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LÁ FORA
RDC, ONDE O DESENVOLVIMENTO PERMANECE REFÉM DO CONFLITO
Quando faltam pouco mais de três meses para as eleições de Dezembro, a República Democrática do Congo permanece submersa em conflitos políticos, étnicos e regionais desde há décadas. Um verdadeiro imbróglio agravado pelo impasse que se vai arrastando entre o presidente Kabila e as forças da oposição ao regime
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com uma área de 2,3 milhões de quilómetros quadrados, a República De-
mocrática do Congo (RDC) é um dos países africanos de maior extensão territorial. Com cerca de 40% da sua população, de 77 milhões de habitantes, a viver em áreas urbanas, segundo o Banco Mundial, dispõe de mais de 80 milhões de hectares de terras aráveis e mais de 1 100 diferentes tipos de minérios e pedras preciosas, além de um enorme potencial para tornar-se um dos países mais ricos do continente. Mas isso só será uma realidade, se conseguir ultrapassar a crónica instabilidade política e o caos latente. Ainda não recuperada dos intrincados conflitos que se desencadearam nos anos noventa do século XX, a RDC, com Joseph Kabila no poder desde 2001, não conheceu nenhum período duradouro de estabilidade completa. As eleições inicialmente planeadas para 27 de Novembro de 2016 foram sucessivamente adiadas por vários episódios rocambolescos protagonizados pela liderança actual, que tem bloqueado a consecução de um clima pacífico almejado para as eleições previstas para Dezembro de 2018. E permanece um perigoso impasse político entre o Presidente Kabila e as forças da oposição aliadas à sociedade civil, que tinham lançado um ultimato ao dirigente da RDC, que resiste a diversas mediações internacionais para a saída da crise. Os recentes massacres ocorridos na região do Kasai, onde ocorreram mutilações, violações por gangues e assassinatos em massa, levaram a ONU a fazer soar o grito
de alarme para o prelúdio de uma situação de genocídio, conclamando a comunidade internacional para agir e prevenir os tristes episódios ocorridos no Rwanda. O mesmo relatório da ONU, publicado no início de Julho em Genebra, Suíça, dá conta das tremendas atrocidades cometidas nas várias guerras da RDC – incluindo violações massivas, desmembramento de corpos humanos, canibalismo – realizados tanto pelas tropas rebeldes como governamentais. Apesar da sua dimensão territorial e do potencial económico que isso acarreta, a RDC manifesta-se, para já, assustada, perante as ameaças de conflitos de vária ordem, a crise humanitária e a epidemia do Ébola, que podem, como no passado, traduzir-se em consequências negativas económicas e sociais para os países vizinhos (caso de Angola).
O panorama económico Entre 2010 e 2015, a RDC registou um crescimento médio de 7,7%, segundo o Banco de Desenvolvimento Africano (BAD). Em 2016, esta performance desceu para 2,4% devido à queda dos preços das matérias-primas de exportação do país (designadamente cobre e cobalto) e à instabilidade política reinante. O crescimento foi estimado em 3,3% em 2017, graças ao bom desempenho das indústrias extractivas e da manufactura, da construção e do comércio. Uma retoma que deverá confirmar-se em 2018 e 2019 com a subida dos preços das matérias-primas e o relançamento da indústria extractiva como resultado do arranque de novos projectos mineiros. O abrandamento da actividade económica afectou negativamente as finanças públicas, com as receitas orçamentais (não incluindo as doações) a diminuírem de 13,6% do PIB em 2015 para 9,4% do PIB em 2016, reflectindo-se numa contracção das despesas públicas (12,8% do PIB em 2016 contra 17,3% em 2015). Assim, o BAD considerava, no início do corrente ano, uma gestão da dívida pública exterior admissível, com um risco de endividamento julgado moderado, contrariamente à situação da dívida interna, que passou de 3,6% do PIB em 2015 para 7,6% em 2016. As Reservas Internacionais Líquidas (RIL) do país caíram de 1,4 mil milhões de dólares em 2015 para 882 milhões em 2016 e, posteriormente, para 668 milhões em Setembro de 2017. Ou seja, 2,93 semanas de importações. O franco congolês depreciou-se em relação ao dólar em 23,7% em Como factores positivos a assinalar na mais recente evolução económica da República Democrática do Congo, o BAD destaca a retoma dos preços dos produtos de base, em particular do cobre e do ferro, que aumentaram, respectivamente, entre 15,76% e 87,93% no período de Dezembro de 2016 a Setembro de 2017, provocando uma alta de 9,3% da produção de cobre e 18% da produção de ferro. A verificar-se um reforço desta tendência em 2018 e 2019, as receitas orçamentais, as reservas em divisas, a taxa de câmbio e a balança de pagamentos poderão conhecer melhorias. Em 2015, o sector extractivo representava 97,5% das receitas de exportação, 24,7% das receitas correntes do Estado e 20,9% do PIB. Estão presentemente em curso vários estudos de viabilidade de parques agro-industriais, com o objectivo de diversificação da economia, que ainda se encontra muito dependente do petróleo e de vários produtos minerais. No topo dos factores negativos existentes na RDC está, claramente, o clima de instabilidade política, convulsões sociais e tumultos que aumentam a imprevisibilidade. Acresça-se que, sobretudo no centro e leste da RDC, permanece um clima de insegurança preocupante, capaz de comprometer a actividade económica, caso se agrave, com o alastramento do desastre humanitário. Por outro lado, a deterioração do poder de compra das famílias, causada pela alta dos preços dos produtos de primeira necessidade e a depreciação do franco congolês colocam a RDC sob o risco de alimentar uma crise social latente. Aliás, o país continua a figurar entre os mais pobres do mundo. Segundo o Banco Africano de Desenvolvimento, apesar de uma ligeira melhoria da posição da RDC no ranking Doing Business 2018, passando do 184º lugar em 2017 para o 182º entre 190 países, exigem-se melhorias importantes no ambiente de negócios, que está entre os dez piores do mundo.
2,9%
FOI O CRESCIMENTO DO PIB DA RDC EM 2017
RDC MAL NO DOING BUSINESS…
País está na cauda do ranking que analisa 180 economias
Em %
2017 2018 184 182
… MAS COM PERSPECTIVAS OPTIMISTAS DE EVOLUÇÃO DO PIB
Fitch antevê regresso ao crescimento
Em %
2018 2019 2,8 5
FONTE Doing Business 2018, BMI/Fitch
2016 e 22,5% no final de Setembro de 2017, fazendo saltar a inflação de 0,8% em 2015, para 6,9% em 2016 e depois 42,9% em 2017. O défice das contas correntes era de 3,2% do PIB em 2016, sendo estimado em 2,4% em 2017, uma situação que o BAD antecipa que possa melhorar em 2018. Entretanto, o declínio continuou. As finanças públicas da RDC conheceram uma grave deterioração desde 2016, acompanhada de um crescente défice fiscal. A queda das exportações reflectiu-se na diminuição das receitas orçamentais, ao passo que a falta de acesso aos mercados financeiros internacionais e doméstico conduziu o Governo à redução drástica da despesa pública para conter o défice e limitar o financiamento pelo banco central do país. Actualmente, as reformas iniciadas pelo Governo congolês num passado recente, em matéria de boa governação e transparência nas indústrias extractivas (silvicultura, minas e petróleo) e de melhoria do ambiente de negócios, revelaram-se insuficientes, como demonstrou o recente escândalo com a multinacional Glencore. Sector mineiro cresce, apesar dos conflitos Com uma crise política latente em vésperas das eleições de Dezembro, entremeada por escaramuças étnicas e o com Ébola a afectar drasticamente o consumo doméstico e a limitar a ajuda externa, a perspectiva de crescimento fica praticamente localizada no sector mineiro. Apesar de antecipar uma aceleração do crescimento da economia da RDC nos últimos dois trimestres de 2018, os
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Indústria extractiva: Bom desempenho é essencial para amplificar crescimento do PIB
O abrandamento da actividade económica afectou negativamente as finanças públicas, com as receitas orçamentais a diminuírem de 13,6% do PIB em 2015 para 9,4% do PIB em 2016
ganhos não serão os mesmos em todos os sectores da economia, defende a unidade de pesquisa Business Monitor Internacional (BMI), afecta ao grupo Fitch. Devido ao elevado risco político, o consumo doméstico será afectado, em sequência também do aumento da violência no meio rural, que provoca um elevado número de deslocados internos. Simultaneamente, a recorrente recusa do presidente em honrar compromissos relativos às eleições de Dezembro de 2018, está a provocar uma retracção da ajuda externa, limitando os principais projectos do Governo. Deste modo, o sector mineiro da RDC apresenta-se como factor essencial de crescimento, especialmente a produção de cobre e cobalto, com a emergência de vários grandes projectos em 2018 e 2019, algo que, segundo a BMI/Fitch, sustenta a sua previsão de um crescimento real do PIB entre 2,8% e 5%, respectivamente para 2018 e 2019, vindo de 2,9% em 2017. Contudo, mesmo com o estímulo do sector mineiro, o crescimento na RDC continua muito abaixo do seu potencial, sempre sob a ameaça de elevado risco político, na expectativa de que os conflitos não se alastrem à relativamente pacífica província de Katanga, uma das maiores regiões mineiras. De resto, o impasse político latente, o au mento das convulsões sociais nos centros urbanos e a crescente insurgência nas províncias orientais fizeram disparar um número de deslocados civis nas regiões do centro e leste, atingindo actualmente cerca de três milhões de pessoas. Esta mistura de deslocados e disrupções económicas está a dificultar o fluxo de mercadorias, contribuindo para a redução da procura, um cenário exacerbado pela redução das ajudas governamentais num contexto em que os subsídios correspondem a 8,2% do total das receitas. A BMI/Fitch considera que existe o risco dos países doadores abandonarem a ajuda à RDC devido aos desacordos com Kabila, algo que coloca Kinshasa diante de um leque muito limitado de fontes de financiamento. Espera-se que o sector mineiro da RDC se transforme um dos mais rápidos e crescentes mercados mineiros a nível mundial, devido em grande medida ao aumento da produção de cobre e cobalto. Entretanto, parecem goradas as expectativas sobre o impulso da produção de cobre e cobalto da mina de Katanga da Glencore, e do retomar das operações em Dezembro de 2017, devido ao escândalo que emergiu em Junho, quando a poderosa multinacional foi acusada pelo departamento de Justiça dos EUA de estar envolvida em actos de corrupção na RDC, Nigéria e Venezuela. Dan Gertler é, de resto, uma das personalidades com as quais a Glencore trabalha na RDC, grande amigo e parceiro de negócios do presidente Kabila, cujas actividades vinham sendo investigadas pela Global Witness desde 2012. Essa situação afecta especialmente o desempenho da Katanga Mining, (subsidiária da Glencore na RDC), a avaliar pela queda em bolsa das acções da multinacional. Espera-se igualmente um sólido crescimento sustentado na produção doméstica de ouro depois da melhoria da mina da Randgold de Kibali, nos próximos dois anos. Informações daquele grande produtor mineiro continental referem que o trabalho para a automatização do sistema de processamento do material da mina, que foi recentemente concluído, aumentará a produção em 22% até o fim deste ano. Mas o factor crucial para a RDC, reside na circunstância de o sector mineiro estar relativamente protegido da instabilidade que abrange grande parte do país, devido à sua localização geográfica. O facto de a maioria das minas estar localizada a sul da RDC (província de Katanga), com as rebeliões mais concentradas no centro e nordeste (norte e sul da província de Kivu), tem possibilitado a manutenção da produção. Infelizmente, o agravamento das convulsões sociais funciona como caldo de recrutamento para os cerca de 70 grupos rebeldes que operam na RDC, provocando uma demanda da segurança nos locais de produção mineira
TEXTO MÁRIO PAIVA FOTOGRAFIA ISTOCK PHOTOS
OPINIÃO
Quando não dizer tudo, até pode ser sinónimo de lealdade
Celso Chambisso • Jornalista da Revista Economia & Mercado
toda a regra tem excepções, há que admitir. Mas é também preciso aceitar que há excepções à regra que podem criar desconforto e até desconfiança quanto à transparência em relação à(s) matéria(s) em causa. É exemplo disso o facto de os contratos da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) com os seus clientes não permitirem que esta revele o preço de venda da energia eléctrica. Durante a Reunião Anual sobre a Performance da HCB em 2017, que teve lugar na capital do país a 28 de Agosto passado, o conselho de administração da hidroeléctrica anunciou o aumento da tarifa de energia aléctrica vendida à energética sul-africana Eskom em 26%, no ano passado. Mas a confidencialidade prevista no contrato não deixou que a HCB tornasse público o significado deste aumento em termos nominais, ou seja, ninguém além da empresa e seu cliente, no caso a Eskom, deve saber o preço anterior e o actual da energia eléctrica. Há quem diga que o problema é dos sul-africanos, que terão de consumir energia mais cara sem clareza da base sobre a qual o ajustamento terá sido feito. Mas não nos esqueçamos que a Electricidade de Moçambique (EDM), empresa responsável pela rede energética do nosso país, é também cliente da HCB e o contrato com esta também é confidencial. A propósito, em Maio deste ano, a EDM anunciou que está em negociações com o Governo para mais um reajuste da tarifa de energia fornecida aos seus clientes (1,7 milhões de clientes em todo o país), e o argumento, segundo o director comercial da empresa, Benjamim Fernandes, é que o custo de aquisição junto aos fornecedores (HCB é o principal) está acima do preço de venda e a situação tornou-se insustentável. Esta discussão começa menos de um ano depois do último reajuste, em Agosto do ano passado, quando se estabeleceram as condições actuais de consumo: clientes domésticos (que representam cerca de 90% do total dos clientes da empresa) passaram a pagar 6,95 meticais por kilowatt/hora, contra os anteriores 5,14 meticais. O aumento de 1,81 meticais por kilowatt/hora é aplicado a consumidores que já usam o sistema pré-pago CREDELEC, sendo que para os consumidores domésticos que ainda não aderiram ao CREDELEC, as tarifas subiram em média dois meticais por kilowatt/hora. Para o consumidor, obviamente, não será agradável um novo ajuste de energia em tão curto espaço de tempo. E muito provavelmente não terá sido agradável ouvir as limitações contratuais da HCB em revelar por quanto vende energia aos seus clientes, que incluem a EDM. A situação, que se confunde um pouco com a falta de transparência, cria algum espaço para a especulação, podendo levar algumas esferas de opinião a relacionar os ajustes tarifários com a necessidade de financiar sabe-se lá o quê, que não se deve assumir publicamente por razões diversas. E aqui pode-se levantar o respeito pela Lei do Direito à Informação que tem sido apontada como um dos mais importantes instrumentos para tornar os cidadãos participativos em todos os domínios da vida da nação, e que é também instrumento de combate à corrupção. Mas porque toda regra tem excepção, há que respeitar a confidencialidade dos contratos da HCB, e é meu entender que esta empresa, com a pujança e o respeito que granjeia interna e internacionalmente, faz muito bem em respeitar os seus clientes. “Não posso emitir juízo de valor sobre se está correcto ou não revelar o valor da venda de energia aos nossos clientes”, disse o Presidente do Conselho de Administração da HCB, Pedro Couto, quando um jornalista quis saber a sua opinião sobre a confidencialidade dos contratos neste capítulo, numa pergunta de insistência que deu a entender que a questão terá inquietado parte dos presentes na reunião de 28 de Agosto.
HCB é o orgulho dos moçambicanos, também pela disciplina e respeito pelos contratos que estabelece com os seus clientes. Mas há que não deixar de lado a possibilidade disso ser mal interpretado em determinadas situações, já que a falta de transparência é uma realidade do país
ócio
(neg)ócio s.m. do latim negação do ócio
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O Nkwichi Lodge onde a beleza de um lugar especial, como o Niassa, e se funde numa escultura com formas únicas
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Propomos uma viagem pelos sabores do Spazio, o universo das pizzas
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Com o Verão à porta, a crítica internacional elogia os refrescantes vinhos brancos portugueses
NKWICHI LODGE
NOITES SUGERIDAS: 4
PREÇO MÉDIO: 29.400 MZN
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NKWICHI LODGE UMA ESCULTURA
EM NIASSA dãos da União Europeia, dos Estados Unidos e da África do Sul. Capitalizar as potencialidades da paisagem local, prossegue Mpala, “é também uma forquem se dirige de cóbué, ma de dinamizar a economia a 200 quilómetros de Lichin- da região, dado que o matega, província de Niassa, norte rial usado pode ser fornecido de Moçambique, e atravessa, pelas comunidades de Mhala, em cerca de 30 minutos, o la- a povoação onde se localiza o go Niassa, terá à sua espera o Nkwichi.“ exótico Nkwichi Lodge. A gestora assinala que por Na verdade, os proprietários, detrás do Nkwichi estebritânicos, não edificaram o ve o espírito filantrópico dos Nkwichi. Esculpiram-no para proprietários. conservar a arquitectura que Um deles andou por Moçama natureza legou ao sítio. bique, no âmbito do processo Os sete chalets que acolhem de paz que se seguiu à guerra os hóspedes foram lapidados dos 16 anos, e viu na possibilipor entre as rochas da serra. dade de criar o projecto turísA matéria-prima que ajudou a tico uma forma de ajudar as erguer o lugar é nativa. comunidades próximas. A pedra, os bambus, o pau a pi- O Nkwichi é uma espécie de que e o caniço, trabalhados com âncora de onde se pode pardesvelo e arte, são da terra. tir para um sereno passeio A “guarda de honra” que dá de barco pelo lago Niassa, até as boas-vindas aos hóspedes às ilhas malawianas de Li-
logo à entrada deste eco-lodge, é feita de rochas laminadas colocadas em fila indiana. “O conceito do Nkwichi é proporcionar conforto, respeitando a natureza e o ecossistema deste lugar especial. Este é um lugar fantástico, que não carece de uma grande transformação enquanto alojamento”, explica Valentine Mpala, a zimbabueana que gere o espaço. Aliás, o Nkwichi é um lugar onde as nacionalidades se diluem. Além de Valentine, trabalham lá os zimbabueanos Leshie Chibaya e Itai Chibaya, o malawiano Patson Chamba e cerca de uma dezena de moçambicanos. Os visitantes que procuram o lugar são, na sua maioria, cida-
koma e Chizumulo, e é uma encosta de onde se pode “zarpar” para o montanhismo. No topo da serra, poderá contemplar o lago a partir da idílica star bed, a “cama das estrelas”, perfeita para cimentar relações à luz dos astros que se podem vislumbrar em vários momentos do ano. “É isolado, calmo e rústico, no sentido romântico, e o local perfeito para casais, em lua-de-mel, por exemplo”, considera Patson Chamba, o malawiano que nos conduz pelas vielas que sobem uma das montanhas de Mhala e de onde, a vista não ilude. E este, é mesmo um daqueles lugares imperdíveis.
TEXTO JOSÉ MACHICANE FOTOGRAFIA VASCO CÉLIO
OS PROPRIETÁRIOS NÃO EDIFICARAM O NKWICHI. ESCULPIRAM-NO. PARA, DESSA FORMA, PODEREM CONSERVAR A ARQUITECTURA QUE A NATUREZA DOOU A ESTE LUGAR MÁGICO
ROTEIRO
COMO IR A LAM garante voos entre Maputo e Lichinga, aos sábados, domingos, às terças e quintas-feiras. De Lichinga ao distrito do Lago, mais concretamente à localidade de Cóbué, uma distância de cerca de 200 quilómetros, existem opções de rent-a-car. De Cóbué ao Nkwichi Lodge, o eco-lodge proporciona a travessia de barco, num trajecto de 30 minutos.
O QUE FAZER Desportos aquáticos como surf, vela ou scuba diving. Com partida do Nkwichi Lodge, é possível fazer um passeio de barco, que o leva até às ilhas malawianas de Txizumulo e Likoma, em pouco menos de meia-hora. Também pode fazer passeios comunitários e conhecer um pouco da cultura local. À noite, não deixe de contemplar as estrelas, a partir do topo da serra, que o Nkwichi baptizou por star bed.
De 2ª a Sábado das 11h30 às 15h30 e das 17h30 às 22h30
Av. Paulo Samuel Kankomba 578
Reservas pelo número 849500827
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UMA VIAGEM AO SPAZIO,
é comum pensar na pizza
como sendo de origem italiana. Mas a verdade é que essa ideia só em parte corresponde à verdade. De facto, a receita que deu origem à pizza tem uma história milenar. Segundo alguns historiadores, é possível traçar o seu início no Egipto, onde terão sido misturadas farinha e água, pela primeira vez. Por seu lado, hebreus e babilónios também produziam uma mistura de trigo, amido e água que assavam em fornos rústicos. Esta massa era chamada de “Pão de Abraão”, e era conhecida como ‘piscea’, de onde deriva a ctual designação de pizza. Foi na época das Cruzadas, empreendidas pela cristandade, que os europeus, em contacto com estes povos, conheceram e trouxeram esta receita para o seu continente, onde ela se tornou particu-
O UNIVERSO DAS PIZZAS
larmente popular no sul da Itália. De facto, foi especialmente a partir do porto de Napóles que a “novidade” foi introduzida na Europa. Usando farinha de trigo de boa qualidade para fazer a massa, os napolitanos tiveram a ideia de lhe acrescentar coberturas variadas, em especial com tomate, que tinha sido introduzido na Itália, durante o século XVI, vindo das Américas. É possível dizer, portanto, que foi aqui que nasceu a pizza que hoje conhecemos. Mas foi preciso chegar ao século XVIII para que o rei Humberto I tivesse tomado conhecimento de uma pizza, que tinha sido criada por Rosa e Raffael Esposito, comerciantes de Nápoles, que se havia tornado muito
PARA ENTENDERMOS COMO CHEGÁMOS À PIZZA CONTEMPORÂNEA, TEMOS DE REFERIR FENÍCIOS, TURCOS E GREGOS
popular. Encantado com o sabor, convidou os Esposito para preparem uma pizza especial para a Rainha Margherita de Sabóia. Foi assim que nasceu a hoje famosa Margherita (com sabor a manjericão e a massa coberta de queijo mozzarela e rodelas de tomate. A partir desse momento, ganhou um estatuto que não tinha e uma popularidade a nível global, com origem nos EUA. Com um forte contigente de imigrantes italianos a viverem, desde o final do século XIX, surgiram ali restaurantes especializados em pizzas e massas. que originaram uma extraordinária explosão criativa à medida que novos ingredientes e ideias foram sendo acrescentadas à receita original. A nossa sugestão deste mês vai, por isso, para o “Spazio”, um dos melhores espaços de Maputo, onde é possível experimentar uma vasta variedade de pizzas num ambiente acolhedor.
PAÍS: Portugal REGIÃO: Douro CASTAS: Rabigato, Viosinho, Arinto, Códega, Moscatel COR: Brilhante com nuances esverdeadas AROMA: Intenso, com frutas tropicais como abacaxi e maracujá, frutas brancas e notas minerais PALADAR: Bom volume, acidez viva bem integrado no palato e notas frutadas TEOR ALCOÓLICO: 12,5%
PLANALTO RESERVA BRANCO 2016
PAÍS: Portugal REGIÃO: Douro CASTAS: Viosinho, Malvasia Fina, Gouveio, Códega, Arinto COR: Amarelo palha cítrico AROMA: Notas cítricas e herbáceas marcantes PALADAR: Acidez viva, muita frescura, algum volume de boca, elegante e frutado TEOR ALCOÓLICO: 12,5%
NINFA SAUVIGNON BLANC (BRANCO) 2015
PAÍS: Portugal REGIÃO: Tejo CASTAS: Sauvignon COR: Amarela citrina e esverdeada AROMA: Notas minerais e limonadas, com a componente vegetal a predominar PALADAR: Equilibrado, com uma agradável acidez e um paladar frutado e citrino TEOR ALCOÓLICO: 13%
ANTÓNIA ADELAIDE FERREIRA BRANCO 2014
PAÍS Portugal
REGIÃO Douro
CASTAS Viosinho e Arinto
AROMA Intenso e complexo com notas de figo, avelã, pêra rocha e melão
PALADAR Excelente volume, acidez intensa bem integrada, notas de frutas brancas e frutas cítricas
TEOR ALCOÓLICO 13%
CRÍTICA ELOGIA
VINHOS BRANCOS PORTUGUESES
a edição de julho da prestigiada e influente revista norte-americana “Wine Spectator” deu destaque, numa prova feita por Gillian Sciaretta, a três vinhos brancos da Casa Ferreirinha. Não é propriamente uma surpresa pois os seus vinhos são sinónimo, desde há muito, de excelência. Assim acontece desde a sua fundação, no século XVIII, pela mão de Bernardo Ferreira, que viu a fórmula refinada pelos descendentes, especialmente por sua neta, Dona Antónia Adelaide Ferreira, carinhosamente reconhecida por “Ferreirinha”. Gillian Sciaretta atribuíu ao Antónia Adelaide Ferreira Branco 2014 a mais alta pontuação (92 pontos) dos três vinhos da Casa Ferreirinha incluídos na prova. Na sua opinião, este é «um vinho complexo e com aromas tropicais, que comprova a diversidade da região do Douro». Este Antónia Adelaide Ferreira Branco 2014 já tinha obtido anteriormente referências muito elogiosas, nomeadamente de Robert Parker, um dos mais respeitados críticos de vinhos do mundo que, sobre ele sublinhara a sua “cor brilhante de tons dourados com ligeiras nuances de citrinos”, o seu “aroma intenso e complexo”, o paladar marcado por “volume e acidez intensa integrada com notas de frutas brancas e frutas cítricas” e o seu “final muito longo e complexo”. As uvas seleccionadas – das castas Viosinho e Arinto – após desengace total e suave esmagamento, foram submetidas a uma maceração pelicular a frio, essencial para a extração dos percussores aromáticos. Durante o período da fermentação o vinho foi mantido por um período de 12 meses em barricas com battonage (termo francês que designa o processo de movimentar o barril para suspender os sedimentos. O processo faz com que o vinho adquira uma textura mais cremosa). Por sua vez, o Papa Figos Branco 2016 recebeu 90 pontos na prova feita. Com uma cor citrina, “um aroma intenso marcado por notas florais frutos tropicais e apontamentos minerais e arbustivos, apresenta bom volume na boca e tem um final persistente e harmonioso.” E o terceiro nectar a merecer distinção foi o Planalto Reserva Branco 2016, que obteve 89 pontos. O Planalto é hoje uma das maiores referências de vinho branco na região do Douro, fruto da criteriosa escolha das castas que o compõem e do uso da melhor tecnologia de vinificação.
música filmes livros
•em destaque
21 LIÇÕES PARA O SÉCULO XXI YUVAL NOAH HARARI ED. ELSINORE
EXPOSIÇÕES
TAKE AWAY DAVID AGUACHEIRO
Centro Cultural Franco-Moçambicano Sala de Exposições Inauguração: 4 de Setembro Hora: 18h30 Aberta até 29 de Setembro Entrada gratuita
KINANI ATRAVÉS DA LENTE (2005/2017) EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA SOBRE PERCURSO DO KINANI
Camões - Centro Cultural Português em Maputo Inauguração: 5 de Setembro Patente até 28 de Setembro De segunda a sexta das 11h00 às 18h00 Entrada Livre
ÁGUA EXPOSIÇÃO COLECTIVA DITO / ELIANE MONNIER (SUIÇA) / MATXAKOSA / FORNASINE
Fundação Fernando Leite Couto Galeria Inauguração: 5 de Setembro Patente até 30 de Setembro Entrada Livre
CENTRO CULTURAL BRASIL-MOÇAMBIQUE
Fundação Fernando Leite Couto Patente até 15 de Setembro Entrada Livre
TEATRO
A MÃE DRAMATURGIA E ENCENAÇÃO: VENÂNCIO CALISTO INTERPRETAÇÃO: ASSUCENA DANIEL, FRANCISCO BALOI, MATEUS NHAMUCHE, SILVANA POMBAL, SIDÓNIO MONDLANE E YUCK MIRANDA
MÚSICA
REGRESSO TIMBILA MUZIMBA
BLACKROOTS MARIMBAS NTOMBEKHAYA HALAM / DUDUZILE NDLOVU / LUTHO MZONGWANA / SIBAHLE SKY DLADLA
NO TEMPO DOS TOCADORES UM TRIBUTO À MÚSICA MOÇAMBICANA” DE TP50
Centro Cultural Franco-Moçambicano Sala Grande Dia: 14 de Setembro Hora: 20h30h O israelita Yuval Noah Harari tornou-se, com os ensaios “Sapiens – Uma Breve História da Humanidade” e “Homo Deus – História Breve do Amanhã”, um dos autores mais lidos e debatidos dos últimos anos. Professor do Departamento de História da Universidade Hebraica de Jerusalém, Yuval Noah Harari lançou agora “21 Lições para o Século XXI” cuja edição em língua portuguesa já está dísponível. Na apresentação do livro, escreve: “O meu novo livro debruçar-se-á sobre o estado presente do mundo. Qual o verdadeiro significado dos eventos que testemunhamos e como poderemos lidar com eles à escala individual? Que desafios e escolhas se nos deparam?”.
JAMOZBRAZ (JAMAICA/MOÇAMBIQUE/BRASIL)
BANDA CV NOITE DANÇANTE
CIDADE FM 25 ANOS MEGASHOW
D´MANYISSA & FRIENDS BANDA: D´MANYISSA – VOZ / TEXITO LANGA – BATERIA / MINDO SALATO – BAIXO / ELIAS MUHOLOVE – GUITARRA / NICOLAU CAUANEQUE – TECLADO E SAXOFONE CONVIDADOS: ANIANO TAMELE / DÉRCIO BAHULE / DUA / LALAH MAHIGO / PAULETA MUHOLOVE / REGINA SANTOS / RAGE / TETE TERESART / XIXEL LANGA / WENDDY TCHILAMBO
DANÇA
SEMANA DA DANÇA
Centro Cultural Franco-Moçambicano Auditório e Sala Grande Dia: 17 a 22 de Setembro
DANÇA CONTEMPORÂNEA CONVERSA NO ÂMBITO DA ABERTURA DA SEMANA DA DANÇA - FILIPE BRANQUINHO/ FUNCHO/ YASSMIN FORTE/QUITO TEMBE
ESTADOS DE ALMA DAS ARTES EM MOÇAMBIQUE
LANÇAMENTO Outubro
ONDE Maputo
editado pelo ministério da cultura e turismo, acaba de
ser publicado o primeiro livro da série “Estados de Alma das Artes Em Moçambique” cujo volume inaugural é dedicado às artes plásticas. Trata-se de um livro que pretende dar uma panorâmica abrangente (mas não exaustiva) da história e dos principais actores ligados às artes plásticas em Moçambique. Ao todo, são referenciados 50 artistas onde se destacam, entre muitos outros, nomes como os de Malangatana, Bertina Lopes, Alberto Chissano, Chichorro, Naftal Langa, Noel Langa, Victor Sousa, Samate Mulungo, Idasse Tembe, Alex Dunduro, Gemuce, Joaneth e Pekiwa. Amplamente ilustrado, o livro inclui ainda textos escritos por um vasto número de personalidades tais como Adelino Timóteo, Alda Costa,
ESTADOS DE ALMA
Calane da Silva, Jorge Dias, José Forjaz, António Cabrita, Luis Carlos Patraquim e Mia Couto (entre vários outros). Como refere o historiador António Sopa, no texto introdutório, o lançamento do livro ocorre, por feliz coincidência, num momento em que se assinalam cem anos sobre a primeira exposição de artes plásticas no país a qual teve lugar, na sua capital, em Outubro de 1918, no então designado Museu Provincial (actual Museu de História Natural). Embora esse evento inaugural seja ainda mal conhecido, a iniciativa terá pertencido a Cristiano Sheppard da Cruz que foi companheiro de Almada Negreiros, Jorge Barradas, Santa Rita, Sá Carneiro e outras figuras do moder-
DAS ARTES
EM MOÇAMBIQUE
nismo português e viveu em Moçambique até 1951. Estiveram expostas cerca de 500 obras, emprestadas por 50 residentes da cidade, divididas por sete secções, abrangendo a pintura e o desenho, a escultura, a gravura, a litografia e água forte, a fotografia, os objectos de arte, os bordados e as rendas e, finalmente, os livros e mapas. Está previsto, entretanto, o lançamento de um segundo volume que englobará outros 50 nomes e obras, desta vez ligadas à literatura e cuja publicação deverá ocorrer no final deste ano. Subsequentemente, outros volumes se seguirão sobre música, dança, teatro e outras formas de expressão artística.
POTÊNCIA 180 CAVALOS
COMBUSTÍVEL DIESEL
CILINDRADA 2000CC
CONCESSIONÁRIO CAETANO DRIVE
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VW AMAROK AUTOMÁTICA
firme em todo-o-terreno,
e possante no asfalto. Será esta, uma boa definição para a nova Amarok. Com uma caixa automática de oito velocidades, a pick-up da Volkswagen melhorou desde o seu início de produção, tornando-se muito mais potente (agora com 180 cavalos, sistema 4X4, combustível Diesel, 2 000cc e jantes de liga leve “Manaus” de 18’’). E quem mais sente a diferença deste para os seus modelos anteriores, são as costas do condutor, que ficam bem coladas ao encosto, proporcionando um prazer de condução assinalável. E o motor V6 também faz diferença quando conduz ao fim de semana, pois entrega sua potência mais cedo e depende menos do turbo de geometria variável. A este respeito, esta nova versão da Amarok traz-nos a única pick-up da sua classe que vem com tra-
CHEGA A MOÇAMBIQUE
vão multicolisões. Já o ABS offroad, bem como o sistema de assistência nas descidas, garantem uma elevada segurança em todos os terrenos. Além disso, o sistema de estabilização do reboque proporciona uma óptima protecção, tentando evitar o efeito serpente, combinando a elevada distância para o solo com a melhor estabilidade da carroçaria, em conjunto com a comprovada tracção integral 4MOTION. O resultado: tracção em virtualmente todas as situações, mesmo com elevada carga de reboque ou carga útil. Mas, há outras características que tornam a Amarok absolutamente indispensável, como molas de lâmina reforçadas que proporcionam um elevado conforto de condução com uma máxima carga útil de 842 kg e ângulos de inclinação a 100% que, graças a distância entre os eixos e a maior distância do solo, permitem que a Amarok consiga superar os mesmos ângulos extremos, inclinações e declives acentuados. Mas não é só por fora que a Amarok se apresenta em bom, no mercado nacional. Também ao nível dos interiores ela é pensada para tornar toda a experiência de condução única e altamente confortável para o condutor e os seus passageiros, com os bancos da frente ajustáveis em altura e longitudinalmente, o ar condicionado Climatronic System e o indispensável sistema de controlo de voz com funções do rádio e telemóvel, permitindo que faça chamadas sem qualquer distracção da condução.