Notícias do Mar n.º 369

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Fotografia: Miguel Furtado


Pesca Desportiva

Azores Airlines Thournament Big Game Fishing 2017

Texto e Fotografia Antero dos Santos

O Big Game Fishing ao Mais Alto Nível O Azores Airlines Thournament que se disputou entre os passados dias 8 e 14 de Setembro, organizado pelo Clube Naval de Ponta Delgada, mostrou mais uma vez o elevado prestígio internacional da pesca grossa nos Açores e o carisma do Clube a implementar a confraternização.

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A apresentar a prova: Pedro Mata, Alberto Pacheco, vice presidente do Clube Naval de Ponta Delgada, Paulo Meneses, presidente do conselho de administração da SATA e Carlos Palhinha, presidente da Associação Açoreana de Pesca Desportiva de Mar 2

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uem participa nesta prestigiada prova, não espera ganhar apenas as emoções da luta dura com os grandes espadins e os poderosos e lutadores atuns, sabe que vai viver cinco dias num fraternal convívio em visita das maravilhosas belezas da Iha de São Miguel e divertir-se nos passeios, almoços, cocktails e jantares do programa. São seis dias de festa no mar e em terra. O Azores Big Game Fishing que se disputa em São Miguel desde 2012, graças á fantástica e competente organização do Clube Naval de Ponta Delgada, já está no Calendário Interrnacional da EFSA e em 2018 será o Campeonato da Europa. Será um extraordinário meio para a promoção turís-


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No “Alabote” luta com o espadim azul capturado

Clube Naval de Ponta Delgada portante de pesca grossa que se disputou nos Açores, pela promoção que fez, devido ao nível dos participantes com equipas estrangeiras. Participaram nove equipas em nove barcos, utilizando os equipamentos das embarcações e também canas, carretos e amostras dos pescadores, bem fornecidos com o melhor, alguns

tica dos Açores e a divulgação de todo o arquipélago, incentivando o conhecimento de outras ilhas e da gastronomia, rica em marisco, peixe e da carne especal que resulta das espantosas pastagens dos Açores. As empresas da actividade marítimo turística que se dedicam ao big game fishing, têm boas embarcações bem equipadas. Darão todas excelente resposta técnica às necessidades de um campeonato com a envergadora de um campeonato europeu. Este ano o Azores Airlines Thournament Big Game Fishing foi a prova mais im-

a estrear carretos e canas e todos com novas amostras para testar. É fundamental a realização desta prova, para se promover mais as actividades económicas das empresas marítimo turísticas, bem como a economia do turismo nos Açores, com a hoteleria e restauração também a facturar.

Segundo o Regulamento da EFSA, European Federation of Sea Anglers, os peixes que contavam para esta prova eram os seguintes: espadim azul, com 300 pontos de libertação, espadim branco, 150 pontos e espadarte 200. Para os restantes peixes não se considera a libertação e têm que ser capturados e depois pesados. Para

Largada da prova às 08H00 2017 Setembro 369

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Foto de Pauline Narvaez no Alabote do espadim azul capturado por Kelly Watson todos tipos de atum, consideravam-se pesos mínimos e valiam 1 ponto por Kg. O tubarão mako, o wahoo e o dorado, também com pesos mínimos e 1 ponto por Kg. Primeiro dia

de prova No primeiro dia fomos na embarcação “Galáxia” com uma equipa francesa de Paris, BGF France, constituída pelos pescadores, April Gérard, capitão da equipa, Bessiere Frédéric e Samper

Richard. A largada dos nove barcos foi às 08H00 do porto de Ponta Delgada. O barco “Aprígio I”, duma equipa local com o mesmo nome, seguido por mais dois barcos ficaram por per-

O “Galáxia” levou a equipa francesa BGF France de Paris 4

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to, não se afastaram muito, pois aposta deles era ali. Outros barcos afastaram-se para SE. O “Galáxia” largou num rumo de 260 graus para SW e parou às 9 horas, meteu as amostras na água e começaram a corricar, com seis canas. O número de canas a corricar depende do comprimento do barco e dos dois “autoriggers”, o equipamento que afasta para fora as linhas dos carretos montados nas canas dispostas nos bordos do poço. A equipa francesa montou seis canas. Quantas mais amostras andarem dentro de água, maiores são as hipóteses de atrairem peixe, para o barco que as corrica. O maior dos barcos nesta prova era o “Shangai”, com 13 metros de comprimento, com a equipa portuguesa Barca Velha que corricava com nove canas. Também se colocam dentro de água perto da popa aparelhos agitadores, para parecerem pequenos peixes a fugir.


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April Gérard, capitão da equipa a mostrar a big lula

No “Shangai” a equipa portuguesa Barca Velha montou nove canas a corricar

Com as sondas a funcionar todos procuravam encontrar cardumes de comedia ou os golfinhos e os pássaros, sinal que podia haver marlins ou os atuns a atacar os cardumes de chicharros, ou mesmo de sardinha ou cavala. Durante quase todo o trajeto. Nas sondas os fundos aparecem em constantes picos de pedra com profundidades de 1.000 aos 500 metros e só muito junto a terra é que aparecem os 200 metros e baixas de 50 metros, profundidades utilizadas para outros tipos de pesca, não o big game. Na zona onde o “Galáxia” andou a bater, também outros dois barcos escolheram agitar com os agitadores e as amostras a superfície, para atrair os peixes vindos dos fundos, curiosos pela tão grande agitação da água. Como ainda ninguém descobriu qual a amostar ideal, a tarefa das equipas foi começar a mudar os tamanhos e cores das amostras, chamadas lulas, de todas as canas a corricar. Os franceses até montaram uma big lula. É assim que se faz no big game fishing. Quem fica parado a olhar para as amostras na água sem as mudar, nem tentar alternativas, não faz capturas. Para animar todos os 2017 Setembro 369

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Depois do almoço mais amostras a mudar pela equipa Barca Velha Na equipa Barca Velha, Maria João Gaiosa e Eduardo Picolo a mudar amostras concorrentes, cerca de duas horas após o começo da prova foi comunicado que no barco “Aprígio I” de Aprígio Raposo, capitão da equipa, Pedro Jorge lutava com um espadim azul. Enquanto os restantes elementos da equpa, Aprígio Freitas e Rui Mestre, retiravam as amostras da água, Pedro Jorge lutava com o espadim na cadeira. O peixe foi vencido e a sua captura foi registada às 10H15. A decisão de não navegarem para muito longe deu certa.

Os fundos estavam ricos de comedia e as sondas mostravam constantemente cardumes de peixe. Os golfinhos não perdiam a oportunidade de se banquetearem, acompanhando os barcos. Os pássaros a lançarem-se e mergulhar na água para apanharem os restos, era outro espectáculo e o indicador que espadins ou atuns deviam andar por baixo. Porém, mais nenhum atacou as dezenas de lulas que agitavam a superfície. Estas foram as condições

que todas as equipas encontraram e o resto do dia até às 18H00 nem um toque. Já no Clube falámos com Carlos Palhinha, da organização e presidente da Associação Açoreana de Pesca Desportiva de Mar “O dia de hoje não foi com as espectativas que nós esperávamos. A informação que fomos recebendo era que havia peixe em toda a área de pesca, principalmente espadins brancos que andavam a brincar com as amostras, e houve uma embarcação fora do Torneio com turistas

No “Shangai”, Eduardo Picolo, Vitor Ferreira e Maria João Gaioso, da equipa Barca Velha, a almoçarem 6

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que perdeu um espadim azul que saltou e cortou a linha. A embarcação era da marítimo-turística que pode operar dentro das zonas de prova, quando há uma competição de pesca desportiva. O mar esteve bom. Os atuns ão querem fazer parte desta festa e nós temos que aceitar. O São Pedro é que manda e quando não está a nosso favor, nós não podemos fazer nada”. Segundo dia de prova No segundo dia de prova fomos na embarcação “Shangai” com a equipa Barca Velha, representante de Portugal (continente). A equipa Barca Velha foi constituída para as provas nos Açores, participando neste Torneio há vários anos. Era formada por Eduardo Picolo, capitão da equipa, Jorge Brito e mais dois elementos da equipa Fermar do continente, Maria João Gaioso e Vitor Ferreira. De realçar que esta equipa já venceu este Torneio duas vezes. Maria João iniciou-se com o pai em Angola que foi o primeiro pescador a capturar um veleiro em Luanda. Eduardo é de Moçambique mas foi em Portugal que se iniciou e apaixonou por esta modalidade. Todos têm já uma longa experiência pois


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O barco “Aprígio I”, da equipa vencedora Aprígio são do início das competições de pesca grossa em Portugal, aos atuns e espa-

dins brancos e azuis no Algarve. Eduardo Picolo, o capitão

da equipa tinha uma “fezada”: nesse dia bater uns picos a sul da Ilha de São

Miguel, que ficavam a cerca de 30 milhas. Toda a equipa aceitou bem a ideia e lá se navegaram duas horas até chegar à zona. E se desse e atacasse um peixe? Esta equipa, quando vai num barco grande como o “Shangai”, trabalha com nove canas e por isso lá foram nove amostras para a água. Ficámos curiosos de ver, se um peixe atacasse, o tempo da equipa Barca Velha recolher as amostras das oito restantes canas. Porém, passaram-se quatro horas de um profundo silêncio e nenhum carreto cantou com a linha a correr. Ficámos sem saber qual a rapidez desta equipa. Pelos vistos também nos outros barcos concorrentes, até esse momento, o silêncio era total. Nenhum peixe

No Alabote, Miguel Furtado fotografou a equipa americana USA/Alabote a libertar o espadim azul que Kelly Watson capturou 8

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tinha atacado as amostras. Nesse segundo dia de prova ficaram muitos barcos na zona de Ponta Delagda e o “Shangai” acabou por regressar e terminar a prova junto dos outros. O tempo da prova terminou e ninguém teve qualquer ataque. Terceiro dia de prova No terceiro dia voltámos a embarcar no “Shangai” para acompanhar a equipa Barca Velha. Tínhamos um cronómetro preparado. Queríamos ver em quanto tempo as oito amostras íam para dentro do barco, após o ataque de algum peixe. Com mais de 100 amostras acondocionadas em caixas especiais, o trabalho desta equipa era quase constante a mudar os iscos artificiais, na tentativa que uns fossem mais que outros do agrado de algum espadim ou atum. Não foram todas para a água, mas foram muitas. Entretanto no barco “Alabote” a equipa americana USA/Alabote, com Al Jacobs como capitão, anuncia que Kelly Watson está a lutar com um espadim azul. Os outros elementos da equipa são Terrence Lyons e Joseph Melo. A captura foi registada às 10H30 e o espadim azul, depois de reanimado libertado. Por volta das 14H00 é anunciado que no barco “Wahoo”, da equipa local Wahoo, com Carlos Maçanita como capitão e formada por Paulo Benevides, Ana Maçanita e Rui Mendonça, este último pescador estava na cadeira a lutar com um espadim branco. O peixe foi capturado e libertado, pontuando 150 pontos, metade dos 300 que vale a libertação de um espadim azul. Como até ao final do tem-

Mapa da Ilha de São Miguel com os locais onde foram capturados os espadins, os azuis junto a ponta Delgada e o branco a leste da ilha po de prova não se registasse mais qualquer captura, nem de atuns nem dos outros peixes que pontuavam, depois de pesados, o Azores Airlines Thournament Big Game Fishing terminou com

a vitória da Equipa Aprígio, empatada em 300 pontos com a equipa Alabote, pelo facto de ter sido a primeira a capturar um peixe, logo no primeiro dia, segundo o Regulamento da EFSA

Como prova do interesse deste Torneio, no final do jantar da distribuição dos prémios, ouvimos um dos que não capturou nada gritar: “Palhinha, para o ano conta connosco”

Os vencedores Aprígio Raposo com o prato do prémio na mão, Pedro Jorge a seguir. Aprígio Freitas com a amostra na mão e por último Rui mestre 2017 Setembro 369

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Notícias do Mar

17 de Outubro 2017

Economia do Mar

Conferência “Mar em Português” decorre no Mosteiro dos Jerónimos Esta conferência visa debater o futuro do mar português. Irão ser apresentados case-studies, tendências e as melhores práticas, no Mosteiro dos Jerónimos, um dos espaços mais emblemáticos do país e com forte ligações ao mar.

N

o dia 17 de Outubro decorrerá no Salão Nobre do Mosteiro dos Jerónimos a conferência intitulada “Mar em Português”, que irá abordar o mar como ponto estratégico no crescimento económico do país. Este evento está integrado no ciclo de conferências Adamastor, conjunto de sessões relacionadas com a náutica, o mar e a economia do mar em geral,

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e conta com a organização do Jornal Notícias do Mar, Media 4U, revista Cargo e do Sea of Portugal. Durante um dia várias entidades e personalidades irão abordar temas transversais relacionados com a economia do mar, numa lógica construtiva e a olhar para o futuro. Numa altura em que o Mar é consensualmente estratégico, é necessário definir os passos

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seguintes. Uma estratégia bem delineada a médio e longo prazo, que faça a ponderação, mas também a ponte entre sectores tão diferentes como a Construção Naval, a Energia, a Alimentação, os Portos, a Logística, a Náutica de Recreio, os Desportos Aquáticos e o Turismo. «Pretendemos fazer um ponto de situação do potencial e da riqueza do Mar, da estratégia e do futuro. A economia

do mar tem tantas manifestações e é tão transversal, sectorial e geograficamente, que não pode ser apenas um chavão sem visão, que nada desenvolve e constrói», adianta João Carlos Reis, director da Media 4U. Turismo e os desportos aquáticos Um dos temas a debater é o


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turismo e a forma como o seu crescimento pode contribuir para o crescimento da Náutica e dos Desportos Aquáticos (e vice-versa). Estamos a falar de actividades que se estimulam mutuamente, o que implica potenciar as condições naturais únicas que Portugal tem e que são de excepção na Europa, assente numa variedade e diversidade que são em si uma oportunidade à espera de ser aproveitada. É exemplo disso, o Surf que em Portugal passou de um desporto alternativo para uma indústria que factura centenas de milhões de euros, com escolas de Surf de norte a sul, uma reserva mundial, provas internacionais, a maior onda do Mundo e jovens valores que aparecem cada vez com mais frequência e que estão a dar cartas em vários palcos. No ano em que se festeja simultaneamente os 40 anos do

primeiro Campeonato Nacional de Surf, que decorreu na Ericeira, e a primeira prova Internacional realizada em Peniche falar-se-á no “Mar em Português”, do que tem sido este percurso tão rico, na primeira pessoa, por alguns dos intervenientes mais directos nesta área. Numa apresentação feita pela Flying Sharks será apresentada a “mega” operação que em 2010 incluiu capturas e manutenção em Peniche, Olhão, Funchal e Horta, culminando no envio de 3100 animais em dois Airbus 300 para Istambul na noite de 13 de Dezembro. O relato dessa operação cobre de forma extensiva todas as vertentes da actividade desta entidade, incluindo aspectos legais, deontológicos, ambientais, logísticos, operacionais, etc. Marinas e Construção naval A Indústria de Construção Naval é

um pilar, um sector com história e tradição em Portugal, que tem feito o seu percurso e trabalhado a olhar para o futuro. A capacidade deste sector tem-se demonstrado através do seu know-how, das encomendas, da inovação e dos clientes satisfeitos. Numa mesa redonda várias empresas irão falar sobre o desenvolvimento desta área. Também as Marinas e os Portos de Recreio são mais do que Infra-estruturas e um Investimento. Especialistas irão dar a perceber o papel de uma Marina, numa estratégia para o Turismo Náutico e Desportos Aquáticos, como Infra-estrutura turística, e a forma como acrescentam valor e são um factor de desenvolvimento local, que deve estar integrado numa estratégia regional e nacional. Importância do mar no transporte

de mercadorias Os portos são a ligação umbilical de Portugal ao mar e verdadeiros impulsionadores de uma economia que se quer marítima. Num mundo cada vez mais global, o transporte marítimo assume maior importância a cada dia que passa. Uma das sessões irá debater o posicionamento de Portugal no sector marítimo-portuário que se encontra em profunda mudança. Para além, disso será feita uma análise da forma como o mar português é visto lá fora, depois de tantos anos de costas voltadas ao Mar e apesar de ter o “selo” de nação marítima. Entidades, empresas e oradores confirmados: APECATE, Associação dos Portos de Portugal, ASSOCIAÇÃO DE TURISMO DE PORTIMÃO, ATLANTICEAGLE SHIPBUILDING / ESTALEIROS NAVAIS DO MONDEGO, CÂMARA MUNICIPAL DE ESPINHO, EISAP, ENIDH, FLYING SHARKS, Garland, MARINA DE LAGOS, MARINA DE PORTIMÃO, MARTIFER /WEST SEA, NAUTIBER, OCEAN REVIVAL, PALMAYACHTS, PRICEWATERHOUSECOOPERS, SOPROMAR, SUN CONCEPT, TURISMO DE PORTUGAL No SURF: João Moraes Rocha, Miguel Pedreira e João Valente.

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Conferência Mar em Português Dia 17/10/2017 (Terça-feira) 09h-18h30 Salão Nobre do Mosteiro dos Jerónimos Programa Início - Abertura 09h15 Turismo Costeiro a Náutica e os Desportos Aquáticos. Turismo de Portugal, Feeldouro, Rui Palma (Palmayachts), Alberto Braz (Ocean Revival). 10h SURF / A deslizar sobre as ondas do mar. CM Espinho, João Moraes Rocha, Miguel Pedreira e João Valente. 10h45 Coffee-break 11h15 Apresentação / Flying Sharks João Correia 11h45 Sentir o Mar, Uma perspectiva Miguel Marques (PricewaterhouseCoopers) 12h15 Logística Marítima Lídia Sequeira (Associação dos Portos de Portugal), Representante da EISAP, Duarte Correia (APMTerminals) (a confir mar), Carlos Vasconcelos (MSC Portugal) (a confirmar) e Rui d’Orey (AGEPOR) (a confirmar) Almoço / Livre 14h30 Indústria de Construção Naval / Um sector com tradição, a olhar em frente. AtlanticEagle Shipbuilding / Estaleiros Navais do Mondego, NAUTIBER, Martifer/West Sea e Sun Concept 15h30 Apresentação: Portugal como plataforma de abastecimento de navios a GNL. Ministério do Mar, Rúben Eiras (a confirmar) 15h50 Coffee-break 16h15 Marinas e Portos de Recreio / Infra-estruturas, Investimento, Turismo e Valor Acrescentado. Marina de Lagos, Sopromar, ATP Portimão e APECATE 17h15 O Mar Português visto lá fora Luís Cacho (APLOP) (a confirmar), Peter Dawson (Garland), Luís Baptista (ENIDH), Ilka Barés (Embaixadora Panamá) (a confirmar) e Alexander Panagopulos (Arista Shipping) (a confirmar) 18h30 Fecho Inscrição obrigatória Entrada gratuita, mas sujeita a inscrição e disponibilidade, uma vez que os lugares são limitados. Enviar sff: nome + email (+ cargo e empresa, se se aplicar), para maremportugues@media4u.pt Data Limite: 10/10/2017

Organização

Notícias do Mar Jornal Notícias do Mar (fez este ano 32 Anos) http://noticiasdomar.pt/

Media 4U A Media 4U é uma empresa de edição e organização de eventos. http://media4u.pt/

Apoio

Revista Cargo Revista Cargo (que está a celebrar 25 Anos) http://revistacargo.pt/

MUSEU NACIONAL DE ARQUEOLOGIA: Sea of Portugal O Sea of Portugal foi constituído em 2015 para Promover a Náutica Portuguesa, http://seaofportugal.pt/, já tendo participado por duas vezes, 2016 e 2017, na boot, em Düsseldorf, no maior evento Náutico do Mundo.

Media Partner Revista de Marinha conta com 80 Anos: http://www.revistademarinha.com/ Apoio da Revista de Marinha que será nossa Media Partner e parceira.

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Náutica

Teste Cobalt 25SC com Yamaha F300BETX

Texto e Fotografia Antero dos Santos

Cobalt Aposta Também nos Fora de Borda

Cobalt 25SC

Testámos nas águas do Sado junto a Troia, no dia 11 de Agosto um novo modelo Cobalt, o 25SC motorizado com um Yamaha F300BETX, que marca a aposta do mais prestigiado estaleiro dos Estados Unidos nos motores fora de borda, para ampliar e satisfazer mais o mercado.

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oi a Nautiser/ Centro Náutico, importador exclusivo do estaleiro Cobalt para Portugal que nos endereçou o convite para esta sessão de ensaios. A Cobalt mantém 14

desde longa data um enorme prestígio devido à alta qualidade das embarcações que constrói. Todos os anos a Cobalt apresenta novos modelos ou introduz inovações nos equipamentos da

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gama que enriquecem ainda mais a qualidade dos barcos, melhoram a acomodação no seu interior e aumentam o conforto dos ocupantes. Considerados na náutica de recreio

como barcos de topo, os Rolls Roice do mar, os Cobalt são um sinónimo de luxo e requinte, devido à elevada qualidade dos materiais e equipamentos que o estaleiro incorpora e sempre pela excelên-


Náutica

Posto de comando

cia dos acabamentos aquáticos. que todos os barcos O Cobalt 25SC com apresentam. motorização fora de borda mantém as mesmas Cobalt 25SC linhas clássicas e eleO Cobalt 25SC é um mo- gante dos Cobalt e o indelo bowrider, projectado terior requintado, privilepara uma utilização fácil giando os equipamentos e permitir com o máximo de elevada qualidade, a conforto passar os dias harmonia das cores e os nos passeios náuticos e excelenes acabamenna prática dos desportos tos.

Destaca-se neste modelo a grande capacidade de acomodação, com um banco à popa, assentos laterais, os bancos do piloto e do copiloto e a zona bowrider à proa. Fácil de utilizar, recostar ou deitar para os banhos de sol. O Cobalt 25SC dispõe a estibordo na popa

Fizeram-se excelentes performances 2017 Setembro 369

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Náutica

Yamaha F300 BETX foi o primeiro fora de borda montado numa embarcação Cobalt

degraus que descem e sobem para facilitar a entrada no barco. Quando os passeios forem

até a areia serve como esta escada serve tambarco de praia. Quando bém de apoio. está na hora de praticar O cockpit tem um páos desportos aquáticos, rabrisas arredondado,

O poço está equipado com o máximo conforto 16

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com abertura e fecho ao meio, e proteções laterais até meio do poço, dando óptima proteção a todos os que vão sentados. O piloto dispõe do posto de comando com um banco individual regulável e de extrema comodidade que lhe permite fazer duas posições de condução, uma em baixo e outra alta. O painelde instrumentos com um design ergonómico tem excelente visibilidade e a informação digital sobre o motor. O assento do copiloto tem também duas posições de sentar, uma em baixo e outra em cima. Um equipamento cada vez mais necessário nos


Náutica

barcos de passeio é o wc. Na consola do coploto existe um compartimento com porta onde está instalado um wc químico. À frente o Bow Rider contempla um excepcional conforto, em virtude da qualidade dos estofos dos bancos encosto e dos dois assentos à proa. Existe uma escada á proa para se dar uns mergulhos pela frente, através de uma passagem entre estes dois assentos. Para não cairem as bebidas com o barco em andamento, existem junto a todos os bancos e assentos encaixes em aço inox, onde se podem colocar copos e garrafas.

O banco do piloto tem duas posições de sentadoa

Uma das grandes vantagens das embarcações com motor fora de borda é a enorme capacidade de arrumação que tem.

O Cobalt 25SC no espaço onde levaria um motor interior tem um enorme porão para guardar toda a palamenta, sacos

e equipamentos. Para guardar os skis ou pranchas de wakeboard, existe um compartimento no piso sob o

A grande vantagem deste conjunto foi a velocidade de cruzeiro de 22/23 nós com o motor apenas às 3.700 rpm 2017 Setembro 369

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Náutica

O casco comporta planos de estabilidade laterais da proa até à popa muito salientes

cockpit. No que respeita ao casco, para garantir a máxima comodidade a navegar, o Cobalt 25SC tem um V acentuado que termina num ângulo à popa de 21 graus e comporta planos de estabilidade laterais da proa até à popa muito

salientes, para se apoiar com segurança na água a curvar. Para os praticantes dos desportos aquáticos, na popa estava fixado um mastro para prender o cabo de ski. Quando está na hora dos piqueniques e é necessário uma sombra,

Na popa degraus que descem e sobem para facilitar a entrada no barco. 18

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o barco tem também o Bimini. O modelo que testámos tem incluido no preço o seguinte equipamento: capa de proa, capa do poço, mesa de poço, toldo de sol “Bimini top”, fixação para defensas “Fender clips”, mastro de ski amoví-

vel, kit de ferramentas, compartimento de wc e sistema de som. Altas velocidades de ponta e cruzeiro muito económico A motorização fora de

Em vez do motor interior existe um enorme porão que dá para guardar tudo


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Náutica

Motor Yamaha F300B

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rata-se de um V6 com 60 graus, 24 válvulas, dupla árvore de cames à cabeça (DOHC) e 4.169 cm3 de cilindrada, que a Yamaha desenvolveu com a máxima eficiência volumétrica, em virtude de terem aplicado novas tecnologias e novos materiais. Devido a isso, utilizando processos inovadores, a Yamaha, em vez das convencionais camisas em aço, reduziu o peso do bloco do motor e este passou a ter cilindros com camisas fundidas em plasma, e as paredes dos cilindros micro-texturizadas, para criar menos fricção com os pistons, conseguindo mais área para os pistons. Deste modo, obteve-se a máxima cilindrada com menos quantidade de massa e foi bastante reduzido o peso total do motor. Agora as paredes dos cilindros sofrem menos fricção e os pistons movem-se mais livremente. Obteve-se também um enorme rácio peso/potência, que resultou numa aceleração tal que permite planar muito rápido, atinge-se velocidades máximas elevadas, grande economia de combustível e excelente fiabilidade a longo prazo. Algumas das características que têm um papel vital na eficiência do motor e o F300B incorpora é o sistema VTC, afinação de árvore de cames variável que aumenta o binário a baixa e média rotação, com maiores canais de admissão e escape, bem como com as respetivas válvulas maiores e também mais largas. O F300B tem o sistema de injeção eletrónica de combustível

multiponto com 6 injetores independentes. Dispõe também de um novo microcomputador que controla todos os sistemas eletrónicos, bem como controla os sistemas de alarme de funcionamento do motor. Este motor é compatível com o sistema digital em rede, Drive-by-Wire, que dá todas as informações num novo e largo display em LCD, desde a pressão do óleo, temperatura da água, a carga da bateria, fluxo e níveis de combustível, e ainda temperatura da água e profundidade. O F300B tem igualmente incorporado o inovador sistema Y-COP, com o qual consegue a proteção eletrónica anti roubo. Entre outros sistemas que pretendem dar longa vida ao motor, para além do micro-computador e do sistema de diagnóstico, os motores comportam válvula única de acelerador electrónico e dupla admissão de água na caixa de engrenagens. Para oferecer mais comodidade, existe ainda o sistema redutor de vibração e o controlo de sincronização e variação de rpm ao ralenti, muito utilizado na pesca ao corrico e nas entradas nos portos e marinas. Também nestes motores foi incorporado uma bobine de iluminação/alternador com 12V – 70A com rectificador/regulador, com mais capacidade que em qualquer outro motor, para garantir o bom funcionamento de todos os equipamentos e acessórios.

Escada à proa para facilitar os mergulhos 20

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Náutica

No BowRider está-se sentado com comodidade e óptimo acesso à proa

borda imprime numa embarcação mais impetuasidade no arranque e mais altas velocidades máximas que um motor interior. Para além do desempenho existe também uma grande diferença nos pesos. A potência de 300 HP num motor

interior só se encontra em motorizações de 5 a 6 litros de cilindrada V8 cilindros e com o peso de 450 Kg. O Yamaha 300BETX que testámos tem 4.1 litros e é um V6 cilindros com o peso de apenas 260 Kg. No teste que efectuámos com o Cobalt 25SC,

um barco que pesa 2.041 Kg, no arranque e na aceleração com o poderoso Yamaha F300B planámos em 1,94 segundos e quando acelerámos até às 5.000 rpm, em apenas 10,28 segundos atingimos a velocidade de 34 nós. Depois, acelerando

com o apoio do trim e embalados atigimos às 5.500 rpm a velocidade máxima de 43,6 nós. No ensaio de velocidade mínima a planar, confirmámos as características do casco, pois o barco com apenas 10,8 nós às 2.500 rpm ainda planava, mostrando fa-

Compartimento para o wc, um equipamento muito necessário

BowRider 2017 Setembro 369

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Náutica

Um barco projectado para utilização fácil e permitir o máximo conforto nos passeios náuticos

cilidade em descolar da água. Em consequência destas características, destacamos a velocidade de cruzeiro que determinámos, com o motor na rotação económica de 3.700 rpm e o Cobalt 25SC a navegar a 22/23 nós. Dificilmente se consegue velocidade de cruzeiro com esta economia. Finalizamos salientando o elevado conforto que o Cobalt 25SC oferece e a comodidade do

piloto a conduzir sem esforço e com uma direcção que responde com segurança às manobras, aumentando o prazer da condução. Por último registar as garantias oferecidas a este conjunto de barco Cobalt com motor Yamaha. Os interiores do barco têm 2 anos de gaantia, o motor Yamaha F300 tem 5 anos de garantia e o casco do Cobalt 25SC tem a garantia de 10 anos.

Banco no poço 22

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Características Técnicas Comprimento com plataforma

7,54 m

Boca

2,59 m

Peso

2.041 Kg

Capacidade de combustível

276 L

Capacidade de água doce

37,8 L

Lotação

12

Ângulo popa

21 graus

Potência máxima

300 HP

Motor do teste

Yamaha F300BETX

Preço barco/motor com IVA incluído

129.500 €

Performances Tempo para planar

1,94 seg.

Aceleração às 5.000 rpm

34 nós em 10,28 seg.

Velocidade máxima:

43,6 nós às 5.500 rpm

Velocidade de cruzeiro

22/23 nós às 3.700 rpm

Velocidade mínima a planar

10,80 nós às 2.500 rpm

3.000 rpm

15,2 nós

3.500 rpm

20,7 nós

4.000 rpm

27,4 nós

4.500 rpm

33,5 nós

5.000 rpm

39 nós

5.500 rpm

43,6 nós

Importador e Distribuidor Nautiser Centro Náutico – Estrada Nacional 252 – 2950-402 Palmela Tel.: 21 22 36 820 - Mail: comercial@nautiser.com www.nautisercentronautico.pt Yamaha Motor Europe N.V. Sucursal em Portugal Rua Cidade de Córdova, n.º 1 2610-038 Amadora Tel.: 21 47 22 100 www.yamaha-motor.pt


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Electrónica

Notícias Nautel

Com o Novo Radar a Côres M1815

a Furuno Oferece Funcionalidades Inovadoras Com um longo historial em oferecer o que há de melhor em tecnologia de radar, tanto para o mercado comercial como o de recreio, a Furuno mais uma vez eleva as expectativas com a introdução do novo Radar com ecrã LCD a cores, o modelo 1815.

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ste modelo reúne algumas das melhores características, que constituem os modelos comerciais e de rede mais recentes da Furuno, introduzindo-as num modelo de radar duradouro e único com um elegante ecrã em LCD a cores de 8,4” e uma antena de redoma de 4Kw. O modelo 1815 da Furuno foi concebido para ser utilizado numa grande variedade de embarcações, tais como: de recreio, de trabalho (pilotos, rebocadores, lanchas de polícia etc) e em pequenos barcos de pesca, onde se exige um radar a cores verdadeiramente acessível, de fácil manuseamento e a baixo custo. Esta unidade permite selecionar e ajustar várias cores no ecrã, as24

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Electrónica

segurando mais facilmente a sua visualização perante condições, que podem variar desde a luz do dia até á escuridão da noite. O suporte de montagem permite que o ecrã rode quando está a ser instalado, permitindo ao utilizador ajustar o ângulo do ecrã de modo a obter uma visualização mais confortável. Outros suportes estão disponíveis para acrescentar mais flexibilidade. O utilizador também poderá montar através de um furo simples com 5” de diâmetro. Este radar compacto incorpora muitas das últimas características de radar da Furuno, incluindo a função da Furuno “Fast Target Tracking” (Rastreamento Rápido do Alvo). Esta função permite ao utilizador fazer o rastreio até 10 alvos, tanto manualmente como automaticamente. A velocidade alcançada no rastreamento e a exibição do vector no ecrã aparecem em segundos, permitindo um trabalho rápido na avaliação de riscos quer na aproximação de alvos perigosos, como nos alvos móveis. Em complemento a esta função, o modelo 1815 pode exibir até 100 alvos AIS quando estiver conectado a um receptor AIS e a sensores aplicáveis. Outra característica útil, propriedade da Furuno, é o modo “True Trail”. Através deste modo os objectos em movimento irão mostrar uma gradação de rastreio do alvo, permitindo avaliar com rapidez o sentido direccional dos mesmos. O modelo 1815 também utiliza o modo True View da

Furuno que facilita a leitura do ecrã, de forma mais intuitiva. Por exemplo, quando a embarcação estiver a virar, os ecos mantém-se constantes no ecrã, de forma a serem exibidos constantemente, sem ter que esperar que estes actualizem após a viragem. Esta função revela-se especialmente útil pois evita alvos perigosos no momento da viragem. A redução automática do ganho no modelo 1815, utiliza algoritmos que foram melhorados durante mui-

tas décadas de experiência e inovação na Furuno. Isto significa que o modelo 1815 é inigualável na rejeição de resíduos. Sem entrada por parte do utilizador, este radar irá automaticamente eliminar os ecos desnecessários e apresentar uma imagem clara exibindo as varreduras de antena. Deste modo, é possível visualizar outras embarcações, bóias e objectos á superfície, quando há bom tempo, ou quando aparece de forma repentina nevoeiro e tempestades tornando a

visibilidade fraca. Se estiver á procura de um radar deste tipo, ou se tem espaço limitado e deseja paz de espírito, então o modelo 1815 da Furuno é solução perfeita. O ecrã a cores de 8,4” encaixa perfeitamente em espaços apertados e ao pacote de antena de 19” e 4kw, utilizando uma cúpula compacta com 38W no máximo. Preço: 2.682,93€+IVA (C/ IVA 3.300€) Para mais informações: www.nautel.pt 213007030

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Náutica

Teste Beneteau Flyer 6.6 Sundeck com motor Honda BF150 VTEC

Texto e Fotografia Antero dos Santos

Barco Polivalente Desportivo

para Diversão

Beneteau Flyer 6.6 Sundeck

Ao largo de Portimão, testámos no dia 27 de Junho um modelo Beneteau da gama Flyer, motorizado com o Honda BF150 VTEC, o Flyer 6.6 Sundeck, um elegante barco de linhas desportivas, desenvolvido para oferecer o máximo de utilização todos os dias, ir à pesca no mar e ainda pernoitar.

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uem nos convidou para o teste foi a GROW, importador para Portugal dos motores fora de borda Honda, que teve o apoio na marina de Portimão da Por26

ti Nauta, empresa do Grupo Angel Pilot, concessionária dos barcos a motor Beneteau para o Algarve. Os barcos Flyer com 10 modelos espaçosos entre 5,26 e os 9,00 metros, são, um re-

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quinte em design moderno e ergonomia, procurando satisfazer um mercado muito exigente oferecendo três barcos de diferentes ofertas de uso, evidencia-se os SpaceDeck, SundecK e SportDeck.

Quanto ao casco, ele incorpora o sistema exclusivo Beneteau “AirStep” que aumenta a entrada de ar abaixo do casco e amplia o desempenho. Devido ao sistema “AirS-


Náutica

Consola de comando

tep” o arranque é mais rápido, a velocidade maximizada e as curvas são mais facilmente obtidas, enquanto reduz muito o consumo de combustível. Este sistema tem um resultado elevado na segurança e conforto no cruzeiro, favorecendo a passagem através das ondas de um modo fácil. O efeito “almofada de ar” na parte tra-

É um barco robusto que navega com segurança e conforto 2017 Setembro 369

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Náutica

Casco com um V profundo, planos de estabilidade muito salientes e incorpora o sistema “AirStep” seira do casco proporciona um conforto surpreendente. Beneteau Flyer 6.6 Sundeck A gama caracteriza-se visualmente, pelo design dos perfis laterais no casco muito salientes, que produzem um diferente e extraordinário efeito estético. No Beneteau Flyer 6.6 Sundeck este efeito é reforçado pelo azul

escuro, cor também do painel de instrumentos Neste barco privilegia-se o espaço para os banhos de sol, dispondo de uma enorme e confortável espreguiçadeira à frente, com um acesso fácil a partir do poço, através duma larga passagem a bombordo da consola de condução. O posto de comando mostra o cuidado dos ar-

Poço com mesa ao meio 28

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quitectos em desenvolver áreas com bom efeito estético e conforto. O piloto e o copiloto têm bancos individuais reguláveis e giratórios, podendo sentar-se em duas posições, em baixo ou em cima e virarem-se para trás, para o convívio com restantes passageiros sentados no banco da popa, ou nas refeições na mesa de piquenique que se monta ao meio do

poço. O piloto dispõe a estibordo de um espaço para colocar garrafas ou latas de bebidas A consola de condução tem um párabrisas em acrílico protegido com um corrimão em aço e a entrada para uma cabina preparada para duas pessoas pernoitarem. Dentro existe uma cama de casal e um wc marítimo dentro de um compartimento

Posto de comando com a consola e bancos do piloto e copiloto


Náutica

Honda BF150 VTEC

O

Honda BF150 VTEC é um motor de 4 cilindros em linha a 4 tempos, DOHC de 16 válvulas e 2.354 cm3 de cilindrada. Incorpora a tecnologia VTEC exclusiva da Honda, aplicada com sucesso nos carros de Fórmula 1 da Honda, que significa controlo electrónico do comando e abertura das válvulas. O VTEC varia a elevação e a duração da abertura das válvulas da admissão para proporcionar a óptima performance a baixa e a alta rotação. O BF 150 tem incorporada a tecnologia BLAST, binário de baixa velocidade aumentado. Trata-se de um sistema que incrementa a performance do motor, particularmente durante a aceleração ao ajustar a relação ar/combustível de modo a obter um aumento considerável do binário. Consegue-se assim uma forte aceleração dos 0 aos 50 metros para a embarcação planar rapidamente. Outra tecnologia é o ECOmo, combustão de queima pobre em velocidade de cruzeiro, no qual o controlo de combustão de queima pobre é utilizado para se obter uma melhor economia de combustível, num regime do motor constante entre as 3.000 que aumenta o conforto do uso do barco. O banco da popa estofado e com encosto, do tipo corrido tem quatro lugares. A passagem do poço para os mergulhos de mar é por bombordo do banco da popa, onde o encosto do lugar desce. Atrás fica uma plataforma e a escada de banhos. E a seguir aos banhos de mar, um chuveiro de água doce está montado para tirar a água salgada do

rpm e as 4.500 rpm. O motor também está equipado com o sistema de Admissão Variável do Ar, Injecção Multiponto Sequencial do Combustível, que fornecem uma mistura superior de potência, binário e economia de combustível ao longo de toda a gama de rotações. O BF150 dispõe ainda do Sistema de Arrefecimento de Três Vias, Ignição Programada e Duplo veio de Equilibragem. Todo este conjunto de tecnologias permite ao BF150 ter a mais elevada performance e proporcionar um alto nível de conforto, fiabilidade, e respeito pelo meio ambiente Este motor está em conformidade com a norma NMEA 2000 para ligação aos equipamentos electrónicos de bordo como chart plotters, GPSs e sondas, permitindo apresentar e visualizar os dados de gestão do motor pelo piloto. O motor tem o Trolling Control, uma tecnologia de controlo de rotação a baixa velocidade. Com este sistema pode-se navegar devagar, para entrar num porto ou numa marina e controlar a pesca ao corrico com ajustes automáticos de 50 rpm. A garantia do motor é por 3 anos.

corpo. Para guardar a palamenta, existe um grande porão no piso do poço, onde está fixado o depósito de combustível e tem o compartimento da bateria. Se for necessário mais espaço para os banhos de sol, o banco da popa converte-se num solário. De salientar no Flyer 6.6 o seu casco de características muito marinheiras. Assim, a juntar ao sistema “AirStep”,

O banco da popa converte-se em solário 2017 Setembro 369

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Náutica

Estava montado o motor Honda BF150 VTEC o casco tem um V profundo e dispõe de planos de estabilidade muito salientes que se estendem desde a proa até à popa. Para os pescadores o barco pode ter incorporado de origem porta canas Muito conforto e desempenho económico Quando saímos para o mar

na barra de Portimão, a água estava agitada com alguma ondulação. E esta era uma das condições que nos interessava, para vermos o comportamento do barco a navegar. Como são embarcações de construção robusta, a gama Flyer apresenta barcos pesados, o que é uma vantagem para a navegação segura e confortável.

Cabina com cama de casal 30

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O conjunto Flyer 6.6 Sundeck / Honda BF150 VTEC era um também um teste a fazer. O barco pesa 1.618 Kg e no teste estavam três pessoas a bordo. No teste de acelaração e tempos de planagem, o motor Honda VTEC de 150 HP com o sistema BLAST, mostrou muito poder e binário, o barco planou em

2,56 segundos e às 5.000 rpm do motor atingiu 28, 7 nós em 19,3 segundos. Do barco a navegar As características do casco salientaram-se no teste de velocidade mínima a planar, ao fazer apenas 10,2 nós às 3.500 rpm. Trata-se de um casco que produz menos atrito na água e faz boas performances com motores com menor

A cabina tem um wc marítimo


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Náutica

Destacamos a excelente a velocidade em cruzeiro de 20/22 nós às 4.500 rpm

O casco deflecte bem a água para fora 32

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Náutica

potência. Em velocidade de cruzeiro, aproveitando a economia de consumo do sistema ECOmo do Honda BF150, o Flyer 6.6 Sundeck navegou às 4.500 rpm a fazer a velocidade de 20/22 nós. Um resultado que consideramos excelente. Também a velocidade máxima que o barco atingiu de 31 nós às 6.000 rpm é uma boa performance. Devemos realçar o desempenho confortável do barco a navegar contra a ondulação e a água agitada, oferecendo enorme comodidade e segurança. Como o casco deflecte muito bem a água para fora, quem ia sentado no banco da popa nem um pingo apanhou. O Flyer 6.6 Sundeck cumpre bem a sua missão, oferecendo amplo espaço para o relax, passar a noite na ca-

O conjunto atingiu boas performances em velocidade bina e com as condições e perormances para a prática dos desportos aquáticos e características marinheiras para ir para a pesca no mar.

Características Técnicas Comprimento total

6,80 m

Comprimento do casco

6,20 m

Boca

2,52 m

Calado

0,40 m

Peso

1.618 Kg

Depósito de combustível

170 L

Depósito de água doce

100 L

Potência máxima

200 HP

Motor em teste

Honda BF150 VTEC

Certificado CE

D10/C8

Preço barco/motor em teste

34.024€ + IVA

Performances

Porão sob o banco da popa

Solário à proa

Tempo para planar

2,56 seg.

Aceleração até às 5.000 rpm

28,7 nós em 19,3 seg.

Velocidade máxima

31 nós às 6.000 rpm

Velocidade de cruzeiro

20/22 nós às 4.500 rpm

Velocidade mínima a planar

10,2 nós às 3.500 rpm

4.000 pm

15,7 nós

4.500 rpm

18,5 nós

5.000 rpm

26 nós

5.500 rpm

29 nós

6.000 rpm

31 nós

Importador e Concessionário: GROW Produtos de Força Portugal Rua Fontes Pereira de Melo, 16 Abrunheira, 2714 – 506 Sintra Telefone: 219 155 300, geral@grow.com.pt www.honda.pt Porti Nauta Grupo Angel Pilot Complexo dos Estaleiros Navais, Lote E - 8400 - 278 Parchal – PortimãoEst Telm: 91 799 98 70 - info@angelpilot.com - www.angelpilot.com

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Notícias do Mar

Tagus Vivan

Crónica: Carlos Salgado

Encontrar Soluções e Apontar Caminhos

A Tagus Vivan, quando tomou a iniciativa de inscrever no seu programa de actividades para o triénio 2015-2017, promover a realização de um novo Congresso do Tejo, o terceiro, teve a preocupação, ou melhor, a visão, de começar por ir à descoberta das realidades actuais do rio Tejo, desde a foz até à fronteira, com verdade e rigor, e foi objectivamente com essa intenção que programou um Ciclo de Conferências Regionais por esse rio acima, ciclo que foi concluído com êxito, e pelo seu resultado conseguiu alcançar, na prática, o nível de um pré-Congresso.

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ste pré-Congresso conseguiu materializar-se graças aos parceiros que compreenderam a importância de aderir e apoiar esta causa, devido a ter toda a justificação dadas as circunstâncias em que o nosso Tejo se encon34

tra, designadamente os Municípios Ribeirinhos, CIMs-Tejo e outras entidades públicas e privadas, bem como associações, quer profissionais, quer cívicas, parceiros estes cuja identidade foi revelada na nossa crónica do número anterior deste

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jornal, bem assim como uma síntese das conclusões de cada uma das Conferências preparatórias realizadas nas regiões âncora do nosso Tejo durante o Ciclo do pré-Congresso, o que também contribuiu para que durante o período de tempo que

ultrapassou dois anos, Portugal e os portugueses tivessem ouvido, lido e falado do Tejo, o que deu visibilidade ao rio. Tudo isto foi posto em marcha, devido ao facto do Congresso do Tejo III ter como superior desígnio dar um


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forte contributo para serem encontradas as soluções para os problemas com que o Tejo se debate actualmente, por um lado, mas por outro, para evidenciar as potencialidades que ele possui, que ainda são bastantes, para que aproveitadas com saber, conseguir-se torná-lo numa alavanca para o crescimento económico da sua bacia hidrográfica e do próprio país. Este novo Congresso do Tejo está preparado e determinado a ser o evento e o sítio mais

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Notícias do Mar

PROGRAMA DO CONGRESSO DO TEJO III Mais Tejo – Mais Futuro Um compromisso Nacional Local: Lisboa - auditório a confirmar Data: 24 e 25 de Novembro de 2017 1.º DIA 8.30 h – Recepção aos participantes 9.00 h - Sessão de Abertura 9.30 h - 10.10 h – Conferência de Abertura 10.10 h – 11.10 h 1.º PAINEL Presente e Futuro I - Portugal e Espanha - Acordos, acompanhamento e questões técnicas e administrativas - Planeamento de Recursos Hídricos e Ambientais 11.10 h . 11.40 h Intervalo 11.40 h – 13.30 h 2.º PAINEL Presente e Futuro II - Conflitos de usos - Gestão com a participação pública em sistemas de recursos hídricos - Riscos – Controlos e contingências - Aproximação ao Rio 13.30 h – 15.00 h Almoço 15.00 h - 15.50 h 3.º PAINEL Potencialidades e Estratégias de Desenvolvimento - Tema e orador da EPAL – a confirmar - Estratégias de desenvolvimento - Desenvolvimento e turismo 15.50 h – 16.50 h. MESA REDONDA com debate Encerramento dos trabalhos 16.50 h – 17.20 h Sessão especial de trabalhos com Perguntas e Respostas sobre o Programa de Acções 2.º DIA 9.00 h – 9.40 h 4.º PAINEL Mais Tejo – Mais Futuro Com intervenções sobre o tema – considerações e soluções - 1.º Convidado - 2.º Convidado 9.40 h – 10.20 h - 3.º Convidado - 4.º Convidado 10.20 h -10.50 h Intervalo 10.50 h – 11.30 h Conferência de Encerramento - Convidado espanhol - Convidado português 11.30 h – 12.00 h Resumo das Conclusões e Recomendações dos Trabalhos do Congresso 12.00 h – 12.30 h - Tejo Vivo Programa de Acções (proposta preliminar da Carta de Lisboa) a confirmar e assinar `a posteriori 13.00 h Sessão de Encerramento do Congresso - Seguido de um programa social a confirmar (dependente do estado do tempo)

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Notícias do Mar

indicado e apropriado onde devem ser debatidas e avaliadas, tanto as vulnerabilidades como as valências actuais do nosso Rio, para serem encontradas as propostas de soluções e apontar caminhos para que o Poder Central tenha em consideração para tomar as devidas providências para termos MAIS TEJO-MAIS FUTURO. Quando a Tagus Vivan é questionada sobre quais as razões e os fins para que se empenhou tanto a pugnar para que este evento não deixas-

se de realizar-se ainda este ano, insistindo em que ele conseguisse ter um upgrade qualitativo e mais abrangente no seu programa temático, quer técnico, quer científico, responde que o seu principal objectivo é o de procurar criar sinergias e vontades fortes para que se consiga fazer do Tejo: Uma fonte de vida e de riqueza, um Rio despoluído e navegável, um território qualificado e de referência, um espaço atractivo com qualidade de vida, uma região produtiva com

uma economia sustentável; um destino turístico atractivo de referência, ou seja UM RIO DE MARCA, internacionalmente. É evidente que durante a preparação deste Congresso do Tejo III, houve o cuidado de proceder-se de modo a que a elaboração do programa temático final, após ter sido adiado, fosse valorizado de forma a ser mais objectivo, criterioso e dotado dos recursos técnicos, científicos e políticos indispensáveis, e também para

poder contar com uma participação significativa, apresentações à altura, com moderadores e oradores especializados nas matérias programadas, para serem debatidas e avaliadas de forma a criar as condições exigidas para serem encontradas propostas de soluções, para que consiga chegar a conclusões bem fundamentadas de modo a conseguir ter a força e a importância indispensável para que o Tejo volte a ser um Rio Vivo e Vivido.

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Notícias do Mar

Voo do Guarda-Rios

Direito à Água

O Guarda–Rios (GR) no seu voo sobre o Tejo, quer nas alturas quer no voo rasante vai-se mantendo a par do estado do Rio, desde a Serra de Albarracin até ao Atlântico e nesses voos está sempre atento para manter-se informado com actualidade, o que o está a preocupar bastante com a sobrevivência do nosso Tejo.

E

le sabe que por definição e conceito generalizado “Um rio é um curso de água, usualmente doce, que flui desde a nascente, situada numa zona mais elevada para uma de baixo relevo até entrar num lago, numa albufeira, noutro rio ou directamente no mar”. Mas por vezes acontece, como é o caso do rio Tejo, que por ser transnacional passa a ser um rio partilhado, cuja partilha deve legitimamente ser equitativa, pelo direito internacional e não só, o que de facto não está a acontecer em boa verdade, porque é evidente que a água do Tejo que é deixada passar na fronteira para o lado de cá, pela barragem de Cedillo, não tem sido suficiente para manter regularmente o caudal ecológico mínimo exigível, e até se sabe quais são as 38

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Notícias do Mar

causas disso acontecer, porque o país vizinho, aproveitando o facto do Rio ter nascido no seu território aproveita-o, ou melhor, explora-o como se fosse exclusivamente seu, e o GR até se recorda de ter lido mais do que uma vez no Notícias do Mar, algumas denúncias sobre os desvios da água mais pura da nascente para territórios do sul de Espanha, da retenção da água nas inúmeras mega barragens, no uso do rio como uma cloaca da grande Madrid, etc, etc, etc. Portanto não foi para ele uma novidade ter saído no jornal i, no passado dia 15 de Agosto uma notícia com o título na capa, em parangonas “ESPANHÓIS DIZEM QUE RIO TEJO ESTÁ EM RISCO DE SECAR COMPLETAMENTE”, referindo-se ao que afirmou o espanhol Miguel Ângel Sanchez, um homem que sabe o que diz, porta-voz da Plataforma em Defesa do Tejo, citado pelo jornal “The Guardian”, denunciando que “o Rio está em perigo por causa de uma combinação das alterações climáticas, da transferência de água e dos resíduos poluentes provenientes de Madrid”, e diz mais “ A quantidade de água disponível foi mal calculada e as secas cíclicas em Espanha não foram tidas em conta. Hoje presume-se que no país vizinho apenas 47% dos recursos hídricos estão disponíveis e os níveis das barragens encontram-se nos 11%, um valor muito baixo para se proceder ao desvio da água do Tejo ( transferências = transvases)” (…) mais disse que “ A lei aprovada na sequência de uma directiva europeia, após uma delegação da UE ter visitado os rios Tejo e Ebro e emitido um relatório crítico da gestão espanhola dos rios (…) Porém os problemas do rio Tejo não se resumem só à falta de recursos hídricos mas também ao despejo de águas residuais da cidade de Madrid e ao arrefecimento de reatores nucleares, como é o caso da central nuclear de Almaraz. Perante a denúncia destas causas, que o GR já conhecia em grande parte, não quer deixar porém de relembrar aqui as seguintes passagens que leu numa crónica do Notícias do Mar de Junho passado, que se transcreve, para que uns se

recordem e outros conheçam: Antigamente estes problemas da partilha da água entre vizinhos eram resolvidos à força da enxada ou sacho, que resultavam em crimes de sangue, mas agora que somos mais civilizados, ainda está por saber-se como resolver concretamente este caso, e para terminar aquela crónica dizia assim: Podemos até pensar, exagerando talvez um pouco, que por este andar o Tejo em Portugal ainda pode vir a ser uma Ria, um braço do mar, alimentada com a água da maré vinda de jusante, e então entramos

na Era dos rios nascerem no mar, como diz uma canção (o que seria calamitoso para as extensas e produtivas Lezírias do Tejo, e para a captação de água em Valada). Um amigo do GR, o Eugénio Sequeira, homem muito conhecedor, disse-lhe o seguinte: “Reparem que o nível do mar sobe, os caudais do Tejo reduzem-se pela seca e pelo transvase feito em Espanha, se este ano com os problemas da qualidade da água e salinização e sodização dos solos nos perímetros de rega em Espanha, com a seca, como vai ser o consumo e o volume do transvase????

(…) Com os incêndios na bacia do Tejo (Zêzere) e com os problemas na barragem do Castelo de Bode, às primeiras chuvas haverá um transporte de sedimentos e um arrastar de cinzas (Fósforo, Cálcio, Magnésio, Potássio, etc. etc.,) que irão causar uma fortíssima eutrofia, e provável desenvolvimento de cianofícias se nada for feito. De um lado o desvio criminoso de água, e risco agravado de intrusão salina na captação de Valada do Tejo, uma vez que os peixes de mar já vão até ao Carregado. O que dizer e fazer a isto???

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Notícias do Mar

Texto Carlos A. Cupeto Fotografia Boris Paiva van Es

O Tejo a Pé

Rios

Lá fora faz calor - canal de rega no Sorraia.

T

erei tempo e modo para contemplar o património da Natureza e das mãos do homem.

Também terei momentos de silêncio ou deserto. (D. Serafim Ferreira e Silva, Bispo de Leiria - Fátima; in Guia Ca-

minhos de Fátima - Caminho do Tejo) Vivemos num tempo passado ou futuro - ignoramos o

BNV, as pequenas rotas são fantásticas para toda a família. 40

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presente - em que queremos viajar cada vez para mais longe, mais barato, com a máxima intensidade. Esquecemos o que temos à porta. Os limões que consumimos chegam-nos do Chile. Alguém ainda acredita que isto pode dar certo? O que temos à porta é um capital natural de grande valor e único. Na verdade o território português goza de uma geobiodiversidade sem paralelo, contrariamente a outros tipos de património como igrejas, castelos e afins que todos os outros (Espanha, Itália, França, etc.) têm muito melhor que nós. O nosso modelo de produto turístico está, mais uma vez, equivocado. Apesar do grave período de seca e do terrorismo, que por cá se chama incêndios, os nossos rios são vivos e encerram uma enorme riqueza


Notícias do Mar

Os nossos rios são vivos, só falta vivê-los.

não calculada. No Tejo a pé valorizamos este imenso património e procuramos vive-lo e usufrui-lo com a caminhada mensal. É magnifico o que vemos e vivemos quando andamos. A pé é a melhor forma de conhecer um país, uma região, ou, até mesmo uma cidade. Além disso andar é o melhor e mais barato exercício físico. Neste mês de setembro, dia 24, o destino é a prazerosa Benavente. Vamos andar pela Reserva Natural do Estuário do Tejo, designadamente nos exuberantes troços finais dos rios Sorraia e Almansor. Os rios portugueses são maravilhosos, se forem vividos por si ainda melhor; junte-se a nós no dia 24 de setembro, 9:30 em Samora Correia, Largo J.F. Prates (Latitude 38°56’18.85”N / Longitude 8°52’12.05”W). Qualquer questão cupeto@uevora.pt .

Andar é o melhor que pode fazer por si.

Isto também é rio - Várzea de Samora. 2017 Setembro 369

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Pesca Desportiva

Viagens de Pesca

Texto e Fotografia Vitor Ganchinho

Adeus peixe…adeus Senegal. Contar a morte de um país… em meia dúzia de linhas.

Meros e garrafas de mergulho, um crime ecológico! - Esta sua mala tem 30 quilos!...isto pesa como chumbo! Obviamente não pode seguir! - Minha querida, por acaso trata-se da mala da roupa. É a mais leve. Essa até pode ficar cá, que eu pesco mesmo de tanga, à Tarzan. 42

A outra é que tem mesmo de ir, a que traz os carretos, os cabeçotes de chumbo, os vinis, as Rapalas e os jiggs. Peça aí um empilhador à TAP para a levantar para cima do seu tapete. - Hugg!…Mas é impossível levantar isto. Não sabe

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que tem um limite de 20 quilos?! - Sei. Mas a minha avó Maria sempre me disse: “ netinho, quem vai para o mar avia-se em terra”. Ora é certo e sabido que eu vou para o mar. - E as pessoas da Groun-

dforce, que vão ter de carregar isto? Como é que eles podem ter capacidade para manusear esta carga? Vão ficar cheios de artroses! - Quando é para levantar bem alto os cartazes a dizer que estão em greve, e que querem aumentos, não têm artroses. Aqui para nós que ninguém nos ouve, isso também é falta de genica sua. A senhora está franzina e escanzelada. Acabe com isso das dietas da internet. Ganhe forças! Coma pão com presunto, com azeitonas, com torresmos. Coma pão com toucinho! Quanto é a multa? Nestas coisas da pesca, não convém facilitar. Muito menos quando a “guerra” é feita com pessoas como o António Pradillo e o Raúl Gil, de Valência. Eu sabia que eles iriam aparecer equipados até aos dentes. E apareceram, armadíssimos de canas e carretos. E pouca roupa. Seguiram num voo directo de Madrid para Dakar. Desta vez, solicitámos a um amigo comum, Carlos Rodriguez, da província de Leon, habitual fornecedor de filmes do canal Caza y Pesca, para captar algumas imagens com as suas camaras. A ideia era fazer um documentário da viagem. Riram-se quando lhes contei que na TAP, só para me fazerem o transporte de um tubo com 2.8 kg de canas, cobraram 200 euros de taxa. Malta amiga. Eles em Espanha pagaram zero, porque a companhia aérea deles entende que um pescador que vai a África,…tem de levar as canas. Ou não vai. O meu amigo Mohamed Cherif estava à nossa espera. Mais velho e mais gordo,


Pesca Desportiva

com 48 primaveras, ainda é um dos melhores caçadores submarinos da sua aldeia, N`Gor. Mergulha todos os dias abaixo de 30/40 metros, para fazer uns peixes, para casa e para vender. Amigo de muitos e bons anos, mais de 25, tinha-me prometido barracudas gigantescos, pargos lucianos com fartura, e muitos badejos. Tangas… que queremos escutar antes de ir, porque nos animam. Acabou o Peixe no Senegal Alugar um barco no Senegal é neste momento muito fácil. E deve ser tratado no local, não feito previamente. Esqueçam a internet. Esqueçam os preços altos. Mais de metade da frota de pesca desportiva está à venda. Os proprietários de barcos estão pelos cabelos, com meses e meses de aluguer zero. Motivo: não há peixe! Motivo para não haver peixe: os senegaleses acabaram com tudo. “Lixaram” por completo todas as pedras até aos 80 metros. Dia após dia, cada pedra é visitada várias vezes, por uma matilha de “caçadores de garrafas”, que dizimam meros e badejos a um ritmo insuportável para a natureza. O peixe não se faz num dia. Para que entendam como

Dourado capturado c/ linha ligada a bóia derivante. Uma morte sem glória para um lutador nobre. se chega a este estado, deixem-me fazer-vos uma breve introdução. Tratamos de um país que goza de uma localização privilegiada no continente africano. As águas frias a 12/ 13º C que descem da Mauritânia no início do Inverno, trazem um tipo de peixe de qualidade, os meros, os badejos, pargos semeas, e muitas outras espécies que nos são comuns. No fim do mês de maio, dá-se uma inversão tremenda: as águas quentes

A. Pradillo a pescar na baía, enquanto os senegaleses carregam as garrafas para mais um dia de matança

chegam do sul, da GuinéBissau, carregadas de barracudas, pargos lucianos, cobias, veleiros, enxaréus, etc. É o momento esperado pelos pescadores locais: com águas entre os 27 e os 31ºC, ei-los que chegam, prontos para a matança. Apenas as pedras são as mesmas, os peixes mudam radicalmente. Com a chegada de peixes novos, menos desconfiados, inicia-se um período favorável para caçar e pescar à linha. O

peixe vem dos mangais, de águas verdes, de zonas baixas onde os arrastões não conseguem pescar, porque encalham. Estranho seria ainda assim que os pobres peixes tivessem um minuto de descanso: a solução passa por contratar pescadores locais, guineenses, e também muitas centenas de senegaleses, os quais, a bordo das suas pirogas de pequeno calado, pescam naqueles baixios com redes de emalhar. Vão posteriormente

Mercado de peixe em Dakar. 2017 Setembro 369

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Pesca Desportiva

Garrafas da morte.

À vista de todos: garrafas para “caçar”. vender as suas capturas aos barcos de grande porte, que os esperam ao largo. A Coreia do Sul, um dos muitos países asiáticos a pescar no

Senegal, não fez por menos: ofereceu a construção de um estádio de futebol em Dakar, por troca de licenças de pesca para os seus ar-

madores. Assim se vendem os recursos marinhos de um país. O negócio é de tal forma lucrativo que permite aos comandantes destes barcos-fábrica desplantes como este: ir todas as noites aos casinos, gastar milhares de euros em poker, roleta, máquinas, etc. Segundo o encarregado de um desses espaços nocturnos, falamos de 30, 40 mil euros por noite…por pessoa. Na Mauritânia, as zonas classificadas de reserva, permitem a pesca desportiva, mas não a caça submarina. Não entram armas e não entram barcos a motor.

Meros de 10 anos de idade, chacinados num segundo. 44

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O único tipo de barco autorizado é o pequeno barco à vela, utilizado pela faina artesanal. Na circunstância, aquilo que é pescado regularmente é a tainha, a qual, depois de seca, serve de moeda de troca com outros bens. Fora das reservas, ….é a guerra, com barcosfábrica de inúmeros países, incluindo Portugal, a operar em continuo. Como sempre, uns mais legais que outros. Mas não se fica por aí a desgraça: um artista senegalês, rapaz com olho para o ofício, resolveu potenciar o negócio da pesca na Mauritânia, contratando no Senegal, nas aldeias de Yoff, Ouacam, N`Gor e M`Bour, cerca de vinte caçadores submarinos, para matar peixes por atacado. Pagava então a 1 euro o quilo, o mero, o badejo e tudo o que sejam peixes ou mariscos capazes de venda. Está em descanso merecido, preso pelas autoridades do país. Que o conservem por lá de “férias” muitos anos. Como medida de retaliação por este acto tresloucado, as autoridades mauritânias expulsaram todos os pescadores senegaleses das suas águas. Se as condições no Senegal já eram más, … muito pioraram com a chegada de mais umas centenas largas de embarcações, a fazer concorrência aos milhares de pirogas que já existem localmente. E que


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pescam todos os dias, numa pressão sobre o peixe absolutamente insuportável. O sistema montado ajuda a exterminar os recursos O povo senegalês é rijo, luta pela vida o quanto pode e agarra-se a tudo para poder sobreviver. Com ou sem ética, porque aquilo que conta é o dia de hoje. Aqueles que trabalham nos centros de pesca desportiva, e sobretudo os discretos ajudantes de skippers dos barcos de pesca desportiva, registam as coordenadas obtidas de cartas marítimas pelos seus patrões e …vendem os pontos de GPS. O sistema é simples e eficaz: O barco chega à praia, e vem carregado de peixe grosso. O ajudante é pressionado para dizer onde estiveram. Não diz à primeira nem à segunda. A seguir acenam-lhe com notas. Dar as coordenadas de forma discreta dá menos trabalho que transportar o equipamento de pesca. E a pedra é “vendida”. Trata-se de dinheiro fácil, uma boa pedra pode chegar a valer 300.000 CFA, cerca de 500 euros. Todo o sistema montado ajuda a exterminar os recursos. Existem inúmeros compressores a carregar garrafas de mergulho, a operar em contínuo, dia e noite. É ver pela manhã bem cedo, a juventude local a largar para o mar, carregando as pirogas com armas, garrafas e com a esperança de chegar às melhores zonas antes dos outros. São dezenas de pirogas a sair diretas para os destroços de barcos afundados, para pedras que ficam cada vez mais longe da costa, cada vez mais fundas. Não se trata de possíveis mortes anunciadas: já morrem semanalmente muitos destes mergulhadores.

A semana anterior, mais calma, registou apenas duas mortes. Motivo: mergulhar a 70/ 80 metros, sem fazer quaisquer patamares de descompressão, utilizando duas a três garrafas por dia, como mínimo. Muitos jovens estão a morrer, ou ficam estropiados para sempre, com braços ou pernas pendidos, sem ação. Creem fortemente que os cornos de carneiros, as inscrições em árabe nas pirogas, conchas e outros feitiços, os seus “grigris” benzidos, os tornam invulneráveis. Discutem entre si a força maior ou menor deste ou daquele feitiço. No fim, ficam lá, agarrados a pedras que estão fundas, são reais, e não perdoam. Um contacto local explicame a razão de não proibir de imediato este flagelo: as eleições para as “autarquias” locais obrigam a que não se mexa no assunto. Os chefes das aldeias sabem que proibir as garrafas, de momento a forma de conseguir algum peixe e dinheiro para o dia, significa perder o cargo politico, o emprego. Em conversa com um deles, procurei explicar que um mero vivo pode valer centenas de vezes o valor de um mero morto. Com uma aposta franca no turismo de mar, poderiam desenvolver o país. Os hotéis poderiam empregar muito mais gente, os restaurantes poderiam ter muito mais clientes, os táxis transportariam mais passageiros, a construção empregaria muitos mais operários. O mesmo mero poderia ser visto por muitos turistas, a pagarem cada um deles o valor a que agora estão a vender o animal morto. Significa multiplicar por duzentos o valor de um mero. Resposta dele: “Isso até me parece bem. Mas nós precisamos de comer hoje”. Sempre o hoje, o imedia-

Um casal bonito.

Auto- Boubou senegalês. Alguns trabalham 2017 Setembro 369

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Pesca Desportiva

A. Pradillo e Raúl Gil, dois dos melhores pescadores europeus. to, e a ausência absoluta de planeamento. Com todos os dados à frente dos olhos, …escolhem o hoje.

Os filhos desta gente pagarão uma factura muito alta, por esta opção. As redes dos pescadores vêm hoje

As tropas desoladas com a escassez de peixe. 46

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cada vez mais vazias. As malhas, anteriormente de 15 cm de largo, têm hoje 3 cm. No mercado de Soumbedioune, os peixes que antigamente tinham 10 quilos, têm hoje 0.5kg. Ou menos. Vimos sobretudo peixe miúdo no mercado de Dakar. Os meros, mortos a tiro, são exportados para a Europa. Comprados a 3 ou 4 euros, e vendidos a 20 euros/kg. Os ciganos não gostam de ver bons princípios aos filhos. Nesse aspecto, as nossas pescarias começaram de acordo com o figurino cigano: mal que nem cobras pretas venenosas. Dou-vos o relato de alguns dos meus dias de pesca, para que tenham uma ideia geral de tudo o que pode acontecer por aquelas paragens. Calce o leitor os meus sapatos, ponha o meu chapéu, e venha daí, para fora do hotel: Primeiro dia de pesca e primeira decepção São 6.00h da manhã. Acor-

do sobressaltado com o despertador, com mais vontade de ficar que de sair. A minha mulher anima-me a ir embora, dizendo que está pouco vento. Por vezes penso que se quer livrar de mim. Ao fim de 20 anos de casados, deve estar farta de mim e das minhas parvoíces da pesca, até à raiz dos cabelos. Depois de a Lena ter passado com a roda do carro por cima da nossa cocker branca, acho que sou o próximo na sua lista de assuntos a tratar. Deixei de comer o seu esmerado pequenoalmoço, ovos mexidos com cogumelos vermelhos com pintas brancas. Davam-me azia e espumava da boca. Mas ela não desiste. Tenho a noção de que o facto de ela saber que pode vir a receber uma indeminização choruda de mais de 125 euros do meu seguro de vida, a leva a tentar de tudo para acabar comigo. O hotel só abre a sala de refeições às 7.00h da manhã. Saí sem comer nada. Os lobos também saem da toca sem comer, e não é por isso que se empenham menos nas suas caçadas, pelo contrário. O primeiro taxista da fila abriu-me a porta. Quando a fechei, fiquei com o manípulo na mão. A porta não caiu, mas isso não seria surpreendente de todo. Depois de cento e vinte tentativas de pegar o motor, e depois de eu já ter contado todas as rachas que tinha no pára-brisas, ( não há táxis com vidro da frente da frente intacto, e muito menos algum que tenha menos de 30 anos), perguntei-lhe se achava que iria pegar. Garantiu-me que sim. Olhei para a quantidade de imagens do profeta que tinha pregadas ao tecto do carro com pioneses. É bom que se tenha fé, quando temos um carro daqueles. Inspirou-


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me a fazer o mesmo: pregar fotos de peixes no tecto do meu carro. Escusado será dizer que não pegou. Resolvi então sair para o segundo carro da fila. Pegou. Fiz em 15 minutos o percurso entre o hotel e a aldeia onde mora o Cherif. Uns 6 quilómetros. Paguei 3 euros. O taxista achou que eu era um cliente interessante, e perguntou-me se devia ficar na praia à espera que eu chegasse, para fazer o trajecto inverso. Disse-lhe que nesse dia iriamos pescar para o Kounke Djabar, a 70 quilómetros de Dakar, pelo que seria melhor não. Não havia ideia nenhuma sobre a hora da chegada. Podiam ser 8 horas, podiam ser 12 horas. Resposta: “Pelo sim pelo não, eu fico aqui à espera”. E quando cheguei, … lá estava à espera! Se querem um taxista fixe, aqui têm o contacto: Ngagne Niang, chauffer de “táxi com climatização”, (lol), todos os destinos: 00221-777687913. Aquilo da climatização só podia ser brincadeira, porque eu passei horas dentro do carro e o pó e o vento entravam por todos os lados. O carro é um passador. Mesmo umas rezas valentes e a preceito não chegariam para vedar tantas rachas e buracos. Nem tapando com os livros do Corão que sempre faz questão de trazer no tablier. Mas a verdade é que nos dias seguintes, saiu sempre comigo de madrugada, e à hora da chegada, bem ao final do dia, lá estava ele na praia, à espera do barco. Primeiro dia de pesca, e primeira decepção. Pese embora os amigos valencianos tenham feito de início uma dupla de lírios de médio porte, até aos 10 kgs, e um ou outro pequeno atum, ficou-nos sempre um travo amargo na boca. Aquilo não

era o que estava previsto. Estava francamente difícil. Nesse dia, apenas tivemos uma picada boa. Um peixe forte, que encostou a barriga do Raúl Gil à amura do barco. A cana toda vergada deixou-o a gritar por socorro. Este peixe, seguramente muito bom, roçou a linha de nylon de 1mm nalguma aresta do destroço, a 60 mts, e partiu. Visitámos mais barcos afundados, na zona existem dezenas, e o resultado era invariavelmente o mesmo: uma ou duas picadas de início, e adeus peixe. As segundas e terceiras passagens eram nulas. Terminámos o dia a pescar junto às ilhas Madalenas, a fazer light-jigging, aos peixes miúdos. Um dia decididamente para esquecer. Segundo dia de pesca e um pargo para o jantar Segundo dia de pesca. Durante uma hora, entre as 6.30h e as 7.30h da manhã, estive na praia da baía de N`Gor e assisti à saída de cerca de 50 pirogas. Mais de metade eram “caçado-

Peixe balão minúsculo de tamanho, mas grande de coragem contra o jig. res submarinos” com armas e garrafas. Uma lástima! Encontrámo-los mais tarde no mar, a matar peixe sobre uma pedra a 55 metros de profundidade. Várias garrafas de reserva estavam

ainda a bordo, esperando a sua vez. Ao fim do dia, uns quantos meros, badejos, e mais uma pedra vazia. Este não é o Senegal que sempre conheci. Tenho mais de vinte anos de experiência

O Raúl Gil com um dourado de cerca de 11 kilos. 2017 Setembro 369

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Pelicano amigo. Mas que morde!!

Raúl com um lírio dos destroços. Há centenas de barcos afundados, ..com lírios por cima. 48

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de pesca à linha e mergulho naquele país. Muito sofreram estes braços e estes pulmões naquelas águas. Isso dá-me hoje uma razoável capacidade de análise e permite-me comparar o que vi, e o que vejo agora. É outro mundo. Bem sei que aqueles mergulhadores podem fazer num dia, matando peixe, o mesmo que fariam num mês de trabalho em qualquer outra coisa, mas a verdade é que o bem que têm em mãos é finito, e cada vez estará mais fundo, mais dificil, mais massacrado. E a provocar mais mortes. Solução para nós no imediato: sair para longe, para pedras afastadas, espreitando a possibilidade de estarem menos batidas, mais descansadas daquela horda de “caçadores”. Saímos pois para o Kounke. Pedra mítica, muito longe da costa, a duas horas de navegação, onde já vi peixes gigantescos. Meia dúzia de lances, e já tinha a equipa toda a dormir: zero peixe. Pedi ao meu querido corvo cormoran negro, o sempre bem disposto Cherif, para ir ao fundo, ver o que havia por lá. Apenas alguns carangídeos, os blue runners, a meia água, e alguns pargos pequenos no fundo, a 35 metros, muito desluzidos. Muito fraco. Também ali, ao largo, se faz sentir a pressão dos caçadores. O peixe leva pancada um dia e outro, e sai das pedras, ou afunda para outras onde não é incomodado. O Cherif fez um pargo de 7 kgs para o jantar. Sei que em condições normais nem consideraria a possibilidade de atirar um peixe de semelhante peso, a 62 quilómetros da costa, numa pedra a 35 metros de profundidade. Ele que já ali fez peixes de 80 kgs….estava a apurar tudo pelo mínimo. Duas horas de caminho, sob vento e vaga forte, para

nada. Os jiggs de 200 gramas rebentavam os braços num instante. Muito trabalho, muita expectativa, para nada. Já de retorno, a meio do caminho, um imponente peixe-vela passou à superfície. Colocámos o barco a navegar em paralelo e um de nós preparou-se para lançar. Desta vez, calhou ao Raúl tentar o lance, mas dado o vento que se fazia sentir, foi infeliz e a amostra caiu atrás do peixe, que se apressou a dar à cauda e a desaparecer nas vagas. Os veleiros são pescados de forma artesanal, com o sistema de bóia, cinco metros de fio e anzol iscado de sardinha. Ou muito recentemente, com uma novidade assassina: redes derivantes. Segundo o Cherif, podem recolher aos 300 de uma só vez. Não há forma de sustentar este ritmo de pesca. Os veleiros, anteriormente tão abundantes no Senegal, são agora escassos. Peixes que levam anos e anos a reproduzir, são dizimados em poucas horas, nas zonas de trabalho das redes. No terceiro dia o destino foi Saly No dia seguinte, o plano era sair ao sul, e tentar as pedras mais baixas, especialmente a famosa Pedra S, uma língua de rocha a 20 mts de fundo, com cerca de 2 km de comprimento, uma parede contínua de 1.5 mts de altura com muitos buracos, toda furada por baixo, com galerias e esconderijos escuros, onde já vi toneladas de peixe de qualidade, lagostas, cavacos, etc. Era ali que eu achava que poderia bem melhor. Alugámos um auto-boubou, um miniautocarro, para fazer os 80 quilómetros que nos separam de Saly, ao sul. Antigamente, eram lindos, quando pintados de cores azuis e


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amarelos. Com toda a tinta e arte africana em cima deles. O novo presidente resolveu que era bem mais moderno ter os autocarros todos de branco, e não se ensaiou muito: fez um decreto a obrigar todos os proprietários a pintá-los. Estragou tudo. Neste momento, perderam o charme, são caixotes sujos e nada mais. Colocar 20 canas de pesca e respectivos carretos, Rapalas e Jiggs com anzóis montados, nunca será fácil. A logística envolvida é impressionante. Centenas de quilos de material, entre material de pesca, roupas, comida, sacos. Ainda em N`Gor, parámos numa “pastelaria” para comprar algo para comer. Falo de pão e de manteiga. A dieta diária naquelas paragens é sempre muito simples, só se come bem à noite. Encontrei algures numa caixa um croissant perdido com um recheio interior escuro. Coisa estranha. Sabia decididamente a gasolina de avião. Provavelmente terá sido a minha mulher a fazê-lo. Tenho sempre a ideia de que me quererá envenenar. Não sei se não virá a arrependerse, porque encontrar um homem bom, bonito e atlético como eu está cada vez mais difícil. A meio do caminho, comprámos as melhores mangas do mundo, ao preço mais barato do mundo: por 0.60 cêntimos de euro, quilos delas! Os amendoins torrados, excelentes! Os cajus, muito bons. A estrada está cercada de uma floresta de cajus, comunitária, onde qualquer um pode colher os frutos, separar a semente, e comer. São bem melhores torrados. Chegada a Saly. Adivinhem quem estava no barco à nossa espera… sim, esse mesmo, o barqueiro Doune Gay. Detesto o nome Dou-

ne. Logo ali a sorte da expedição ficou comprometida. O barco, outro barco que não o do ano passado porque ele destrói tudo, parecia … razoável. Os motores não, esses só com muito amor à arte se poderiam considerar motores capazes. Cheios de esperança na pescaria, saímos para o mar, bastante calmo. Primeira paragem, numa célebre bóia amarela de meteorologia, com cerca de 3 mts de diâmetro. Onde o ano passado fiz um dourado depois de o mesmo artista ter embatido contra o “monumento”. Desta vez, o Raúl foi o único com sorte, pescando um bonito dourado, com cerca de 11 kgs. Equipamento ligeiro torna esta pesca emocionante. No fim, o peixe e o Raúl, ambos exaustos, cumpriram com o seu destino. Seria pois o jantar dessa noite, um magnífico “carpaccio” com alcaparras e muito sumo de limão por cima. Evidentemente, comemos o dourado, …não o Raúl. Mais dois dourados entra-

O inenarrável Doune Gay. O que eu embirro com o nome de Doune… riam a bordo, mas sem glória: os senegaleses pescam muito com um sistema de bóias soltas. Já aqui vos falei deste método, sobretudo para a pesca do peixe vela. Largam umas dezenas de bóias, com um fio de nylon grosso, um anzol de bom tamanho iscado com uma sardinha. E esperam. Se o artista não está atento, se o atleta se deixa dormir a sonhar com um frango assado, acontece o que aconteceu a estes dois dourados: picam

e largam a correr com a bóia atrelada, até esgotarem as forças. Um deles teria cerca de 15 kgs a 17 kgs, nunca menos. O outro cerca de 13 kgs. Vejam as fotos. Quando estávamos a caminho da Pedra S, encontrámos o jovem Mamadou, meu antigo pirogueiro, ajudante de muitas das minhas saídas de caça submarina quando eu tinha 30 anos e ele os seus 18 aninhos, a …“caçar” de garrafas. Uma piroga com meros e garra-

Dupla de lírios feitos com jigs metálicos. 2017 Setembro 369

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Magnifica foto de Raúl com pargo ao jig. fas será sempre, para mim e para todos os que gostam de peixes, um desconsolo. Uma dor de alma. Não consigo aceitar! Vem-me sempre à ideia um “caçador” a disparar tiros para dentro de uma gaiola de coelhos…absolutamente miserável. Quando estávamos então a concretizar a chegada à pedra, eis que o motor principal, resolveu falhar. Coisa rara…no Senegal. E logo por azar, a pôrra do motor

auxiliar, um minúsculo motor de 25 cv, velho e cansado, a dar rateres. O pobre engenho, connosco a 40 quilómetros da costa, aquecia em poucos segundos, e desligava. Era necessário deixá-lo arrefecer, para voltar a empurrar novamente o barco de 10 mts de comprimento, carregado com 5 pessoas a bordo. Começámos a estimar em meses o regresso a terra. Lembro-me de perguntar ao Cherif: “

este mocinho já alguma vez ouviu falar de “manutenção ao motor”? Que dia é hoje? Vamos chegar a Saly lá para o Outono. Felizmente, ao fim de algum tempo, conseguimos rede para ligar para terra e pedimos socorro. Os problemas em África resolvem-se, mas sempre a custo. A questão era que os que estavam em terra e que nos podiam auxiliar, não tinham dinheiro para ir comprar gasolina.

O Lago Rosa. Trabalho incrivelmente duro! 50

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Ao fim de 3 horas lá apareceram. Passámos o carregamento de canas e tralhas para bordo de outro barco, e voltámos a terra. O Doune, por penitência, ficou a bordo do barco, em deslocação lenta para a costa. Dois dias depois, recordo-me de me vir à cabeça a seguinte questão: haverá serviço de entrega de pizzas no mar? E em caso afirmativo, será que chegam ainda quentes ao nosso querido Doune Gay, perdido no mar? Terá o pequeno motor sido suficiente para aproximar a embarcação de terra? O autocarro esperava-nos na lagoa de Saly. Carregar todo o equipamento tornouse penoso, depois de um dia miserável, que ficou a meio gás. No regresso, o autoboubou teve um pequeno problema técnico: o pouco óleo que tinha saiu em definitivo e tornou-se impossível meter mudanças. Passámos a ter de empurrar para o pegar de cada vez que o carro afrouxava. Ao fim de meia dúzia de vezes, já nem de empurrão. Foi necessário arranjar outro autocarro para fazer o regresso. Mudar todos os equipamentos e tralhas outra vez! É assim África. E quem não tiver estômago para estas coisas, é melhor nem aparecer por perto. O Raúl Gil, herói do dia com o seu belíssimo dourado, cantava uma moda da Andaluzia, a solo. Com o corpo castigado por tanto puxar pelos jiggs, sobretudo por tanto esticão inútil, resolvemos descansar e ir ao Lac Rose, a 30 km de Dakar. Trata-se de um lago grande, muito suy generis, onde antigamente terminava o Paris –Dakar, de boa memória. Ali, emigrantes da Guiné e sobretudo do Mali, extraem à custa de um trabalho violentíssimo, extremamente duro, o seu


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sustento para o dia-a-dia. Posso dizer-vos um pouco mais sobre este lago: com uma profundidade máxima de 3 metros, tem uma pelicula de cerca de 1,5 mt de sal, agarrado ao fundo. A percentagem de sal é de cerca de 34%, muito mais do que o nosso querido Atlântico, o qual ronda os 3,5%. A água tem uma densidade enorme e por isso, na horizontal, os nossos corpos flutuam sem se afundar. O trabalho consiste em, com água pela cintura, bater no fundo com uma lança, partir a crosta de sal e apanhar o que se pode com uma pá. Carrega-se o barco de madeira com cerca de uma tonelada de sal, literalmente até o barco ficar com as amuras a 1 cm do nível da água, e atravessa-se o lago para vir descarregar. É um trabalho de 6 horas, duríssimo, para vender esses 1000kgs de sal por 45 euros. Os corpos dos homens que ali trabalham, são cobertos por uma camada de gordura, para que a pele não abra chagas. Qualquer ferida é um tormento, porque não fecha. O sal é transportado dos barcos para grandes pilhas, pelas mulheres. É posteriormente ensacado e vendido no mercado local, e dos países vizinhos, carentes deste produto. Parte da colheita é ainda transportada para a Europa, onde se utiliza para derreter a neve das estradas, no Inverno. Não deixei de pensar para mim próprio: “Ainda nós nos queixamos de puxar pelos jiggs”…. No último dia duplas de lírios Último dia de pesca: mais do mesmo. Os meus amigos valencianos conseguiram mais umas duplas de lírios, sempre na casa dos 10 kgs, e deram algumas alegrias ao Carlos Rodriguez, nosso ho-

Quem trabalha num escritório não sabe o que é trabalhar de sol a sol para ganhar …nada. mem da imagem, que muito agradeceu cada minuto de combate titânico. Mesmo quando, por manifesto azar, aconteceu que o António Pradillo deixasse fugir um peixe bom junto à borda do barco. Os filmes são feitos de conquistas, mas também de insucessos. Homens do mar sabem que uns dias são do pescador, e outros têm de ser do peixe. Mas ali, foram demasiados dias a perder. Tudo muito bonito, mas não era só aquilo que nós íamos fazer àquelas paragens: sonhavam-se outros peixes. Infelizmente, o povo senegalês deve começar a mentalizar-se para uma realidade muito nua e crua: vão passar fome! Um povo que vive virado para o mar, que não tem industria, que depende quase em exclusivo daquilo que o mar lhe oferece, deve preservar de outra forma o seu maior e melhor recurso. Aldeias inteiras dependem, de uma ou outra forma, do mar e do peixe. Uns porque fazem redes, outros porque constroem pirogas, outros porque descarregam peixe, outros porque pescam, ou-

tros porque reparam motores marítimos,…não podem aceitar que se destrua em poucos meses aquilo que a natureza leva dezenas de anos a construir. A natureza

não tem possibilidades de responder a esta demanda diária. Quando não houver peixes, os turistas vão deixar de ir ao Senegal para pescar. Eu não volto.

Mudar 400 kilos de material de um carro para outro. É o que dá utilizar carros novos… 2017 Setembro 369

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Electrónica

Notícias Nautel

Minnkota ULTREX

O motor elétrico de proa, de apoio à pesca, com pedal por cabo e no resto tudo eletrónico Minn Kota® lançou em 2017, só no mercado dos EUA, este motor elétrico de proa de apoio à pesca (BASS), Minnkota Ultrex.

E

m termos simples, trata-se do motor que todos os pescadores de águas interiores sonharam. Um híbrido que combina o pedal por cabo (mais reativo e preciso) com os cérebros do i-Pilot®, completado com GPS, a super função “SpotLock” (âncora eletrónica que fixa a embarcação no ponto de GPS do momento) e muito mais. Agora também para a Europa, com a conformidade CE, o Ultrex ™ da Minn Kota oferece aos pescadores o controle e a capacidade de resposta de outros motores topo da sua gama, com pedal por cabo, como os FORTREX, mas agora com mais recursos, além de do Power-Steering e i-Pilot sem esforço, o Spot-Lock, e ajustado com Steering Lock, que permite que se tire o pé do pedal sem perder o rumo. Isto não acontecia nos outros motores com pedal por cabo. O Ultrex muda a maneira como se pesca podendo ser também controlado a partir

de um sistema Multifunções com GPS e sonar, da Humminbird. Existe em inúmeras configurações, com ou sem ipilot ou ipilot link, etc. Caraterísticas fundamentais: • Power Steering: Control Ultra-responsivo, que reduz o esforço e fatiga do pé. • Steering Lock: Ao tirar o pé do pedal, o motor continua a

Minnkota Ultrex instalado 52

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conduzir a embarcação na mesma direção em que estava • Pedal Ultrex: Contem commandos de Power steering com Spot-Lock e AutoPilot (piloto automático) • Lift-Assist: apoio ao içar/ arrear o motor para fora/debtro da água • Braço de apoio já testado e usado noutros motores Minnkota . • Cabo do pedal com reforço em revestimento de aço inox. • Bluetooth, via comandos de mão i-Pilot e i-Pilot Link • Digital Maximizer: função inteligente de controlo do consumo de energia da bateria, para maximixar tempo de uso.

• Transdutor Universal Sonar 2, para ligar a sondas de diversas marcas • Haste indestrutível em material compósito. Hélice especial : Weedless Wedge 2 Prop ftp://download.johnsonoutdoors.com/extranet/meg/ video/Minn%20Kota/Ultrex/ Animations/Ultrex-animation.mp4 www.nautel.pt


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Electrónica

Notícias Nautiradar

Stereoactive Continua a Somar Prémios

Prémio “Gear of the Year” A FUSION tem o prazer de anunciar que o seu Sistema de Som Portátil StereoActive, concebido para atividades em ambiente marítimo, ganhou o prémio “Gear of the Year” concedido pela “Supconnect” para a categoria de Tecnologia na edição de 2017 da “Outdoor Retailer Summer Market Show”, em Salt Lake City no estado do Utah (EUA).

A

“Outdoor Retailer” é o maior evento do sector e em cada edição que ocorre, são atribuídos prémios aos maiores, melhores e mais recentes produtos do sector. O prémio “Gear of the Year” é atribuído a produtos em dez categorias assim como, de forma geral ao produto considerado vencedor em todas as categorias. Os

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produtos considerados para este prémio começaram a ser selecionados a partir de 15 de Junho, considerando o apoio e feedback de utilizadores, revendedores e do conselho de assessoria da Supconnect. “A tecnologia e acessórios levaram o SUP a um Mercado ainda maior, apelando a entusiastas de diferentes atividades”, refe-

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re Andre Niemeyer, editor na Supconnect. “Apesar das pequenas dimensões dos acessórios, a sua capacidade para alargar o mercado de ação não poderia ser maior”. Com essa ideia presente, foi com enorme entusiasmo que o prémio “Gear of the Year” foi atribuído ao StereoActive da Fusion, sistema de som desenvolvido por entu-

siastas por desporto, com vasta experiência em design industrial e “paddling”, com vista a atingir o mercado de “stand up paddle” mas também, a comunidade de “paddle” em geral, provando que é possível praticar esta atividade e ao mesmo tempo desfrutar de um som de qualidade. Este prémio surge após a atribuição do Prémio de Inovação NMMA, no Miami International Boat Show e uma nomeação recente para um prémio DAME. “Temos muito orgulho na paixão e dedicação que a nossa equipa de design e desenvolvimento colocou no StereoActive e estamos muito empolgados e honrados com o prémio e a comunidade de “paddling””, afirmou Chris Baird, diretor geral da FUSION Entertainment. “Desenvolvemos um sistema de entretenimento áudio a pensar no ambiente ma-


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rítimo, sendo prático para utilizar 365 dias por ano, indoor ou outdoor. Temos muito orgulho na aceitação impressionante que o sector demonstrou para com este produto.” Para além da comunidade de ”paddling”, este produto tem sido bastante popular entre os proprietários de barcos, dada a fácil e rápida instalação e portabilidade. O StereoActive continua a re-

definir o conceito de “entretenimento áudio portátil”, em terra, no mar ou, onde quer que a música o leve. PVP: 349,00€ (IVA incluído) Para mais informações sobre este produto da FUSION, por favor visite o site: www.nautiradar.pt ou contacte através do 21 300 50 50.

LightHouse 3.1 Software Release

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Raymarine anuncia o lançamento da nova atualização para o revolucionário Sistema Operativo LightHouse 3, com o Release 3.1. O ecrã principal do LightHouse 3 apresenta ícones de aplicação simples e arrojados, com a possibilidade de personalizar com as aplicações favoritas. A Raymarine anuncia assim, a evolução do sistema operativo LightHouse 3 com o lançamento do Release 3.1, com vista a melhorar a funcionalidade do seu display multifunções Axiom. Para tal basta clicar aqui para descarregar a atualização ou simplesmente atualizar o software diretamente através de uma ligação Wi-Fi a partir do display multifunções Axiom. Consulte abaixo a lista de novas funcionalidades e visite o site www.raymarine. com para mais detalhes.

LightHouse 3.1 – Novas Funcionalidades: -Controlo completo do Piloto Automático Evolution a partir do Display Multifunções Axiom -Funcionalidade avançada de sonda -Função “Scrollback” sincronizada das sondas DownVision, SideVision e RealVision 3D -Colocação de pontos de navegação no modo sonda RealVision 3D -Localizaçao GPS no modo de sonda RealVision 3D para uma imagem de sonda 3D melhorada -Ajustes de Sensibilidade no Histórico de Sonda -Itegração da Aplicação Móvel da Raymarine para iOS e Aparelhos Android -Mantenha-se a par das versões atualizadas das Aplicações RayControl e RayRemote da Raymarine -Suporte para o Teclado Remoto RMK-10 -Suporte para Atualização de Software para Displays Multifunções Axiom ligados em rede -Inclui idioma Português Para mais informações sobre este nova atualização do sistema operativo LightHouse 3 da Raymarine, por favor visite o site www.raymarine.com.

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Náutica

Notícias Touron

Quicksilver Activ 875 Sundeck o Novo Emblema dos Sundeck

A Quicksilver tem o prazer de anunciar o lançamento da embarcação Activ 875 Sundeck, novo emblema da gama Sundeck. O Activ 875 Sundeck vem completar a oferta dos 4 modelos actuais, 605, 675, 755 e 805 Sundeck, e amplia a gama de embarcações de 6 a 9 metros.

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ma embarcação imponente, perfeita para navegação costeira, com lotação até 10 pessoas na categoria B e 12 na categoria C. Combina máxima comodidade com as características únicas da gama, sobretudo o elevado sentido prático para transformar a vida a bordo numa experiencia inesquecível.

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Os aspectos mais importantes e as principais características do Activ 875 Sundeck são: - Solário XXL na proa com 2.25m x 2.25m x 1.21m, com encostos ajustáveis a várias posições e com porta-copos integrados. - Um área versátil de deck,

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ideal para socializar ou para refeições. Os assentos opcionais amovíveis permitem uma zona de refeições que pode alojar comodamente até 6 pessoas. A zona de assentos na popa transforma-se num solário XL de 1.90m x 1.60m com acesso directo à água graças aos encostos ajustáveis. - Cozinha totalmente equipada com lavatório de água pressurizada, tábua de cortar, forno LPG duplo ou grill eléctrico e arca frigorífica lateral. A cozinha está inserida debaixo da coberta, deslizando para fora quando necessário, pelo que não ocupa espaço quando no está a ser usada. - Amplo posto de comando ergonómico com espaço para instrumentação que inclui GPS de 12” ou GPS duplo de 9” - Cabina multifuncional surpreendentemente ampla, com um toque pessoal que a torna

ideal para viagens de fim-desemana ou de férias. Grandes claraboias laterais no casco, vigias ajustáveis e escotilha central permitem a entrada de luz e ar fresco. Durante o dia, a zona de assentos em forma de U pode ser usada como área de refeições ou zona social. A cozinha interior, com micro-ondas e geleira (50L) permite ter comida quente e bebidas frias. - A cabina tem espaço para 4 adultos passarem a noite a bordo: cama dupla com 2m x 1,80m e uma cama adicional com espaço para arrumação, bem como claraboias laterais. - Casa de banho em cabina fechada com lavatório de água pressurizada, duche e sanita com sistema de descarga eléctrico - Zona do motor: acesso fácil a ambos os lados do painel de popa - Múltiplas opções de motorização Mercury: até 400 CV


Náutica

para instalação simples ou até 500 CV para instalação dupla. - O Pack Privilege, para os apaixonados por design e estilo, inclui acabamentos em flexi-teca, alcatifas melhoradas e estampadas com quadrados e volante de estilo superior. Traz, também, upgrades na cabina, como cofres de arrumação com alcatifa interior, luzes azuis LED ou a escotilha com cortina opaca de correr e rede de protecção anti-mosquitos. O Activ 875 Sundeck aporta soluções inovadoras e recorre às últimas tecnologias disponíveis no mercado: interface VesselView® Link, que disponibiliza os dados do motor em conjunto com a informação do SmartCraft no monitor GPS, NMEA 2000 Backbone - a aparelhagem VHF e estéreo Fusion podem ser controlados através dos monitores do sistema Simrad - o sistema Active Trim, o primeiro e único GPS acoplado no Sistema Trim - Sistema de pilotagem com Joystick para motores fora de borda, com controlo total 360º ao alcance duma mão, e os últimos produtos Simrad: GPS NSS evo3 – aparelhagem estéreo Fusion MS-RA70N - VHF RS20. Como a maioria dos modelos Quicksilver, o Activ 875 Sundeck dispõe da Edição SMART que inclui os assentos amovíveis ajustáveis no posto de comando a estibordo, solário de deck, geleira, micro-ondas, cortinas de cabina, forno

LPG e arca frigorífica. A embarcação Activ 875 Sundeck será apresentada na Feira Náutica de Cannes (de 12 a 17 de Setembro), na Feira Náutica de Southampton (de 15 a 24 de Setembro) e na Feira de Génova (de 21 a 26 de Setembro). Estará também em exposição nas Feiras de La Rochelle, de Barcelona, de Paris e de Dusseldorf. Para mais detalhes, consultar o calendário de eventos em www.quicksilver-boats. com. Sylvain Perret, Director de Marketing e Produto da Quicksilver, afirmou: “Os nossos designers e engenheiros deixaram-se levar pela paixão para criar esta em-

barcação, estudaram cada elemento até ao mais ínfimo detalhe. Com lotação máxima para 12 pessoas, 2 solários, 4 camas e grande variedade de características de luxo, o design

do Activ 875 Sundeck é um triunfo da estética, da versatilidade e da eficiência de espaço. Não há duvida que esta embarcação estabelecerá novos padrões para a sua gama”.

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Náutica

Notícias Touron

No Novo Quicksilver Activ 555 Cabin

Tudo é Possivel

A Quicksilver tem o prazer de anunciar o lançamento do Activ 555 Cabin, o terceiro e maior modelo da gama Cabin. Com um design que o distingue, este modelo compacto e ágil reúne todas as características da marca em 5,50 metros: estilo, dinamismo, qualidade, fiabilidade e sentido prático.

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Activ 555 Cabin tem tudo para grandes viagens, com espaço para 6 pessoas a bordo, permitindo desfrutar da navegação, dos desportos náuticos, possuindo, ainda, uma cómoda cama para 2 pessoas. Nas principais

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características deste modelo podemos destacar as seguintes: - Deck versátil, perfeito para navegar, para refeições ou apanhar sol. Os assentos giratórios para piloto e acompanhante permitem criar uma área de refeições para 5 pessoas, enquanto que a zona de

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assentos se transforma num amplo solário que se instala em poucos segundos sem necessidade de utilizar complicadas extensões ou outras peças. - Assento reclinável na popa que permite inclinação completa do motor, optimizando o espaço do deck. - Cabina espaçosa com zona

de assentos em forma de U e mesa. Esta mesa convertese na base para uma enorme cama dupla com cerca de 2 metros. - Maior segurança a bordo, graças ao bordo alto e degraus largos a bombordo que facilitam o acesso à proa. O piso anti-deslizante no deck e os corrimões aí existentes


Náutica

permitem uma movimentação cómoda e segura - Posto de comando ergonómico com espaço para instrumentação e GPS/Plotter/ Sonda 7”. Para aqueles que pretendam optimizar a performance do motor têm, como opcional, a instalação do interface VesselView® Link e o Sistema Active Trim. - Geleira debaixo do deck e acessível a partir da cabina. - Aparelhagem estéreo Fusion equipada com 4 altifalantes (2 no deck e 2 na cabina) para disfrutar da melhor música. - Solário à proa, como segunda opção para apanhar sol. - Escotilha central na cabina que facilita a ventilação e a entrada de luz. - Plataformas de banho convenientemente situadas com extensão opcional e escada de banho integrada. - Solo em teka artificial para dar um toque de elegância à embarcação. - Sistema de direcção hidráulica standard que permite uma condução mais fácil e com toda a comodidade. -Várias hipóteses de motorização com motores Mercury, até 115 CV. A Edição SMART está disponível para este modelo, incluindo bimini-top com fecho completo, assento de copiloto no posto de comando, almofadas para o banco de popa e mesa de cabina. O Activ 555 Cabin será apresentado na Feira Náutica de Génova (de 21 a 26 de Setembro) e na Feira de Grand Pavois (La Rochelle). Estará

também nas feiras de Barcelona, Hamburgo, Berlim, Paris e Dusseldorf. Para mais detalhes, consultar o calendário de eventos em www.quicksilver-boats.com. Para o arquitecto naval Jonathan Flesher: “Conseguimos adaptar toda a funcionalidade, a versatilidade e as nossas características originais para estes 5,5 metros de embarcação, bem como conferir-lhe o estilo da nossa linha actual com um aspecto dinâmico, desportivo e cuidado. Quando se vê em detalhe, é muito difícil resistir ao Activ 555 Cabin”. Sobre a Brunswick Marine in EMEA: A Brunswick Marine in EMEA,

com escritórios centrais na Bélgica, é o elo de ligação da Brunswick Corporation para o fornecimento nos mercados da Europa, África e Médio Oriente das marcas de motores fora de borda Mariner e Mercury, de motores interiores Mercury MerCruiser e Mercury Diesel, de motores eléctricos MotorGuide de peças e acessórios Quicksilver e Attwood, de embarcações Quicksilver, Bayliner, Valiant, Black Fin, Pneumáticos Mercury, Sea Ray, Trophy e Uttern. Mais informação disponível em www. brunswickmarineemea.com. Sobre a Mercury Marine: Com sede em Fond du Lac, Wisconsin (EUA), a Mercury Marine é líder mundial no fa-

brico de motores marítimos para a náutica de recreio. Como divisão da Brunswick Corporation, 2 biliões de dólares (NYSE: BC), a Mercury fornece motores, embarcações, serviços, consumíveis e acessórios para a náutica de recreio, comercial e governamental a nível mundial. O portfólio de marcas líderes da indústria inclui os motores fora de borda Mercury e Mariner; motores interiores Mercury MerCruiser; motores eléctricos MotorGuide; hélices Mercury; pneumáticos Mercury; electrónica Mercury SmartCraft; consumíveis e acessórios Mercury e Quickislver; acessórios náuticos Attwood e Land ‘N’ Sea. Mais informação disponível em www.mercurymarine.com.

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Pesca Desportiva

Pesca Embarcada

Apontamentos da “bíblia do slow” sobre…

Comportamento dos peixes

A bíblia do slow jigging redigida por Hiroyuki Sato tem aspetos notáveis que explicam algumas das coisas que fazemos na técnica mas que por vezes nem percebemos o fundamento. A barreira linguística não é fácil mas, felizmente, Totos Ogasawara absorveu alguns desses aspetos e ajudou a que os pudéssemos entendê-los na língua de Camões. No artigo de hoje gravitaremos em torno do comportamento do peixe e como o podemos aproveitar em nosso proveito.

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o slow pitch jigging, técnica criada por Hiroyuki Sato, cada aspeto tem o seu fundamento, baseado no comportamento dos peixes e de como os seus sentidos apreendem tudo o que os rodeia. É sobre alguns destes sentidos que centraremos a nossa atenção pois podem potencialmente determinar algumas formas de os enganarmos. Audição: 60

o peixe depende do som O peixe tem o seu sistema auditivo estendido ao longo de todo o corpo. Todos eles são “orelhas” e considera-se que muitos peixes caçam pelo som. A audição humana vai de 20 Hz até 20.000 Hz, enquanto a do peixe vai de 20 Hz até 2.000 Hz, muito mais limitada a sons de baixa intensidade. Relativamente à pesca, o

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que temos a considerar relativamente ao som é a linha. Os jiggers movem ativamente a linha para animarem o jig e isso cria muita vibração e som na água. Quanto mais grossa for a linha mais barulho vai criar e quanto mais fina for mais ataques vai provocar. Isto é um facto que todos nós já constatámos. Quando fazia jigging convencional com um leader mais grosso, o mestre Sato dizia-me que era como se

estivesse a pescar com um jig de 5 metros de comprimento! O peixe provavelmente nem ouve o barulho metálico dos anzóis e anilhas a bater no jig. Por outro lado, é considerado muito efetivo bater com o jig no fundo para fazer barulho. Isto cria alguma comoção, parece ser algo a alimentar-se, algo que atrai sempre a atenção dos predadores. Da minha experiência como mergulhador,


Pesca Desportiva

Texto Totos Ogasawara (www.anglers-secrets.com) Fotografia: Redação /Mundo da Pesca

Se na pesca submarina para chamar a atenção de certos peixes como o robalo, porque não fazê-lo com os jigs?

concordo inteiramente com o facto dos peixes viverem no “mundo do som”. O som propaga-se muito mais rapidamente e longe na água do que no ar, já o mesmo não se passa com a luz. Daí não haver razão nenhuma para que o peixe dependa da visão como nós humanos precisamos em cerca de 90%. É por essa razão que os golfinhos, outrora animais terrestres dependentes da visão, desenvolveram um

órgão auditivo especial até à perfeição, um sistema que se chama eco-localização. Os peixes que perseguimos estão na fronteira entre a predação e a precaução. Para que lado é que eles se vão inclinar é uma lotaria, um jogo de dados. Uma coisa é certa: queremos alertálos o menos possível. Os esticões que se imprimem intencionalmente e sem querer na água criam vibrações na água e estou convencido de que é importante ir animando o jig suavemente depois de cada queda e ir articulando as diferentes ações/animações com alguma fuidez. Resumindo, o slow pitch jigging é muito efetivo porque dá muito tempo ao jig para nadar por si próprio, sem estar a ser puxado pela linha. Visão: ao que prestam atenção O peixe vê relativamente mal. Distinguem mal as for2017 Setembro 369

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Pesca Desportiva

Sato defende que o peixe evita tudo o que se move na sua direção. Daí ser importante a escolha de jigs com movimentos naturais na fase de queda.

O que temos a considerar relativamente ao som é a linha. Os jiggers movem ativamente a linha para animarem o jig e isso cria muita vibração e som na água

O controle das descidas é um fator crucial e os jiggers mais experientes desenvolveram técnicas para cada jig de modo a ficarem suspensos o mais possível antes de descerem. 62

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mas, mas são muito sensíveis ao movimento. Para os peixes, a altura de comerem ou serem comidos pode ocorrer à mesma hora. O mestre Sato defende que o peixe evita tudo o que se move na sua direção, tal como nós. Nós também não gostamos quando uma mosca voa direita a nós. Da mesma forma perseguem tudo o que fuja deles, referindo Sato que quando atacam um cardume de peixes-presa preferem atacar sobretudo os exemplares que não estejam a nadar bem. A ideia é focarmo-nos em movimentos interessantes mas naturais. É por isso que é importante que os jigs nadem sozinhos e fazer – pelo menos tentar – que permaneçam em suspensão pelo maior tempo possível. É esta ideia que deve estar sempre presente na mente do pescador; é que um peixe pode estar a perseguir o meu jig na subida e eu ao parar, a deixar cai-lo novamente, a nadar direito ao peixe, posso estar a assustá-lo. É por isso que é importante aprender novas técnicas de queda, diferentes de jig para jig. Outros mestres desta técnica, como o Sr. Hirota, já me ensinaram algumas mas é um tema vasto e logo que


Pesca Desportiva

O peixe vê relativamente mal. Distinguem mal as formas, mas são muito sensíveis ao movimento. Contra senso? Se Sato refere que o peixe evita tudo o que nade na sua direção, como explicar algumas coisas, como o sucesso do long fall ou do gigantesco sucesso dos ataques na descida?

A acrescer a isto há ainda uma bem-sucedida técnica (de muitas) em que após o jig tocar no fundo se imprimem 3 a 5 voltas rápidas de manivela, seguida de 2 bem mais lentas. A questão neste último exemplo é que tendo o peixe ficado logo atento ao jig mal tocou no fundo e se lhe imprimirmos os tais 2 toques lentos, seguidos de paragem, o jig vai planar e começar de seguida a descer, indo contra o que Sato diz pois nessas ocasiões dão-se muitos ataques. Será que Sato quer apenas dizer que esses pitchs mais lentos devem ser suficientes para apenas suspender o jig na horizontal antes de voltar a descer, garantindo que isso não aconteça? É tudo muito discutível mas não podemos só imaginar que o peixe está no fundo, a questão só seria válida se a sonda o indicasse claramente. Nem todo o peixe ataca do fundo para cima e uma coisa é certa: os craques da técnica usam truques para impedir que após o tempo de suspensão o jig desça, volte para o fundo. Isso é uma realidade...

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Pesca Desportiva

O mestre Sato defende que o peixe evita tudo o que se move na sua direção, tal como nós. Nós também não gostamos

quando uma mosca voa direita a nós tenha mais informação partilharei convosco.

O pargo-dourado é desconfiado de uma maneira geral e por vezes só se captura com linhas mais finas. Será que isso se deve ao facto destas criarem menos vibração na água? 64

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Noção de tempo: movimentos que interessam ao peixe Os tipos de movimentos que os peixes querem ver numa amostra são: A – Desorientado, aleijado, a rodar sobre si próprio B – Afastado do cardume, com movimentação a sugerir pânico C – Inconsciente, em suspensão O ponto C é provavelmente o mais favorável de todos e o que terá levado Sato a criar esta técnica, para conseguir uma apresentação com pequenos movimentos horizontais, ao invés de rápidos movimentos verticais. Considera-se que a noção que o peixe tem do tempo é 55 vezes mais rápida do que a nossa. É o mesmo que dizer que veem tudo em câmara lenta x55. Um flash (movimento) de 1 segundo é para nós humanos 1 minuto em câmara lenta. É por isso que os peixes têm uma noção muito precisa de movimentos rápidos. Por outro lado, um objeto que se movimente lentamente deveria parecer estar em suspensão na água. Aqui o slow pitch jigging ganha vantagem sobre a forma como o peixe faz esta conversão do espaço temporal. Isto foi algo que me deixou surpreendido. Cada movimento é em slow motion para o peixe! Não sei bem como tirar vantagem disso mas é sempre bom saber. Se calhar vou ainda trabalhar mais ao ralenti nas minhas animações.


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Vela

XIII Campeonato de Portugal de Infantis e Iniciados

Campeões de Portugal Coroados na Madeira

Campeonato de Portugal de Infantis e Iniciados Uma regata foi quanto bastou para que fossem encontrados os novos Campeões de Portugal de Infantis e Iniciados, prova que terminou em Santa Cruz, na ilha da Madeira. A organização foi do Iate Clube de Santa Cruz e da Associação Regional de Vela da Madeira.

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Infantis e Iniciados em Santa Cruz 68

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inalmente as frotas que marcaram presença em Santa Cruz conseguiram competir. Depois de dois dias em que as condições de vento não permitiram a realização de regatas, cumpriu-se uma única, o suficiente para atribuir os títulos em disputa. Em Infantis, triunfo de um jovem velejador da casa, Rafael Aguiar que foi mais forte que Salvador Fernandes e Teresa Quartin, ambos do Clube de Vela do Tejo. Afonso Munhá, do Sport Algés e Dafundo, foi o vencedor em Iniciados, seguido da sua companheira de equipa Rita Munhá e de Leonor Ferreira, do Clube Naval de Lisboa. Em BIC Techno 293, vitória de Madalena Freitas. Angelina Freitas e Inês Pontes foram 2ª e 3ª, respectivamente. Todas as velejadoras representam o


Vela

Centro de Treino de Mar, da Madeira. Sérgio Jesus, Presidente da Associação Regional de Vela da Madeira, releva a importância da organização deste Campeonato de Portugal em águas madeirenses: “A realização do XIII Campeonato de Portugal de Optimist Infantil e Iniciados na Região Autónoma da Madeira é motivo de orgulho para todos nós, na medida em que se traduz na expressão prática de um desígnio que há muito augurávamos, após mais de uma década de ausência de provas nacionais nos nossos mares insulares. Com efeito, da conjugação de esforços entre o Iate Clube de Santa Cruz e a Associação Regional de Vela da Madeira, suportada por vários e significativos apoios e parcerias, bem como da disponibilidade dos Clubes regionais associados, foi possível erguer este Campeonato verdadeiramente de âmbito nacional, pois recebe atletas oriundos de colectividades associadas das cinco Regiões de Vela Nacionais, conferindo o estatuto desejado para a competitividade e camaradagem dos jovens atletas” sublinha. Classificação Equipas 1º Sport Algés e Dafundo 1 2 º Sport Algés e Dafundo 2 3º Clube Naval de Cascais

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Surf

Sintra Portugal Pro 2017

Joana Schenker Conquista Vitória Histórica

Escreveu-se História no Sintra Portugal Pro, com a bandeira portuguesa a subir ao lugar mais alto do pódio pela terceira vez em 22 anos de evento, graças a Joana Schenker, bodyboarder algarvia que bateu a ex-campeã mundial Alexandra Rinder (Canárias) numa final emocionante. Em terceiro lugar, a campeã mundial em título, Isabela Sousa (Brasil).

Joana Schenker a sair da água

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penas Manuel Centeno, em 2003, e Catarina Sousa, em 2009, ergueram o troféu de campeões na Praia Grande Imediatamente após a buzina que anunciou o fim da final feminina e o triunfo histórico de Joana Schenker, a atleta de Vila do Bispo não conseguia esconder a profunda emoção: “Nem tenho palavras para o que esta a acontecer, é um sonho tornado realidade. Lembro-me de ter vindo a este campeonato pela primeira vez há 14 anos e vêlas vencer aqui e parecia-me uma coisa do outro mundo, e agora, ao fim destes anos todos, conseguir o mesmo...é 70

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Tristan Roberts (RAS) e a onda de 9,75

fruto do trabalho, se calhar é isso.” Esta vitória, na prova mais pontuada do circuito feminino, lança a portuguesa no rumo de um eventual título mundial profissional, feito que seria inédito para um bodyboarder nacional. “Agora vou começar a pensar no Mundial, pois esta vitória abre-me a porta para a possibilidade de ser campeã mundial. Agora tudo é possível e gostaria de dedicar este título ao Francisco Pinheiro, a pessoa que me tem acompanhado sempre, que me tem acompanhado sempre e que me dá mais nas orelhas (risos)”, assumiu Schenker. Destaque também para o


Surf

triunfo do havaiano Sammy Morretino na prova de Bodyboard Dropknee que assim conquistou o seu primeiro título mundial numa final frente ao compatriota Dave Hubbard, 7 vezes campeão do Mundo e lenda viva da modalidade. O terceiro lugar “ex-aequo” foi para o perunano César Bauer, outro antigo campeão mundial da especialidade e para o francês Amaury Lavernhe. “Há 10 anos que assisto a este evento online e é fantástico estar aqui e ganhar. E bater o Dave Hubbard para o título mundial é incrível, uma benção dos céus.” Na prova Open, as honras foram para o sul-africano Ian Campbell, líder do “ranking” APB, que bateu o brasileiro Uri Valadão. Alex Uranga foi terceiro classificado. O campeão mundial em título, Pierre Louis

Luis Porkito Pereira Costes, ficou pelo quarto lugar. “Foi uma semana complicada, com condições loucas, por isso vencer assim é excelente. Qualquer vitória no Mundial é preciosa, mas ainda não estou a pensar no título mundial, ainda temos mais

alguns eventos e há que manter a cabeça fria até ao fim.” Finalmente, no projunior (sub-21), vencido pelo junior Bruno Martin, excelente prestação dos portugueses Tomás Rosado e Joel Rodrigues, eliminados na meia-final.

Pierre Louis Costes (Fra)

Miles Kahuahaa (Haw)

Pódio DK - Sammy Morretino (1º), Dave Hubbard (2º)

Pódio Open - Ian Campbell (1º), Uri Valadão (2º), Alex Uranga (3º), Pierre Louis Costes (4º) 2017 Setembro 369

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Notícias do Mar

Últimas Viana World Bodyboard Championship

Viana é capital mundial do bodyboard

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e 26 de setembro a 1 de outubro de 2017 a elite mundial ruma ao Viana World Bodyboard Championship O Surf Clube de Viana organiza, pelo segundo ano consecutivo, o Viana World Bodyboard Championship. Esta prova mundial regressa à praia da Arda entre 26 de setembro e 1 de outubro próximos. Das presenças já confirmadas, destaque para Pierre-Louis Costes, campeão do mundo APB 2016, Iain Campbell, atual líder do ranking e vencedor da edição de Viana 2016, e para o havaiano Mike Stewart. Esta etapa da APB World Tour, para a qual a organização antevê bons resultados, traz duas novidades: vai estar inserida na European Week of Sport e vai ser palco da

1st Bodyboard Performance Clinic. A etapa do ano passado em águas vianenses foi considerada a melhor do tour, o que faz com que a organização tenha “uma motivação extra” para este ano. No entanto, o êxito da prova vai depender, em grande parte, da qualidade das ondas, que estiveram em alta na edição de 2016. A grande novidade desta prova da APB World Tour é estar inserida na European Week of Sport. Neste âmbito, as aulas dadas ao abrigo do projeto Náutica nas Escolas deverão acontecer na praia da Arda, enquanto decorrer o Campeonato. Incluída nesta experiência, também serão disponibilizados diversos equipamentos nesta praia com vista a ampliar o leque

de atividades e de vivências. “A intenção é tentar proporcionar às crianças uma experiência única com as estrelas mundiais de bodyboard”, refere João Zamith, presidente da direção do SCV. Outra das novidades desta edição é a realização da 1st Bodyboard Performance Clinic, a acontecer a 26 de setembro. Trata-se de um evento de partilha de experiências e de boas práticas sobre o bodyboard de alto rendimento. Bodyboarders de renome, como Mike Stewart e Iain Campbell, irão abordar diversas temáticas: como preparar uma world tour; patrocínios; gestão de carreiras desportivas; preparação física; nutrição. Em águas vianenses estarão em disputa, na Men’s

World Tour, um prémio de 25 mil dólares e quatro mil pontos e, na Pro Junior Division, um prize money de dois mil e quinhentos dólares. Estes eventos serão transmitidos em direto no site do SCV (www.surfingviana.com). A etapa de Viana do Castelo é a segunda do “Triple Crown”. Esta vai iniciar-se em Sintra, entre 12 e 17 de setembro, e irá terminar na Nazaré de 3 a 12 de outubro. Esta nona prova do APB World Tour 2017 conta com o apoio da Câmara Municipal de Viana do Castelo e da Entidade Regional de Turismo do Porto e Norte de Portugal (ERTPNP). Boas Ondas! Melhor Bodyboard!

Director: Antero dos Santos – mar.antero@gmail.com Director Comercial: João Carlos Reis - noticiasdomar@media4u.pt Colaboração: Carlos Salgado, Gustavo Bahia, Hugo Silva, José Tourais, José de Sousa, João Zamith, Mundo da Pesca, Federação Portuguesa de Actividades Subaquáticas, Federação Portuguesa de Motonáutica, Federação Portuguesa de Pesca Desportiva do Alto Mar, Federação Portuguesa Surf, Federação Portuguesa de Vela, Associação Nacional de Surfistas, Big Game Club de Portugal, Club Naval da Horta, Jet Ski Clube de Portugal, Surf Clube de Viana, Associação Portuguesa de WindSurfing Administração, Redação: Tlm: 91 964 28 00 - noticias.mar@gmail.com

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