ponto de vista: ricardo darín e a libertação do cinema — pág. 10
veja quem passou pelo minimeca, nosso evento mensal e gratuito — pág. 21
a arte matemática e colorida da estilista flávia aranha — pág. 15
the biggest smallest cultural platform
MECAJournal Distribuição g ratuita
Número #015 — Outubro, 2017
moda sustentável
Depois do minimalismo, o upcycling traz ainda mais consciência ao consumidor com a proposta de dar nova cara a peças que seriam descartadas pela indústria pág. 9
[A]
música, diversão e arte MECAIBERÊ — Os argentinos do Silver City e o americano Timmy Regisford são alguns dos destaques do festival que acontece em outubro em POA — pág. 11
cinema para telinhas —
Cineastas discutem perdas e ganhos do novo território a ser explorado pelo audiovisual, o streaming pág. 16
um lance de dados COOL PEOPLE — Um dos nomes por trás do sucesso do Museu do Amanhã, Alexandre Fernandes fala sobre o acervo high-tech e os planos da instituição — pág. 8
agenda cultural family & friends around the world playlists
Uma rota para curtir a sétima arte no mês da Mostra Internacional de Cinema de SP pág. 23 [B]
www.meca.love
MECAUrca 04/Novembro Morro da Urca Rio de Janeiro
WELCOME
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Destaques Com a estreia do MECATalks em setembro, o MECASpot também tornou-se parada obrigatória na agenda semanal da cidade. No encontro marcado sempre às quartas, são realizadas rodas de conversa com convidados especiais sobre temas contemporâneos, como moda e pertencimento, empreendedorismo e educação ou o papel do videoclipe ontem e hoje. E vem muito mais coisas por aí. Fique de olho.
FOTOS: MARI CALDAS / FOTOS CAPA: DIVULGAÇÃO; [A] MARKOS FORTES/DIVULGAÇÃO; [B] I HATE FLASH
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1 – MECATalks: rodas de conversa temáticas toda quarta-feira no MECA em Pinheiros (SP) 2 – André Peniche, Guilherme d’Almeida e Vinícius Lapore foram os convidados da primeira edição 3 – Jackson Araújo, Igi Ayedun e Eduardo Costa conduziram o papo sobre Moda e Pertencimento 4 – Daniel Gurgel, Thiago Rached, Mariah Polati e Rajesh Montoya falaram sobre Empreendedorismo e Educação
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MECACrew
MECASpot
Ana de Souza Dantas, Andrea Soares, Bia Losso, Brett Kincaid, Catarina Amazonas, Eloá Orazem, Fernanda Grahl, Helder Ferreira, Gabriel Pires, Guil Salles, Guga Roselli, Juli Baldi, Leo Galvão, Letícia Ippolito, Luisa Martini, Maíra Miranda, Manuela Rahal, Marcela Zanon, Mark Daniel, Mariana Caldas, Matheus Barros, Matthew Rowean, Max Pollack, Natália Albertoni, Paula Englert, Pedro Valério, Peèle Lemos, Petula Silveira, Renata Magueta, Roberta Silva, Roberto Martini, Rodrigo Santanna, Rony Rodrigues, Thabata Guerra, Thum Thompson, Valentine Giraud, Victória Cordiolli, Yentl Delanhesi e muitos mais!
Rua Artur de Azevedo, 499 Pinheiros – São Paulo – Brasil, CEP 05404-011 +55 (11) 2538-3516
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#HELLOCIDADES SÃO PAULO
Objetoarte
EXPO - Mostra
Mayara Efe
grátis celebra Duchamp
é youtuber, modelo “e mais um monte de coisas”. No canal Mayara Efe Fala, ela discute feminismo e empoderamento.
Criador do termo ready-made, usado para designar objetos cotidianos expostos como obras de arte, Marcel Duchamp ganha homenagem no Centro Cultural Fiesp, no dia 10/10. A mostra Ready Made in Brasil faz um panorama da influência do francês na produção artística brasileira reunindo cerca de 150 obras de nomes como Tunga, Lygia Clark e Hélio Oiticica. Av. Paulista, 1.313.
Disco do eu sozinho
DRINK IT
MÚSICA - Tim Bernardes lança o primeiro disco solo, “Recomeçar”
O drink de Camila Mazzini
“Amo bloody mary. Criei até um Insta em sua homenagem, o @maria_ sangrenta.”
[A]
Vocalista da bemhumorada banda indie O Terno, Tim Bernardes lança seu primeiro álbum solo no dia 6/10, no Auditório Ibirapuera. “Recomeçar” tem 13 faixas intimistas
e reflexivas, como a lentinha “Tanto Faz”, que recentemente ganhou clipe (lindo!) dirigido pelo próprio músico. Multifacetado, Tim é considerado um dos grandes composi-
tores da sua geração e, na sua estreia sozinho, toca violão, guitarra, baixo, bateria e piano para embalar canções inéditas que reúnem suas próprias percepções sobre a vida e o amor. Os ingressos custam R$ 20. Av. Pedro Álvares Cabral, s/n.
Música na rua
Receita • 50 ml de vodca ou gim • 100 ml de suco de tomate • 10 ml de molho inglês • 15 ml de limão • 6 gotas de Tabasco • Sal e pimenta a gosto • Um ramo de salsão Modo de preparo Em um copo com gelo, coloque os temperos e a vodca. Mexa bem. Some o suco de tomate e uma pitada de pimenta, e finalize com um ramo de salsão.
FESTIVAL - Fora
da Casinha grátis e na rua
Invasão cinéfila
CINEMA - Festival exibe filmes em
mais de 20 endereços pela cidade A 41ª Mostra Internacional de Cinema de São
Paulo espalha cerca de 300 títulos pela cidade
entre 19/10 e 1o/11. As produções são exibidas em mais de 20 endereços, incluindo opções ao ar livre, como o MIS. Na seleção, destaque para
“The Square” (Ruben Östlund), vencedor da Palma de Ouro do último Festival de Cannes, e o “Foco Suíça”. O projeto traz produções novas
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do país e uma retrospectiva de Alain Tanner, que inclui o cultuado “Jonas que Terá 25 Anos no Ano 2000” (foto). www.mostra.org
O festival indie Fora da Casinha chega à terceira edição literalmente na rua. Produzido pela Casa do Mancha, que comemora 10 anos em 2017, o evento também abre o Mês da Cultura Independente. A festa, desta vez gratuita, está marcada para o dia 7/10, no Largo da Batata. Serão dez horas de shows distribuídos em dois palcos. No line-up, figuram nomes como Negro Leo, Mauricio Pereira, Ema Stoned, Bárbara Eugênia e Tatá Aeroplano. Largo da Batata, s/n.
E ao que está assistindo? A ficção distópica “The Handmaid’s Tale”, pra mim, é a melhor série que vi no ano. É basicamente como se todos os medos das mulheres tivessem sido colocados em uma produção. Há remedinho para se amar dia sim outro também? Não existe remédio, receita ou kit que você compre e pronto: 100% confiante. É um processo diário. É preciso virar dona da própria história e entender que existem inúmeras formas de beleza. E qual o seu must-have de maquiagem? Sou viciada nos batons Nude e Marsalla da linha Faces. São bem versáteis. Dá pra usar para trabalhar e para sair.
FOTOS: DIVULGAÇÃO; [A] MARCO LAFER/DIVULGAÇÃO; [B] FLAVIA CANAVARRO/DIVULGAÇÃO
No início da primavera, vem com a gente ouvir novos sons na rua, assistir a filmes ao ar livre e até fazer guerra de bexiga d’água
Você fala muito sobre representatividade da mulher... É essencial bater nessa tecla. A mudança só está começando porque grupos de mulheres estão se unindo e exigindo espaço. Este ano nós temos a segunda mulher negra [Viviane Ferreira] a dirigir um longa na história do Brasil depois de um jejum de mais de 30 anos.
#HELLOCIDADES SÃO PAULO
Mulher natureza
tem plantas, prints e café
A Botanista é fruto da paixão de três mulheres por arte, por botânica e pelo feminino. Localizada em uma simpática casa no Largo da Batata, o mix de loja e café é tocado por Elissa Rocabado, Nubia Lima e Renata Canin. Lá
A cidade é inquieta. A cada instante, algo novo acontece. Por isso, a Motorola criou o HelloCidades, que convida todo mundo a dar um Hello para as novidades que a cidade respira. Algumas delas estão aqui e outras, nas nossas redes sociais! @motorolabr
turn the music on
LOJA - Botanista
by Laure Briard
— A cantora indie francesa apadrinhada por Tame Impala e Boogarins compartilha seu atual Top 5. são encontradas plantas ornamentais, medicinais e aromáticas deco-
radas com poesia, além de peças artísticas protagonizadas por mulhe-
res, como ilustras e cerâmicas. R. Amaro Cavalheiro, 138.
Encontro improvável
forme os protagonistas conversam sobre sobre seus anseios, medos e sonhos, vem à tona um potente embate entre duas visões de mundo radicalmente opostas. A improvável reunião dirigida por Aimar Labaki entra em cartaz no Sesc Santo André no dia 6/10. Ingressos a partir de R$ 30. R. Tamarutaca, 302.
TEATRO - Peça
reúne Brecht e Edith Piaf
Com Letícia Sabatella e Fernando Alves Pinto, o espetáculo “A Vida em Vermelho” imagina o encontro entre o poeta Bertolt Brecht (1898-1956) e a cantora Edith Piaf (1915-1963). Con-
[B]
LISTICLES
‘IT’S ALRIGHT NOW’ Margo Guryan
É uma música sobre términos. Ela explica para o ex que ela está melhor agora. É triste, mas tem uma esperança.
‘VOILÀ’ Françoise Hardy
Isso é tão triste, mas tão bonito. Eu não consigo ouvir sem chorar.
Lanche artsy
COMIDA - Petí Panamericana oferece brunch aos sábados Aberto nos fundos de uma loja de materiais artísticos, o Petí ganhou neste ano duas filiais com a mesma vibe. Dentro da escola Panamericana da avenida Angélica e, mais recentemente, na da rua Groelândia também, o restaurante do chef
Victor Dimitrow ocupa o topo dos edifícios com receitas contemporâneas. E aí que os endereços passaram a oferecer um saboroso brunch. Sempre aos sábados, das 11h às 17h. De R$ 12 a R$ 28. facebook.com/pe tipanamericana
Lugares para adultos serem crianças Para entrar no clima do Dia da Criança, a festa Primavera, Te Amo vai fazer A Maior Guerra de Bexiga de Água de SP no dia 15/10. Leve flores — e bexigas, claro. Av. Paulista.
‘DARLING’ The Beach Boys
Uma linda declaração de amor. Sonho que alguém escreva uma música como essa para mim. E ainda dá pra dançar! O que mais pedir?
‘QUE PENA’ Jorge Ben Jor
Eu amo o jeito de ele explicar que está triste por seu amor ter ido embora, mas que não há motivo para desespero. Muito good vibes.
Pausa diária
LOJA - Novo
endereço foca no bem-estar
Pausa, acalma e desacelera. O recado impresso na fachada da Diária Bem Estar é um alento para o coração na correria
insana dos dias. Recém-aberto em Pinheiros, o endereço é focado em produtos para incluir em rituais diários, como co-
‘LOOK AT ME’ John Lennon
mer ou tomar banho. A unidade é a irmã mais nova da loja Diária, com clima praiano. R. Francisco Leitão, 258.
Ouvimos o desespero na voz de Lennon quando diz “here I am”... Lindo, mas triste. Triste, mas lindo.
Clube da escova
BELEZA - Salão de blowdry oferece cinco penteados cool O Dry Club é especialista em lavar, secar e finalizar a cabeleira. Tudo em cerca de 45 minutos e com o preço fixo de R$ 75. O salão exclusivo de blowdry oferece cinco diferentes estilos de penteado. Com nomes
divertidos como Drama Kim, eles são inspirados em mulheres que as sócias Renata Merquior e Bianca Latgé amam. Para agendar é só ligar. A casa ainda vende uma linha de produtos próprios. Vale o teste. R. Pais de Araujo, 171.
ses “novos” habitantes da cidade. O modelo e estudante haitiano Jean Woolmay foi um dos convidados. “Queria mostrar a minha vida. O que eu como, o que eu faço. Mostrar que
O bar do teatro Parlapatões disponibiliza um apanhado de jogos de tabuleiro das antigas em uma mesa ao fundo do salão. É só pegar e começar. Pça. Roosevelt, 158.
por TNT Energy Drink
RESISTÊNCIA — GENTE QUE NÃO SE RENDE ÀS DIFICULDADES DO DIA A DIA Em cartaz na Bienal de São Paulo durante a última SPFW, a exposição Meu Mundo Resiste Aqui reuniu 100 fotos registradas por refugiados e imigrantes. A ideia era revelar os universos des-
No Impulso Park dá para pular em cama elástica e se jogar numa piscina de espuma sem medo de ser feliz. Para os mais sérios, ainda tem batalha de cotonete. R. Dr. Alfredo de Castro, 160.
não temos muitas diferenças”, diz. Brincando com reflexos, o trabalho de Jean mostra o trajeto de metrô que ele faz até a faculdade de química. Por aqui, ele dá dicas de como resistir à selva de pedra.
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Diálogos “Ter um amigo de sua terra para conversar e matar a saudade é importante. Mas você precisa se comunicar. Pegue um mesmo livrinho simples na sua língua e traduzido. Compare.”
A casa é sua “Acostume-se o quanto antes. Com as pessoas, a comida, o transporte. E ande por onde você mora. Você nunca vai ser brasileiro, mas não adianta só pensar no país que deixou.”
Costumes “Mantenho alguns rituais e gosto de transmiti-los aos amigos, trocar. No dia 1o de janeiro, por exemplo, a gente chama a família em casa para tomar uma sopa especial para dar força.”
#HELLOCIDADES SÃO PAULO
TASTE CITY - EXPLORAR E EXPANDIR OS HORIZONTES É NECESSÁRIO RenataTHE Brandão, CEO da Conspiração Filmes VICTOR LEGUY, artista e pesquisador
incrível. Durante o dia, um coworking funciona ali, além de serem realizados cursos, palestras e exposições de arte. A programação da parte da noite é também muito interessante, com sets de DJs consagrados, além de música experimental de diversos estilos, e um bar com farta variedade de cervejas artesanais e drinks. A decoração é uma atração à parte. R. Cap. Salomão, 26.
Depois de uma temporada na Itália, onde participou de residência artística em Padova, ele está de volta a São Paulo e nos conta quais são seus lugares preferidos na cidade.
Jazz e arte
BAR - qualcasa oferece boa música e ótimas exposições Referência na cidade de São Paulo, a qualcasa
é um estabelecimento muito especial na Vila
Madalena que conta com uma programação intensa de shows de jazz, música instrumental e experimental. Além disso, serve pratos deliciosos e, no andar de cima, conta com duas áreas expositivas. Por ali é realizado o Projeto Mesmo Lugar. Parceria com o Atelier Hermes, a iniciativa seleciona artistas uma vez por mês para mostras individuais no endereço. R. Simão Álvares, 951.
Work and play hard
PLACE - Opções
para dia e noite na Balsa Localizada em um antigo rooftop no centro da cidade, a Balsa é um lugar
Presente colaborativo ARTE - Mostras e outras
atividades no Ateliê 397 Há mais de dez anos, o Ateliê 397 atua como um importante ponto da
cena de arte independente. Lá são realizadas mostras, cursos e
outras atividades interdisciplinares. É gerido por diferentes profissionais, em favor de uma organização horizontal. R. Gonzaga Duque, 148.
Italianíssimo
COMIDA - Vito é famoso por suas massas, carnes e embutidos Na Vila Beatriz há mais de seis anos, o restaurante Vito serve pratos com forte influência italiana, além das famosas carnes de porco,
das massas e dos embutidos artesanais. Atualmente, é comandado pela chef Manoela Mugel de Azevedo. R. Isabel de Castela, 529.
#tastethecity é uma plataforma criada para oferecer uma jornada de descobertas e um novo olhar sobre o que há de mais incrível na cidade de São Paulo. @ tastethecitybr
RIO DE JANEIRO
Borogodó carioca FEIRA – La
Fonte tem de bijoux a molho
Show reúne Caetano e seus filhos
MÚSICA -
Ao longo de cinco décadas de produção artística, Caetano Veloso
Olha Ella!
COMIDA - Pizzas feitas com técnica italiana
acumulou discos, prêmios e... filhos. De 3 a 25/10, todas as terças e quartas, ele se apresenta com eles no Theatro Net Rio, no show especial "Caetano Moreno Zeca Tom Veloso", que também passará por São
Paulo e Belo Horizonte. No repertório, estão garantidos clássicos como “O Leãozinho”, “Reconvexo” e “Sertão”. Os ingressos custam a partir de R$ 50. R. Siqueira Campos, 143.
A Ella Pizzaria resgata a tradição napolitana na arte de fazer pizza. Os sabores vão da tradicional margherita à exótica polpa, com
polvo e pancettta, mas não roubam o protagonismo da grande estrela: a massa, que fermenta naturalmente por ao menos 48h e é assada no forno à lenha italiano. Para beber, a casa oferece uma seleção de cervejas e vinhos e uma carta de drinks autorais assinada por Alex Mesquita. R. Pacheco Leão, 102.
Call me back
SHOW - Julian
volta ao Brasil com The Voidz Julian Casablancas volta ao Brasil para apresentar seu projeto de rock experimental com o The Voidz. O show acontece em 19/10 no Sacadura 154, na Lapa, e conta com duas bandas convidadas: Rey Pila e Promiseland, novas apostas da Cult Records, gravadora de Casablancas. A partir de R$ 100. R. Sacadura Cabral, 154.
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FOTOS: DIVULGAÇÃO; [A] RODOLFO MAGALHÃES/REPRODUÇÃO FACEBOOK
Em família
Suculentas, bijoux, biquínis, pijamas e até molho pesto — é possível encontrar de tudo na feira de produtos artesa-
nais La Fonte. A quarta edição do evento acontece em 7/10, no Olho da Rua, em Botafogo, e também oferece oficinas de bordado e macramê, uma sessão de live painting e várias atrações musicais. Tudo com aquele jeitinho carioca. R. Bambina, 6.
#HELLOCIDADES BELO HORIZONTE
Pecados da carne
COMIDA - Bar oferece receitas com porco Costelinha com barbecue, sanduíche de pernil, linguicinha artesanal, hambúrguer de costelinha com bacon, purê de batata coberto por lombinho de fundo de panela e tor-
resmo de tiras. Pode até parecer o cardápio do paraíso carnívoro, mas são apenas alguns itens do menu do Porks, gastrobar especializado em carne suína inaugurado recentemente em São Pedro. Alocada em espaço amplo e ao ar livre, onde se ouve blues e rock, a casa conta também com oito torneiras de chopes artesanais da região e um
Scream queens
FESTA - Noite das Bruxas com Gloria Groove
brigadeiro de panela tão pecaminoso quanto os pratos principais.
Catuaba, drags e gritaria esperam os baladeiros que forem festejar os 8 anos da @bsurda, uma das mais populares festas LGBT de BH. Com o tema Halloween, a edição de 13/10 convida a “ahazar na fantasia ou no look trevoso” e contará com show da cantora Gloria Groove. Na pista, apenas o melhor da música pop. A partir de R$ 30. Av. Olegario Maciel, 742.
Para ir com fome. Av. Nossa Senhora do Carmo, 550.
[A]
Eu e eu mesmo Pra ficar legal
SHOW - Banda Maglore lança novo álbum
Em 21/10, o Maglore desembarca em BH para o show de lançamento do disco “Todas as Bandeiras”, que contará também com hits
dos álbuns anteriores. A banda de indie rock baiana não será a única atração da noite, revezando o palco d'A Autêntica com a
TEATRO - Peça
mineira O Caso e a fluminense Damas do Nada. Na venda antecipada, os ingressos custam a partir de R$ 30. R. Alagoas, 1.172.
com Michel Melamed
Em 21 e 22/10, o festival Teatro em Movimento leva
Michel Melamed a BH para duas apresentações de “Monólogo Público” no Teatro Sesiminas. Escrito, dirigido e protagonizado pelo ator, o espetáculo mistura teatro, manifesto e performance para discutir
as relações entre público e privado no Brasil contemporâneo a partir da vivência do artista que, em cena, recria sua trajetória até o presente. A partir de R$ 25. R. Padre Marinho, 60.
PORTO ALEGRE
Amores analógicos
Bandas e bolovos
FEIRA - Vinis na Mario Quintana
BAR - Novo
ponto da cena indie
Com menos de dois meses de existência, o Agulha já está se tornando um dos pontos mais bombados da cena musical alternativa de Porto Alegre. Pelo galpão de estilo industrial, já passaram bandas como a goiana Carne Doce e a canadense Homeshake. Neste mês, entre os confirmados estão os grupos Pássaro Vadio (19/10) e
Trabalhos Espaciais Manuais (28/10). O bar, que funciona de quarta a domingo, oferece drinks, como o Argeu (catuaba, tônica e
gim), e comidinhas, como o bolovo (com carne ou vegetariano), carrochefe da casa. R. Conselheiro Camargo, 300.
Conforto vegano
COMIDA - Snack delicioso e animal-free No Estômago Café Vegano, culinária vegan não é sinônimo de comida natureba e pouco
calórica. Da cozinha do casarão alocado no bairro do Bom Fim saem coxinhas (de jaca), sanduíches, hambúrgueres (de grão-debico), tortas, brownies, cheesecakes e bolos deliciosos, mas sem qualquer ingrediente de origem
animal. Na hora do almoço, há sempre um menu especial, que vai do strogonoff de berinjelas à feijoada, a depender do dia. Para beber, a casa oferece cervejas, drinks e, claro, cafés. R. Miguel Tostes, 275.
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A Feira do Vinil de Porto Alegre reúne na Casa de Cultura Mario Quintana, em 7/10, vendedores de discos novos e usados, dos mais diferentes estilos musicais e preços. Além de caçar raridades e tirar selfies nas paredes millennial pink da construção histórica, os visitantes poderão garimpar peças de brechó e se esbaldar com comidinhas. R. dos Andradas, 736.
Ever Present Past
SHOW - Paul McCartney inicia turnê brasileira no Beira Rio Paul McCartney abre sua turnê pelo Brasil com um show no Estádio Beira Rio, em 13/10, antes de passar por São Paulo, BH e Salvador. Desde 2016, o músico tem executado um setlist bastante diverso, que parte de músicas do início da carreira, com
The Quarrymen e The Beatles, para chegar às parcerias mais recentes com nomes como Kanye West e Rihanna. Prepare-se para uma verdadeira retrospectiva da carreira do exbeatle. Ingressos a partir de R$ 175. Av. Padre Cacique, 891.
uma coleção de amanhãs
Alexandre Fernandes Filho, diretor de marketing e de desenvolvimento de público do Museu do Amanhã, revela os próximos passos da instituição carioca De onde viemos? Quem somos? Para onde vamos? Essas são algumas das perguntas que norteiam o Museu do Amanhã, espaço dedicado às ciências que, em menos de dois anos desde sua inauguração, já levou milhões à zona portuária do Rio de Janeiro e conquistou o posto de museu mais visitado do país. Diretor de marketing e de desenvolvimento de público da instituição parceira do MECA, Alexandre Fernandes Filho, 34, é um dos nomes por trás da história de sucesso. Tudo começou em 2013, quando o
der as tendências da atualidade e imaginar futuros possíveis para a humanidade nos próximos 50 anos. Para traçar esses cenários do amanhã, o museu não se baseia em um acervo físico de artefatos históricos e obras de arte, mas em uma quantidade massiva de dados, que advém desde as mais recentes descobertas científicas a relatórios sobre as diferentes experiências do público com as exposições. “Enquanto os museus procuram conservar suas coleções, o Museu do Amanhã procura atualizá-la”, comenta Alexandre.
pernambucano, depois de anos trabalhando com energia renovável, sustentabilidade e tecnologia em grandes corporações como Philips e Vale, ajudou a fundar o Instituto de Desenvolvimento e Gestão, organização social de cultura que, um ano depois, venceria a licitação pelos direitos de operação do museu. A partir daí, teve início o trabalho de um ano que resultaria na atual configuração do espaço que, como uma espécie de oráculo high-tech, utiliza ambientes audiovisuais, instalações interativas e jogos para examinar o passado, enten-
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“Todos os dias temos novas descobertas e dados que alimentam a mostra principal.” Esse diferencial no projeto museológico da instituição tem atraído atenção global, inclusive da ONU, que o considera uma importante iniciativa de disseminação de valores humanitários. A demanda resultou na criação de um braço internacional que, em breve, ganhará um escritório na Holanda. “Esse spin-off terá o objetivo de disseminar a mensagem do museu por meio de exposições que viajarão mundo, filmes e séries para streaming e uma plataforma online”, adianta. Enquanto isso, a matriz não ficará desassistida: lançará uma plataforma de inteligência artificial em dezembro. “Não posso revelar muito, mas será um grande marco no nosso aniversário de 2 anos e irá nos ajudar a construir a nossa coleção de amanhãs”, conclui.
FOTO: DIVULGAÇÃO
COOL PEOPLE BEHIND COOL PROJECTS
TRENDS
Upcycling: o fio da meada é verde
Aderindo a soluções cheias de estilo e consciência, marcas têm dado nova vida a peças e tecidos que seriam descartados pela indústria
FOTOS: DIVULGAÇÃO; [A] MARKOS FORTES/DIVULGAÇÃO
MODA SUSTENTÁVEL —
Upcycling é a moda após a “morte”; é o termo usado para nomear o processo que dá nova vida a peças e tecidos que seriam descartados por uma das indústrias mais poluentes do mundo. No Brasil, a tendência tem ganhado cada vez mais força nos últimos meses. Em julho deste ano, por exemplo, a carioca Farm anunciou uma linha de jaquetas bomber feitas a patir da reutilização dos tecidos das marcas do grupo Soma, que engloba Animale, FYI, Foxton e outras. Ainda no Rio de Janeiro, a MIG Jeans, das sócias Isabela Maria Rodrigues, Mayra Sallie e Luana Depp, customiza peças defeituosas a fim de dar-lhes novo sentido — inclusive estético. Na ativa desde 2014, as fundadoras começaram o processo de upcycling antes mesmo de o termo ganhar um nome oficial. “Há tempos reaproveitamos peças de amigos, parentes e brechós, dando a elas nova vida através de corte, costura e customizações, uma prática muito difundida na periferia”, explica Isabela. A história da uruguaia Ruth Wünsch é parecida. Com 26 anos e radicada no Brasil, Ruth conta que cresceu em contato com a natureza, imersa em um ambiente que valorizava processos sustentáveis. Sua confecção, a Amarela, criada em março de 2016, não poderia ser exceção às suas crenças: as peças da marca são feitas com sobras de tecido e os modelos são atemporais, feitos para durar, para que o ciclo útil de uma roupa seja potencializado. “Eu me preocupo tanto com essa questão que o meu pós-venda é prioritário: estou sempre em contato com os clientes, para saber da durabilidade das peças. Se precisar pregar um botão ou fazer algum reparo, me prontifico a fazê-lo sem custo, porque então garanto não apenas a sobrevivência daquela roupa, mas a fidelidade do cliente”, pontua a estilista. Tanto para Ruth quanto para as fundadoras da MIG Jeans, esse formato de negócio desempenha um papel importante para a escolha do cliente, mas ainda não é o ponto central. Em todos os casos, o estilo das roupas é que move a compra, mas os consumidores estão começando a exigir opções sustentáveis de suas marcas eleitas. Cada vez mais popular no Brasil, a técnica já é utilizada no exterior. Para Suzy Okamoto, professora de pesquisa e criação do Centro Universitário Belas Artes, países nórdicos lançam mão da técnica há algum tempo, e é natural que a prática esteja se espalhando: “O upcycling é uma resposta aos problemas que o próprio setor provocou, uma vez que a indústria fashion é uma das que mais gera resíduos e explora mão de obra. Já era hora de pensarmos em processos conscientes”, diz Suzy. Esse amadurecimento e essa cautela do mercado, no entanto, têm mexido no cerne de grandes corporações, que correm atrás de alternativas. Um bom exemplo de
quem caminha nessa direção é a Adidas. Desde 2015, a gigante de moda esportiva vem investindo na produção dos tênis desenvolvidos em parceria com a ONG Parley for the Oceans. Os calçados são produzidos integralmente a partir de materiais plásticos retirados do oceano. Na ativa desde 2010, a PP Acessórios, das gaúchas Petula Silveira e Amanda Py, faz parte da vanguarda do upcycling brasileiro. A marca tem clientela fiel, e não só no Brasil. “Vendemos muito bem em Londres e L.A., por exemplo”, diz Petula. O segredo do sucesso está na escolha a dedo das melhores peças de couro que seriam descartadas pela indústria calçadista para confeccionar bolsas, saias, carteiras e outros produtos que, depois, são comercializados nas lojas da grife, em Porto Alegre e São Paulo. “Ao mesmo tempo que me alegro em ver marcas falando de upcycling, me preocupo com o quão sustentáveis realmente são suas apostas. É preciso acompanhar para ver se o marketing reflete a realidade”, pondera Ruth, da Amarela. Seja como for, a tendência oficial para as próximas estações é o verde — não a cor, mas o manifesto.
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1 – As sócias da MIG Jeans: Luana Depp, Mayra Sallie e Isabela Maria Rodrigues, respectivamente 2 – A túnica é uma das marcas registradas da Amarela, empresa criada pela uruguaia Ruth Wünsch, radicada no Brasil 3 – Tênis Adidas x Parley Collection, modelo feito a partir de resíduos plásticos retirados dos oceanos pelo mundo 4 – A PP Acessórios usa couro excedente da indústria calçadista 5 e 6 – Bomber jacket da Farm feita com tecidos reutilizados
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PONTO DE VISTA
a arte como libertação
O que passa na cabeça e no coração de Ricardo Darín, um dos atores latino-americanos mais aclamados e bem-sucedidos do cinema mundial
DESPACITO
“Acho que todo o avanço tecnológico tem um impacto tremendo no que diz respeito a custos e tempo de produção. Por outro lado, sinto falta do envolvimento da época da celuloide. Hoje, como não há desgaste e limite de material, visto que tudo é digital, a gente grava 20 vezes uma mesma tomada, de um mesmo plano, e eu não vejo nada enriquecedor nisso. Há algo na finitude das coisas que arranca o nosso melhor. Não quero dizer com isso que o cinema em tempos digitais é pior, nem que devemos resgatar a celuloide: a gente só precisa encontrar um equilíbrio entre as coisas; entre a razão e a emoção.” ESCUDO DA ALMA
“Sei que a arte influencia muita coisa ao nosso redor, da moda à política, e que, por isso, muita gente a chama de ‘arma’. Se usarmos esse termo, prefiro então dizer que a arte é uma arma de defesa, não de ataque.” MAIS RESPEITO, POR FAVOR
“Sei reconhecer as críticas positivas, que são aquelas que me ensinam, me mostrando coisas que talvez eu não consiga enxergar por conta própria. Aceito quem diz ‘não gosto do seu trabalho’ por conta de algo específico, mas acho tremendo quem parte para críticas absolutas, como ‘esse filme nunca deveria ter sido feito!’. É um profundo insulto não a uma ou duas pessoas, mas a uma equipe de centenas de profissionais que dedicaram meses de suas vidas a um projeto.”
“SINTO FALTA DA CELULOIDE. HÁ ALGO NA FINITUDE QUE ARRANCA O NOSSO MELHOR”
Hoje com 60 anos, o artista portenho foi visto pela última vez nas telonas em maio deste ano, quando o aclamado “La Cordillera” fez sua estreia mundial e arrebatou os críticos de Cannes. Emendando um trabalho no outro, Darín já faz parte do elenco do próximo filme de Asghar Farhadi, “Todos Lo Saben”, ainda em fase de produção e sem previsão de lançamento. Na entrevista, ele revela que encara cada personagem polêmico — e suas respectivas sombras — como uma possibilidade de mergulhar em si mesmo e se conhecer. Ressalta ainda que o processo pode ser libertador, mas também perigoso. E, por isso, lembra a importância de deixar o trabalho no estúdio antes de voltar pra vida real.
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AUTOCONHECIMENTO
“Acho que todo mundo carrega em si áreas pouco exploradas, de ‘sombra’, e uma das grandes vantagens de encarnar personagens polêmicos é a possibilidade de autoconhecimento: a gente investiga profundamente esses ângulos da nossa personalidade que, de certa forma, treinamos para que se mantenham longe do nosso acesso. A profissão de ator, quando encarada dessa forma, é uma libertação, e eu me divirto bastante com isso.”
“Há atores que mergulham fundo em personagens complexos e não se desligam, o que acho perigoso. Tenho uma regra que compartilho com o meu filho, que também é ator: o trabalho fica no estúdio. É muito delicado emprestar o seu corpo a outras vozes, ideias e pessoas. Acho pouco recomendável diluir a arte na vida pessoal, e isso pode ter um custo mais alto do que se está disposto a pagar. É uma responsabilidade que você deve a si, aos seus familiares e a todo mundo que o cerca.”
FOTO: REPRODUÇÃO FACEBOOK RICARDO DARÍN/JAVIER SALAS
TAKE A WALK ON THE WILD SIDE
Se existisse um Oscar para melhores pessoas do showbiz, o ator argentino Ricardo Darín seria, provavelmente, forte concorrente. Além de atuações de destaque em filmes premiados, como “O Segredo dos Seus Olhos”, o galã ainda ganha pontos por seu posicionamento humanitário e sua personalidade reservada — características que o levaram a declinar, por diversas vezes, convites hollywoodianos. A recusa, inclusive, volta e meia é pauta das entrevistas que concede. Tanto que, em uma delas, o ator resolveu colocar “os pingos nos is”: “Por que eu deveria aceitar esses convites? Por mais dinheiro? Posso comer o que quiser e tomo dois banhos quentes por dia, o que mais preciso?”, questionou.
MECAIberê 06-07 Outubro Fundação Iberê Camargo Porto Alegre
The Shelter Silver City Trepanado Carrot Green
(NYC)
(ARG)
(Selvagem)
Painel 01: A festa nunca termina, mas se transforma: hedonismo, negócios e ativismo, como equalizar? Painel 02: Produção cultural como ferramenta de discussão de gênero e representatividade
Mais infos e ingressos: www.meca.love/mecaibere
2Brothers Alexandre Moreno (Vorlat) Ana Peroni (024) Coletivo Bronx Emiliano Jobim Gabriel Cevallos Gabto (Vorlat) JoĂŁo Veppo (Margot) Juli Baldi JP Florence (Neue) Mari Kruger (Margot) Mark Daniel Pedro Moser Pedro ValĂŠrio Posada Rafael Triboli Vika Schmitz (024)
#QUEMTEINSPIRA
a alquimista da indumentária
Promovendo o encontro entre arte e ciência exata, Flávia Aranha cria moda atemporal a partir da natureza
Quando menina, Flávia Aranha encarnava uma bruxinha no quintal. No comando de um caldeirão imaginário, ela criava poções mágicas com o que colhia pelo mato nos arredores da casa da avó. Décadas mais tarde, a brincadeira virou trabalho. Ao criar, há oito anos, a marca de roupas e acessórios que leva o seu nome, a estilista passou a manipular o que encontra na natureza para produzir cores e texturas para suas peças. No meio do processo, tornou-se referência em moda sustentável no Brasil e no mundo. E, hoje, estuda química e botânica para avançar em pesquisas que a auxiliam na construção de um legado que valoriza técnicas ancestrais esquecidas e respeita o planeta.
“SE EU TENHO A PLANTA E UMA PANELA, CONSIGO FAZER TESTES DENTRO DA MINHA PRÓPRIA COZINHA”
Como é o seu processo de criação? É muito particular. Costumo produzir mais aos fins de semana, quando o ateliê está vazio, ou em casa mesmo. Para mim, criar é um processo íntimo. Preciso estar muito dentro de mim. No dia a dia é muito difícil essa conexão. Demoro umas duas horas para me ambientar e começar. Há algo que sempre se repete? A minha criação sempre parte da matéria-prima. Começo com um papel em branco, onde faço uma colagem com pedaços de amostras, testes de cores, espécies botânicas... Nesse painel, conto a história da coleção com texturas e trabalhos que estão me interessando. Ao entender os tecidos, eles me dizem se as peças serão mais estruturadas ou fluidas, por exemplo. Só depois vou para as formas.
FOTO: DIVULGAÇÃO
E as cores? Você parece ter um interesse especial por elas... Na faculdade, a gente aprende a colocar um código nas cores. É isso o Pantone: um processo mecânico que nos distancia desse elemento da natureza. Cor, para mim, é bioma, relação humana, um elo com processos históricos. Quando a gente entende a cor como uma planta, um material vivo, percebe um contexto, a procedência, uma visão mais integrada sobre a moda. O tingimento natural guia meu modelo de negócio. O interesse pelo tingimento vem de uma busca por um processo sustentável ou de uma curiosidade? Um pouco dos dois. Quando pequena, buscava coisas pelo mato para fazer poções mágicas (risos). Mas foi ao trabalhar com isso que passei a me interessar pela composição das coisas. Por que ao jogar limão numa panelada de crajiru [planta arbustiva], que é vermelha, ela ficava amarela, por exemplo? Comecei a ter inquietações que me levaram a estudar química e botânica. O reencontro com a ciência exata foi uma surpresa.
Como você vê o futuro desse mercado? As realidades são muito paralelas se pensarmos no Brasil todo. Ao mesmo tempo que há uma tendência de comportamento de consumo mais consciente, vemos o aumento da produção de soja e um Congresso querendo aprovar leis que diminuem o nosso espaço de floresta. Nosso papel é seguir mostrando que dá para fazer diferente com casos concretos. E temos de lembrar que o mundo é grande. É um desafio do capitalismo mundial.
Você já demorou anos para chegar a um tom. Como é a espera num contexto tão imediatista como o nosso? Se eu tenho a planta e uma panela, consigo fazer testes dentro da minha própria cozinha. Acabo pulando etapas, mas extravazo a minha ansiedade. Depois, com a equipe, as medidas e o tempo certo, vamos refazendo tudo passo a passo. E tem muita coisa a que chego no improviso. Mas são muitos tempos. Do algodão brotar e ser colhido, da fiandeira...
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Mas é um caminho sem volta? Hoje vejo claramente uma iniciativa de designers, mas, principalmente, dos consumidores. O acesso ao conhecimento é um caminho sem volta. Não tem como ignorar a nossa responsabilidade com o planeta. Então, há aí uma tendência de comportamento e de produção. Mas vivemos num país com desigualdade social. Temos passos ainda, como nação, para concretizar isso em grande escala, de maneira que seja acessível a todos.
REFRESH YOUR MIND
CINEMA.COM.BR Depois de dominar e transformar o mercado de séries de televisão, os serviços de streaming estão apostando e investindo na produção de longas-metragens originais. Diante desse cenário, quatro cineastas brasileiros discutem os prós e os contras e apontam caminhos do novo formato de distribuição
Não foi lenta nem silenciosa a estratégia de domínio da TV pelos serviços de streaming. O processo teve início em 2013, quando a Netflix lançou suas primeiras séries originais, “House of Cards” e “Orange Is the New Black”, que, naquele mesmo ano, se tornariam as primeiras produções exclusivas para a internet a ganhar indicações ao Emmy e ao Globo de Ouro. Dois anos depois, quando a plataforma americana já ocupava cadeira cativa em cerimônias, foi a vez de a Amazon entrar para o grupo com prêmios para a comédia dramática “Transparent”. Por fim, no mês passado, a distopia feminista “The Handmaid’s Tale”, da Hulu, venceu a última grande batalha
ao se tornar a primeira produção para streaming premiada com o Emmy de Melhor Série de Drama. Na mesma noite, a Netflix levou 20 troféus. E enquanto a trajetória ascendente leva outras empresas a investir na produção de séries, como a Apple, que gastará US$ 1 bilhão em originals este ano, o segmento já caminha para conquistar um novo território: o do cinema. No início do ano, a líder do mercado foi presença forte no Festival de Cannes, não apenas pelos dois longas que apresentou — “Okja”(Bong Joon-ho) e “The Meyerowitz Stories” (Noah Baumbach) —, mas também por ter sido criticada por Pedro Almodóvar, presidente do júri, por não exibir seus fil-
mes nos cinemas. A resposta da empresa é que não faria sentido priorizar a tela grande já que suas produções são financiadas com dinheiro dos assinantes que as consomem em tela pequena. Há, inclusive, quem comece a ver possibilidades até mais interessantes na distribuição online do que no circuito tradicional de salas de cinema. É o caso de Marcelo Galvão, diretor do primeiro filme brasileiro original da Netflix, “O Matador”, com lançamento previsto para o fim de 2017. “Veja, por exemplo, ‘Bingo’, do Daniel Rezende, uma produção grande para os padrões brasileiros, que estreou em 290 salas e foi vista por cerca de 200 mil pessoas, um público baixo se com-
parado a seu potencial”, analisa. “Pela Netflix, seu filme pode ser visto por mais de 100 milhões de pessoas ao redor do mundo, não tem comparação”, diz referindo-se ao número de usuários da plataforma. A distribuição não foi o único aspecto que atraiu Marcelo para o lado digital da força. Autor de outros cinco longas, ele elogia a estrutura disponibilizada pela gigante americana, que investiu US$ 6 bilhões na produção de filmes e séries em 2017. O suporte não apenas permitiu que, pela primeira vez, ele não se preocupasse com captação de dinheiro por meio de leis de incentivo, como também acelerou o processo de realização do projeto. “Há menos de
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FOTOS: DIVULGAÇÃO; [A] YURI PINHEIRO/AIC
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1 – Marina Person, diretora de “Califórnia” 2 – Kleber Mendonça Filho, diretor de “Aquarius” e curador do IMS Paulista 3 – Fernando Coimbra, diretor de “Castelo de Areia” e “O Lobo Atrás da Porta” 4 – Marcelo Galvão, diretor de “O Matador”
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Muito além da Netflix Seja você um fã dos grandes clássicos do cinema ou um aficionado pelas séries, conheça alternativas para diversificar sua tela Hulu.com ESTRUTURA E AUXÍLIO PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS SÃO ATRATIVOS PARA CINEASTAS NO STREAMING
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2 um ano e meio entre a filmagem e o lançamento de ‘O Matador’, muito mais rápido que qualquer processo brasileiro”, conta. “Para se ter uma ideia, demorei sete anos apenas para captar o dinheiro necessário para fazer ‘Colegas’ sair do papel. E isso é comum!” Fernando Coimbra, responsável pela direção de quatro episódios da série americana “Narcos”, também vê as plataformas de streaming como uma saída para filmes independentes no cenário atual em que essas produções encontram cada vez mais empecilhos. “Hoje, os filmes são pequenos ou muito grandes, quase não existem mais as produções médias”, afirma. Para ele, não é a oferta de séries e filmes online que diminui a frequência das salas de cinema, problema recorrente do segmento menos comercial. “Eu
acho que o maior inimigo do cinema é o preço do ingresso. É todo um sistema que está contribuindo para a redução do público, mas não acho que o interesse tenha diminuído.” O cineasta paulista também vê com bons olhos o crescimento do formato serializado. Ele acha atraente a ideia de desenvolver uma história em dez horas em vez de duas, algo que, segundo ele, era incomum de ser considerado antes do salto de qualidade das séries americanas em meados dos anos 2000. “Há mais de 100 anos, estamos presos a esse formato do cinema de narrar uma história em duas horas, mas já é difícil dizer se continuará assim... Pode ser que as pessoas comecem a se interessar mais por histórias mais longas”, filosofa. “Os grandes blockbusters, como os filmes de super-heróis, já estão acompa-
nhando esse movimento e criando sagas que refletem o formato seriado.” Dividido entre os ofícios de cineasta e curador de cinema do Instituto Moreira Salles Paulista, Kleber Mendonça Filho, ao mesmo tempo que acha “incrível” o investimento do streaming em conteúdos originais, também se preocupa com a baixa disponibilidade de grandes clássicos do cinema nos acervos online. A seu ver, esse descuido com a história do audiovisual, quando vindo de empresas que impactam fortemente a sociedade e a cultura, pode ser responsável pela formação de milhões de espectadores que desconhecem a existência de filmes que não tenham sido lançados nos últimos 20 anos. “É preocupante. Como curador, trabalho justamente com o oposto: tento mostrar que o cinema é muito maior e mais abrangente do que o mercado oferece”, explica o diretor de “Aquarius” e “O Som ao Redor”. “Acho que essa baixa variedade é uma oportunidade perdida de criar um novo público. Se você tem acesso a tanta gente e tanto poder de mercado, talvez fosse mais interessante trabalhar em várias frentes.” A cineasta Marina Person compartilha desse pensamento e alerta para o perigo de ficar à mercê das plataformas, uma vez que, com a extinção das videolocadoras e o crescente desuso de DVDs e Blu-rays, elas se apresentam, cada vez mais, como as únicas opções para assistir a filmes sem recorrer à pirataria. “É perigoso, porque esses serviços acabam escolhendo o que você quer ver. Você perde a autonomia e acaba ficando refém de um catálogo que oferece uma versão muito estreita do cinema”, diz.
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Sem previsão de chegada ao país, é a casa de “The Handmaid’s Tale”, que levou 8 Emmys este ano.
Fandor.com
Ainda indisponível por aqui, a plataforma oferece um variado acervo de filmes de arte, novos e antigos.
Mubi.com
Por US$ 5,99, tenha acesso a 30 filmes cult criteriosamente selecionados todo mês. Disponível no Brasil.
PrimeVideo.com
No Brasil, a Amazon oferece séries originais, como a premiada “Transparent”, e filmes por US$ 2,99.
Filmmelier.com
Gratuito, mapeia e recomenda filmes que estejam disponíveis para streaming ou aluguel em VOD.
A diretora de “Califórnia” não se encanta com a capacidade de distribuição online. Segundo ela, não basta disponibilizar o filme. “O que os cineastas fazem para representar o Brasil nos festivais e mercados internacionais é um trabalho essencial, que gera dividendos. Os americanos perceberam lá atrás que, quando eles vendem um filme, vendem também a calça jeans, a música, o Sucrilhos... Ou seja, não só o modo de vida, mas os produtos que eles fabricam”, explica. “Não vejo como uma plataforma de streaming conseguiria fazer isso só.”
AROUND THE WORLD
Novos temperos
LISTICLES Flea markets: garimpar é preciso
BUENOS AIRES -
Menu afetivo no Chila
internacional e traz opções para vegetarianos, dando a eles duas alternativas de menu degustação, que custam em torno de US$ 100. chilaweb.com.ar
Pra gringo ver e amar
LONDRES - Uma explosão à brasileira A começar em 5/10, a galeria TJ Boulting deixa suas portas abertas para o trabalho solo da escultora brasileira Juliana Cerqueira Leite. A mostra “BLOOM” coloca no centro das atenções as peças cheias de movimento criadas pela artista radicada em Nova York. Esta é a quarta vez que a escultora ganha exibição solo na galeria londrina. A mostra fica em cartaz até 7/11. tjboulting.com
Ideas Festival
L.A. - Líderes
globais juntos para aprender
Shonda Rhimes, Jeff Bezos, Malcolm Gladwell e outros grandes nomes de sucesso mundial sobem ao palco do Summit Los Angeles entre os dias 3 e 6/11. O evento, realizado em Downtown, espera reunir mais de 3 mil líderes globais interessados em ouvir e discutir as últimas tendências do mercado e da sociedade, diluídas em mais de 100 palestras, 40 performances, 65 atividades ligadas a wellness e experiências gastronômicas lideradas por 16 chefs. 2017.summit.co
Musique avec hype
PARIS - Três dias para a música indie
“Bíblia” da música alternativa, o Pitchfork tira seu know-how das páginas de críticas para promover a sétima edição do Pitchfork Music Festival Paris. Marcado para os dias 2, 3 e 4 /11, no Grande Halle de la Villete, o evento intercala artistas novatos e experientes. O line-up
reúne bandas como a dançante Polo & Pan (foto esq.) e a melancólica The National, que acaba de lançar o disco “Sleep Well Beast”. Artis-
Aos sábados, no Equador, a melhor pedida é o Otalavo, sobretudo para quem busca roupas e tecidos únicos. Plaza de los Ponchos, s/n, Otalavo. Quando em Berlim, coloque o Trödelmarkt na lista. Aberto aos fins de semana, ali há roupas de pele e diversos itens vintage de mobília. Straße des 17. Juni, 10623.
Na Caliórnia, o Rose Bowl Flea Market é um dos maiores e mais importantes da região. Lá tem de utensílios domésticos a itens históricos. Só é preciso paciência. Rose Bowl Dr, Pasadena. Quando a cidade dorme, o Chiang Mai Night Bazaar, na Tailândia, desperta. Ali são vendidas peças artesanais em madeira, comida de rua e achados exóticos. 104-1 Chang Klan Road.
tas solos a exemplo de Tom Misch também estão na lista. Os ingressos para os três dias saem por € 110. pitchforkmusic festival.fr
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FOTOS: DIVULGAÇÃO; [A] VALERIA ALMARAZ; [B] AUTUMN DE WILDE
Restaurantes, palestras, festivais, exposições e experiências para carimbar o passaporte e a vida nas próximas semanas
Pupilo de chefs como Alex Atala e Mauro Colagreco, não é de se estranhar que o argentino Pedro Bargero, aos 27 anos, já acumule preparo suficiente para assumir um dos restaurantes mais disputados da alta gastronomia portenha, o Chila. Sob sua liderança, a casa passa a investir em uma culinária afetiva, privilegiando a qualidade dos ingredientes e zelando pela interferência mínima. O cardápio enxuto é contemporâneo e
O Marrakech Souks, no Marrocos, abre diariamente e é certeiro para quem busca itens de decoração e peças de couro. Arredores da praça Jemaa el-fna.
AROUND THE WORLD
Cool hunting
NOVE MESES NA ESTRADA: A ROAD TRIP QUE MUDOU A MINHA VIDA
ESTOCOLMO -
Hotel para não dormir
Dormir é para os fracos: no hotel Hobo, em Estocolmo, os quartos seguem a etiqueta de grandes redes e oferecem conforto com estilo, mas há tantas boas razões para perder o sono que o descanso é secundário. Palestras, exposições e painéis de discussão são algumas das atividades que acontecem diariamente nas áreas comuns. Para manter o pique em dia, o restaurante da casa aposta em urban farming, cultivando no próprio lobby algumas das
by Luiza Campos, Fotógrafa e filmmaker
especiarias usadas nos drinks e pratos do menu. Todo o estabelecimento é decorado no melhor estilo escandinavo com uma pegada moderna. hobo.se
Morte e vida colorida
[A]
MÉXICO - Música e festa para
a visita dos que já se foram
Enquanto o Dia de Finados tem contornos fúnebres no Brasil, o México encara a data com uma alegria carnavalesva. Com caras pintadas, música e boa comida, os locais celebram a “visita” de seus entes
queridos que já se foram. A festança, considerada Patrimônio Histórico da Humanidade pela Unesco, é realizada sempre entre os dias 31/10 e 2/11. É também um dos feriados mais esperados e comemorados do país. Vai lá.
O terror, o terror
TORONTO - Festival de cinema promete sustos sem moderação De 12 a 20/10, Toronto é mais uma vez assombrada pelo After Dark Film Festival, que prestigia longas de terror. No total, 20 obras serão exibidas no telão do Scotiabank Theatre, em Downtown. Os filmes seleciona-
dos têm roteiros bem diversificados, e contemplam temas de ficção científica, ação e até cult — porque vale tudo por um bom susto. O passe para a programação completa custa US$ 129. torontoafter dark.com
[B]
Bless the jazz
BCN - Música boa até o fim do ano Barcelona canta a contagem regressiva para o fim do ano em um bom ritmo de jazz. Isso porque, até o mês de dezembro, a cidade espanhola sedia o Voll-Damm Barcelona International Jazz Festival. Reconhecido como um dos maiores
eventos do gênero no mundo, o festival tem a canadense Diana Krall como a principal headliner desta 49ª edição. Ela se apresenta no dia 17/10, no Auditori Fòrum. Os ingressos para o show da
artista começam em € 40. Outros músicos renomados, como Ambrose Akinmusire, Sai Trio e Logan Richardson, também têm presença garantida na programação. jazz.barcelona
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“Vivenciei uma gestação sem ser mãe: por nove meses carreguei dentro de mim uma outra vida. Senti todas as dores e todas as alegrias de quem se lança em experiências assim, sem volta. E sem recomeço. Com o pé sempre no acelerador, decidi ir da Ilha Kodiak, no Alasca, até Raúl Marín Balmaceda, na Patagônia chilena. Percorri, de carro, 50 mil km e 13 países. Me perdi e me achei em cada um deles, no desafio mais caro da minha vida — e não estou falando de dinheiro, mas de matéria humana mesmo. Enquanto um pouco de mim ainda permanece pelo caminho, trouxe outras Luizas no peito — e ainda estou no processo de organizá-las; de organizar-me. Do começo ao fim, me propus a documentar cada metro percorrido, o que me fez crescer muito como filmmaker. Mas, como toda evolução, essa também não passou sem dor. A vida sem script era fonte de alegria e de agonia, quase na mesma proporção, porque essa foi uma viagem de extremos opostos. O meu lugar favorito, por exemplo, segue sendo o Alasca, mas é também onde mais sofri. Acho que porque lá é tudo muito selvagem e eu estava completamente fora do meu elemento, daí os sentimentos conflitantes. Não bastassem os desafios típicos de uma expedição assim, eu ainda tinha de lidar com os meus próprios anseios de quem muda de década. Deixei os 20 para embarcar nos 30 no Peru, ainda durante a viagem. Acho que cada um experimenta essa transição de uma forma, e a minha, claro, foi muito intensa, como pediam o cenário e a situação. Na minha última noite com 29 anos, me peguei em uma autoanálise pesada. Pensava no que estava fazendo da minha vida, para onde, de fato, tudo aquilo estava indo e por quê. Por quem. Por quanto tempo. Acordei sem nenhuma resposta, mas com o coração pulsando tranquilo. Não sabia do futuro, mas ali, de repente, era exatamente onde e como eu queria estar. A viagem seguiu seu curso normal, me transformando como mulher e como profissional. Cheguei ao destino final como quem chega a um parto: exausta, assustada, indescritivelmente feliz e multiplicada. Hoje somos muitas Luizas a coabitar este corpo, e cada uma delas mantém o pé no acelerador: a jornada está só no começo, e nenhuma de nós tem pressa alguma.”
TRUE CHARACTERS
BUDWEISER
os contos musicados de kafé
Relações, conflitos e desilusões amorosas são a base da criação do músico baiano que combina pop e R&B e acaba de lançar o primeiro disco com cara de livro de histórias curtas
MÚSICA –
As letras de Kafé, o álbum e o músico falam de inícios, de amores ressignificados pelo tempo e daquelas conversas que poderiam resolver qualquer mal-entendido, mas, muitas vezes, nunca acontecem. O tom confessional, quase como sussurro ao pé do ouvido, deixa tudo mais próximo de quem ouve as canções na pista. “Elas surgiram de situações que observo ou imagino, mas a maior parte veio de momentos vividos por mim mesmo. Penso música como uma peça autônoma. Assim, ela passa a não ser simplesmente a minha história, mas um conto”, explica o cantor baiano. Para reforçar essa ideia de narrativa, o artista usou recortes de áudios reais em algumas composições, como “A Lei” e “Chances”, recurso já usado por nomes como The Books e Frank Ocean – para citar exemplo mais recente. É tudo embalado por uma linha melódica que dialoga com o R&B e o pop, colocando qualquer um para dançar. Nos shows, o clima é favorecido pela presença de dois dançarinos que se contorcem pelo palco — às vezes sozinhos —, criando todo um mood. Alinhado com o seu tempo, Kafé tem apresentado as faixas do seu disco devagarinho, desde 2015. Mas só no último mês, no MiniMECA, lançou oficialmente o trabalho de estreia que leva seu nome e três fortes candidatos a hits: os singles “360”, “Chances” e “Nós3”. Se ainda não ouviu, fique ligado. Em breve estará em uma pista pertinho de você.
por Bananas Music Branding
As influências são incontestáveis: uma mistura de Kasabian com Sly and the Family Stone e um toquezinho de Beck na fase “Ode-
lay”. A banda caiu nas graças da radialista e überinfluencer musical Annie Mac, e foi daí para as pistas.
CINNAMON TAPES (Brasil) A inspiração que vem do mar permeia a música de Susan Souza, que lançou em setembro o seu disco de estreia, “Nabia”. Produzido por Steve Shelley, baterista do Sonic Youth, o álbum é pontuado por uma melancolia, a qual a artista exorciza e convida o ouvinte a fazer o mesmo.
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FRABIN (Brasil) O paraense radicado em Santa Catarina Victor Fabri, o Fabrin, produz seu indiedream-pop com pitadas lo fi quase que completamente sozinho. As texturas e os teclados que acompanham suas canções são dançáveis e melancólicas, uma combinação certeira para fãs do gênero.
KAITLYN AURELIA SMITH (EUA) Misturando sons analógicos e orgânicos com maestria, a americana cria melodias ricas, baseadas em experimentalismos eletrônicos. Usando especialmente um sintetizador chamado Buchla, criado nos anos 1970, suas texturas e sons são como pequenos universos.
Que tipo de som ouve quando está introspectiva? Curto Cat Power, Billie Holiday, Tim Maia... Sou eclética. Mas não costuma durar muito essa vibe. Ouço as musiquinhas e logo passa. Você parece sair bastante. Vai pra onde? Sou rolezeira! Amo sair para dançar com as amigas! Tenho ido mais a festinhas de eletrônico, tipo Mamba Negra, ODD, Caps Lock... Qual é o tipo de trabalho que mais gosta? Gosto quando pedem coisa diferente do que a maioria faz. Tendência que está rolando fora e as meninas aqui ainda têm medo de usar... E franjas! Ahhh, como eu amo uma franja!
Assim como a cerveja, que há mais de um século tem sua receita inalterada, a Bud acredita em pessoas autênticas, genuínas e que fazem as coisas do seu próprio jeito. Alguns desses exemplos estão nesta página!
FOTOS: DIVULGAÇÃO
LANÇADO AOS POUCOS DESDE 2015, O ÁLBUM DE ESTREIA DO CANTOR TEM HITS COMO “360”E “NÓS3”
BAD SOUNDS (Inglaterra) cidadezinha de Bath, no oeste da terra da rainha, e já marcaram presença nos line-ups de festivais enormes como Glastonbury.
hairstylist do L.A.J.E, mostra seu lado rocker.
Se você tivesse uma banda, qual seria o seu instrumento? Cara, na real eu até ja tive uma banda de metal! Tocava baixo, bem mal por sinal, tanto que não durou muito (risos). O meu pai é guitarrista, então o rock sempre esteve na minha vida.
MECARADAR — BANDAS PARA VOCÊ FICAR DE OLHO
Se ainda não existia o subgênero indiefunk, ele parece criado para o Bad Sounds. Os irmãos Ewan e Callum Merrett vieram da
Larissa Pugaciov,
MINIMECA
um evento por mês Sempre no primeiro sábado do mês, com entrada gratuita, o MiniMECA reúne shows, DJ sets, market e uma experiência que explora áreas como moda, arte e conhecimento no MECASpot (Rua Artur de Azevedo, 499, Pinheiros). Em setembro, a atmosfera foi fashionista e “caliente”. Peças hot de marcas como a OhLord Intimates, de lingeries, ajudaram a criar o mood. Mas a noite embalou mesmo quando o Kafé fez do nosso deck o próprio palco e colocou todo mundo para dançar ao som de “Nós 3”.
turn the music on
by Vinicius Zeller
— No set dele, que também é DJ da festa Primavera, Te Amo, não pode faltar Kendrick Lamar, “o melhor rapper da atualidade”.
PRETA DE QUEBRADA – Flora Matos
Mostra o poder e a importância da mulher no rap nacional.
HUMBLE – Kendrick Lamar
É um dos melhores lançamentos deste ano.
ELA PARTIU – Tim Maia
Clássico do meu artista preferido.
HERE COMES THE HOTSTEPPER – Ini Kamoze Um dos sons mais envolventes da história.
FOTOS: THAYS BITTAR
CHECK MY MACHINE – Paul McCartney
Um groove de um roqueiro branco é no mínimo especial.
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FAMILY & FRIENDS 1
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OUTRAS PALAVRAS 1. Peèle Lemos,
carpinteiro e produtor rural — “O contato mais próximo com a natureza me ensinou que tudo é semente, e que todo nascimento começa pelo desconforto.”
2. Nicole Nandes,
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3. Tuti Müller, atriz
— “Minha vida podia ter sido roteirizada por Woody Allen e dirigida por Almodóvar. Uma comédia às vezes pastelona e outras vezes dramática, com pitadas de Frances Ha.”
4. Emiliano Jobim,
relações públicas — “No verão, eu desfilo a minha última tendência: ser feliz. Pego estrada na sexta, faço terapia do riso, reúno os amigos com churrasco e cerveja, mergulho no mar. Tem moda melhor?”
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FOTOS: ACERVO PESSOAL; [A] ALLAN BRAVOS
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produtora cultural e DJ — “Dizem que a noite é dos loucos, dos românticos, dos poetas e dos artistas. O cair do dia acorda em mim tudo isso: minha criatividade e meu lado mais lúdico são seres notívagos.”
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VILA CLEMENTINO
No mês da Mostra Internacional de Cinema, selecionamos lugares para ver, comprar e aprender sobre a sétima arte CINESALA – Promovendo o cinema de rua desde 1962, a Cinesala é a pedida para assistir a bons filmes do conforto de um sofá, se deliciando com os quitutes da bombonnière e com uma programação alternativa às grandes redes. R. Fradique Coutinho, 361.
CINEMATECA BRASILEIRA – Além do importante trabalho de preservar a produção audiovisual nacional, a entidade organiza mostras e seminários, e tem à disposição um acervo incrível de livros temáticos, rolos de filme, VHS e DVDs. Lg. Sen. Raul Cardoso, 207.
LIVRARIA DO ESPAÇO ITAÚ – Antes ou depois de um filme, é sempre ótimo desbravar as estantes dessa pequena livraria que conta com uma extensa bibliografia sobre a arte audiovisual, além de camisetas e canecas inspiradas em filmes. R. Augusta, 1.475.
LIVRARIA CULTURA – A loja do Conjunto Nacional tem uma grande variedade de clássicos em DVD e Blu-ray, inclusive importados da prestigiada coleção Criterion, famosa pela qualidade de suas remasterizações de obras do cinema mundial. Av. Paulista, 2.073.
ACADEMIA INTERNACIONAL DE CINEMA – Para quem quer aprender sobre a história do cinema ou dominar a arte de fazer filmes, a AIC oferece de workshop de roteiro a um curso de formação em cinema. R. Dr. Gabriel dos Santos, 142.
CINUSP – No campus da USP, a sala de cinema gratuita e aberta ao público oferece mostras temáticas produzidas por professores e alunos da universidade, seminários, debates, cursos, pré-estreias e parcerias com festivais de cinema. R. do Anfiteatro, 181.
FEIRA DA BENEDITO CALIXTO – Do pôster americano de “Casablanca” ao alemão de “Blow Up”, Roberto Girotto oferece opções para quem quer estampar o amor pela sétima arte nas paredes de casa. Sempre aos sábados. Pç. Benedito Calixto.
CINESESC – Ótima para acompanhar a produção fora do eixo, a sala recebe inúmeras mostras, como o Indie Festival, que destaca o suprassumo do cinema alternativo, e a Mostra Sesc, que faz uma retrospectiva dos melhores do ano. R. Augusta, 2.075.
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Produzimos os eventos que a gente gostaria de ir. Geramos o conteĂşdo que a gente gostaria de consumir. ConstruĂmos os lugares que a gente gostaria de frequentar. Criamos os produtos que a gente gostaria de comprar. Investimos nos negĂłcios que a gente gostaria de participar. Aproximamos as pessoas com quem a gente gostaria de conviver. Conectamos as marcas que a gente gostaria de trabalhar. Simples assim. Celebrating a new generation of Alphas & Betas, since 2011