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Notícias do Mar
Investigação IPMA
Sardinha é um Recurso de Interesse Estratégico para Portugal
Lance no navio de investigação Noruega Em virtude dos problemas, todos os anos, com o stock da sardinha, perguntámos ao IPMA: Com tantos meses de defeso da sardinha, qual o motivo de haver falta? Há cavala e carapau com fartura todo o ano e não há sardinha, porquê?
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Notícias do Mar
Texto e Fotografia Susana Garrido, Laura Wise, Ana Moreno (Divisão de Modelação e Gestão de Recursos da Pesca IPMA)
Sardinha
A
s diferentes espécies de peixes têm diferentes dinâmicas populacionais, respondem de forma diferente às pressões ambientais e são sujeitas a diferentes pressões de
pesca. A sardinha é um recurso de interesse estratégico para Portugal. Importa, por isso garantir a sua sustentabilidade ecológica e económica/ social, considerando o
impacto deste recurso para o desenvolvimento das comunidades piscatórias, na indústria conserveira e nas nossas exportações. Ao contrário de outros stocks de peixes, o recrutamento
(quantidade de indivíduos que entram na população) deste stock tem estado abaixo da média desde 2005 tendo mesmo evidenciado o recrutamento mais baixo no ano de 2017. Esta
Ana Moreno 2020 Agosto 404
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Notícias do Mar
Navio de investigação Noruega
Amostragem 4
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situação obrigou a definir limites à pesca, em conjunto com o sector, acordados entre Portugal e Espanha e baseados no aconselhamento do Conselho Internacional para a Exploração do Mar - ICES (organismo internacional que avalia o estado de exploração dos recursos através de modelos de gestão e faz o aconselhamento científico para a gestão das pescas a pedido da Comissão Europeia). O fecho integral da pescaria em cerca de seis meses por ano e a redução das capturas anuais tem contribuído para a recuperação do recurso embora
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Notícias do Mar
Pesca de cerco à sardinha
Amostragem 6
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os seus efeitos possam ser demorados devido ao facto do stock não dispor de uma biomassa de reserva e estar muito dependente da força dos recrutamentos anuais. Um ano de bom recrutamento pode recuperar o recurso mas a sua ocorrência é difícil de prever. As últimas duas campanhas de investigação dirigidas ao estudo deste recurso, IBERAS e PELAGO, revelaram um aumento significativo do recrutamento em 2019. O recrutamento elevado de 2019 poderá impulsionar a recuperação do
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Notícias do Mar
Laboratório
stock. No entanto, é importante aguardar e verificar se este recrutamento elevado se vai traduzir em melhorias significati-
vas para a biomassa desovante do stock de sardinha em 2020 e anos seguintes. Esta cautela justifica-se uma vez que
as melhorias da força do recrutamento que se verificaram em anos recentes, por exemplo em 2016, não se traduziram
em melhorias substanciais da Biomassa dos indivíduos de idade 1 e mais velhos do stock nos anos seguintes.
Investigadora Ana Moreno do IPMA supervisiona os ecogramas durante a campanha de rastreio acústico 8
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Notícias do Mar
Laboratório
O carapau, pelo contrário, tem tido um aumento significativo da
biomassa, e os recrutamentos têm estado acima da média histórica
Navio de investigação Noruega 2020 Agosto 404
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Notícias do Mar
Durante as campanhas de rastreio acústico são realizados vários lances de pesca a fim de se recolher informação biológica sobre as espécies em estudo
dos últimos anos, pelo que as opções de pesca têm sido maiores. De igual forma, a cavala tem tido um aumento 10
significativo de abundância em anos recentes no Atlântico Nordeste, desde a costa Marroquina até à Península Ibérica.
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Neste último caso, as pescas têm aumentado como consequência do aumento de abundância uma vez que ficou mais
disponível para a pesca mas também porque tem servido de alternativa à sardinha para a pesca do cerco.
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Náutica
Apresentação Quicksilver Captur 805 Pilothouse
Novo Quicksilver Captur 805 Pilothouse é Nova Ideia de Pesca
Novo Quicksilver Captur 805 Pilothouse Chegou uma nova geração de modelos Pilothouse destinados ao pescador mais exigente, com um design moderno e desportivo graças ao seu casco em V, com acomodação para fins-de-semana, pode ser agora conduzido com a Carta de Marinheiro, graças ao novo Regulamento da Náutica de Recreio.
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É um barco muito seguro e confortável para a pesca 12
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esenvolvido para a prática duma actividade apaixonante, o 805 Pilothouse tem características muito próprias para sensações inolvidáveis na água, tais como viveiro oxigenado para conservar o isco e as capturas sempre frescas. Nada como chegar mais depressa ao lugar favorito de pesca com as opções de motorização simples ou múltipla, até 350 CV, com lugar para 9 pessoas a bordo. E, para quem deseja mais, a ver-
Náutica
Posto de comando ergonómico com espaço para os instrumentos
são Explorer acrescenta mais estilo e características de pesca de topo. Quicksilver Captur 805 Pilothouse O Pilothouse 805 traz mais prazer à pesca e
mais comodidade com as seguintes características: O Pilothouse 805 tem o melhor equipamento do seu segmento, onde se inclui uma estação de pesca com mesa de corte, grande viveiro com sistema de água oxigena-
da, lavatório com torneira, suportes de canas, trilhos a bombordo e estibordo, para além de borda alta para maior segurança enquanto se pesca. Para apoiar as manobras de pesca, o Pilothouse 805 comporta um Se-
Quicksilver Captur 805 Pilothouse tem ideias inovadoras para os pescadores 2020 Agosto 404
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Náutica
Quicksilver Captur 805 Pilothouse tem a proa alta e o casco com um V muito acentuado
gundo Posto de Comando com controlo de hélice de proa. A cabina de pilotagem,
com características de barco pesqueiro, é simétrica com fácil passagem à volta e com 3 portas
deslizantes de acesso. Para pernoitar tem uma cama dupla na cabina. A cozinha tem um fo-
gão, geleira e forno portátil. A casa de banho é fechada com porta, tem um
O casco do Quicksilver Captur 805 Pilothouse tem um bom desempenho a navegar 14
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Náutica
Segundo posto de comando com controlo de hélice de proa
WC marítimo (sistema de descarga eléctrica) e lavatório na cabina. O design desportivo na versão Explorer tem o casco azul-turquesa e faixa de cor, varandins de
proa pretos com suportes para as defensas e portabagagens preto no teto da cabina. O convés é amplo para pescar e também serve de zona de refeições, graças
aos assentos abatíveis de popa e estibordo. A porta é integrada no casco a estibordo. O posto de comando é ergonómico e tem bastante espaço para os instru-
mentos e a electónica adicional (por exemplo, GPS Simrad de 9”). Para aumentar a autonomia, o Pilothouse 805 comporta um grande depósito de combustível
Captur 805 Pilothouse tem a borda alta para maior segurança 16
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Náutica
A motorização pode ir até 350 CV
com capacidade para 350 litros. Deve-se salientar que a borda é alta, para maior segurança. Para a motororização, existe configuração simples ou múltipla, com Mercury de 225 a 350 CV ou 2 x Mercury 150 XL/CXL EFI FourStroke. Packs 805 Pilothouse O 805 Pilothouse está disponível com Edição SMART que inclui 3 dos 4 packs opcionais: - Pack Comfort Cabina - com cortinas de cabina, escotilha de teto, geleira, forno, almofadas de cama e limpa limpa-para-brisas - Pack Comfort Deck com mesa de deck, assentos abatíveis de bombordo e estibordo, duche de deck, extensão das plataformas de banho, kit de fundeio e luzes de cortesia LED
Porta da cabina para o poço
O Captur 805 Pilothouse inclui muito equipamento para a pesca lúdica 2020 Agosto 404
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Náutica
As portas laterais facilitam muito a circulação
- Pack Fishing - com viveiro de pesca, lavatório com torneira, canheiros no teto e trilho para protecção dos pés a bombordo e estibordo - Pack Electrónica - que inclui GPS Simrad de 9”, aparelhagem estéreo Fusion com 4 altifalantes e sistema VesselView Link. Sylvain Perret, Product Manager, comentou: “O 805 Pilothouse é o primeiro modelo que da nova geração de embarcações de pesca. O design de casco em V oferece um estilo mais
Motor Mercury 225 XXL DTS V6 FourStroke
O
Mercury 225 XXL DTS V6 FourStroke é um dos motores recomendados para contemplar com o melhor desempenho o Quicksilver Captur 805 Pilothouse. Trata-se de um motor da nova geração de tecnologias Mercury para os motores V6.fora de borda a 4 tempos. Este motor foi desenvolvido com grande precisão, na nova plataforma V-6 de 3,4 litros da Mercury, projectada para ser potente, leve, compacta e de baixo consumo. Tem um design de dupla árvore de cames e quatro válvulas, idealizado para máximo rendimento, alcança, mais rapidamente, velocidades mais elevadas. O motor é de aspiração natural e tem a secção média muito reforçada. Apesar da sua grande cilindrada, o novo motor V6 FourStroke é excepcionalmente leve, com apenas 216 Kg. É o que pesa menos do seu segmento. Rápido e eficiente, é também o fora de borda V-6 com a melhor aceleração da Mercury e com 20 % mais de binário, O seu baixo consumo não é comparável com qualquer outro. O novo V-6 da Mercury está calibrado para reduzir o consumo, poupando-se até 15% em comparação com os concorrentes de quatro cilindros. Verificação do nível de óleo na parte supe-
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rior da carcaça sem necessidade de tirar o capot, pelo que a manutenção regular fica mais simples e fácil. Controlo adaptativo da velocidade que mantem as RPM independentemente das mudanças na carga ou das condições, melhorando a experiência de navegação. Um nível de consumo excepcionalmente baixo, que se traduz numa grande poupança para o consumidor. Em cruzeiro e a RPM máximas aproveitam a calibração «Advanced Range Optimization» (ARO), patenteada pela Mercury, para conseguir maior eficiência no consumo. A unidade de controlo do motor (ECU) ajusta o consumo de combustível de forma automática quando as condições sejam as adequadas. Ruido e vibrações reduzidos, graças ao design dos V-6, a admissão de ar em múltiplas câmaras que reduz o ruido de indução, as coberturas dos injetores de combustível reduzem o ruido de alta frequência e as características específicas da carcaça impedem que o ruido chegue fora.
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Náutica
Quicksilver Captur 805 Pilothouse é uma boa aposta para os pescadores
desportivo. Foi também melhorada a experiência de pesca para os profissionais com o sistema de água oxigenada e os trilhos para os pés. No entanto, não renunciámos à comodidade na navegação. A borda alta, a cozinha e a mesa de deck são ideais para desfrutar de passeios com a família e com os amigos.” Salientamos o excepcional preço do pack de 51.190 € + IVA duma embarcação com mais de 7 metros de comprimento e cabina de pilotagem que dá um bom abrigo das nortadas da costa portuguesa, com um poderoso e económico motor, o Mercury 225 XXL DTS V6 FourStroke. Esta parceria permite agora, com o novo Regulamento da Náutica de Recreio, aos pescadores com a Carta de Marinheiro, saírem até 3 milhas da costa à procura dos pesqueiros e navegarem até 10 milhas de um porto de abrigo e irem de porto em porto para férias ou fins-de-semana. 20
Especificações Gerais Comprimento total
7,15 m
Comprimento do casco
6,99 m
Boca
2,89 m
Calado
0,60 m
Peso a seco
2.434 Kg
Capacidade de combustível
350 L
Depósito de água doce
80 L
Lotação
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Categoria CE
C
Potência Máxima
350 CV
Potência Mínima
225 CV
Barco/motor Mercury 225 XXL DTS V6 FourStroke 51.190 € + IVA
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Importador TOURON PORTUGAL Telf: 21 460 76 90 - geral@touronsa.pt - www.touron-nautica.com/pt
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Notícias do Mar
Notícias Full Cycle
Full Cycle Recicla Plástico dos Oceanos e Produz Viseiras Viseira produzida com plástico marítimo reciclado A Full Cycle, empresa portuguesa, produz viseiras, salva orelhas e peças de acessibilidade feitas a partir de plástico recolhido nos Oceanos.
A
Full Cycle é uma empresa portuguesa que visa a criação de sistemas de economia circular através da aplicação de tecnologia de vanguarda, fornecendo soluções aos seus clientes num dos problemas mais desafiadores do mundo: Valorização de Resíduos. O objetivo final passa por transformar resíduos em valor, usando tecnologia de ponta, através do empoderamento da população local e do fornecimento de soluções intersectoriais em todo o mundo.
A viseira e a matéria-prima plástico marítimo 22
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O que faz a Full Cycle: Valorização dos resíduos plásticos que poluem os oceanos. Reciclagem de redes e outros equipamentos de pesca que são responsáveis pelo “ghost fishing”.
Notícias do Mar
Redução da morte de fauna marítima. Promoção dos produtos reciclados e da indústria da reciclagem, aumentando o valor dos resíduos. Cadeia de valor circular: from waste to value. Nas palavras de Francisco Tenente, Co-Founder da Full Cycle “Com este processo a Full Cycle consegue valorizar os resíduos plásticos que poluem os oceanos, dando-lhes uma segunda vida, ao mesmo tempo que cria uma economia que fomenta a reciclagem e viabiliza estes sistemas de recolha. Para além da redução da quantidade de plásticos nos oceanos este projeto promove também a reciclagem de redes e outros equipamentos de pesca que são responsáveis pelo “ghost fishing” e como tal contribuí para manter a biodiversidade marítima, diminuindo a
morte de fauna marítima presa nas redes”. Com a utilização desta matéria-prima contribui-se diretamente com a recolha e valorização de 25 g por viseira, 8 g por salva-orelhas e 40 g por peça de acessibilidade de plástico marítimo. A utilização deste material, contribuí ainda com uma distribuição de ganhos ao longo da cadeia de valor promovendo mais recolha de plástico marítimo, o que promove a sua sustentabilidade económica e a sua escalabilidade. Indiretamente há uma influência positiva na promoção dos produtos reciclados e consequentemente da indústria da reciclagem, aumentando o valor dos resíduos. A FullCycle estabelece sistemas de recolha destes produtos em fim de vida de modo a reintroduzi-los novamente em processes de reciclagem e garantindo assim a circulari-
dade do sistema. Neste momento, o salvaorelhas e a peça de acessibilidade, são feitas apenas com material reciclado, sendo que no caso da viseira apenas o suporte e as peças de reforço são de material reciclado. A Full Cycle encontra-se ativamente a procurar alternativas para produzir uma versão 2.0 em que todas as peças serão de plástico reciclado (em maior ou menor %). Parceiros internacionais A FullCycle é parceira de uma organização com sede na Europa, mas com delegações na América do Norte, Turquia e Ásia. Esta organização opera desde a recolha de resíduos plásticos nos oceanos, ou em risco de ir parar aos oceanos (rios, equipamento de pesca obsoleto, entre outros), no processamento dos resídu-
os em pellets de material reciclado (matéria prima já transformada) e criação de rede de parceiros para transformação de pellets em produtos valorizados e respetivos canais de distribuição Ciclo do produto Plástico é retirado dos oceanos por todo o mundo através de recolhas organizadas pela rede de parceiros, passando por traineiras com equipamentos de recolha de plástico, até sistemas de recolha de redes de pesca nos portos. Mais tarde, esta matéria é transformada e processada em pellets através de uma cadeia de valor, que consegue fazer todo o fluxo, from waste to value. A FullCycle estabelece sistemas de recolha destes produtos em fim de vida de modo a reintroduzi-los novamente em processes de reciclagem e garantindo assim a circularidade do sistema.
Resíduos plásticos que poluem os oceanos reciclados 2020 Agosto 404
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Electrónica
Notícias Nautel
QUICK Marine na Nautel
A Nautel é representante da Quick Spa, empresa líder internacional na produção de equipamentos náuticos, fundada em 1982 por dois sócios e que hoje conta com mais de 200 trabalhadores, escritórios nos Estados Unidos e Reino Unido. Mas é em Ravenna Itália, casa mãe da marca que todos os seus produtos são desenhados, desenvolvidos e produzidos, num espaço de 30,000 m² que conta também com um laboratório de pesquisa próprio.
A produtos:
tualmente a Quick Spa divide-se em três segmentos de
Quick equipamentos náuticos Inclui sistemas de fundeio e ancoragem (guinchos), motores de proa e popa (Bow Thrusters), soluções de energia, sistemas hidráulicos, aquecedores de água (Boilers) e acessórios. Quick luzes marítimas Gama completa de luzes marítimas para interior e exterior, incluindo luzes de cortesia e luzes subaquáticas. Quick MC² Gyro Gama de estabilizadores de giroscópios compactos, desenvolvidos para barcos até 250 toneladas e que podem reduzir o rolamento do barco em até 95%. Guinchos Quick
Gama de guinchos Quick A gama de guinchos Qui24
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Electrónica
www.Nautel.pt
ck oferece uma seleção de produtos desenhada para equipar barcos de 5 a 70 metros (16 – 230 pés). Existindo vários modelos disponíveis com motores AC/DC ou hidráulicos, eixo vertical ou horizontal e modelos de instalação no interior ou exterior do convés. A Quick oferece também uma vasta gama de acessórios como contadores de corrente, comandos remotos, botões de convés, etc. Motores de proa e popa Quick Os motores de proa e popa (Bow Thrusters) Quick, variam de 25 a 1000 quilogramas de força e podem equipar barcos até 150 pés. Estão disponíveis com motores elétricos ou hidráulicos e em versões retráteis que permanecem no interior do casco quando não estão em uso, garantindo a hidrodinâmica da embarcação durante a navegação. Soluções de energia Quick As soluções de energia Qui-
ck são desenvolvidas há mais de 30 anos e os seus produtos inovadores são focados na fiabilidade, segurança e proteção de todos os equipamentos. Produtos como carregadores de bateria, repartidores de carga, conversores, etc, estão em constante desenvolvimento e são muito fáceis de instalar. Aquecedores de água Quick Os aquecedores de água (Boilers) Quick estão divididos em 5 linhas de produtos e têm a capacidade de 15 a 200 litros. Os Boilers Quick têm várias vantagens como os materiais de construção de alta qualidade, grande superfície de troca de calor, funcionamento com elemento elétrico, tanques em inox Aisi 316, isolamento térmico e componentes altamente resistentes a corrosão. Todos os boliers são criados para uma vida útil bastante longa e de fácil instalação.
Motor de proa Quick btqr 180
Motor de proa Quick btq 250-140
Soluções de energia Quick 2020 Agosto 404
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Electrónica
Aquecedores de água Quick
Gama de luzes Quick Luzes marítimas Quick As luzes marítimas Quick são desenvolvidas com especial atenção ao detalhe e acabamentos de alta quali-
dade e durabilidade, maioritariamente fabricadas em inox Aisi 316. Os LEDs de tecnologia superior oferecem desempenho fotométrico, térmico, elétrico e de
conforto incomparáveis com o restante mercado e o elevado grau de proteção ambiental (IP40 – IP66) garante durabilidade e resistência. A gama de luzes Quick
Luzes secretas em posição oculta 26
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oferece soluções para todo o interior e exterior da embarcação, incluindo apliques, luzes para leitura, candeeiros, luzes de cortesia, luzes ocultas que se “escondem” no interior do convés quando não estão a ser usadas, luzes subaquáticas e uma vasta opção de cores de iluminação com controlo de RGBW para uma verdadeira personalização do barco. Giro-estabilizadores Quick Os giroestabilizadores Quick MC² Gyro, são fáceis de instalar e de simples manutenção, podendo esta ser realizada a bordo. Estes estabilizadores foram desenvolvidos para barcos de até 250 toneladas e podem reduzir o rolamento do barco em até 95%. São muito eficazes tanto em velocidade como em ancoramento. Os estabilizadores MC² Quick Gyro estão equipados com uma massa que gira num eixo horizontal, uma característica que reduz sig-
Electrónica
Luzes secretas nificativamente o stress mecânico, produz menos atrito e, portanto, menor produção de calor. Como o sistema é resfriado a ar, a instalação é simples e não requer tubagens, bombas de água ou entradas de água do mar como
Luzes secretas
outros sistemas existentes no mercado. Todos os produtos e soluções que a Quick tem para oferecer estão disponíveis na Nautel, distribuidor oficial da marca em Portugal.
Guincho Genius Quick
Giroestabilizadores Quick 2020 Agosto 404
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Notícias do Mar
Busca e Salvamento Marítimo
Imagens Satélite Apoiam Busca e Salvamento no Mar dos Açores
O Centro de Coordenação de Busca e Salvamento Marítimo de Ponta Delgada conduziu, um exercício a cerca de 30 milhas náuticas (56 quilómetros) a sul da ilha Terceira, num cenário bastante realista, baseando-se no afundamento de uma embarcação que naufragou após embate num contentor à deriva no mar e de onde largou uma balsa salva-vidas com vários náufragos.
Exercício a cerca de 30 milhas náuticas a sul da ilha Terceira
O
s principais objetivos do exercício incidiram no treino dos militares do Centro de Coordenação Busca e Salvamento Marítimo, do Instituto Hidrográfico (IH), do NRP Setúbal e também
do Centro de Coordenação de Busca e Salvamento das Lajes e da aeronave C-295, estas duas últimas unidades pertencentes à Força Aérea Portuguesa. Em especial, na coordenação de incidentes marítimos, na validação de
modelos de deriva e a definição das áreas de busca, bem como os procedimentos no mar em situações de emergência e ainda na coordenação e comunicação com a European Maritime Safety Agency (EMSA), que
A balsa salva-vidas ficou à deriva no mar durante mais de 27 horas 28
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colaborou no exercício através da cedência de imagens satélite das áreas de busca definidas. A balsa salva-vidas foi colocada no mar pelo NRP Setúbal, ficando à deriva no mar durante mais de 27 horas, marcada com um geolocalizador marítimo cedido pelo Instituto Hidrográfico, permitindo comparar o movimento real no mar, com as previsões dos modelos de deriva em uso. A utilização de imagens obtidas por satélite nas operações correntes de busca e salvamento marítimo, representam um enorme avanço tecnológico e trazem maisvalias ao Serviço de Busca e Salvamento Marítimo, permitindo a investigação de vastas áreas do oceano, de forma célere e reduzindo o tempo de localização das pessoas em perigo no mar, o que permite direcionar eficazmente os meios para aprestar auxí lio. Esta realidade aplica-se em particular à Região de Busca e Salvamento de Santa Maria, área de responsabilidade do MRCC Delgada, que é a maior da Europa e a segunda maior do Atlântico Norte, com uma área equivalente a 56 vezes o território nacional. Os objetivos de treino foram alcançados, tendo a balsa salva-vidas sido detetada pelo NRP Setúbal e pela aeronave C-295 da Força Aérea Portuguesa no mar e pela EMSA, através das imagens satélite fornecidas.
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Notícias do Mar
Tagus Vivan
Crónica Carlos Salgado
Reconhecer o Rio Tejo é Preciso !!!
Nós, cidadãos portugueses amigos do Tejo, signatários da Carta de Lisboa, proclamada no Congresso do Tejo III, Mais Tejo, Mais Futuro, um Compromisso Nacional, comprometemo-nos a trabalhar em conjunto, e com as instituições da gestão territorial, para alcançarmos a sustentabilidade em geral, e a do rio Tejo em particular, aprendendo com a experiência passada e com uma visão de futuro.
A
evolução verificada nos últimos anos relativamente às políticas de recursos hídricos é de certo modo semelhante à evolução observada em muitas outras políticas, assistindo-se a um evoluir dos mecanismos de decisão que tornam necessário um conjunto cada vez mais alargado de entidades, públicas e privadas, de âmbito central e regional, e ligadas quer à oferta quer à procura da água. Para além disso, os meios e as formas de informação são cada vez mais vastos e mais rapidamente acedidos, motivando uma crescente dinâmica social na gestão dos recursos hídricos. 30
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Da evolução das formas de gestão de recursos hídricos experimentadas no passado, há que progredir na direção de um modelo que represente a procura de uma visão social e ambientalmente equilibrada. Uma questão central continua a ser a vertente de integração de políticas, procurando-se uma articulação dos compromissos entre diferentes forças e a razoabilidade da consideração simultânea da eficiência económica e da eficácia social, numa perspetiva de salvaguarda do princípio da precaucionariedade com vista a um desenvolvimento sustentável. Encorajamo-nos mutua-
Notícias do Mar
mente a desenvolver iniciativas que contribuam para ajudar o planeamento e a gestão da água no rio Tejo, bem como a promoção da informação e da participação, reforçando assim a cooperação com todas as entidades envolvidas e em particular as diversas autoridades competentes, enquadrando este processo nas melhores práticas da política de gestão dos recursos hídricos. Tentaremos apoiar as ações de empreendedorismo que favoreçam a sustentabilidade ambiental e das comunidades, no sentido de atrair ou criar empregos e produtos viáveis de acordo com os princípios da sustentabilidade. Apoiaremos todos os esforços na cooperação entre todos os atores envolvidos, uma vez que desejamos assegurar a todos os cidadãos e grupos de interesse, o acesso à informação, bem como a oportunidade de participarem nos processos de decisão em matéria de planeamento e gestão da água. Apoiaremos também a promoção da educação e formação com vista à sustentabilidade e resiliência, não só para a população em geral, mas também para os representantes eleitos e os membros da administração. Nós, cidadãos, reconhecemos que um fator limitativo do nosso desenvolvimento social e económico é o capital natural, isto é, a água, a atmosfera, o solo e a biota. Devemos pois investir neste capital, em particular o da água. Este “Compromisso Nacional”, como temos vindo a recomendar e/ou a desafiar os cidadãos dos Municípios Ribeirinhos do Tejo, não pode nem deve ser exclusivamente nosso, porque logicamente, toda a sociedade civil portugue-
sa deve estar consciente e interessada em colaborar, diremos mesmo “motivada” para, reconhecendo que é seu dever cívico
participar na decisão da tomada das medidas mais adequadas e eficazes para construir um futuro melhor do Tejo e dos recur-
sos naturais nacionais em geral, um melhor futuro quer para os cidadãos de hoje, quer para os seus descendentes.
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Notícias do Mar
O Tejo a Pé
Durante a caminhada*
Triste de quem vive em casa, Contente com o seu lar, Sem que um sonho, no erguer da asa, Faça até mais rubra a brasa Da lareira a abandonar!... Fernando Pessoa in “O Quinto Império”, Mensagem
O
mês passado escrevemos sobre a preparação da caminhada, o antes. É agora o tempo de falarmos do “durante a caminhada”. Não resistimos em contar uma história: no Tejo a pé temos um amigo que o “durante” nunca lhe chega… Como é reformado e goza do grande recurso que é o tempo, no dia ou semana seguinte volta ao percurso: há sempre alguma coisa que falta, uma paisagem, fotografia, ou conversa, etc. A importância do “durante” tem um pouco a ver com esta história; aproveitar o máximo, cada caminhada é oportunidade única, irrepetível. Caminhe sem pressa, tenha horas para andar, viver a paisagem e estar consigo. 32
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Notícias do Mar
Texto e Fotografia Carlos Cupeto (geólogo, professor na Universidade de Évora)
Antes de mais, deve ter bem presente a caminhada que se propõe fazer: distância a percorrer, tipo de percurso, tipo de piso e desnível a ultrapassar. Orientação: onde estamos, para onde vamos? Por onde? De que lado fica o rio? Não siga os outros apenas por seguir: “perceba o percurso”. Riscos e problemas físicos; se estivermos em casa isto também é verdade,
os dados dizem-nos que é em casa que acontecem a maioria dos acidentes. Basta torcer um pé para o dia ficar estragado. Sobretudo para pessoas menos experientes é muito vantajoso caminhar em grupo. As bolhas são muito comuns. A importância do calçado é determinante (preparação da caminhada). Olhar, com olhos de ver, enquanto andamos, o que nos rodeia faz
a diferença. Animais, sons, plantas, cheiros (o grande sentido de proximidade que aos poucos temos perdido), rochas e paisagem são algumas das principais atrações da caminhada. Também aqui o grupo faz a diferença positiva: no Tejo a pé muitas vezes acontece a presença de um geólogo, biólogo, geografo etc. acrescenta saberes e curiosidades. Este é um dia para viver a natu-
reza, viva-a com todos os 5 sentidos. Mesmo que nunca tenha experimentado verá que “andar no campo” é um ato natural que lhe vai fazer muito bem. Para caminhar no Tejo a pé, logo que seja possível, basta enviar um mail a cupeto@uevora.pt. * texto adaptado de: Fugas a pé, um guia para caminhar, disponível na loja online do jornal Público.
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Notícias do Mar
Notícias da Universidade de Lisboa
Rede Portuguesa de Monitorização Costeira
Foi apresentada a CoastNet, a Rede Portuguesa de Monitorização Costeira, uma Infraestrutura de grande relevância para a Administração Pública.
A
fase de implementação da Rede Portuguesa de Monitorização Costeira (CoastNet) terminou recentemente. A apresentação pública desta infraestrutura do MARE -
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Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, implementada através dos seus polos da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (Ciências ULisboa) e da Universidade de Évora, mas
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com distribuição nacional devido à estrutura multipolar do MARE, aconteceu a 7 de julho, num evento que decorreu por videoconferência. José Lino Costa, professor do Departamento de Biologia Animal da Ciências ULisboa, coordena a CoastNet, que integra o Roteiro Nacional de Infraestruturas de Investigação de Interesse Estratégico (RNIE) e mantém ligações a outras redes internacionais, e que permite monitorizar em tempo quase real as zonas costeiras e estuarinas portuguesas, permitindo a visualização e o acesso gratuito aos dados obtidos na monitorização automática. “A CoastNet tem carácter único a nível nacional e internacional, sendo o potencial de utilização nestes dois contextos elevado.
Foi estruturada para ser partilhada com todos os centros de investigação e investigadores nacionais que desenvolvam atividade nas zonas costeiras, mas tem igualmente capacidade para atrair investigadores estrangeiros”, diz José Lino Costa. Esta infraestrutura também fornece serviços complementares, nomeadamente: avaliações de qualidade ambiental, oportunidades de formação avançada (mestrados e doutoramentos) e de pesquisa e inovação, consultoria pública e privada, suporte de laboratório e colheita de dados. “A infraestrutura, e informação a esta associada, é de grande relevância para a Administração Pública, no âmbito da gestão das zonas costeiras e resposta à implementação de leis nacionais e diretivas europeias, como a Diretiva-Quadro da Água e a Diretiva-Quadro Estratégia Marinha, bem como para o setor produtivo que opera no ambiente marinho”, acrescenta José Lino Costa. No evento online foram apresentados a infraestrutura e o geoportal, a principal ferramenta para o acesso aos dados obtidos através do funcionamento global da CoastNet. Através do seu funcionamento estão a ser monitorizados os ecossistemas costeiros portugueses, com recolha de parâmetros físicos, químicos e biológicos, obtidos remotamente e disponibilizados quase em tempo real.
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Pesca Desportiva
Histórias de Pesca 5
A Visibilidade da Cor Branca Debaixo de Água
A pesca com carretos eléctricos com baterias de lítio torna o exercício muito menos penoso. Na foto uma cana AlphaTackle equipada com carreto Daiwa Leobritz 200
E
m resposta à questão “Há muito tempo que andava interessado em saber o que se passa com o branco lá em baixo, visto que é uma cor composta de todas as outras. Gostava de saber mais sobre isto, de quem vê lá em baixo. Até que profundidade se vê o branco? O branco deve mudar com a pro36
fundidade mas mesmo assim deve ver-se por contraste?” preparámos uma explicação, composta por vários segmentos, e com isso dar-lhe pistas para que possa formar a sua própria opinião. Começamos por definir cor: cor é a impressão que a luz (do sol ou qualquer outra fonte de luz, uma lâmpada, uma
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lanterna) reflectida ou absorvida pelos objectos produz nos nossos olhos. Concretamente aquela de que fala, o branco, é a mistura de todas as cores do arco-íris. A cor preta é a inexistência de cor ou ausência de luz. Fixar este ponto porque vamos precisar deste elemento quando formos falar sobre pesca profunda. O meu mergulho mais
profundo terá sido um que fiz nos Açores, na Ilha Terceira. Fui chamado por um amigo que tinha deixado cair para o fundo uma arma de caça sub que tinha pertencido ao seu pai. Porque a pessoa estava desolada, e porque entendi que tinha condições físicas para isso, fui ao local onde inadvertidamente essa arma tinha caído. Preparei-me muito
Pesca Desportiva
Texto e Fotografia Vitor Ganchinho https://peixepelobeicinho.blogspot.com/
bem, com uma ventilação cuidada, e desci. Nessa altura mergulhava regularmente, umas cinco a seis horas/ dia, na cota dos 18/ 20/ 21 metros a norte de Sines, e estava em boa forma física. Aos 20/22 metros, vi a arma no fundo. Estaria na casa dos 33 a 35 metros. Vi-a porque tinha o cabo, em plástico, na cor branca. Fazia um contraste muito grande com o fundo, que era rocha escura. Aquilo que estava vendo eram conchas viradas Cá no continente, a sul do Pinheiro da Cruz, existem pedras a 22 metros que não constam das cartas. Descobri-as quase por acaso, num dia de água muito limpa, água boa, de vários dias a soprar vento de terra, uma lestada muito forte. Vinha de regresso para Setúbal, depois de uma manhã bem passada, a caçar sargos grandes, a 17/ 18 metros. Pareceu-me ver a bombordo uma mancha escura no fundo, virei para lá a proa do barco, e quando passei por cima, apareceu-me pedra na sonda, e peixe por cima. Lancei âncora e fui lá abaixo ver. Tratam-se de pedras longitudinais, no sentido paralelo à costa, estreitas e compridas. Aos 11 a 12 metros vi que tinham uma mancha branca, um anel largo, com cerca de meio metro de largura, todo à volta. Achei estranho, porque não havia nada parecido com aquilo nas
outras pedras onde tinha mergulhado. Continuei a descer. Ao chegar ao fundo, percebi que o anel branco que havia à volta das pedras eram conchas de ameijolas. Sim, as mesmas que se utilizam para pescar as douradas. Aquilo que estava vendo eram conchas viradas. O seu interior, é branco. Tinham sido carregadas para ali, a partir dos areais próximos, para as pedras, que estavam cravejadas de polvos os quais, os maiores exemplares, rondavam os 10 kgs de peso. Desci duas vezes, trouxe dois desses polvos e tinha
À volta das pedras conchas de ameijolas assinalavam as pedras cravejadas de polvos
Bruno Cabrita, Campeão Nacional de pesca embarcada com uma bonita dourada pescada com o sistema “chumbadinha” e o inevitável caranguejo. 2020 Agosto 404
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Pesca Desportiva
20 kgs de polvo no barco. Foi feita uma foto nesse dia, e essa foto foi publicada numa reportagem do Canal Caza& Pesca, de Espanha. O filme está disponível no Youtube, e na página oficial da GO Fishing. Os polvos carregam objectos, pedras, latas e conchas para jun-
to da sua toca. É muito natural que coabitem safios e polvos nas mesmas pedras. Quando os safios atacam os polvos, estes defendem-se, agarrando as pedras, conchas, o que houver à mão, encostam-se para o fundo do buraco, e tapam a entrada virando as conchas, as
pedras para fora. O safio não os consegue morder…porque as pedras estão na frente. Quando conseguem morder um tentáculo, giram sobre si até o arrancar. As moreias fazem o mesmo. Para o polvo é um mal menor, porque regeneram os tentáculos logo a seguir. A tí-
Pequeno polvo das profundezas, conhecido em Setúbal por “cabeçudo” 38
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tulo de curiosidade, a pedra estava também cheia de sargos, entre 1 e 2 kgs de peso, tinha alguns robalos por cima, pequenos, abaixo de 1 kg, e algumas ferreiras. Trazer um polvo de 10 kgs de um fundo daqueles é basicamente subir com um guardachuva aberto. Abrem os tentáculos e tentam oferecer resistência máxima. Quando chegam a esse peso, têm cerca de 1,50 mts de comprimento, e os tentáculos terão cerca de 9cm de diâmetro. Depois dessa experiência, nunca mais levantei um polvo da toca que estivesse abaixo dos 14 metros de profundidade... é um esforço tremendo, e pode pagar-se com a vida. Hoje, com 57 anos, mergulho a 12 metros, se não puder mergulhar a 6….as minhas filhas precisam do pai. O branco é uma cor que significa fragilidade A Daiwa fabrica chumbadas brancas. Trata-se de uma cobertura plástica que envolve o chumbo, e que teoricamente o protege da oxidação. Há uma diferença sensível, quando pescamos com um produto neutro, o chumbo, na sua cor natural, e com estas chumbadas. O peixe junta-se muito rapidamente na zona de queda da chumbada, que é basicamente sempre a mesma, mais metro menos metro, para um barco ancorado, fixo. O branco é uma cor que na natureza significa sempre perda, fragilidade, vulne-
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Pesca Desportiva
Jó Pinto com um peixe galo feito a 150 metros de fundo, sem carreto eléctrico. Haja coragem!
Este safio cortou 4 mm do dedo deste pescador incauto. Todo o cuidado é pouco… 40
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rabilidade. Os peixes que mostram o ventre branco (a maior parte dos peixes presa têm ventre branco), estão a mostrar a sua parte mais sensível. Se quiser uma analogia, os cães, quando são ameaçados por outro maior e mais agressivo, deitamse de costas e mostram a barriga, em ar de submissão absoluta. O “vencedor” entende o sinal, a aceitação da sua supremacia e liderança, e não os morde ou mata. No mundo aquático, mostrar o ventre é sempre sinal de fraqueza, e um convite a que esse peixe seja comido por um predador. Os mais fortes comem os mais fracos, peixe grande come peixe pequeno. Os robalos podem ter o estômago cheio, a boca cheia,
mas se lhes aparecer uma oportunidade dessas, mordem! O branco significa incapacidade: o peixe que o mostra está a revelar uma incapacidade para manter a sua natação direita, regular, e isso quer dizer possibilidade de comida fácil. Tal como os golfinhos, quando cercam um cardume de sardinha, comem e devastam o cardume com pancadas fortes da sua cauda. Muitas sardinhas são cortadas a meio, pelos dentes, ou caem ao fundo, em folha seca. Eu já presenciei isso, na água, a mergulhar no meio dos roazes do Sado, pouco abaixo da Comporta, numas pedras chamadas de Zimbralinho. Acabei por, depois de os golfinhos se afastarem, voltar ao barco,
Pesca Desportiva
porque abaixo havia…. pargos. Havia pargos a aproveitar aquele festim de comida fácil, e o fundo tinha algumas dezenas de sardinhas mortas. Vias porque me chamaram
à atenção alguns pontos brancos, quando estava a cerca de meio fundo, nos 10 a 12 metros. As pedras estão a 21 metros, com canais a 24 metros. Nas paredes, há safios
Jó Pinto com um polvo que acusou dez quilos na balança. 2020 Agosto 404
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Pesca Desportiva
grandes, tocas de sargos e muitas saimas, em cardumes de 4/ 6/8 peixes, com 2 a 3 kgs.
Antonio Pradillo, o grande expert da pesca Light Rock Fishing espanhol, com um robalo.
Vitor Ganchinho com um polvo de 7 kgs, pescado à linha num baixio. 42
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Há que separar falta de luz de falta de visibilidade Pesco há alguns anos em pedras a 105 metros de fundo, com isca. Dá besugos, abróteas, pargos, carapau, fanecas, alguns gorazes pequenos, etc. Numa dessas saídas, resolvi filmar o fundo. Correu mal. A câmara que levava, uma Waterwolf, com ligação à linha de pesca em posição vertical, era pressuposto aguentar a estanquicidade até 120 metros. Preparei o material e mandei para baixo, a filmar. No fundo, tive apenas uns toques muito
ligeiros, de peixe miúdo. De reparar que a pesca tinha 3 anzóis, e as linhas estavam equipadas com tubos bioluminescentes laranjas. É visível o seu efeito a partir de algumas dezenas de metros. Porque não apareceu nada de especial e tinha a senação de que já não tinha isca, resolvi levantar. Ao recolher, a meia água, digamos a 60 metros de fundo, tive um toque, e logo a seguir outro, que ficou. Estava a recuperar a linha à velocidade máxima do carreto eléctrico Daiwa Leobritz 200 J-L, o que significa mais de 150 metros por minuto. Quando chegou à superfície,tinha um olímpico carapau num dos anzóis. Percebi imediatamente que a câmara tinha “dado o prego”,
Luis Lemos com um bonito sargo que se deixou tentar por um caranguejo.
Pesca Desportiva
Um dos peixes mais pescados com caranguejo, o pargo sêmea.
rebentou com a pressão. Abri e consegui retirar o cartão de memória, que lavei com água doce. Ao chegar a casa, fui colocar o cartão para leitura no computador. Pese embora tivesse estragado a
câmara, o cartão estava bom. É esse filme que lhe passo, na esperança que lhe possa dar uma ideia de como a luz vai reduzindo à medida que a pesca vai descendo até ao fundo. É necessária alguma
paciência, mas vai conseguir descortinar no fundo os toques de pequenos peixes, e na subida, o ataque do carapau, que sobe rigorosamente na vertical, a uma velocidade de 1,5 mts por segundo,
para conseguir morder a isca. Impressionante! Espero que goste tanto quanto eu de ver estas miseráveis imagens mas que têm informação para dar, a quem sabe ler nas entrelinhas. Repare que
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Pesca Desportiva
Pescador dinamarquês satisfeito com aquilo a que chamou de “enguia gigante”…
no fundo, embora seja difícil de ver, há conchas, … brancas. São pelo menos duas. Como a câmara gira sobre o eixo, há que conseguir perceber quando é que são conchas, e quando é que são as próprias iscas( algumas lulas pequenas com 4 cm…que saltam em bocados, dada a velocidade da descida). E vêem-se os peixes pequenos, embora seja difícil, a luz é muito pouca. Imagine, quando está a pescar a 300 metros de fundo, aquilo que os seus peixinhos conseguem ver na escuridão. Mas não subestime, eles estão adaptados à escuridão,
conseguem captar cada réstia de luz e transformar isso em formas. E têm o olfacto, a linha lateral,… depois, há que separar falta de luz de falta de visibilidade, porque acima, muitos metros acima, a agitação das águas pode originar águas turvas, com sedimentos, mas àquela profundidade não há disso, é tudo muito mais estável, quer a visibilidade quer a temperatura. Continue a pescar fundo: os seus jigs são vistos! A visibilidade da cor branca debaixo de água.
Vitor Ganchinho com um pequeno pargo que morreu de amores por um camarão. 44
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Notícias do Mar
Proteger os Recursos Marinhos
Em Defesa dos Peixes da Profundidade
Peixe-espada preto peixe da profundidade A maioria das populações de peixes de profundidade permanece em condições preocupantes e sem dados suficientes para uma avaliação adequada.
U
m grupo de Organizações Não Governamentais de Ambiente (ONGA) pede aos decisores políticos europeus que estabeleçam limites de pesca para essas populações que não excedam os pareceres científicos, adoptem a abordagem precau46
cionária e minimizem os impactos negativos da pesca nestes ecossistemas. A grande vulnerabilidade das espécies e habitats do mar profundo tornam este, um passo atrasado, mas muito necessário, em direcção a uma ainda mais urgente sustentabilidade”.
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Espécies de peixes do mar profundo As espécies de peixes do mar profundo têm tendencialmente um crescimento lento, maturação tardia e vida longa, o que as torna excepcionalmente vulneráveis à sobre-exploração, realçam
aqueles ambientalistas. E acrescentam que algumas das espécies de profundidade exploradas comercialmente vivem até 50 anos e algumas só atingem a maturidade reprodutiva ao fim de muitos anos. Como resultado da falta de conhecimento e de sérias
Notícias do Mar
deficiências na sua gestão, a maioria dos stocks de profundidade na Europa está esgotada ou em condições desconhecidas, o que também coloca em risco a viabilidade das comunidades piscatórias que delas dependem. Limites de pesca Por esta razão, as ONGA Birdwatch Ireland, Dutch Elasmobranch Society, Ecologistas en Acción, Fundació ENT, Oceana, Our Fish, Sciaena e Seas At Risk pedem aos governantes europeus que respeitem os princípios da Política Comum das Pescas (PCP) ao estabelecer os limites de pesca para as unidades populacionais de profundidade para 2021 e 2022. Isto significa que a Comissão Europeia deve propor e o Conselho de Ministros das Pescas da UE deve estabelecer esses limites de pesca em linha com os pareceres produzidos pelo CIEM. “Os stocks de profundidade são muito sensíveis e demasiado esgotados para continuarem a ser sobrepescados”, disse Gonçalo Carvalho, coordenador executivo da Sciaena. “Os ministros da UE devem cumprir de uma vez por todas os objectivos da Política Comum das Pescas para estas unidades populacionais, estabelecendo limites de pesca de acordo com os melhores pareceres científicos disponíveis, adoptando uma abordagem precaucionária. Isso é crucial para garantir stocks e ecossistemas profundos saudáveis e garantir a subsistência dos pescadores que deles dependem”, acrescenta Gonçalo Carvalho. Estratégia de Biodiversidade da UE 2030 “A Estratégia de Biodiversidade da UE 2030 reco-
O goraz dos Açores é um peixe da profundidade nhece que as pescarias selvagens são o principal factor de perda de biodiversidade no mar, o que reduz a resiliência do oceano face ao aquecimento global. A UE deve tomar todas as medidas necessárias para proteger os ecossistemas únicos do
mar profundo, acabando com a sobrepesca nestes stocks este ano e mais tarde proibindo todas as actividades extractivas prejudiciais no fundo do mar antes de 2030, conforme solicitado por mais de 100 ONG no roteiro definido no Blue Manifesto.” disse
Andrea Ripol, técnica de políticas de pesca da Seas At Risk. “Qualquer coisa menos que isto prejudicará os objectivos do Pacto Ecológico Europeu de proteger a biodiversidade e mitigar a crise climática”, acrescentou.
Peixe-espada preto 2020 Agosto 404
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Notícias do Mar
Goraz “Até agora, a Europa optou por ignorar a vulnerabilidade do mar profundo, adoptando oportunidades de pesca que vão não apenas contra os compromissos vinculativos acordados na Política Comum das Pescas, mas também desconsiderando os impactos das actividades de pesca de alto mar em espécies não-alvo e habitats associados”, explicou Javier López, director de campanha de pescas da Oceana Europa.
E realça que “qualquer decisão sobre os limites de pesca para as populações de peixes de profundidade também deve levar em consideração o impacto potencial no ecossistema. Caso contrário, essa actividade de pesca não pode ser classificada como sustentável”. UE não seguiu pareceres científicos do CIEM Segundo aqueles ambien-
talistas, em 2018, a Comissão e o Conselho Europeus não seguiram os pareceres científicos do CIEM para a maioria das unidades populacionais de profundidade ao estabelecer limites de pesca para 2019 e 2020, não cumprindo assim o requisito da PCP de acabar com a sobrepesca de todas as unidades populacionais de peixes da UE até 2020 para reconstruir as suas populações. O goraz nos Açores é um dos poucos stocks de profundidade que mostra que
Tubarão da profundidade 48
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seguir os pareceres científicos e introduzir medidas de gestão adicionais pode beneficiar as populações e o ecossistema, tendo a abundância aumentado para um nível relativamente alto nos últimos anos, o que resulta num aumento nas capturas recomendadas pelo CIEM para 2021, comparando com anos anteriores. Esta história de sucesso deve ser um incentivo adicional para os ministros das pescas seguirem os pareceres científicos no estabelecer dos limites da pesca para as espécies de profundidade em 2021 e 2022, dizem os ambientalistas. Goraz nos Açores A biomassa do stock de goraz nos Açores tem estado sob várias medidas de gestão específicas nos últimos anos e os pareceres do CIEM para 2019 e 2020 foram seguidos aquando da definição das possibilidades de pesca para esses anos. O CIEM recomenda um limite de pesca de 610 toneladas para 2021, o mais alto desde 2012.
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Peixe-espada preto no Atlântico Nordeste e Árctico Quanto ao peixe-espada preto no Atlântico Nordeste, mostrou uma ligeira redução na abundância nos últimos dois anos. O esforço de pesca sobre esta espécie tem diminuído provavelmente devido à proibição de arrasto em áreas mais profundas. O CIEM recomenda um limite de pesca de 4.506 toneladas para cada um dos anos de 2021 e 2022, o que representa uma diminuição em comparação com os últimos dois anos. Lagartixa-da-rocha Por outro lado, o CIEM produziu um parecer para a lagartixa-da-rocha para o período de 2020 a 2023. Em 2018, os ministros das pescas da UE decidiram
permitir a pesca continuada desta espécie, apesar de ser classificada como “em perigo” pela União Internacional para a Conservação da Natureza, e as ONG recomendam que sejam estabelecidas capturas zero para as espécies que estão nesta situação. Tubarões de profundidade Embora não exista uma pesca orientada para os tubarões de profundidade, eles são frequentemente capturados acidentalmente por outras pescarias de profundidade. O seu lento crescimento e longa vida tornam-nos altamente vulneráveis e várias das espécies capturadas pela frota da UE são classificadas como em perigo ou criticamente em perigo. “No entanto, o Conselho não estabeleceu um limite para as capturas acessórias permi-
tidas nem instituiu medidas que impediriam a captura destes tubarões”, frisam os ambientalistas. Remoção de limites de pesca Em 2018, seguindo uma proposta da Comissão Europeia, os ministros removeram um total de seis limites de pesca de peixeespada preto, lagartixa-darocha e abrótea, apesar de o CIEM ter aconselhado que possíveis medidas alternativas de gestão como fechos espaciais e/ou restrições de profundidade à pesca devessem estar implementadas e avaliadas antes da remoção dos limites de pesca. As ONG alertam que estes stocks neste momento são essencialmente não geridos e pedem à Comissão Europeia que avalie se esses stocks estão em sobrepesca.
Dados e Transparência As ONG pediram repetidamente à Comissão Europeia e aos Estados-membros que melhorassem a recolha e o processamento de dados sobre os stocks de profundidade e defendem que somente com um aconselhamento científico robusto pode a pesca de espécies de profundidade continuar. Outra melhoria necessária às instituições europeias é relacionada com a transparência, por exemplo, publicando a metodologia usada para calcular os TAC com base em pareceres científicos e, em particular, esclarecer como as incompatibilidades entre as áreas do parecer e as áreas de gestão são abordadas, assim como tornar todas as propostas e documentos relacionados imediatamente disponíveis para o público, dizem ainda aqueles ambientalistas.
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Notícias do Mar
Notícias Docapesca
“A Pesca por um Mar sem Lixo” Arranca em Viana do Castelo
Projeto já conta com a adesão de 714 embarcações que recolheram quase 3.000 m3 de embalagens e resíduos indiferenciados
O
projecto “A Pesca por um Mar sem Lixo” deu mais um passo para cumprir o objetivo de reduzir o lixo marinho na costa portuguesa com o alargamento do projeto ao porto de pesca de Viana do Castelo, que conta no ar-
ranque com a adesão de 14 embarcações. Viana do Castelo é o 16º porto de pesca a aderir a esta iniciativa, numa parceria que envolve a Docapesca, Câmara Municipal de Viana do Castelo, Vianapesca, Apropesca, Associação de
Armadores de Pesca do Norte, Associação Portuguesa de Lixo Marinho, Resulima e For-Mar. “A Pesca por um Mar Sem Lixo” é um projeto integrado num dos compromissos voluntários de Portugal no âmbito do objetivo do Desenvolvimento
Sustentável 14-Oceanos, promovendo a recolha dos resíduos gerados a bordo e capturados nas artes de pesca e disponibilizando as infraestruturas adequadas para a sua receção em terra e posterior valorização. Coordenado pela Do-
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Notícias do Mar
Lixo marinho numa praia
capesca, o projeto une organizações de produtores, armadores e pescadores, bem como entidades públicas e privadas dos portos, visando a melhoria das condições ambientais da zona costeira portuguesa. No âmbito desta iniciativa já foram recolhidos 2.035 metros cúbicos de resíduos indiferenciados e 792 metros cúbicos de embalagens, envolvendo 714 embarcações, que representam 2.747 pescadores, 26 organizações de produtores e associações e 50 outras entidades, como municípios, empresas de recolha de resíduos, ONG e administrações portuárias. “A Pesca por um Mar sem Lixo” já foi também implementado em Peniche (2016), Ilha da Culatra e Aveiro (2017), Figueira da Foz e Sesimbra (2018), Póvoa de Varzim, Setúbal, Matosinhos, Sagres, Portimão, Quarteira, Olhão, Nazaré e Sines (2019) e em Cascais (2020).
Mergulhadores a limparem o fundo do lixo marinho plástico
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Notícias do Mar
Notícias da Universidade de Coimbra
Equipa Internacional Descobre Nova Família de Microalgas de Água Doce
Microalgas de água doce Há uma nova família de microalgas de água doce. A descoberta foi efetuada por investigadores da Universidade de Coimbra (UC), com a colaboração da Universidade de Carlos em Praga, Universidade de Ostrava e Instituto de Biologia do Solo da Academia Checa das Ciências, na República Checa, e da Universidade de Ozarks, nos Estados Unidos da América.
O
estudo que permitiu a identificação e descrição desta nova família de microalgas de interesse comercial teve a duração de três anos e os resultados acabam de ser publicados na revista científica Journal of Phycology. Denominada Neomonodaceae, esta nova linhagem de organismos pertence à classe Eustigmatophyceae, “cujo interesse biotecnológico é reconhecido devido a algumas espécies serem ricas em antioxidantes, carotenóides e lípidos de 52
valor nutricional e com interesse para biodiesel. À semelhança de outras famílias da mesma classe, os géneros de microalgas agora descobertos têm potencial para dar origem a compostos de interesse farmacêutico, cosmético ou para aquacultura, por exemplo”, explica Raquel Amaral, primeira autora do artigo publicado. “As microalgas são vistas como muito promissoras para a produção de compostos de valor biotecnológico porque são fáceis de cultivar e não requerem uso de terre-
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no arável, embora ainda com custos elevados de produção”, sublinha. Para esta descoberta, frisa a investigadora da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), foi fundamental “o estudo de estirpes de microalgas mantidas em cultura na Algoteca de Coimbra (ACOI)”, considerada uma das maiores coleções de microalgas de água doce do mundo. “Sete estirpes da ACOI contribuem para esta nova linhagem genética de microalgas e constituem dois dos no-
vos géneros. A um deles atribuímos o nome científico Munda, designação romana do rio Mondego, em homenagem ao rio de onde provém a maioria destas algas”, esclarece. O estudo, que faz parte da tese de doutoramento da investigadora, consistiu na ”observação morfológica e genética para a determinação filogenética de 10 novas estirpes, o que resultou na descoberta de 3 novos géneros desta classe. As espécies incluídas na nova família são organismos unicelulares, com uma
Notícias do Mar
Raquel Amaral
forma alongada, a maioria com um “pé” por onde se fixa ao substrato. Além das diferenças genéticas que originam a sua segregação das outras famílias de Eustigmatophyceae, distinguem-se pela ausência de uma estrutura celular intitulada pirenóide”, descreve Raquel Amaral, assinalando ainda que, no estudo das microalgas, os métodos de base genética “são cruciais, dado que são organismos microscópicos e muitas vezes espécies diferentes podem ser muito parecidas”. A Algoteca de Coimbra, instalada no Departamento de Ciências da Vida da FCTUC, é coordenada pela cientista Lília Santos, uma das autoras deste estudo e orientadora da tese de doutoramento de Raquel Amaral, que teve financiamento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).
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Notícias do Mar
Hydrogénio verde em Sines
EDP, Galp, Martifer, REN e a Dinamarquesa Vestas Formam Consórcio para Sines
Sines vai ser o arranque do Hydrogénio verde
Quatro das principais empresas portuguesas do sector, EDP, Galp, Martifer e REN, responderam ao desafio, juntamente com a dinamarquesa Vestas e avançam num consórcio para o hidrogénio verde em Sines.
O
consórcio prevê a instalação de um projetopiloto de 10MW de eletrólise que poderá evoluir
até 1GW de capacidade de eletrólise, num investimento de 1,5 mil milhões de euros, com o objectivo de avaliar a criação de um
novo cluster industrial, em Sines. A prazo, visa-se a instalação de cerca de 1,5GW de capacidade de gera-
ção de energia eléctrica renovável para alimentação dos eletrolisadores. Pretende-se que o projeto aumente as van-
Central de Hidrogénio 54
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Notícias do Mar
Energia solar e eólica para a eletrólise
tagens competitivas dos recursos naturais endógenos renováveis, contribuindo para a reindustrialização das economias portuguesa e também europeia numa base mais sustentável, contribuindo para o equilíbrio da balança comercial.
A produção de hidrogénio verde em Sines, contemplada pelo projeto H2Sines, integra e otimiza toda a cadeia de valor, desde a geração de eletricidade renovável, produção de hidrogénio e a sua distribuição, transporte, armazenamento, comer-
cialização e exportação. O projeto H2Sines tem uma forte dimensão internacional, em virtude das parcerias com empresas com larga experiência na cadeia de valor do hidrogénio e na.vertente das exportações. Além da exportação, o
hidrogénio verde que for produzido em Sines será também utilizado a nível nacional nos setores industriais e de transportes, bem como para injeção na rede de gás natural. Havendo vários países interessados no Hydrogénio verde de Sines, foi já
Pretende-se que o projeto H2Sines dispare a reindustrialização portuguesa 2020 Agosto 404
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Notícias do Mar
Central de Hidrogénio
assinado um Memorando de Entendimento internacional para estudar a viabilidade da criação de uma cadeia de valor para a exportação do hidrogénio de Sines para o Norte da Europa. Para garantir o equilíbrio financeiro do H2Sines, o consórcio decidiu que o projeto se desen-
volverá de forma progressiva, procurando otimizar a adequação dos volumes de produção de hidrogénio e do respetivo consumo, bem como procurar a competitividade dos custos das tecnologias envolvidas. Como o projeto cumpre todos os critérios para uma candidatura ao esta-
tuto de Projeto Importante de Interesse Europeu Comum (IPCEI) e foi um dos 37 escolhidos pelo Governo, pela sua dimensão exportadora, mas também pelo contributo potencial que se prevê que venha a dar na transição do tecido industrial português para uma matriz energética sustentável.
Estação de abastecimento em Inglaterra 56
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A entrada de parceiros adicionais, como a gigan-
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te dinamarquesa Vestas, está relacionada com várias demonstrações de interesse de empresas de dimensão internacional do setor energético, bem como de produtores de tecnologia para a cadeia de valor do hidrogénio. A vertente de colaboração tecnológica é essencial para a melhoria da competitividade do projeto, que se encontra ainda numa fase preliminar, imprescindível para a avaliação das respetivas condições de enquadramento e viabilização custo-eficiente em mercado. O projeto prevê também a criação de uma componente industrial de produção de equipamentos de valor acrescentado para projetos de hidrogé-
Estação de abastecimento na Holanda
nio e o desenvolvimento de um cluster de I&D+I de referência internacional, com o apoio de mais de 20 empresas, institutos e
universidades nacionais. O Hydrogénio é um combustivel usado em viaturas em diversos países europeus, mas não é
verde, como o que propôe produzir o projeto H2Sines, com painéis solares a fornecer a energia para a eletrólise.
Estação de abastecimento na Alemanha 2020 Agosto 404
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Notícias do Surf Club de Viana do Castelo
Surf Clube de Viana é Referência no Voluntariado Jovem Europeu e Português
Cerimónia com convidados O SCV dinamiza cada vez mais o voluntariado jovem, promovendo agora o Europe Surfing Solidarity, depois de no passado dia 6 de julho, com cinco jovens nacionais, ao abrigo dos projetos “ONDA Z” e “OTL com Eco”, integrados respetivamente no programa de voluntariado Geração Z e OTL do Instituto Português do Desporto e Juventude.
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Centro de Alto Rendimento de Surf de Viana do Castelo 60
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o SCV, os objetivos do Europe Surfing Solidarity, inserido no programa do Corpo Europeu de Solidariedade da Comissão Europeia, foram alcançados e até superados, tendo a própria cerimónia sido exemplificativa disso. Os voluntários, o alemão Viktor Drewes e a italiana Chiara Russotto, fizeram as suas intervenções em português fluente e resumiram as atividades e projetos que protagonizaram. “Tive oportunidade de
Surf
presenciar o sucesso do projeto do Surf Clube de Viana (SCV) no âmbito do Europe Surfing Solidarity. O sucesso que foi para a comunidade que beneficiou do trabalho destes voluntários, para o clube e sobretudo no percurso destes dois voluntários, que saíram mais enriquecidos para dar continuidade à sua vida em qualquer lugar, e que decidiram fazê-lo em Viana do Castelo”, referiu Luís Alves, diretor da Agência Nacional ERASMUS+ Juventude em Ação (entidade responsável em Portugal por este projeto), no evento comemorativo da sua conclusão e de apresentação dos projetos “Onda Z” e “OTL com ECO”, inseridos respetivamente nos programas Geração Z e OTL promovidos
Voluntários europeus com Vânia Cruz
pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Iniciativa que se realizou no passado dia 24 de julho no recinto exterior do CAR Surf de Viana do Castelo. Os dois voluntários estrangeiros consideraram
que esta experiência de voluntariado foi “excelente” para a sua “formação profissional e pessoal”, pois, além de estarem envolvidos nas atividades do clube, que sempre os auxiliou na sua integração, tiveram oportunidade de
desenvolver projetos próprios nas suas áreas de formação académica. Viktor Drewes, especializado em psicologia desportiva, foi protagonista do projeto do #DOPEsurf – Development of Psychological Expertise
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Surf
Passeio nas férias do Surf Clube de Viana
in Surfing, que aplicou aos atletas do clube. Com a Covid-19, este acompanhamento psicológico e os treinos mentais ainda ganharam maior importância, e continuou on-line sob a denominação #DOPEEMCASA, permitindo, sobretudo, aos atletas do SCV manterem e evoluírem a sua performance desportiva. Os projetos de Chiara Russotto, psicóloga clínica, tiveram também uma grande relevância para os vários elementos do clube, principalmente os desenvolvidos na fase pandemia: artigos e conselhos para o dia-a-dia para ajudar a ultrapassar, de forma resiliente, os novos desafios. No contexto Covid-19, a ação do SCV focou-se 62
numa estratégia on-line e, assim, os projetos da Chiara e do Viktor, além de terem impacto nos atletas e noutros elementos do clube, ainda foram disseminados nas redes sociais para a comunidade em geral, local, nacional e internacional. Nesta cerimónia, a Chiara também apresentou outra das suas iniciativas: um mosaico artesanal que realizou no âmbito das comemorações do 30º aniversário do clube. O êxito da sua integração ainda ficou marcada por, entretanto e após concluído o Europe Surfing Solidarity, terem-se fixado em Viana do Castelo, onde pretendem viver. Vânia Cruz, responsável pelo voluntariado nesta associação via-
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nense, considera que o desenvolvimento destes projetos, sobretudo os de voluntariado, “são de grande importância, uma vez que contribuem para a construção de valores sociais, como a solidariedade, sensibilizam para a inclusão, para a sustentabilidade ambiental, para a prática desportiva, para a reflexão sobre o papel individual no presente e futuro da Europa, para a importância do voluntariado jovem e para um futuro melhor.” Os cinco jovens portugueses ao abrigo dos projetos “ONDA Z” e “OTL com Eco”, foram integrados respetivamente no programa de voluntariado Geração Z e OTL do IPDJ.
Sofia Gonçalves, Miguel Silva, Bianca Rodrigues e Mariana Gonçalves integram o “ONDA Z”, que tem o desporto, a solidariedade intergeracional e os direitos humanos por áreas de atividade, e que terá uma duração de 60 dias. Rafael Morais é protagonista no “OTL com Eco”, focado na promoção da sustentabilidade e proteção ambiental como fator determinante para a saúde de todos e do planeta, e que se irá prolongar por 70 dias. “O SCV é uma instituição de referência na valorização tanto dos programas de voluntariado como de tempos livres. Os jovens envolvidos no voluntariado são atletas de alguma
Surf
das suas modalidades, o que também vai ao encontro dos objetivos do programa. Também a educação não formal, a inclusão e a igualdade de oportunidades são objetivos que o clube tem no voluntariado”, sublinha Vítor Dias, diretor regional do Norte do IPDJ. Devido ao contexto de pandemia, e apesar de ter ocorrido ao ar livre, este evento teve um número restrito de convidados: Luís Alves, Vítor Dias, Ricardo Rego, vereador da Administração Patrimonial, Recursos Humanos e Promoção da Saúde na Câmara Municipal de Viana do Castelo, João Aranha, presidente da Federação Portuguesa de Surf, Pedro Bezerra, diretor da
Luís Alves
Escola de Desporto e Lazer do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, e Vítor Dinis, presidente da Associação de Moradores do Cabedelo.
No final da cerimónia, ainda foi anunciado que Marta Paço, atleta de Para Surfing do clube, será embaixadora #BEACTIVE da Semana Eu-
ropeia do Desporto também este ano. Boa Juventude! Bom Voluntariado! Melhor Surf!
Jovens já integrados nas atividades do clube nos programas do IPDJ Director: Antero dos Santos - mar.antero@gmail.com Paginação: Tiago Bento - tiagoasben@gmail.com Director Comercial: João Carlos Reis - noticiasdomar@media4u.pt Colaboração: Carlos Salgado, Gustavo Bahia, Hugo Silva, José Tourais, José de Sousa, João Rocha, João Zamith, Mundo da Pesca, Federação Portuguesa de Actividades Subaquáticas, Federação Portuguesa de Motonáutica, Federação Portuguesa de Pesca Desportiva do Alto Mar, Federação Portuguesa Surf, Federação Portuguesa de Vela, Associação Nacional de Surfistas, Big Game Club de Portugal, Club Naval da Horta, Club Naval de Sesimbra, Jet Ski Clube de Portugal, Surf Clube de Viana, Associação Portuguesa de WindSurfing Administração, Redação: Tlm: 91 964 28 00
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Notícias do Mar
Últimas
Proteção das tartarugas marinhas
Marinha Colabora com o Zoomarine na Libertação de duas Tartarugas Marinhas
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Libertação de uma das Tartarugas
Marinha Portuguesa, através do NRP Hidra, apoiou na libertação de duas tartarugas marinhas que foram devolvidas ao seu habitat natural, o mar. Uma tinha sido apanhada presa em redes de pescas. Outra deu à costa no Porto de Pesca de Sines. Após meses a recuperar, as duas tartarugas embarcaram numa viagem rumo a águas seguras, com a proteção da marinha portuguesa e a supervisão do biólogo Élio Vicente. “Vão andar cerca de 20 ou 30 anos a girar pelos oceanos até finalmente regressarem às praias de origem onde acasalarão e as fémeas irão depositar os novos ovos”, explicou o biólogo do zoomarine. Élio Vicente sublinha a importância de salvar cada um destes animais com o facto de que embora: “uma só 64
fémea pode colocar por ano 300, 500, 600 ovos ou até mais”, nesta espécie, “normalmente, por cada ovo colocado, dos 1000 indivíduos que nascem apenas um chega à vida adulta”. A libertação ocorreu após cumprido o período de reabilitação no Porto de Abrigo do Zoomarine e contou com a presença, a bordo do navio da Marinha, de elementos daquela entidade e do Comandante de Zona Marítima do Sul, Comandante Rocha Pacheco. Esta operação decorreu a cerca de 10 milhas náuticas (18.52 km) a sul de Portimão, de modo a permitir distanciar o Querubim (tartarugacomum, Caretta caretta) e o Quibi (tartaruga-verde, Chelonia mydas), das artes de pesca costeira e de arrasto, realça fonte institucional do Zoomarine. “Que as boas marés protegam a “Quibi” e a “Que-
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rubim” nesta segunda fase de vida independente e o que o seu exemplo de luta, resistência e vitória seja um sinal de esperança para todos nós”, expressou a equipa do Zoomarine. Com apoio do ICNF A devolução ao mar daquelas tartarugas marinhas reabilitadas pelos profissionais associados ao Porto d’Abrigo do Zoomarine (o centro de reabilitação para espécimes aquáticos), contou com a colabora-
ção da comunidade regional de pescadores, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), agentes da Autoridade Marítima Nacional e a Marinha Portuguesa. Como é habitual, cada um dos dois quelónios regressou ao mar com um microchip (em tudo semelhante aos que se colocam nos cães e gatos), no entanto, devido ao seu reduzido tamanho (6.8 kg e 2.5 kg), não serão anilhados.
Uma tartaruga foi apanhada com redes de pesca