseofaama.com
Como a WGSN identifica tendências?
MECA + WGSN
Com 14 escritórios espalhados ao redor do mundo e clientes em 86 países, a líder mundial em pesquisa de tendências aposta na mistura de intuição, experiência e dados concretos para mapear padrões de comportamento em ascensão global. De aspectos geopolíticos a subculturas locais, de artistas de vanguarda a influenciadores digitais, diversas fontes e fatores alimentam a análise diária de um time de especialistas de múltiplas formações. wgns.com.br
Em parceria com a consultoria internacional WGSN, o MECA analisa as principais tendências de comportamento e consumo atuais. O resultado você confere no MECAJournal e em talks realizados no MECASpot. Nesta edição, apresentamos os Localtivistas — um dos perfis de consumidores em ascensão global. O tema será discutido no dia 4/9, às 19h30, no MECASpot (Rua Artur de Azevedo, 499). Acompanhe nossa agenda em @mecalovemeca
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TEXTO: DÉBORA STEVAUX | FOTOS: DIVULGAÇÃO; [A] BRANDON STANCIELL; [C] AMBER MAHONEY
O ativismo local tem o poder de mudar o mundo? Os Localtivistas acreditam que sim. Destacado pelo bureau de pesquisa de tendências WGSN no report “O Consumidor do Futuro 2020”, esse perfil comportamental é formado por pessoas de diferentes idades e nacionalidades que querem construir um mundo melhor por meio de escolhas e ações dentro de suas próprias comunidades. O grupo, que deve pautar o mercado a partir da próxima década, aposta no consumo consciente e local como forma de fazer política. Por isso, um Localtivista prefere, por exemplo, se vestir com roupas de marcas regionais, em vez de redes de fast-fashion internacional. Ou comprar alimentos em feiras de produtores locais em vez de grandes supermercados. “É um grupo que prioriza a própria comunidade e sua consciência”, afirma Luiz Arruda, diretor da consultoria WGSN Mindset. “E a definição de local é relativa: pode ser a de um país versus o mundo, de um estado versus um país. É sempre uma questão de priorizar um local menor. De manter o conteúdo, a cultura e o dinheiro dentro dessas comunidades e garantir a vitalidade desse ciclo.” Na África do Sul, por exemplo, o movimento “Be Local-Buy Local” ganhou força ao apoiar empreendedores locais e celebrar as tradições africanas. Fomentar o comércio local se torna uma maneira de revisitar a própria história e fortalecer vínculos. “É dessa forma que você garante a sobrevivência de um repertório, de uma identidade. Não deixa de ser uma ação de resistência”, destaca Luiz. Os Localtivistas também dão preferência a marcas sustentáveis e conscientes. O estudo “Millennial CSR”, da consultoria Cone, apontou que nove em cada dez millennials substituiriam sua marca favorita por qualquer outra associada a causas nas quais eles acreditam — reforçando a valorização de empresas locais em detrimento de multinacionais. De acordo com a WGSN, investir dinheiro em iniciativas locais também reflete a descrença dos Localtivistas na capacidade de países e governos lidarem com questões sociais. Para eles, o ideal é que cidades e áreas metropolitanas tracem seus próprios destinos e contribuam de maneira ativa no processo evolutivo. E tem mais: os Localtivistas estão redescobrindo as ruas. Exemplo disso é o que aconteceu no Dia Internacional da
4 iniciativas alinhadas com a proposta dos Localtivistas no Brasil e no mundo:
PONTO DE VISTA
“NÃO PODEMOS SER LUDIBRIADOS PELA MANIPULAÇÃO DE DADOS” — Alê Youssef
partir de ferramentas de propriedade de megacorporações, com fins lucrativos. Praticamente a totalidade das hashtags mobilizadoras e dos memes políticos está inserida em grandes plataformas privadas. Isso mostra uma distorção da natureza da ação política que, obviamente, é pública. Política é algo que tem que acontecer em praça pública. Como você avalia o papel da política tradicional? Acredito demais na necessidade da luta institucional. Não existe um transformação mais contundente do que a política sendo feita por dentro, quando disputamos os espaços de poder. Eu acho muito interessante o ativismo cultural como uma maneira de pautar questões da esfera pública. Mas é fundamental que movimentos cívicos consigam levar pessoas para dentro da política institucional. Como as redes sociais podem influenciar essas eleições? Acredito que duas redes sociais vão impactar bastante. Por ser uma ferramenta baseada em imagens, o Instagram vai ser um espaço muito virtuoso para os memes se proliferarem. E o WhatsApp já demonstrou, pela própria natureza de grupos fechados, uma dificuldade no controle de fake news. O interessante é que tanto Instagram quanto WhatsApp pertencem à mesma empresa: o Facebook. A internet já assumiu a relevância da televisão no processo político? Não acho que as redes sociais vão se sobrepor à mídia tradicional nessas eleições. Cem milhões de brasileiros estão fora delas. A televisão ainda é fundamental no jogo político. Tanto que tudo sempre se resume a quantos partidos você vai colocar na sua coligação para garantir o maior tempo possível de TV. Há uma parcela gigantesca da população — especialmente quando você considera que 40% ou mais se declaram indecisos — que vai ser influenciada pela massacrante propaganda de TV.
o poder na ponta dos dedos
TEXTO: HELDER FERREIRA | FOTO: JORGE BISPO
Produtor cultural e ativista, Alê Youssef compartilha seus pensamentos sobre o impacto das redes sociais na política e no cenário eleitoral brasileiro
Resiliência é a aposta de Alê Youssef para enfrentar o atual cenário político brasileiro em ano de eleições presidenciais. Para o produtor cultural e ativista paulistano, é preciso aproveitar o momento de insatisfação com a democracia representantiva e construir um debate mais qualificado. “Temos que lutar, esclarecer, buscar informação e divulgá-la nos meios em que vivemos.” Em conversa com Helder Ferreira, o diretor da Acadêmicos do Baixo Augusta fala sobre as transformações provocadas pelas redes sociais nas formas de fazer política. O assunto foi analisado por ele em “Novo Poder: Democracia e Tecnologia”, dissertação de mestrado em filosofia pela UFRJ, lançada em livro pela Editora Letramento.
O que você classifica como “Novo Poder”? Esse “novo poder” surge na interrelação entre a crise da democracia representativa e a revolução tecnológica. As novas tecnologias podem servir tanto para qualificar a democracia representativa, gerando instrumentos de participação popular, como podem ameaçá-la. Temos, por exemplo, experiências relacionadas a notícias falsas e ao uso de algoritmos que podem tentar influenciar seu voto.
sempre influenciaram a política a partir de seus próprios interesses. Por isso é tão importante criarmos canais de luta e de análise crítica. Qual é a importância de uma internet livre? Precisamos zelar pela liberdade na internet assim como precisamos zelar pela liberdade de um modo geral. Temos que zelar para não sermos ludibriados por fake news e pela manipulação de dados. Devemos estar cientes dessas ameaças e fazer uma cruzada pelo direito à liberdade de expressão e atuação, mas também pela qualidade das notícias.
Como você vê o papel de megacorporações como Google e Facebook? São elas que detêm a propriedade das redes sociais e podem cumprir um papel de “oligarquias tecnológicas”. Faço um paralelo com as oligarquias tradicionais, que
A internet é um espaço ideal para fazermos política? Não vamos conseguir transformar efetivamente a sociedade a
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Como você analisa o debate político atual? Tudo começa pela qualidade e pelo aprofundamento das discussões, que ficam muito rasas nos debates tradicionais da TV. As regras são muito engessadas. Por exemplo, nas questões sobre segurança pública, temos uma discussão rasa. Fala-se em armar a população ou melhorar a polícia, mas não entramos em assuntos importantes como a desmilitarização, a política de drogas, o encarceramento e genocídio da população negra. O que podemos fazer para enriquecer o debate? Temos que aproveitar esse momento de incertezas. Não para fugirmos da política, mas para chegarmos a um debate qualificado e produtivo. Temos os argumentos de que o país não vai bem, que as políticas públicas falharam, que a política que conhecemos hoje é corrupta. A partir desse descontentamento, com resiliência, temos de continuar fazendo movimentos cívicos e organizados, para gerarmos uma massa crítica necessária para a criação de um futuro diferente.
MECAINTRO
dois meses, dois artistas Em agosto, Artur Slama preencheu o MECASpot com rostos multicoloridos. Em setembro, será a vez de Wagner Olino ocupar o espaço expositivo com seus personagens que parecem vindos de desenhos animados
Artur Slama Em agosto, o projeto MECAIntro apresentou o trabalho do artista paulistano Artur Slama, 29. Composta de pinturas, desenhos e uma instalação site specific — com um mural, um grande boneco de retalhos e nove bonequinhos escondidos pela galeria —, a exposição esteve em cartaz de 5/8 a 2/9. A obra de Artur é, ao mesmo tempo, fascinante e perturbadora. Linhas podem formar estruturas abstratas e complexas. Universos visíveis e invisíveis parecem representados em seus desenhos labirínticos. Na pintura, visceral e pulsante, a tinta é carne e os atores das composições ganham o peso da vida. @arturslama
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1 2 1. Artur Slama produzindo mural exclusivo no MECASpot
2. Detalhe de obra sem título, Wagner Olino, 2018 Marcador permanente e caneta hidrográfica sobre papel.
MECAIntro Wagner Olino De 9 a 30 de setembro R. Artur de Azevedo, 499, São Paulo Visitação: sábado e domingo, das 11h às 20h
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A partir do dia 9/9, o paulistano Wagner Olino realiza sua primeira exposição individual da carreira no MECAIntro. Entre desenhos, pinturas, colagens e uma instalação, ele apresenta obras que remetem a um universo ao mesmo tempo sombrio, lúdico e abstrato. Representante do movimento estético Mutant Pop, Wagner derrete, recorta e sobrepõe personagens que parecem saídos de desenhos animados. O maior trabalho em escala da exposição é um objeto em arco que vai do chão ao teto da galeria. Formado por carinhas tristes e felizes alternadas, esse arco-íris bipolar é contornado por LEDs multicoloridos, em um acabamento industrial que contrasta com as linhas orgânicas das demais obras. @wagner_olino
TEXTO: LUCAS PEXÃO | FOTOS: DIVULGAÇÃO; [A] LUISA DANTAS
Wagner Olino
MECA
CONTAGIOUS
prateleira política
TEXTO: FELIPE SEFFRIN | FOTOS: DIVULGAÇÃO
TENDÊNCIA & CRIATIVIDADE — Foi-se o tempo em que as marcas podiam se eximir de qualquer opinião política. A Contagious Communications, consultoria inglesa de inteligência e inovação, analisa nesta edição a delicada relação entre marketing e questões sociais
Em um mundo em que discussões sobre temas sociais ganham cada vez mais repercussão, o poder do consumidor extrapolou as redes e passou a impactar financeiramente empresas que decidem se manifestar por determinadas causas e até as que preferem manter certa neutralidade. Cada vez mais, marcas são atores políticos, avalia a consultoria de insight e inteligência de comunicação Contagious. A consultoria destaca que ao buscar vantagens comerciais usando o conceito de “fazer o bem”, as marcas estimularam consumidores a esperar por muito mais. Como diz o presidente executivo da Kantar Futures, J. Walker Smith, citado no estudo da Contagious, “política e lifestyle não podem mais ser tratados de forma separada”. Consumidores, especialmente os mais jovens, estão exigindo que as marcas sejam transparentes em relação às suas crenças e ajam de acordo com elas. O impacto é real: uma pesquisa global da Edelman em 2017 mostrou que 57% dos consumidores apoiarão ou boicotarão uma marca com base em suas posições políticas ou sociais. Latia Curry, diretora da agência de comunicação Rally, aconselha companhias sobre questões políticas. Para Curry, ficar em silêncio é ver as outras marcas ultrapassarem você e perder a oportunidade de impactar seu públicoalvo. Mas, primeiro, é preferível entender por que se envolver, em vez de querer consertar o mundo. Ela cita uma campanhas da Starbucks nos Estados Unidos, criticada ao propor discussões vagas sobre temas como igualdade racial. Além de um cuidado redobrado na forma e no conteúdo, é bom evitar que a política partidária conduza a discussão. O ideal é se pautar por questões como o impacto que a empresa e seus produtos têm no mundo. “Se uma empresa vai assumir uma postura, deve olhar para ela do ponto de vista dos problemas que importam para a própria empresa e para o seu público”, recomenda Curry. Um bom exemplo é a marca de roupas Patagonia, símbolo de sustentabilidade: suas campanhas por causas ambientais são interpretadas como autênticas, e não como simples ações de marketing. Ser verdadeiro, proativo e entender os problemas abordados é o caminho ideal. “A tendência é a criação de um ‘nicho mundial de marcas’, formado por aquelas que empreendem iniciativas de responsabilidade social e corporativa.” Essa prática tem um impacto real na relação com os clientes, no faturamento e, em maior ou menor escala, na construção de um mundo melhor.
Escala de engajamento A consultoria americana de estratégias de comunicação Rally usa exemplos recentes para mapear novas tendências e traçar estratégias de mercado. Entre as marcas que já se alinharam a questões políticas e sociais, há vários níveis de comprometimento. A escala vai de empresas que abordam assuntos sem relação com o negócio da marca até companhias que são reconhecidas na defesa de questões sociais.
“Testing the water” (Testando a Água)
É quando marcas executam uma única ação que expressa um ponto de vista sobre questões políticas. Em geral, essas empresas não têm um histórico em relação ao problema em questão e estão apenas vendo o que acontece — mas o impacto pode ser grande. O desafio é acertar o tom.
Um exemplo que deu certo: Burger King
Apesar de vender hambúrgueres, a empresa já falou de bullying e até sobre a proposta de neutralidade da internet nos Estados Unidos. As campanhas traduziram questões complexas em uma linguagem didática. No caso do bullying, a analogia em um vídeo foi com um lanche amassado: os clientes reclamavam do hambúrguer, mas ignoravam um ato de bullying encenado por atores mirins no restaurante. “Eles não têm nenhuma associação com os problemas em que estão tocando, mas demonstram uma fluência real e um forte sentimento em torno deles.”
“Owning your position” (Ganhando posições)
O próximo nível de engajamento é verificado quando a marca desenvolve uma série de ações para firmar sua posição junto ao mercado e ao público, assumindo todos os riscos envolvidos. Nesse caso, há mais consistência e maior profundidade de conhecimento.
Um exemplo que deu certo: Lyft
Concorrente da Uber nos Estados Unidos, a empresa de transporte compartilhado Lyft desenvolveu várias ações para marcar território. Quando Donald Trump proibiu a entrada de muçulmanos no país mesmo com passaporte, a Lyft anunciou uma doação anual de US$ 1 milhão para o Sindicato Americano de Liberdades Civis e deu corridas grátis para quem fosse aos protestos da “March for Our Lives”. A Uber ficou quieta e foi ultrapassada em downloads pela rival. “Isso não é apenas colocar uma ação por aí e cruzar os dedos, é colocar sua cara nela e reivindicá-la.”
“Walking the walk” (Seguindo seu caminho)
O engajamento é real quando uma marca sabe por que está lutando por algo e quando essa empresa de fato representa, em algum nível, os princípios dessa questão. Se eles lutam por diversidade no mundo, por exemplo, são mesmo diversos. Não se trata apenas de gerar lucro.
Um exemplo que deu certo: Patagonia
Símbolo de sustentabilidade, a marca de roupas defende que produtos podem ser usados por anos, e por isso fabrica itens duráveis. Também promove a reciclagem de peças e destina parte de sua receita para instituições ambientais. Quando Donald Trump diminuiu reservas ecológicas, a empresa se manifestou de forma contrária, e isso não foi visto como algo repentino e interesseiro. “A Patagonia tem clientes que só compram Patagonia, por ser uma empresa que compartilha suas crenças. E isso é realmente poderoso para a estabilidade de uma marca.”
CONTAGIOUS
MECA + CONTAGIOUS
Há mais de 15 anos, a consultoria de insight e inteligência de comunicação Contagious analisa como marcas, agências, empresas de mídia e startups incorporam as mudanças do mercado. Com escritórios em Londres, Nova York, Singapura e São Paulo, a empresa é um publisher global premiado e uma das consultorias especializadas em desenvolvimento estratégico e criativo mais respeitadas do mundo. Referência na criação de conteúdo e no estudo sobre tendências de mercado e inovação, trabalha para ajudar os negócios a responderem ao panorama de marketing por meio de inteligência, poder de transformação, inspiração e conhecimento. contagious.com
Em parceria com a Contagious Communications, o MECA antecipa as mais novas tendências de comunicação em prática no mercado internacional e já observadas no mercado nacional. O resultado você confere no MECAJournal e em talks realizados no MECASpot. Acompanhe nossa agenda em @mecalovemeca
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ESPECIAL MECABRENNAND
manguebeat para dançar
Na estrada há 24 anos, o Mundo Livre S/A provoca uma série de reflexões políticas ao mesmo tempo em que apresenta uma sonoridade múltipla e vibrante no novo trabalho, o álbum “A Dança dos Não Famosos” Poucas bandas conseguem manter um discurso de contestação permanente e uma sonoridade tão inventiva ao longo das décadas como o Mundo Livre S/A. Autor do manifesto “Caranguejos com Cérebro”, símbolo do manguebeat no início dos anos 90 em Pernambuco, o vocalista Fred Zero Quatro retoma a veia política em “A Dança dos Não Famosos” — primeiro disco de inéditas desde 2011. Além de letras ácidas sobre degradação ética e tirania corporativa, o novo trabalho esbanja versatilidade com uma pegada dançante, psicodélica e até um belo tributo a David Bowie. Em conversa com Felipe Seffrin, Fred analisa o papel político do Mundo Livre, uma das atrações do MECABrennand, que acontece dia 22/9, em Recife. Há muito tempo vocês colocam o dedo na ferida. Mas qual é o país que o Mundo Livre quer? Um país onde as diferenças regionais sejam superadas. Onde a expectativa de vida de quem nasce no Nordeste seja equiparada à de quem vive no Sudeste. A gente quer um país onde, independentemente de região, raça ou origem social, as oportunidades sejam as mesmas. Uma nação sem preconceito, sem luta de classes, sem complexo de vira-lata. Também falta a galera brincar mais na rua, resgatar tradições populares. O país precisa se redescobrir como um grande celeiro de identidades que podem conviver de forma positiva e harmônica.
“É A VELHA MÁXIMA DESDE O INÍCIO: INJETAR ENERGIA NA LAMA, NAS VEIAS DA CIDADE” — Fred Zero Quatro
Como podemos conquistar esse país? Acho que o voto é capaz de promover mudanças, sim. Mas precisamos passar por um entendimento de não se deixar levar por quem ocupa posições de poder e goza de altíssimos privilégios. Temos que acabar com essa história de poucas dezenas com a primazia de pintar e bordar o destino de milhões. Essa construção de consciência coletiva precisa ser despertada. Além disso, precisamos buscar mecanismos racionais, tecnológicos e não burocráticos para que questões políticas não fiquem reduzidas ao voto na urna.
Como você enxerga a cena alternativa brasileira? Temos bolhas, nichos e canais alternativos totalmente à margem da grande mídia, que são sustentáveis e têm um impacto real na vida das pessoas. Vejo que essa galera mais nova está começando a despertar. Eles estão buscando resgatar essa postura, essa atitude e esse papel quase que de válvula de escape que a cultura teve em vários momentos da história do Brasil.
O que você acha que o Chico Science estaria fazendo nos tempos atuais? Ele foi notório pelo carisma no palco, pelo brilhantismo dos versos, pela genialidade rítmica. Mas o Chico era, acima de tudo, um cara ativista, um cara com espírito militante. Ele não se conformava apenas em ter ideias, em bolar conceitos, imaginar formatos. Ele tinha que colocar em prática. Ele tinha que fazer acontecer — e fazia. Isso foi um grande ensinamento para mim. Eu acho que o Chico estaria à frente de muitas coisas, bolando grandes eventos, jun1 as pessoas e projetos em torno de tando um espírito coletivo, de contestação.
Além da veia contestadora, 0 novo disco traz uma mistura de sonoridades. Como vocês fazem para se reinventar? Por mais que o disco chame a atenção pelo engajamento, a gente concentrou muita energia no trabalho como um todo. Principalmente para não parecer mais do mesmo. Botamos na cabeça que não adiantava repetir o discurso do engajamento se o disco não oferecesse junto algo que confirmasse essa busca, essa nossa preocupação de inovar, criar linguagens que surpreendam, de mexer com o circuito. É a velha máxima desde o início: injetar energia na lama, nas veias da cidade.
Vem aí o MECABrennand! No dia 22 de setembro, o MECA chega pela primeira vez ao Nordeste. O festival acontece na Oficina Francisco Brennand, museu de arte a céu aberto em Recife, e reunirá grandes nomes da cena musical pernambucana e nacional, além de uma programação diurna com várias atrações. Ingressos em meca.love/mecabrennand.
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Duda Beat A pernambucana radicada no Rio fará seu primeiro show na terra natal. Em “Sinto Muito”, disco lançado este ano, Duda Beat mistura gêneros como pop, eletrônico, tecnobrega, rap e até bossa nova. @dudabeat
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Letrux Atriz, cantora e compositora, a carioca de 36 anos canta sobre os deleites e as desilusões do amor em seu primeiro álbum solo, o aclamado “Em Noite de Climão”, lançado em junho de 2017. @leticialetrux
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Lala K Primeira mulher a se estabelecer como DJ profissional na cena pernambucana, Lala K é movida pela pluralidade. Seus sets extrapolam os limites entre gêneros musicais: o importante é dançar. @djlalak
Windy City Classics Trio de DJs pernambucanos formado por Lucio Morais, Fatu e Thiago Gusman. Nasceu inspirado na cena house music de Chicago e já passou por grandes festivais. @ windycity classics_
TEXTO: FELIPE SEFFRIN | FOTOS: DIVULGAÇÃO; [A] CRISTIANO BIVAR; [B] CARMEN CAMPOS; [C] ANTONIO BRASILIANO; [D] MARIO CEZAR
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Mundo Livre S/A Letrux Duda Beat Windy City Classics Lala K MECABrennand 22 de setembro Oficina Cerâmica Francisco Brennand (PE)
*BEBA COM MODERAÇÃO
Mais informações e ingressos: www.meca.love @mecalovemeca
ESPECIAL CONSCIÊNCIA POLÍTICA
Muito além das urnas Como você pode fazer polítca? Em ano de disputas eleitorais, conheça pessoas que estão transformando a democracia brasileira, com amor e engajamento, por meio de iniciativas focadas em compartilhar conhecimento e na ação direta
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“NOSSO PODER TRANSFORMADOR É MAIOR QUANDO EMPODERADOS PELA POLÍTICA” — Evelyn Gomes
Fazer política vai muito além de defender seu candidato no grupo de WhatsApp da família, votar consciente ou até mesmo ir para as ruas—ainda que essas atitudes sejam muito importantes. Em ano de eleições, o debate polarizado entre partidos contribui pouco para o país e se torna um motivo a mais para o questionamento: como fazer mais? Além de cobrarmos respostas de Brasília, iniciativas individuais são o caminho possível para uma sociedade mais justa, igual e democrática. O poder de transformação começa no entendimento do real significado de democracia e passa pela nossa responsabilização individual para além do bipe das urnas. “Entender o que é democracia em todos os sentidos muda tudo: não só o que se referente a governos e políticos, mas o que é ser autoritário ou
democrático, participativo e colaborativo”, observa a empresária e pesquisadora ativista Carla Mayumi, 48 anos, hoje à frente da consultoria TalkInc. Em 2014, Carla coordenou a pesquisa “Sonho Brasileiro da Política”, desenvolvida pela agência de tendências Box1824, com o objetivo de mapear o que o jovem de 18 a 32 anos pensa da própria atuação política. A pesquisa com 1.400 participantes apontou que 45% se aproximariam da política se o processo fosse mais transparente. Mostrou que muitos apoiam causas como igualdade de gênero (74%) e meio ambiente (88%) e revelou que 16% dos entrevistados atuam em ONGs ou em novas formas de fazer política. De quatro anos para cá, muita coisa aconteceu. Percepções politizadas foram consolidadas e novas formas de ver
o mundo foram construídas. A sociedade está diante de uma nova geração com expectativas mais conscientes e consistentes. Mas se os dados de 2014 ainda apontam um distanciamento entre os jovens e a forma tradicional de fazer política, a solução é a mesma: através da ação é que vem a transformação. Ao conhecer uma juventude engajada, Carla decidiu impactar o mundo ao seu redor e se tornou uma ativista social. A atuação política veio a partir da criação e manutenção de múltiplos projetos, todos com a essência democrática e colaborativa. Ela se tornou co-organizadora da Virada Política, evento com financiamento coletivo que leva o debate sobre temas sociais para as ruas. Também ajudou a fundar a Bancada Ativista, movimento mobilizado em torno de candidatos ligados a causas
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ambientais, de mobilidade, de gênero e raciais. A eleição da vereadora Sâmia Bomfim, em 2014, e a candidatura coletiva de nove pessoas para deputado estadual em São Paulo, em 2018, são 1 exemplos de que o esforço produz resultados palpáveis. O mesmo impacto também pode ser identificado em outra iniciativa de Carla: o Fome de Política — série de jantares em que recebe amigos e conhecidos de diversas crenças e origens para debater por horas a fio. “As pessoas chegam inseguras, dizendo que nem sabem por que estão ali. Mas, no decorrer da noite, percebem que fazem escolhas políticas o tempo todo”, revela. O jantar foi um marco para desmitificar a política e já incentivou, por exemplo, um casal a realizar mutirões para melhorar as condições de uma escola.
TEXTO: FELIPE SEFFRIN E HELDER FERREIRA | FOTOS: DIVULGAÇÃO; [A] VINÍCIUS CORDEIRO
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ESPECIAL CONSCIÊNCIA POLÍTICA POLÍTICAS POSSÍVEIS Há muitas formas de fazer política. Algumas já estão estabelecidas e outras ainda podem ser criadas. O exercício político está, por exemplo, na promoção e participação de diálogos construtivos, no apoio e financiamento de causas em que acreditamos, na educação cidadã dos filhos e até dos pais. Está no consumo consciente, na tolerância e na valorização da diversidade. Pode estar no livro que você lê e no filme que você escolhe para assistir no cinema. Afinal, “todo coração é uma célula revolucionária” — frase do filme “Edukators”, de 2004, destacando que qualquer um pode ser protagonista da mudança. É a partir dessa motivação que Evelyn Gomes, diretora do LabHacker, desenvolve seu ativismo político ao apostar na difusão do conhecimento e do bom uso da tecnologia e da ética hacker. A alagoana de 31 anos desenvolve atividades em várias cidades como o “Cara-a-Cara”, colocando jovens frente a frente com vereadores para explicar quem são e o que os políticos pensam. O Laboratório Brasileiro de Cultura Digital liderado por ela também edita livros sobre política para o público infantil e promove oficinas sobre software livre e projetos de lei para auxiliar a população a protocolar solicitações na Câmara. “Uma vez, na cidade de Catas Alta da Noruega (MG), com 3 mil habitantes, crianças fizeram parte de uma oficina e levaram um projeto de lei em cartolina. A Câmara teve que aceitar, porque tinha validade”, recorda Evelyn. “Muita gente acha que é preciso estar de terno para acessar o universo político, mas só precisamos entender como o sistema funciona”, defende. “Quando estamos empoderados pela política, nosso poder de transformação social é muito maior.” Em São Paulo, sete amigos fundaram a Escola Comum, dedicada a criar jovens lideranças na periferia. A escola de governo é gratuita, em um complemento ao ensino médio, e oferece aulas semanais teóricas e práticas sobre temas como economia, política e direitos humanos a alunos de 14 a 19 anos. “A mudança no entendimento deles sobre democracia e pluralidade de ideias é evidente”, comemora o sociólogo paulistano Túlio Custódio, 33, um dos criadores da escola. Por meio de financiamento coletivo, a iniciativa aproxima jovens da periferia a voluntários como Raquel Rolnik, Márcia Tiburi e Djamila Ribeiro. “Queremos oferecer um repertório de referências que eles possam aplicar em seus bairros e áreas de atuação”, explica Túlio. “Isso faz a diferença na vivência de cada um em seus bairros e nos grupos dos quais eles fazem parte. É um ganho absurdo de qualidade de formação e vivência democrática”, conclui. Quanto maior for o compartilhamento de informações e a nossa consciência de responsabilidade na construção do país, melhor será o resultado. “Não adianta ser cool. Temos que ajudar a transformar o mundo”, conclui a pesquisadora Carla Mayumi.
INSIDER TIPS
Carlota Mingolla,
pesquisadora, empreendedora e ativista, indica 5 aplicativos para as eleições:
Guia do Voto Desenvolvido em parceria com o cientista político Humberto Dantas, o app explica o complexo processo eleitoral e o papel de cada cargo eletivo. guiadovoto. org.br
2 1 – Evelyn Gomes, diretora do LabHacker. “Precisamos aprender o código da política” 2 e 6 – A Escola Comum tem o objetivo de criar jovens lideranças nas periferias por meio de aulas sobre política e direitos humanos 3 – Carla Mayumi, pesquisadora ativista que desenvolve projetos com foco político 4 – Túlio Custódio, um dos fundadores da Escola Comum, em São Paulo 5 – Fome de Política: jantares e debates 7 – Atividade da Virada Política
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Bússola Eleitoral Plataforma para explorar candidaturas para deputado federal, estadual e distrital que se alinham com seus valores e prioridades. bussolaeleito ral.org
“NÃO ADIANTA SER COOL . TEMOS QUE A JUDAR A TRANSFORMAR O MUNDO” — Carla Mayumi
#TemMeuVoto Plataforma independente que usa dados do judiciário e ajuda a encontrar o candidato a cargos legislativos com quem você mais se identifica. temmeuvoto. com
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#Me Representa Ajuda a encontrar candidaturas comprometidas com temas como segurança, trabalho, saúde, educação, raça, gênero e meio ambiente. merepresenta. org.br
Politize! Oferece conteúdo multimídia sobre o sistema político brasileiro. Também inclui o app Politiquiz, que testa seus conhecimentos sobre política e cidadania. politize.com.br
COOL PEOPLE BEHIND COOL PROJECTS
a gestação do novo mundo Beatriz Pedreira, Caio Tendolini e Túlio Malaspina, cofundadores do Instituto Update, dedicam-se a entender o ecossistema latino-americano de políticas inovadoras Três cabeças em sintonia e uma causa em comum. Assim se formou o trio à frente do Instituto Update: a cientista social paulistana Beatriz Pedreira, 32 anos, o economista carioca Caio Tendolini, 34, e o consultor paulistano Túlio Malaspina, 31. “Nos conhecemos em 2014, quando o Caio trabalhava na plataforma de crowdfunding Catarse e eu na agência de pesquisa de tendências BOX1824”, lembra Beatriz. Ela participou da pesquisa “Sonho Brasileiro da Política”, sobre o panorama da primeira geração global de jovens brasileiros, de 18 a 32 anos. “Foi o que me catapultou nesse caminho.”
Criada em 2015, a empresa de inovação política na América Latina tem uma proposta inédita sobre as estruturas políticas: já mapeou 700 iniciativas de 21 países que integram o ecossistema de práticas políticas emergentes. O objetivo é potencializar boas experiências e construir uma sociedade mais justa, democrática, inclusiva e menos desigual. A necessidade de fazer algo a mais pelos projetos além de apenas catalogá-los mudou os planos do Update, que a princípio não tinha intenção de virar ONG. As ações do instituto incluem diagnosticar e sanar precariedades de projetos po-
líticos; possibilitar o surgimento de candidaturas menores e de responsabilidade social; aumentar a confiança de segmentos em crise de representatividade; e mudar regras que tornam pouco acessíveis os espaços políticos tradicionais. “É desafiador fazer estudos que não gerem apenas dados”, afirma Caio. Para eles, a política é uma ferramenta de transformação capaz de colocar respeito, redução das desigualdades sociais e um capitalismo mais sustentável em primeiro plano. “Quando nos vemos como América Latina, aprendemos a resolver nossos problemas ao nos identificar-
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mos como pares”, explica Beatriz. “Somos dos que não desistem da humanidade. É algo espiritual para nós.” Em setembro será lançada a segunda temporada da série “Política: Modo de Usar”, parceria do Instituto Update com a Maria Farinha Filmes e que vai ao ar na GloboNews. Se o fio condutor do primeiro ano foi o estudo “Emergência Política na América Latina”, a segunda temporada destaca projetos inovadores da sociedade civil nas periferias. O programa de conteúdo inspirador está bem alinhado com a proposta da organização. Caio se inspira em uma reflexão do escritor uruguaio Eduardo Galeano: “Existe um outro mundo na barriga deste, esperando. É um mundo diferente e de parto complicado. Não é fácil o nascimento, mas com certeza pulsa no mundo que estamos”. Os batimentos cardíacos desse novo mundo são medidos pelo aparelho radiográfico do Update. institutoupdate.org.br
TEXTO: DÉBORA STEVAUX | FOTO: MAURÍCIO JOSÉ
BEATRIZ E CAIO, DO INSTITUTO UPDATE: BOAS PRÁTICAS POLÍTICAS
AROUND THE WORLD JAPÃO
INSIDER TIPS
Mergulho digital
O designer Luciano Drehmer cita 3 lugares em Hong Kong para se sentir em um filme cult asiático
ARTE - As obras interagem com o visitante
O primeiro museu de arte digital do mundo, um grande festival dedicado ao design, além de muita comida e música para aguçar os sentidos
Primeiro museu de arte digital do mundo, o Mori Building Digital Art Museum foi inaugurado em junho na ilha de Odaiba. O local surpreende pelo caráter imersivo: 50 obras ocupam 10 mil m² e reagem à presença dos visitantes. As instalações permitem que o público ande entre lamparinas em campos de arroz ou beba chá-verde com flores virtuais saindo de uma cachoeira. borderless. teamlab.art
EUA
PORTUGAL
Catarse sonora
Ritual caloroso
FESTIVAL - 3 dias e 51 shows em Denver
FOTOS: DIVULGAÇÃO; [A] MANUEL MANSO; [B] NEDDA AFSARI
Em sua primeira edição, o Grandoozy promete estremecer a cidade de Denver, Colorado. O evento é realizado pelos criadores dos festivais Bonnaroo e Outside Lands. São três dias de shows, de 14 a 16/9. Stevie Wonder, o rapper Kendrick Lamar e as cantoras St. Vincent e Kelela integram o line-up. A programação diária do evento, que espera 60 mil pessoas, também conta com yoga, pratos de restaurantes renomados, cervejas e drinks típicos do estado. @grandoozy
COMIDA - De
boca e ouvidos bem abertos
O festival gastronômico acontece em Estoril, em 23/9. Reúne nomes como Ljubomir Stanisic, chef do
Bistro 100 Maneiras, eleito o melhor do mundo pela “Monocle” em 2017. @chefsonfire.pt [A]
A proposta do Chef’s on Fire é inusitada: comida, bebida e música ao redor de uma fogueira de 90 m² chefiada por cozinheiros famosos.
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INGLATERRA
Plano interativo
DESIGN - Obras
colossais em Londres
Por 19 dias, a metrópole inglesa se transforma na capital do design. De 4 a 23/9, a cidade recebe a London Design Biennale. Inspirados no tema
“Estados Emocionais”, designers de 40 países apresentam instalações na icônica Somerset House. @london_ design_biennale
Jumbo Kingdom “Um dos lugares mais incríveis que já fui. O restaurante foi construído em cima de um enorme complexo flutuante, inspirado em um palácio imperial Chinês. A vista do porto de Aberdeen é memorável.” Shum Wan Pier Dr — Chungking Mansions “É um prédio de moradia barata para estrangeiros repleto de lojas e restaurantes. Devido ao ‘glamour obscuro’, o caldeirão multicultural foi palco de filmes como ‘Amores Expressos’, de Wong Kar-Wai.” 36-44 Nathan Road — Hung Fook Hot Pot “Um clássico dos anos 50 onde é possível tomar o tradicional chá com leite local. Também podemos provar refeições da mesma forma como eram servidas há 60 anos.” 17 Connaught Road West
TRÊS GALERIAS DE POP ART PELO MUNDO Eden Fine Art Explorar a vivacidade das cores é o objetivo da Eden Fine Art, criada em 1997. São seis unidades, de Nova York a Tel Aviv. As 1998 obras já expostas pelos 27 artistas traduzem o olhar otimista da marca sobre a vida. @edenfineart
Bel Air Fine Art Conglomerado europeu de 12 galerias. A matriz foi fundada há 15 anos, em Genebra, por François e Grégory Chabanian — pai e filho. Reúne obras de pop, street, op art e arte contemporânea. @belairfineart_ official
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Gallery 1988 Considerada a primeira galeria do mundo especializada em cultura pop. Fundada em 2004 pelos californianos Katie Sutton e Jensen Karp, na famosa Avenida Melrose, em Los Angeles. @galleries1988
Celebrar a arte e a cultura pop é uma das motivações da Campari. Assim como a arte, a bebida Campari e os projetos da marca provocam sensações únicas. Que tal deixar o vermelho pulsar em seu corpo? #galleriacampari
MECARADAR
bandas para você ficar de olho
KAMASI WASHINGTON (EUA)
KALI UCHIS (Colômbia)
Não foi à toa que o líder da banda Next Step se tornou um dos nomes mais respeitados do jazz contemporâneo: ele presenteia os ouvintes com composições que os convidam a se aprofundar em diferentes temas. “Heaven and Earth”, seu mais recente álbum solo, promove uma verdadeira imersão na história do movimento negro estadunidense em duas horas e meia de puro jazz. @kamasiwashington
Uma diversificada mistura de ritmos latinos, "Isolation", o álbum de estreia da cantora colombo-americana, abrange do reggaeton à bossa nova, passeando também pelo funk e o R&B. A pluralidade de gêneros somada a letras sedutoras é responsável por criar uma atmosfera envolvente e dançante. Das 15 faixas, nossa favorita é “Tyrant”, que conta com participação da inglesa Jorja Smith. @kaliuchis
RÓISÍN MURPHY (Irlanda)
NÃ (Brasil)
Dois anos após o lançamento de seu terceiro álbum, a cantora irlandesa retorna às pistas de dança com o lançamento do EP “All My Dreams / Innocence” e de um videoclipe. Estrelado por fãs, o vídeo é uma verdadeira celebração à comunidade queer regada por uma mistura sedutora de pop com house music. É “ridiculamente sexy”, como a própria Róisín sussurra no início da canção. @roisinmurphyofficial
Depois da divulgação do single “Embalagem Alta Cultura” em julho, a banda paulistana NÃ lança o disco “Antes que Só um Quase”, segundo trabalho em estúdio. Entre as 16 faixas, uma mistura de estilos e referências: Guimarães Rosa, samba, Glauber Rocha, rock, Itamar Assumpção e punk. Família, cena musical e a construção de um território artístico no Brasil são alguns dos temas abordados pelas canções. @banda_na_
TRÊS DESTAQUES DA MÚSICA ELETRÔNICA Badsista A paulistana constrói um paralelo entre house, dance dos anos 90, techno e brega funk em seus sets. Sua atuação se estende para além das pistas, em parcerias com nomes como Linn Da Quebrada e Jaloo. @bad.sista
[B]
Gezender Mesclando influências dos primórdios da música eletrônica com um olhar atento à produção contemporânea, o paulistano Gezender passeia por techno, house e electro, sem se limitar a um único gênero. @gezendermusic
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Octo Octa A produtora americana de house mistura batidas incandescentes com sintetizadores em um loop ao infinito. São sets para dançar acompanhado, sem o distanciamento tão comum nas pistas de techno. @octoocta
Em parceria com a icônica grife de óculos italiana, selecionamos três projetos de música eletrônica que merecem sua atenção. Feche os olhos e ouça atentamente. Can you feel the beat? #RayBanStudios
TEXTO: DIMAS HENKES | FOTOS: DIVULGAÇÃO; [A] LEO ELOY; [B] MARCELO ELIDIO
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ROUTE
CONVERSE
BOM RETIRO
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SANTA IFIGÊNIA
HIGIENÓPOLIS
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PINHEIROS
BELA VISTA
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Todo mundo tem uma história que se mistura com a Converse, marcada na sola daquele antigo par de Chuck Taylor ou nos outros pares que ainda estão por vir. Nesta página, convidamos você a descobrir a cidade, explorar lugares e desenhar com os pés um novo caminho.
JARDIM AMÉRICA JARDIM PAULISTANO
Todo o poder para o povo: conheça oito lugares para aprender, discutir, se envolver e fazer política CASA DO POVO – Com 65 anos recém-completados, o centro cultural localizado no Bom Retiro apresenta uma ampla programação cultural de viés crítico e engajado. Debates, peças teatrais, exposições e mostras de filmes são algumas das atrações. R. Três Rios, 252.
FESPSP – Criada em 1933, a Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo oferece, além de programas de graduação e pós, um rol variado de cursos livres que vão de ciência e filosofia política a marketing eleitoral. R. General Jardim, 522.
SEBO BRANDÃO – Marx, Plínio Salgado, Hannah Arendt ou Sergei Tchakhotine. No acervo de mais de 7 mil volumes desse sebo você encontra diversos autores, clássicos ou contemporâneos, da política, sociologia e filosofia. R. Condé do Pinhal, 92.
ATELIÊ DO BIXIGA – Da potência política em resgatar a história das multidões à análise do cenário político brasileiro atual, esse coworking ocupado por diversos coletivos organiza cursos e mesas de conversa abertas ao público. R. Conselheiro Ramalho, 945.
INSTITUTO FEIRA LIVRE – Com o objetivo de popularizar o acesso a orgânicos, a associação sem fins lucrativos vende alimentos a preço de custo e sugere ao consumidor que doe um percentual da compra para cobrir despesas operacionais. R. Major Sertório, 229.
AÇÃO EDUCATIVA – Na mesma rua da FESPSP, a organização realiza eventos e cursos que têm como objetivo integrar periferia e Centro em discussões sobre direitos humanos, democracia participativa e justiça social. R. General Jardim, 660.
CÂMARA MUNICIPAL – Aberta à participação popular, a casa decide a pauta parlamentar todas as terças. No mesmo dia, o LabHacker oferece visitas guiadas — ótima chance de se informar sobre os processos legislativos. Viaduto Jacareí, 100.
ORIBA – Design básico, preço justo e sustentabilidade social são os pilares dessa marca de roupas masculina. Por meio do Projeto Base, ela investe em educação doando um kit escolar para uma criança carente a cada peça vendida. R. Artur de Azevedo, 1284.
TEXTO: HELDER FERREIRA
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Produzimos os eventos que a gente gostaria de ir. Geramos o conteĂşdo que a gente gostaria de consumir. ConstruĂmos os lugares que a gente gostaria de frequentar. Criamos os produtos que a gente gostaria de comprar. Investimos nos negĂłcios que a gente gostaria de participar. Aproximamos as pessoas com quem a gente gostaria de conviver. Conectamos as marcas que a gente gostaria de trabalhar. Simples assim. Celebrando, desde 2010