Notícias do Mar n.º 400

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Náutica Texto Antero dos Santos Fotografia Angel Pilot

De Antonio Yachts D28 Xplorer

Conceito do Máximo Conforto e Desempenho

De Antonio Yachts D28 Xplorer Na Nauticampo foi apresentado o modelo De Antonio Yachts D28 Xplorer, do estaleiro espanhol De Antonio Yachts, cujo importador exclusivo é o Grupo Angel Pilot.

D

e Antonio Yachts foi fundada em 2012 por Marc Antonio, arquitecto naval espanhol, como marca de embarcações 2

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inovadoras, criadas para interessar o mercado da náutica de recreio, em barcos de linhas novas e diferentes, que dão um amplo prazer, conforto e

alto desempenho. O design dos barcos De Antonio desenvolve o conceito de maximizar a utilização do interior e oferecer um casco nave-

gador que contempla a estabilidade e o conforto. Esse conceito espantoso é fornecido pelos barcos De Antonio que incorporam a motoriza-


Náutica

Conceito do máximo conforto

ção com a fiabilidade de um outboard, associado à aparência de um inboard e deste modo todo o espaço dos motores fora de borda é aproveitado como plataforma e os motores ficam em baixo. Ao inovar e construir barcos com um design

Posto de comando 2020 Abril 400

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Náutica

de linhas simples e de vanguarda, que fornecem novas soluções e conceitos que melhoram a eficiência, o uso e desempenho, Marc Antonio criou uma marca destinada a proprietários de barcos exigentes que procuram algo novo e diferente que exceda suas expectativas. 4

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As embarcações De Antonio são para quem gosta de viver o mar com estilo, desportivamente e com amplo conforto. Para o desenvolvimento do projecto De Antonio Yachts, foram aplicadas as tecnologias mais avançadas, na engenharia e na construção, incorporando uma

equipa internacional de so, os modelos D23 e especialistas em cada D33, reunindo as meárea. lhores características de cada um e completando De Antonio a gama da marca. Yachts D28 De Antonio Yachts Xplorer D28 Xplorer é um barco O modelo De Antonio Ya- a motor de 7,99 metros chts D28 Xplorer, nome- de comprimento, com ado Barco do Ano 2018, um imponente convés no segue a filosofia de seus mesmo nível. O design antecessores de suces- exterior distingue-se por


Náutica

Os motores fora de borda não se vêm

Convívio à proa

uma imponente e ergonómica consola central com acabamento preto, com um banco triplo que confere um estilo desportivo e elegante no posto de comando. Um largo e comprido hard-top cobre o posto de comando e o convés. O layout dos espaços permite uma circulação 2020 Abril 400

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Náutica

De Antonio Yachts D28 Xplorer, nomeado Barco do Ano 2018

Quarto de banho com sanitário e lavatório 6

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a partir de um corredor a bombordo, com o conceito de uma grande habitabilidade no convés. Atrás do posto de comando está um grande espaço para convívio, com amplos sofás para dez pessoas, com uma mesa a meio, armário bar com lavatório. Na popa dispõe de um solário largo para quatro pessoas. À frente da consola até à proa o espaço com está aproveitado para o relax, com assentos mesa e solário. Para apoio, o De Antonio Yachts D28 Xplorer, tem um quarto de banho com sanitário e lavatório. No De Antonio Yachts


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Náutica

O mesmo plano desafogado para todo o barco

O espaço à proa é convertível 8

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D28 Xplorer há uma sensação incomparável de espaço, mesmo estando com a capacidade máxima de dez pessoas. O casco em forma de V tem um design que permite arrancar rápido, navegar com segurança e conforto e desenvolver uma velocidade máxima de até 38 nós, com a motorização máxima. O desempenho em navegação é altamente confortável, principalmente na velocidade de cruzeiro. O tipo de casco e a excelente distribuição de peso torna este barco muito estável quando está fundeado.


Náutica

Yamaha F150G DBW

É

o motor de menor potência da Yamaha com a tecnologia Drive-by-Wire (DBW), agora disponíveis até o 350 HP. A tecnologia DBW permite que sob o seu controlo o motor tenha um desempenho com excelente precisão na mudança de velocidades e no fornecimento de potência. Graças à fiabilidade desta nova tecnologia de funcionamento simples, é uma enorme vantagem para o utilizador no controlo e funcionamento da embarcação. O motor tem 4 cilindros em linha, com 2.785 cm3 de cilindrada, 16-válvulas, DOHC (Dupla árvore de cames à cabeça), e comporta o sistema de Injeção eletrónica de combustível multiponto EFI. Tem o Sistema de Ignição por Microcomputador TCI. Tem compatibilidade total com o sistema digital de rede avançado exclusivo da Yamaha, com uma vasta gama de manómetros digitais. Dispoe do sistema VTS (velocidade de ajuste variável) para ralenti e velocidades baixos, em passos de 50 rpm, ideal para a pesca ao corrico. Tem incorporado o sistema de proteção antirroubo Y-COP. Características Técnicas Comprimento

8,50 m

Boca

2,95 m

Calado

0,50 m

Peso

2.500 Kg

Tanque combustível

420 L

Tanque água doce

70 L

Lotação

10

Certificação CE

C

Potência máxima

400 HP

Motores recomendados

2 x Yamaha F/FL150DETX

Preço barco / motores a partir de …

119.087€ + IVA

Importadores e Distribuidor PORTI NAUTA - Grupo Angel Pilot Complexo dos Estaleiros Navais, Lote E - 8400 - 278 Parchal – Lagoa - PortimãoEst Telm: 91 799 98 70 - info@angelpilot.com - www.angelpilot.com YAMAHA Motor Europe N.V. Sucursal em Portugal Rua Cidade de Córdova, n.º 1, 2610-038 Amadora Tel.: 21 47 22 100 - www.yamaha-motor.pt 2020 Abril 400

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Notícias do Mar

Notícias Docapesca

Reabilitações das Lotas de V.R. Santo António e de Peniche A Docapesca tem desenvolvido um intenso trabalho nas reabilitações dos portos de pesca e das suas lotas. Agora terminaram algumas obras que beneficiaram as lotas de Vila Real de Santo António, e de Peniche.

Porto de pesca de Vila Real de Santo António

F

oi concluida a empreitada de reabilitação do pavimento do percurso de empilhadores da lota do porto de pesca de Vila Real de Santo António, no âmbito da melhoria das características

físicas, de higiene, segurança e ambientais da lota, onde são realizadas ações de receção e primeira venda de pescado fresco após desembarque. Enquanto decorreram os trabalhos, a Docapesca as-

segurou a laboração da lota, com um leilão no período da manhã e a receção de pescado fresco. Para garantir o normal funcionamento destes serviços e as condições de higiene e segurança alimentar, os trabalhos foram

Porto de pesca de Peniche 10

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desenvolvidos apenas no período da tarde. Com 14 milhões de euros, a lota de Vila Real de Santo António foi, em 2019, a que registou o maior valor em vendas de pescado no Algarve, o que representou um crescimento de 7,6% face ao ano anterior. Relativamente à quantidade de pescado transacionado, Vila Real de Santo António foi a quinta maior da região, com 1,3 mil toneladas (+11,1%). Ainda em 2019, a Docapesca obteve a extensão da certificação do sistema de gestão da segurança alimentar da lota de Vila Real de Santo António, segundo o referencial ISO 22000:25 Quanto ao porto de pesca de Peniche, a Docapesca concluiu a obra de repavimentação da área adjacente aos cais de descarga e lota, uma empreitada com o valor de cerca de 70 mil euros para melhoria das condições de operacionalidade dos profissionais da pesca que utilizam esta infraestrutura, que é uma das principais do País em termos de movimentação de pescado. A lota de Peniche foi a que registou o maior valor de vendas (31,9 milhões de euros) e a terceira em volume (11.744 toneladas) em 2019. Também para este porto de pesca, a Docapesca lançou em fevereiro um concurso público para a empreitada de reabilitação do cais de descarga com o preço base de 200 mil euros e um prazo de execução de 140 dias.


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Náutica Texto e Fotografia Antero dos Santos

Hydrosport RIB 474 VFi

Casco Especial para Navegar

No stand Moteo na Nauticampo esteve o semi-rígido Hydrosport 4.7, um barco com um casco especial, para a pesca submarina ou à linha.

O

Hydrosport RIB 474 VFi é um semi-rígido construído pelo estaleiro nacional Hydrosport que se especializou a desenvolver cascos para vários tipos de embarcações, principalmente de semi-rígidos. O tipo de construção 12

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dos cascos é a clássica, em PRFV. Quanto aos tubos são fabricados em Neoprene/Hypalon, colados por fora ao casco e por dento às cobertas, garantindo maior robustez aos barcos. Foi criado um tipo de “staps” nos cascos, para desenvolver melhores per-

formances e menor atrito na água. Estes cascos foram aplicados em embarcações Rib Offshore, para corridas. Com o conhecimento e a experiência dos modelos antigos, os modelos actuais são construídos com as modernas tecnologias e de acordo

com as encomendas dos clientes. Também no que respeita ao consumo, os Hydrosport são muito respeitadores do ambiente, graças aos cascos, os barcos precisam de 15-30% menos combustível do que os cascos convencionais,


Náutica

O casco tem um V com um ângulo de 24 graus à popa

Hydrosport RIB 474 VFi para percorrer a mesma distância na mesma velocidade. Hoje a experiência da equipa da Hydrosport, permite construir e exportar embarcações para pesca profissional, transporte, combate a incêndios, poluição e marítimaturística. Actualmente a Hydrosport constrói sete cascos, pois o mesmo casco

à proa tem um ressalto 2020 Abril 400

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Náutica

O ressalto à proa e formação dos túneis laterais

Banco do piloto com encosto rebatível 14

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pode ser equipado com um elevado número de acessórios para o barco servir para os mais diferentes fins. Todos os barcos seguem uma linha elegante e desportiva com uma proa estreita e a popa larga. O casco especial dos Hydrosport tem um V muito profundo e termina com um ângulo de 24 graus à popa. Tem os “staps”, cortes nos robaletes formando pequenas rampas, que facilitam a formação de bolhas de ar, reduz o atrito e o barco descola melhor da água. O casco tem também à proa e a meio, um pequeno res-


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Náutica

O casco do Hydrosport RIB 474 VFi

salto que se desenvolve como plano estabilidade lateral, formando um pequeno túnel no início e largo à popa. O efeito deste truque no casco é o de ajudar a deflectir bem a água para fora e não salpicar para dentro. Os modelos construídos são, o RIB 474 VFi, Rib 565, Rib 646, Rib 737 Rib 828, Rib 909 e Rib 1212.

Porão do ferro à frente com almofada 16

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Hydrosport RIB 474 VFi Hydrosport RIB 474 Vfi, com 4,74 m, é um semirígido elegante, com uma proa estreita e a


Náutica

popa larga e com o tamanho adequado para a iniciação, pois é fácil de transportar e colocá-lo a navegar a partir duma praia. Tem a grande vantagem de, com um motor de apenas 30 HP, já desenvolver um bom desempenho. Para dois pescadores submarinos, serve muito bem e é um excelente apoio, cabendo muito bem fundeado nas pequenas enseadas, nos dias que o mar não bate. Para os pescadores à linha, também tem o comprimento suficiente para a pesca ao “spinning” aos robalos que andam na espuma das pedras, ou à “chumbadinha” aos sargos nas en-

seadas. Tem uma consola de condução central e um banco do piloto com encosto, que dá para conduzir sentado ou em pé encostado. À frente tem o compartimento para o ferro com uma almofada sobre a tampa. Para arrumações, a consola tem uma porta estanque e dentro do banco pode-se arrumar palamenta. Os tubos são reforçados com tela preta nas zonas de entrada dos pescadores submarinos. O casco tem um V muito profundo com “staps”, que reduzem o atrito para o barco descolar melhor

Consola de condução tem porta estanque

Suzuki DF50 O

motor Suzuki DF50 faz parceria com o DF40 como motores da nova geração, ainda mais económicos e de elevada performance. Estes dois modelos Suzuki, baseiam-se no reputado sistema Suzuki de motor de dupla árvore de cames à cabeça (DOHC), têm 3 cilindros em linha, com 941 cm3 de cilindrada e 12 válvulas. Têm incorporados numerosos equipamentos e sistemas de características técnicas avançadas que em combinação umas com as outras, permitem obter uma grande economia no consumo de combustível, bem como atingir performances muito importantes. O motor é bastante compacto e tem um peso reduzido, factor que interessa muito, para equipar qualquer tipo de embarcação em fibra de vidro, barcos de pesca ou semirígidos. Pôr o motor a trabalhar é extremamente fácil, graças ao sistema “Easy Start da Suzuki”. Basta rodar a chave uma só vez, para o motor começar automaticamente a trabalhar e responder de imediato ao comando do piloto. Logo que o motor está em marcha, a tecnologia avançada da economia de combustível da Suzuki, utiliza plenamente os sensores que regulam as performances do motor e as condições exteriores. Graças a essas informações, a tecnologia de economia do combustível, antecipa de um modo preciso as necessidades do motor a fim de fornecer ao sistema de injecção a mistura necessária ar/combustível e obter uma utilização optimizada do combustível. Os testes iniciais revelaram que estes dois motores fora de borda da nova geração, utilizam menos 23% de combustível que os modelos antigos sobretudo em velocidade de cruzeiro. Têm também incorporado o sistema de injecção electrónica sequencial multiponto de combustível com o qual se consegue uma resposta rápida e de maneira eficaz a cada movimento do acelerador, principalmente a partir das velocidades de cruzeiro até á máxima. Como todas as tecnologias encontram-se associadas umas às outras, consegue-se um funcionamento silencioso e eficaz, bem como performances espantosas. O Suzuki DF50 é mais rápido 6% em velocidade de ponta e consegue uma aceleração de 26% mais rápida que o modelo anterior. Para que estes motores sejam duráveis, o fluxo de óleo é mais eficaz e permite que as peças em movimento sejam melhor lubrificadas e despendam menos energia. Estes novos motores estão também equipados com correntes de distribuição sem manutenção, banhadas em óleo da Suzuki. Isto garante uma utilização fiável durante muitos anos. Esta característica é única em motores de 50 e 40 HP.

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Náutica

Hydrosport RIB 474 VFi

da água com a menor potência. De cada lado o casco forma um pequeno túnel que é largo à popa, como planos de

estabilidade laterais. O efeito é o de ajudar a deflectir bem a água para fora e não salpicar para dentro.

Hydrosport 474 com Suzuki DF50 18

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Características Técnicas Comprimento

4,74 m

Boca

2,21 m

Peso

280 Kg

Diâmetro do flutuador

0,47 m

Número câmaras ar

4

Carga máxima

600 Kg

Dimensões internas

3,95 x 1,27 m

Lotação

7

Certificação CE

C

Potência máxima

60 HP

Motor aconselhado

Suzuki DF50ATL

Preço barco / motor

15.441,28 € s/ IVA

Estaleiro / Importador: HYDROSPORT Rua 25 Abril 35, 2630-014 Alcobela de Baixo Tel: 915 212 438 - info@hydrosport.pt - https://www.hydrosport.pt/ MOTEO Portugal, SA Rua João Francisco do Casal, S/N, 3800-264 Aveiro Tel: 234300760 - suzuki@moteo.pt - http://www.suzuki.pt


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Náutica Texto Antero dos Santos Fotografia Jeanneau

Jeanneau Cap Camarat 9.0 CC

Para o Máximo Desempenho a Navegar e Pescar Um novo Jeanneau foi apresentado na Nauticampo pela Nautiser Centro Náutico, importador exclusivo do estaleiro francês Jeanneau das embarcações a motor, o modelo Cap Camarat 9.0 CC, topo da gama.

O

Cap Camarat 9.0 CC é um modelo com o casco desenhado pelo famoso designer americano Michael Peters, e graças a isso o barco tem a elegância e o estilo dos barcos de pesca desportiva dos USA. A gama Cap Camarat é a mais antiga e considerada com uma forte imagem de marca a de maior 20

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prestígio do estaleiro. Desde o início foi desenvolvida dirigida a um consumidor exigente e bastante conhecedor do mar e do que é necessário um barco possuir para ter um desempenho seguro e eficiente. Estas embarcações destinaram-se aos aficionados da pesca lúdica franceses e foram sempre desenhadas e construí-

das de forma a serem robustas, para navegarem nas águas mexidas e duras do Atlântico Norte. A Jeanneau para os clientes dos Cap Camarat, constrói um barco prático, robusto e marinheiro, satisfazendo um amplo mercado deste tipo de embarcações. A filosofia da Jeanneau é conseguir, através da inovação, o design e utili-

zando as mais modernas tecnologias de PRFV com os melhores materiais, uma produção de qualidade e os barcos com os melhores acabamentos na fibra. O estaleiro Jeannerau nunca pára de procurar inovações. Todos os anos modelos, com novas características e novos e diferentes equipamentos são instalados.


Náutica

Posto de comando do Cap Camarat 9.0 CC

O novo Jeanneau Cap Camarat 9.0 CC Este ano uma das novidades foi o Cap Camarat 9.0 CC. Os barcos de pesca desportiva americanos, optaram há muitos anos pelas motorizações fora de borda. Principalmente porque são mais rápidos e de melhor manutenção. Actualmente, com motorizações fora de borda até aos 425 HP, os estaleiros já podem desenvolver perfeitamente embarcações rápidas e seguras para a pesca desportiva ou o Big Game.

O poço e o posto de comando 2020 Abril 400

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Náutica

Cap Camarat 9.0 CC com dois Yamaha F250

A gama Cap Camarat de 2020 é constituída por quatro modelos, 5.5 com 5,48 m, 6.5 Serie 3 com 6,86 m, 7.5 com 7,37 m e o 9.0 CC, com 9,12 m de comprimento.

O solário à proa 22

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Para pescar e divertir com a família O Cap Camarat 9.0 CC, com consola central e um Hard-top sobre o posto de comando, é um barco com linhas elegantes, com uma série de inovações não só para a pesca, mas também para ampliar a comodidade e o conforto dos passeios familiares. E uma delas é a cabina com cama para duas pessoas pernoitarem e um quarto de banho, para passarem


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Náutica

O poço com mesa montada

confortavelmente uma ou duas noites a bordo. Neste barco o estaleiro desenvolveu três áreas distintas que reforçou com equipamento, para

aumentar a comodidade dos ocupantes. O poço, a consola de comando e a proa. O poço tem entrada por bombordo à popa e

dispõe de um confortável banco em L e de um móvel bar/cozinha com fogão, lavatório e frigorífico, atrás do banco do posto de comando, podendo-

Cap Camarat 9.0 CC é muito estável e não balança quando está parado 24

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se montar uma mesa ao meio para as bebidas e refeições. No piso há um porão e sob o banco da popa existem compartimentos onde se pode montar um viveiro de isco vivo, guardar o peixe ou arrumar a palamenta. O posto de comando com uma consola larga foi desenhado com uma elevada ergonomia, para oferecer o máximo conforto, com um banco triplo, ao piloto e a mais dois tripulantes. O párabrisas é bastante alto e o Hard-top em tubo com cobertura em fibra tem transportadores de canas. De cada lado na borda, junto à consola está montado um portacanas, mesmo à mão dos pescadores. A porta da cabina fica a bombordo na consola. Em virtude da amplitude da consola, o


Náutica

Móvel bar e cozinha

painel de innstrumentos, a toda a largura, tem espaço e fácil leitura de toda a electrónica que se queira montar. A área da proa destinase aos passeios familiares, quando o barco está parado nos momentos de convívio e espaço para as

manobras de fundear. Dispõe de excelente conforto devido ao banco à frente da consola e aos assentos montados. Nesta área pode-se montar também uma mesa de refeições ou um amplo solário, quando chegar a hora dos banhos de sol.

O poço

A cabina mostra um interior surpreendente, com bastante luz, devido à clarabóia triangular no tecto. Tem também uma escotilha sobo banco da popa, para arejamento da cabina. O quarto de banho tem sanitário marítimo, lavatório e uma escotilha

para entrada de ar. O Cap Camarat 9.0 CC apresenta o clássico casco da gama, mantendo as suas caracteristicas de marinheiro, bom para o mar, ainda mais valorizado pelas dimensões do barco com 9,12 metros de comprimento. Com o

Yamaha 425

O

Yamaha 425 é um motor V8 com 5,6 litros com um impulso de 425 HP de potência, que foi projectado para ser Instalado em embarcações de grandes, que normalmente levariam motores interiores. O objectivo da Yamaha e instalar os seus Yamaha 425 nesses barcos com um funcionamento compacto e confiabilidade inigualável, alargando mais o mercado e servir mais clientes. O Yamaha 425 fornece máxima potência, torque e impulso, com a força necessária para fazer navegar os maiores e mais pesados barcos de luxo em alto mar. Os grandes Semi-rígidos requerem caixas de engrenagens muito robustas e as unidades de força mais resistentes já feitas, para trabalharem duro juntos para impulsionarem propulsores muito grandes e poderosos. Aqui o Yamaha 425 já é único, sendo o primeiro motor a 4 tempos na

indústria a usar a injecção directa. A injecção de alta pressão de combustível, alimentando directamente a câmara de combustão, melhora consideravelmente a atomização e aumenta a eficácia da queima de combustível para oferecer potência máxima e eficiência. O avançado sistema de injecção directa tem a máxima eficiência de combustão, pois possui nada menos que cinco bombas de combustível e gera na injecção pressão até 200 Bar. O sistema de pressão de combustível de três estágios também apresenta duas bombas que são activadas em níveis de RPM específicos, no Vapor Separator Tank (VST). Isso garante fluxo de combustível de alta precisão sem precedentes e entrega,mesmo em RPM máximas. O Yamaha 425 tem uma bomba de água exclusiva de dois estágios e uma bomba de óleo de duas câmaras, cada uma projectada para operação em alta RPM.

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Náutica

A cabina

casco adequado no mar, quanto maior for um barco, melhor é o seu desempenho em segurança e conforto. O Cap Camarat 9.0 CC tem o casco com um V profundo, a proa elevada e com um design deflector. Comporta dois robale-

tes de cada lado e planos de estabilidade laterais ligeiramente salientes da proa à popa. Com este tipo de casco, o Cap Camarat 9.0 CC, curva com seurança, adornando um pouco e não balança, quando está parado.

Características Técnicas

Quarto de banho na cabina 26

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Comprimento total

9,12 m

Comprimento do casco

7.96 m

Boca

2,98 m

Calado

0.65 m

Peso

2.380 kg

Capacidade combustível

2 x 200 L

Depósito água doce

100 L

Cabinas

1

Categoria CE

B8/C11

Motor recomendado

1 x 350 HP / 2 x 250 HP

Preço com motor 2 x Yamaha F200 c/IVA

127.000 €

Preço com motor 1 x Yamaha 425 c/IVA

130.000 €

Importador e Distribuidor: NAUTISER/CENTRO NÁUTICO Estrada Nacional 252 – 2950-402 Palmela Tel.: 21 22 36 820 - comercial@nautiser.com - www.nautisercentronautico.pt YAMAHA Motor Europe N.V. Sucursal em Portugal Rua Cidade de Córdova, n.º 1, 2610-038 Amadora Tel.: 21 47 22 100 - www.yamaha-motor.pt


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Náutica

Karnic 601 SL

Notável Polivalente

Texto Antero dos Santos Fotografia Karnic

Na Nauticampo esteve exposto o Karnic 601 SL, um novo modelo do estaleiro cipriota Karnic que tem como importador exclusivo para Portugal, Orlando Rosa & Filhos.

A

Posto de comando 28

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Karnic é um estaleiro de Chipre que há décadas criou uma marca de prestígio, pelo seu estilo de barcos, design dos cascos para um bom e seguro desempenho no mar e uma cuidadosa e robusta construção. Os cascos Karnic são reforçados com um sistema de longarina injectada com espuma totalmente composta, projectada para fornecer uma estrutura ultra rígida, tanto em flexão quanto em tor-


Náutica

Espaço convertível

tensões uniformemente e prolonga a vida útil do produto à medida que materiais mais vulneráveis, como a madeira, são eliminados. A alta qualidade de construção é um requi-

sito principal para cada peça ou componente produzido pela Kanic, abrangendo desde a selecção de peças e materiais até a fabricação e montagem do produto final.

Karnic 601 SL O Karnic 601 SL, com 6,70 m, é um barco polivalente open, que incorpora cinco razões que definem a sua escolha de uma forma distinta. Essas razões são a for-

Karnic 601 SL tem muitas polivaléncias ção. A rigidez do casco é um recurso crítico para evitar a deformação da forma sob as cargas de alta pressão da água em velocidade. De fato, um casco Karnic é tão rígido que pode ser suspenso assimetricamente por três pontos sem sinais de flexão ou torção. Além disso, a homogeneidade do material distribui as

Zona de convívio à frente

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Náutica

Banco do piloto e copiloto

ma do casco eficiente e de alto desempenho, a coerência e rigidez estrutural, a alta qualidade de construção e o preço competitivo O Karnic 601 SL tem espaços de convívio à

frente e atrás e um solário. Dispõe de uma consola central de condução, elegante e estilizada. Tem um para-brisas de dupla curvatura protegido por corrimão oval de aço inoxidável. A cabina

da consola é espaçosa com muita arrumação e espaço suficiente para o uso confortável de um wc químico. Este modelo tem incomparável área útil do cockpit e o posto de co-

mando tem um design ergonómico com a direção é hidráulica. O Karnic 601 SL, tem um design desportivo e um casco marinheiro que os engenheiros da Karnic deram alto ênfa-

Porão do ferro 30

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Náutica

se com um ângulo vari- significativas para o bar- vegar, com estabilidade casco tem bordos altos ável e um ‘V’ profundo, co alcançar um excelen- quando parado e confor- para garantir a navegacriando características te comportamento a na- to em águas difíceis. O ção segura e seca.

Banco à popa 32

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Náutica

Evinrude E-TEC 150 G2

O

rlando Rosa & Filhos é o importador exclusivo para Portugal dos motores fora de borda Evinrude. O motor Evinrude E-TEC 150 G2 é um motor fora de borda com uma tecnologia de admissão de combustível de 2 tempos com a injecção directa, permitindo que queimem com mais eficiência, resultando em mais potência, emissões mais limpas e maior economia de combustível. O Evinrude E-TEC 150 G2, tem um motor com 3 cilindros em linha, com a cilindrada de 1,9 litros e o peso de 177 a 193 Kg. A injecção directa é uma tecnologia tão superior que quase todos os principais fabricantes de automóveis a incluem como parte do seu motor. O sistema de injecção directa, E-TEC da Evinrude é controlado por um módulo de gestão de motor, o cérebro do motor, de modo que uma quantidade exacta de combustível/ óleo é injectada directamente no cilindro. Devido a isso, os motores Evinrude E-T EC são considerados os motores de popa mais

Karnic 601 SL tem grande área útil no cockpit

O Karnic 601 SL tem um banco à frente da consola que se converte em solário com os assentos à proa. O piloto tem um banco duplo com um armário atrás. O poço permite a escolha de quatro layouts aberto, com os bancos paralelos, em forma de L ou em U na popa. O acesso à proa é fácil e seguro onde se encontra o porão do ferro com local para instala-

ção opcional de um molinete. Nas áreas de convívio, à frente e no poço, podem-se montar mesas de piquenique. O barco tem um grande espaço de armazenamento com quatro poços, dois na popa e dois na proa. Na popa tem plataforma de natação com escada. Para aumentar a polivalência do Karnic 601 SL, existe um enorme número de acessórios opcionais.

limpos. O motor tem um computador que controla o sistema de injecção de combustível e o funcionamento do motor, que oferece incrível eficiência de combustível, resposta instantânea do acelerador, desempenho silencioso e suave e reduzidas emissões de hidrocarbonetos. O Evinrude E-TEC 150 G2 vêm com comandos elétricos e direção elétrico-hidráulica incorporada de fábrica. A Evinrude em parceria com a NASA, desde 2018, desenvolveu uma liga de alumínio de alta resistência ao desgaste, introduzindo os pistões fabricados com a nova liga de alumínio na linha de motores E-TEC. Este material permite maior resistência ao desgaste e maior estabilidade em altas temperaturas.

Características Técnicas Comprimento

6,70 m

Boca

2,45 m

Calado

0,34 m

Peso

1.050 Kg

Depósito de combustível

135 L

Depósito água doce

45 L

Lotação

8

Certificação CE

C

Potência máxima

175 HP

Motor recomendado

Evinrude E-TEC 150 G2

Preço barco / motor s/opcionais

51.554€ IVA incluído

Importador Exclusivo – Evinrude e Karnic Orlando Rosa & Filhos EN 125 - Alcantarilha 8365-307 Faro Tel: 282 412 349 - 912 203 491- 912 203 492 Email: orlandorosa.filhos@gmail.com

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Náutica

Lomac 710 IN

Máximo de Ergonomia e Satisfação

Texto Antero dos Santos Fotografia Lomac

O estaleiro italiano Lomac lançou um novo modelo, o Lomac 710 IN, apresentado na Nauticampo pela GROW, importador para Portugal dos semi-rígidos Lomac e dos motores fora de borda Honda.

A

Solário à proa 34

2020 Abril 400

Lomac, primeiro construtor italiano de embarcações insufláveis e dos tubos colados a um casco de fibra de vidro, com uma importante equipa de designers, é conhecida pela elevada competência em projectar semi-rígidos, os 4X4 do mar. A filosofia da Lomac é inovar, para se manter a interpretar bem as tendências do mercado, produzindo uma variedade de embarcações que


Náutica

O posto de comando

Lomac 710 IN simbolo da ergonomia do design italiano inclui uma selecção ampla e especializada de modelos, desde os mais pequenos, barcos insufláveis flexíveis de 2,00 metros de comprimento até a modelos Granturismo com 14,00 metros de comprimento. Os tubos são fabricados com tecido de Neoprene/ Hypalon técnico da Orca Pennel Industries. Hoje a produção inclui 65 modelos, agrupados em 8 linhas. Cada modelo foi projectado e construído para tipos de uso muito específicos e resulta dos estudos feitos pelos arquitectos navais para ser-

O confortável poço 2020 Abril 400

35


Náutica

O Lomac 710 IN é rápido

vir o cliente com o melhor. A linha IN, constituída por dez modelos, representa

um estilo de semi-rígido de linhas elegantes, destinada a requintados clien-

tes, que pretendem navegar no mar com a máxima comodidade e conforto,

O poço é muito polivalente 36

2020 Abril 400

desfrutar dos banhos de sol, praticar os desportos aquáticos, em barcos que proporcionem um desempenho também com velocidade. Lomac 710 IN O Lomac 710 IN, com 6,95 metros de comprimento é um digno representante do design italiano e do bom gosto estético aplicado aos semi-rígidos pelo estaleiro Lomac. Tem o tamanho ideal para uma polivalência de utilizações, servindo muito bem quem quer navegar junto ao litoral, perto das pedras para pescar e mergulhar, sair nas praias, ou navegar para o largo e baterse com as águas mexidas das nortadas, pois tem um casco perfeitamente adequado a essas condi-


2020 Abril 400

37


Náutica

O Lomac 710 IN tem bom desempenho a navegar

ções. O Lomac 710 IN tem uma linha elegante e desportiva, acentuada pela consola de condução in-

clinada para trás e pela proa levantada com o estilo de barco navegador. Destaca-se no Lomac 710 IN, o casco Twinshell,

um tipo de casco que comporta, na ligação com os tubos, um túnel desde a proa à popa. O efeito desses túneis laterais é

O Lomac 710 IN tem muito compartimentos para arrumação 38

2020 Abril 400

de canalizar a água que a proa corta para cima e para trás, reduzindo os salpicos e aumentando a descolagem da água. Os barcos com estes cascos não necessitam de tanta potência nos motores, permitindo um bom desempenho com motores de menor potência. O Lomac 710 IN apresenta três áreas distintas, um amplo poço à popa, a consola de condução ao meio e um enorme solário à proa para os banhos de sol. A consola de condução é larga, alta e com bastante espaço para a electrónica no painel de instrumentos. O pára-brisas em acrílico azul-escuro, protegido por um corrimão em aço inox, tem altura suficiente para dar


Náutica

O Honda BF150 VTEC

O

Honda BF150 VTEC é um motor de 4 cilindros em linha a 4 tempos, DOHC de 16 válvulas e 2.354 cm3 de cilindrada. Incorpora a tecnologia VTEC exclusiva da Honda, aplicada com sucesso nos carros de Fórmula 1 da Honda, que significa controlo electrónico do comando e abertura das válvulas. O VTEC varia a elevação e a duração da abertura das válvulas da admissão para proporcionar a óptima performance a baixa e a alta rotação. O BF 150 tem incorporada a tecnologia BLAST, binário de baixa velocidade aumentado. Trata-se de um sistema que incrementa a performance do motor, particularmente durante a aceleração ao ajustar a relação ar/combustível de modo a obter um aumento considerável do binário. Consegue-se assim uma forte aceleração dos 0 aos 50 metros para a embarcação planar rapidamente. Outra tecnologia é o ECOmo, combustão de queima pobre em velocidade de cruzeiro, no qual o controlo de combustão de queima pobre é utilizado para se obter uma melhor economia de combustível, num regime do motor constante entre as 3.000 rpm e as 4.500 rpm. O motor também está equipado com o sistema de Admissão Variável do Ar, um sistema que varia o comprimento e o volume da admissão do ar, usando uma válvula de fecho em cada conduta do colector de admissão, para proporcionar mais binário a baixa rotação e mais potência a alta rotação. A alimentação é por Injecção Multiponto Sequencial do Combustível, que fornece uma mistura superior de potência, binário e economia de combustível ao longo de toda a gama rotações, feita pelo Módulo de Controlo do Motor. O BF150 dispõe ainda do Sistema de Arrefecimento de Três Vias, com dois termóstatos e três circuitos de arrefecimento arrefece o colector do escape aumentando a potência. Tem ainda a Ignição Programada um sensor de detonação que

boa protecção ao piloto. A consola de condução incorpora uma solução que resolve muitos problemas que surgem quando se estão muitas horas no mar e se levam senhoras a bordo, o qual apenas se resolve em embarcações com cabina. Os designers da Lomac inovaram e introduziram wc marítimo num compartimento, com acesso pela frente e que ocupa todo o interior da consola. O piloto dispõe de um banco duplo alto e com

verifica constantemente o ponto de ignição e informa o ECM para a correcção imediata. Tem Duplo veio de Equilibragem. Para cancelar as vibrações do motor e oferecer maior suavidade no funcionamento, foram montados dois veios de equilibragem de cada lado do bloco do motor que rodam a duas vezes a rotação do motor e em direcções opostas. Todo este conjunto de tecnologias permite ao BF150 ter a mais elevada performance e proporcionar um alto nível de conforto, fiabilidade, e respeito pelo meio ambiente Este motor está em conformidade com a norma NMEA 2000 para ligação aos equipamentos electrónicos de bordo como chart plotters, GPSs e sondas, permitindo apresentar e visualizar os dados de gestão do motor pelo piloto. O motor tem o Trolling Control, uma tecnologia de controlo de rotação a baixa velocidade. Com este sistema pode-se navegar devagar, para entrar num porto ou numa marina e controlar a pesca ao corrico com ajustes automáticos de 50 rpm.

encosto para a condução de pé. O poço tem um excelente espaço, apresentandose com um banco à popa e uma mesa rebatível nas costas do banco do piloto. Sobre o poço está montado um arco de radar em fibra que comporta um toldo para cobrir o poço na hora dos piqueniques. A área à frente tem um enorme solário e um banco individual na consola. Levantando este banco abre-se o compartimento do wc. Sob o solário exis-

Banco do piloto 2020 Abril 400

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Náutica

Consola de condução à frente

te um grande porão com uma tampa com amortecedores hidráulicos. Como qualquer semi-rígido serve bem os pescadores, montando no arco de radar os porta canas necessários. Na popa fica a passa-

gem para uma plataforma onde está a escada de subir para o barco. Junto à entrada encontra-se um duche de água doce. Para arrumar palamenta e equipamentos, existem porões sob o solário

Mesa no poço 40

2020 Abril 400

Dentro da consola há um wc marítimo

à frente e dentro do banco da popa. Para proteger do sol quando parado, o barco dispõe de um bimini para

fazer sombra, com uma armação em aço inox. O barco tem um guincho eléctrico para puxar o ferro.

Características Técnicas Comprimento

6,95 m

Boca

2,55 m

Dimensões internas

1,45 x 5,40 m

Câmaras de ar

5

Diâmetro dos tubos

0,56 m

Lotação

16

Potência máxima

200 HP

Certificação CE

C

Motor recomendado

Honda BF150

Barco / motor Preço a partir de...

60.400 € com IVA incluído

Importador Exclusivo GROW IBERIA Rua Fontes Pereira de Melo, 16 Abrunheira, 2714 – 506 Sintra Telefone: 219 155 300 geral@grow.com.pt www.honda.pt


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Náutica Texto Antero dos Santos Fotografia Touron

Quicksilver Activ 875 Sundeck

Inovador Pequeno Cruzeiro

A Touron apresentou um novo modelo Quicksilver, o Activ 875 Sundeck, que passou a ser o topo de gama linha Sundeck, projectado para ser um inovador pequeno cruzeiro, com características de navegador e oferecer o gozo dos finsde-semana e férias com a máxima comodidade.

A

Quicksilver, como marca de embarcações de recreio, desde o início que habitou o mercado europeu a receber barcos criados para satisfazer o maior número de praticantes da náutica de recreio. Para 42

2020 Abril 400

isso foi criando diversas linhas, desde os pequenos open, a cabinados, cabina de pilotagem e walkaround. O importante, tem sido servir os que gostam de pescar, fazer desportos aquáticos ou simplesmente passear com a fa-

mília e os amigos. A pouco e pouco, com as inovações, a Quicksilver foi desenvolvendo barcos cada vez mais polivalentes, para que o gozo de ter um barco fosse maior. Porem, não bastou projectar barcos de fácil

condução e para diferentes utilizações, era fundamental que fossem robustos, confortáveis e seguros. O design do casco dos Quicksilver responde às necessidades de navegação de cada modelo. Quanto à construção, para além


Náutica

Fogão no poço

com uma cabina com acomodação para quatro pessoas poderem dormir e está também aumen-

tando a fasquia da linha Sundeck, expandindo a capacidade do solário. O Activ 875 Sundeck

tem o maior convés de sua categoria, podendo comportar até 12 pessoas a bordo para fazer

Quicksilver, o Activ 875 Sundeck da robustez aplicada na construção dos cascos os barcos mostram a excelente qualidade dos equipamentos e nos acabamentos. Quicksilver Activ 875 Sundeck O novo Quicksilver Activ 875 Sundeck, com 8,06 metros de comprimento, é um pequeno cruzeiro,

Acomodação poço para refeições 2020 Abril 400

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Náutica

A proa alta, V muito acentuado e planos de estabilidade laterais bem salientes

um passeio, apanhar ba- de-semana e viagens de a noite a bordo. elegante casco do tipo nhos de sol ou fazer um vários dias, até quatro O novo Activ 875 Sun- navegador e um posto piquenique. Para fins- pessoas podem passar deck, tem um notável e de comando central com uma larga consola com banco duplo para o piloto com duas posições de condução, em baixo ou em cima. A consola tem um largo para-brisas. O piloto dispõe de direcção hidráulica. O poço comporta um banco em L na popa, um banco lateral rebatível e outro banco atrás do banco do piloto. Também atrás do piloto fica um armário cozinha com fogão e um lavatório. Ao meio do poço pode-se montar uma mesa para Espaço de solário à proa as refeições. E para pro44

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Náutica

teger do sol, pode-se montar um toldo bimini que é opcional. Pela popa a entrada do barco faz-se por uma plataforma de banho a estibordo que comporta a escada. Junto fica um duche de água doce. Para o acesso à proa e ao enorme solário que se encontra à frente, há uma passagem de cada lado da consola de comando. A porta de entrada da cabina está a estibordo na consola. Todo o espaço à frente é um amplo solário com encosto ajustável.

Dinette na cabina

O Quicksilver Activ 875 Sundeck equipado com 2 Mercury 250 XXL DTS V8 MAS Verado 2020 Abril 400

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Náutica

Quarto na cabina

Activ 875 Sundeck é um excelente navegador 46

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À proa encontra-se o porão do ferro que tem espaço para um molinete eléctrico opcional. A cabina na coberta inferior é uma dinette, com bancos e mesa ao meio que se convertem numa cama de casal. O outro casal fica num quarto sob o posto de comando. A cabina tem um quarto de banho com sanita marítima e um lavatório. A luminosidade da cabina é garantida pelas janelas laterais no casco. Sob os bancos da cabina existe enorme espaço para arrumação.


Náutica

Quanto ao casco, é importante salientar que no Activ 875 Sundeck se evidenciam muito as características do tipo de casco dos Activ, com a proa alta, um V muito acentuado e os planos de estabilidade laterais bem salientes, para oferecerem um desempenho a navegar muito confortável e o barco balançar muito pouco quando está parado. Para além do completo equipamento que vem já montado como standard no Activ 875 Sundeck,o cliente pode descobrir todo o equipamento dis-

O solário

Mercury 250 XXL DTS V8 MAS Verado

O

Mercury 250 V8 Verado inclui as tecnologias mais avançadas dos motores a 4 tempos da Mercury, incorpora as secções intermédias dos motores Verado de 6 cilindros em linha e comporta um bloco motor extremamente leve. Foi na sua construção que a Mercury conseguiu este feito, graças às ligas de alumínio mais leves e resistentes.usados na produção dos motores V6. Deste modo, desenvolveram um motor V8 que pesa apenas 278 Kg, com um bloco de 8 cilindros em V com 4,6 litros de cilindrada. Com estes reduzidos pesos, os motores V8 da Mercury são os motores fora de borda mais leves a 4 tempos, nesta cilindrada e potência. Porque passaram a ser de aspiração natural, os motores fora de borda Mercury de altas potências, deixaram de usar o compressor volumétrico que se aplicava nos motores Verado. Como é a secção intermédia que agarra o barco e é nela que se fixa o motor e a coluna, é de extrema importância o seu bom desempenho, para reduzir ao mínimo as vibrações que se transmitem à embarcação com o motor a trabalhar, foram aplicadas as secções intermédias AMS (Advanced Mid Section), em virtude da sua robustez e fiabilidade nos motores Verado 6L. Conforme os modelos são aplicados igualmente a secção intermédia CMS, (Conventional Mid Section), similar à actual dos novos Mercury V6. A alta cilindrada do V8 gera um binário elevado, especialmente na faixa intermedia.

Com quatro válvulas por cilindro DOHC, os motores, para além do binário, têm uma aceleração elevada, desde o limite inferior da faixa de potência até a velocidade máxima do motor. Os V8 são compatíveis com os controlos digitais desenvolvidos pela Mercury e comportam a direcção eletro-hidráulica para uma condução suave. Estão também equipados com o controlo de velocidade adaptável, para oferecerem maior resposta do acelerador e uma sensação de navegação rápida e segura.Têm comandos digitais (DTS), direcção hidráulica e o Mercury Joystick Piloting, que oferece a máxima facilidade de manobra e controlo do barco. A secção intermédia avançada é uma das partes mais importantes dos motores V8, pois incorpora as montagens que reduzem até à mais baixa vibração e o ruído do motor em funcionamento. O design angular da tampa do motor dá-lhe um visual moderno e aerodinâmico.

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Náutica

Toldo bimini com encerramento completo

ponível e personalizar o barco com as opções que se adequam ao seu estilo de vida e actividades náuticas. Existe um enorme número de acessórios opcionais formando Packs, como Edición Smart, Pack

Comfort Cabina, Pack Comfort Bañera, Pack Cocina e Pack Privilege. Com estes Packs o barco equipa-se com muitos acessórios, entre eles, o banco do piloto giratório, frigorífico, microondas ou luzes LED.

Características Técnicas

Frigorífico na cabina 48

2020 Abril 400

Comprimento

8,06 m

Boca

3,00 m

Calado

0,60 m

Peso

2.462 Kg

Depósito de combustível

450 L

Depósito água doce

100 L

Lotação

12

Certificação CE

C

Potência máxima

500 HP

Motor aconselhado

Mercury 250 XXL DTS V8 MAS Verado

Preço barco / motor a partir de…

80.381 € IVA incluído

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2020 Abril 400

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Náutica

Notícias Yamaha

Este Ano F30-F100

É Hora de trocar o seu motor! De 1 de Abril a 30 de Junho A Yamaha apresenta a sua Campanha de Remotorização, para que os Clientes possam aproveitar o tempo que agora dispõem, conseguindo uma vantagem financeira, uma oferta de um acessório original Yamaha e preparar assim o regresso à água, que todos desejamos.

D

e 1 de Abril a 30 de Junho, a Yamaha apresenta a sua Campanha de Remotorização, dos modelos F30 ao F100, na compra de um novo motor fora de borda Yamaha do modelo escolhido, para além da van50

2020 Abril 400

tagem financeira, ganha um Saco Desportivo Yamaha Ultraleve, no PVPR aproximado de 60€. Aconselhamos os nossos Clientes a saberem mais detalhes, ligando para a sua Loja Yamaha Marine habitual ou procurando os con-

tactos da Loja Yamaha Marine mais próxima de si no nosso website em Encontre um concessionário. Todos os valores apresentados já incluem IVA à taxa em vigor, atualmente de 23%. Preço de 2020 é a designação de

Preço de Venda ao Público RECOMENDADO 2020 nos Concessionários Autorizados Yamaha Marine, que sejam aderentes à campanha, que é válida de 1 de Abril a 30 de Junho de 2020 e exclusiva para a rede de distribuição Yamaha


Náutica

Marine, nos modelos mencionados nos materiais promocionais, desde que sejam modelos disponíveis para entrega durante a validade da campanha. A presente campanha não é acumulável com outras campanhas, packs, ofertas ou descontos. Só é válida na compra de motores fora de borda isolados e não com preço de pack com barco. A retoma de um motor antigo é acei-

te para qualquer motor fora de borda, independentemente da cavalagem, estado ou marca. A oferta da Campanha será limitado ao stock existente e é da responsabilidade do Concessionário onde o Cliente adquirir o motor novo e entregar a retoma. A Yamaha não se responsabiliza pela falta de stock da oferta ou pela não entrega da mesma por parte do Concessionário, caso

a Yamaha não receba do Concessionário toda a documentação necessária (comprovativo de compra e retoma do motor antigo) até à data limite de 15 de Julho de 2020. Depois de adquirir o seu motor Yamaha, convidamos o Cliente a registar-se em www.cleanthesea4yamahamarine.pt e entrar na nossa Campanha de Responsabilidade ambiental.

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Electrónica

Notícias Nautel

Walkie-Talkies CPS

Rádios portáteis livres de licença Modelos CP226 e CP229 Pro (PMR446) A CPS Telecom é um fabricante de Hong-Kong especializado em rádios portáteis de uso indiscriminado e profissional.

O

s PMR446 são rádios portáteis analógicos de uso livre

com um alcance máximo de até 5 km nas condições ótimas . Não necessitam de licença

para o seu uso, uma vez que foi reservada uma banda de frequências especial para este

Modelo CP226 ARC Mini: 75g / 74x44x19mm / 3.7V 1100mAh 52

2020 Abril 400

uso . Tratam-se pois de um transcetores ideais para uso empresarial ou em atividades de lazer. O CPS226 combina qualidade e versatilidade com um desenho elegante e discreto para garantir comunicações efetivas ao alcance da sua mão. Os walkie talkies PMR446 dispõem de 53 sub canais e 104 códigos implementados em 20 canais que graças à função de pesquisa de canais, fará com que o rádio possa ir buscar qual o canal que melhor se adapta às suas


Electrónica

condições. Também têm implementadas funções como poupança de bateria, que ajuda a diminuir os gastos para longas períodos de utilização. Assim como a RSSI, que permite saber em que lugar tem uma maior intensidade do sinal de receção e assim ajuda a optimizar o tempo das comunicações. A versão CP229 tem módulo VOX (uso em mãos livres, quando usado com acessório micro--auricular A potência (500mW) é a máxima permitida para este tipo de rádios, e a qualidade áudio torna tudo mais alto e claro… Ambos os modelos seguem o padrão ambiental IP67 (proteção frente a poeiras com certa resistência de água – 1m de profundidade durante meia hora. A bateria é de ultima geração em polímero de lítio, com 3,7V e capacidade de 1.100

Estojo de transporte

mAh. Tudo isto torna estes produtos numa excelente e fiável solução nas comunicações rá-

dio do dia a dia. des. Para ambos os moPara mais informadelos existe um pacote ções visite o site da em estojo de transpor- Nautel em: te, com um par e unidawww.nautel.pt

Modelo CP229 ARC Pro: 115g / 94x53x26mm / 3.7V 1100mAh 2020 Abril 400

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Notícias do Mar

Tagus Vivan

Crónica Carlos Salgado

O Rio Tejo Deve Ser Hoje uma Causa Nacional!...

N

ão há dúvida de que o nosso maior rio, o Tejo, o do seu curso português, está a chegar a um estado tão problemático que merece que a sociedade civil se mobilize para defendêlo e protegê-lo, enquan54

2020 Abril 400

to os nossos governantes e os organismos ditos responsáveis, que se saiba ou note, andam aparentemente “noutra”, sem tomar medidas que mitiguem todo um conjunto de insuficiências, agressões e más práticas que estão

a vitimá-lo, o que tende a agravar-se, por falta de vigilância, fiscalização e punição, mas também, da parte de alguns autarcas ribeirinhos que, ao esquecerem ou ignorarem que a origem do seu município ou da sua freguesia deve-se ao rio

Tejo ou aos seus afluentes, andam a interessarse mais pelo interior do seu território, voltando as costas ao seu Rio. NÃO HÁ A MÍNIMA DUVIDA DE QUE A REVITALIZAÇÂO DO NOSSO TEJO PASSOU A SER, A TODOS OS TÌTULOS,


Notícias do Mar

depois do contributo que este grande recurso natural tanto deu no passado para o crescimento económico dos municípios e da qualidade de vida das suas gentes, não estar

a ser devidamente reconhecido hoje por alguns deles, que também continuam sem compreender ou reconhecer que o Tejo ainda tem potencialidades para poder e dever

voltar a criar mais vida e riqueza, porque ele não é um ativo morto ainda, basta para isso, em primeiro lugar, começar por consciencializar os autarcas e os cidadãos

UMA CAUSA NACIONAL, PARA QUE ELE VOLTE A SER UM RIO VIVO E VIVIDO, COMO ESTÁ PLASMADO NAS IMAGENS QUE ILUSTRAM ESTA CRÓNICA. É, em boa verdade, com uma aparente ingratidão, 2020 Abril 400

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Notícias do Mar

munícipes, dada a sua proximidade ao rio, para todos eles deverem passar a interessar-se mais por conhecê-lo melhor, conviver com ele, fruí-lo, e até amá-lo, assumindose como seus principais vigilantes e protetores porque, podem crer, que ele vai retribuir-lhes mais cedo ou mais tarde. Isto porque, desculpem lá, ninguém está a fazer a mínima ideia do que virá a ser o triste futuro do nosso país, quer ambiental, quer economicamente, sem este recurso natural, que tem sido ao longo dos tempos o responsável pelo cresci56

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mento económico daquela que é a principal bacia hidrográfica do país porque, na realidade, para além da sua extensão territorial abranger mais de uma terça parte do território continental, ela hoje, até deve equivaler a 40% do país em termos de produtividade, quer biológica quer económica, e entre outros, que o digam os agricultores, que são beneficiários de ca. 80% da sua água, para além dela estar ainda a ser reforçada pela ampla área metropolitana de Lisboa e mais o seu importante porto marítimo internacional. Podem crer que o nos-

so Tejo ainda está a tempo, porque mantém alguns atributos e valências que sendo defendidos uns e protegidas outras, desde que se trabalhe a sério e apoie um projeto ou plano que contribua para que ele se torne independente da Espanha, relativamente ao caudal ecológico regular, porque até há entendidos que acreditam que essa possibilidade é real, as tais valências e atributos passam a ter condições para serem potenciados, para voltarmos a ter um “Rio Vivo e Vivido” para bem de todos, e sobretudo, das gerações futuras.

Mas devemos estar conscientes e reconhecer que a sociedade civil, para poder cumprir a sua quota-parte na vigilância e proteção do “rio da sua aldeia”, deve estar minimamente consciencializada e sobretudo motivada para poder cumprir esta missão mas, em boa verdade, nem o Estado nem a escola, têm tido a preocupação de dar prioridade à educação cívica e ambiental do cidadão, com a importância devida, e então quanto ao contributo da comunicação social de hoje, nem vale a pena falar. Perante o cenário atu-


Notícias do Mar

al, procurámos, após o Congresso do Tejo III, criar um novo conceito e

proposta de programa de um evento que passe a acontecer com mais re-

gularidade e frequência, que desafie e estimule o cidadão a aproximar-se do Tejo, partindo de uma grande “Festa do Tejo com as suas gentes”, de animação e convívio, com atividades de fora para dentro e de dentro para fora do rio, complementado por sessões de esclarecimento e educação ambiental, etc., ou seja, uma BIENAL do TEJO, relativamente à qual os municípios ribeirinhos são o parceiro fulcral, como já temos vindo a dizer há algum tempo, uma iniciativa que terá uma boa oportunidade de realizar-se, por exem-

plo em 2021, quando as pessoas voltarem a poder encontrar-se e conviver, uma vez passada a terrível pandemia que nos assola. RECOMENDAMOS AO CARO LEITOR QUE VISUALISE, CONSULTANDO O YOUTUBE, OS VÍDEOS INTITULADOS “COM A ALMA NO TEJO” e “CRUZEIRO DO TEJO VIVO E VIVIDO”, PRECISAMENTE ESTES TÍTULOS, PORQUE HÁ OUTROS PARECIDOS NO YOUTUBE, E TAMBÉM, CASO NÃO CONHEÇA, OUTRO INTITULADO “CONGRESSO DO TEJO III”

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Notícias do Mar

O Voo do Guarda-Rios

O Vento Não Cala a Desgraça…

O

vento que sopra dos lados de Espanha traz as mais variadas notícias sobre o rio Tejo de lá, que não sendo nada favoráveis, conseguem ser até um prenúncio de um futuro muito preocupante deste rio grande, eixo identitário e histórico dos dois países que atravessa, cuja água deve, por direito, ser partilhada equitativamente pelos dois países, o que na realidade não tem vindo a acontecer. Para além disso, é digno de registo que, tanto os cidadãos como alguns municípios espanhóis estão a pôr em causa a qualidade do Plano Hidrológico espanhol e até andam a atribuir culpas de má gestão da água deste rio à respetiva Confederación Hidrográfica, por considerarem que ela anda a “fechar os 58

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olhos” aos já apelidados “Senhores da Àgua” de Espanha, cuja ganância desmedida tem levado ao aumento dos volumes dos caudais dos transvases que desviam a mais pura água da nascente do Tejo, para alimentar os turismos da região de Valência e Múrcia, e a produção hortícola desmedida no deserto da segunda, sendo que uma parte desta água devia, legitimamente, chegar a Portugal, já não falando daquela que fica retida e que agora a ser retornada à saída da barragem, após a produção da energia hídrica, para além daquela que é usada no arrefecimento da Central Nuclear de Almaraz, central que já está fora de prazo, e continua a ser uma ameaça para nós, por estar próximo da nossa fronteira.

Para além desta situação adversa, o Guarda-Rios (GR), que anda nestas andanças em prol do Tejo há mais de quatro décadas, constata que os Acordos de Albufeira foram mal negociados pela parte portuguesa, sobretudo relativamente ao volume do caudal da água do Tejo que a Espanha deve garantir a Portugal, porque apenas está fixado o seu volume anual e não como devia ser, obviamente, exigido o volume do caudal diário ou no mínimo o semanal, e é graças essa grande lacuna e imprecisão, que a vizinha Espanha, argumentando o cumprimento desses acordos, ter feito aquela descarga desproporcionada de água, contra natura, próximo do fim do ano passado, que secou rios a montante, para vir inundar-nos campos e aldeias, causar prejuízos e desperdiçar bastante água

doce, um bem que é finito, indispensável à vida, que acabou por ir parar ao mar, que já regista um nível superior ao desejado. O GR sabe, porque acompanhou o Plano Hidrológico Espanhol original, desenhado no ano anterior à Espanha entrar para a CEE, que foi baseado na intenção de que para conseguir aproveitar melhor a pluviosidade e o degelo das cabeceiras dos territórios a montante, era melhor optar por fazer o transvase da água do rio Douro para o Tejo, e a do Tejo para o Guadiana, mas o que acabou por verificarse entretanto não foi essa medida, devido ao plano ter sido alterado ao livre arbítrio da nossa vizinha. O GR que conhece o Tejo melhor que muitos, tanto física e ambientalmente, como culturalmente, porque decidiu ir à sua descoberta a


Notícias do Mar

partir do início dos anos 90, faz 30 anos, numa primeira viagem a partir da nascente em Fuente Garcia”, na Serra de Albsarracín, e prosseguir a visita à povoação de Albarracín, continuando a descida para as regiões de Aranjuez e de Toledo, viagem que voltou a empreender a partir da primeira década de 2000, também a partir da nascente, para conhecer uma área mais extensa do curso do rio, e posteriormente teve a oportunidade de enriquecer o seu conhecimento a partir do ano de 2007, devido a ter sido ele o pioneiro da ideia de uma Candidatura do Tejo Ibérico a Património da Humanidade, proposta pela AAT - Associação dos Amigos do Tejo, no II Congresso do Tejo de 2006, realizado no mês de Outubro, tendo sido uma das três principais propostas que foram aprovadas. Portanto, foi a partir desse ano de 2007, com o auxílio de alguns parceiros, membros da AAT, que na qualidade de promotor desta iniciativa decidiu começar por fazer uma série de contactos com associações cívicas espanholas, dentre elas a que mais se interessou na altura foi a “Tajo Sostenible”, representada por Barbara Palomares e outros associados, com quem teve uma primeira reunião em Toledo, acompanhado de outro membro da AAT, António Nabais, a que se seguiram outras reuniões em Madrid, com Barbara Palomares e outros cidadãos, quer da Tajo Sostenible quer da Universidade de Castilha La Mancha, nomeadamente, Maria Esther Almarcha e Isidro Sanchez, do que resultou a preparação de um primeiro Encontro Luso-Espanhol sobre a Candidatura em causa, na Expo Mundial de 2008, em Saragoça onde, no Pavilhão de Por-

tugal teve lugar um fórum, considerado Dia do Tejo, no qual participaram cidadãos e cidadãs de Espanha e de Portugal, apresentando comunicações, nomeadamente da parte espanhola, Justo Mora, da Cofederación Hidrográfica del Tajo, Barbara

Palomares da Tajo Sostenible, Maria Esther Almarcha e Isidro Sanchez da Universidade de Castilla La Mancha e Maria Soledad Gallego, da Red de Ciudadanos del Tajo, e de Portugal, José Rodrigues Pereira, da Direção do Museu da Marinha,

Américo Nunes dos Santos, da Hidráulica do Tejo, João Soromenho Rocha, do Lnec, Carlos Salgado da AAT, e outros, com a colaboração de João Rodrigo Domingos e Luis Gomes, tendo sido feita na sessão do Encerramento a proclamação internacional

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da Candidatura Luso-Espanhola do Tejo Ibérico a Património da Humanidade. Dando continuidade à promoção desta Candidatura, realizaram-se no ano de 2009 mais dois Encontros Luso-Espanhóis, o segundo do programa preparatório, que teve lugar em Vila Franca de Xira, no mês de Junho, que foi aberto pela presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Maria da Luz Rosinha e contou com as intervenções dos espanhóis, Barbara Palomares, Maria Esther Almarcha, Isidro Sanchez e Maria Rúbio, do Centro de Estudos da Universidade de Castilla La Mancha, e dos Portugueses, Carlos Salgado, AAT, António Marques, Programa Valtejo, António Antunes Dias, RNET, Fernando Carvalho 60

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Rodrigues, Marinha do Tejo, Manuel Lacerda, ARH-Tejo, e foi concluído com a “Declaração de Vila Franca de Xira” feita por José Bastos Saldanha, da Sociedade de Geografia de Lisboa. O terceiro Encontro LusoEspanhol realizou-se em Talavera de La Reina no mesmo ano de 2009, com o apoio do Ayuntamiento local e do Centro de Estudos da Universidade de Castilla La Mancha, e foi o presidente do Ayuntamiento local que abriu a sessão na qual intervieram os portugueses Carlos Salgado, Maria da Luz Rosinha, com a “Declaração de Vila Franca de Xira”, Joaquim Rosa do Céu, presidente do Turismo de Lisboa e Vale do Tejo, António Antunes Dias e Joao Soromenho Rocha, e os espanhóis,

Barbara Palomares, Justo Mora, Maria Esther Almarcha, Isidro Sanchez, Maria Rubio, Benito Diaz e César Pacheco, do CECLM, e teve a colaboração de César Salgado, AAT, sendo celebrado no encerramento da sessão, um protocolo de geminação entre a Tajo Sostenible e a AAT, representados respetivamente por Bárbara Palomares e Carlos Salgado, fundando a Tagus Universalis Ibérica. Seguidamente, o presidente do Ayuntamiento de Talavera, convidou Carlos Salgado, AAT, Maria da Luz Rosinha, presidente da C.M. de Vila Franca de Xira, e Barbara Palomares para no salão nobre do Ayuntamiento a fim de galardoa-los com o bastão municipal de Talavera de La Reina. Posteriormente, o GR

prosseguiu, mais de que uma vez, a reunir com Barbara Palomares em Trujillo, e no ano de 2010 a Tagus Universalis Portugal decidiu autodeterminar-se com personalidade própria formalizada, separando-se da AAT, tendo Barbara Palomares participado num seminário realizado na Sociedade de Geografia de Lisboa, no qual participou também outro espanhol, Carlos Blasquez, do movimento Cultura da Água, com os quais o GR continua a manter contacto e amizade, os quais chegaram a ser entrevistados pelo Notícias do Mar, onde Carlos Blasquez, entre outros considerandos sobre o Tejo, destaca-se o seguinte: “É um rio que nasce na Serra de Albarracín como dizem os livros da escola, mas hoje


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já não é verdade que desague em Lisboa como devia naturalmente, porque o faz noutro lado da Península, nas costas de Valência e de Murcia em Espanha, o que é motivado pelo transvase Tejo-Segura que o faz chegar às costas orientais de Espanha e uma parte das suas águas são transformadas em frutas e verduras e a outra parte, em água potável pra abastecer milhões de pessoas, e seguidamente vai sair no Mediterrâneo, muito longe do que devia ser o seu destino”. O GR também teve o particular prazer em conhecer e trocar impressões com Maria Soledad Gallego, da Rede de Ciudadanos del Tajo, quando ela participou no primeiro Encontro LusoEspanhol, na Expo Mundial

de Saragoça, em 2008, e mais recentemente teve também a oportunidade de conhecer e dialogar com Nuria Hernandéz-Mora, Presidenta da Fundación Nueva Cultura da Água, quando ela participou no Congresso do Tejo III, de 2018, em Lisboa, e como conhece as opiniões e considerandos mais recentes destas duas cidadãs, sobre o nosso maior rio, não quer deixar de partilhá-las com os caros leitores, como segue: María Soledad Gallego Bernad, advogada ambiental, identifica cinco grandes usos do Tejo, ou melhor, as exigências que moldam os tempos modernos, na fatura do que conhecemos como progresso e desenvolvimento: A primeira exigência é o abastecimento de água po-

tável, recurso inegável e imprescindível, é na sua escala e gestão que pesa a fatura: 7 milhões de habitantes (6,5 só em Madrid) e 3 milhões em Portugal. A segunda é o regadio da própria bacia hidrográfica, um dado natural em colisão com a terceira exigência que é a derivação da água pelo transvase TajoSegura para a agro-indústria do sul, de Alicante, Múrcia e Almería, cerca de 140.000 hectares, 80% dos recursos da água do Tejo. A quarta exigência é a produção de energia hidroelétrica. A partir da década de 1950, o Tejo passa a ser um rio determinado pelas barragens. Até aí o regime natural ainda fluía, represados apenas 371hm3 em Espanha, mas depois tudo mudou nos dois lados da fronteira. Só na Extrema-

dura espanhola, as barragens somam 5.145 hm3, ao longo de 300 km desde Talavera até Portugal. Por fim, a quinta exigência, igualmente energética: a refrigeração das centrais térmicas (como a seca em Toledo, ou Pego em Abrantes); e numa preocupante escalada de risco, das centrais nucleares de Trillo (Guadalajara) e Almaraz (Cáceres). A diminuição do caudal das águas da bacia do Tejo não será, como tal, uma surpresa perante as crescentes exigências do mundo contemporâneo. Concluída em 1979 a obra do transvase Tejo-Segura, cumprindo o planeamento económico franquista, desde a década de 1980 que se regista a diminuição dos caudais – e em pelo menos 50% logo no curso superior

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do Tejo. O enquadramento legal espanhol do transvase de 1971 e 1980 considerava o Tejo como um recurso

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produtivo, que deve aproveitar-se onde obtenha mais benefícios económicos. Por mais provas em contrário

que a realidade ambiental e social hoje apresenta, essa leitura não se alterou. Mesmo com normativas ambien-

tais, como a Diretiva Quadro da Água, o princípio produtivista cego, alimentando um ‘ad aeternum’ crescimento económico, não foi posto em causa, apenas ajustou o discurso técnico para que se prossiga no rio Tejo a falar de “excedentes transvasáveis”….O poderio da agro-indústria, verdadeiros senhores do Tejo, drena e alimenta-se continuamente das suas águas, naquele que é um dos poderes económicos privados mais fortemente alicerçados na gestão pública da água. As barragens de Entrepeñas e Buendía, mesmo em períodos de seca, chegam aos 10% para transvasar as águas “excendentárias”. E como mecanismo para transvasar águas “não excedentárias” foram autorizados contratos privados de venda de água entre beneficiários da bacia do Tejo e de Segura, vendas


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de água, mesmo em anos de secas críticas, e isentas de taxas, assumidas pelo erário público espanhol. Nuria Hernández-Mora, por seu lado, refere que, a Diretiva Quadro da Água levou uma década a aprovar pela União Europeia, que obriga a mudar a forma da gestão da água na Europa, norma esta centrada na proteção e recuperação dos nossos ecossistemas aquáticos, que obriga os estados membros a elaborar planos de gestão da sua bacia hidrográfica que garantam que no ano 2015 os nossos rios, zonas húmidas, aquíferos e águas costeiras tivessem um bom estado ecológico, para assegurar que podem continuar a prestar os serviços que nos prestaram durante milhares de anos, gratuitamente, de água límpida e de qualidade, para suprir as nossas necessidades,

boas paisagens, lugares de fruição da natureza, para pescar, nadar e recreio. Durante décadas tratamos a água exclusivamente como um meio produtivo. Represamos, canalizamos e transvasamos os nossos rios, utilizando-os para satisfazer todos os nossos interesses e desejos sem os depurarmos adequadamente, sobre explorando os nossos aquíferos e alterando os nossos ecossistemas aquáticos até torna-los irreconhecíveis e pondo em risco a satisfação das nossas necessidades futuras a longo prazo. O rio Tejo é sem dúvida o paradigma desta degradação, este grande rio é hoje um cadáver hidrológico que pouco tem que ver com o rio imortalizado pelos nossos poetas. As grandes barragens de Entrepeñas e Buendia servem para garantir até 80% do caudal do transvase Tejo-Segura. Quem conhece o corredor fluvial entre Aranjuez e Talavera de La Reina sabe que a água que

por lá circula é uma água dos efluentes urbanos inadequada e insuficientemente depurada dos 6 milhões de habitantes da área metropolitana de Madrid, que chegam ao Tejo através do Jarama, e em Toledo o rio é uma cloaca a céu aberto, um rio espumoso e mal cheiroso, que só pode contemplarse à distância, e em Talavera o rio não flui, enquanto as águas do Alberche que dantes ajudavam a aumentar o caudal do Tejo, hoje são desviadas para Madrid, ao ponto de em 2006 o Tejo ter secado em Talavera, o que impediu os canoístas do clube local de navegar por falta de profundidade, nem para as pequenas canoas. A Extremadura espanhola está sobrelotada de barragens que são exploradas para maximizar a produção de energia hidroelétrica e que causam significativos problemas que trespassamos aos nossos vizinhos portugueses, quando recebem as águas contaminadas que passam a fronteira.

(mas a nossa APA, nada diz sobre isso). Para terminar, o GR aproveita para acrescentar que devido ao seu empenho de conhecer todo o Tejo, ainda melhor, empreendeu uma longa viagem em 2011, desde a nascente até à foz do Tejo, durante a qual registou em desenho, pintura e fotografia os sítios, os lugares, as principais cidades ribeirinhas, e por escrito procurou registar o que viu, ouviu e leu, quer os aspetos paisagísticos, humanos, e da fauna e da flora, bem assim como os patrimónios culturais, materiais e imateriais e a história dos lugares e das suas gentes, que lhe permitiram construir uma crónica o mais fiável possível, para ser publicada em livro, de cariz didático, numa edição limitada do autor, sem fins lucrativos, e que está praticamente pronta para entrar no prelo, não fora ter surgido esta pandemia do Covid-19. 2020 Abril 400

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Notícias do Mar

O Tejo a Pé

Texto e Fotografia Carlos Cupeto

A Pé “A pé sempre em torno da terra A pé sempre em torno do mar Sempre em torno do sol Da lua e das estrelas.” (Jaques Prévert)

A

pé, a melhor maneira de conhecer um lugar. Não há outra forma de conhecer um lugar. Como sentimos um lugar na totalidade se não for a pé? Esquecemo-nos da verdade. Desta e de tantas outras. A maioria vive em meio urbano, essencialmente cidades, onde a natureza, o campo, os rios, as serras, os mares foram esquecidos. Disseram-nos que temos tudo à distância de um clique e nós acreditámos. O avião, o automóvel levam-nos a lugares distantes e fantásticos mas nada nos leva a sítios tão remotos, quanto belos, como os nossos passos. E o mais fantástico é que estes sítios estão perto, às vezes à porta de casa. “...andar a pé é sobretu-

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do reconquistar uma certa maneira de olhar as coisas: devagar e com atenção, procurando observar, compreender e amar uma região que é o documento exemplar de uma aliança entre o Homem e a Natureza...” (Eduardo O. Gonçalves) Vamos viver a natureza, cheirar, sentir o mundo que nos rodeia. O patrimó-

nio natural em Portugal é, felizmente, fantástico. Espera-nos reencontro com o próprio corpo; a procura do bem estar físico; muitos médicos prescrevem o andar pé como uma terapia. Vamos à descoberta do que temos à porta de casa, na serra que avistamos ao longe; a descoberta sempre foi uma grande motivação para o Homem. Tudo nos chama. Assim é o

Tejo a pé, um grupo informal de caminhada, onde amigo trás amigo. Todos os meses, uma caminhada acessível a todos, sem custos, onde a motivação é o viver a natureza. Para caminhar no Tejo a pé, logo que seja possível, basta enviar um mail: cupeto@uevora.pt (in: Fugas a pé, um guia para caminhar, disponível na loja online do jornal Público)

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Electrónica

Notícias Nautiradar

Desinfetar e Limpar o seu Display Multifunções Raymarine As melhores práticas de limpeza para o seu Display Multifunções Raymarine a Bordo. Considerando o vírus COVID 19, segue um guia de auxílio à prevenção da propagação de infeções que lhe permite em simultâneo desfrutar do seu tempo na água.Opções de desinfeção do ecrã do seu Display Raymarine.

Para fins de higiene e não transferência de vírus contagiosos e bactérias, eis duas opções de limpeza: Solução antibacteriana suave, como um líquido suave de limpeza antibacteriano:Enxague suavemente com água doce e limpa. Utilize um pano húmido sem pelo, com uma pequena quantidade de solução antibacteriana de sabão, limpando suavemente o ecrã com a solução de sabão antibacteriana. NÃO deixe o sabão secar, enxaguando a solução de imediato com água limpa, permitindo

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que o ecrã seque. Desinfetante leve. Enxague qualquer vestígio de sal do display com água limpa e deixe secar. Uma vez seco, pulverize um pano suave e sem pelo com um desinfetante de base de álcool (70% isopropílico) e não abrasivo e limpe o aparelho, garantindo que o mesmo está desligado e sem alimentação. Pode ainda comprar toalhitas de limpeza embebidas em álcool 70% isopropílico, mas tenha em atenção a qualidade das toalhitas. Algumas podem ser bastante abrasivas. Deve usar uma mistura

pré feita de álcool (70% álcool isopropílico e 30% de solução de água), sendo crucial uma concentração correta. Se for errada, arrisca-se a danificar o seu display – uma solução já pré feita é a alternativa mais segura. NÃO use nenhum produto de limpeza abrasivo, acídico, amoníaco, solvente ou qualquer outro de base química, para além dos mencionados. Limpar o ecrã do seu Display Multifunções Raymarine como indicado no manual. Um revestimento é aplicado ao ecrã do display. Isto torna-o repelente de água e previne reflexos. Para evitar danificar este revestimento, siga o seguinte procedimento: Desligue a alimenta-

ção ao display e garanta que não está quente. Enxague o ecrã com água limpa para remover todas as particulas de pó e depósitos de sal. Deixe que o ecrã seque naturalmente. Se alguma mancha permanecer, limpe suavemente o ecrã com um pano de microfibras limpo. A desinfeção não é para ser utilizada como um procedimento de limpeza padrão. É para ser usada apenas quando necessária e, DEVE usar uma das opções apresentadas acima. O display possui um revestimento especial, quaisquer outros produtos


Electrónica

que sejam utilizados são passíveis de danificar o aparelho. Limpando o seu Produto Raymarine Melhores práticas ao limpar os produtos: Enxague suavemente com água doce e limpa. Se o seu produto tem um ecrã, NÃO o limpe com um pano seco pois levar a que o revestimento fique riscado. NÃO utilize produtos de limpeza abrasivos, acidicos, amoníaco, solvente ou qualquer outro de base quimica. NÃO utilize jatos de água. Limpando a capa de proteção do seu aparelho Raymarine A capa protetora fornecida com o seu aparelho Raymarine possui uma superficie aderente. Em certas condições, contaminantes indesejados poderão agarrar a esta

superficie. Para evitar danificar o ecrã, limpe a capa regularmente, seguindo o seguinte procedimento: Remova cuidadosamente a capa do display. Enxague com água limpa para remover todas as particulas de pó e

depósitos de sal. Deixe que a capa seque naturalmente. Mãos limpas também melhoram a higiene e previnem transferências de infeção – OMS. Limpe as suas mãos regularmente. Lave as suas mãos

com água e sabão, e seque-as minuciosamente. Utilize gel desinfetante com base de álcool caso não tenha acesso a água e sabão. Para mais informações visite o site www.nautiradar.pt ou contate através do 21 300 50 50.

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Pesca Desportiva

Histórias de Pesca

Texto e Fotografia Vítor Ganchinho

A Memória dos Peixes

Muito se especula sobre a existência, ou não, de memória nos peixes. Quantos de nós não visualizam de imediato a imagem do pequeno peixe, dentro de uma bola de aquário, ao qual são atribuídos 2 segundos de memória, ou seja, o tempo que leva a passar novamente no mesmo local.

“Olá, eu sou a Dori…muito prazer, …Olá, eu sou a Dori… muito prazer.”

O

s nossos jovens são bombardeados com histórias de peixes que se apresentam mútua e continuamente: “Olá, eu sou a Dori…muito prazer, …Olá, eu sou a Dori… muito prazer.” Mas será que é mesmo assim? A natureza não é uma bola de aquário, e os peixes que não memorizam são pescados/ caçados mais facilmente. Ter memória é uma ferramenta de aprendizagem insubstituível. Vou dar-vos a minha opinião, sustentada não em factos científicos, porque não os tenho, mas sim na minha experiência de pescador e caçador submarino. Tenho 57 anos de idade e 51 de pescador. Ao longo de mais de meio século acumulei experiência que me permite afirmar sem grandes dúvidas que os peixes têm de facto memória. Memorizam os locais de 68

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alimentação, memorizam os seus locais de refúgio de um ano para o outro, memorizam a actuação dos seus predadores, suas astúcias para os caçarem, e formas de lhes escapar. Disso eu tenho a certeza! Os peixes ouvem ruídos e têm memória Tenho em minha casa um lago. Nesse lago, com cerca de 12 metros de comprimento por 6 metros de largura, vivem quatro carpas japonesas e um achigã. Este último controla a população de carpas, os dois casais criam centenas de alevins duas vezes por ano, em Março e Setembro. Tenho zero dúvidas de que têm memória. Ao final do dia, costumo sair da casa principal e sair para um anexo, onde tenho instalado o meu quartel-general, onde trato de tudo o que tem a ver com pesca. É ali

que reparo carretos, substituo linhas, limpo canas, empato anzóis, preparo amostras. Ao final da diária e sempre reconfortante sessão de bricolage de pesca, costumo dar alguma comida (ração de aquacultura), aos meus peixes. Quando saio, os meus pés farão algum ruído no chão. Também o portão da garagem onde faço os meus trabalhos faz ruído. Embora fique a cerca de 20 metros do lago, os peixes ouvem. E logo de seguida, dirigemse todos ao local onde normalmente me coloco para os alimentar. Acontece a qualquer hora, porque eu não tenho um horário regular, saio quando calha. Isto indica duas coisas: que os peixes ouvem ruídos, mesmo os que acontecem fora de água, e que têm memória. Sabem prever que vão ser alimentados a partir daquele momento. Mantêm a informação durante semanas, porque quando saio

de férias, ao voltar, fazem o mesmo. Têm memória. Analisemos agora o que se passa no mar. Vamos começar por separar os peixes em dois grandes grupos: os peixes de cardume, e os peixes solitários. As possibilidades de um peixe solitário poder memorizar algo relativamente a predadores, são infinitamente menores. Quando falamos de caça submarina, um safio, ou uma abrótea, são alvos fáceis, e o encontro com o ser humano é normalmente único. A facilidade de arpoar um destes peixes é tal que raramente dá uma segunda oportunidade a esse individuo. É um alvo parado, limitado na sua capacidade de fuga, dentro de um buraco. O que podemos referir sobre estes peixes que vivem de caçar à noite, e recolhem aos seus buracos durante o dia, é que memorizam esses refúgios em termos de localização.


Pesca Desportiva

As zonas rochosas mais baixas, mais sujeitas às intempéries, sobretudo a dias de mau tempo em que a ondulação varre esses pontos, traz areia, projecta pedras roladas e torna a permanência impossível. Por isso, obrigam a uma saída recorrente desses peixes para pontos mais fundos, com menos agitação, logo mais abrigados. Mas assim que as condições de mar voltam a ser aceitáveis, eles tornam aos seus lugares de caça, aqueles que lhes dão vantagens em termos de obtenção de comida e resguardo. Dou-vos um exemplo prático de um peixe solitário: o safio Nos tempos em que Sesim-

bra ainda não era reserva marinha, eu tinha um local secreto onde “guardava“ os meus safios, para mostrar quando um amigo me visitava. Na verdade, tratavase de um sítio tão evidente, tão fácil, que nenhum caçador submarino poderia sequer adivinhar que ali poderia estar escondido um safio daquele tamanho. Muito próximo da Pedra do Leão, junto a Sesimbra, a dois metros de profundidade na vazante, era o local ideal para eu levar aqueles amigos que queriam fazer uma valente caldeirada em suas casas. Normalmente pessoas amigas do Alentejo, que tinham poucas possibilidades de mergulhar, pouco treino, e que por isso apenas tinham acesso a lugares rasos, pouco profundos. A dois metros,

aquele safio, normalmente a avizinhar os 20 kgs, era um alvo perfeito. Para mim, bastava-me passar de quando em quando e confirmar a estadia do inquilino. Eventualmente deixar alguma comida, um bodião, restos de tripas de uma ou outra abrótea sacada de um buraco nas imediações, uma tainha. Provavelmente não sabem, mas as tocas para estes peixes são “eternas”, ou seja, quando retirado um exemplar, passados dias temos lá outro igual. Isso deve-se ao facto de aquele local ter condições óptimas para ser habitado: pouca luz, refúgio, proximidade de comida, etc. Quem descobre um desses buracos, guarda-o para a vida, porque é um “frigorífico de peixe” sempre à mão. Eu

terei gravados na memória uns cinquenta a setenta buracos ao longo da costa entre a praia de Albarquel e a Ponta do Cabo Espichel. Morrerão comigo… Infelizmente para a espécie, trata-se quase sempre de um animal solitário, raramente se encontram dois safios no mesmo buraco. Vi-os nos Açores algumas vezes, sendo muito mais corrente cá no continente a coabitação de moreia e safio do que safio e safio. Sei que em França é corrente existirem dois ou mesmo três safios por buraco. Nas costas da Normandia, os alemães afundaram centenas e centenas de barcos que transportavam tanques de guerra. Hoje, estão cheios de safios, robalos e fanecas. Cá não é de facto assim, os safios estão nor-

Tenho um achigã. que controla a população de carpas 2020 Abril 400

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Pesca Desportiva

malmente sozinhos. Logo, não há aprendizagem com os erros e azares dos outros. Concretamente esse de que falo, a dois miseráveis metros da superfície, está numa parede toda lisa, com muita visibilidade para

o exterior, e foi descoberto num daqueles dias em que eu andava a catar algumas santolas para um petisco. De frente não se vê, mas quem se encosta muito ao buraco, que fica paralelo à parede para a esquerda,

consegue perceber que há ali uma frincha, um espaço com um palmo. Com a ajuda de uma lanterna, é possível então ver que a parede lisa afinal tem um rasgo interior, e é muito comprido. O safio está sempre virado

Vítor Ganchinho com um safio capturado na zona do Regueirão 70

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com a cabeça para a saída e não é difícil de arpoar. O que este assunto tem que ver com a memória dos peixes, é o seguinte: Por ser uma zona baixa, muito exposta, está muito desabrigada da ondulação de sul. O vento dominante sopra de noroeste, o que leva a que passe por cima da serra. Na base, está sempre calmo, deixa a água como um lago, bom para peixes sedentários, que vivem em buracos. Mas por vezes muda, concretamente sempre que o tempo fica chuvoso. O vento sul é o que traz a chuva, e a ondulação às zonas abrigadas. Cada vez que isso acontece, o safio tem mesmo de sair dali e procurar refúgio nas pedras mais abaixo. Por ser corrente eu passar lá para alimentar o dito, acabei por o ver algumas vezes a sair, e seguir a sua trajectória para o fundo, mesmo durante o dia. Quando o mar amainava, voltava a vê-lo no mesmo local. O safio tinha um lanho na cabeça, provavelmente provocado por alguma cabeçada mais impetuosa nalguma pedra a perseguir um sargo, ou até um corte feito contra alguma lata de conservas deixada no fundo por um veraneante descuidado. Os polvos recolhem as latas para a sua toca e protegem-se com elas. Daquele buraco retirei posteriormente algumas dezenas de safios, e passo-vos uma foto de um, com cerca de 18 kgs, pela curiosidade de ter sido feita por um amigo do Alentejo que seguramente, depois de tantos anos, não se lembrará já de ter ido comigo à caça, nem sequer das caldeiradas que fez com ele.


Pesca Desportiva

Também não se lembrou na altura de limpar a lente da câmara, e por isso fezme uma foto com uma gota de água no centro da lente. Memória de Dori, já que é algo que tem de se precaver sempre, quando se fazem imagens no mar…. Em resumo: guardar memória da posição do buraco, e voltar a ele passados dias, ou semanas, é algo só possível a um animal que tenha... memória. Que nível de memória lhe poderemos atribuir, …é outro assunto. Um exemplo de peixes de cardume, com memória: os sargos Cacei durante muitos anos, e continuo a fazê-lo, peixes

de cardume. Assisti ao longo dos anos à evolução de comportamento desses peixes, a ponto de ser difícil entender como podem aprender tão depressa. Explico-vos porque tenho certezas quanto ao facto de achar que o sargo tem uma memória prodigiosa: abençoado seja o tio Jaime, um pescador da Murtosa, que veio no início do século passado, 1920, para Setúbal. Conheci-o já no fim da sua vida, com cerca de 78 anos, limitado pelo Parkinson, e com ele passei tardes infinitas a conversar sobre as suas memórias, sobre a evolução da pesca durante um século. Perdi conta aos dias de trabalho que não trabalhei, para poder estar com ele e conversar, con-

Safio capturado em Sesimbra há muitos anos atrás 2020 Abril 400

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Pesca Desportiva

Polvo de 8 kg à saída da sua toca. Quando atacados recolhem as pedras que conseguem ver (canto inferior esquerdo) e tapam-se com elas

versar, durante horas e horas. Foi tempo ganho. Para ele era um prazer recordar as suas memórias, para mim um orgulho que ele tivesse tempo para mim, e me contasse da sua vida de mar. Quanto sabem os nossos pescadores profissionais quando chegam a velhos!... Na altura, com uma pequena empresa que ain-

da assim tinha resultados muito satisfatórios, eu fazia pelo menos uns quatro dias de mergulho por semana. O fim-de-semana era sagrado, com bom ou mau tempo, e a meio da semana, dois dias em mergulhos mais curtos. A dada altura, o Tio Jaime dizia-me: se consegues mergulhar a 20 metros, eu tenho um sítio bom para tu ires: a Pedra

da Alfadiga. O problema eram as marcas, as referências de terra, porque o Ti Jaime tinha marcas em braças, não em metros, e muito pior, trabalhava por tempo. Só que ele ia à vela para sul, e a remos quando não havia vento. A noção de espaço não era a mesma, os motores actuais dão-nos asas. Perdi dias e dias. Com muita paciên-

Daquele buraco retirei posteriormente algumas dezenas de safios 72

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cia, procurei as poucas referências que ele me deu, desgastadas pela erosão do tempo, marcas de 40 e 50 anos, com tudo o que isso significa de alterações na paisagem. Pinheiros altos que foram entretanto cortados, postes de energia entretanto substituídos. Mas acabei por encontrar. Recordo-me de, nos primeiros mergulhos, estranhar que os sargos, que eram autênticos Houdinis da fuga em Sesimbra, ali não procuravam esconderse, apenas se encostavam à pedra. Sargos de 2 kgs, que nunca tinham visto pessoas, ao longo de toda a sua vida. O Ti Jaime falava-me que, no seu trabalho de pescar mariscos com redes na Ilha do Pessegueiro, ter de manter as lagostas e os lavagantes vivos, sob pena de os compradores desistirem. Vendiam-se em Sines, na altura meia dúzia de casas. Eram espanhóis que vinham comprar a um preço baixo para revender em Espanha aos restaurantes, e exigiam produto vivo. O maior problema era conseguir que os sargos não comessem as patas às lagostas, que morriam logo de seguida. Dentro de redes, os redis, em zonas abrigadas da ondulação, as lagostas esperavam o dia da vinda dos compradores. Era necessário bater regularmente com os remos na água, para afugentar as centenas de sargos grandes. Aqueles sargos tinham uma ausência completa de receio das pessoas Mas voltando ao assunto: a


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Pesca Desportiva

reacção dos peixes à presença humana era nula. O que estavam fazendo à nossa chegada, continuavam a fazer. Recordo-me da azáfama de um sargo que atacava uma pata de uma estrela-do-mar. Cheguei, anichei-me no fundo,

e durante uns bons dois minutos, enquanto tive fôlego, assisti a um trabalho que poucas pessoas terão visto: um sargo a comer uma pata de estrela-domar. Surpreendidos ficariam aqueles que pescam com minhocas, ganso, ca-

sulo, porque acham que os sargos só comem presas macias, se os vissem comer lapas, mexilhões com casca, cracas, búzios e outras “bugigangas” a que eles chamam de comida. Abram os estômagos e entenderão que eles são

O sargo tem uma memória prodigiosa 74

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muito pouco selectivos. Os dentes incisivos capturam e cortam, mas os molares anteriores moem tudo e fazem disso uma massa comestível, com proteína. Aqueles sargos tinham uma ausência completa de receio das pessoas. Após algumas caçadas bem-sucedidas, comecei a notar que os sargos procuravam resguardar-se, entrando para os buracos. Ficavam nas zonas mais escuras, procurando passar despercebidos. No escuro, com paciência, conseguiam-se alguns, mas a dada altura entravam mais e mais fundo nos buracos, até ser impossível vê-los. Foi o tempo de comprar uma lanterna, para conseguir chegar aos que não estavam logo à porta do buraco. Também aí, eles conseguiram adaptar-se. Assim que sentiam a luz da minha lanterna, a primeira preocupação era de sair do buraco, que os limitava. A cada descida, via como meia dúzia para aqui, outra para ali, “ espirravam”, procuravam outras pedras, outros buracos. A lanterna passou a ser um factor de perturbação. Tinham memorizado que sempre que havia luz no buraco, havia arpões, havia sangue. Passei a utilizar um argumento de peso: tapava todas as saídas do buraco com outras armas, deixando apenas uma saída livre. Nos primeiros meses, os sargos chegavam à porta do buraco, e voltavam para trás. Passados uns tempos, entenderam que ficar era a pior solução. Passaram a sair de qualquer forma, com saídas tapadas com armas, ou não. Memorizaram o perigo. Ao fim de uns anos, a música


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Pesca Desportiva

Pelo tamanho da lanterna é possível ver que tratamos de sargos adultos

Vítor Ganchinho com menos anos, numa altura em que havia capacidade física e muitos mais sargos 76

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era outra. Os sargos deixaram de entocar. Aquilo que era o comportamento normal do sargo, ou seja, na vazante, já comido, farto de mariscar nas pedras, procurar descansar das suas correrias, retornando aos abrigos, preservando energia, deixou de acontecer. Esses buracos, onde anteriormente se juntavam milhares de sargos, passaram a ter alguns, sim, mas que modificaram o seu comportamento para algo inédito na zona: deixaram de permanecer nos buracos. À chegada do caçador submarino, como que impulsionados por uma mola, passaram a sair todos ao mesmo tempo. Em água livre é virtualmente impossível caçá-los. Fazem-se esperas, os ditos “agachons”, mas apenas resulta algumas vezes, depois deixam

de se aproximar, e vão todos embora. Aprenderam a reagir. Acabaram os tempos de ficarem nos buracos, onde havia massas de sargos, muitas centenas ou milhares de indivíduos. Falamos de toneladas de sargos, muitos indivíduos entre 1 e 2 kgs. Recordome de passar 4 horas a tirar sargos do mesmo buraco, e vir embora deixando lá outros tantos. Ver foto. Hoje não faria, por todos os motivos: por ter ganho entretanto consciência da responsabilidade que um pescador tem perante a sociedade, por ser mais culto, por ser mais velho, por ter percebido que a quantidade não é nem de perto nem de longe um objectivo, ou algo minimamente interessante. Hoje, muitos anos passados, o mais normal é eu encontrar frestas com


Pesca Desportiva

alguns sargos, ver e analisar as suas reacções, ficar feliz de saber que estão ali, e …passar ao lado. Os stocks de peixe disponíveis diminuíram Aqui, a questão já é outra, tratamos de memória colectiva. Os sargos que pescamos, que caçamos, deixam de ser um problema. Morrem. Mas ao lado, há certamente pequenos sargos a quem ninguém atribui importância, porque são sargos pequenos, e que no entanto estão lá, viram aquilo que aconteceu. Esses, um dia serão os grandes sargos que vamos procurar pescar ou caçar. E eles aprendem. Hoje, os materiais de pesca são infinitamente melhores e

mais sofisticados do que aqueles que havia à 30 anos. Onde estão as linhas de nylon grossas, (as finas não tinham resistência nenhuma…), onde estão as canas de fibra de uma braça, com ponteiras grossas, com que se pescaram tantas toneladas de peixe, com carretos de “fazer rir”? Os equipamentos hoje são muito mais avançados, porque com os anteriores dificilmente seria possível fazer uma pescaria de excepção. O material de pesca evoluiu uma enormidade. A GO Fishing Portugal tem hoje em stock canas e carretos Daiwa Saltiga que são autênticos Rolls Royce da pesca. E no entanto, pescava-se mais antigamente. Os stocks de peixe disponíveis diminuíram, sem dúvida. Mas também

o comportamento do peixe, a nível colectivo, evoluiu. Dou-vos um exemplo de memória colectiva: na enchente, em zonas como as paredes do Cabo Espichel, os sargos sobem com a maré, procurando chegar à comida que ficou disponível, com o avançar das águas. Na vazante, essa comida, perceves, cracas, lapas, mexilhão e tudo o que cresce na zona entre marés, não está acessível, criando um ritmo, um ciclo de alimentação. O peixe alimenta-se... quando pode, e faz a gestão da sua actividade de acordo com essas possibilidades. Recua na vazante para zonas que têm pouca comida, porque estão sempre acessíveis, logo, muito desertas de possibilidades, e sobe com o avanço das águas às zo-

nas que antes estavam a seco, onde a comida existe. O ciclo de alimentação é feito pelas contingências das marés, a que os sargos, as douradas, se souberam adaptar tão bem. Lembro-me dos tempos em que se caçavam com alguma facilidade nesse período em que estavam “entretidos” com a comida. Passados anos, os sargos, ao aparecimento de um barco, ou um caçador submarino junto às paredes, reagiam a um tempo, descendo vertiginosamente as paredes abaixo, todos ao mesmo tempo, escapando a um predador que passaram a reconhecer. Memorizaram que aquela silhueta escura e comprida representava perigo de vida. Isto é ter memória colectiva. Ou não? Já não me lembro…

Lugares onde andam os sargos, a mariscar, e onde temos de ir, se os quisermos. Estou algures ali em baixo, …a procurá-los debaixo da espuma 2020 Abril 400

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Notícias do Mar

Notícias da Universidade de Lisboa

Campanha Oceanográfica Falha Glória Primeiro estudo completo e sistemático à estrutura profunda anómala da Falha Glória na Campanha Oceanográfica M162, terminou no passado dia 5 de abril, após um mês de investigação.

Campanha oceanográfica á estrutura anómala da Falha Glória

A

estrutura profunda anómala da Falha Glória foi descrita por Luís Batista, recentemente doutorado em Geologia por Ciências ULisboa. O sismo de maior magnitude instrumentalmente medido no Atlântico Norte, Europa e África, com magnitude 8.4 na escala de Richter teve origem na Falha Glória e aconteceu em 1941. “Pela 1.ª vez foi possível realizar um estudo completo e sistemático ao longo de um segmento da

fronteira de placas Açores/Gibraltar”, diz João C. Duarte, professor do Departamento de Geologia (DG) da Ciências ULisboa, investigador do Instituto Dom Luiz (IDL) e um dos membros da equipa portuguesa presente na campanha oceanográfica M162 – Gloria Flow, realizada no Oceano Atlântico, ao longo daquele segmento da fronteira de placas, mais conhecido como Falha Glória, e que terminou no passado dia 5 de abril. “Nas várias amostras

Estrutura geotectônica geral do arquipélago dos Açores 80

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que recolhemos do fundo do mar encontrámos várias dezenas de depósitos que marcam eventos que podem corresponder a grandes sismos”, conta João C Duarte, adiantando que quando os grandes sismos ocorrem geram-se geralmente grandes deslizamentos de terra submarinos que deixam um depósito muito típico, denominado turbiditos, que podem ser datados e permitem inferir quando é que os grandes eventos sísmicos ocorreram ao longo da Falha Glória e dar uma ideia do seu período de recorrência. “Basicamente a técnica consiste em enfiar um tubo nos sedimentos usando uma espécie de grande agulha com três a cinco metros. Estes tubos são depois trazidos para a superfície e abertos ao meio. É isso que se vê nas fotografias”, explica João C. Duarte. O objetivo principal desta campanha oceanográfica, liderada por Christian Hensen do GEOMAR - Hel-

mholtz-Zentrum für Ozeanforschung e financiada pela agência alemã German Science Foundation (DFG), é compreender os processos geológicos que medeiam a circulação de fluidos subterrâneos no oceano profundo, particularmente a compreensão das relações entre a circulação de fluidos e a sismicidade e as interações da geosfera/biosfera/ hidrosfera. O segmento oriental da fronteira de placas Açores/ Gibraltar, a sudoeste da Península Ibérica tem sido alvo de numerosos estudos de Geologia e Geofísica Marinha, nomeadamente no que diz respeito a processos tectónicos geradores de grandes sismos e de tsunamis, como o de 1755 e o de 1969. A Falha Glória é um segmento de cerca de 900 km menos conhecido e cuja estrutura profunda anómala foi descrita por cientistas portugueses e alemães, nomeadamente Luís Batista, geólogo no Instituto Português do


Notícias do Mar

Texto Ana Subtil Simões - Área de Comunicação e Imagem Ciências ULisboa com DG Ciências Ulisboa

Mar e da Atmosfera (IPMA), recentemente doutorado em Geologia por Ciências ULisboa. Luís Batista também participou nesta missão, juntamente com um dos seus orientadores de doutoramento Pedro Terrinha, professor no DG Ciências ULisboa, chefe da Divisão de Geologia e Georrecursos Marinhos no IPMA e responsável nesta missão pela equipa de hidroacústica, nomeadamenteo na descrição geológica das sondagens de gravidade. Durante o decorrer da campanha foram usados um conjunto de técnicas de amostragem indireta e direta da crusta oceânica profunda, nomeadamente sistemas de acústicos de prospeção, medição de propriedades térmicas da crusta, captação de imagens de vídeo e amostragem de sedimentos e fluidos. Os sistemas acústicos não são potencialmente nocivos para os mamíferos marinhos, ainda assim, houve um grupo que os observou durante as experiências. Simultaneamente foram recolhidas amostras dos sedimentos para o estudo da componente biológica, com o objetivo principal de relacionar os ambientes estudados com as comunidades de nematodes marinhos de vida livre associados a estes sedimentos de mar profundo. Outro objetivo desta campanha passa também por in-

Foram recolhidas amostras dos sedimentos vestigar um segmento chave do rifte da Terceira, uma estrutura tectónica a Nordeste do planalto dos Açores, que constitui um dos segmentos do ponto triplo que separa as placas litosféricas americana, euroasiática e africana. A estrutura profunda desta área foi recentemente alvo de estudo por Luís Batista no seu doutoramento, que além de ter sido supervisionado por Pedro Terrinha também foi orientado por Christian Hübscher, professor da Universidade de Hamburgo, na Alemanha. Neste local foram encontradas evidên-

Os cientistas que embarcaram no Meteor

cias de atividade hidrotermal anómalas. A campanha oceanográfica M162 – Gloria Flow começou a 5 de março. A bordo do navio oceanográfico alemão Meteor participaram outros cientistas portugueses, alemães e de outras nacionalidades, destaque para os restantes membros da equipa portuguesa: Helena Adão e Katarzyna Sroczynska, investigadoras do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente na Universidade de Évora e Pedro Nogueira, professor da Universidade de Évora e

Cientistas a bordo estudam as amostras investigador no Instituto de Ciências da Terra. Durante um mês foi possível recolher muitas amostras do fundo do mar. Para a equipa portuguesa o balanço desta campanha é por isso bastante positivo já que vai possibilitar a realização de vários trabalhos a médio e longo prazo, nomeadamente a publicação de artigos, a apresentação de resultados em congressos, a submissão de projetos ou o desenvolvimento de novos trabalhos académicos.

Navio de investigação Meteor 2020 Abril 400

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Notícias do Mar

Últimas

The Ocean Cleanup

Depois do Pacífico Agora São os Rios Para fechar a “Torneira de Plástico”

Embarcação da The Ocean Cleanup num rio da Malásia

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epois de conseguirem retirar plástico do Oceano Pacífico, as embarcações da The Ocean Cleanup chegam a alguns dos rios mais poluídos do mundo. “Para livrar os oceanos de plástico, nós temos tanto de limpar a ‘herança’ [o lixo que já está nos oceanos] como fechar a torneira, evitando que mais plástico chegue aos oceanos”, anunciou Boyan Slat, que começou a startup Ocean Cleanup aos 18 anos. O jovem holandês criou um dispositivo de limpeza capaz de remover 80 mil toneladas de plástico do Oceano Pacífico por ano. O sistema consiste num conjunto de tubos que formam uma barreira flutuante em forma de U que consegue apanhar o plástico, deixando

uma abertura na parte inferior para que os peixes e outros animais possam nadar em liberdade. Cinco anos depois do anúncio da Ocean Cleanup, Boyan, agora com 25 anos, divulgou que está a trabalhar numa outra embarcação, só que desta vez para limpar rios. A startup tem dois interceptors operacionais em Jacarta, na Indonésia, e em Klang, na Malásia, bem como outras duas embarcações prontas a navegar no Vietname e em Santo Domingo, na República Dominicana. Segundo o site da Ocean Cleanup, as barcaças são capazes de “extrair 50 mil quilogramas de lixo flutuante por dia“, o dobro se funcionarem “em condições ótimas”. O dispositivo conta com uma barreira que se alonga para além da embarcação e dirige

o lixo para “a boca” do Interceptor, que separa os resíduos por seis contentores. Assim que fica cheio, o sistema envia automaticamente uma mensagem para um dos operadores em terra. A barcaça é trazida para terra e os contentores esvaziados para a reciclagem. O desejo do jovem holan-

dês é que as barcaças sejam replicadas em larga escala, para que estejam ativas em todos os rios mais poluídos do planeta até 2025, adianta o BoredPanda. “Desejamos trabalhar com plástico em 1.000 rios em 2025”, anunciou Boyan Slat.

Um rio para limpar

Director: Antero dos Santos - mar.antero@gmail.com Paginação: Tiago Bento - tiagoasben@gmail.com Director Comercial: João Carlos Reis - noticiasdomar@media4u.pt Colaboração: Carlos Salgado, Gustavo Bahia, Hugo Silva, José Tourais, José de Sousa, João Rocha, João Zamith, Mundo da Pesca, Federação Portuguesa de Actividades Subaquáticas, Federação Portuguesa de Motonáutica, Federação Portuguesa de Pesca Desportiva do Alto Mar, Federação Portuguesa Surf, Federação Portuguesa de Vela, Associação Nacional de Surfistas, Big Game Club de Portugal, Club Naval da Horta, Club Naval de Sesimbra, Jet Ski Clube de Portugal, Surf Clube de Viana, Associação Portuguesa de WindSurfing Administração, Redação: Tlm: 91 964 28 00

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