Notícias do Mar n.º 361

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Pesca Desportiva

Pesca

Texto e Fotografia Antero dos Santos

Pequena Pesca

Motor da Economia do Mar Portugal após decadas autosuficiente a pescar o peixe que consumia, foi obrigado a abater os barcos de pesca para entrar para a CE e passou a importador de três quartos de peixe para comer, situação que pode ser perfeitamente revertida com a pequena pesca local e costeira.

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Pescado com o palangre peixe da máxima qualidade para ser exportado 2

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pesca foi sempre um sector mal governado em Portugal. Apenas com os olhos postos na Terra Nova para a pesca do bacalhau, Salazar nunca permitiu que se estabelecesse a pesca industrial ou a induústria conserveira nas nossas colónias, nem a exploração das ricas águas de Angola, Moçambique ou mesmo da Guiné e Cabo Verde. Deixou isso para a Espanha e a França que com milhares de arrastões e navios fábrica arrasaram os fundos de África. Exceptuando os que íam


Pesca Desportiva

A Pequena Pesca necessita de melhores infraestruras na descarga do peixe e na lota

Uma corvina descarregada à mão

Nunca pescámos para exportar, mas apenas para comer e acabou por prevalecer uma grande mentira ao sermos acusados de sobrepesca. Para entrar para a CE Portugal teve que meter no fundo cerca de metade da para o bacalhau, os pescadores portugueses apenas pescavam no continente e nas Ilhas e íam com o palangre para a costa atlântica de Marrocos pescar até ao Cabo Branco. Aguentavam o peixe fresco no barco, com o gelo que embarcavam antes da viagem. Os portugueses pescaram nesta região até aparecerem os arrastões espanhóis que não respeitavam os aparelhos fundeados e levavam tudo de arrasto. As águas de Angola sempre foram ricas em atum. Mas nunca foi autorizada a construção de uma fábrica de conservas. Porém, os espanhóis tinham um navio fábrica, fundeado na Baía de Moçamedes, agora Namibe. Para eles houve autorização.

frota de pesca. A partir daí passámos a importar peixe aos espanhóis, franceses e a outros. Com isto criou-se um histórico na CE. Portugal não tem barcos, dispõe de uma reduzida frota de pesca, portanto apenas neces-

sita de pequenas quotas de pesca. Para pescar peixes como a pescada, o tamboril, o atum e o bacalhau dispomos de reduzidas quotas e não podemos pescar tudo o que precisamos para comer.

A escolha do peixe feita ao Sol em virtude da falta de condições na Docapesca de Sagres 2017 Janeiro 361

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Pesca Desportiva

Sagres Vai Finalmente Receber Melhoramentos em Infraestruturas para a Pequena Pesca melhor qualidade, perguntámos à senhora Ministra do Mar

Em Sagres a Docapesca não tem sequer um guincho no cais de descarga para puxar o peixe, é tudo feito á mão

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o estudo do IPMA, está indicado que um dos problemas que afecta a frota da pesca local e afasta os pescadores das lotas é a falta de condições de trabalho nos locais de desembarque e nas lotas. Constatámos em vários portos que a pequena pesca não tem efectivamente condições de trabalho para descarregar o peixe, obrigando os pescadores a uma actividade acessória, com perca de tempo, sem rentabilidade

e a despenderem um enorme esforço físico. A Docapesca em algumas instalações não dispõe das infraestruturas adequadas para os barcos acostarem e os pescadores têm que descarregar longe. Em outras instalações a Docapesca não tem sequer um guncho para ajudar os pescadores a levantarem as caixas ou os baldes com o peixe. Um desses locais é a Docapesca do porto de Sagres, no qual se descarrega peixe da melhor qualidade, onde não existe um único guincho para trazer o

Actual pequeno cais flutuante sem qualquer guincho, a cerca de 100 metros do cais de descarga da lota, para servir a pesca local e a marítimo-turística

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peixe para o molhe onde os barcos atracam. É tudo feito à mão, com a agravante de na baixa-mar os pescadores terem que subir pelas escadas de ferro do molhe e vencer à força de braços e pernas mais de 4 metros de altura. Esta é uma das faltas nas infraestruturas que motiva a maior parte do peixe que é pescado pela pesca local não ir à lota. Em virtude da grave situação do porto de Sagres,em relação à pesca local, que captura e descarrega ali peixe das espécies da

1 – O Ministério do Mar tem conhecimento, que não existem guinchos para descarregar o peixe na lota de Sagres? De acordo com informação da Docapesca o cais de descarga do porto de pesca de Sagres não se encontra atualmente equipado com equipamento específico (grua) para descarga do pescado das embarcações de pesca artesanal. A descarga de pescado dessas embarcações é realizada num Cais Flutuante adjacente à área do cais de descarga da lota, que serve também as embarcações das atividades marítimo-turísticas. 2 – Se sabe da falta deste equipamento, fundamental para as descargas, quando serão instalados esses guinchos? De acordo com o previsto no Plano de Investimentos Específicos para 2017-2020 da Docapesca no decorrer do ano 2017 será realizado um investimento num Cais Flutuante que beneficie as condições de desembarque e estacionamento das embarcações de pesca artesanal e numa grua para descarga do respetivo pescado, no valor de aproximada-

Há anos que as Pontes Cais do porto de pesca, em avançada degradação, necessitam ser reabilitados


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mente 150.000,00 Euros, tendo sido apresentada candidatura ao Programa Mar 2020 para financiamento deste investimento. 3 – Existe algum projecto de beneficiação das infraestruturas da lota de Sagres? Para além do investimento descrito na resposta anterior, no Plano de Investimentos Específicos para 2017-2020 da Docapesca – Portos e Lotas, S.A., entre outros, está prevista uma Reabilitação das Pontes Cais do Porto de Pesca, no valor de aproximadamente 1.200.000,00 Euros. Refirase ainda que se procedeu a alguns melhoramentos da lota através da concretização de um projeto de investimento em 2015. Importa sublinhar que a lota de Sagres cumpre todas as condições e presta um bom serviço ao setor.

Temos que comprar aos outros. Resposta dada pelo IPMA para pescarmos mais e importarmos menos Com a pequena pesca, a artesanal local e costeira, Portugal não pratica sobrepesca e se for criada pelo Governo uma organização adequada, pode pescar para abastecer com mais quantidade o mercdo nacional e até exportar, em virtude da excepcional

qualidade do peixe que pesca. Esta é a conclusão de um estudo do IPMA. Em 2009 o IPMA, Instituto Português do Mar e da Atmosfera, iniciou um trabalho de investigação sobre a frota de pequena pesca, com entrevistas em 75 portos de pesca que resultou num excelente estudo, Pequena Pesca na Costa Continental Portuguesa, editado em 2014 e que foi elaborado por catorze cientistas do Instituto e coordenado pelo investigador Miguel B. Gaspar.

O alcance deste trabalho, está bem explicado porque num contexto nacional, a pequena pesca assume crescente importância em virtude da sua forte implantação ao longo de toda a costa portuguesa, da grande diversidade de artes de pesca e espécies capturadas, do elevado valor comercial dos produtos desta actividade, do grande número de pescadores e outros agentes envolvidos, da importância ambiental, sócioeconómica e cultural a nÍvel

4– Quantas embarcações da pequena pesca descarregam peixe na lota de Sagres? De acordo com o registo estatístico das descargas em lota, as embarcações da pequena pesca que operaram na lota de Sagres foram as seguintes: Ano 2015 Apanhadores: 21 Embarcações: 133 (46 costeira e 87 locais) Jan a Out 2016 Apanhadores: 21; Embarcações: 118 (37 costeira e 81 locais) A redução de 12,7% de embarcações da pequena pesca de 2015 para 2016 em Sagres é um valor preocupante se representar o abate de barcos. Se significar mudança de porto e de lota, com melhores infraestruturas em Sagres esses barcos podem regressar.

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local, regional e nacional. A diminuição da importância dos pesqueiros tradicionais explorados pela frota longínqua. Acresce o facto de nalgumas regiões a pequena pesca constituir, no conjunto das estruturas produtivas, uma das componentes com maior relevância.

Da pequena pesca o peixe que vai à lota é da melhor qualidade

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Pequena Pesca representa 80% da pesca artesanal A pequena pesca é a que utiliza embarcações até 9,00 metros de comprimento, opera dentro das 3 milhas ao longo do litoral, está registada como pesca local e corresponde a cerca de 80% das cerca de 5.100 embar-


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cações da frota de pesca artesanal local e costeira, em actividade. O estudo mostra que a pequena pesca está completamente vinculada às pequenas comunidades piscatórias que se distribuem ao longo de toda a costa portuguesa. Por isso, devido a sua actividade, os problemas que surgem e são sempre urgentes resolver para os pescadores, exigem uma abordagem local para a sua resolução, tendo em conta as zonas de pesca, o tipo de artes utilizados, as espécies capturadas, o esforço de pesca e a inserção na estrutura sócio-economica da região. A União Europeia, está Peixe descarregado à mão em Sagres

mais interessada em apoiar os interesses das frotas industriais ou semi-industriais que exploram intensamente os grandes recursos. A própria comunidade científica internacional, tem desenvolvido estudos em desfavor da pesca artesanal portuguesa, que no seu entender não tem rentabilidade, devia reduzir a actividade, reconverter-se e deixar de pescar. Felizmente a comunidade científica portuguesa não é da mesma opinião.

Pescador local de Sagres de palangre com pargos

Não há sobrepesca, há é toneladas de peixe destruídas todos os dias Desde que a pesca industrial passou a pescar com redes de emalhar de fundo de tresmalho, com três panos, o facto de provocarem uma intensa sobrepesca de rejeições, teve como consequência o peixe da nossa costa começar a desaparecer, e destruírem-se tonela-

das de peixe todos os dias. Estas redes são paredes com 5 metros de altura e cada “caçada” com o comprimento máximo de 5 Km, que interferem na circulação do peixe e capturam milhares de toneladas de espécies que não interessam ao armador e são deitadas fora. Consoante o comprimento do barco, o armador pode lançar diversas “caçadas” de 5 Km de comprimento com intervalos de ¼ de milha

capturou Também as lagostas foram desaparecendo, desde que a pesca industrial iniciou a sua pesca utilizando estas redes caladas à volta de zonas de pedra e rocha onde os pescadores artesanais lançavam os covos. Os covos deixaram de capturar lagostas e os viveiros lagosteiros, que eram abastecidos pela pesca artesanal ao longo da costa, foram fechando.

Os estudos da Universidade do Algarve Segundo estudos da Universidade do Algarve estas redes se ficarem apenas 24 horas no fundo, o tempo legal, capturam 50% de peixe que é levado à lota, a restante metade é deitada fora. Mas se ficarem mais tempo fundeadas o peixe vai morrendo e apodrece. Quando são levantadas apenas se aproveita o peixe da última maré e só este é levado à lota. Neste caso, uns reduzidos 10% do total que a rede

Redes de emalhar de fundo ilegais As redes apanham tudo, tanto lagostas grandes como pequenas e estas têm que ser deitadas fora, acabando por morrer comidas por peixes. Quando veio a proibição de capturar lagostas com as redes, já foi tarde porque entretanto tinham desaparecido quase completamente. Mesmo assim, como os crustáceos, são considerados como pesca acessória até 5%, as redes continuaram a ser usadas e as lagos2017 Janeiro 361

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vantam para tirar as lagostas e algum peixe em condições para levar à lota e voltam para o fundo ilegalmente.

Cabaz do Peixe da ArtesanalPesca vendido directamente ao consumidor

tas capturadas. A legislação obriga que todas as redes sejam levan-

tadas ao fim de 24 horas Em muitos locais as redes ficam permanentemente no

fundo, dias ou meses, para marcar a zona como se fôsse uma herdade. Só se le-

Para melhor rentabilidade, infraestruturas adequadas e organização na venda Para se conseguir diminuir a importação de peixe é fundamental rentabilizar a pequena pesca. Quanto mais peixe a pesca local e costeira pescar, menos peixe será necessário importar. São muitos os problemas que afectam a rentabilidade e os proveitos da pequena pesca. O principal é a diminuição do peixe, muito do qual, dizem os investigadores da Universidade do Algarve, desapareceu porque todos os dias morrem toneladas nas redes de tresmalho de emalhar de fundo e é deita-

Embarcação a carregar redes porque desistiu da arte do palangre 8

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do fora. Reservar zonas apenas para a pesca de palangre Os pescadores de palangre, pesca de aparelho com anzol, os únicos que fazem a pesca sustentável, desesperam com a falta do peixe e muitos começaram a substituir as suas artes por redes de emalhar. Para se recuperarem os stocks de algumas espécies de elevado valor e qualidade como o cherne, pargo, peixe-galo, cantaril, goraz, robalo e dourada, em zonas estudadas pelos investigadores que estão sob pressão das redes, apenas se poderia pescar com o palangre e as redes seriam completamente proibidas. Deste modo, seria simples para a Autoridade Marítima fiscalizar e apreender todas essas redes em infracção. Organizar a 1ª venda Os pescadores queixamse do baixo valor do peixe quando é vendido em lota, muitas vezes porque o pescador traz peixe que não interessa aos intermediários ou porque é intencional fazer baixar o preço da 1ª venda. Em muitos portos não interessa à pequena pesca os horários das lotas nem o encerramento da Docapesca ao Sábado, Em portos como Sesimbra com a ArtesanalPesca, uma associação de pescadores artesanais com 46 embarcações, que comercializa directamente o pescado capturado pelos barcos dos seus associados, a 1ª venda está assegurada. São poucos os portos onde os pescadores estão associados em organizações do tipo cooperativa. Há milhares de pescado-

A pesca de palangre está a perder as áreas de pesca, cobertas pelas redes de emalhar de fundo

res a venderem directamente o peixe que pescaram a restaurantes e a particulares, sem recibo. Para se garantir a passagem de um recibo o peixe poderia ficar isento de IVA nessas vendas, mas haveria uma comparticipação para a segurança social, para beneficiar o pescador na assistência e na reforma.

e sem rentabilidade A maioria das embarcações da pequena pesca tem motor fora de borda a gasolina. Tal como com o ga-

sóleo para embarcações a motor diesel, os pescadores precisam do mesmo tipo de benefício para os motores a gasolina.

Melhorar as condições de trabalho e diminuir os custos A pequena pesca precisa de melhores condições de trabalho nos locais de desembarque e nas lotas. Em quase todas as instalações a Docapesca, não dispõe das infraestruturas adequadas para os barcos acostarem. os barcos têm que descarregar longe, em virtude de não disporem de cais flutuante para os barcos atracarem. Com cais flutuante e com guinchos em poucos minutos os barcos descarregavam o peixe. Assim levam horas de tempo perdido e esforço físico obrigando os pescadores a uma actividade acessória 2017 Janeiro 361

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Notícias do Mar

Economia do Mar

Portugal conseguiu aumento de 11% de quotas de pesca Para Portugal, na reunião do Conselho Europeu que decorreu em 12 e 13 de Dezembro sobre as quotas de pesca, a Ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, obteve deste Conselho para Portugal um aumento de 11%, do conjunto das suas quotas de pesca.

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oi assim atingido um novo máximo de cerca de 121 mil tons de peixe, um nível que ultrapassa mesmo os valores de 2005, quando se

haviam conseguido quotas num montante recorde de 116 mil tons. Mesmo assim, Portugal ainda tem que importar 449.000 mil tons, para satisfazer o total das suas necessidades de

consumo de peixe que é de 570.000 tons. O aumento de quotas deste ano, deve-se por ser reconhecido a gradual melhoria da situação global dos recursos

Raia curva 10

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pesqueiros que evoluem nas águas da UE em geral e principalmente nas nossas águas, que permitiram os resultados agora obtidos e que constituem a contrapartida pelos sacrifícios que foram sendo feitos pelos pescadores e armadores ao


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Juliana é uma espécie do tipo bacalhau O verdinho é um peixe do tipo da pescadinha

Verdinho (maria-mole) Micromesistius poutassou longo de anos de restrições. Em termos de espécies, podemos destacar o importante aumento das quotas de pesca de alguns peixes, com elevado preço médio na primeira venda, como o tamboril com mais 54%, o aumento de 10% nas raias, de 5% no lagostim e sobretudo o atum rabilho com mais 20%. Outros aumentos de quota de pesca foram para a juliana, peixe apreciado como sucedâneo do bacalhau, que passou de 9 para 107 tons, a sarda que aumenta 14% e a do verdinho, peixe do tipo da pescadinha que aumenta cerca de 80%.

Foi dada a possibilidade de pesca da raia curva, cuja reabertura foi conseguida no ano passado, com um aumento em 20%, ou sejam 14 toneladas, sendo necessário reforçar os estudos que demonstrem a viabilidade da sua exploração. No que respeitra ao bacalhau, obtivemos um aumento de 5% no conjunto das três quotas

de pesca, sendo de destacar o aumento de 16% desta espécie a pescar em águas da Noruega. Em contrapartida a quota de pescada é reduzida em apenas 5%, em vez dos 34% que eram inicialmente propostos pela Comissão Europeia, e muito acima das capturas médias nacionais do último triénio. A pescada é quase na sua totalidade um negócio dos franceses e espanhóis. Para os pescadores portugueses fica apenas 10% da quota de França e 12% da Espanha. No caso do biqueirão foi conseguido um aumento de 18% da quota havendo ainda o compromisso da Comissão de rever o TAC e as quotas,

de forma intercalar, em 2017, na sequência do novo parecer científico, no caso de o mesmo o permitir, como tudo indica. De notar que se trata igualmente de uma espécie de elevado valor económico e que representa um acréscimo de oportunidades para a pesca do cerco. Apenas os peixes areeiros baixam 26%. Em termos de valores médios de primeira venda o aumento de Quotas de pesca agora obtidos representarão, se forem integralmente utilizadas pelo nosso setor das pescas, um aumento de cerca de 11 milhões de Euros face ao ano em curso, atingindo um valor global de cerca de 182 milhões de Euros.

Atum-rabilho

Tamboril 2017 Janeiro 361

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Comunicado PONG-Pesca

O Fim da Sobrepesca Adiado

Apesar de alguns sinais positivos, nomeadamente de Portugal, o Conselho de Ministros da Pesca da UE volta a adiar o fim da sobrepesca

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Arrastão com saco na água

s Ministros das Pescas da União Europeia reunidos em Conselho em Bruxelas decidiram as possibilidades de pesca para 2017. Embora muitas quotas ainda estejam a ser calculadas, e mais uma vez o acesso às discussões e aos documentos tenha sido impossível, tudo indica que uma parte considerável dos pareceres científicos voltaram a ser ignorados, tendo sido estabelecidas várias quotas superiores aos níveis passíveis de gerar o rendimento máximo sustentável (RMS). Apesar de ter havido alguma abertura do Governo Português antes do Conselho, até ao momento não foram tornados públicos os estudos e planos que terão sido apresentados para atingir gradual e progressivamente o RMS antes de 2020, conforme exigido pela Política Comum das Pescas (PCP), nomeadamente para alguns dos stocks em que Portugal tem interesses. Em vigor desde 2014, a PCP reformada determina que os stocks têm de ser restabelecidos progressivamente e mantidos acima dos níveis de biomassa que permitem obter o RMS. Qualquer adiamento desta meta só pode ser aceite 12

“se tal comprometer seriamente a sustentabilidade social e económica das frotas de pesca envolvidas” (preâmbulo 7). “Mais uma vez a falta de transparência e abertura do Conselho torna impossível fazer já uma análise completa e detalhada, mas pelas indicações que temos, muitos das decisões voltaram a exceder os pareceres científicos e como tal não estaremos claramente no caminho para as metas definidas na PCP” disse Gonçalo Carvalho, Presidente da Sciaena – Associação de Ciências Marinhas e Cooperação e Coordenador da PONG-Pesca – Plataforma de ONG Portuguesas sobre a Pesca. “Isto é particularmente preocupante tendo em conta que já passaram três anos do prazo inicialmente previsto para essas metas – 2015 - e estamos cada vez mais perto de 2020”. Portugal não terá sido exceção a esta tendência geral, uma vez que várias das quotas estabelecidas para espécies importantes para o país terão excedido o aconselhamento científico entre as quais: - Pescada, com uma redução de -1,4% contra os -31% recomendados;

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- Areeiros, com uma redução de -15% contra os -25,7% recomendados; - Linguado, com a mesma quota contra os -20% recomendados. Há também a situação das raias, para as quais foi estabelecido uma quota conjunta para várias espécies, o que vai contra o parecer científico que recomenda que sejam estabelecidas quotas separadas para cada espécie. Por outro lado, terão sido respeitados os pareceres científicos

para o tamboril e o carapau, o que foi acolhido favoravelmente pelas organizações ambientais. “Restabelecer e manter os stocks em níveis sustentáveis através da gestão baseada na ciência, como a PCP exige, é importante porque assegura um ambiente marinho saudável para as gerações vindouras mas também porque trará maior estabilidade e benefícios económicos e sociais para as comunidades piscatórias no longo prazo.” “Da parte de Portugal tivemos alguns sinais positivos este ano, a começar pelo facto de pela primeira vez termos sido convidados para participar na reunião com os stakeholders que todos os anos é promovida pelo governo para apresentar e discutir as posições que Portugal ia defender no Conselho desta semana“, disse Gonçalo Carvalho, acrescentando que “no entanto, mais progressos são necessários, nomeadamente seguir os pareceres científicos e disponibilizar aberta e publicamente os documentos e estudos que fundamentaram as decisões para não os seguirem“. Segundo o mesmo responsável, há ainda necessidade urgente de tornar o processo mais transparente, de forma a promover o envolvimento dos cidadãos com as instituições e os processos europeus, acrescentando que “se é verdade que no Conselho, Portugal é apenas um entre 28 Estados Membros e que os processos são mais demorados de alterar, nada impede de o fazer de forma mais diligente a nível interno, promovendo um debate na Assembleia da República em antecipação aos Conselhos de dezembro, como acontece noutros países da União.”

Sobrepesca


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Náutica Texto Antero dos Santos Fotografia Beneteau

Apresentação Beneteau Barracuda 9

Topo de Gama

Pesqueiro

O Beneteau Barracuda 9 reune tudo o que interessa aos pescadores, integrado nos modelos Barracuda 7 e Barracuda 8, e incorpora ainda mais características que satisfazem os amantes da pesca lúdica e desportiva no mar, que querem navegar com a maior segurança e obterem um alto desempenho de pesca

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rosseguindo a linha Merry Fisher, a gama Barracuda do fabricante francês Benateau foi criada e desenvolvida, com a cabina do tipo dos pesqueiros profissionais, para ser ainda mais dirigida 14

aos pescadores amadores e desportivos que na Europa são largos milhares que navegam e pescam no mar. Essa é a principal razão porque o estaleiro Beneteau, para além do estilo da cabina, constrói os modelos Barracuda robustos, seguros e

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confortáveis a navegar. O Barracuda 9 com um design inovador, combina velocidade, desempenho e segurança, oferecendo ainda, com a qualidade e quantidade dos equipamentos de pesca incorporados, a melhor satisfação aos pes-

cadores. Este barco pode ser pescador e também oferecer aos que apreciam ficar fins-de-semana ou férias no mar, poder faze-los perfeitamente, pois o seu interior foi projetado para o cruzeiro costeiro.


Náutica

Posto de comando

Beneteau Barracuda 9

Quanto ao casco, ele incorpora o sistema “Air Step” que aumenta a entrada de ar abaixo do casco e amplia o desempenho. Devido ao sistema “Air Step” o arranque é mais rápido, a velocidade maximizada e as curvas são mais facilmente obtidas, enquanto reduz muito o consumo de combustível. Este sistema tem um resultado elevado na segurança e conforto no

cruzeiro, favorecendo a passagem através das ondas de um modo fácil. O efeito “almofada de ar” na parte traseira do casco proporciona um conforto surpreendente. Como os planos de estabilidade laterais prolongamse bastante até à popa, o barco balança pouco quando está parado. A cabina do Barracuda 9 Fly tem uma porta lateral de cada lado, com acesso directo à passagem para a proa e para o poço e não

Assento à frente da cabina

O casco incorpora o sistema “Air Step” 2017 Janeiro 361

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Náutica

O efeito almofada de ar na parte traseira do casco proporciona um conforto surpreendente

tem porta atrás. Na versão Fisher o Barracuda 9, possui um flybridge com um segundo posto de condução, para uma melhor visão das águas circundantes, para onde se sobe por uma escada a bombordo. O posto de condução no flybridge tem um pequeno pára-brisas, comporta um banco estofado duplo e uma consola de condução com o volante e a electrónica. Dentro da cabina foi conseguido um excelente aproveitamento do espaço

interior, com dois bancos individuais e giratórios para o piloto e o copiloto e um banco corrido atrás. Como inovação pode-se articular duas mesas ou a cozinha entre os bancos da frente e de trás, para preparar refeições ou comer. Como a janela de trás é de abrir, podem-se passar refeições ou equipamntos facilmente para o poço, sem ter de se sair da cabina. No tecto existe uma clarabóia de abrir para arejar o interior. A porta junto ao posto

de comando é uma grande vantagem para o piloto que pode assim sair rapidamente, para fazer manobras de atracação e saídas para a proa ou para o poço. Com a cabina deste modo, o barco ganhou um banco à frente, onde se pode sentar um pescador à pesca, ou quando é preciso alguém para apoiar as manobras de fundear o barco ou levantar o ferro. Para não se fazer muito esforço, estas manobras são apoiadas por um molinete eléctrico montado

A cabina tem duas portas laterais à frente 16

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na proa. O poço foi especialmente projectado para a pesca e tem espaçosas e funcionais áreas de trabalho. Para se sentar, em virtude de não haver neste barco uma por-


Náutica

O barco balança pouco quando está parado

Camarote

O poço está bem equipado

ta de saída da cabina para o poço, nesse lugar atrás existe um banco encostado à cabina e há outro banco corrido junto à popa. Nas jornadas de pesca, quando for necessário, o

Espaço da cabina atrás 2017 Janeiro 361

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Náutica

Yamaha F150

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Yamaha F150 da nova geração é um motor elegante, compacto e leve, desenhado para permitir um excepcional rácio de peso/potência, elevada performance, economia e com a tradicional fiabilidade Yamaha. Os engenheiros da Yamaha levaram o F150 a um alto patamar, ao introduzir novas características de modo a aumentar a facilidade de utilização, incorporando os mais recentes desenvolvimentos da avançada e recente engenharia. O F150 tem uma performance suave, silenciosa e sofisticada. Com o seu formato inovador de 16válvulas, sistema EFI de precisão multiponto e design DOHC (Dupla árvore de cames), o potente motor de 2.7 litros (2.670 cm 3) já estabelece uma importante referência na eficiência da combustão, economia e segurança. Com 4 válvulas por cilindro, permite-se respirar facilmente, mais suave e silenciosamente, através do seu sofisticado sistema de exaustão 4-1. O F150 tem uma embraiagem mais resistente com 8 dentes (precisamente mais 2 dentes) para uma navegação mais suave e uma vida mais prolongada. Para além dos melhoramentos de engenharia, o F150 beneficia de muitos mais avanços tecnológicos e electrónicos como o Ajuste Variável das RPM para controlo da velocidade que controla as RPM em níveis de 50 rpm entre as 650-900 rpm, para a entrada nos portos, marinas e a pesca ao corrico. Com o opcional Sistema Digital em Rede, tem inúmeras vantagens, tais como a disponibilidade de uma vasta gama de instrumento multifunções. O exclusivo Sistema de Protecção Anti-roubo Yamaha (YCOP), oferece a mesma segurança que um automóvel, com um botão do comando remoto. O Sistema de Amortecimento na Engrenagem, integrado nas hélices SDS Reliance Series, reduz ainda mais a vibração e o ruído, tornando este novo motor mais silencioso e suave.

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O Beneteau Barracuda 9 Fly faz boas performances

poço pode estar completamente desimpedido, recolhendo os bancos. Na borda de cada lado, existem dois porta canas. Numa coberta inferior encontra-se um camarote com uma cama dupla e um quarto de banho com chuveiro e um wc marítimo. Como conclusão, podemos considerar que o Barracuda 9, pelas suas di-

mensões e equipamento, incluindo o segundo posto de comando no flybridge, é barco adequado a navegar com águas mexidas, com vento e chuva, pois tem uma cabina que pode abrigar cinco tripulantes e fechar as portas. Para os pescadores a cabina é sempre um bom abrigo. A mesma segurança e apoio é igualmente garantida para os que vão passear.

Beneteau Barracuda 9 Características Técnicas Comprimento total

8,91 m

Comprimento casco

7,98 m

Boca

2,93 m

Deslocamento

3.441 Kg

Capacidade combustível

400 L

Depósitode água doce

100 L

Potência máxima

450 HP

Certificação CE

C10

Preço só Barco

57.500 € + IVA

Preço Barco/motores 2 x Yamaha F/FL 150

87.000 € + IVA

Os preços não incluem transporte até ao concessionário, nem montagem. Concessionário no Algarve: Porti Nauta Grupo Angel Pilot Complexo dos Estaleiros Navais Bloco B Arm. 8, 8400-278 Lagoa Tel: 282 343 086 - Telm: 91 799 98 70 - info@angelpilot.com - www.angelpilot.com


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Náutica

Notícias SWB

Primeira Embarcação Anti-Poluição da SWB Testada com Sucesso

Embarcação Anti-Poluição da SWB A SWB Seismic Workboats, Lda, empresa de construção de embarcações de trabalho com capital e projeto conceptual 100% português lança lancha inovadora.

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embarcação, produzida pela empresa portuguesa com sede em Peniche, foi projetada e concebida por equipas de engenharia de Portu-

gal, Inglaterra, EUA e Noruega e foi construída nos Estaleiros Navais de Peniche. Esta primeira lancha produzida pela SWB- Seismic Workboats foi concebida para atuar em ope-

rações de combate à poluição de derrame de hidrocarbonetos. Em simultâneo com a conclusão do primeiro modelo da SWB, foi aprovado um projeto no âmbito do P2020 para o desen-

Barco concebido para operações de combate à poluição de derrame de hidrocarbonetos 20

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volvimento de uma embarcação de combate à poluição capaz de operar em ambientes perigosos, nomeadamente para resposta a acidentes químicos. O grande teste de validação aconteceu em outubro de 2016, levado a cabo pela Autoridade Marítima Nacional (AMN), em Portimão, e consistiu num exercício de combate à poluição no meio marinho por hidrocarbonetos, designado Atlantic POLEX. PT 2016. O exercício permitiu testar e validar a embarcação em múltiplos cenários de combate à poluição no mar. “Trata-se de uma embarcação particular, dotada de um hélice de passo controlável que lhe permite atingir uma velocidade alta e, por outro lado, rebocar com elevada eficiência as barreiras e contenção de hidrocarbonetos”, segundo declarações de Filipe Duarte, da SWB. A estrutura da embarcação, com reforços em fibra de carbono e um foco especial na rigidez permite atingir níveis de ruído e vibração muito inferiores aos dos seus


Náutica

concorrentes, nomeadamente os construtores Noruegueses. Por último, mas não menos importante, salienta aquele responsável, “destaque-se a elevada estabilidade da embarcação que lhe permite efetuar as operações em segurança”. Filipe Duarte, Mestrado em Engenharia e Arquitetura Naval pelo Instituto Superior Técnico, esteve envolvido no projeto de desenvolvimento desta lancha. Frequentou várias formações complementares, destacando-se o curso de Empreendedorismo e Desenvolvimento de Negócios da Universidade de Macau, o Programa Avançado de Estudos do Mar do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa e o Curso de Gestão Avançada para a Economia do Mar na AESE Business School. Filipe Duarte é especialista em promoção e dinamização da I+D+i no setor naval e foi diretor de produção de um estaleiro de pequena dimensão e diretor técnico da Associação das Indústrias Navais onde participou no desenvolvimento de estudos e projetos de investigação, desenvolvimento e inovação de âmbito nacional e internacional, bem como director da Jemarport (grupo Jemar Invest AS) e acumulou funções como responsável pelo departamento de engenharia e arquitetura naval da Jemar Norpower AS e Silver Plast AS. Sobre a SWB Fundada em 2014, a SWB Seismic Workboats aposta nas embarcações de trabalho de suporte a atividades de prospeção de hidrocarbonetos, combate à poluição, aquacultura e serviços portuários. Possui uma equipa multidisciplinar com competências de Gestão, Projeto e engenharia naval e Marketing.

Exercício de combate à poluição no meio marinho em Portimão

A embarcação foi testada pela AMN em Portimão

Lancha inovadora construída em Peniche

A embarcação em Portimão durante o exercício 2017 Janeiro 361

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Náutica

Notícias Yamaha

Yamaha anuncia o novo e avançado F100

com mais potência e aceleração mais rápida

Ainda mais leve e mais compacto, esta foi a forma de elaboração por parte da Yamaha do F100 de última geração mais rápido e mais potente

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uando se revoluciona o desenvolvimento e a produção dos motores fora de borda mais avançados a nível mundial, para uma comercialização da gama mais ampla e adequada, que proporciona uma potência fora de borda a 4 tempos limpa, suave e económica e que é, simultaneamente, adequada a todas as aplicações possíveis, o que se segue? 22

No caso da Yamaha, a marca pretende expandir e explorar a sua experiência com essa tecnologia para melhorar e aperfeiçoar ainda mais os modelos de referência. O caso em questão aborda o novo F100 que será lançado pela Yamaha de forma estável no início de 2017. Já bem estabelecido como um motor de gama média altamente desejável e com uma performance notável, em especial para

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desportos aquáticos, pesca em alto mar e atividades de lazer, conta agora com ainda mais potência e uma aceleração ainda mais rápida. Sem comprometer as características lendárias de resistência e fiabilidade pelas quais todos os motores da Yamaha são famosos mundialmente, os engenheiros não só voltaram a conceber alguns elementos para tornar este último modelo ainda mais

compacto, como também alcançaram uma redução de peso significativa. Qual é o resultado? Mais potência, mais velocidade e uma aceleração de saída ainda mais acentuada. Estes fatores contribuem para tornar qualquer barco mais intenso e com uma maior capacidade de resposta e proporcionam a solução perfeita para proprietários de motores a 2 tempos mais antigos que pretendam desfrutar das muitas


Náutica

vantagens irresistíveis de contar com a tecnologia a 4 tempos mais recente à popa. O F100 não só proporciona este nível superior de performance, como também é ainda mais suave e silencioso, apresentando níveis de som e de vibrações extremamente reduzidos, especialmente percetíveis a velocidades de funcionamento inferiores, e tudo graças ao novo design do sistema de escape, além de um silenciador de admissão e da melhor rigidez da própria unidade de motor. A compatibilidade total com o sistema digital de rede exclusivo da Yamaha proporciona um impressionante conjunto de funções e opções de controlo sofisticadas, incluindo a disponibilidade de uma vasta gama de manómetros digitais, o controlo VTS (velocidade de ajuste variável) e o exclusivo sistema de proteção antirroubo YCOP. O nosso manípulo multifunções é outra das opções apelativas deste motor. Possui um controlo de mudanças montado na frente

de alcance fácil pelo condutor, um punho robusto de grandes dimensões e um punho de aceleração rotativo, para uma direção, utilização e manobra confortáveis. O sistema VTS (velocidade de ajuste variável) integral não só proporciona um ralenti inferior ao normal, também permite controlar a velocidade de ajuste em passos simples de 50 rpm, o que é ideal para a pesca. Com gráficos elegantes e uma conduta de admissão de ar para o lado de drenagem de água concebida de forma inteligente, o nosso mais recente design de capota superior complementa o novo e entusiasmante F100. A sensação e o aspeto bastante sólidos deste novo e entusiasmante motor, é mesmo algo em que os proprietários da Yamaha realmente reparam e apreciam.

Resumo das especificações

Yamaha F100 Nome do modelo F100F Tipo de motor 4 tempos • 4 ciclos • 16 válvulas • SOHC Cilindrada 1832 cc Potência de saída do veio de transmissão longitudinal 73,5 kW (100 ps) a 5500 rpm Gama de rotações na aceleração máxima 5000 - 6000 rpm Relação de transmissão 2,15 (28/13) Sistema de indução de combustível Injeção eletrónica de combustível (EFI) Sistema de ignição Microcomputador TCI Sistema de lubrificação Cárter húmido Capacidade do cárter do óleo (litros) 3,2 Sistema de escape Através do cubo de hélice Sistema de refrigeração Água bruta (controlada de forma termostática) Alternador 12 V - 35 A com retificador/regulador Sistema de arranque Elétrico Controlo Controlo remoto Sistema de inclinação Power Trim & Tilt Navegação em águas pouco profundas Padrão Altura recomendada da popa L: 516 mm • X: 643 mm Peso em seco com hélice (kg) 162 (L) • 166 (X) Modelos disponíveis ETL • ETX

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Náutica

Notícias Yamaha

Conheça o nosso novo Yamaha F25 Quase tão leve como uma pena

O novo e inovador F25 da Yamaha é cerca de 25% mais leve, o que proporciona uma performance peso/potência sem paralelos. Nem sempre se lança um motor fora de borda que é verdadeiramente o líder da sua classe por uma margem significativa, mas o novo F25 da Yamaha é um desses motores.

P

ara proporcionar uma portabilidade genuína a um motor fora de borda energético e de alta performance como este, foram necessárias as competências de desenvolvimento e engenharia avançadas pelas quais a Yamaha é conhecida. O impressionante resultado é uma poupança de cerca de 25% no peso em comparação com os modelos anteriores, bem como uma relação de pesopotência sem paralelos em qualquer motor competitivo. De longe. 24

Nos últimos anos, o F25 demonstrou ser um dos nossos motores mais bemsucedidos, conquistando o coração de utilizadores fiéis em todo o mundo, com a sua fiabilidade resistente e móvel, economia e grande facilidade de utilização. Agora, o mais recente F25 leva tudo isto a outro nível. Não só a performance é mais suave e mais impressionante do que nunca, também dispõe de muitas funcionalidades ponderadas que tornam a vida dentro e fora de água mais divertida e descontraída. Por exemplo,

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a portabilidade e o armazenamento são mais simples graças ao novo peso reduzido, mas também ao novo design prático da pega de transporte e de duas almofadas de amortecimento bem posicionadas. A manutenção também é simples. Um conector para tubo de fácil acesso na capota inferior permite remover sal e sujidade das entradas de água sem ser necessário arrancar o motor. Esta é uma forma simples e rápida de reduzir a corrosão e alargar a vida útil e o valor de revenda do motor.

O peso incrivelmente reduzido não é a única característica técnica avançada do novo F25. O novo sistema de injeção eletrónica de combustível (EFI) sem bateria assegura um arranque fácil, mesmo nas condições mais difíceis, estando disponíveis opções de arranque manual ou elétrico/manual. Também é garantida uma condução mais suave, um resultado direto do novo sistema de montagem do motor de grande alcance. A conveniência da nova opção de arranque elétrico traz uma compatibilidade to-


Náutica

Resumo das especificações

Yamaha F25G

tal com o sistema digital de rede avançado da Yamaha, que inclui a disponibilidade de manómetros claros e elegantes, que oferecem ao condutor uma seleção abrangente de informações sobre a performance do motor e de dados em execução, bem como um nível de controlo mais preciso e descontraído. O nosso manípulo multifunções é outra das opções apelativas deste motor. Possui um controlo de mudanças montado na frente de alcance fácil pelo condutor, um punho robusto de grandes dimensões e um punho de aceleração rotativo, para uma direção, utilização e manobra confortáveis. O sistema VTS (velocidade de ajuste variável) integral não só proporciona um ralenti inferior ao normal, também permite controlar a velocidade de ajuste em passos simples de 50 rpm, o que é ideal para a pesca. Esta nova

vantagem está incluída de série nos modelos de manípulo e como opção nos modelos de controlo remoto do F25. Com gráficos elegantes e uma conduta de admissão de ar para a drenagem de água concebida de forma inteligente, a nossa mais recente carenagem superior de uma peça complementa este novo F25. Possui uma sensação e aspeto bastante sólidos, algo que os proprietários da Yamaha realmente apreciam.

Nome do modelo F25G Tipo de motor 4 tempos • 2 ciclos • 4 válvulas • SOHC Cilindrada 432 cc Potência de saída do veio de transmissão longitudinal 18,4 kW (25 ps) a 6000 rpm Gama de rotações na aceleração máxima 5000 - 6000 rpm Relação de transmissão 2,08 (27/13) Sistema de indução de combustível Injeção eletrónica de combustível (EFI) Sistema de ignição CDI Sistema de lubrificação Cárter húmido Capacidade do cárter do óleo (litros) 1,1 Alternador 12 V - 16 A com retificador/regulador Sistema de arranque Manual • Elétrico• Elétrico + manual de reserva Controlo Manípulo (MH, WH) • Controlo remoto (E, ET) Trim e Tilt Power Trim & Tilt (ET) • Tilt manual (MH,WH+E) Navegação em águas pouco profundas De série - 2 posições Altura recomendada da popa S: 423 mm • L: 550 mm Peso em seco com hélice (kg) 56 (ES) Modelos disponíveis MHS • MHL • ES • EL • ETL • WHS (novo) • WHL (novo) Y-COP Opcional

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Electrónica

Notícias Nautel

Chegou Segunda Geração da Serie “HELIX 5”!

Depois de lançada no mercado há dois anos, ter recebido vários prémios e sido um sucesso de vendas, a HUMMINBIRD criou uma nova geração para os modelos desta série, onde oferece funcionalidades antes só existentes nos produtos de mais alta gama.

A

ssim, a tudo quanto antes os equipamentos tinham, juntamse agora várias funcionalidades importantíssimas: AUTOCHART LIVE: Capacidade de auto-mapeamento instantâneo dos fundos, no próprio equipamento, sem recurso a qualquer tipo de processa-

mento externo, e de uma forma simples e intuitiva. CHIRP: Todas as unidades Combo (GPS/Chartplotter/ Sonda) executam a sondagem na base desta técnica. XD-Extreme Depth: Para aqueles que procuram deteção dos fundos a maior profundidade, tipo de 500 a 700m, as unidades vêm agora

com a possibilidade de pelos menus mudarem a frequência para 50/200KHz, e adquirindo o transdutor opcional (XNT-9DB-74T para popa, ou um outro para o casco) terão uma conjugação que fará aumentar bastante a capacidade de ver fundos a maior profundidade. Nota: só não é possível nos modelos de sonda HELIX 5 SONAR e HELIX 5 DI. Possibilidade de ligação a antena externa de GPS: Para barcos com cabines em ferro, ou madeira O que é concretamente o AUTOCHART LIVE? Trata-se de um software especial, agora também já residente nas Helix 5. Foi inicialmente concebido, e ainda existe também nesse formato, como um Software Científico para PC, de coleta de dados de GPS e Sonda para se

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construir uma carta do fundo, com muito mais batimetria e precisão. O poderoso algoritmo matemático do AUTOCHART LIVE, exclusivo da Humminbird, consegue iniciar a criação e visualização, mal a embarcação comece a navegar, e a função estiver ligada. Depois, quantas mais vezes a embarcação passar nas mesmas redondezas, a maior volume de dados adquiridos vai ajudando a que o mapa de fundo vá ficando cada vez mais perfeito. Para quem usa cartografia marítima Navionics, os mapas sobrepõem-se. A memória interna do aparelho dá para guardar sensivelmente 8 horas de gravação. Assim que as 8h se preencham a gravação passa a ser feita em cima da mais antiga. O utilizador pode também adquirir um cartão chamado


Electrónica

“ZeroLine” para onde pode salvar os mapas. O que estiver nesse cartão pode ser visualizado noutros equipamentos da série Helix. Para aplicações mais exigentes, o utilizador pode sempre adquirir as versões AUTOCHART e AUTOCHART PRO, para PC. Estes, vêm com um cartão “ZeroLine”. Usado para carregar os dados do AutochartLive, permite visualizar no PC e analisar com as diversas ferramentas do programa, salvar, etc. Eis um exemplo de trabalho feito no Lago/Barragem do Alqueva, no Alentejo : Volte a conhecer a familia... A família HELIX 5 compreen-

de seis modelos para atender às necessidades individuais dos pescadores e navegantes. Todas as unidades apresentam agora controle do Menu, pelo sistema Reflex da HUMMINBIRD, via teclado. O ecrã é TFT de 256 cores de 5 polegadas, 800 H x 480V. Permitem a inclinação no suporte, ou embutir com

kit opcional. Os transdutores de 50/200KHz para XD estão disponíveis, em opção, para mais desempenho em profundidade. Existem também opções de transdutor em Bronze (para cascos de madeira) e de plástico, para casco. Dimensões fora do suporte: 19,43x10,87x2,87 cm. Alimentação: 12VDC.

Os modelos com sonda têm 500W de potência e vêm por defeito configurados para as frequências de 83/200KHz. Funções GPS: 2500 waypoints, 50 rotas, 50 rastos com 20.000 pontos cada. GPS diferencial por satélite EGNOS/WAAS. Usam cartografia Navionics GOLD ou Platinum +.

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Electrónica

Notícias Nautel

Novas Piranha Max 4 Mais ecrã e mais pixels…

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ome Piranha (palavra portuguesa) foi adotado pela Humminbird há uns anos atrás para denominar a sua série de entrada e dar-lhe a 28

imagem de produto “pequeno” mais feroz, cheio de capacidades…tal como o peixe com o mesmo nome. Surge agora a quarta geração, PiranhaMax 4… O principal é que o ecrã

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aumenta a sua área em 20% e o numero de pixels, aumenta 70%, quando comparado os modelos de 2016.

(RMS) Deteção de fundos mais ou menos até 200m, 100m na versão DI.

especificações técnicas: Ecrã de 4,3”, com 256 côres, e 480 x 272 pixels Dimensões (fora do suporte): 17,27 x 9,9 cm Separação de ecos: 6,35cm Potência de saída: 300 W

Os modelos existentes são: PiranhaMax4: sonda 2D convencional 200/455KHz PiranhaMax4 DI: sonar de varrimento vertical e sonda a cores convencional 2D. 455KHz


Náutica

Notícias Touron

Revolt Custom Boats e Mercury Marine Anunciam Nova Parceria do desempenho fabricados pela Revolt. Os primeiros barcos com instalação dupla de motores fora de borda 400R Verado já estão a ser usados, com os clientes felizes e satisfeitos, sendo que estão já em curso mais projetos.”

A

Mercury Marine, líder mundial na produção de motores para embarcações de recreio, anunciou recentemente uma parceria com a Revolt Custom Boats, líder mundial de embarcações semi-rígidas sediada nos Países Baixos. Os Revolt 31X serão as primeiras embarcações a serem lançadas com Instalações duplas de motores fora de borda 400R Verado. “Isto é o que gostamos de chamar a busca incessante pela perfeição”, declarou John Biesheuvel. “Cada novo

Revolt é uma inovação, uma vez que procuramos constantemente redefinir a visão de perfeição e tornar cada Revolt ainda melhor do que o anterior, em termos de fabrico e tecnologia. Esta parceria com a Mercury Marine é mais um passo para fornecer aos nossos clientes um conjunto de embarcação e motor que nos distinga da concorrência.” Nos últimos 20 anos, John Biesheuvel, fundador da Revolt, concebeu barcos personalizados de elevado desempenho, focando-se no fabrico,

na segurança, na engenharia e no desempenho. A nova parceria com a Mercury Marine permitirá à Revolt fornecer aos seus clientes embarcações personalizadas equipadas com a opção de propulsão mais fiável da indústria marítima. “Estamos extremamente orgulhosos por fazer parte deste projeto exclusivo”, declarou Hans Roelants, Diretor da Mercury Marine, Benelux. “Os motores topo de gama Verado da Mercury Marine são os aliados perfeitos para os produtos de eleva-

Quicksilver Activ Sundeck Recebe Prémio Moteur Boat 2016

O

prémio Moteur Boat of the year, organizado nos últimos 4 anos pela revista francesa Moteur Boat, é o resultado da eleição entre os seus leitores e um júri de especialistas. Os leitores selecionam online a sua embarcação favorita, em duas categorias, sendo que estas são testadas a fundo por um júri constituído por leitores, especialistas e jornalistas. O prémio é atribuído em duas categorias diferentes, day boats e crusers. O júri decidiu a criação duma nova categoria, “A melhor embarcação para o júri”, tendo ganho o modelo Quicksilver Activ 755 Sundeck. O Quicksilver Activ 755 Sundeck, juntamente com outras novidades da Quicksilver para a presente temporada, estarão em exposição nas próximas feiras náuticas de Düsseldorf (Alemanha), Berna (Suíça) e La Ciotat (França).

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Náutica

Notícias Touron

Quicksilver Activ 505 Open

Quicksilver Renova os Modelos

da Gama Open

A Quicksilver anuncia o lançamento de quatro novos modelos na gama Activ Open. Os novos Activ 505, 555, 605 e 675 Open, modelos com maior procura na gama Open, substituem os anteriores, apresentado um deck totalmente renovado, com maior funcionalidade e com mais equipamento.

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stes modelos oferecem um valor sólido assente nas suas valias no que se refere a conforto, segurança, equipamento, espaço e uti-

lização muito prática. O novo look mais arejado e desportivo combina na perfeição com um design que aposta no espaço e na habitabilidade a bordo Estas inovações permitem um solá-

rio mais amplo e uma zona de deck maior, sobretudo graças ao assento central reclinável nos modelos 505 e 55 Open e ao assento giratório nos modelos 675 e 605 Open, permitindo

Quicksilver Activ 505 Open 30

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aproveitar, ao máximo, o espaço do deck, da zona do motor e do acesso à plataforma de banho. De referir, ainda, que o novo design, mais funcional, disponibiliza uma popa com melhor acesso ao barco, uma consola ergonómica com espaço suficiente para instrumentos e arrumação, assim como assentos giratórios e cómodos apoios para os pés em fibra. Nos novos modelos Open destaca-se: - Posto de comando ergonómico com porta-copos integrado, zona de arrumação, espaço para montagem de GPS/Plotter opcional e um elegante párabrisas (vidro 30/70). - Zona de proa transformável em dinette, solário parcial e solário completo. O solário montase em segundos, sem necessidade de se utilizar extensões. - Acesso permanente à consola, mesmo com o solário montado. - Ampla plataforma de banho


Náutica

Quicksilver Activ 605 Open

Quicksilver Activ 675 Open

para fácil acesso á água. - Borda alta e superfície antideslizante que aumenta a segurança a bordo, sobretudo para as crianças. - Grande capacidade de arrumação. - Apoios para os pés em fibra de vidro, para maior comodidade. - Espaço de arrumação específico no interior da consola para a mesa exterior e almofadas. - Mastro de esqui opcional de fácil montagem. No modelo 675 Open acrescenta-se: - Fácil entrada para a cabina através duma porta semi-transparente. - Cabina com cama para uma pessoa. A Edição SMART está disponível em todos estes modelos, com a variedade de opcionais mais procuradas pelos nossos clientes, disponibilizando melhores prazos de entrega e uma poupança média em cerca de 10% relativamente á compra dos opcionais em separado. Os novos Activ 505 e 555 Open foram apresentados na Feira Internacional de Génova e na Feira Internacional de La Rochelle em Le Grand. O Activ 605 Open foi apresentado na Feira Náutica de Barcelona e a gama completa esteve na feira náutica de Paris e Düsseldorf. “A nossa equipa de engenheiros conseguiu combinar, nestes modelos, um estilo espectacular, grande funcionalidade e equipamento completo com um preço extremamente competitivo. Sem dúvida que estes modelos vão estabelecer os novos padrões do seu segmento” afirmou Jonathan Flesher, arquitecto naval da Quicksilver.

Quicksilver Activ 555 Open

Quicksilver Activ 555 Open

Características Técnicas 505 Open

555 Open

605 Open

675 Open

Comprimento total

5,07 m

5,47 m

6,12 m

6,74 m

Boca

2,12 m

2,29 m

2,40 m

2,55 m

Peso em seco

582 Kg

722 Kg

Pend.

Pend.

Depósito combustível

90 L

110 L

160 L

200 L

Lotação

5

6

7

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Potência máxima

100 HP

115 Hp

150 HP

200 HP

Categoria CE

C

C

C

C

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Náutica

Notícias Touron

Quicksilver Renova Modelos Activ 605 e 675 Sundeck

Quicksilver Activ 605 Sundeck A Quicksilver apresenta os novos Activ 605 e 675 Sundeck, que substituem os modelos actuais, com um deck totalmente redesenhado, com novas características e com mais funcionalidades.

E

stes modelos apostam sobretudo no aumento da comodidade, segurança, ergonomia, espaço e operacionalidade. A imagem refrescante e desportiva alia-se a design

que aposta no espaço e na convivência, destacando-se o amplo solário (o maior no seu segmento), deck espaçoso com zona dinette (com capacidade para 4 adultos) e uma cómoda cabina em forma de “U” transformável

em cama dupla. O design mais funcional inclui, entre outros, encosto amovível no deck que facilita o acesso à plataforma de banho, consola ergonómica totalmente redesenhada com espaço para a instrumenta-

Quicksilver Activ 605 Sundeck 32

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ção e arrumação de pequenos objectos, bem como assentos com apoio de pés em fibra de vidro, melhorando o conforto do piloto. Nos Activ 605 e 675 Sundeck destacam-se as seguintes características: - Posto de comando bicolor, elegante e ergonómico, com porta-bebidas integrados, área de arrumação, espaço para montagem de GPS/Plotter de 7” no painel de instrumentos e elegante para-brisas matizado (cristal 30/70) - Deck multifuncional perfeito para navegar, almoçar ou jantar - Solário espaçoso com porta-bebidas integrado - Borda alta e superfície


Náutica

anti-deslizante que garante a segurança de crianças a bordo - Apoio de pés em fibra de vidro para o assento do piloto, proporcionando maior comodidade com menores vibrações - Configuração de assentos na cabina em forma de “U” convertível em cama dupla - Entrada fácil na cabina através de porta deslizante semi-transparente - Acesso seguro à zona de solário através das escadas da consola - Poço da âncora integrado na proa, com espaço de arrumação para cabos, e molinete eléctrico opcional - Mastro de esqui de instalação simples. Estes novos modelos estão disponíveis com a edição SMART, para alésm duma grande variedade de packs de equipamento (que respondem ao mais solicitados pelos nossos clientes). A Edição Smart tem prazos de entrega reduzidos, permitindo, em média, uma poupança de 10% sobre o preço dos packs quando encomendados em separado. Os novos Activ 605 e 675 Sundeck foram apresentados no Salão Náutico de París e estarão em exposição na Feira Náutica de Düsseldorf. Para Benoit Verley, Director de Vendas e Planificação de Produto da Quicksilver, “Os 605 e 675 Sundeck fazem parte dos

Quicksilver Activ 675 Sundeck

Quicksilver Activ 675 Sundeck

best-sellers da marca, pelo que foi um desafio melhorar o estilo, a funcionalidade e as características gerais destes modelos tão consolidados. Os nossos projectistas desenvolveram um trabalho magnífico, pelo que estamos confiantes que esta nova geração irá estabelecer novos padrões para este tipo de embarcações”.

Quicksilver Activ 675 Sundeck

Quicksilver Activ 605 Sundeck

Características Técnicas 605 Sundeck

675 Sundeck

Comprimento

6,12 m

6,74 m

Boca

2,40 m

2,55 m

Peso

a determinar

A determinar

Depósito combustível

160 L

200 L

Lotação

7

8

Potência máxima

150 HP

200 HP

Categoria CE

C

C

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Notícias do Mar

Tagus Vivan

Crónica: Carlos Salgado

A Sociedade Civil Não Pode Abdicar…

O Bote Leão a comandar a frota rumo a Alcochete, recentemente, para ser entregue à Edilidade local A Sociedade Civil não pode abdicar de dar o seu contributo interessado e efectivo para a defesa e preservação dos recursos naturais, designadamente a água que é indispensável à vida, e é um bem finito, quer a que brota das nascentes, quer a que circula nos rios à superfície, quer ainda a dos lençóis freáticos. Para alertar as consciências costumo fazer esta comparação: “ Os Rios estão para os Continentes assim como os vasos condutores estão para o sistema vascular do corpo humano, quando as nossas artérias começam a ficar obstruídas e o sangue deixa de ter a sanidade devida, isso traz-nos problemas graves de saúde que podem levar-nos à morte”.

Q

uando um Rio no seu percurso natural atravessa mais do que um país, passa a ser transna-

cional e os países em causa devem partilhá-lo em condições de igualdade. Portanto, o país a montante onde o rio nasce não tem o direito de servir-se dele

como entender, de acordo com o que está internacionalmente convencionado. Mas no caso do Tejo, isso não tem vindo a ser cumprido porque a vizinha

Central Nuclear de Almaraz, situada a 100km da nossa fronteira 34

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Espanha tem feito do Tejo tudo aquilo que bem entende, desde o desvio da mais pura água provinda de montante para o transvase Tajo-Segura, e segundo consta tem a intenção de fazer mais transvases, para além de represar as águas sobrantes em inúmeras mega barragens para benefício próprio. Tudo isto no seu conjunto está na origem da escassez da água que chega ou é deixada passar para Portugal, perante o aparente consentimento ou alheamento dos governos anteriores de Portugal que precederam o actual, não obstante as muitas vozes portuguesas que têm vindo a criticar a forma como foi negociada a Convenção de Albufeira, em nosso desfavor. Para agravar a situação temos também o caso da Central Nu-


Notícias do Mar

clear de Almaraz, a 100km da nossa fronteira, que deveria ter fechado em 2010 mas as autoridades espanholas prolongaram a licença de funcionamento até 2020, e para cúmulo dos cúmulos surge agora, no fecho do ano, a notícia de que o governo espanhol deu luz verde para a construção nessa Central de um armazém de resíduos nucleares, o que vai prolongar ainda mais o tempo de vida dessa perigosa Central, na qual têm vindo a ser detectados “pequenos incidentes” segundo a autoridade que controla o nuclear em Espanha. O nosso ministro do ambiente considera que esta atitude de Espanha, sem ter sido feita a indispensável avaliação do impacto ambiental transfronteiriço, não contribui para reforçar a confiança entre os dois países, e garante que o Estado português intervirá de forma a garantir o escrupuloso cumprimento de todas as regras de segurança. Mais garante que Portugal vai também recorrer às directivas comunitárias num protocolo entre Portugal e Espanha e que regula os procedimentos a observar no âmbito de uma avaliação de impacto ambiental, para forçar

Apontamento do Estuário do Tejo, vendo-se na margem direita as indústrias e os aglomerados urbanos e na margem esquerda a Lezíria a perder de vista. Madrid a dar respostas. A água do Tejo, que provém de montante, já não garante o caudal ecológico Se para além dos problemas que acabamos de referir, a água de um rio, que naturalmente

provém de montante começa a escassear ao ponto de não garantir que o caudal ecológico seja suficiente para preservar os seus valores ecológicos, por um lado, e se por outro, a poluição aumentar, como está a acontecer no nosso Tejo, o rio corre sérios riscos de ficar insalubre. Perante esta situação, o actu-

al ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes tomou a medida, com carácter de urgência, logo após ter tomado posse, de mandar formar uma comissão de acompanhamento sobre a poluição do rio Tejo, que acabou por ultrapassar em 150 dias a data que lhe foi marcada para a apresentação das

Os Flamingos nos sapais da Reserva Natural do Estuário do Tejo 2017 Janeiro 361

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Notícias do Mar

O Porto de Lisboa e as docas conclusões e recomendações, o que quanto a nós só pode dever-se a duas razões possíveis, ou a situação era e é na realidade muito mais grave do que aquilo que se previa à partida, o que admitimos como a mais provável, ou então a comissão de acompanhamento “andou a encanar a perna à rã”. A propósito, só no passado dia 19 de Dezembro fomos informados de

que o ministro do Ambiente foi no sábado, 25 de Novembro, a Vila Velha de Ródão para fazer a apresentação do relatório e recomendações dessa Comissão de Acompanhamento sobre a Poluição no Rio Tejo. A referida apresentação levou também até àquela vila ribeirinha o secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins e a secretária de Estado do Ordenamento do

Território e da Conservação da Natureza, Célia Ramos. Segundo o ministro a qualidade da água do Tejo de acordo com a mais recente avaliação “cerca de 50 por cento das massas de água estão ainda com estado inferior a Bom, na classificação da DQA (Directiva Quadro da Água), o que exige a tomada de novas medidas de combate e resolução”. O nosso parceiro

O Porto de Lisboa está cada vez mais na escala dos grandes cruzeiros 36

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Guarda–rios, observador experiente e informado nestes domínios, ficou logo de asa atrás quando o governo anterior decidiu subalternizar a ARH –Tejo à APA – Agência Portuguesa do Ambiente, por considerar que esta entidade não tinha perfil para olhar convenientemente pelo Tejo, até porque o Tejo é muito mais que um Rio. A tal medida absurda levou a administração, a direcção e alguns técnicos competentes da ARH –Tejo a saírem, e o resultado é o que está agora à vista, o que aliás nós também prevíamos. Ainda sobre o relatório e as conclusões daquela comissão de acompanhamento, entendemos que o respectivo relato e comentários ficam melhor entregues ao Guarda-rios, que vai passar a fazê-lo na rubrica que assina no Notícias do Mar. Encerramento do Ciclo de Conferências Regionais Posto isto, passamos a falar sobre as actividades relacionadas com a preparação do próximo Congresso do Tejo que está marcado para os dias 17 e 18 do próximo mês de Março de 2017, no Cine Teatro S. Pedro, na cidade de Abrantes, mas antes porém lembramos que ainda falta realizar a 5.ª e última Conferência Regional sobre o Estuário


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do Tejo, para encerrar o Ciclo de Conferências Regionais preparatórias que está prevista para o dia 16 do próximo mês de Fevereiro e terá lugar na Fábrica das Palavras em Vila Franca de Xira, uma parceria da Tagus Vivan com a Câmara Municipal local, que conta com a participação interessada da Administração do Porto de Lisboa. Como estamos a aproximar-nos da conclusão do processo iniciado em Janeiro de 2015, da iniciativa da Tagus Vivan, que promoveu e co-organizou um Ciclo de Conferências Regionais ao longo do corredor fluvial do Tejo, nas principais regiões em que a bacia hidrográfica está dividida, para fazer o diagnóstico dos pontos fracos e dos pontos fortes de cada uma, procurando encontrar propostas de solução para obviar os problemas dos fracos e para valorizar mais os fortes, para além de extrair dessas conclusões as matérias substantivas para serem debatidas no Congresso, que terá os olhos postos no futuro. Com esta estratégia também conseguiu, por um lado, que o país tivesse lido, ouvido e falado do Tejo durante dois anos, dando-lhe visibilidade e notoriedade, e por outro, conseguiu criar sinergias entre parceiros e actores relacionados com o Rio, nomeadamente os municípios ribeirinhos e, gerar uma onda positiva de interesse e participação nos trabalhos dessas conferências do Ciclo. Não há dúvida de que se impunha reunir um novo Congresso do Tejo que procurasse debater os problemas provocados por terceiros, sem controlo, que têm vindo a aumentar nos últimos anos, e sobretudo procurar encontrar as possíveis soluções para conter o aumento da poluição até à sua erradicação no limite, solucionar as causas da diminuição dos caudais ecológicos e também outras insuficiências que causam as vulnerabilidades que o Tejo apresenta. Todo este cenário prova que a Tagus Vivan- Confraria Cultural do Tejo Vivo e Vivido, que foi fundada para ser a continuadora da obra de 25 anos da Associação dos Amigos do Tejo, a partir de uma visão universal do Rio, cuja bacia hidrográfica ocupa uma terça parte do território de

Portugal continental, andou a preparar e promover um congresso do Tejo para que tenha uma massa crítica expressiva e não seja de rotina, para que consiga ter produtividade, e em vez de estar a repisar os aspectos negativos ou problemáticos, sirva sobretudo para encontrar e propor soluções para os problemas, para que sejam tomadas na devida consideração pelo Governo e pela Assembleia da República, para legislarem em conformidade.

Ponte Vasco da Gama

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Tagus Vivan

Texto Engº Miguel de Azevedo Coutinho

Conferência do Alto Tejo Português e do Tejo Internacional

(Preparatória do Congresso do Tejo III)

Sentir o Rio, Viver a Terra

Entardecer no rio Tejo, Vila Velha de Ródão 38

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O monumento geológico das Portas de Ródão, visto de jusante Tejo

Casa das Artes e Cultura – Vila Velha de Ródão A Conferência Regional do Alto Tejo Português e do Tejo Internacional constituiu a penúltima etapa preparatória do Congresso do Tejo III, (4.ª do Ciclo de Conferências), realizada em Vila Velha de Ródão no dia 12 de Outubro de 2016, na Casa de Artes e Cultura e contou com o apoio logístico da Câmara Municipal local e a colaboração da Associação de Estudos do Alto Tejo. Relato dos Painéis 2 e 3, Debate e Sessão de Encerramento Na sequência do programa, a seguir à pausa para café a meio da manhã tiveram lugar as apresentações do painel 2: Usos múltiplos do rio – navegação (turística de lazer e desportiva) e Economia associada ao Rio (políticas de desenvolvimento). O painel 3 teve lugar imediatamente, sem mudança da mesa, por ter faltado o conferencista espanhol, com uma única apresentação - Paisagem Cultural do Tejo: Memorial da Humanidade. O presente relato dá conta

dos principais assuntos abordados pelos conferencistas no decurso das suas apresentações, que se debruçaram sobre múltiplas facetas de usos do rio e das suas potencialidades como geradoras de riqueza para a região. Foram exaltados ainda os valores do rio, em termos latos, e das suas paisagens, como valias culturais e identitárias. Após as apresentações teve lugar um período de debate, relativo aos temas dos painéis, a que se seguiu a sessão de encerramento. Usos múltiplos do rio – navegação (turística de lazer e desportiva). O DrNuno Coelho da empresa Incentivos Outdoor enunciou aspectos ligados ao rio Tejo, particularmente o rio como âncora do turismo na zona de Vila Velha de Ródão, dando conta da experiência da promoção de actividades turísticas. Referiu as capacidades potenciadoras de desenvolvimento e a existência de inúmeras possibilidades de oferta sustentável. Deu exemplo de parceiros e de formas de captação de turistas em programas já desenvolvidos, designadamente com a CP. Economia associada ao Rio


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Vida Natural nas margens do Tejo com Lontras

(políticas de desenvolvimento). O Vice-Presidente da Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, Senhor José Manuel Alves, em substituição do Presidente da Câmara Dr. Luis Pereira, que teve impedimento de última hora, referiu o empenhamento da Câmara Municipal no desenvolvimento de políticas económicas, de investimento em infraestruturas públicas dirigidas para o fortalecimento da coesão social e da protecção da natureza, centradas no apoio de actores privilegiados. Focou aspectos relacionados com a valorização do monumento geológico das Portas de Ródão, da paisagem e de actividades de lazer e de turismo desenvolvidas na frente ribeirinha. Paisagem Cultural do Tejo: Memorial da Humanidade. O Senhor Almirante José Bastos Saldanha fez a apresentação da comunicação elaborada por ele e pela Senhora Doutora Maria Rosário Oliveira. Estabeleceu o seu enquadramento no âmbito do projecto da Associação Tagus Universalis de inscrição da Paisagem Cultural do Tejo Português na lista de património da UNESCO. Evidenciou o valor universal excepcional

da paisagem, que “advém da sua presença dominante que se evidencia, num continuum, em toda a extensão geográfica e através do tempo, desde a Pré-história, por intermédio da extraordinária multiplicidade de manifestações interativas com o Homem e da impressiva diversidade de valores culturais e naturais associados, uma e outra representativas de uma região geocultural única na península Ibérica”. Referiu que o projecto, após uma apreciação negativa por parte da comissão nacional da Unesco, é um projecto em construção, que mantém em curso várias acções, nomeadamente o lançamento do Observatório de Paisagem

do Tejo e da criação de um sistema de proteção e gestão intermunicipal. Debate Na sequência à apresentação dos temas, foi estabelecido um curto período para debate e prestação de esclarecimentos. Os participantes presentes levantaram diversas questões, designadamente sobre a riqueza da cultura religiosa que ainda subsiste, associada ao Tejo. Foi referida a necessidade do uso sustentável do território e da existência de planos de ordenamento das áreas protegidas. Após este período teve lugar o encerramento da conferência. A Sessão de Encerramen-

to foi presidida pelo Senhor José Manuel Alves, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão (em substituição do presidente) e teve a participação do Senhor Doutor António Ferreira Borges do (ICNF), do Senhor Carlos Salgado, e dos Engenheiros João S. Rocha e Miguel de Azevedo Coutinho. O vice-presidente agradeceu à organização e a todos os participantes na conferência. Referiu que a Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão tem estado sempre virada para o Tejo e afirmou que o rio, sendo um elo de ligação entre as margens, detem um muito elevado potencial para o desenvolvimento da região.

Reflexos no rio Tejo 2017 Janeiro 361

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Voo do Guarda-Rios

Até Que Enfim Não há caudal ecológico no Tejo por falta de água vinda de montante

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or Despacho do Ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, n.º 11/MAMMB de 19 de Janeiro de 2016, logo após a sua tomada de posse, foi criada uma Comissão de Acompanhamento sobre a Poluição no Rio Tejo, “responsável pela avaliação e diagnóstico de situações com impacte directo no rio e seus afluentes, bem como pela elaboração e execução de estratégias de actuação conjunta e partilhada entre entidades para

fazer face aos fenómenos de poluição”. “Foi ainda designado resultados do trabalho desenvolvido até à data, a identificação dos elementos poluidores, medidas que actuem no combate e resolução dos problemas de poluição e recomendações que operem no sentido de optimizar a capacidade de actuação da Administração face aos problemas identificados”., a esta Comissão, a elaboração de um relatório que apresente os: (Pelo facto da referida Comissão de Acompanhamento

Barragem de Cedillo, a porta que deixa entrar a água do Tejo de Espanha para Portugal 40

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ter levado bastante mais tempo a chegar às conclusões e recomendações calendarizadas, tudo leva a crer que a situação que encontrou é ainda pior do que se pensava.) Relatório da Comissão de Acompanhamento Sobre Poluição no Rio Tejo Editor: Agência Portuguesa do Ambiente, (que é a mesma que foi empossada pelo governo anterior com a responsabilidade de cuidar do Tejo) Data de edição: Novembro de 2016, (150 dias após o prazo marcado pelo ministério.) Coordenação global: Agência Portuguesa do Ambiente / Administração da Região Hidrográfica do Tejo e Oeste. Coordenação técnica: Agência Portuguesa do Ambiente / Administração da Região Hidrográfica do Tejo e Oeste Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território Equipa técnica: Agência Portuguesa do Ambiente / Administração da Região Hidrográfica do Tejo e Oeste

Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, Era suposto que a APA tivesse interagido com os outros parceiros desta Comissão logo após ter sido empossada para cuidar do Tejo pelo governo anterior. Introdução É objectivo da política de ambiente assegurar a gestão sustentável dos recursos hídricos e, em particular, garantir a efectiva aplicação da Lei da Água e demais legislação complementar, em especial no que respeita à qualidade da água. O carácter transversal da água convoca, inevitavelmente, um conjunto vasto de entidades para o paradigma de gestão da Lei da Água, na decorrência da Diretiva-Quadro da Água (DQA): a gestão integrada e partilhada deste fundamental recurso natural. A bacia hidrográfica do rio Tejo é um ecossistema vital para o país e um recurso determinante para a vivência e economia de cerca de três milhões de ha-


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bitantes. É um território extenso e sujeito a diversas pressões, ambientais e socioeconómicas. Em matéria de poluição, o rio Tejo encontra-se hoje, dotado de um vasto conjunto de infraestruturas de abastecimento de água e saneamento de águas residuais urbanas e industriais, que permitem constatar que, em cerca de 20 anos, se avançou significativamente em termos de qualidade da água nesta região. Não obstante e, de acordo com a mais recente avaliação em matéria de estado das massas de água na região hidrográfica do Tejo, cerca de 50% estão ainda com estado inferior a Bom na classificação da DQA. Nesse sentido, são ainda detectados problemas de poluição que carecem de combate e resolução. (A APA já devia ser conhecedora das causas que contribuíram para esta situação, no cumprimento das responsabilidades que lhe foram atribuídas quando tomou posse para cuidar do Tejo.) Com efeito, a resolução dos problemas de poluição da bacia hidrográfica do rio Tejo assume-se como uma prioridade do Plano de Gestão da Região Hidrográfica do Tejo e Oeste (PGRH Tejo e Oeste), aprovado pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 52/2016, de 20 de Setembro, para evitar a deterioração do estado das massas de água e alcançar um bom estado químico e ecológico. (Qual foi a atitude que a APA tomou relativamente a esta Resolução?) Em 2015 esses problemas de poluição no rio Tejo constituíram uma preocupação acrescida, muito por força da fraca pluviosidade registada associada a temperaturas elevadas, Em 3 de Julho de 2015, a Assembleia da República aprovou a Resolução n.º 103/2015, na qual é recomendado que se investigue os “incidentes de poluição recentemente ocorridos, bem como às condições em que empresas e outras entidades situadas ao longo do rio fazem as suas descargas ou de qualquer outro modo contribuem para a poluição do rio Tejo.” (Não pode atribuir-se apenas à fraca pluviosidade associada a temperaturas elevadas sem também avaliar se a quantida-

de da água que a Barragem de Cedillo está a deixar passar para o lado de cá está a cumprir os acordos estabelecidos, bem como se a quantidade de água libertada regularmente pelas barragens da bacia do Tejo está de acordo com os contratos de concessão.) Subsequentemente e a coberto do Despacho do Senhor Ministro do Ambiente N.º 11/ MAMB, de 19 de Janeiro de 2016, foi criada a Comissão de Acompanhamento sobre a Poluição no rio Tejo, doravante designada por Comissão. A Comissão integra representantes da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), que coordena os trabalhos, da Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (IGAMAOT), das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR-LVT) e do Centro (CCDR-C), das Comunidades Intermunicipais da Lezíria do Tejo (CIMLT), Médio Tejo (CIMMT) e Beira Baixa (CIMBB) e da Guarda Nacional Republicana/Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente (GNR/SEPNA), tendo ainda participado nos trabalhos a CCDR Alentejo (CCDRA) e a Câmara Municipal de Gavião (CIM do Alto Alentejo).

De acordo com o Despacho referido, compete à Comissão: a) Proceder a uma avaliação e diagnóstico das situações com impacte directo na qualidade da água do rio Tejo e seus principais afluentes; 1 V. Plano de Gestão da Região Hidrográfica do Tejo e Oeste aprovado pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 52/2016, de 20 de Setembro; b) Promover a elaboração e execução de uma estratégia de atuação conjunta e partilhada entre entidades para fazer face aos fenómenos de poluição; c) Avaliar e propor medidas conducentes a uma maior e efetiva

capacidade de actuação da Administração face aos problemas identificados. O Despacho determina ainda a elaboração de um Relatório a fim de apresentar os resultados do trabalho desenvolvido pela Comissão e propor medidas conducentes a uma maior capacidade de actuação da Administração face aos problemas identificados. A 23 de Novembro de 2016, em sede de reunião da Comissão foi aprovado por unanimidade o presente relatório. Este relato prossegue no próximo Notícias do Mar

Bacia Hidrográfica do Tejo Ibérico, destacando-se a cor mais escura a Bacia do Tejo em Portugal 2017 Janeiro 361

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O Tejo a Pé

Texto e Fotografia Carlos A. Cupeto

Floresta em Monsanto

Dezembro no Tejo a pé é sinónimo de Monsanto; sempre mais cedo no mês para não colidir com as festas e aqui à mão para a maioria do grupo, para facilitar.

Lisboa à volta não é suficiente para anular Monsanto.

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Assim é Monsanto. 42

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Nuno Luz, guia funcionário da Câmara Municipal de Lisboa, mais uma vez recebeu-nos magnificamente. O Nuno tem o privilégio de conhecer Monsanto como a sua casa, quase todos os lisboetas e até mesmo outros portugueses deviam de, pelo menos, ter a curiosidade de espreitar esta espetacular floresta, que apesar de os meios serem cada vez menos, resiste a todo o tipo de agressões e nos oferece momentos de grande prazer no campo. Para além de tudo, Monsanto, para nós portugueses, pela sua fundamentação e história, deve merecer um enorme orgulho: afinal nós também sabemos equacionar um grave problema (qualidade


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A mais-valia do caminhar tudo compensa e aguça a imaginação.

do ar na baixa de Lisboa) e resolvê-lo de forma superior e planificada valorizando ao mesmo tempo uma enorme área degradada (pedreiras e hortas abandonadas) às portas de Lisboa como era Monsanto à época antes do plano de plantação. O dia, como sempre, esteve muito bom para se caminhar, o percurso de cerca de 12 quilómetros fez-se muito tranquilamente, como gostamos no Tejo a pé, de forma a apreender tudo o que o Nuno nos ia contan-

No fim mais um momento de sã partilha, o habitual almoço onde nunca falta o incontornável vinho.

do e, sobretudo, à medida dos sentidos de cada um. As muitas ausências de habituais caminheiros, provavelmente no shopping nas compras de Natal, foram compensadas com gente nova que se integrou na perfeição. Sejam sempre bem-vindos. Um dia em que todos os participantes, apesar da cidade à volta, sentiram o efeito benéfico do campo. Voltamos a andar em janeiro, sempre com boas paisagens e vivências.

Até o Matias gostou.

No Tejo a pé há tempo para tudo, até para aprender. 2017 Janeiro 361

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Pesca Desportiva

Histórias de Pesca

Texto Vitor Ganchinho

Pesca às douradas na Vereda- Episódio 1

O Início na Vereda a famosa pedra das douradas

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edro Meireles nunca foi um homem de sorte com as mulheres. Sempre rejeitado por aquelas a quem quis dedicar o seu amor, de menor fluência no verbo, com conversa a menos, outras vezes a mais, nunca conseguiu acertar o passo com as ditas. Apaixonava-se mas não era correspondido. Quando um dia julgou ter encontrado a mulher dos seus sonhos, Verónica, uma morena capaz de lhe fazer coagular o sangue, bonita de cara, longos cabelos brilhantes e um par de peitos daqueles que empurram a camisola para a frente até ao limite elástico do 44

tecido, pernas bem depiladas, linda, aquela por quem ele seria capaz de fazer tudo, mesmo tudo, …ela confessou-lhe estar apaixonada por outra pessoa. Na circunstância, por uma médica espanhola. Isso arrefeceulhe o entusiasmo pelo sexo oposto a níveis de gelo glaciar, e foi um enorme incentivo à sua dedicação à pesca à linha. Resolveu pois mudar de ramo e investir todas as suas economias em material. Ao fim de umas semanas, a lista de despesas com canas, carretos, chumbadas e missangas, estava idêntica ao orçamento de construção de um porta-aviões americano. Findos os prepara-

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tivos, chegou o momento de fazer a sua primeira saída de mar. Para a Vereda pois, a famosa pedra das douradas. Numa embarcação marítimo-turística Acordou cedo, impaciente e mal dormido. Eram 3,25h da manhã. Tinha a certeza sobre a hora exacta, porque o relógio do quarto estava parado, havia um ano, por falta de pilha. Não tendo ideia do que iria encontrar, fez-se acompanhar de grande parte do seu novo equipamento. As botas de borracha até ao peito, um kit completo de pesca à mosca, e inclusive a tenda de carpfishing camuflada, uma últi-

ma inspiração do vendedor da loja de pesca, pressupostamente necessária. Uma empresa de mudanças facilitou-lhe o camião com báscula necessário para que se conseguisse apresentar a tempo e equipado na marina de Sesimbra. Ali estava ele, pronto para a sua primeira experiência de pesca numa embarcação marítimo-turística. Sem conhecer ninguém, deu um bom dia sussurrante, não correspondido, e entrou para o barco ocupando o lugar que lhe destinaram. Exactamente ao lado de um mocinho novo, cabelo rasta aos canudinhos, sinais evidentes de pouco banho, pouco juízo e pouco dinheiro.


Pesca Desportiva

água está lusa? O peixe está fixe? Sem resposta, resolveu concentrar-se na pesca em si, e fez a montagem do carreto na cana. A seguir, conforme constava no catálogo, armou um chicote de nylon, com missangas coloridas, crossbeads, estralhos de aço e tudo o que era necessário para decorar uma árvore de Natal. Sentia-se pronto, e de acordo com o figurino.

Resolveu meter conversa: _ Nós não nos conhecemos? Dá-me ideia de que já nos cruzámos em qualquer lado. Ou então vi-o nas notícias. O amigo por acaso não tem cadastro na polícia? Não foi preso por roubo de esticão? Não lhe respondeu. Percebeu que não era pessoa de muitas falas. Sentia-se um pouco só, largado na natureza, sem ter com quem conversar. Pelo canto do olho viu que estava vago um lugar do outro lado do barco. Carregou com todos os apetrechos e foi sentar-se ao lado de um individuo que se destacava pelo seu porte físico. Perguntou-lhe: _ E então, …a

Este sítio é tão bom e tão secreto Segundo o dono da embarcação, estavam a chegar ao local. Fateixa ao fundo. Dizia o mestre: _Este sítio é tão bom e tão secreto que nem a minha mulher sabe as marcas. Só eu é que sei! Estão apontadas num papel, guardadas na caixa forte do banco. Os homens olhavam à volta e viam dezenas de barcos à volta deles, encostados, a pescar. Pedro Meireles ripostou: _ Então e estes barcos todos que estão aqui à nossa volta? O que ele havia de dizer! O comandante não se conteve: _Oiça lá! Se eu digo que aqui é bom, é porque é! Este sítio é autêntica água benta. Um dos pescadores, habitual na traineira, sussurrou-lhe ao ouvido: Você esteja calado. O ano passado, quando o mestre ia despejar o lixo ao contentor, foi abalroado por dois homens encapuzados, vestidos de escuro. Depois de o deitarem ao chão, ataram-lhe as mãos, injectaram-lhe um líquido roxo no pescoço e jogaram-no para dentro da mala de um carro. Quando veio a si, estava atado a uma cadeira e tinha um saco plástico na cabeça. Queriam saber as coordenadas deste sítio. _ Pois sim. Olhando à volta, está visto que ele…deu-lhas. Certo? _ Não! Ele não se chibou! Durante dias, foi pressionado, levou choques eléctricos, meteram-lhe uma broca de cimento pelo ombro dentro, arrancaramlhe as pestanas com um alicate, meteram-lhe palitos entre os dedos e as unhas, foi queimado com cigarros nas costas, meteram-lhe a cabeça dentro de um balde com água quente, mas

ele não lhes deu o ponto! Mandaram uma das orelhas numa carta registada com aviso de recepção à mulher, a avisar que, caso não enviasse o ponto GPS de imediato, o iriam matar. Ela pôs logo luto carregado, porque não sabia mesmo de nada. Voltaram à carga com murros, chicotadas, arrastaram-no no chão preso pelo pescoço com um arame farpado, mas ele não abriu a boca. Ameaçaram-no que nunca mais iria ver a mulher, e ele encolheu os ombros. Por fim, quando lhe disseram que nunca mais iria ao Estádio da Luz ver a águia Vitória, fez um semblante carregado e deu umas marcas que ficam a dois metros deste sítio. Por isso é que estes barcos todos estão aqui. Dezenas de barcos tentavam as douradas na Vereda. As moedas tilintavam nos bolsos dos arrumadores de barcos, que não davam mãos a medir. Pedro Meireles acabou de montar a sua cana de carbono e largou dois caranguejos gourmet para o fundo. Seguiu a chumbada com os olhos, sempre a olhar

para baixo. Às tantas enevoou a vista e sentiu um ligeiro mareio. Fixou a vista no horizonte. Tinham-lhe dito para fazer isso, que resultava muito bem contra o enjoo. Não via era a cana. Tentou colocar um olho na cana e outro nas chaminés de Sines. Apenas conseguiu uma blefarite aguda na vista, mas o resultado era nulo. À sua volta via-se peixe a subir para o barco. Era uma guerra aberta, um Vietnam de peixe, douradas aos molhos, e ele sem conseguir olhar para a ponteira. Sentia-se desgraçado e infeliz por não ser estrábico. _ Eu puxo quando a cana mexer, …é isso? Ninguém lhe ligava. Via os outros a levantar a cana com força. Com uma incredulidade que normalmente reservava apenas para situações de recebimento de dinheiro de volta das Finanças ou avistamentos de OVNIS, começou a tentar dar esticões violentos seguidos, na ânsia de conseguir ferrar qualquer coisa. _ Vocês não desistam de mim!... Ajudem-me! Os outros todos a puxar peixe, a pescar douradas

A sonhar com douradas queria fazer a sua primeira saída de mar 2017 Janeiro 361

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Pesca Desportiva

grandes, e ele nada. Tinha o balde do peixe vazio. Já se viram dias de finados bem mais entusiásticos. Em desespero, olhava para o outro lado do barco, na tentativa de encontrar alguém que lhe explicasse como fazer. O último pescador da proa dizia-lhe algo sobre pescar ao sentir, mas ele no meio de tanto barulho não o ouvia e muito menos entendia as instruções. Tentava ler nos seus lábios, mas na verdade, aquilo que lhe via não era perceptível, nem sequer muito diferente dos

movimentos labiais ritmados de uma estrela sexy-porno em serviço. Recolheu a chumbada e viu que estava sem isca, os anzóis estavam limpos. Já tinha visto coisas muito mais estranhas na vida, mas de momento não lhe ocorria nenhuma. Descascou mais dois caranguejos e lançou para o pesqueiro do calmeirão do lado. _ Tu tás a pescar no meu pesqueiro?! Não tás a ver que vais enlear isto tudo? Chega pra lá a cana! Não queres antes pescar com uma bengalinha

de cego?! E continuou, dizendo coisas que o Coro de Sto Amaro de Oeiras teria dificuldade em cantar sem se sentir comprometido e ruborizado. _ Eu é a primeira vez que pesco, estou pouco prático. Não sinto nada e vocês estão fartos de pescar peixes grandes. A mim, parece que me besuntaram as iscas com Raid Casa&Plantas!! Acho que aqui neste lugar, a única coisa que consigo apanhar é um melanoma na pele. Vou voltar para o outro lado do barco.

Todos a pescar douradas grandes e ele nada 46

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Com a maré a baixar, a ondulação a subir, andava tudo aos tombos. Olhou, mas não viu nenhuma placa amarela a dizer “ piso escorregadio”. Foi à confiança. Arrastando os equipamentos todos, passando por cima das canas, dos fios, e dos parceiros de pesca. _ Sócios, desculpem lá pisálos! Numa manobra menos bem calculada, pregou uma cotovelada no olho de alguém a quem fez saltar a lente de contacto. Derrubou dois baldes, e perdeu alguns minutos a ajudar os donos a juntar os peixes que saltitavam no convés como se estivessem a ter lições de samba. Pedro estava com vontade matar o apresentador do Boletim Meteorológico. Os comentários eram pouco abonatórios: “Não pára quieto, de um lado para o outro! Tem hemorróidas ou quê?! Este gajo faz tanta falta aqui como o cancro da mama!!” Todos a tirar peixe, e ele nada Quando chegou junto do rasta, comentou: _Voltei! Daquele lado o barco baloiça muito. Não lhe respondeu, encolhendo apenas os ombros. As horas a passar, todos a tirar peixe, e ele nada. A ideia de se aconchegar com um cinturão de explosivos e antecipar a ida para o céu, começou a tomar forma. Ainda assim, e com grande pesar das 40 gajas boas e mamalhudas que o esperavam, resolveu lançar mais uma vez, iscando com uma tira de choco. Passados segundos, sentiu um peso na cana, e resolveu enrolar a linha. Estava pesado. Vinha devagar mas com peso. O colega do lado esquerdo, Zé de seu nome, largando milhares de perdigotos da boca, disselhe: _Pesa? Deve ser um polvo. É certo e sabido que se não cabeceia, é um polvo. Com tração às 4 rodas e as redutoras engatadas. Vou-lhe explicar: É como se ferrássemos um presunto de Barrancos. Faz peso mas dá pouca luta. Não cabeceia, … percebe? Com tempo e paciência isso sobe! Tudo sobe. As moças do ataque que o digam. Pareceu-lhe que o Zé Pedro poderia ter razão. Podia ser um polvo. Começava a gostar dele,


Pesca Desportiva

parecia ser boa pessoa. Provavelmente, com tanto perdigoto, não seria bom estar por perto sem um guarda-chuva, sobretudo se ele viesse-se a dizer a palavra “destorcedor”. Ficou a olhar para o fundo. Eram metros e metros de linha. Com o coração a dar pancadas brutais entre as costelas, os pulmões a ameaçar saltar pela boca, olhou para a água e viu aproximar-se uma mancha clara. Fosse o que fosse, era grande! E ali estava ele, tentáculos bem abertos, enorme, com um ar meio atabacado, a jorrar tinta preta do sifão. Era um polvo bom, jurássico, velho como os filmes da Pamela Anderson a correr na praia em fato de banho vermelho, com as mamas aos saltos. Conseguiu finalmente cativar a atenção do colega do lado: _ Bom polvo! Um bicho destes é como o sexo anal: aparece uma vez por ano. Valente bicho! Quando tentou ajudar o estreante a sacar o polvo do camaroeiro, Pedro Meireles, cioso da sua captura, ferrou-lhe os dentes no pulso com força. “Deixe-me ser eu a fazer. Tenho de aprender a tirar o anzol.” Animado, esqueceu por instantes o tormento do enjoo que o matava. _ Sabe amigo, parece que estou choroso, mas isto é alergia ao pólen do mar. Eu sinto-me muito bem. E continuava, animado, pensando que a vida poderia ser perfeita, se houvessem muitas douradas grandes, anzóis e fios com fartura, canas e carretos, e uma boneca insuflável de tamanho médio. Tinha a barriga às voltas. Bem que o tinham avisado que não havia maneira de se desenrascar a bordo da traineira. A casa de banho ali era deitar fora pela borda, mas quem é que iria atrever-se a fazer isso no meio do pessoal a pescar? Tentou aguentar o máximo possível. Pelo sim pelo não, mandou-lhe com 14 Ultralevures e 6 Imodiuns fortes, em carteirinhas efervescentes, para acalmar os intestinos. Durante três meses e meio viria a sentir-se algo obstipado. _Vamos lá rapazes, isto agora é para dar tudo! E lançou mais uma vez para o fundo. Pensou para si mesmo: Ora digam lá se isto não é muito me-

lhor do que estar internado! Um individuo estar à pesca numa traineira, um dia de sol bonito, não é bem melhor que andar a deambular entre camas de hospital, a ver velhotes a passar pelos corredores com pijama às riscas, com os penicos na mão, os tabuleiros das bolachas maria, as algálias cheias, enfermeiras velhas com ar aziago. Quanto mais não vale o ar puro e a brisa marítima? Sob todas as perspectivas, mais valia levar com uma cagadela de ganso patolas em cima, do que um espirro ou uma tossidela profunda de um doente tuberculoso. Sentia-se mesmo feliz. Passou ao largo um barco à vela, devagar. A bordo do veleiro, uma loira dos seus 30 anos em bikini era olhada pelos colegas pescadores como se fosse bife do lombo. Infelizmente ia com o acompanhamento ao lado, o marido. Durante minutos, não houve um toque, ninguém levantou a pesca. O pessoal, concentrado nas formas curvilíneas, comunicava da popa para a proa, em código morse. Todos pensavam no mesmo: espojarse em cima dela. Pedro Meireles foi forçado a quebrar o encanto e o silêncio: _Tenho algo agarrado! Vem qualquer coisa presa e tem de ser muito grande! É enorme! Eu sou bom é nisto! Nasci pr`á pesca! E ainda a minha mãe me queria ver como vendedor ambulante de cobertores eléctricos. O colega do lado, pendurouse da amura do barco, espreitou para baixo e resolveu dar um palpite: cá para mim, e com a cana dobrada dessa forma, é uma dourada. _ Seja o que for é muito grande. Parece que ferrei um porteiro de uma discoteca africana em zona duvidosa, ali p`rá Musgueira. Vem a largar faíscas. Isto é coisa que o bicho está encharcado em Viagra! E continuava a fazer força na manivela do carreto, os dentes a morder a língua, os braços a dar tudo, a despertar em si a sua veia de camionista. _ Trabalhe o peixe. Tem a cana toda dentro de água. Suba a ponteira da cana! Dizia-lhe Zé Pedro, temendo o pior. _Mais?! Mais alto do que isto,

só se montar uns andaimes, já estou em bicos de pés! Sentia que chegara a sua hora de saborear um pouco de honra e glória. Mas a má disposição não passara. De olhar para a água com a cabeça baixa, voltou novamente a surgirlhe um enjoo felino. Mudou de cor. A dada altura já não distinguia o Zé Pedro nem o mocinho rasta de uma laranja cortada às rodelas. Manivelava freneticamente, na ânsia de poder ver o peixe. Quando chegou à superfície, ...um lindo piço laranja e branco. Preso pela barriga, como a maior parte dos piços. _Isto por acaso, é …bom?… perguntou, pouco convicto. O Zé Pedro, compadecido das dificuldades do camarada, olhando o pequeno e miserável

peixe, daqueles que recebemos a bordo sempre com má vontade e eventualmente com uma saraivada de tiros de revólver, resolveu animá-lo: _ Então não é?! dizia-lhe, condescendente. _Não desanime. Sabe que estes peixes, para além de serem bonitos, também se comem bem, fritinhos. Por exemplo, na Sextafeira Santa. Com voltas ao estomago a ameaçar enjoo iminente Nada convencido e vendo os outros todos a pescar douradas de bom tamanho, atacou a lata do caranguejo com esperança redobrada. O eterno dilema, iscar com ou sem patinhas, foi

Atacou a lata do caranguejo com esperança redobrada 2017 Janeiro 361

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rapidamente ultrapassado pelo ressurgir de um nó na garganta, umas voltas ao estomago, a ameaçar enjoo iminente. Fixou a vista na proa do barco. Não passou. Inspirou fundo. Não passou. Emborcou sofregamente o resto dos comprimidos Vomidrine com meia garrafa de água. Lançou a pesca mas já com pouca convicção. A primeira golfada foi cair em cima do rasta. A partir daí, foi tudo o que tinha no estomago. Sentia-se tonto, sonolento. Os movimentos saiam-lhe lentos e pastosos. Teve ideia de que o colega lhe perguntou se estava bem. Na verdade, estava a pescar sem chama, sem ver o que estava a fazer. Tinha engolido uma caixa completa de sedativos em 10 minutos, e os comprimidos faziam o seu efeito. Meireles oscilava entre o parado e o adormecido. Qualquer cadáver, ainda quente, pescaria com mais nervo e com mais decisão. O companheiro do lado tocoulhe no ombro para entender se estaria consciente. _ Sente-se bem? Abriu um dos olhos. O rasta tinha-se pirado, e estava a

pescar em cima da cabine, a 2 metros de altura. Procurou concentrar-se no que estava fazendo. Deu-lhe ideia de que algo fazia vibrar a ponta da cana. Tentou ferrar, mas o melhor que conseguiu foi inclinar-se perigosamente para a borda do barco. Uma vaga, um balanço, e ali estava ele, de cabeça para baixo, caído ao mar. _ O artolas caiu ao mar!, gritava o rasta, de mãos na cabeça. As tonturas não o deixavam raciocinar devidamente. Dali até à Comporta, a nadar à cão, eram seis dias na água. Na direcção do mar aberto, indo com as correntes para não se cansar, o ponto mais próximo era Lampedusa. Sentiu um frio pela espinha acima, o coração parou, e deu por si a tentar chegar ao barco. Enquanto lutava por dominar a técnica de nadar agitando freneticamente os braços e pernas, e de se aproximar o mais que podia, engoliu meia dúzia de gorgolejos de água salgada. Não viu a bóia enviada pelo mestre. Também não viu os canudos do rasta, desesperadamente lançados

para ele se agarrar. O seu colega Zé Pedro, de estomago cheio e a fazer a digestão de um croissant com fiambre, não se atreveu a lançar-se à água. Resolveu pescá-lo. Lançou-lhe primeiramente uma Rapala de superfície, 12 cm, cor chartreuse, com dupla fateixa, mas não pegou. Tentou a seguir com um popper azul, a imitar sardinha, com anzol simples, também olimpicamente ignorado pelo esbracejante Meireles. Respirou fundo e foi acabar de comer um mil folhas com creme para acalmar o estomago. Limpou as mãos à toalha, e lembrou-se de tentar algo mais afundante, na circunstância um vinil soft-tail com cabeçote de 90 gramas, na cor rosa. Funcionava bem com as corvinas. Reduziu o diâmetro da linha e aplicou um 0.25 em fluorocarbono. Lançou para onde já só se via a ponta de um nariz e algumas bolhas. Achou-o mais receptivo à amostra. Desta vez mordeu e mordeu bem. Conseguiu rebocá-lo até ao barco, com o devido cuidado para não partir a linha, dando fio quando tinha de dar fio, trabalhando bem com a

embraiagem. Já junto ao barco, Meireles foi então embicheirado pelo sovaco. Perguntou-lhe o mestre: _Então homem, …como é que se arranjou? Teve um mareio? _ Tou ben. Tilando o inzol que teno clavado no canto de lígua, qase nã me dói nad. Esto pasa. Mudou de vestimenta, desta vez para um fato de mergulho em neopreno, colocou duas bóias à cintura, e depois de desferrado pelo mestre com um alicate, voltou a pescar. Olhava com inveja para os baldes dos outros, cheios de douradas. Compadecido, um dos colegas veio oferecer-lhe uma cavala. Agradeceu mas recusou: _ Eu quero mesmo é tirar uma dourada grande. Para andar a pescar miudezas, antes prefiro um gelado com 3 bolas. Esta má disposição é que não me deixa trabalhar, mal consigo abrir os olhos. Lançou uma pesca oferecida pelo Zé Pedro, conhecida por chumbadinha. Num dos anzóis colocou um caranguejo, no outro, um donut bem embebido em chocolate Bolicao. Foi tiro

Este sítio é tão bom e tão secreto que nem a minha mulher sabe as marcas 48

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e queda. Mal atingiu o fundo, sentiu um esticão violento que quase lhe arrancou a cana das mãos. O efeito sedativo dos Vomidrines não o deixava reagir a preceito. Saltava linha do carreto. Já se viram filmes do Bruce Lee e do Chuck Norris com menos violência. A ser uma dourada, era daquelas que merecia umas seis idas a Fátima, de joelhos. Sem força nos braços, sentiu-se fraquejar. Deu-lhe a sensação de ter adormecido a meio, mas com esforço e arreganho manivelou mais um pouco. Via uma coisa amarelada a subir. Ou era a Shakira, ou era mesmo uma dourada grande. Recorreu ao resto das suas forças, e conseguiu encostá-la ao bordo do barco. Era um grande cachucho de dourada! A primeira da sua vida. Faltava-lhe o camaroeiro. Gritou por ajuda em desespero, mas ninguém lhe valia. Todos estavam ocupados a puxar peixe para cima. Gritou pelo mestre. Estava na cabine, a olhar embevecido para uma foto de um calendário oferecido por uma garagem de batechapas. A dourada dava luta e não se rendia. Com a cana toda dobrada, tentou chegar ao camaroeiro. Com a mão esquerda segurava na cana e com a direita tentou esticar-se até ao limite. Estava a um palmo da rede. Nisto, afrouxou um pouco a linha, o peixe desferrou-se e fugiu. Desesperado, Meireles mudou de cor para branco pálido com riscas verdes. Se era possível um peixe daqueles fugir, se as coisas se podiam passar

Isco caranguejo com patinhas ou sem patinhas daquela maneira desoladora e sem piedade, isso era uma perfeita injustiça. Ficou repentinamente com suores frios e com a boca seca. Sentiu palpitações. A língua colou-se-lhe ao céuda-boca e não conseguiu articular bem as palavras “ora bolas”. Saiu-lhe outra coisa. Começou a perder os sentidos. Ao longo da traineira, o pessoal da pesca, alinhadinhos na amura do barco, em fila como nos concursos da Miss Universo, olhavam para ele de olhos esbugalhados e viram-no desfalecer, lentamente. Previa-se o início de um ataque cardíaco. Foi feita uma breve reunião do gabinete de crise. Considerando o estado crítico dele, ao drama da situa-

ção e atendendo à quantidade enorme de douradas que já tinham nos baldes, foi decidido que continuavam a pescar. No entanto, adivinhando o pior, o mestre resolveu dar por terminada a pesca, voltando ao porto de imediato. _Já vamos embora?!-protestava um dos ocupantes. Às 5 da tarde!? Eu paguei 40 euros! Então tinham-me dito que no fim até íamos ter fogo-de-artifício e danças de varão à proa!... Pelo VHF o mestre pediu uma ambulância do INEM à chegada. Pedro Meireles não dava sinal de si. Estava atordoado, num estado de saúde a precisar de uma injecção intravenosa de um líquido qualquer.

Em completo estado de desidratação, com os rins a trabalhar em seco, conseguiu ouvir, ao longe, alguém dizer: _ É natural que fique assim. Parecia ser uma dourada grande, e para quem nunca pescou nada, é um abalo muito grande. O moço até podia vir a ganhar o prémio Dourada do Ano-Tony Carreira com aquele peixe. E logo este ano, que o prémio é uma garrafa de anis escarchado. Vamos lá ver se ele se safa. À chegada, a ambulância esperava-o com as rotativas azuis ligadas. Atado que foi à maca, o carro arrancou desalvorido direito às urgências do Hospital Curry Cabral.

Pesca no Hospital Curry Cabral - Episódio 2

A

primeira coisa de que se lembrou quando voltou a si, foi: _Então e o meu balde do peixe? A enfermeira de serviço procurou descansá-lo, dizendo-lhe que tinham guardado o polvo nas câmaras frigoríficas da morgue, congelado, junto com um acidentado num desastre de mota. _ Descanse um pouco, dizia ela. Você passou por um momento muito mau. _Há quanto tempo é que estou aqui? Não me lembro de

quase nada. _Vai para um mês. Sai hoje. Têm vindo cá duas pessoas todos os dias. Um mocinho com cabelo rasta, e um senhor que diz que é o Zé Pedro. Ele trouxe-lhe umas queijadinhas de requeijão. Como tem estado em coma profundo, e eu achava que você não se ia safar, tenhoas ido comendo eu. Pediu-me para lhe perguntar onde é que está o vinil soft-tail com cabeçote de chumbo de 90 gramas, na cor rosa, da Daiwa. O que funciona bem com as corvinas. _Então e o rasta? Ele veio

ver-me todos os dias? O mocinho é boa pessoa. Daí a pouco, entrou mesmo o rasta, o seu companheiro de aventura. Logo a seguir a mulher, feia como uma noite escura de trovoada, carregada de tatuagens, também com cabelo rasta, empurrando um carrinho de bebé. Pedro Meireles achou que era demasiado tarde para a humanidade: já se tinham reproduzido. _E então, como é que está? _Sinto-me bem, obrigado. Já sei que tem vindo cá todos os dias. Eu devo sair hoje. Estou

fino! _ Pois, era a ver se me podia pagar uma camisola nova, porque o amarelo do seu vomitado está entranhado, não sai. _Ah, obrigado…pois, não será por isso. Então e o resto da pescaria? Correu bem? _ Mal, …correu mal. Viemos logo embora, quando entrou em coma. O mestre arrancou com a âncora pendurada, porque ninguém quis ajudar a subir o ferro. _Sim, …pois. Nisto, entrou o Zé Pedro, sorridente. _Então como é que estamos hoje? Está 2017 Janeiro 361

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com melhor cara. E o seu colega de quarto, também me parece estar mais bem encarado. Pedro Meireles reparou então que não estava só no seu quarto. Perguntou educadamente o que tinha o seu colega de infortúnio. _ Eu estou aqui há três meses. Tenho uma hepatite. Ou seja, esqueci-me completamente como é que se empatam os anzóis. Tenho estado estado muito mal, porque a seguir a juntar as duas pontas do fio de nylon, não me lembro de mais nada. Varreu-se-me a maneira de fazer a argola. Dizia-lhe o Zé Pedro: Trouxe-lhe uma revista de pesca, com um artigo interessante, “ a pesca à dourada com caroço de pêssego de roer”. Colam-se umas patinhas de silicone, e fica a parecer um caranguejo. Tem também um artigo técnico de três páginas sobre a pesca ao robalo com explosivos. Ensinam em detalhe a fazer as bombas. Há aqui muito que ler e você precisa de distrair o tempo. Eu perguntei por si lá em baixo na recepção e disseram-me que estava na ala dos doentes terminais. Mas tirando as olheiras negras e fundas, o amarelado da pele e a queda do cabelo, …estou a achá-lo

um pouco melhorzinho. Médica espanhola a psicóloga de serviço Chegou então a enfermeira: _Sabe que vai sair daqui, dos cuidados intensivos? E nisto começou a juntar os pertences de Pedro Meireles. Disse-lhe então: _ Quem esteve aí foi uma morena, a perguntar por si. _Uma morena? Como assim? Diga-me tudo o que sabe sobre isso! Não guarde segredos e diga-me a verdade! _Sim, esteve cá uma senhora alta, bonita. Diz que volta. _ Bom, eu fico aqui. Eu não quero ter alta. Disse-me que a senhora voltava, é isso? Estou com umas tonturas que nem posso. E tenho a língua branca. Eu é que sei. Não me podiam mandar vir os quadros lá de casa? Eu sei que vou ficar aqui muito tempo. Daí a segundos, ouviu um som de saltos altos a bater no chão, compassadamente. Alguém se aproximava. O coração começou a acelerar. Pedro Meireles salivava por todos os lados. Já se viu muito menos água em concursos de Miss T-Shirt molhada. Podia perfeitamente ser Verónica, a eleita, a deusa dos seus sonhos. Mas

não, era ainda melhor, tratavase de uma médica espanhola, Dra Paloma, a psicóloga de serviço. _Então já está acordado? Finalmente! Como se sente? _ Mal! Muito mal! Tão depressa não saio daqui. Tenho catarro, formigueiro na língua e porque tomei uma dose cavalar de Ultra-levur, estou entupido até ao pescoço. Não sinto as pernas. Ela olhou-o fixamente nos olhos. Fez um pouco de vento com as pestanas carregadas de rimmel para a cara do estasiado Pedro, e lamentou: _Que pena! Eu estou de serviço aos doentes que estão melhorzinhos, em convalescença, na outra ala. Disseram-me que é um pescador tremendo. E o que eu gosto de pesca. Sou perdida por pesca!... Exibia um decote assanhado, peitos empinados a saltar para fora, que obrigaram de imediato Pedro a um looping invertido: _ Bom, na verdade eu já estive pior…agora até estou quase bom, sinto-me bem melhor. Nunca estive tão bem! Veja o cardio-frequencímetro, quase não mexe, estou com 240 pulsações. Não é nada! Insistia tentando

Todas as caixas a encherem com douradas 50

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fazer boa figura Pedro gaguejava e sentia que estava a haver um grande terramoto, embora apenas em cinco metros em seu redor. Quando se pergunta a um condenado qual o seu último desejo, 98 em 100 querem aquilo que estava a ver à sua frente. Começou por criar condições: _ Deixe-me agradecer às pessoas que me vieram visitar, porque eles estão cansados, e precisam de se ir embora. É isso, vão-se embora já, não é? Obrigado aos dois. E agora diga-me, doutora: para onde é que nós os dois vamos a seguir? Mas o rasta não saía dali: _ Temos de falar! Anunciou ele com um timbre encharcado em mau agoiro. _E o dinheiro da camisola? Adivinhava-se um segundo holocausto. Possesso, Pedro estendeu-lhe uma nota, e fezlhe um sorriso metálico e desinteressado só ao nível de uma assistente de bordo da TAP, quando oferece chá e café. Despediu-o num ápice: O meu colega de pesca agora tem de sair, porque está muito cansado e vai devolver ao dono uma pastilha elástica que pediu emprestada antes do Verão. Muito gosto! Adeus! A espanhola enchia o peito de ar, enquanto esfregava as pernas bronzeadas nos olhos de todos os presentes. Zé Pedro insistia, tentando fazer boa figura para os lados dela: _ Eu uma vez ganhei um primeiro prémio num concurso de pesca à fataça. Um faqueiro de 6 peças em prata. Pesquei com atarrafa. Dizia isto enquanto aplicava mais uma borrifadela do seu descongestionante nasal. _ A minha casa é um pouco húmida, eu moro sozinho… Pedro ripostou: _ Sim, mas agora é melhor ir embora. Esta unidade é para quem esteve em coma. Nós mal nos conhecemos, mas ainda assim obrigado por ter vindo. A sós com a médica, num quarto de recobro, a tirar-lhe as medidas de cima baixo, Pedro Meireles sentiu-se finalmente feliz da vida. Como se tivesse feito uma agradável viagem, algo como sair de um estabelecimento prisional para prisão


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domiciliária. _Sabe, vamos lá esquecer aquilo da padeira de Aljubarrota. Estamos calmos e pacíficos. Aquilo foi um mal-entendido. Se houve algum atrito, é esquecer, isso são coisas que já vêm do século XV. Éramos nós e vocês, espanhóis, a assapar, a ver que é que chegava primeiro à India. Chegámos nós. É natural que tenhamos ganho. O Vasco da Gama não tinha barcas com ailerons Matias, os tais que cortam o vento às fatias, mas você sabe como são os homens portugueses, …somos fogosos e potentes!... Perguntava a doutora: _ Lembra-se do que lhe aconteceu? _ Bom , …estávamos no barco à pesca, já não me recordo se estávamos a falar de economia europeia, de uma nova teoria sobre isótopos radioactivos, ou de gajas. É provável que fosse de gajas. Nisto ferrei uma dourada, …e quando já estava cá em cima, não tinha o camaroeiro à mão, …fugiu. Por amor de Deus, isto é doloroso, doutora! Tire-me o cinto e a gravata, não vá eu auto-enforcar-me! Um peixe daqueles! _ Calma, calma! Você precisa de relaxar. O que é que faz na vida? E ele olhava para ela, para o decote cavado a mostrar um pouco do soutien preto, para a bata meio transparente a insinuar uma reduzida lingerie. Achava-a muito mais interessante que um campo de golfe de dois buracos. Ela estava pelo beicinho _Sabe, eu sou “gigalo”. Mas a si não lhe cobro! Ou melhor, deixe-me explicar… não era isso que eu queria dizer. Estava a olhar para ela e a pensar que bom mesmo seria raptá-la, levá-la para casa e …pimba. _O que eu queria dizer é que eu sou uma pessoa calma, respeitadora, e que faz a lida da casa toda. Eu engomo, eu cozinho, eu aspiro, a minha amiga só tem de dizer o que não quer fazer. Na minha óptica, acho que sou um individuo impecável, consciente dos malefícios do tabaco, e até lhe digo mais...eu sei que me vai achar um génio

por isto, mas tenho de lho dizer: Em termos de pesca, acredito que sou o último elo entre o homem macho português, pescador a sério, duro, que aguenta mar, e esses beatniks novos que apregoam novas técnicas e estrangeirismos, mas que não tocam na borracha e vomitam por tudo e por nada. Aliás, viuse bem na traineira quem é que estava a tirar peixe! Se não fosse eu morriam todos à fome. _ Estou a pensar se não será melhor colocar-lhe um cateter e pô-lo a soro novamente. Você tem comido? _ No barco não deu tempo. Estive o tempo todo em luta com os peixes, e já se sabe que

algo tem de ficar para trás. Ferrei um polvo enorme que era o semental da zona, e só isso já é obra. O que me safou foi a força brutal de braços que eu tenho. Logo a seguir pesquei um piço. E depois vim aqui parar. Devo ter tido um esgotamento, com tanto peixe ferrado. Os peixes estavam desvairados, alguém deve ter estado a espalhar vodka e tequila na água. Mas está a convidar-me para ir jantar a algum lado? Se eu tivesse aqui a minha caixa das iscas…aquilo sim, é um restaurante de sushi. Penso mesmo que ganharia facilmente umas quantas estrelas Michelin! Mas podemos ir a qualquer lado, escolha a douto-

ra. Se formos para minha casa, podemos fazer uma linguiça assada no álcool…ou depois logo comemos, depois…não sei. “Se temos de viver de sonhos, que sejam os nossos sonhos”. Fernando Pessoa disse-o. A situação não podia correr melhor. Ela estava pelo beicinho. E ainda por cima gostava de pesca. Imaginava-se a entrar em casa carregando com a espanhola Paloma, e subir as escadas a arfar-lhe para os peitos. Tentava imaginar aquelas unhas de gel cuidadas a descascar um caranguejo. Ela era o par ideal! E dissertava: _Sabe, isto da pesca não deixa de ser uma escravatura. Só pensamos nos

Os outros tinham douradas e ele finalmente conseguiu um polvo 2017 Janeiro 361

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Olhava com inveja para as douradas dos outros peixes, nas iscas, nas canas, no mar. Não vemos mais nada diante dos olhos. Por exemplo, eu estou a olhar fixamente para o seu decote, e para o seu par de mamas impressionante, e no entanto não o estou a ver, percebe? Aos meus olhos, … são ondas. Para mim, o mar é para largar amarras, soltar velas e não olhar para trás. É seguir em frente fazendo uma esteira de espuma até o mar acabar. Eu já sou marinheiro há muitos anos e tenho este espirito de liberdade. Não sei se sabe mas eu fui o responsável pela introdução da pastilha elástica em Portugal: tudo começou com uma teca de percebes da Arrifana, mal cozidos… A Doutora chamou-o à realidade: _ Então e se agora baixasse as velas um pouco e atracasse o barco, para descansar? Ora deixe-me ver como está a sua tensão. Num estado de concentração máximo E posto isto, abriu-lhe o botão do peito. O frio do estetoscópio trouxe-o de novo à realidade. _ Mas doutora, acha que há algo que está menos bem? _ Tirando ter 1.80 mt de altura e 42 kilos de peso, menos 52

36 quilos do que seria normal, e ter um físico seco e fininho que parece um crucifixo, está tudo bem. Nada que uns quilos de pão da Lagoínha e meia dúzia de queijos de Azeitão não resolvam. _E podemos ir pescar os dois, …e …vai-me fazendo umas sandes? O que diz? Em contrapartida eu ensino-a a iscar com sardinha, que é uma coisa que faz sempre falta na vida de uma pessoa. Nem sei como há gente que passa a vida inteira sem saber iscar com sardinha. Morrem nas trevas e na ignorância. Eu quando tenho ganas de pescar um peixe grande, isco com 132 beliscos de bochecha de sardinha. É um trabalho de filigrana, de precisão. Leva tempo, mas resulta muito bem. Já tenho tido picadas de me provocarem paragens cardíacas. Por isso tenho sempre na mochila um desfibrilhador. _E sabe usar? _Eu sou muito técnico. Vai ficar surpreendida comigo. Como tenho uma experiência de pesca muito grande, posso ensiná-la a desferrar polvos, por exemplo. Ensino-a a agarrar no tentáculo. Posso explicar-lhe porque não devemos pescar com canas de carbono em dias de tempestade. Se cai um raio

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em cima de nós, podemos levar 25 anos até conseguirmos parar de piscar os olhos. Posso falar-lhe também de um outro projecto meu, um programa de estudo muito ambicioso, sobre a distribuição da faneca ao longo da costa portuguesa, segundo camadas de água horizontais e verticais. Muito técnico. Só eu é que sei fazer. Eu queria monitorizar a distribuição do peixe até aos 400 metros de profundidade. Infelizmente o governo por-

tuguês entendeu que as verbas para este estudo seriam muito mais úteis e mais bem empregues se gastas em subsídios a confettis coloridos para festas de anos. Bom, mas saímos já ou só daqui a bocadinho? Para minha casa ou para sua? _ Agradeço, mas estou a acabar o serviço por hoje. A minha companheira deve estar a chegar. Desejo-lhe as suas melhoras! Pedro Meireles empalideceu. _Companheira? _Sim, Verónica….a minha namorada. Ficou a pensar naquilo que tinha ouvido, num estado de concentração máximo. Daqueles de lhe arrancarem os dentes da boca todos, substituírem por duas placas dentárias postiças, sem ele dar por nada. Petrificado, tentava perceber o que se estava a passar. A ser verdade, se ela era mesmo comprometida, já era mau. Se era comprometida com outra mulher, era horrível. Mulheres com mulheres é quase tão mau como homens aos beijos na boca com outros homens. No limite, se a companheira da Dra Paloma era…Verónica, a sua mais que tudo, …se a natureza podia ser assim tão cruel, isso era um sinal evidente da não existência de Deus. No mínimo, alguém deveria ser constituído arguido, e cremado de imediato. Ouviu passos no corredor. A porta abriu-se. Era Verónica.

Ainda preparou douradas no forno para a espanhola


Notícias do Mar

Boot Düsseldorf 2017

Sea of Portugal

Forte presença portuguesa na boot 2017 O Sea of Portugal, participação conjunta de entidades portuguesas, vai marcar presença pela 2ª vez consecutiva na boot, a maior feira de náutica e desportos náuticos, a decorrer de 21 a 29 de janeiro, em Dusseldorf, Alemanha.

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om o objectivo de divulgar as condições únicas que Portugal tem para oferecer, bem como a inovação que sai dos nossos estaleiros, o Sea of Portugal reforça este ano a sua presença com um aumento considerável de empresas/entidades inscritas na maior feira do sector. Ao todo são 19 empresas que par-

ticipam nesta iniciativa desenvolvida pela Media 4U, empresa de organização de eventos, com o apoio do Jornal Notícias do Mar e da Messe Düsseldorf, com o objectivo de internacionalizar a náutica e o turismo náutico português. De salientar ainda, com o apoio da Câmara Municipal de Vila do Bispo, a presença de Joana Schenker, tricampeã da Europa

em Bodyboard, «que vai acrescentar valor às demonstrações feitas na “The Wave”, a maior onda interior artificial, novidade este ano na boot, contribuindo para uma maior visibilidade de Portugal», adianta João Marques do Reis, director de projectos da Media 4U. Conheça as empresas

que vão estar presentes Câmara Municipal de Espinho: Com 8 kms de praias e uma das melhores ondas do Norte para a prática de desportos aquáticos e de deslize como o Surf, Bodyboard e Longboard, Espinho é palco de diversos campeonatos da World Surfing League. A Praia da Baía é uma das preferidas dos amantes da

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Notícias do Mar

modalidade, considerada por muitos como uma das melhores Praias da Europa para a prática do Surf. Esta praia tem uma direita forte e potente, com grandes drop’s feitos juntos ao paredão. PALMAYACHTS: Sediada em Lisboa opera no sector do Charter náutico, turismo e organização de eventos náuticos, como acções de team building, corporativos, entre outros. Com frota própria e embarcações geridas, a Palmayachts fornece serviços de yacht charter à vela, motor e iates de luxo, com ou sem skipper e tripulação, passeios de barcos no rio Tejo e experiências náuticas em todo o país. Câmara Municipal Vila do Bispo: Ao longo das duas li-

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nhas de costa de Vila do Bispo (oeste e sul), os turistas podem encontrar penhascos irregulares e dezenas de praias que se adaptam a todos os gostos. Destaque para o potencial das ondas para desportos aquáticos como surf, windsurf e bodyboard. Em Sagres, no Porto de Baleeira, diversos operadores turísticos oferecem passeios de barco ao longo de incríveis cenários costeiros, observação de aves marinhas e cetáceos como golfinhos e baleias e mergulho na natureza submersa ou naufrágios antigos. MARILIMITADO: É uma iniciativa gerida por biólogos marinhos, empenhada em promover uma comunidade ativa na conservação dos oceanos. Oferecem passeios de barco e

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atividades de mergulho com interpretação ambiental, e desenvolvem projetos de investigação em biologia marinha. Com esta equipa pode embarcar à descoberta dos golfinhos e aves marinhas, percursos costeiros, ou simplesmente aprender a mergulhar. CAPE CRUISER – Passeios Turísticos: Oferece um vasto leque de atividades na vertente turística, educacional e científica. Em pleno Parque Natural, a costa de sagres é um local privilegiado para observar golfinhos, baleias, grandes peixes pelágicos e aves marinhas. Proporcionamos passeios inesquecíveis guiados por uma equipa experiente e dinâmica de biólogos marinhos e guias da natureza.

SeaXplorer Sagres: Observação de Cetáceos, Observação de Aves marítima, Passeios de Costa Sul, Cabo São Vicente, Pesca, Skippered Boatcharter como viagens privadas, Escolas de mergulho etc. Todos os viagens são acompanhadas por um biólogo marinho. Os barcos: 2 OBE com 12/ 8 lugares e um novo catamarã. DIVERS CAPE: Escola de mergulho: “Open Water Diver” iniciantes; “Advanced Open Water Diver” para o mergulhador mais experiente até ao primeiro nível profissional de “Divemaster”. Mergulhar em torno das belas ilhas “Ilhas do Martinhal” e ver as famosas cavernas da “Grutas da Atalaia”, com estalagmites e diferentes tipos de corais, para além dos famosos naufrágios da 1ª e 2ªguerra mundial, que se encontram em quase toda a zona sul de Sagres. International Surf School: Escola de surf certificada e uma das primeiras escolas a operar na região de Sagres, uma zona privilegiada para a prática desta modalidade por possuir duas linhas de costa: Oeste e Sul com diferentes condições e particularidades. Membros fundadores da Associação de Escolas de Surf da Costa Vicentina (AESCV). A oferta passa por aulas e cursos de surf, alojamento em surf camp, aluguer de equipamento de surf e pacotes de serviços. Wind4All: Empresa de Water Sports Centre, localizada na praia do Martinhal, em Sagres, na costa Sul protegida do mar agitado da “costa Norte” - Oceano Atlântico. 200 dias de sol, mar calmo, vento fraco


Notícias do Mar

de manhã e mais forte à tarde (mais de 80% dos dias com vento garantido) que permite o desenvolvimento do Windsurf: Aprendizagem, freeride, slalom, speed e Freestyle e as excelentes condições para desenvolver das actividades de Stand Up Paddle e de Kayak. PURAVIDA DIVEHOUSE: Associa um espaço de alojamento relaxante e tranquilo com um ambiente familiar e acolhedor, mas também para aqueles desejam férias cheias de emoções. Empresa de animação turística especializada em mergulho recreativo- Escola e Centro de Mergulho PADI e SSI - certificados pelo Instituto do Desporto e Turismo de Portugal. Oferece saídas e cursos de vários níveis de barco, praia ou Kayak (ecodiving). Portugal Soul by Xtremewonder: Tem actividade de Agência de Viagens. MARINA DE LAGOS: Tem 462 amarrações para embarcações até 30 metros de comprimento, e oferece amarração segura e confortável num espaço privilegiado, no centro da cidade de Lagos, com acesso às instalações do Marina Club Lagos Resort. Tem abastecimento de combustíveis, pump-out, serviço de apoio à atracação, água, electricidade, acesso wifi à Internet, segurança 24/7, balneários, casa de banho familiar, entre outros serviços. ASSOCIAÇÃO DE TURISMO DE PORTIMÃO: Tem por objecto o desenvolvimento turístico sustentado do Município de Portimão que reforçou, nas últimas décadas, a sua posição de capital sub-regional graças à expansão, entre outros factores, da indústria turística e, neste

domínio, urge manter e reforçar este estatuto, impulsionando projectos que valorizem e diversifiquem Portimão enquanto destino turístico por excelência ao longo de todo o ano. MARINA DE PORTIMÃO: Com 620 postos de amarração disponíveis para alugueres de curta e longa estadia, a Marina de Portimão comporta embarcações até 50m. O Núcleo de Estaleiros da Marina de Portimão ocupa um total de 30.000m2. Dispõe de um pórtico rolante “travel lift”, com capacidade para içar embarcações até 50 tns, e 6m de largura, bem como do uso de travelift para 300 tons e 9 mts de largura. Inclui ainda outros serviços. SUBNAUTA/ OCEAN REVIVAL: Um grupo de mergu-

lhadores com experiência em mergulho recreativo e técnico, náutica de recreio e gestão que apostam no mergulho de qualidade, com segurança, protegendo o património, fauna e flora do país, potenciando o turismo da região. Escolheram o Algarve, em especial o Barlavento, para realizar a actividade pelas excelentes condições de mergulho, qualidade das infraestruturas e dinamismo do concelho na promoção do turismo da região. Abraçar as Ondas: Possui uma vasta frota de embarcações, num total de 6 embarcações, que podem ser alugadas em regime de “Charter” (sem tripulação) ou “Rent” (com tripulação). Para quem já possui uma embarcação, proporciona

ao proprietário a possibilidade de gestão, limpeza e manutenção da embarcação. Localizada na Marina de Portimão, o cliente pode passar um dia agradável a bordo das embarcações, mas também em todo o complexo. Sun Concept – Solar Boat Builders: Empresa de construção naval electro-solar resultante da sinergia entre a inovação, design industrial e sustentabilidade. Apresenta o SunSailer 7.0, uma linha de embarcações electro-solares de 7m, planeada para ser custo-eficiente, adaptável a vários tipos de uso, desde o lazer à utilização profissional para atividades turísticas, serviços de transportes e de apoio às comunidades locais, à pesca e aquacultura.

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Pesca Desportiva

Pesca Embarcada

O Mero

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Texto e Fotografia: Paulo Reis/Mundo da Pesca


Pesca Desportiva

O mero é uma espécie residente das nossas águas, como tal é possível a sua captura durante todo o ano, com pesos que podem ultrapassar os 40kg pode ser encontrado nas mais diversas profundidades até cerca dos 100 metros. No entanto, e provavelmente devido ao excesso de capturas, exemplares acima dos 30kg já começam a ser bastante raros.

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sta é também uma espécie com uma vertente comercial e lúdica muito importante nos arquipélagos dos Açores e Madeira, nomeadamente no setor do mergulho recreativo, em que estes peixes tornam um simples dia de mergulho numa experiência inesquecível para quem com eles partilha o oceano, sendo assim e sem falsas presunções - até porque eu já apanhei alguns à zagaia - deixo ao critério do leitor a responsabilidade da

importância de libertar estes peixes após a sua captura, ou de não pescar em zonas que sejam reconhecidamente locais de mergulhos dos operadores locais. A sua preservação é de vital importância, e se alguma vez fizer mergulho com estes animais irá verificar o quão dóceis e amigáveis são. A sua pesca à zagaia Quanto à sua pesca propriamente dita, é de enorme dificuldade visto que esta é uma espécie que normal-

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Pesca Desportiva

O mero nĂŁo ĂŠ esquisito com as zagaias mas os modelos curtos, trabalhados mais rente ao fundo costumam surtir mais efeito. 58

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mente habita sempre no mesmo local e que tem uma toca ou gruta própria e que, após a sua ferragem tem logo a tendência de se refugiar nela, sendo que possui uma força tremenda; parar a sua corrida inicial é quase impossível e se não o conseguirmos o peixe irá entocar. Aqui duas coisas podem acontecer: ou o leader parte por roçar na pedra ou o peixe abre a sua guelra e espinhas no buraco tornando virtualmente impossível conseguir puxá-lo para fora do buraco. Por isso o material robusto para esta pesca é vital: leader de 0,90mm até 1,40mm e multifilamento num mínimo de 60lbs podem fazer a diferença, assim como um carreto com uma embraiagem de qualidade e potência superior, pois é vital tentar - e enfatizo o tentar - travar a primeira corrida do peixe e evitar a sua entrada em qualquer reentrância na rocha.

Fotografia: Eleutério

Pesca Desportiva

Em mergulho é uma experiência inesquecível para quem com eles partilha o oceano

Nada esquisitos... Relativamente às zagaias esta não é uma espécie muito esquisita, qualquer tipo de zagaia com qualquer tamanho e gramagem ou cor normalmente servem mas a velha teoria que a recompensa deve ser maior que o esforço resulta muito bem. Assim sendo, zagaias de tamanhos maiores (200 a 400g) normalmente produzem resultados melhores, assim como cores com tons vermelhos ou lilás. Aquando de uma procura específica a este peixe, as zagaias mais curtas e largas desenhadas para trabalharem mais perto do fundo melhoram o resultado final da pesca, pois estas apresentam um trabalhar mais amplo perto do mesmo, produzindo também um atrito extra na água que pode levar a que o pescador se canse mais 2017 Janeiro 361

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Pesca Desportiva

Mero com cerca de 25 Kg

rapidamente. E depois de ferrado? Após a sua ferragem e se conseguirmos evitar que o

peixe entoque, a luta não costuma ser muito longa, embora as “pancadas” produzidas pelo constante sacudir da cabeça do mero sejam de alguma violência

e, se o pescador não tiver algum cuidado ou a cana for demasiado frágil, pode levar a rutura desta. Para esta pesca aconselho canas de 50lbs ou mais, até porque

Um mero que não hesitou em aspirar de uma assentada um polvo de quase 3kg! 60

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como foi dito há que tentar travar a corrida inicial. Após esta luta inicial o mero não dificulta muito mais a sua captura; aqui chamo apenas a atenção a todos aqueles que pretendem libertar o peixe após algumas fotos da praxe que devem recuperar lentamente o peixe para que este não vire a sua bexiga-natatória, levando depois a que a sua libertação seja extremamente complicada. Alguns pescadores usam um anzol sem barbela ligado a um peso e um fio que prendem ao maxilar inferior do peixe levando-o depois para a profundidade onde foi capturado. Um método que tem excelentes resultados. Uma vez mais resta-me desejar-vos a todos excelentes dias de pesca, e deixo á vossa consideração o “libertem hoje para apanharem amanhã”.


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Vela

Texto e Fotografia Clube Naval de Cascais

2ª Cascais Dragão Winter Series

Luta Intensa até à Última Regata O Clube Naval de Cascais foi mais uma vez a sede da classe Dragão europeia, ao organizar, com o apoio do Turismo de Portugal, nos passados dias 9 a 11 de Dezembro, a 2ª Cascais Dragon Winter Series,

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O Drago de José Matoso foi 3º classificado 64

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sta prova que veio animar a baía de Cascais, serviu para aquecer o inverno dos velejadores da Classe Dragão e ofereceu um programa de regatas completo com condições de vento e temperaturas fantásticas. A Dragon Winter Series, é um evento da Classe Dragão composto por uma série de 6 etapas, que serve para manter em intensa actividade os barcos e os velejadores europeus da Classe Dragão que em Junho de 2017 disputam o seu Campeonato Mundial em Cascais. A 2ª Etapa, tal como a 1ª foi realizada em Cascais e reuniu 25 tripulações de 10 países que durante os três dias de prova disputaram as sete regatas previstas. A luta pelos primeiros lugares foi intensa, demonstrando a grande competitivida-


Vela

de do evento e das tripulações presentes. A prova iniciou-se no dia 9, sexta-feira, com a disputa das duas primeiras regatas. O vento estava moderado de sueste e o sol radiante. José Matoso com o seu “Drago” foi o vencedor da primeira regata da prova, enquanto a segunda regata do dia foi para o “Zenith” de Igor Goikhberg, que tem demonstrado uma forte evolução na classe, terminando o dia na liderança do evento. No Sábado a frota foi para o mar pelas 11:00 horas e com vento de leste começou a disputa do segundo dia de regatas. Este foi o dia da equipa britânica do “Sanka”, de Dave Ross se evidenciar, ao vencer a primeira e a terceira regatas do dia. A segunda regata de Sábado foi para a equipa Hungara do “Johanna” Ferenc KisSlzolgyemi. No final do dia, e com 5 regatas disputadas, o “Drago” de José Matoso era o Dragão que liderava, seguido pelo “Pow-

Wow” de Michael Zankel e pelo “Eva” de Lars Hendriksen O último dia da prova, voltou a amanhecer com muito sol e vento de leste. A frota largou às 10:00 horas para a primeira regata do dia, com o vento ligeiramente mais fraco que nos dias anteriores. Numa regata muito disputada e com os lugares da frente a discutirem posições até ao final, o “Zenith” voltou às victórias, seguido pelo “Fever” de Klaus Diedrichts. Na derradeira regata da prova, e com os lugares do pódio ainda em disputa, foi a vez do “Eva” de Lars Henriksen vencer, conquistando

dessa forma o segundo lugar do pódio. Feitas as contas no final, a 2ª Dragon Winter Series teve como vencedor o “Pow-Wow” de Michael Zankel, Pedro Andrade e Charles Nankin, seguido pelo “Eva” de Lars Henriksen, Claus Olesen, George Leonchuk que ficou em segundo e pelo “Drago” de José Matoso, Gustavo Lima e Stefan Hellriegel que ocuparam o terceiro lugar do pódio. Na divisão Corinthian, destinado a tripulações 100% amadoras, no primeiro lugar ficou o “Rosie” de Benjamin e Karl Mor-

gen e Berhard Jacobsohn. A próxima Dragon Winter Series é já nos próximos dias 13 a 15 de Janeiro, e vão continuar até Abril de 2017, para a disputa do XXII Troféu S.M. Rey Juan Carlos. Este ano a temporada de Dragões será mais longa que o habitual, pois com o Mundial da Classe a disputar-se em Junho, serão muitos os Dragões e as suas tripulações que virão para Cascais, aproveitar as excelentes condições que o do Clube naval de Cascais oferece para a sua preparação, para a prova mais importante da classe.

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Surf

EDP Mar Sem Fim - WSL Big Wave

Fotografia WSL

João Macedo terminou no 3º Lugar

Vence o Australiano Jamie Mitchell e Portugueses Fazem História No passado dia 20 de Dezembro a Praia do Norte na Nazaré recebeu os melhores 24 big riders do planeta, para disputarem o Nazaré Challenge, etapa do WSL Big Wave Tour que foi ganho por Jamie Mitchell e teve uma participação valorosa de cinco dos melhores sufistas portugueses.

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Final da Nazaré Challenge, etapa do WSL Big Wave Tour 66

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Nazaré Challenge teve os portugueses, João de Macedo e António Silva, apurados para a final, graças a um desempenho excepcional dos surfistas nacionais, na primeira etapa do mundial de ondas grandes, realizada em Portugal e desafiaram todos os limites ao surfar algumas das maiores ondas de sempre, em remada na Nazaré A etapa portuguesa do circuito mundial de ondas grandes da World Surf League, teve luz verde para avançar, depois de estar em período de espera desde o dia 15 de Outubro. Ao todo são seis spots escolhidos, onde se disputa o espírito das Ondas Grandes, sendo que a Praia do Norte viu assim reconhecida a sua importância no cenário de ondas grandes a nível mundial. Os outros spots


Surf

O australiano Jamie Mitchell foi o vencedor são: Quiksilver Punta de Lobos Challenge: Punta de Lobos, Chile Billabong Pico Alto Challenge: Pico Alto, Peru Puerto Escondido Challenge: Puerto Escondido, Mexico Pe’ahi Challenge: Haiku, Hawaii Todos Santos Challenge: Todos Santos, Mexico As famosas ondas gigantes da Praia do Norte acabaram por marcar presença e proporcionaram um espantoso espectáculo no maior evento da especialidade alguma vez realizado no país. A Praia do Norte tem desempenhado um papel central no projecto EDP Mar Sem Fim, com grande parte dos prémios e bolsas atribuídas aos surfistas portugueses focados neste local. Na Final o australiano de 39 anos de idade, somou 23,94 pontos e deixou o brasileiro Carlos Burle em segundo lugar, com 13,00 pontos. João de Macedo venceu a

primeira bateria e chegou até á final graças a uma onda de ultima hora que lhe valeu um dos maiores wipeouts do dia, mas também a nota necessária para estar entre os seis finalistas. Deixou pelo caminho, entre outros, Greg Long, campeão mundial em 2012 e 2015 (na primeira ronda), e Grant Baker, líder do ranking e campeão de 2013 (nas meias-finais). Na final foi forçado a sair da água, para trocar de prancha perdendo seis minutos, mas lutou forte e quando faltavam 10 minutos para terminar apanhou uma onda que lhe valeu o 3º lugar final com 10,84 pontos e uma entrada directa para a 9.º (8,680 pontos) posição no ranking mundial. Antonio Silva apostou desde cedo nas direitas da praia do Norte na primeira ronda e garantiu a passagem às meiasfinais. Conseguir passar à final foi um grande feito, e lado a lado com os restantes finalistas na cerimónia de entrega de prémios revelou um grande res-

Antonio Silva foi um dos finalistas

O brasileiro Carlo Burle ficou em 2º lugar peito e admiração por todos e o desejo de correr o circuito mundial a tempo inteiro. Para António Silva, vencedor por dois anos consecutivos da Bolsa EDP Mar Sem Fim para o seu projecto na Nazaré (2014/15 e 2015/16) este é o culminar positivo de uma longa relação com esta onda, com a entrada directa para o 14.º lugar (5,024) do ranking mundial. Hugo Vau foi um dos destaques da primeira ronda, com duas ondas (7,93 e 8,50) em menos de dois minutos. Um dos principais promotores do canhão da Nazaré, estava duplamente orgulhoso por isso, a realização do Nazaré Challenge foi para ele o “culminar de um ciclo e o reconhecimento a nível mundial por parte da World Surf League.” Alex Botelho, uma presença constante nos melhores dias da Nazaré, realizou um objectivo que perseguia há 3 anos: entrar numa prova do circuito mundial de ondas grandes. Na sua bateria conseguiu uma das

melhores ondas e com a passagem ao round seguinte ao alcance, ficou a precisar de uma segunda onda para avançar para as meias-finais. Depois de ser o primeiro Português a surfar Jaws, através da bolsa EDP Tour, Alex provou merecer um lugar lado a lado com a elite do surf mundial e será de esperar grandes feitos nos próximos anos, inclusivamente novos convites para etapas do Big Wave Tour. Nicolau Von Rupp figurava na lista de substitutos da WSL e conseguiu entrar devido a uma desistência de ultima hora. Na sua bateria acreditou até ao final, e nos últimos minutos lançou-se a uma onda a precisar de um 5.67 mas não conseguiu completar a descida e acabou por ficar pelo caminho. Este ano a bolsa EDP Tour será atribuída pelo EDP Mar Sem Fim ao surfista que mais se destaque nesta praia ao longo desta temporada, sendo esta prova mais um critério para definir um vencedor.

Hugo Vau destacou-se na primeira ronda 2017 Janeiro 361

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Notícias do Mar

Últimas Surf de Ondas Grandes

EDP Mar Sem Fim aumenta segurança com novo seguro para surfistas

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arceria com a Federação Portuguesa de Surf será implementada em 2017 a mais de 20 atletas. O EDP Mar Sem Fim, em parceria com a Federação Portuguesa de Surf, concedeu aos surfistas Portugueses de ondas Grandes afectos ao projecto, a adesão automática ao seguro premium de atleta. Esta vantagem trará melhores e mais condições e tem como objetivo primordial aumentar o número de federados. Embora disponível a todos os atletas consoante pagamento, apenas os atletas da seleção nacional de surf poderiam usufruir do upgrade. Atualmente, os surfistas integrantes do EDP Mar Sem Fim que sejam federados poderão usufruir desta possibilidade não só nos eventos com cunho Mar Sem Fim mas também em todas as provas em que compi-

tam durante o ano de 2017. Os surfistas que já tenham participado em algum pilar do projecto EDP Mar Sem Fim estão abrangidos pelo upgrade de seguro da Federação Portuguesa de Surf, tendo obrigatoriamente que ser federados, além dos atletas das seleções nacionais que já estariam automaticamente incluídos no upgrade. Esta iniciativa está relacionada com o aumento significativo de atletas e federados e da necessidade de segurança nas competições. No total, mais de 20 atletas irão usufruir em 2017 deste novo seguro. “A Federação Portuguesa de Surf pretende apoiar ainda mais os seus atletas e o facto do EDP Mar Sem Fim assegurar o aumento do seguro pessoal é uma oportunidade única. Pretendemos que todos os atletas associados se sintam seguros a praticarem surf, principalmente aqueles que estão em constante risco

como é o caso dos surfistas de ondas grandes”, afirma João Jardim Aranha, presidente da Federação Portuguesa de Surf. Para Mário Almeida, responsável do projeto do EDP Mar Sem Fim “Esta parceria vem no seguimento do apoio crescente da Federação ao projeto e da tentativa de encontrar

soluções para aumentar o número de surfistas federados em Portugal. No Surf de Ondas Grandes o tema da segurança tem crucial importância e tivemos esta ideia em conjunto com a FPS de dar uma motivação extra aos surfistas Portugueses de ondas grandes para que se federem em 2017”.

Director: Antero dos Santos – mar.antero@gmail.com Director Comercial: João Carlos Reis - noticiasdomar@media4u.pt Colaboração: Carlos Salgado, Gustavo Bahia, Hugo Silva, José Tourais, José de Sousa, João Zamith, Mundo da Pesca, Federação Portuguesa de Actividades Subaquáticas, Federação Portuguesa de Motonáutica, Federação Portuguesa de Pesca Desportiva do Alto Mar, Federação Portuguesa Surf, Federação Portuguesa de Vela, Associação Nacional de Surfistas, Big Game Club de Portugal, Club Naval da Horta, Jet Ski Clube de Portugal, Surf Clube de Viana, Associação Portuguesa de WindSurfing Administração, Redação: Tlm: 91 964 28 00 - noticias.mar@gmail.com

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