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Fotografia: LuĂs Quinta
Notícias do Mar
Arquelogia Subaquática
Texto Antero dos Santos Fotografia Luís Quinta
Investigação Subaquática à Volta do Farol do Bugio Investigações recentes descobriram doze novos locais de barcos afundados, nos baixios à volta do Farol do Bugio na entrada do rio Tejo, onde devem ter naufragado milhares de barcos, desde a antiguidade.
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om Olisipo (Lisboa) considerada numa posição chave para a navegação dos grandes navios de carga no Tejo, Estrabão descreveu o estuário “com dois mares, cada um com 150 estádios de comprimento e uma pequena ilha de quase 30 estádios de comprimento, e outro tanto de largura, notável pela beleza dos seus olivais e vinhedos”. Os estuários foram o local privilegiado de fixação das populações, porque formavam regiões comerciais, procuradas pelos barcos que atravessavam 2
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todo o Mediterrâneo para as trocas de produtos. Muito antes dos romanos, há vestígios dos Fenícios que apareceram há cerca de 3.000 anos a.C. no litoral da Península Ibérica, provenientes da região costeira do Mediterrâneo onde é o Líbano. Eram um povo comerciante que navegava em navios que chegaram a atingir os 30 metros de comprimento. Andavam em busca do ouro, cobre e ferro e estabeleceram-se a fazer salgas de peixe. Os Fenícios nos seus estaleiros navais construíam os melhores navios da época, com os famosos cedros do Líbano. Os barcos que os Faraós levavam nas suas expedições eram encomendados aos Fení-
cios. Recentes descobertas arqueológicas perto do Castelo de São Jorge e da Sé de Lisboa demonstram a estadia Fenícia que fundou uma colónia chamada Alis Ubbo, que significava enseada amena. Seguiram-se os Gregos antigos que acabaram por sair em guerra com os Car-
tagineses, descendentes dos Fenícios e grande potência naval por todo o Mediterrâneo. Quando surgiu o período Romano, foi colonizada grande parte da Europa e todo o Mediterrâneo. O seu poderio naval destruiu toda a resistência dos Cartagineses. Os Romanos desenvolveram um impor-
tante comércio marítimo e dispunham duma poderosa força naval armada para proteger os barcos comerciais da pirataria doutros povos. Durante oito séculos o Tejo serviu de via de penetração dos romanos até ao interior e foi também um pólo de desenvolvimento da economia e do domínio do território.
Nau da Carrera das Índias do sec XVII 2019 Outubro 394
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As salinas permitiram a indústria do pescado e a sua exportação. Fabricavam-se as ânforas necessárias para transportar os produtos em salmoura, peixe seco, azeite e vinho e tudo era exportado por
barco. Quando o império Muçulmano se instalou na Península Ibérica Lisboa chamava-se Al Ushbuna. Os Muçulmanos eram excelentes navegadores, devido aos conhecimentos
de astronomia, cartografia e náutica e velejavam com vela latina. Tinham o domínio económico do Mediterrâneo e desenvolviam um comércio intenso. Com os Muçulmanos, o desenvolvimento da produção am-
Barco Fenício 4
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pliou a economia do estuário do Tejo e a exportação através dos barcos. Ao fim de milhares de anos, foram, certamente, milhares as embarcações que naufragaram a sair e a entrar a barra do Tejo. Acreditamos que ao longo destes anos as populações conseguiram desencalhar a grande maioria dos barcos presos nos baixios de areia à entrada do Tejo e recuperar a carga, antes das embarcações se destruírem. Porém, ainda deve haver muitos naufrágios debaixo da areia e que de vez em quando aparecem, quando o mar desassoreia os baixios. Os barcos encontrados Em Outubro de 2017, dois mariscadores profissionais, Pedro Patacas e Sandro
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Pinto, também mergulhadores e desportistas da pesca submarina, comunicaram uma descoberta à Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) que tinham feito por acaso na zona do Bugio a uma profundidade de 7 a 8 metros. Era um barco em madeira com vários canhões à vista em ferro bem como as três âncoras que viram e diversos artefactos que recolheram, entre eles, um almofariz, dois pratos em estanho e uma estatueta indo-portuguesa em marfim do século XVII. Julgase que sejam os destroços da nau “São Francisco Xavier”, que naufragou a 23 de Outubro de 1625, quando entrava a barra, vinda da Índia, com mercadorias do Oriente, carregada de pimenta e porcelanas. Os achados que estavam à guarda provisória do Instituto de Arqueologia e Paleociências, da Universidade Nova de Lisboa, foram, entretanto, entregues aos achadores. Um ano depois, os mesmos mariscadores, encontram uma grande mancha compacta marcada na sonda da embarcação, numa zona também perto do Bugio. Como na altura se estava no estofo da maré e portanto o rio com pouca corrente resolveram mergulhar. A dez metros de profundidade, viram barris. Eram centenas deles que estavam devidamente arrumados no porão de carga do navio que os transportava antes de naufradar. Os barris são diferentes, de diversas dimensões, e ainda estão fechados. Os achadores também comunicaram este achado à DGPC. Os arqueólogos e inves-
Os Fenícios nos seus estaleiros navais construiam os melhores navios da época que os Faraós do Egipto levavamnas suas expedições, os Fenícios chegaram a península Ibérica 3000 a.C., os seus navios chegaram a atingir os 30 metros de comprimentos
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tigadores não ficaram parados e este ano foi organizada uma missão científica que juntou diversas instituições, entre elas, o Instituto de Arqueologia e Paleociências da Universidade Nova de Lisboa, a ProCasc, do projecto da Carta Arqueológica Subaquática
de Cascais, o Centro de Investigação da Marinha e a Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental. Durante os meses de Verão foram identificados 12 novos locais para estudo, na zona onde está também a nau “São Francisco
Xavier”, da carreira das Indias e por isso considerada a descoberta mais importante. Os investigadores descobriram três navios, dois deles em madeira e um em ferro.com uma caldeira a vapor. No que respeita à nau
Barco Cartaginês 6
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“São Francisco Xavier”, era uma nau de quatro cobertas de 700 toneladas que vinha carregada de pimenta, canela e outras especiarias. Encalhou no cachopo Sul por erro dos pilotos da barra. Quando encalhou, a nau abriu água e afundou-se até ao convés. Parte da tripulação e passageiros incluindo o comandante salvaram-se, recolhidos pelas muletas e pequenas embarcações de pesca.do Tejo. No final, assinalaramse entre três e quatro dezenas o número de vítimas mortais. Os procedimentos para recuperar a valiosa carga, iniciou-se no dia imediatamente a seguir ao naufrágio, pois havia até a preciosa carga a flutuar. Foi ordenado ao Provedor dos Armazéns do porto de Lisboa, que vá ao local do naufrágio e salve o que
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puder da nau encalhada e submersa e com ordem para não sair do sítio do naufrágio nem de dia nem de noite. Após o salvamento da carga, era necessário proceder também à recuperação da artilharia submersa.
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Juntar tudo num Museu da Arqueologia Subaquática O Ministério da Cultura não se tem interessado pela arqueologia subaquática e como receia as pilhagens e não tem verbas para dispor de fiscais nesta
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área, determina a interdição e pronto, os achados ficam apenas para observar e fotografar. Um barco afundado num local abrigado, sem o mar mexer, pode ficar no fundo eternamente para ser estudado, como acontece no
Mediterrâneo. Em zonas como o Bugío, onde os despojos desaparecem duma maré para a outra, os investigadores terão mais hipótese de os estudar, após os recuperarem. É provável que sob as areias existam muitos despojos da nau “São Francisco Xavier”, que poderiam pertencer ao Estado e expostos num museu de arqueologia subaquática. Este museu podia ser no Forte de São Julião da Barra, que fica mesmo defronte e onde espaço não falta. Para começar, o Ministério da Cultura deveria estabelecer uma estratégia para a arqueologia subaquática. Quanto antes, deve elaborar uma proposta de homologação e determinar a inventariação dos achados do Tejo comunicados, para serem recuperados e investigados. O
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Embarcação Romana
Barco Muçulmano com vela latina
local do depósito provisório dos bens inventariados, poderia ser já no Forte de São Julião da Barra, ou outro que ache melhor. A DGPC devia reunir com as instituições interessadas e que têm desenvolvido investigação na área da arqueologia subaquática, elaborar um plano e
convidá-las a participar. Quase de certeza, se houver iniciativa do Ministério da Cultura de promover as missões de investigação, serão motivados patrocinadores, que poderião investir para verem o seu nome associado à salvaguarda do património subaquático de Portugal.
Nau Belém da Carreira das Índias 2019 Outubro 394
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Investigação
Drone Solar da Marinha Navega entre Troia e Lisboa
Drone passou pela Torre de Belém Um drone marítimo, construído pela Marinha, realizou uma travessia no dia 12 de Outubro, entre Troia e Lisboa, movido inteiramente a energia solar.
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Passagem Ponte 25 Abril 10
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protótipo, desenvolvido pela equipa de experimentação operacional da Marinha, realizou a primeira travessia costeira de uma embarcação não tripulada militar autónoma, movida a energia renovável. Na sequência do maior exercício da NATO com sistemas não tripulados, que decorreu na Península de Troia, entre 11 e 27 de setembro, a Marinha Portuguesa revelou a existência da Célula Experimentação Operacional de Veículos Não Tripulados (CEOV). A edificação e o objectivo desta célula, projectada pelo Comando Naval, enquanto iniciativa estratégica de transformação do sector operacional da Marinha Portuguesa, é o de acelerar
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a adaptação a um mundo em rápida mudança onde as ameaças são ilusórias, disseminadas, e assimétricas por natureza. A CEOV foi criada em outubro de 2017 e compreende cerca de doze militares da Marinha, de vários postos e classes, com experiência variada e que compartilham interesse e paixão pela engenharia e tecnologia. A célula responde directamente ao Comandante Naval e é orientada de acordo com as suas directivas. Durante a madrugada do dia 01 de outubro de 2019, por volta das 06h00, um dos protótipos desenvolvidos pela célula foi colocado no Rio Sado, junto das instalações navais de Troia, com o objectivo de realizar a primeira travessia costeira de uma embarcação não tripulada militar autónoma movida inteiramente a energia renovável. O drone marítimo realizou a travessia conforme planeado, numa duração de cerca de 12 horas, percorrendo 47 milhas náuticas, tendo realizado o trânsito de saída de Troia e Barra de Setúbal, dobrando o Cabo Espichel, com destino à Base Naval de Lisboa, no Alfeite. Durante todo o trânsito o protótipo foi acompanhado pelo NRP Cassiopeia que garantiu a segurança e monitorização da travessia, tendo levado uma equipa técnica da CEOV embarcada. Realizando uma navegação totalmente autónoma, o drone marítimo entrou o porto de Lisboa pelas 13h10, no dia 01 de Outubro assinalando o primeiro teste de utilização de uma embarcação não tripulada da Marinha, movida a energia solar, que cruzou as águas do rio Tejo com destino à Base Naval de Lisboa, no Alfeite
O drone da Marinha na Barra de Setúbal
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Economia do Mar
Lançado Concurso Público de 642 Milhões de Euros para Novo Terminal de Sines Lançado no dia 14 de Outubro o Concurso Público Internacional para o novo Terminal de Contentores Vasco da Gama no porto de Sines, num investimento de 642 milhões de euros
Fotografia: Tobias Langer
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A ampliação vai possibilitar a atracação simultânea de quatro navios porta-contentores de última geração 12
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oi oficialmente publicado em Diário da República, o concurso público internacional para a concessão do novo terminal de contentores no Porto de Sines (Terminal Vasco da Gama), que canalizará um investimento de 642 milhões de euros para o maior porto nacional no segmento de carga contentorizada. O concurso público internacional para a concessão, em regime de serviço público, do Terminal Vasco
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Cerca de 225 milhões aplicados em equipamentos
Terminais XXI e Vasco da Gama vão receber investimento de 1,3 mil milhões de euros
da Gama, incluindo o seu projecto, construção e exploração, tem um prazo de apresentação de propostas de 9 meses, prevendo-se a adjudicação no último trimestre de 2020 e início da obra em 2021, com uma duração aproximada de três anos. O novo terminal terá uma capacidade de movimentação anual de 3,5 milhões de TEU e um cais com um comprimento de 1.375 m
com 3 posições de acostagem simultânea dos maio-
res navios do mundo (400 m comprimento, 60 m boca
Zoe MSC no terminal Sines XXI
Porto de Sines 2019 Outubro 394
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Os navios panamax vão também a Sines
e capacidade 24.000 TEU). Terá uma área de terrapleno de 46 hectares, 15 pórticos de cais e fundos de -17,5 m ZH. No total, o novo Terminal Vasco da Gama representará um investimento
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estimado em cerca de 642 milhões de euros, de fundos privados a cargo da futura entidade concessionária, com 225 milhões aplicados em equipamentos e 417 milhões em infraestruturas. Para este montante de in-
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vestimento estimado, o Estudo Económico-Financeiro considera um prazo de concessão de 50 anos. Estima-se que a construção do Terminal Vasco da Gama gere um impacto económico total de 524 milhões de euros, representando 0,28% do PIB e 0,33% do VAB português. Estima-se que o novo terminal crie 1.350 postos de trabalho direcos na fase de exploração. O Terminal Vasco da Gama será construído e financiado exclusivamente por fundos privados através da concessionária que vier a ser selecionada no âmbito do procedimento de contratação pública internacional que foi no passado dia 14
de Ouutubro lançado, incluindo a assunção de todos os riscos associados, concretizando o modelo de gestão portuária do tipo “landlord port” aplicável ao sistema portuário nacional e recomendado pela Comissão Europeia e pela OCDE. O espaço da concessão manter-se-á no domínio público sob jurisdição portuária, para onde reverterá integralmente no final do período de concessão. 1,3 mil milhões de euros de investimento no Porto de Sines “fechados” nos últimos dias O lançamento oficial do
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concurso público internacional para o Terminal Vasco da Gama junta-se ao culminar recente de um outro processo, quando no passado dia 12 de Outubro, a Administração dos Portos de Sines e do Algarve (APS) e a PSA assinaram, no Ministério do Mar, um aditamento ao contrato de concessão do Terminal XXI (terminal de contentores já existente no Porto de SInes), que permite a realização de novos investimentos de expansão do cais e redimensionamento e modernização desta infraestrutura, o qual entrou imediatamente em vigor. Com este acordo, a PSA Sines irá investir 660,9 milhões de euros no Terminal XXI nos próximos 20 anos da concessão. Os dois processos em conjunto, culminados nos últimos dias, desbloqueiam um investimento superior a 1,3 mil milhões de euros no Porto de SInes, constituindo o maior investimento privado de sempre no sector.
Maersk em Sines
Recorde-se que já hoje o Porto de Sines tem um peso de 1,5% na economia nacional, 2% no emprego e representa mais de 56% da carga contentorizada movimentada nos portos comerciais do continente. O mesmo porto tem vindo a registar importantes índices de crescimento neste tipo de carga, tendo nos últimos 15 anos crescido de 20.000 TEU em 2004 para mais de 1,75 Milhões TEU em 2018, o que representa um crescimento de mais 8.652,2% a uma taxa média anual de crescimento de mais de 37,6%.
Investimento público na ordem dos 300 milhões de euros nos próximos 5 anos Ao investimento privado superior a 1,3 mil milhões de euros junta-se ainda o necessário investimento público no Porto de Sines, nomeadamente na modernização e digitalização. Estima-se, por isso, que nos próximos 5 anos o investimento público no Porto de Sines ronde os 300 milhões de euros, com destaque para o prolongamento do molhe leste ou para as ligações ferroviárias.
Ferrovia em Sines vai ser ampliada 2019 Outubro 394
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Economia do Mar
PSA Assina Contrato de 660,9 Milhões de Euros para o Terminal XXI
Terminal XXI no Porto de Sines vai entrar na 3ª fase de expansão A PSA Sines assinou, no passado dia 12 de Outubro, um contrato com o Porto de Sines, de ampliação e concessão do Terminal XXI, num investimento de 660,9 milhões de euros.
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om um total de investimento superior a 1,3 mil milhões de Euros, Sines e o sistema portuário nacional personalizam o maior investimento privado de sempre no sector O Terminal XXI, o único terminal de contentores actualmente existente no Porto de Sines, neste momento já opera acima da capacidade teórica e por essa razão não tem sido possível captar novas linhas, que manifestaram interesse, mas face à falta de capacidade divergiram para outros portos internacionais. 16
Por isso, face às conclusões da análise de mercado e económico-financeira, a Estratégia para o Aumento da Competitividade da Rede de Portos Comerciais do Continente - Horizonte 2026, aprovada pela RCM n.º 175/2017, com o objetivo de aumentar a capacidade no segmento da carga contentorizada do Porto de Sines para responder à procura não satisfeita e à estimada para as próximas décadas, prevê os seguintes projectos core: A expansão do Terminal XXI A construção de um novo
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terminal de contentores, o Terminal Vasco da Gama. Ampliação do Terminal XXI Foi assinado pela Administração do Porto de Sines e pela PSA Sines um aditamento ao contrato de concessão que permite a realização de novos investimentos de expansão do cais e redimensionamento e modernização desta infraestrutura, o qual entrou imediatamente em vigor. Este aditamento permite: Um investimento global de 660,9 M€ (preços correntes), totalmente privado,
a concretizar pela concessionária, a PSA Sines, compreendendo não só a expansão do cais de acostagem e respetivos equipamentos de movimentação, mas também a manutenção, substituição e renovação de equipamentos já instalados nas fases anteriores, ao longo de toda a vida da concessão; Deste investimento: 134,4 M€ serão em infraestruturas, concretizadas entre fevereiro 2021 e final 2023; 9,3 M€ para expansão da ferrovia, já concluída; e 154,2 M€ de novos equipamentos a adquirir até 2027, num total de 297,9 M€. Os restantes 363
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M€ serão investidos em renovação de equipamentos concretizada ao longo da vida da concessão Extensão do prazo de concessão em 20 anos, de forma a ser possível à concessionária amortizar o investimento acordado. Uma frente de cais de 1.950 metros (actualmente 1.040 m), repartidos numa frente de 1.750 metros e noutra de 200 metros, possibilitando a atracação simultânea de quatro navios porta-contentores de última geração. Instalação de mais 9 gruas “super post-panamax” (total passará a ser 19), 30 pórticos de parque e equipamentos transportadores. Ampliação da área de armazenagem dos atuais 42 para 60 hectares. Aumento da capacidade dos atuais 2,3 milhões para 4,1 M TEU.
Terminal XXI Através deste aditamento a PSA Sines abdica do direito de preferência ou exclusividade relativamente à construção e exploração de outros terminais de contentores que venham a ser localizados no Porto de Sines.
O Terminal XXI é actualmente o maior empregador da região, com mais de mil postos de trabalho. Este aditamento vem reforçar a criação emprego, contribuindo para o desenvolvimento socioeconómico da região e do país. O impacto
no PIB ascende a 118 milhões de euros e promoverá a criação de cerca de 4.600 postos de trabalho se considerados os efeitos directos, indirectos e induzidos. Em termos directos prevê-se a criação de 900 novos postos de trabalho.
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Estudo da Universidade de Aveiro
Poluição do tráfego marítimo é preocupante e pode vir a aumentar A poluição atmosférica na costa portuguesa provocada pelo tráfego marítimo representa cerca de 20 por cento da poluição causada pelos óxidos de nitrogénio (NOx), um dos poluentes mais nocivos à saúde humana e ao meio ambiente. Este valor vem de um estudo da Universidade de Aveiro (UA) que, para ajudar a reduzir esta contribuição, aponta uma lista de medidas que urgem ser colocadas em prática.
“As emissões marítimas, que compreendem sobretudo os poluentes NOx e o dióxido de enxofre (SO2), têm impacto máximo junto às rotas internacionais, mas este impacto chega à zona costeira, com contribuições que vão de 10 a 20 por cento no caso dos NOx e acima de 20 por cento para o SO2”, aponta Alexandra Monteiro, investigadora do Departamento de Ambiente e Ordenamento e do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar, uma das unidades de investigação da UA. A coordenadora do estudo garante tratar-se de um “cenário preocupante” que é urgente combater: “É muito importante colocar no terreno as medidas propostas pela investigação, algumas promovidas pela própria regulação europeia, sobretudo face ao contínuo e esperado aumento do tráfego marítimo”. Os investigadores estimam que atualmente cerca de 90 por cento (75 por cento na Europa, e com tendência a crescer) de toda a troca de mercadorias e bens em todo mundo é realizada por via marítima, o que torna este meio de transporte preocupante em termos de impacto ambiental, sobretudo devido à sua grande dependência no que diz respeito ao uso de combustíveis fósseis, com emissões atmosféricas associadas e potencial impacto na qualidade do ar. Coordenado por Alexandra Monteiro, o projeto AIRSHIP, 18
A investigadora Alexandra Monteiro financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e que terminou recentemente, visou avaliar o impacto na qualidade do ar das emissões do transporte marítimo em Portugal e, com maior detalhe, ao nível local/ portuário, tendo como caso de estudo o Porto Leixões e a área urbana envolvente. Forte impacto na qualidade do ar No âmbito desse projeto, os investigadores da UA e em colaboração com o Instituto Meteorológico Finlandês, estimaram as emissões atmosféricas associadas ao transporte marítimo em Portugal e avaliaram a contribuição destas emissões na qualidade do ar, recorrendo a um sistema de modelação numérica. Os resultados revelaram que estas emissões têm um impacto na qualidade do ar máximo junto às rotas marítimas, chegando até às zonas costeiras onde se verificam
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contribuições de 10 a 20 por cento para as concentrações de NOx e inferior a 10 por cento no caso das partículas, dois dos poluentes mais críticos em Portugal, com excedências aos valores limite legislados. Relativamente aos cruzeiros, as estimativas revelam que as emissões associadas correspondem apenas a cerca de 5 por cento do total do transporte marítimo. Os estudos que os apontam como grandes poluentes, referemse principalmente às emissões de SO2 (um poluente que apresenta valores residuais em termos de qualidade do ar em Portugal), já que é verdade que os cruzeiros emitem 28 vezes mais SO2 que o transporte rodoviário (mas 17 vezes menos NOx). Medidas mitigadoras Os estudos feitos no projeto AIRSHIP, quer ao nível regional, quer local (caso de estudo Porto de Leixões), envolveram ainda a investigação
de medidas estratégicas mitigadoras para as emissões associadas ao transporte marítimo (focadas sobretudo no uso de combustíveis alternativos e práticas sustentáveis) e à atividade portuária, e elaboração de linhas de orientação para a sua implementação. Entre as dezenas de medidas apontadas, os investigadores sublinham a importância da redução da velocidade dos navios enquanto estão em operação através da redução das rotações por minuto do motor e a utilização de combustíveis alternativos, de modo a diminuir o uso dos combustíveis mais tradicionais no transporte marítimo. Alterações nos motores do navio, de forma a torná-los mais limpos, e a implementação nos navios de um sistema de limpeza de gases de exaustão são outras das muitas medidas propostas. “Esperamos que estes resultados possam ser particularmente importantes e úteis na gestão e ação política na área do transporte marítimo e dos seus impactes ambientais, colocando assim a ciência e a investigação ao verdadeiro serviço da sociedade”, diz Alexandra Monteiro. Para além de Alexandra Monteiro, também Sandra Sorte, Michael Russo, Carla Gama, Myriam Lopes e Carlos Borrego, todos investigadores do CESAM, e André Neves, aluno do Mestrado Integrado de Engenharia do Ambiente, assinam o estudo.
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Ice Rib Challenge
Recorde Mundial de Palermo a Nova York
Recorde Mundial de Palermo a Nova York - 2019-09-12 Sergio Davi realizou a missão de navegar 7.000 milhas náuticas solitário, para alcançar a “Big Apple”, no passado dia 12 de Setembro.
A
aventura épica de Sergio Davi, Ice Rib Challenge, este
é o nome dado a esta fascinante travessia marítima de Palermo para Nova York que
começou no dia 21 de Junho com o início habitual na Marina Arenella (Palermo).
Sergio Davi 20
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Quase 7.000 milhas náuticas, sozinho, a bordo de um barco semi- rígido de 11 metros de comprimento, alimentado por dois motores fora de borda Suzuki de 350 HP e equipado com electrónica e equipamentos de excelência. A missão também respondeu a objectivos científicos específicos. Em primeiro lugar, a luta contra a poluição microplástica e, a esse respeito, notamos a coparticipação do CNR (Conselho Nacional de Pesquisa) e da IZS Sicily (Instituto Experimental de Zoológico e Profilático da Sicília) que, a partir dos dados colectados pelo próprio Davì durante toda a jornada, realizará pesquisas específicas para medir a saúde de nossos mares. Após sua chegada a Nova York, o bravo capitão quis curvar-se à Liberty Island e Ellis Island para prestar homenagem aos muitos italianos (e sicilianos) que no passado ti-
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nham que enfrentar o Oceano Atlântico em sua “jornada de esperança”. Ele foi ao Atlantis Marina Yacht e ao Club Staten Island, onde foi recebido com uma festa especial organizada no Marina Café, onde participaram, entre outros, o cônsul geral da Itália de Nova York Francesco Genuardi, a imprensa local, e a equipa do Peace Run. Davì, eleito portador da tocha dos oceanos para a “Peace Run”, de facto entregou a tocha da paz após sua chegada. Ele levou a tocha ao redor do mundo, ao longo de sua rota passando pela Sicília, Ilhas Baleares, Espanha, Portugal, França, Reino Unido , Irlanda, Ilhas Faroe, Islândia, Groenlândia, Canadá e, finalmente, Estados Unidos. Sem dúvida Sergio Davì, mais uma vez, assinou uma nova página na história do mundo náutico.
Sergio Davi navegou 7.000 milhas náuticas, sozinho
Ice Rib Challenge na Marina de Cascais 2019 Outubro 394
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Investigação da Universidade de Aveiro
Nanomateriais à Base de Algas Limpam Águas Contaminadas
Os biopolímeros extraídos de fontes naturais, como é o caso das algas abundantes no litoral nacional, podem ser enormes aliados na remoção de poluentes da água.
Os investigadores Ana Luísa Daniel da Silva, Sofia Soares e Tito Trindade
U
ma equipa de investigadores da Universidade de
Aveiro (UA) demonstrou que nanomateriais preparados a partir destes biopolímeros
A investigadora Sofia Santos e dois dos corantes têxteis que os nanomate... 22
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têm a capacidade de remover da água, antibióticos e outros fármacos, herbicidas e ainda corantes orgânicos utilizados pela indústria, poluentes estes que são difíceis de eliminar pelas estações de tratamento de águas residuais. O segredo destes adsorventes está no seu pequeníssimo tamanho, inferior a 100 nanómetros, que possibilita uma elevada área de contacto com a água, combinado com os polissacarídeos presentes na sua composição e que são provenientes das algas. Estes constituem
os ingredientes fundamentais dos nanoadsorventes magnéticos desenvolvidos e já patenteados por uma equipa de investigadores do Departamento de Química (DQ) da UA e do CICECOInstituto de Materiais de Aveiro, uma das unidades de investigação da Academia de Aveiro. Os nanoadsorventes desenvolvidos, para além dos polissacarídeos, são constituídos ainda por um miolo de óxido de ferro (magnetite) que lhes confere características magnéticas e por sílica que tem o papel de
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ETAR de Cacia, em Aveiro, tratamento das águas residuais industriais produzidas naquela região. ligar entre si os ingredientes e de tornar os materiais insolúveis na água. Enorme eficácia de remoção Entre os vários poluentes estudados, encontra-se o antibiótico ciprofloxacina que é utilizado no tratamento de um amplo espectro de infeções. “Este antibiótico pode ser encontrado nas águas residuais devido à inadequada eliminação de medicamentos não usados ou à metabolização incompleta deste medicamento em humanos”, explica a aluna do programa doutoral em Nanociências e Nanotecnologia, Sofia Soares, supervisionada pelos investigadores Ana Luísa Daniel da Silva e Tito Trindade. Os nanoadsorventes sintetizados no DQ apresentam uma eficácia de remoção entre 30 a 90 por cento deste antibiótico. Quantitativamente, explicam os investigado-
res, “é possível remover até 1350 miligramas de ciprofloxacina usando 1 grama de adsorvente”. Pelo facto de serem magnéticos, os adsorventes podem ser separados de uma forma fácil e rápida da água tratada. Para além disso, são preparados a partir de polissacarídeos de origem natural que fornecem uma diversidade de grupos fun-
Pradarias marinhas cionais viabilizando a remoção de uma grande variedade de contaminantes. Outra das grandes vantagens destes nanoadsorventes é serem reutilizáveis. “Estes adsorventes podem ser regenerados e reutilizados o que representa uma vantagem económica acrescida, pretendendo-se também avaliar o impacto ambiental em
colaboração com especialistas na área”, dizem os investigadores. Com o patenteamento do método de preparação destes adsorventes, apontam os investigadores, “algumas empresas já mostraram interesse e estão a testar estes materiais na remoção de diferentes contaminantes em contextos variados”.
Algas castanhas
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Electrónica
Notícias Nautel
RAIBLAZA Ajuda a Organizar a Pesca Lúdica
A Nautel representa e distribui em Portugal a RAIBLAZA, um fabricante de produtos e acessórios para os pescadores desportivos, em especial para os que se dedicam à pesca lúdica embarcada que os ajuda a arrumar em casa ou no barco as canas de pesca.
RodRak O RodRak é um Sistema de Armazenamento de Canas de Pesca que de um modo
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expansível oferece prontidão à utilização das canas de pesca, quer estejam armazenadas em casa na
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garagem ou arrumadas no barco nas paredes ou sob o tecto da cabina, pois dá para pendurar as canas em
qualquer superfície vertical ou horizontal. É um equipamento que comporta duas canas de
Electrónica
pesca. Os ganchos podem ser instalados de forma independente ou unidos. Se for necessário, pode-se adicionar um cabo elástico de 4 mm (não fornecido) como meio de maior retenção. Recursos: • Inserções flexíveis e macias protegem a alça e a ponta e permitem a remoção e a remoção rápida e fácil • Dimensões do punho da cana, diâmetro de 25 mm 38 mm (1 - 1,5 pol) • Empilhável para várias canas • Superfícies verticais ou horizontais • Estabilizado contra UV e feito de polímeros reforçados com fibra de vidro. Tem parafusos inoxidáveis • Encaixa em todos os comprimentos da cana
Fixadores de aço inoxidável Embalagem de papelão reciclável RodRak Pole Holder O Suporte para Pólo RodRak é um sistema expansível de armazenamento para pendurar remos, bicheiros e camaroeiros, em qualquer superfície vertical ou horizontal. Guarde as ganchetas, os camaroeiros de rede ou os remos nas paredes do poço do barco, sob o teto da cabine, ou na garagem. Pode guardar em qualquer outro lugar, onde você possa fixar o sistema. Os ganchos podem ser
instalados de forma independente ou unidos. Se necessário, você pode adicionar um cabo elástico de 4 mm (não fornecido) para maior retenção. Recursos: • Inserções flexíveis e macias protegem a alça e a ponta e permitem a remoção e a remoção rápida e fácil • Dimensões da alça de 25 mm - 38 mm (1 - 1,5 pol) de diâmetro • Possui alças, ganchos para barcos, redes ou remos • Empilhável para vários pólos • Superfícies verticais ou horizontais • Feito de polímeros refor-
çados com fibra de vidro e parafusos inoxidáveis estabilizados contra UV • Encaixa em todos os comprimentos de pólos RAILBLAZA número da peça: 09-0012-11 - Suporte para vara RodRak preto O que recebe: 2 x ganchos para estacas 2 x inserções de gancho 4 x parafusos de aço inoxidável Material Plásticos reforçados com fibra de vidro e estabilizados a UV Fixadores de aço inoxidável Embalagens de papelão reciclável
RAILBLAZA número da peça: 09-0008-11 - RodRak - Possui 2 Hastes - Preto 09-0008-21 - RodRak - Possui 2 Hastes - Branco O que recebe: 2 x ganchos finais 2 x ganchos de ponta 4 x inserções de gancho 8 x parafusos de aço inoxidável Material Plásticos reforçados com fibra de vidro estabilizados contra UV 2019 Outubro 394
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Notícias do Mar
Economia do Mar
Porto de Setúbal
Precisa Melhorar a acessibilidade
Porto de Setúbal Na conferência “De Setúbal para o Mundo”, que teve lugar no dia 27 de Setembro no Fórum Municipal Luísa Todi, no âmbito das iniciativas dedicadas à Semana do Mar 2019, foi dado como um imperativo a melhoria das acessibilidades do Porto de Setúbal.
A
melhoria das acessibilidades ao Porto de Setúbal é um imperativo para permitir dar o salto de crescimento, não apenas o porto, mas também a cidade, a região e o país. Segundo a Presidente da Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra (APSS), Lídia Sequeira, “com uma operação portuária de vocação eminentemente expor26
tadora, é fundamental dotar o porto de capacidade para receber os modernos navios pósPanamax, no sentido de permitir ir além dos
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150 mil TEU de volume de carga anual, nível em que o Porto de Setúbal está há vários anos.” A administração da APSS pretende melhorar
o porto de pesca para dar melhores condições aos pescadores e maior produtividade nas descargas, tanto em Setúbal como em Sesimbra. Também as actividades relacionadas com a náutica de recreio e com as actividades marítimo-turísticas terão de ser posicionadas em outros locais, separados dos locais utilizados pelos pescadores profissionais. Parte da grande apos-
Notícias do Mar
Lídia Sequeira, Presidente da Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra
portuária possa contribuir ainda mais para o desenvolvimento do país. Existe uma nova ordem mundial da logística de contentores. Em virtude disso, é igualmente decisivo melhorar as acessibilidades marítimas para o porto de Setúbal poder receber maiores navios e crescer em volume de carga. “Não podemos ficar condenado a receber apenas os navios antigos e mais pequenos” disse ainda Lídia Sequeira. ta para melhorar a competitividade do Porto de Setúbal e a melhoria das acessibilidades já foi concluído com o acesso ferroviário dentro dos terminais. Já se retomou o transporte de veículos da Autoeuropa para o porto por comboio e já se está a desenvolver, em conjunto com as Infraestruturas de Portugal, o projecto de ligação do Porto de Setúbal à rede transeuropeia de transportes.Todos os projectos são decisivos para que a infraestrutura
Segundo os operadores portuários, os portos nacionais têm vindo a crescer em volume de carga, mas não em número de escalas de navios, porque o crescimento na carga fazse através da utilização de navios cada vez maiores. Enquanto os portos portugueses não tiverem capacidade para receber os grandes portacontentores, não têm possibilidade para crescer. Outra das condicionantes do desenvolvimento
dos portos portugueses é não oferecerem um porto a trabalhar 24 sobre 24 horas. É necessária também a modernização de procedimentos e da operação portuária, pois é fundamental para o porto crescer conseguir dar resposta à nova logística do transporte de contentores, e que, hoje em dia, é uma das maisvalias para os operadores portuários, para poderem decidir como satisfazer os seus clientes.
A Autoeuropa utiliza comboio para porto de Setúbal 2019 Outubro 394
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Notícias do Mar
Notícias Docapesca
Porto de Pesca de Quarteira com Novo Cais A Docapesca abriu um concurso para elaboração do projecto de execução para a construção de novo cais de acostagem e estacionamento no porto de pesca da Quarteira. O preço base do projeto de execução é de 60 mil euros, tendo por objetivo o lançamento do concurso para a empreitada em 2020.
Porto de pesca da Quarteira
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O porto de pesca da Quarteira vai ter um novo cais de acostagem e estacionamento com 90 metros de comprimento 28
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futuro cais será implantado no local onde existiu um cais flutuante (nº 6) destinado às embarcações de pesca do cerco e que foi retirado por questões de segurança. Este cais será dimensionado para a acostagem de embarcações de maior porte (entre 20 e 25 metros de comprimento), terá 90 metros de comprimento e oito metros de largura mínima e será implantado no canto nor-
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deste da bacia portuária, confinando com o cais de descarga existente. Para a solução a desenvolver, a Docapesca teve em consideração os contributos da Quarpesca e da Junta de Freguesia de Quarteira, em estreita articulação com a Câmara Municipal de Loulé.
O porto de pesca da Quarteira tem registado um grande aumento de vendas em lota
embarcações. Fixado a este cais existe ainda um cais flutuante para apoio à descarga de pescado de pequenas embarcações. A importância socioeconómica do porto de Quarteira é significativa a
Cais flutuante de porto de pesca Quarteira
nível local e regional. Em 2018 foi registada em lota a venda de 2.660 toneladas de pescado (+22,2%
face a 2017) no valor de 7,1 milhões de euros (+9,9%). O preço médio total foi de € 2,66/kg.
Porto de pesca da Quarteira
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Fotografia: Vitor Oliveira, Portuguese_eyes
O Porto de Pesca de Quarteira O porto de pesca de Quarteira foi construído entre 1998 e 1999, situa-se a este da marina de Vilamoura e a oeste do campo de esporões de Quarteira. Dispõe de um cais de descarga de pescado, adjacente ao edifício da lota (extremo sul), com 70 metros de zona acostável e de cinco pontões flutuantes com capacidade para estacionamento de, aproximadamente, 205
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Tagus Vivan
Crónica Carlos Salgado
Porque Navegar é Preciso Perante a apatia da náutica de recreio, e a inércia dos clubes e da própria Federação Portuguesa de Vela, deixou de interessar-se pelas escolas de vela, contrariamente ao apoio e incentivo que deu no passado, a Tagus Vivan e um grupo de navegantes de recreio fundaram no ano de 2014 o NTN- Clube Náutico-Turístico do Tejo com o objeto de “formação e dinamização da náutica de recreio e do turismo da natureza no Tejo”
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as para começar devemos acompanhar o fio do tempo até às origens para que os caros leitores fiquem bem esclarecidos de como, o quê e o porquê de tudo aquilo que foi sendo
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feito, graças aos nossos projetos e atividades em prol do Tejo. Já em 1987, no I Congresso do Tejo, “Que Tejo, Que Futuro”, uma iniciativa da AAT- Associação dos Amigos do Tejo, com esta-
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tuto de Utilidade Pública, na Fundação Gulbenkian, um dos seus fundadores que é coautor da nova iniciativa que passamos a anunciar mais abaixo, fez uma apresentação dividida em duas partes, a 1.ª – Cartas de Navegação à Vista de Lisboa a Valada do Ribatejo e a 2.ª – Roteiro Náutico Turístico de Alhandra até a Valada, divulgando todas as atrações e particularidades turísticas de interesse, desses tempos, fruto da experiência pessoal vivida . A AAT continuou a manter o interesse em acompanhar a evolução e atualização das valências que o Tejo e as comunidades ribeirinhas desse corredor fluvial foram mantendo, ou foram adaptando para
acompanhar a evolução do país ao longo dos anos seguintes até que, ao cabo dos 25 anos que a AAT dedicou à construção de uma obra profícua em prol do Tejo, começaram a soprar ventos fortes e adversos provocados pela “crise” que se instalou, o que a levou a recordar o que já Camões alertava, “ e se o mundo é composto de mudança (…) mudam-se os tempos, mudam-se as vontades (…) tomando sempre novas qualidades”, o que a levou a optar por um novo paradigma que resultou na sua reconversão no ano de 2012, na fundação de uma nova associação cívica, sem fins lucrativos, com a forma jurídica e social de Confraria Cultural do Tejo Vivo e Vivido, com a marca Tagus Vivan, como alguns dos leitores já sabem, para ser a continuadora daquela obra de um quarto de século cuja génese, curiosamente, o que poucos sabem, remonta aos anos sessenta do século anterior. Parceria com Clube Náutico-Turístico do Tejo A Tagus Vivan, na prossecução daquela obra optou por funcionar como um “Obser-
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vatório do Tejo português”, com o objeto de “Observar, Avaliar e Ponderar” sobre tudo o que diga respeito ao rio e aos espaços adjacentes, para estar atualizada e poder “Opinar ou Agir”, meteu mãos à obra e nesse percurso entre outros trabalhos e iniciativas, fez uma parceria com uma nova associação cívica sem fins lucrativos, da qual foi cofundadora no ano de 2014, o NTN- Clube Náutico-Turístico do Tejo, em título, que tem um conceito inovador por ser itinerante e operar a navegar, e pela particularidade de ter uma praxis que o distingue dos clubes náuticos convencionais, porque não pretende ser concorrente ou adversário dos outros, o que o leva a estar aberto a colaborar ou cooperar com eles, devido a ter know-how nas mais diversas áreas específicas, designadamente na gestão de clubes e associações de índole desportiva e de turismo náutico, dos respetivos equipamentos e na logística das frentes de água, organização de festivais náuticos, clusters náuticos e fluvinas, graças à experiência de anos dos seus fundadores, veteranos na qualidade de nautas desportivos e de recreio e de dirigentes associativos dessa área, pelo que um dos desígnios deste clube é também o de despertar o interesse dos municípios ribeirinhos e das comunidades da borda d´água para voltarem ao seu rio, incentivando-os a criar condições adequadas e atraentes para
a animação da náutica de recreio e do turismo náutico e da natureza, prestando a sua colaboração, quer no regime de aconselhamento, quer na proposta de projetos específicos, e até podendo colaborar na sua materialização. O Tejo como principal estrada Desta parceria da Tagus Vivan com o NTN resultou a criação de um conceito do um novo movimento ou rede, baseado num novo projeto inovador que consiste num mix de turismo náutico, turismo da natureza, turismo rural ou agroturismo e turismo cultural, material e imaterial dos municípios ribeirinhos do corredor fluvial entre a Ponta da Erva na Reserva Natural do Estuário do Tejo e Valada do Ribatejo, projeto este denominado TAGUSNAUTUR, que pode vir a estender-se até à Ribeira de Santarém. Como os montes, os
campos e as cidades têm mais encanto vistos a partir de dentro do rio, o principal desígnio deste projeto inovador é ter o rio Tejo como principal estrada de acesso aos sítios de particular interesse, e os municípios ribeirinhos deste percurso têm muito a beneficiar com este projeto que vai contribuir significativamente para o crescimento do turismo local, mas devem pelo seu lado dotar as suas frentes de água com melhores
condições de acesso de embarcações, tanto de fora para dentro como de dentro para fora do rio, bem assim como outros equipamentos para a atracagem e a amarração das mesmas, e até a instalação de clubes náuticos, restaurantes e esplanadas. O principal objetivo do TAGUSNAUTUR, é o de transformar o Tejo num ativo turístico de referência e de particular qualidade.
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Tagus Vivan (2.ª Parte)
Crónica Carlos Salgado
A Lezíria do Tejo
“O Tejo que dotou as Lezírias com solos férteis não pode, com a sua água, tornálos inférteis”, é um alerta forte para o problema que está a ser causado pela falta do caudal ecológico suficiente, de água doce vindo de montante, que permite a subida da cunha salina na enchente da maré.
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ando continuação ao relato que temos vindo a fazer mensalmente das atividades da obra que começou a ser feita pela AAT- Associação dos Amigos do Tejo, entidade de Utilidade Pública, e ao cabo de 25 anos está a ser continuada pela Tagus Vivan, vimos lembrar que no dia 17 de maio de 2016,
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na prossecução do Ciclo de Conferências Regionais Preparatórias do Congresso do Tejo III, teve lugar no Palácio do Infantado em Samora Correia, a 2.ª conferência do Ciclo, sobre a região da Lezíria do Tejo, fruto de uma parceria da Associação dos Beneficiários da Lezíria Grande de Vila Franca de Xira que contou com o apoio
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logístico da Câmara Municipal de Benavente para serem debatidas e avaliadas as propostas para obviar o quadro previsível da escassez de caudais de água doce no rio Tejo nesta região, agravado pelas alterações dos regimes de pluviosidade por via das mudanças climáticas, o quadro futuro passa a ser problemático para esta importante região produtiva para a cultura do arroz, tomate para indústria, milho e hortícolas, e ficará muito ameaçada caso não se encontre uma solução de sustentabilidade para o futuro (nesta data ainda não era conhecido o Projeto Tejo do Eng. Jorge Froes que pode ser a solução deste problema). Para além deste problema grave, foram também abordados nesta 2.ª conferência
regional, a qualidade da água do rio que vem de Espanha e que continua a ser contaminada devido à poluição que está a atingir níveis muito preocupantes, com prejuízo para a qualidade dessa água, que afeta o ambiente, as valência do Tejo como recurso natural e a economia regional e nacional. O Painel 1 Disponibilidade da Água do rio Tejo, quantidade e qualidade teve como moderador o Eng. João Rocha (LNEC) - As comunicações dos três técnicos superiores da EPAL, Eng.º Luis Bucha sobre a quantidade da água, do Eng.º Rui Neves Carvalho e da Dr.ª Célia Neto sobre a qualidade da água, seguidas da comunicação da Eng.ª Catarina Madaleno da ABLGVFX sobre o aproveitamento hidroagrícola da Lezíria Grande, a que se seguiu
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o Tenente-Coronel Joaquim Delgado, Diretor do SEPNAGNR, sobre a proteção da Natureza e do Ambiente do rio Tejo. O Painel 2 - A Economia relacionada com o Rio – contou com as comunicações da Dr.ª Rita Barroso, da SUGAL - Grupo Internacional, sobre a indústria Agro-alimentar, a produção do tomate para a indústria, e a sua transformação e comercialização (exportação), seguida do Prof. Carlos Alberto Cupeto, da Universidade de Évora, sobre a Economia Regional, e Carlos Salgado, do Notícias do Mar, sobre o Turismo no Tejo, um Desafio. Seguiu-se o debate, esclarecimentos e recomendações, que foi moderado pelo Eng. João Rocha (investigador coordenador do LNEC) e pelo Prof. Dr. Miguel Azevedo Coutinho (docente do Instituto Superior Técnico e membro da Sociedade de Geografia de Lisboa). A sessão de Encerramento foi presidida pelo Dr. Carlos Coutinho, Presidente da Câmara Municipal de Benavente, acompanhado pelo Presidente da Companhia das Lezírias e da ABLGVFX, Eng. António Saraiva e de Carlos Salgado, Presidente da Tagus Vivan. Este evento foi complementado por uma visita ao Evoa – Estação de Observação de Aves da Reserva Natural do Estuário do Tejo, no seu habitat. Podemos congratular-nos com o facto desta Conferência da Lezíria do Tejo ter correspondido positivamente ao nosso desígnio, graças ao nível das comunicações e dos respetivos oradores convidados, bastante esclarecedoras, o que foi comprovado pelas declarações do Presidente da Companhia das Lezírias, e do Presidente da Câmara Municipal da Benavente, a saber: o Eng. Antó-
Mesa de Abertura da Conferência - da esq.» dir. - Dr. Pedro Ribeiro, Pres. da Câmara Municipal do Cartaxo, em representação da CIMLT, Dr. Carlos Coutinho, Pres da Câmara Municipal de Benavente, Carlos Salgado, Pres. Tagus Vivan e Eng. António Saraiva, Pres. da Companhia das Lezírias e da Associação dos Beneficiários da Lezíria Grande de Vila Franca de Xira. nio Saraiva considerou “ que a Conferência foi muito interessante pois permitiu recolher informações muito concretas sobre a importância do Rio Tejo para alguns dos seus “beneficiários” e entender a preocupação dos mesmos quanto à gestão da qualidade das suas águas e caudais. Só entendendo as necessidades de todos podemos encontrar soluções que sirvam toda a comunidade que dele beneficia numa lógica de sustentabilidade
e compromisso.” O Dr. Carlos Coutinho afirmou “que o seu Município recebeu esta conferência com muito agrado, até pela ligação das suas populações ao rio, que é evidente, porque o Tejo foi no século passado fundamental para a sua economia, por ser a via de comunicação privilegiada para escoar os produtos. Referiu também a importância da consciencialização sobre a preservação do Tejo para todos, e que no seu Município, o
rio, as linhas de água e os espelhos de água são extremamente valorizados, não só pelas duas grandes culturas que o diferenciam: arroz e tomate, mas pelo Plano Estratégico de Valorização Turística, que está ligado à promoção do ambiente de excelência e ao turismo da Natureza, precisamente porque tem a inclusão da Reserva Natural do Estuário do Tejo, os terrenos da Companhia das Lezírias, entre outros fatores”
Mesa do Encerramento da Conferência. da esq.»dir. - Eng. João Rocha do LNEC, Dr. Carlos Coutinho, Pres. da Câmara Municipal de Benavente, Carlos Salgado, Pres. Tagus Vivan, Prof. Miguel Azevedo Coutinho do IST, e Eng. António Saraiva, Pres. da Companhia das Lezírias e da ABLGVFX 2019 Outubro 394
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Notícias do Mar
Voo do Guarda-Rios
A Navegação no Rio Tejo é Tecnicamente Viável
Dando continuação ao tema abordado pelo GR no Notícias do Mar do passado mês de setembro sob o título “O TEJO É A ESTRADA”, que também tem vindo a noticiar e a defender, como sabem, o “Projeto Tejo” do Eng. Jorge Froes que tem por principal desígnio o Aproveitamento Hidráulico de Fins Múltiplos do Tejo e Oeste, designadamente: Combate à desertificação agrícola; Resposta às alterações climáticas; Controlo da cunha salina; Controlo das cheias, mas também à Navegabilidade no Tejo e o Desenvolvimento do Turismo, que é precisamente essa parte da Navegabilidade no Tejo que vai ser abordada hoje.
E
m boa verdade, como sabem, o GR já vem pugnando pela reposição da navegabilidade do rio Tejo para reativar a navegação para o transporte fluvial em barcaças de matérias primas e outras mercadorias a granel ou em contentor, ou ainda outras peças ou estruturas com dimensões excessivas que não possam ser transportadas por via terrestre, para além do interesse económico da navegação turística ou de recreio e lazer. Já nos anos oitenta apareceu um projeto do grupo Mendes Godinho para a navegabilidade do Tejo para viabilizar o transporte fluvial, através de barcaças para 34
transportar mercadorias desde a foz até Espanha, só uma barcaça teria a capacidade de transportar 110 contentores de 40 toneladas cada, o equivalente a 220 camiões de 20 toneladas, com uma poupança de energia significativa. Comparativamente, a mesma quantidade de energia no transporte fluvial dá para fazer 500km, no ferroviário 200km, no rodoviário 100km e no aéreo 20Km, o que representa para além de uma poupança significativa de energia a vantagem de ela estar direta e proporcionalmente relacionada com a redução da poluição provocada. Mas os governos da altura foram empatando e
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continuando a empatar a tomada de uma decisão, até à desistência do proponente, porque provavelmente já sonhavam no interesse, inconfessado, de aplicar os fundos da CEE no betão e no alcatrão por esse país fora, o que os levou a deixar de investir também no caminho-de-ferro. E os que se seguiram ainda não compreenderam que o custo do transporte das mercadorias tem uma influência direta no preço de custo e de venda do produto final ao consumidor, com reflexos na economia do país... Mas como está a ser uma prática corrente hoje pedirse uma segunda opinião a um especialista no caso da
saúde, já fizemos o mesmo para este caso da navegabilidade, para ouvir um parecer de um especialista em hidráulica e recursos hídricos, e então solicitámos uma entrevista, já há algum tempo, como alguns leitores recordar-se-ão, ao Prof. Dr. Miguel Azevedo Coutinho que cordialmente aceitou. À nossa simples pergunta “Navegabilidade do Tejo”, sim ou não?, respondeu: Posta assim a questão dessa forma, a resposta é sim, se bem que considere conveniente justificar e elaborar sobre essa ques¬tão, porque considero que a navegação no rio Tejo é tecnicamente viável.
Notícias do Mar
A minha experiência como projetista da navegabilidade do rio Douro, nos projetos em que a Hidrotécnica Portuguesa esteve envolvida, primeiro para a então Direção-geral dos Serviços Hidráulicos, a Hidouro/CPE, a Comissão Coordenadora da Região Norte, entre outras entidades, levou-me a visitar alguns dos principais sistemas fluviais e canais da Europa e dos Estados Unidos da América (estes, sob jurisdição do U. S. Army, Corps of Engineers). Ainda, participei em estudos de viabilidade da navegação no Tejo e no projeto de estabelecimento do canal de acesso a Vila Franca de Xira, em 1986, para a Iberol. A primeira questão que se coloca é a da definição do tipo de navegação que se pretende estabelecer, e isso requer um conjunto de estudos aprofundados. Importa, em primeiro lugar situar o seguinte problema: todos os cursos de água que na pré-revolução industrial foram navegáveis, na época eram as autoestradas de comunicação de pessoas e bens, e que mantiveram essa navegação, prosperaram, modernizaram-se e constituem atualmente a espinha dorsal dos sistemas de transportes pesados na Europa. Os rios na Europa evoluíram muito e fazem hoje parte da principal estrutura verde ambiental (Green Infrastructures). Acresce que o rio Tejo tem condições morfológicas adequadas para o estabelecimento da navegação. O ordenamento do território e o usufruto dos seus principais recursos tem estado, em certa medida em Portugal, de
costas voltadas para as nossas linhas de água, em particular para o rio Tejo. É fundamental potenciar as capacidades do rio e enobrecê-lo como recurso, ao (re) torná-lo navegável. Deveria fazer parte do conjunto de políticas para o território, devolver a navegabilidade ao Tejo e ordená-lo como estrutura
da maior valia ambiental e como suporte primordial de infraestrutura do sistema de transporte. Do meu ponto de vista, as primeiras questões que se colocam são: a análise e definição do hinterland, associado ao rio; o estabelecimento e quantificação de cenários e tipos de tráfegos que possam
ser colocados no Tejo; a identificação de locais privilegiados para o estabelecimento de polos intermodais no sistema de transportes que levem ao estabelecimento de enterpostos e de portos fluviais. Com estes elementos poderá ser estabelecida uma base de viabilidade económica que permita funda-
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Notícias do Mar
mentar a decisão de avançar com o projeto para a navegabilidade. É urgente promover e debater o Tejo num contexto alargado que permita motivar uma nova aproximação ao rio e enquadrá-lo nas políticas públicas de ordenamento do território e nos objetivos de desenvolvimento local previstos numa próxima descentralização Na minha opinião,
deve ser desenvolvido um projeto de estabelecimento da navegabilidade, baseado em diferentes hipóteses e ambições para o alcance e desenvolvimento da navegação. ULTIMA HORA, AFINAL COMO É ISSO DO “DIREITO À ÁGUA” NO CASO DOS RIOS INTERNACIONAIS PARTILHADOS ???
Recentemente o GR foi alertado para a gravidade do problema que está a acontecer por falta de água no Tejo Internacional junto a Malpica, concelho de Castelo Branco e na Barragem de Cedillo, bem como a água que esta barragem deixa passar para o nosso lado está hoje a atingir uma insignificância, pelo que há também notícia a dizer
O Tejo em Malpica 36
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que próximo de Ortiga e Mação o Tejo está quase seco, como não podia deixar de ser, e também tem vindo a notar-se a progressiva falta de água em todo o corredor fluvial até onde não chega a força da maré vinda de jusante. Em boa verdade, a principal causa deste fenómeno, nunca visto, está na falta de água vinda de Espanha, pois agora nem o caudal ecológico mínimo dos mínimos já corre, mas não consta que os desvios, ditos transvases, da água da nascente do Tejo, em Espanha, destinada à região de Múrcia, para abastecer os aldeamentos turísticos, os campos de golfe e as horticulturas intensivas no deserto, sejam beliscados, e também não consta que a produção de energia elétrica das barragens espanholas tenha deixado de funcionar, nem sequer a Central Nuclear de Almaraz. Perante esta situação, é mais do que evidente, que os nossos governantes têm de encarar de frente esta situação muito grave, JÁ, porque se trata de um caso de independência nacional, que segundo tudo indica, pode ser conseguida através do Projeto-Tejo, Aproveitamento Hidráulico de Fins Múltiplos do Tejo e Oeste, que pode ser extensivo à península de Setúbal, já há mais de um ano que anda a ser proposto e apresentado pela Quinta da Agualva de Cima, de Alpiarça, desenhado pelo eng. Jorge Froes, que o governo em exercício já tem entre mãos, a aguardar que o estudo de viabilidade seja submetido a concurso internacional. PORQUE O TEJO NÃO PODE MORRER, ENTRETANTO!!!
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Notícias do Mar
O Tejo a Pé
Observatório da Paisagem no Tejo
Observatório da Paisagem da Charneca (Galvãozinho-Chamusca), as funcionais e polivalentes instalações acolhem vários tipos de iniciativas; atualmente uma fantástica exposição de fotografia onde o cavalo se mistura com o resto.
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omo tanto gostamos o Tejo a pé andou no Tejo. Desta vez na Chamusca pela mão do excelente Observatório da Paisagem da Charneca (OPC). O OPC - https://opc-paisagem.pt/ - é uma exemplar iniciativa
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Notícias do Mar
Texto Carlos Cupeto Fotografia Laura Rodrigues (Universidade de Évora - Escola de Ciências e Tecnologia)
Nem só de relevo e vegetação vive a paisagem.
de gente muito competente que se recusa ao fatalismo do interior pobre, despovoado e triste. Só faltam as parcerias certas para a coisa entrar em velocidade de cruzeiro e trazer nova vida aquela terra do Galvãozinho. Depois da apresentação do OPC um grupo de mais de 50 caminheiros, amigos e outros que assim vão ficando, fizeram-se aos caminhos da Rota da Água, uns escassos e agradáveis oito quilómetros. O outono é fantástico para andar no campo e a paisagem ajudou. Água muito pouca, como era espectável, na verdade ela está debaixo dos nossos pés no aquífero do Tejo – Sado, como bem lembrou a Arqtª Graça Saraiva, a responsável e grande impulsionadora do OPC. Nesta abençoada terra em tempo de seca
Caminheiros felizes em alegre cavaqueira.
tem sido esta a sustentável alternativa que possibilita que os pivots trabalhem. De volta ao OPC esperavanos um simpático almoço de produtos locais artesanais que com bom vinho, também local, fizeram as delícias e o convívio dos presentes a que não faltaram o padre e o arquitecto do excelente projeto. E assim se passou mais um excelente dia. PS: O Tejo a pé é um grupo informal de amigos que se junta para andar. Para ser convidado basta enviar um mail: cupeto@ uevora.pt
Às vezes os caminhos parecem infinitos. Em poucos passos toda a paisagem muda.
De regresso ao OPC o agradável convívio com excelente comida e vinho local. 2019 Outubro 394
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Náutica
Notícias Touron
Novo Quicksilver Activ 605 Cruiser Tudo Para Navegar O novo Quicksilver Activ 605 Cruiser sendo o barco mais compacto da gama, oferece espaço para acomodar até 6 pessoas, tendo capacidade para que duas possam pernoitar a bordo com toda a comodidade. O design único do deck permite um fácil acesso à cabina e à prática escadaria para acesso à zona de proa. A cabina dispõe duma zona de assentos em forma de U que pode ser convertida numa cama dupla.
O Activ 605 Cruiser apresenta grande variedade de características, onde se incluem: - Design do deck que per-
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mite fácil acesso tanto à cabina como à zona de proa - Cabina com zona de assentos em forma de U convertível em cama dupla para passar a noite. - Dois solários - um na zona de proa (almofada
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central para o encosto abatível) e outro no deck (encosto reclinável dos assentos de popa que permite aumentar ainda mais o espaço de solário ou facilitar o acesso directo à água).
- Grande variedade de características de segurança para adultos e crianças (como os varandins e zona de saída claramente definida), deck profundo e ponte do motor permitindo a deslocação entre as plataformas de banho. - Mesa de deck com superfície laminada como parte do equipamento de série. - Bimini-top com fecho completo para criar uma zona fechada protegida da chuva e do vento. - Soluções práticas para arrumação, incluindo as dedicadas às defensas, à mesa de deck e ao biminitop. Os objectos maiores também podem ser guardados debaixo da cama
Náutica
da cabina, enquanto que os equipamentos estão seguros nos espaços de arrumação que existem debaixo dos assento do deck. - Posto de comando ergonómico com espaço amplo para instrumentação adicional e possibilidade de montar um GPS/ Sonda de 7”. - Direcção hidráulica de série. - Depósito de combustível de capacidade extra (160 litros). - Múltiplas opções de
motorização fora de borda Mercury de 100 a 150 CV. O novo Activ 605 Cruiser está disponível com a Edição Smart que inclui geleira, duche de deck, solário de deck, mesa de deck em teka e kit de fundeio. O Pack Electrónica inclui GPS/Sonda Simrad Cruise de 7”, monitor VesselView e aparelhagem estéreo Fusion. O Activ 605 Cruiser será apresentado proximamente em Inglaterra (Feira de Southampton, de 13 a 22 de Setembro), França (Feria Grand Pavois de 18 a 23 de Setembro e Feira Náutica de
Paris de 7 a 15 de Dezembro), Alemanha (Interboot Frierichshafen de 21 a 29 de Setembro e Feira de Düsseldorf de 18 a 26 de Janeiro) e Espanha (Feira Náutica de Barcelona de 9 a 13 de Outubro). Para Fedra Generini, Directora de Marketing: “O design e a funcionalidade combinam-se no Activ 605 Cruiser, resultando num barco com um estilo diferente que oferece uma sensação de total relax. Apesar do seu tamanho compacto,
o acesso à cabina é prático e amplo, tal como as escadas que levam à zona de proa. Para relaxar, existem dois solários, bem como a opção duma zona de refeições no deck e uma cabina onde 2 pessoas podem passar a noite. Se se juntar a tudo isto a fiabilidade dos motores Mercury e um depósito de de combustível com capacidade extra, a vontade será passar o máximo tempo possível no barco “.
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Notícias do Mar
Notícias da Universidade de Lisboa
Alterações climáticas
Peixes limpadores da grande barreira de coral australiana podem deixar de limpar
Labroides dimidiatus, peixes limpadores Investigação liderada por investigadores do polo da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE) revela como os mutualismos de limpeza marinhos lidam com o aquecimento e acidificação dos oceanos.
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Grande barreira de coral 42
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estudo demonstra que após uma longa exposição a água mais quente e mais ácida os peixes limpadores - Labroides dimidiatus - reduzem a motivação para interagir com outros peixes do recife de coral. O trabalho realizado no Laboratório Marítimo da Guia usou valores de temperatura e de pH previstos pelo Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) para o fim do século. Os investigadores olharam ainda para o funciona-
Notícias do Mar
Corais da grande barreira de coral australiana
mento do cérebro destes peixes e perceberam que as alterações observadas estavam correlacionadas com mudanças nos níveis de neurotransmissores no cérebro (dopamina e serotonina). Os mutualismos marinhos de limpeza são interações cooperativas onde peixes limpadores removem parasitas e pele morta de outros peixes dos recifes de coral. Estas interações são essenciais para os ecossistemas de recifes de coral, já que a sua existência modela a diversidade, abundância e recrutamento de inúmeras espécies de peixes. Perceber como as alterações climáticas podem
afetar estes mutualismos é uma prioridade para a investigação marinha. “Neurobiological and behavioural responses of cleaning mutualisms to ocean warming and acidification” da autoria de José Ricardo
Paula, Tiago Repolho, Maria Rita Pegado, PerOve Thörnqvist, Regina Bispo, Svante Winberg, Philip L. Munday e Rui Rosa foi publicado recentemente na revista Scientific Reports do grupo Nature.
O trabalho iniciado em novembro de 2014 contou com a colaboração de investigadores da Universidade Nova de Lisboa, da Universidade de Uppsala, na Suécia e da Universidade de James Cook, na Austrália.
Labroides dimidiatus, peixe limpador 2019 Outubro 394
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Electrónica
Notícias Nautiradar
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A
potência de saída de 6W é mais que indicada para comunicações a longa distância e a poderosa saída de áudio de 700mW oferece uma comunicação clara em ambientes ruidosos. Mesmo com a utilização de luvas, a operação deste rádio é fácil graças ao seu corpo fácil de segurar e teclas grandes. A bateria de iões de lítio fornecida dura mais de 12 horas e por isso ideal para operações de longa duração. O rádio de VHF IC-M37E flutua
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e quando em contacto com a água, uma luz vermelha pisca para facilitar a sua localização. A função “histórico de canais” permite consultar os últimos 5 canais usados. Características: - Potência de saída RF de 6W para uma comunicação fiável a longa distância - Saída de áudio potente de 700 mW para uma comunicação clara - Teclas de grandes dimensões e um corpo fácil de agarrar permitem uma utilização
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simples, mesmo usando luvas - Mais de 12 horas de operação com a bateria de iões de lítio BP-296 fornecida (removível/substituível pelo utilizador) - Float’n Flash: caso caia à água, o rádio flutua e permite saber sempre a sua localização graças a uma luz LED vermelha que pisca quando em contacto com água - Construção submersível IPX7 (1 metro de profundidade por 30 minutos) - Função de histórico de canais armazena os 5 últimos canais utilizados para uma rechamada simples - AquaQuake previne degra-
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Notícias do Mar
Cimeira do Clima da Organização das Nações Unidas
Apelo à Ação Climática no Oceano
Cabo Espichel Portugal quer classificar 30% do espaço marítimo como área protegida e desenvolver a energia offshore de 10% até 2030, foi o compromisso assumido por 14 países na Cimeira do Clima da Organização das Nações Unidas que decorreu entre os dias 20 a 25 de Setembro na ONU
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oi durante uma reunião do Painel de Alto Nível para uma Economia do Oceano Sus-
tentável que reuniu em Nova Iorque à margem da Cimeira, composto por Portugal, Noruega, Austrália, Japão, Qué-
nia, México, Namíbia, Chile, Indonésia, Palau, Fiji, Gana, Canadá e Jamaica, que o documento foi assinado.
António Guterres com Greta Thunberg 46
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Este compromisso para uma acção climática com base no Oceano justifica-se, porque todos estes países juntos representam cerca de 30% da linha costeira mundial, 30% das Zonas Económicas Exclusivas globais e 20% da frota marítima em todo o mundo. O Oceano, para além de ser uma vítima das alteraçãos climáticas, tem um importante papel a desempenhar como uma fonte de solução, pelo seu papel fulcral no combate, nomeadamente como regulador climático do Planeta em virtude do grande poder de absorção de CO2 que tem. A esse respeito, a Ministra do Mar de Portugal, Ana Paula Vitorino disse “O Oceano
Notícias do Mar
WindFloat Atlantic a 18 Km da Póvoa do Varzim tem um grande impacto nas alterações climáticas, constituindo-se como uma grande fonte de absorção de CO2, retendo 50 vezes mais dióxido de carbono do que a atmosfera. É por isso que o Oceano tem de ser central naquele que é o grande objectivo global da descarbonização e do combate às alterações climáticas” Presentemente as Áreas Marítimas Protegidas (AMP) ocupam apenas 7% do espaço marítimo nacional. Portugal Já se tinha comprometido em classificar pelo menos 14% do espaço marítimo sob jurisdição nacional como área marinha protegida. Agora pretende, em apenas dez anos, duplicar essa área e chegar as 30%. Segundo Ana Paula Vitorino “as redes de áreas
protegidas são a pedra angular das políticas de conservação da biodiversidade, concentrando-se na protecção de ecossistemas, habitats, espécies e recursos genéticos, proporcionando assim uma ampla gama de benefícios para a sociedade e a economia”. A energia renovável oceânica é crucial para descarbonizar o sistema mantendo a segurança energética. As energias renováveis oceânicas possuem o potencial para fornecer 25 % da eletricidade consumida em Portugal anualmente (27 milhões barris de petróleo equivalentes/ano), contribuindo desta forma para a construção de uma segurança energética sustentável, já que não só diminuem em 20 % as importações de energia, como
Offshore WindPower na Noruega 2019 Outubro 394
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Notícias do Mar
também evitam as emissões anuais de 8 milhões de toneladas de dióxido de carbono. Agora Portugal garantiu que até 2030, consegue que 10% da electricidade consumida terá por base a energia eólica offshore em plataformas. O objectivo está definido no Roteiro da Estratégia Industrial de Energias Renováveis Oceânicas, assinado em 2017 pelo Governo.
Energia das ondas WaveRoller montado em Peniche
Projeto Waverolller em Peniche
Apelo à Ação Climática no Oceano Os 14 países do Painel de Alto Nível para uma Economia do Oceano Sustentável que assinaram o compromisso consideram: “O oceano é a fonte vital do nosso planeta e vital para sociedades humanas saudáveis e um mundo próspero economicamente. Um oceano saudável também é fundamental para alcançar as nossas metas globais de mudança climática”. “Relatórios sobre o aquecimento global de 1.5C e o oceano e a criosfera num clima em mudança, alertam o mundo para os riscos seve-
Parque de Ondas da Aguçadoura sistema Pelamis 48
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Notícias do Mar
Parque de Ondas da Aguçadoura sistema Pelamis ros que a mudança climática inabalável está a prejudicar a saúde e o bem-estar humano”. “Nós estamos preocupados com a vulnerabilidade das comunidades e cidades costeiras densamente povoadas e baixas, particularmente nos estados insulares e pequenos em desenvolvimento e nos países menos desenvolvidos.”
“A saúde do oceano e os meios de subsistência e economias que dependem dele exigem que o mundo reduza urgentemente as emissões de gases de efeito estufa, em conformidade com os objetivos do Acordo de Paris.” “Nós, membros do Painel de Alto Nível, exortamos todos a se juntarem a nós na aceleração do progresso
Parque de energia das ondas Pelamis 50
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nas seguintes ações-chave sobre o clima baseadas no oceano para apoiar a consecução do Acordo de Paris e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável” 1. Invista em soluções climáticas baseadas na natureza. Restaurar, proteger e gerir a costa e os ecossistemas marinhos, incluindo mangais, algas marinhas, sapais, macroalgas e recifes, para melhorar sua capacidade de sequestrar e armazenar carbono, adaptar-se aos efeitos das mudanças climáticas e melhorar a resiliência costeira. Ao fazer isso, aplique ciência eficaz e defenda o ecossistema com ferramentas de gestão, incluindo o estabelecimento de recursos marinhos, desenvolva áreas protegidas e inovações financeiras. 2. Aproveitar a energia renovável baseada no oceano. Amplie as energias re-
nováveis offshore e energias oceânicas, incluindo vento, onda, maré, corrente e solar, para atender à demanda futura de energia e tornar-se competitivo em termos de custo. 3. Decarbonize as indústrias do Oceano. Invista nas soluções necessárias para oferecer suporte rápido à descarbonização das indústrias oceânicas, incluindo transporte marítimo, porto, infra-estruturas e operações, pesca, aquacultura e turismo. 4. Alimento sustentável e seguro para o futuro. Promover a sustentabilidade, segurança, equidade, resiliência e fontes de baixo carbono dos alimentos do oceano para alimentar e melhorar a nutrição dos presentes e gerações futuras, incluindo a mitigação da insegurança alimentar. 5. Avance na implantação da captura e armazenamento de carbono. Reduzir barreiras para captura de carbono e armazenamento no fundo do mar através de colaboração internacional, incluindo o mapeamento potencial de armazenamento das formações geológicas do fundo do mar. 6. Expanda Observação e pesquisa do oceano. Amplie o suporte local para a observação global e pesquisa, para melhor informar os tomadores de decisão sobre as observações observadas, de impactos das mudanças climáticas, aquecimento e acidificação no oceano, e o papel do oceano no ciclo global do carbono. Garantir que esses dados e informações sejam localmente relevantes, abertos e acessíveis a todos de acordo com as leis e regulamentos nacionais que regem seu uso.
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Mergulho
Notícias da Federação Portuguesa de Actividades Subaquáticas
Rui Bernardo e Sónia Bernardo Conquistam o Ouro
Seleção Nacional é Campeã do Mundo em Fotografia Subaquática na Categoria “Peixe”
Ouro Categoria Peixe Rui Bernardo e Sónia Bernardo
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s três equipas que representaram Portugal no XVII Campeonato Mun-
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dial de Fotografia Subaquática pisaram o pódio nas categorias de “Peixe”, “Tema” e “Grande Angular”. Portugal torna-se assim vice-campeão, ao arrecadar várias medalhas neste campeonato, que decorreu em Tenerife, nas Ilhas Canárias. A medalha de ouro foi conquistada pela dupla Rui Bernardo (Fotógrafo) e
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Sónia Bernardo (Modelo/ Assistente), na categoria “Peixe”. A de prata foi ganha na categoria “Tema”, pela dupla Rui Palma (Fotógrafo) e Carla Siopa (Modelo/Assistente) que arrecadaram também a medalha de bronze na categoria “Grande Angular”. Portugal apresentouse com duas equipas de fotografia e uma equipa de vídeo no campeonato, contando com o apoio no local do capitão e selecionador nacional Pedro Vasconcelos, que se fez
acompanhar da sua equipa Filomena Sá Pinto e Manuela Passos. As 5 categorias a concurso eram de Peixe, Close Up, Tema, Grande Angular e Grande Angular com Mergulhador, sendo que três foram conquistadas pela seleção nacional. Ricardo José, Presidente da Federação Portuguesa de Atividades Subaquáticas, felicita as equipas portuguesas pelas medalhas conquistadas.
Mergulho
Prata Categoria Tema Rui Palma e Carla Siopa
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Surf
Notícias do Surf Clube de Viana do Castelo
XXI Luso Galaico
Inova com SUP Wave e alto rendimento
Sacha Garcia venceu Surf Open Em ano de celebração do 30º aniversário do Surf Clube de Viana (SCV), o Luso Galaico (LG), que se realizou no fim-de-semana de 14 e 15 de Setembro, na praia da Arda, em Viana do Castelo, registou um recorde de inscrições, 91 atletas, um alto nível de surf, beneficiando da presença dos melhores surfistas do norte de Portugal e da Galiza e de boas ondas, excelente organização e ainda a introdução de uma nova modalidade: SUP Wave.
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Isa Gundín venceu em Surf Feminino 56
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Surf Open apresentou um alto nível ao longo de toda a competição, com Tarik Hajbaoui, vencedor do LG 2018, a ser eliminado logo na 1ª ronda e Filipe Aires, vencedor em 2016, eliminado nos quartos-de-final. Em grande destaque esteve Sacha Garcia a conquistar o primeiro lugar da final, com um score total de 11,73, seguido do vianense João Crespo, com 10,73, de Tomás Arroja e de David. “Houve bom nível, bom surf e boas ondas. Foi uma boa preparação
Surf
para os próximos campeonatos como o GromSearch”, avançou Sacha. No Surf Feminino, a final foi muito disputada, tendo apenas 40 décimas separado a grande vencedora, Isa Gundín, da sua colega Martina Alvaréz. Nesta final, quase exclusivamente galega, em 3º lugar ficou Lola Bernúdez e Mariana Reis em 4º. “Na final, tive duas boas ondas e consegui a vitória contra adversárias que conheço bem e praticaram bom surf”, referiu Isa Gundín. Em Bodyboard Feminino, Letícia Flores Cruzeiro, com um score total de 11,83, venceu destacadamente na final, seguida de Sara Silva, de Luana Costa Ferreira e de Sara Alen de Chevarria. Letícia Cruzeiro, que pratica a modalidade há cerca de ano e meio e que tinha por objetivo vencer em Viana, diz sentir-se muito feliz com esta sua estreia no LG. “Correu muito bem. Alcancei o meu objetivo, que era o primeiro lugar. As condições que encontrei foram boas”. Joel Rodrigues foi a grande estrela do Bodyboard Open, com o score mais alto das finais, 12,07. Tendo também este resultado lhe valido um wildcard para o Pro Junior. Em 2º lugar ficou Alex Rico, à frente de Tiago Ferreira e de Uxio. “Fiz bons heats. Houve boas ondas ao longo da competição. Os adversários eram bons”, explicou, acrescentando “no mundial vou lutar para chegar à final”.
Letícia Flores Cruzeiro vencedora do Bodyboard Feminino
Román Diez, com 11,83 de score, venceu destacado em Longboard, seguido por Tomás Arroja, por Eduardo Martins e por Mariana Gonçalves, ambos atletas do SCV. “Correu bem, apesar de sermos poucos. Para longboard, as ondas estavam muito boas. Quanto aos meus objeti-
vos, como selecionador da modalidade em Espanha, procuro atletas para irem ao mundial”, avançou Román Diez. Na estreante categoria de SUP Wave também houve muita disputa, com Ângelo Bernardo, de Moledo, a vencer, por uma diferença de 57 décimas, Eduardo Martins, que fi-
cou à frente da colega de equipa Ângela Fernandes e de Pedro Break. “A prova correu-me bem! Neste último heat, a maré já tinha enchido e dificultou um pouco! Foi uma excelente iniciativa e espero que continue”, referiu Ângelo. Eduardo Martins, que não tinha definido objeti-
Joel Rodrigues venceu Bodyboard Open 2019 Outubro 394
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Surf
Roman Diez vemceu no Longboard
vos competitivos, também considera ser “uma excelente iniciativa inovar o LG com o Paddle, uma modalidade nova mas com grande crescimen-
to a nível mundial”. Do SCV competiram nove atletas. Além dos três já referenciados anteriormente, destaque, em Surf Feminino, para o 5º
lugar de Raquel Otero e para o 7º de Raquel Vale, e ainda, em Surf Open, para o 7º lugar de João Maria Pereira. Esta edição do campe-
onato, estando associado à celebração do 30º Aniversário do clube, também abriu a sua participação à seleção de surf júnior galega, reforçando a cooperação existente com a Federación Galega de Surf (FGS). “O SCV e o CAR Surf de Viana para nós são modelos de como deve ser o surf. Em Espanha não existem infraestruturas destas. Prevemos, fora do LG, utilizar mais vezes o CAR”, afirmou Román Diez, presidente da FGS. O SCV também convidou os clubes diretamente ligados aos CAR Surf nacionais, materializando o 2º Meeting Nacional CAR Surf, que juntou em Viana do Castelo a Associação de Surf de Aveiro (CAR Surf de São Jacinto) e o
Ângelo Bernardo venceu SUP Wave 58
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Surf
SCV (CAR Surf Viana). Pedro Velhinho, presidente da Associação de Surf de Aveiro considera que o conceito do modelo de gestão dos CAR da modalidade contempla uma dinamização conjunta destas infraestruturas. “Os CAR são mais uma ferramenta que poderá contribuir para a evolução da modalidade e todos beneficiam com uma estratégia integrada, com a partilha de conhecimento e de boas práticas”, explicou. Também Paulo Marcolino, diretor executivo da Fundação do Desporto, considera que “estes encontros e esta partilha de conhecimento são importantes para a evolução dos CAR, que apesar de terem valências e potencialidades diferentes têm objetivos comuns. O CAR Surf de Viana é um exemplo não só para os da modalidade mas para todos os outros, pois foi o que mais rapidamente conseguiu assimilar a ideia de modelo de gestão dos CAR e que a implementou. As instituições são os seus recursos humanos, e este CAR construiu uma dinâmica própria que beneficia de várias parcerias que estabeleceu e que lhe dão capacidade de produzir o seu próprio conhecimento”. O LG foi organizado pelo Surf Clube de Viana e homologado pela Federação Portuguesa de Surf e pela FGS. Teve o apoio da Câmara Municipal de Viana do Castelo, do Instituto Português do Desporto e Juventude, da Xunta de
Eduardo Martins foi 2º em SUP Wave
Galicia, da Fundação do Desporto, da Quiksilver, da World Surf Cities Network, da Meo Beachcam, da Roxy, da Viana Segura e da Cabo d´Mar. O Viana World Bodyboard Championship 2019 encerrou o Viana Surf City Festival, entre os dias19 e 22 de Setembro também na praia da Arda. Boas Ondas! Melhor Surf!
Prêmios
Vencedores 2019 Outubro 394
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Surf
Notícias do Surf Clube de Viana
“Praticar desporto regulamente é muito importante”
Marta Paço Marta Paço é embaixadora da Semana Europeia do Desporto, que, em Portugal, teve a sua cerimónia de abertura oficial em Viana do Castelo já dia 23 de Setembro antecedendo, assim, o início do 5º Outdoor Sports Euro’Meet, a maior conferência de desporto outdoor e de sustentabilidade da Europa.
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Marta Paço, Fátima Lopes, Elisabete Jacinto e Patrícia Matos 60
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sta atleta do Surf Clube de Viana, com apenas 14 anos de idade, sagrou-se, ainda este ano e também em Viana do Castelo, a 1ª campeã europeia em ASVI Ladies, no 1º Campeonato Europeu de Surf Adaptado, após ter conquistado, aos 13 anos, o título mais alto para Portugal, até agora, numa competição mundial da modalidade (a medalha de bronze). Sente-se muito feliz por ser embaixadora, pois tem a responsabilidade de “tentar influenciar todas as pessoas, independen-
Surf
Marta Paço embaixadora da Semana Europeia do Desporto
temente da sua idade ou de qualquer outro fator, a praticarem desporto, não só durante a Semana Europeia do Desporto mas ao longo de todo o ano”. “Através da minha experiência, entendo que praticar desporto regulamente, na vertente lúdica ou de competição, é muito importante. É importante para #BeActive e também a muitos outros níveis. Potenciando, por exemplo, muitas competências na área social”, explica. A Semana Europeia do Desporto é uma iniciativa da Comissão Europeia que é celebrada em simultâneo por 41 países e regiões entre 23 e 30 de
setembro. Tem por principal objetivo a promoção dos benefícios da prática regular do desporto e da atividade física e por lema #BeActive. Isto porque o desporto e a atividade física contribuem significativamente para o bem-estar dos cidadãos; a ausência de atividade física, para além do impacto negativo na sociedade e na saúde das pessoas, tem custos económicos; e o desporto é considerado um excelente meio de veicular mensagens de tolerância e de reforçar a cidadania. Em território nacional, esta 5ª edição é coordenada, novamente, pelo Instituto Português do Desporto e Juventude.
Marta Paço com Carlos Lopes 2019 Outubro 394
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Surf
Notícias do Surf Clube de Viana do Castelo
Nicolas Capony é o campeão do mundo Júnior de bodyboard 2019 Nicolas Capony campeão Mundial Junior Nicolas Capony, da Ilha Reunião, um departamento ultramarino francês, venceu o galego Bruno Martin, por uma diferença de 2.24, na final do APB Pro Junior Grand Slam, que terminou no dia 22 de Setembro com muita emoção e ondas a rondar os 2 metros, na praia da Arda, em Viana do Castelo.
A
grande surpresa do dia aconteceu logo no primeiro heat da semifinal, quando Nicolas Capony defrontou Armide Soliveres, detentor do título mundial, e garantiu a passagem à final. Segundo o campeão do mundo de 2019, as condi-
ções estiveram excelentes todos os dias e a organização também, mas os adversários eram muito bons e, por não ter sido nada fácil defrontá-los, sente-se ainda mais contente com o resultado alcançado. “Estou muito contente! Foi um sonho tornado reali-
Bruno Martin é vice-campeão 62
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dade. Um excelente presente, num evento fantástico, no meu último ano como júnior”, disse Nicolas. O galego Bruno Martin, vencedor da edição de 2018 do Luso Galaico e que na semifinal de hoje venceu com um score total de 13.17 Cristopher Bayona Angulo (8.84), sagrou-se vice-campeão mundial também no seu último ano como júnior. “Estou muito contente com este resultado, que não esperava, mas que se foi materializando ao longo da competição. Treinei muito para as condições de hoje e para as dos dias anteriores, por isso sentime sempre à vontade”, refere Bruno. Tanto Nicolas Capony como Bruno Martin protagonizaram, ao longo de toda a
competição, performances muito consistentes. O canário Armide Soliveres e o peruano Cristopher Bayona Angulo foram os terceiros classificados. “Confiei. Esperei por outra boa onda, mas, de tanto esperar, não consegui”, avança Armide Soliveres que também considera que, tal como já tinha antecipado, “o nível esteve muito alto”. Cristopher Bayona Angulo fez história não apenas pelo seu resultado mas também por esta ter sido a primeira vez que o Perú participou no mundial. “Correu bem. Treino há sei anos e queria ser campeão do mundo. Mas, o nível estava muito alto. Aprendi muito também com os meus adversários. Esta é a minha primeira
Surf
participação e a primeira vez que saio do Perú. Para o ano, vou trabalhar o dobro”, refere Cristopher. Os quatro finalistas, que até às meias-finais ganharam sempre os seus heats, eram fortes candidatos ao título. Terry McKenna, world tour manager da Association of Professional Bodyboarders (APB), considera que “esperar até hoje para terminar a competição acabou por ser uma jogada brilhante, pois as ondas rondaram os 2 metros e o vento offshore, possibilitando aos competidores fazer altas performances”, acrescentando “este campeonato, o primeiro Pro Junior autónomo, foi um grande êxito: reuniu, em Viana do Castelo, os melhores bodyboarders dos quatro cantos do mundo; registou um alto nível; ficou claro que a modalidade está em excelentes mãos. Além disso, o Surf Clube de Viana (SCV), mais uma vez, fez um trabalho incrível de organização. Viana do Castelo foi o berço do bodyboard profissional e isso foi evidente também na organização deste evento”. O CAR Surf de Viana serviu de estrutura de apoio ao Viana World Bodyboard Championship. Entre os vários competidores que lá estiveram “hospedados” e treinaram, destaque para Nicolas Capony e para Cristopher Bayona. Para João Zamith, presidente da direção do SCV, “devido ao nível dos atletas e ao CAR Surf, cada vez mais Viana do Castelo tem projeção mundial”, acrescentando “organizar eventos de nível mundial com esta dimensão e com este resultado só é possível com o apoio e o envolvimento de toda a equipa
Armide Soliveres foi 3º do SCV”. Em ano de comemoração do 30º aniversário do clube, na cerimónia de entregue de prémios, também houve lugar a uma homenagem ao Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) pelo apoio que tem dado à instituição. “O CAR Surf de Viana é uma mais-valia, pois, além de dar uma resposta de qualidade no plano do alto rendimento, dá uma resposta notável no plano do desenvolvimento desportivo, pois funciona como âncora das atividades náuticas, em especial do surf”, explica Vítor Pataco, presidente do IPDJ. Também Vítor Lemos, vice-presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, defende que “o SCV está a fazer um excelente trabalho” e, dirigindo-se aos competidores que subiram ao pódio, pediu que levassem os troféus e também o nome de Viana do Castelo, como referência, para os seus países. O Viana World Bodyboard Championship é organizado pelo SCV, em parceria com a APB e a Câmara Municipal de Viana do Castelo. Conta também com os
Cristopher Bayona terminou em 3º apoios do IPDJ, da Fundação do Desporto, da Federação Portuguesa de Surf, da Marinha Portuguesa, da World Surf Cities Network, do Axis Hóteis, da Delta Cafés, da Silampos, da Amorim Isolamentos, da Science, da
Cunha Bastos, da Viana Segura, da Cabo d’Mar, da Escola Superior de Desporto e Lazer - IPVC, da Vava, do Hospital Fernando Pessoa, da A Aurora do Lima, da Meo Beachcam e do Corpo Europeu de Solidariedade.
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Vela
Notícias J Boats Portugal
Novo J / 99
Inserido na regata Never Ending Summer Marina de Albufeira a J Boats Portugal realizou no passado Sábado dia 21, a apresentação nacional do novo J / 99. Intitulado pela marca como um “Offshore Shorthanded Speedster”, vêm preencher a gama de regata da J Boats com um veleiro que parece desenhado e orçamentado para o mercado Português, com um preço base de 113.540€.
É
um 9.9 metros, de aspecto agressivo e desportivo, pronto para dominar os principais circuitos de regata na sua classe. Combinando espaço livre e acomodações interiores confortáveis com a capacidade de resposta de um barco desportivo governado por cana de leme. O plano de velas e convés é optimizado para facilitar o manuseio com menos tripulação e incorpora os últimos desenvolvimentos do premiado J / 121 e o novo campeão mundial de navegação offshore J / 112E. O interior possui
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Vela
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Vela
cabines de popa duplas, uma estação de navegação apropriada, uma cozinha em forma de L e uma casa de banho privada na
proa com espaço para armazenamento de velas. Vem ainda equipado com mastro de alumínio com um novo perfil incorpo-
rando uma calha exterior para maior rigidez e menor peso, na proa como opção um bowsprit fixo em carbono. No exterior oferece um amplo poço, optimizado para as manobras, onde uma tripulação completa, de 6/7 pessoas facilmente coabitam, mesmo nas manobras mais rápidas. Agora, mais do que nunca, os marinheiros são atraídos por eventos exclusivos e cheios de aventura (Fastnet, Middle Sea, Chicago-Mac, etc.), onde a velocidade em linha recta, a afinação
das velas, a estratégia e a previsão do tempo são igualmente testados. O J / 99 foi projectado para se destacar nesses eventos (com tripulação completa ou reduzida), proporcionando uma experiência divertida e familiar pela qual a linha J Sport é conhecida. Sendo a primeira vez que navegava em águas Portuguesas, não podia ter corrido melhor! Com o vento a variar entre os 6 e os 16 nós, ganhou todas as regatas, conseguindo aumentar a distância para o segundo em todas as
J70 com tripulação feminina 66
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Vela
O interior do J99
pernas. Aos 16 nós, com tripulação completa a bordo, já plana! No evento realizado foi ainda apresentado um J70 usado disponível para venda (2016). Barco com-
pletamente equipado com 2 capações e atrelado de estrada por 38.000€. Participou nesta regata com uma tripulação completamente feminina, sendo a primeira vez que nave-
gavam juntas e num novo barco foi curioso ver a evolução demonstrada de regata para regata. Fica a certeza que em próximos eventos será um adversário a lutar pelos lugares
cimeiros do pódio. Estes barcos vão estar disponíveis para visitas no Algarve/ Marina de Albufeira por marcação, até Dezembro e em Lisboa entre Janeiro e Fevereiro.
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Vela
Fotografia Neuza Aires Pereira/Sail Cascais
I Liga Vela Portugal
Sucesso Absoluto e Vitória do Clube de Vela do Sado
I liga Vela Portugal com vitória do Clube de Vela do Sado A I Liga Vela Portugal, promovida pela SailCascais e disputada na classe SB20 entre os dias 19 e 22 de Setembro em Cascais, encerrou como um sucesso absoluto. Oito equipas marcaram presença, tendo o triunfo pertencido ao Clube de Vela do Sado.
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ito equipas participaram na I Liga Vela Portugal, um evento que se estreia em águas portuguesas.É uma prova para os clubes, agregando numa plataforma igualitária velejadores de diferentes idades, classes, sexo, etc. Este evento
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pretende reacender o clubismo e a sua rivalidade tradicional. É a vela na sua essência, os barcos são iguais e as tripulações só têm de saber navegar. O formato replica o de outros desportos como o futebol, com várias jornadas em que os primeiros se qualifi-
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cam para uma Champions League e os últimos descem de divisão. O público em geral consegue entender sem dificuldades o modelo. O primeiro dia de regatas foi dominado pela equipa do Clube de Vela do Barreiro. O segundo dia da Liga Vela Portugal fica marcado pelo equilíbrio com cinco equipas a alcançarem triunfos nas oito regatas realizadas. Clube de Vela do Barreiro, Clube de Vela do Sado, Clube Naval de Cascais, We Do Sailing e
Clube de Vela de Lagos somaram vitórias, deixando em aberto o apuramento para a Final Four que foi disputado no Domingo. No derradeiro dia, o Clube de Vela do Sado, com uma tripulação formada por Luís Santos, António Santos, Pedro Vilela e João Santos, foi o grande vencedor da primeira edição da Liga Vela Portugal. A equipa We Do Sailing (Afonso Leite, Diogo Costa, Pedro Costa, Nuno Bajanca, Manuel Lopes e Diogo Machado Pinto) foi segunda classificada e o
Vela
Clube de Vela do Barreiro
Clube de Vela do Barreiro (Álvaro Marinho, Ricardo Alves, Tiago Alves e João Duarte) fechou o pódio. Foi emocionante o derradeiro dia da Liga Vela Portugal. As oito tripulações começaram por cumprir as últimas quatro regatas do Round Robin, definindo as quatro que passariam à Final Four (Clube de Vela do Barreiro, Clube de Vela do Sado, We Do Sailing e
Clube Naval de Cascais). Nas duas regatas da final, o Clube de Vela do Sado esteve imparável e conquistou a Liga Vela Portugal. A We Do Sailing alcançou a segunda posição e o Clube de Vela do Barreiro foi terceiro. O Clube Naval de Cascais ficou no quarto lugar. Luís Santos, leme do Clube de Vela do Sado, resume a prestação da sua
equipa:”Foi disputado até ao fim. Tivemos uma manhã não muito brilhante mas depois fomos afinando, percebendo como se fazia e conseguimos ganhar. Andámos certinhos e direitinhos e no fim foi só juntar”, afirma. Quanto à Liga Vela Portugal, Santos não tem dúvidas: “Acho que pode ir muito mais longe. É um formato que pegou prati-
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Vela
A equipa do Clube de Vela do Barreiro 70
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camente no mundo inteiro, é muito engraçado e vai fazer parte do calendário”, conclui. Vasco Serpa, da SailCascais, entidade promotora do evento estava naturalmente satisfeito “Correu bastante bem. Tivemos oito clubes na estreia, gostaríamos de ter tido mais, mas o sucesso alcançado vai cativar mais equipas no futuro, sendo que para o ano queremos organizar duas edições. O modelo funcionou e sabemos que é a plataforma correcta para juntar os melhores velejadores dos clubes numa única prova”, afirma.
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burgo (Rússia), Palma de Maiorca (Espanha) e Porto Cervo (Itália) e os oito primeiros classificados de cada uma, vão disputar a final que terá lugar em Saint-Moritz (Suíça)” conclui Vasco Serpa Classificações 1º- Clube de Vela do Sado Luís Santos, António Santos, Pedro Vilela e João Santos 2º- We Do Sailing - Afonso Numa análise à prova, Vasco Serpa realça dois pontos “Tivemos oito clubes e sete conseguiram ganhar regatas. Fiquei impressionado com a evolução rápida dos jovens velejadores que, mesmo enfrentando atletas com mais experiência, foram conseguindo lutar por vitórias”, refere. A I Liga Vela Portugal serviu igualmente de apuramento para a Sailing Champions League “Não sabemos ainda quantas vagas temos para Portugal mas julgo que serão quatro. Há três provas de qualificação que se realizam em São Peters-
Leite, Diogo Costa, Pedro Costa, Nuno Bajanca, Manuel Lopes e Diogo Machado Pinto 3º- Clube de Vela do Barreiro - Álvaro Marinho, Ricardo Alves, Tiago Alves e João Duarte 4º- Clube Naval de Cascais - Henrique Brites, Bernardo Torres Pêgo, Pedro Garcia e Martim Mastbaum 5º- Sport Algés e Dafundo Lourenço Mateus, Carolina
Joao, Vasco Veras e João Tomas 6º- CIMAV - Martim Fernandes, Andre Granadeiro, Selby Lemmans e Ricardo Duarte 7º- Clube de Vela de Lagos - Manuel Fortunato, Frederico Batista, Mariana Viegas e Robin Tomaz 8º- Sport Club do Porto - Carolina Campos, Nuno Azevedo, Miguel Campos e Bruno Pereira
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Portimão - Cidade Europeia do Desporto 2019
Nacional de Vela Adaptada lança Europeu
Terminou no dia 29 de setembro, o Campeonato Nacional de Vela Adaptada, antes do Eutopeu que vai disputar-se entre 7 e 12 de outubro e juntará 130 velejadores de 12 países.
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Campeonato Nacional de Vela Adaptada teve a participação de 27 atletas de oito clubes que se juntaram na Marina de Portimão para três dias de regatas, preparando-se para o Europeu Classe Hansa, a disputar nas águas de Portimão – Cidade Europeia do Desporto 2019. Os primeiros dois dias da competição, organizada pela associação Teia D’Impulsos, foram marcados por pouco vento, o que originou alguns atrasos nas primeiras regatas. Do programa constou ainda uma atividade de vela com a Associação Salvador di72
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rigida a cerca de quarenta utentes da instituição. No domingo, derradeiro dia de prova, regressou o vento e as condições ideais para a vela, permitindo a realização de oito regatas. Contas feitas, Pedro Reis (Clube Naval de Cascais) consagrou-se campeão nacional de 303 Singles, enquanto Rui Dowling (Clube Naval da Horta) alcançou o título máximo de 2.3 e a dupla Pedro Reis/Teodoro Cândido (Clube Naval de Cascais) foram coroados campeões nacionais de 303 Duplos. Em femininos, Ana Lemos (Sporting Clube de Aveiro/AAUAv) ficou com a medalha de 1º lugar em 303 Singles, Luísa Graça (ENVA) foi a melhor em 2.3 e a dupla Ana Lemos/Ana Martin (SCAveiro/
AAUAv) dominou em 303 Duplos. O campeonato também ficou marcado pelo regresso à vela de João Pinto, atleta portimonense que tinha abandonado a modalidade há cerca de dois anos e que conseguiu um excelente 2º lugar na classificação de 303 Singles, sagrando-se assim vicecampeão nacional da categoria. A entrega de prémios contou com a presença de Teresa Mendes, vereadora de Câmara Municipal de Portimão, Marina Correia, responsável da Marina de Portimão, e João Leonardo Jesus, vice-presidente da Federação Portuguesa de Vela.
Segue-se entre 7 e 12 de outubro o Campeonato de Europa Classe Hansa 2019, com a participação de cerca de 130 atletas em representação de 12 países, constituindo segundo a organização, também a cargo da Teia D’Impulsos, “o maior desafio assumido em terras lusas no que respeita à vela adaptada”. “Foi um excelente fimde-semana de prova, que serviu de ‘test drive’ para o Europeu, e tanto os atletas como a própria organização estão entusiasmados com a semana que se avizinha. Com condições de vela ideais, um cenário idílico, os melhores veleja-
dores de vela adaptada da Europa e um programa social variado, a semana promete”, afirmou na ocasião Luís Brito, dirigente da Teia D’Impulsos e responsável pelo projeto Vela Solidária. Os Campeonatos Nacional e Europeu são organizados, no âmbito da Cidade Europeia do Desporto, pela Teia D’Impulsos, através do projeto Vela Solidária, numa parceria com o Iate Clube da Marina de Portimão, contando com os apoios da Câmara Municipal de Portimão, Federação Portuguesa de Vela e Instituto Português do Desporto e Juventude, entre outros parceiros e patrocinadores.
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Notícias do Mar
Últimas 3ª Etapa do Circuito Nacional de Bodyboard Esperanças
Joel Rodrigues Domina em Casa e Sagra-se Campeão Nacional
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jovem bodyboarder do Clube Naval Povoense não desiludiu quem apostava nele e venceu a 3ª etapa do Nacional de Esperanças, na Póvoa de Varzim, que terminou no dia 6 de Outubro, em sub-16 e sub18, sagrando-se campeão nacional em ambos os escalões. Em sub-18 feminino, Mariana Rosa virou a final nos últimos segundos e adia decisão para Carcavelos. Joel Rodrigues cumpriu o prometido e conquistou os títulos nacionais de bodyboard esperanças sub16 e sub-18, vencendo am-
bos os escalões na terceira etapa do circuito esperanças competição que terminou na Praia da Salgueira, Póvoa de Varzim. “Estou muito contente, cumpri o objetivo deste ano nas duas categorias e ainda por cima a vencer as três etapas”,afirmou Joel Rodrigues, que acrescentou: “E vou para Carcavelos [quarta e derradeira etapa] para ganhar” Face a este domínio impressionante com apenas 15 anos, a questão é se é difícil permanecer humilde: “Não, nada disto me sobe à cabeça. Mas já começo a pensar em em ser cam-
peão europeu. E alcançar um pódio no projunior mundial também é um objetivo. Este ano estive perto, em Viana, onde fui 5º.” Este jovem que tem como referências o seu treinador Tiago “Moita” Silva e o australiano Lewy Finnegan, é, sem dúvida, um nome a ter em conta no futuro Entretanto, na competição de sub-18 feminino, emoção a rodos, com Mariana Rosa a virar a bateria nos últimos segundos e a “tirar o pão da boca”, que é como quem diz o título nacional, a Filipa Broeiro, adiando tudo para a quarta e última etapa, em Carcavelos.
“Foi muito complicado. Numa final de 30 minutos, passei 25 minutos com uma onda de score irrelevante e nos últimos 5 minutos dei a volta, com a última onda a passar-me para primeira nos últimos 10 segundos da bateria”, resumiu Mariana Rosa, que assumiu estar “mais motivada ainda” para Carcavelos: “Motivada mas sem pressão. É em casa e se tiver de ser campeã, vai acontecer. Se não, vou continuar a trabalhar.” A quarta e última etapa, em carcavelos, decorre nos dias 4 e 5 de Novembro.
Director: Antero dos Santos – mar.antero@gmail.com Director Comercial: João Carlos Reis - noticiasdomar@media4u.pt Colaboração: Carlos Salgado, Gustavo Bahia, Hugo Silva, José Tourais, José de Sousa, João Rocha, João Zamith, Mundo da Pesca, Federação Portuguesa de Actividades Subaquáticas, Federação Portuguesa de Motonáutica, Federação Portuguesa de Pesca Desportiva do Alto Mar, Federação Portuguesa Surf, Federação Portuguesa de Vela, Associação Nacional de Surfistas, Big Game Club de Portugal, Club Naval da Horta, Club Naval de Sesimbra, Jet Ski Clube de Portugal, Surf Clube de Viana, Associação Portuguesa de WindSurfing Administração, Redação: Tlm: 91 964 28 00 - noticias.mar@gmail.com
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