Notícias do Mar n.º 417

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Náutica Fotografia Yamaha

Nova Gama Yamaha WaveRunner de 2022

Onde o Legado se Alia à Inovação

Yamaha Revs Your Heart á mais de 65 anos que a Yamaha acelera o seu coração. Como marca, somos sinónimo de emoção e adrenalina, que flui em toda a empresa, desde o design e o desenvolvimento da engenharia até à adrenalina sentida pelo cliente quando desfruta de qualquer produto Yamaha. Procuramos constantemente melhorar e inovar, proporcionando ao utilizador final uma solução para cada paixão. A gama WaveRunner de 2022 tem todos os traços distintivos a que o setor se

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Yamaha FX Cruiser HO mos alinhados com as motivações dos nossos clientes, garantindo que se sentem totalmente à vontade quando exploram a nossa gama.

Yamaha Jet Blaster habituou e adora na Yamaha. Aliámos a engenharia de excelência e a fiabilidade garantida em combinações que evocam a adrenalina e permitem aos clientes descobrir todo um novo mundo de experiências de grande emoção. A nossa divisão da gama WaveRunner em diferentes segmentos foi concebida para facilitar essa descoberta: Recreation - conduzir é divertido, emocionante e divertido; Cruising – permite ao piloto ir mais longe, com maior conforto e com a mais recente tecnologia; e Sport para o piloto que procura a máxima performance. Esta-

Uma gama completa Cada um dos nossos segmentos (Recreation, Cruising ou Sport) foi concebido para inspirar cada piloto, qualquer que seja a paixão, a descobrir uma WaveRunner que se ajusta na perfeição ao seu perfil. Desde a enorme versatilidade do sucesso de vendas que é a gama VX, passando às características

luxuosas e inovadoras da gama FX, até à performance vencedora de campeonatos da gama GP1800R, fomos diretamente ao encontro daquilo que os nossos clientes querem e atualizámos as nossas WaveRunners para proporcionar ainda mais adrenalina aos nossos clientes. Nos últimos anos, revisitámos a nossa rica tradição com a recriação da icónica GP em 2018 e o aumento da emoção cheia de adrenalina da SuperJet® para um mercado mais amplo em 2021. Finalmente, em 2022 vamos

apresentar a JetBlaster®, uma WaveRunner totalmente nova com fortes ligações à icónica e divertida WaveBlaster, com uma série de inovações para uma nova geração de pilotos orientada para a vertente desportiva. O carácter dinâmico e jovem da JetBlaster® acrescenta uma dimensão totalmente renovada ao segmento recreativo. Através de uma profunda compreensão dos nossos clientes, criámos uma gama que tem algo de único e significativo para cada estilo de piloto.

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incrível para uma pessoa, a JetBlaster® é uma verdadeira máquina para 3 pessoas, com armazenamento de série e um generoso depósito de combustível que oferece a opção de trajetos mais longos, que normalmente não seriam de esperar neste tipo embarcação.

Yamaha FX HO Redefinimos a diversão O nosso segmento recreativo oferece WaveRunners emocionantes, ágeis e diver-

tidas com um apelo ao grande público, proporcionando diversão cheia de adrenalina a um público mais vasto. Desde os pilotos inexperien-

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tes que entram no mundo das motos de água até aos pilotos de espírito livre, o segmento recreativo permite que todos os pilotos desfrutem da ação na água. Nova JetBlaster® Liberte o seu espírito A novíssima JetBlaster® está a redefinir o setor recreativo. A qualidade de construção sem compromissos, a engenharia inovadora e as características exclusivas que seriam de esperar num modelo GP estão agora mais acessíveis a um público mais vasto. Apesar de proporcionar uma diversão

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Tecnologia de ponta A JetBlaster® conta com o leve e premiado motor TR1®-HO a 4 tempos. Por si só, esta característica significa que oferece uma enorme potência na água, o que proporciona grandes níveis de diversão, mesmo para os mais aventurosos. Este modelo melhora a incrível experiência do motor com a inclusão de um casco NanoXcel2, normalmente utilizado apenas nas máquinas topo de gama. Isto significa que a JetBlaster® tem uma incrível relação peso/potência para proporcionar emoções de condução incríveis, bem como uma memorável experiência dinâmica e emocionante para todos os tipos de desportos aquáticos. A JetBlaster® não é apenas um motor de topo de gama com materiais de casco de última geração. Foi concebida especificamente para acompanhar pilotos com todos os níveis de experiência, o que os ajuda a obter rapidamente a confiança e a competência necessárias para se divertirem enquanto conduzem. O novíssimo sistema de Trim eletrónico permite ajustar facilmente a altura da proa, o que reduz a projeção de água e o arraste quando está elevada e proporciona uma grande aderência em curva quando está rebaixada. O sistema de controlo RiDE® com marcha à ré eletrónica simplifica a condução e os novos apoios para os pés


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permitem que até os pilotos inexperientes ajustem facilmente a sua posição para se divertirem ao máximo. Características de topo disponíveis de série Apesar de proporcionar uma experiência incrível quando conduz sozinho a JetBlaster®, oferece uma verdadeira capacidade para 3 pessoas. E não é só aqui que é generosa. O depósito de combustível volumoso permite trajetos mais longos e oferece armazenamento de série para arrumar tudo, desde as cordas de reboque aos óculos de sol, de forma organizada. Adicione toques luxuosos, como um degrau para subir a bordo acolchoado e tapetes do deck cortados à medida, bem como um guiador curvo e ajustável com punhos redondos para uma condução de grande contacto. Desfrute de uma WaveRunner agradável e de grande diversão para pilotos amadores e experientes.

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Regressamos à nossa tradição A JetBlaster® é uma versão moderna da lendária WaveBlaster, mantém-se fiel à estética retro e ao estilo de condução de grande emoção, mas renasceu para o piloto de hoje. A condução da WaveBlaster era muito exigente em termos atléticos e de aptidões. A JetBlaster® mantém essa sensação orientada para a performance, mas abre a diversão a pilotos menos experientes. Para além da tecnologia inteligente que permite a mais pilotos fazerem manobras mais avançadas com maior facilidade, esta WaveRunner também incorporou características que a tornam uma embarcação 2021 Setembro 417

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uma moto de água recreativa.

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Navegar com classe O nosso segmento Cruising é ideal para os pilotos que pretendem desfrutar dos dois extremos do espectro. Desde a condução relaxada em águas tranquilas até às emocionantes perseguições de alta velocidade por entre

Yamaha FX SVHO mais versátil, capaz de uma maior manobrabilidade a todas as velocidades, com maior autonomia e espaços para guardar a sua cartei-

ra, bebidas e aperitivos. É uma máquina de entrada de gama muito divertida que surpreende por ser melhor do que seria de esperar de

as ondas, com projeção de água na pele e o vento no cabelo, estes modelos proporcionam todo o tipo de aventura.

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FX: o modo de referência na vanguarda da inovação A família FX de WaveRunners oferece características sofisticadas e avançadas. Com uma estabilidade sem paralelo, mesmo com três pessoas a bordo, e o melhor casco para as aventuras de navegação, é a escolha perfeita para os pilotos que exigem os melhores padrões de acabamento e conforto sem compromissos. Tudo na gama FX foi concebido para tornar tudo mais fácil e divertido ao proporcionar o máximo luxo e estilo. Todos os modelos FX permitem aos pilotos explorar as duas personalidades diferentes da sua máquina: a potência pura cheia de adrenalina e velocidade ou uma experiência de condução mais refinada e suave. Integram funcionalidades de utilizador avançadas, como um ponto de escoamento externo, armazenamento em meio húmido de acesso fácil na popa e compartimento de arrumação com amortecedores a gás na proa. Melhores ligações para um conforto e comodidade avançados O ecrã Connext® presente na série FX foi muito melhorado e conta agora com um novo ecrã tátil a cores de 7 polegadas nos modelos SVHO® e sistema de som integrado com controlo através de ecrã tátil em determinados modelos Cruiser. Agora, os modelos equipados com sistema de som contam com ligação ao smartphone, com chamadas em modo mãos livres, para os pilotos conseguirem falar ou ouvir música com o dispositivo arrumado num lugar seguro.


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Yamaha FX Cruiser SVHO O sistema Connext® conta agora com mapas com GPS com perímetro geográfico. Os cartões de mapas por GPS são vendidos em

separado e estão disponíveis junto dos concessionários Yamaha WaveRunner. Com o cartão de mapas GPS opcional instalado, o

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operador pode adicionar e seguir pontos de passagem por GPS, gravar e seguir trajetos e estabelecer perímetros geográficos na zona onde a embarcação pode ser pilotada. Com o perímetro geográfico ativado, poderá definir a distância ao perímetro e ao centro para criar avisos que indicam ao operador que se está a afastar demasiado. O porta-luvas foi ampliada e conta com iluminação para facilitar a localização de todos os seus artigos pessoais. Conta também com fichas de 12 V e USB para carregar ou utilizar os seus dispositivos favoritos.

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Reinventamos a condução Finalmente, a gama FX conta agora com funções melhoradas de controlo por parte do piloto, incluindo um sistema Auto Trim de vários modos e limites de velocidade incrementais, controlados pelo ecrã tátil. A nova placa de suporte e o reposicionamento dos estabilizadores de flutuação melhoram o conforto dos pilotos e dos passageiros ao reduzirem a projeção de água da proa. Conta também com melhorias a nível da ergonomia, com um conjunto


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Yamaha GP1800R SVHO

Yamaha GP1800R SVHO de interruptores no guiador mais refinado e pontos de fixação situados imediatamente abaixo do guiador.

FX Cruiser SVHO mais FX SVHO Disponível em novas cores arrojadas e com novos ele-

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Yamaha JetBlaster

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mentos gráficos impressionantes, este incrível motor SVHO (Super Vortex High Output) produz uma potência suave e flexível, e conta com sistemas de arrefecimento e admissão de ar altamente eficientes, bem como componentes internos do motor de grande solidez. A bomba de jato hiperfluxo de grandes dimensões ajuda a transformar essa potência numa aceleração eletrizante e a injeção eletrónica de

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combustível (EFI) proporciona uma potência eficiente e suave. O modelo Cruiser conta com assentos de grande conforto ao estilo de cinema, cunhos ocultáveis para facilitar a amarração, um sistema de segurança de ponta, 30% mais arrumação e um ecrã tátil a cores. A tudo isto, acresce um incrível sistema de som e duas gamas de cores apelativas para desfrutar de máquinas prontas para tudo. FX Cruiser HO mais FX HO As novas cores apelativas combinam com os novos elementos gráficos para estes modelos se distinguirem. A potência proporcionada pelo motor de grande cilindrada High Output de 1812 cc é emocionante e a bomba de jato hiperfluxo com a sua turbina de 3 lâminas ajuda a transformar essa potência em aceleração eletrizante. A injeção eletrónica de combustível (EFI) proporciona a potência mais suave possí-


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Runner de maior capacidade de sempre, o High Output de 4 cilindros de 1812 cc. Proporciona uma incrível aceleração e velocidade de ponta para emocionantes passeios de grande distância e aventuras de exploração.

Yamaha SuperJet 1050 vel e um funcionamento eficiente e económico, mesmo com combustível sem chumbo normal. A versão Cruiser oferece direção com ajuste de inclinação de 4 passos, um luxuoso assento de 3 pessoas ao estilo de cinema, cunhos ocultáveis práticos, uma grande plataforma para nadar com um degrau mais fundo, mais largo, mais macio e mais confortável, com duas pegas para subir a bordo, ecrã tátil a cores, sistema de som incorporado e um sistema de drenagem exclusivo no mercado na

zona dos pés. Versatilidade sem paralelo A gama VX mais vendida foi totalmente reinventada com a introdução no ano passado de novos modelos que contam com designs renovados do casco e do deck que elevam ainda mais a fasquia da qualidade. Este ano apresentamos novas gamas de cores apelativas e novos tratamentos gráficos impactantes que se destacam nas ondas e na doca. O design com estilo arrojado e renovado tornam esta his-

tória de sucesso ainda mais apelativa. Engenharia líder do setor A VX está equipada com o nosso inovador motor de 3 cilindros, o TR-1 High Output de 1049 cc. Compacta e leve, a unidade oferece grande potência, com aceleração rápida e uma incrível potência máxima, com uma manobrabilidade, agilidade e equilíbrio topo de gama. A VX Cruiser HO está equipada com o motor de Wave-

Tecnologia superinteligente A gama VX conta com o exclusivo, revolucionário e intuitivo sistema RiDE que não só transforma a experiência de condução ao introduzir um controlo verdadeiramente intuitivo, como também inclui as vantagens da marcha à ré eletrónica e controlo de tração. Desfrute do exclusivo sistema de leme multifunções Connext, com um elegante, preciso e nítido ecrã a cores de 4,3” topo de gama. E não nos esquecemos dos elementos tecnológicos favoritos dos pilotos: dois pontos de ligação universais posicionados de forma prática para os equipamentos de navegação, câmaras ou outros dispositivos. VX Cruiser HO A nova VX Cruiser HO é o topo da gama VX com o motor mais potente da família. 4 cilindros e 1,8 litros de alta potência para a excitação mais pura são combinados com um luxo de passeio

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excecional para quem não aceita cedências. O som está equipado de série em versões selecionadas do VX Cruiser HO, com um sistema de som Bluetooth totalmente integrado e instalado em fábrica. As colunas estão em posições ideais nos espaços para os pés e são controladas a partir de um painel de fácil acesso no guiador. Superioridade desportiva O nosso segmento desportivo foi pensado para os pilotos que procuram atingir o seu máximo potencial. Seja a competir pela glória em corridas ou apenas pela adrenalina, desfrutam da máxima potência e desempenho, com o ADN de competição da Yamaha. GP: a potência e precisão perfeitas AYamaha GP1800R SVHO sobrealimentada e a GP1800R HO com aspiração natural contam com o primeiro sistema de Trim automático do setor, com Controlo de cur-

Yamaha VX vas e Controlo de arranque. O Controlo de curvas ajusta automaticamente o Trim para aumentar a aderência ao desacelerar para desenhar curvas mais apertadas. Após a curva, a GP1800R seleciona automaticamente a definição de Trim ideal para manter a embarcação nivelada. O Controlo de arranque desloca automaticamente o Trim para baixo para evitar que

a proa suba quando acelera rapidamente. Estas funções oferecem novos níveis de condução e performance de condução aos pilotos de competição e recreativos. Aperfeiçoar a experiência de condução A GP1800R conta também com uma grelha de admissão e bomba de jato, con-

cebidas especificamente para melhorar a tração e aumentar a aceleração. A conceção do revestimento do casco desloca o depósito de combustível 80 mm na direção da popa e rebaixa-o 15 mm no casco. Ao reposicionar o peso do depósito de combustível, o centro de gravidade da embarcação melhora a manobrabilidade e a agilidade das GPs.

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Yamaha VX Cruiser HO SuperJet: Ação de alta velocidade A SuperJet® é uma máquina para uma nova era de adrenalina com o nosso ADN de competição. A elegante

e leve SuperJet® oferece uma potente combinação de velocidade e aceleração vertiginosas. Não falamos apenas de velocidade de ponta em reta. A SuperJet® também oferece uma ma-

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nobrabilidade sem paralelo para proporcionar emoção sem limites. Agora destinados a todos e não apenas aos profissionais, o potente motor de 3 cilindros a 4 tempos, e o casco leve e elegante garantem o domínio das ondas tanto em retas a alta velocidade como em curvas agressivas. Agilidade excecional O nosso premiado motor marinho TR-1 de três cilindros a 4 tempos é uma unidade compacta e leve de 1049 cc que oferece uma performance excecional, mas com a condução mais fluida de

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sempre. A agilidade e controlo extremos são traços que distinguem a SuperJet® ao proporcionar capacidades em curva sem paralelo. Ainda não está pronto para se lançar na aventura? O L-MODE® reduz a performance do motor a cerca de 35 nós, uma característica de construção muito útil e que dá confiança aos condutores principiantes. Com base num casco mais largo e mais estável, é perfeito para uso recreativo. A coluna de direção assistida por mola e o guiador proporcionam uma posição natural e confortável ao piloto, inclinada para a frente, perfeita para grandes velocidades em reta e em curva. Nenhuma outra embarcação é tão fácil de gerir. Com apenas 2,5m, cabe facilmente na traseira de uma carrinha ou de um SUV grande. Com 170 kg, é incrivelmente leve quando comparada com as alternativas existentes no mercado, o que simplifica o seu lançamento e recuperação. Por isso, também é ideal para guardar no deck de um iate de grande dimensão. Pronto para descobrir a gama completa? Visite o nosso website para conhecer os preços e a disponibilidade, e contactar o seu concessionário Yamaha local. Complete o seu visual Os acessórios e vestuário oficiais Yamaha combinam na perfeição para desfrutar ao máximo da gama WaveRunner. Desde acessórios oficiais com conceção inteligente que combinam na perfeição com a sua embarcação até ao vestuário elegante para complementar a aparência arrojada da sua WaveRunner. Escolha um kit genuíno para desfrutar ao máximo da diversão.


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Pesca Desportiva

Pesca Lúdica Embarcada

Os pargos não estão lá para fazer amigos…

Há pessoas que pegam num barco e logo que soltam amarras, dão à chave do motor e já têm um problema complicado para resolver: Onde vou?

Os pargos capatões são extremamente agressivos e isso é uma vantagem para quem utiliza iscas vivas, ou amostras que imitam iscas vivas.

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abem que querem ir à pesca, e isso é um dado adquirido, foi para isso que se levantaram cedo da cama, mas não sabem onde ir, onde podem e devem pescar, ou sequer a quê. A partir daí, entram em roda livre relativamente a dúvidas, a incertezas, passam inclusive a aceitar como boas quaisquer sugestões recebidas de alguém. Por mais absurdas, todas as informações são para eles algo mais que nada. E por isso, absorvem-nas todas. Estão às cegas, e assim sendo seguem um prin16

cípio universal: vão direitos a outros barcos que estejam na zona. Digamos que copiam aquilo que veem fazer. Dão como bom lançar a âncora onde encontram um barco que possa eventualmente ser conhecido, que tenha ganho fama e crédito de normalmente realizar boas pescarias. Se não conhecem ninguém, aplicam o critério: todos sabem mais que nós... Estas pessoas têm barco, têm aparentemente todos os meios necessários para navegar, mas falta-lhes tudo o resto. Digamos que é o mesmo

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que conduzir sem carta. Ter carro mas não ter preparação, não ter os princípios de formação que devem nortear alguém que tem um volante nas mãos. Quando não se tem um mínimo de ideia para onde ir, sequer um laivo de inspiração que os leve aqui ou ali, e nenhuma noção minimamente clara da presença de peixe, está-se perante um dilema irresolúvel. Lançar ferro e levantar ferro consome tempo e recursos físicos. Pescar sem estar fundeado é algo que nem equacionam, porque basicamente pescam verti-

cal, a pesca tradicional que toda a gente faz com um chumbo e dois anzois, e isso, …só mesmo com a âncora no fundo. Como fazer? Como decidir qual o rumo a dar ao nosso barco, em função das condições de mar que temos pela frente? É isso que vamos ver hoje, num ensaio que seguramente deixará espaços abertos, lacunas, porque a quantidade de variáveis a analisar é de tal monta que nem cabe num só artigo. Vamos por partes: quais são as alternativas, as possibilidades de escolha? A primeira pergunta a fazer é esta: Que peixe queremos pescar? Com isso em mente, devemos concentrar a nossa atenção nos detalhes que vão viabilizar, ou não, essa pretensa pescaria. A mim, normalmente essas pessoas pedem-me coordenadas de sítios com pargos e robalos. E destes dois, os pargos ganham por larga margem, já que são aqueles cuja pesca pode ser normalmente feita em barco fixo, com iscas orgânicas. Afinal de contas, o que é que conta efectivamente? O que é que interessa mesmo quando temos de decidir onde ir aos pargos? Vamos por aí, vamos ver alguns detalhes, alguns tópicos que possam ajudar a decidir. Não sigam outros barcos Em que época do ano estamos? Que temperatura


Pesca Desportiva

Texto e Fotografia Vitor Ganchinho (Pescador conservacionista) https://peixepelobeicinho.blogspot.com/

de água temos nesse dia? Temos vento, correntes fortes, marés grandes, ou não? A que horas estamos a sair para o mar? Os nossos companheiros foram pontuais ou pelo contrário, chegaram tarde? Um deles deixou o carreto em casa? Outro teve de voltar atrás porque era ele que iria trazer as iscas de todos e … esqueceu-se? O sentido de responsabilidade não foi distribuído por todos em iguais quantidades, e por isso mesmo, as coisas acontecem. Mas vamos supor que o plano foi cumprido à risca, e que, tirando o facto de não sabermos para onde ir, temos tudo o resto. A que horas vai ser, ou foi, a preia-mar? Para esta gente, isso são pormenores que não têm um interesse particularmente relevante. Todavia, são eles que deter-

minam aquilo que podemos e devemos fazer. Não sigam outros barcos! Nunca! Isso, na melhor das hipóteses, pode servir para ter companhia. Mas se a questão é ter alguém para conversar, então que se saiba que a distância mínima a que podemos estar fundeados de outra embarcação igualmente fundeada é de 50 metros. Passo-vos o decreto: >>>Distâncias entre Praticantes/Embarcações: Portaria n.º 14/2014 de 23 de janeiro (art. 6.º e 7.º) “Quando a pesca lúdica se exerça a partir de uma embarcação, deve ser guardada uma distância mínima de 50 m em relação a outras embarcações, praticantes de pesca submarina ou artes de pesca caladas.” Por outras palavras, se

Pargo Capatão-das-Canárias Nome Científico: Dentex canariensis. Este pargo das Canárias, foi feito em Setúbal, com jig Shimano 30 gr. Costumo pescá-los de Janeiro a Maio, sendo que este ano, anormalmente, ainda fiz alguns em Julho. aquilo que queremos é alguém com quem conversar, pois teremos de o fazer aos gritos. Como alternativa, a falar normalmente, estaremos em absoluta transgressão, seguramente a incomodar os outros pescadores. E vale a pena ir lançar

âncora a 50 metros de outro barco? Em princípio não. Os locais de pesca daqueles que efectivamente sabem o que estão a fazer, não têm uma amplitude dessa natureza. O ponto é aquele, está testado, e algumas dezenas de metros ao lado, …é outro

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Pesca Desportiva

Há dias em que tudo parece estar alinhado, e os peixes de bom tamanho se sucedem. Não acontece todos os dias, mas…acontece. filme, outro habitat, outros quinhentos. Assim sendo, como fazer? Como podemos procurar algo que indique a presença de pargos? Antes de mais, e admitindo que os pargos são um objectivo bastante comum na pesca embarcada, podemos considerar como boa a ideia de procurar a sua comida. Há peixe miúdo na zona? Há cardumes de cavala, sardinha, bogas, carapau? Se refiro estas quatro espécies isso não quer dizer que sejam sequer as mais procuradas, mas sim aquelas que nós conseguimos encontrar com mais facilidade. Um dos últimos pargos bons que capturei, tinha dentro do estômago um minúsculo peixe-aranha de 7cm, e uma estrela-do-mar, pequena. Mas estes nós não conseguimos detectar com os nossos instrumentos, estão colados ao fundo, pelo que nos resta seguir os sinais dos cardumes de pe18

quenos peixes, e procurar dessa forma encontrar quem os come. Pensem com atitude de peixe É de bom-tom considerar que zonas com pedra alta poderão constituir só por si um ponto de concentração de pargos, pois, para além da segurança que dão ao predador relativamente a arrastos e redes, permitem a caça de emboscada. Os pargos resguardam-se nos marouços de pedra, e esperam a comédia que a corrente lhes traz. Também um fundo de pedra partida, ou com buracos, pode ser uma zona quente, já que alberga e serve de esconderijo a inúmeros peixes de pequeno tamanho. Pensem com atitude de peixe: se fossem pequenos e indefesos, estariam na areia, descobertos? Ou seria conveniente ter por perto um buraco escuro e estreito onde resguardar o corpo à presença de um

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predador? Na verdade, a natureza é pródiga em casos bizarros, e há mesmo pequenos peixes que desenvolveram incríveis técnicas de camuflagem, ou de capacidade de se esconderem onde aparentemente seria impossível: as galeotas conseguem enterrar-se numa fracção de segundo, …na areia. Mas o padrão é mesmo o contrário: peixe miúdo esconde-se nas frestas, nos buracos, nos lajões estreitos, onde os grandes não conseguem entrar. E daí a quantidade de ecos que a nossa sonda detecta quando passamos por cima desses amontoados de pedra partida, tão atreitos a ter vida no exterior e ainda mais no seu interior. Os pargos não estão lá para fazer amigos… são agressivos, estão para caçar e por isso fazem rondas por estes locais à procura de uma oportunidade. Assim, podemos procurar pedras e aí já teremos boas

probabilidades de conseguir descobrir aqueles que ali encostam, para comer. Convém ter presente que as temperaturas baixas reduzem a actividade metabólica dos nossos peixes, e que o contrário joga a nosso favor, dando-lhes mais espaço de procura, de deslocação e até de agressividade. Não é igual durante todo o ano. Também o facto de termos mar parado, sem corrente, não ajuda a termos pargos no fundo à procura de comida. Mar com correntes fortes, dias de luas grandes, com elevado coeficiente de maré, trazem vantagens a predadores fortes e o pargo é um deles. Vamos encontrá-los virados à corrente, a preparar emboscadas, ou a procurar comida activamente, dependendo da hora do dia. Para quem pesca ao fundo, esta é a situação mais proveitosa, tê-los a procurar comida, em deslocação. É nestes dias que a sua actividade se torna mais frenética, são eles que permitem melhores resultados. Zonas que fiquem na rota de passagem da comédia são também interessantes. Mesmo outros predadores, as tintureiras, os robalos, os meros, as corvinas, procuram estar numa zona de passagem regular de cardumes. Esperam e as correntes trazem-lhes a devida recompensa por essa espera. Gostava que entendessem a lógica deste raciocínio: se estamos a querer pescar predadores, com isca, seria importante estar onde os predadores procuram obter comida. Os peixes que procuramos são, na sua maioria, comedores de peixe. Ao encontrarmos zonas com peixe miúdo, estamos mais próximo de estar perto dos nossos peixes. Aumentamos exponencialmente as nossas possibilidades,


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Pesca Desportiva

Os jigs e sempre os jigs... dão-nos peixes incríveis, e lances muito bonitos, que não esquecemos facilmente. Este tinha 6 kgs, e utilizei um jig da Shimano, de 30 gr quando estamos “no sítio certo”, e esse sítio é onde os peixes grandes estão a cercar a comida. O peixe miúdo é atacado de todas as formas Por vezes encontramos cardumes à superfície. Isso é sinal de que algo os empurra para cima, os força a subir. E repito força a subir, porque tirando os momentos que os pelágicos procuram comida na primeira camada de água, nomeadamente as desovas de outros peixes que flutuam, (são óvulos transparentes e por isso não conseguimos vê-los do nosso barco, mas os peixes filtradores sabem que estão lá e que são comida boa, nutritiva e fácil), os cardumes preferem estar longe da artilharia aérea dos pássaros, que sobre eles caem impiedosamente. O peixe miúdo é atacado de todas as formas e este é um princípio universal. Já aqui vos falei dos ataques dos golfinhos aos cardumes de comédia. Na nossa zona 20

e dada a presença massiva de carapau, sardinha e cavala, sobretudo esta última que tem vindo a ocupar o nicho que era ocupado pela sardinha há alguns anos, podemos assistir a este espectáculo várias vezes ao dia. É muito mais comum do que as pessoas pensam, ver ataques de grupos de golfinhos, quer os roazes quer os comuns, a bolas de peixes. E daí resultam “destroços de guerra”, ou seja, peixe ferido, morto, quantas vezes cortado ao meio. Tive oportunidade de mergulhar no meio desta confusão e aquilo que vi no fundo foi pargos a aproveitar os despojos desta actividade. O fenómeno é cíclico, muitas vezes repetido ao longo do dia e nem sequer difícil de observar. A zona de caça dos golfinhos roazes, que preferem os chocos do rio, mas que não desdenham peixe bem vivo, estende-se desde o estuário do Sado ao Cabo Espichel, e para sul, costumo vê-los até à zona de Sines. Têm itinerários bem definidos, que alteram em

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função das condições de mar, e ao longo do ano, de acordo com aquilo que existe disponível, como que a fruta da época. Mas este tipo de pesca que faço, de avistamento de “passareiras” e pesca com jigs em cima delas, não é algo que esteja acessível a quem pretende pescar fundeado. Pura e simplesmente não resulta. São situações que têm um limite de tempo para execução, por vezes de alguns minutos apenas, e a seguir, tudo desaparece, tudo volta à calma, como se não se tivesse passado nada. Ficam escamas em suspensão, ficam pedaços de peixes a cair para o fundo, e peixes grandes a correr todos os recantos à procura de algumas sobras. Como se o massacre de algumas centenas de quilos de pequenos peixes fosse subitamente apagado com uma borracha. Zonas como as saídas dos estuários são locais que beneficiam de melhores condições de alimentação para os predadores. Nas zo-

nas de lamas do Sado, por exemplo, a criação de anelídeos é uma constante, e os pequenos peixes dependem delas para a sua alimentação diária. Existe uma infinidade de pequenos microorganismos, crustáceos, etc, que atraem quem deles se consegue alimentar. Quando atingem um determinado porte, esses peixes passam a águas mais profundas e é aí que os predadores que procuramos vivem, esperando por eles. Por isso há tanto pargo nas pedras em frente ao estuário. Digamos que a “engodagem” é permanente. Pensem em termos de cadeia alimentar, que começa em minúsculos seres, zooplâncton, e acaba nos golfinhos, nos tubarões (muito mais frequentes na nossa zona do que possam pensar…) e nos homens. Cavala viva nas mãos num piscar de olhos Em termos gerais, e para quem não conseguiu ainda ter a coragem de adquirir equipamento de jigging, ou outro que permita fazer pesca com o barco solto, tenya, kohga, etc, a solução boa é estar atento aos sinais dos pequenos peixes na sonda, (quando à superfície vê-se a água “ferver”), a relevos de pedra que também são perfeitamente visíveis através desta. Esses são locais de concentração de peixes, porque permitem a criação de uma cadeia alimentar. Relativamente a iscas para o nosso pargo, as dúvidas são poucas: se temos a possibilidade de pescar cavalas no local, e temos sempre, então é de pegar numa cana curta e sensível, e lançar um jig de 10 gr durante 15 minutos. Ficamos com 2 kgs de cavala viva nas mãos num piscar de olhos. Fácil,


Pesca Desportiva

simples, gratuito. Quando achamos que não teremos habilidade para isso, então pois que se comprem iscas em terra, e nesse caso, a selecção deve apontar para o tamanho de pargos que pretendemos capturar: com ganso, minhoca coreana, casulo, etc, aquilo que vamos fazer é tentar os pequenos peixes que comem essas “desgraças”. Os parguinhos de 300/400 gr comem essas “coisinhas”. Se por outro lado a intenção é a de fazer um bom peixe, então que se aposte em sardinha. A minha preferência vai indiscutivelmente para a sardinha ou cavala. Esta última pesco-a sempre no local, bem fresca, com sangue. Faço filetes estreitos e compridos, em vez de quadrados. Tudo é cavala, mas ter o anzol a meio do filete com as pontas soltas, …

pesca mais. Isto se decidir fundear, o que no meu caso é cada vez mais raro, tenho muitos dias em que nem toco na âncora. Nos últimos anos, sem dúvida, as minhas preferências vão para os jigs. São estes que me permitem pescar peixes maiores, de forma mais limpa e também, porque não, mais barata. Em resumo, convém ter uma ideia do que procuramos, e isso pode ser feito em casa, analisando as cartas, as batimétricas, tirando pontos e visitando esses locais. É trabalho nosso. Não vão incomodar os barcos que já estão a pescar. Se queremos companhia, se queremos alguém com quem carpir mágoas por os peixes não picarem, se queremos conversar à desfilada, podemos sempre levar connosco um …cão.

Pargo capatão feito com jig Zeake de 30 gr. Levei cerca de 9 minutos a tê-lo à superfície, com equipamento muito ligeiro.

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Electrónica

Notícias Nautel

Novo Sistema de Trim Tab da Dometic de Próxima Geração

Galardão de Melhor Produto em 2020, da revista americana “Boating Industry”.

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sistema avançado de compensador de “Trim” da Dometic foi projetado para oferecer aos pilotos de embarcações com motor de

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popa e I/O SternDrive, um novo nível de controle de precisão nunca antes possível. Com este novo produto, acabado de chegar aos

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mercados internacionais e nacional, a Dometic Marine redefiniu o que deve ser um sistema de TRIM TAB, compensador - robusto, confiável, programável, de operação intuitiva e resposta rápida com posicionamento preciso. Numa variante especial, tem também a capacidade de se conectar com o sistema de direção eletrónica

Dometic Seastar Optimus, com controle por joystick e caixa de comando de Avante/Ré /Aceleração, criando um sistema integrado completo. A Gama está composta pelos “Trim Tabs” standard (convencionais), os adaptativos, e os adaptativos para o sistema OPTIMUS. Entre os muitos recursos exclusivos que este siste-


Electrónica

www.nautel.pt

ma oferece está a operação sofisticada na base do barramento de dados CAN que permite comandos de posição por via digital em vez de analógica . O intuitiva unidade de controle, inclui indicadores LED que mostram com precisão a posição do compensador (Trim Tab) e configurações programáveis​​ (Início / Favorito) que facilitam a obtenção da posição preferencial da embarcação. O modo “Smart Dial” também pode ser girado manualmente para nivelar intuitivamente o barco rapidamente conforme as condições mudam. “O atuador inteligente baseado em CAN no coração deste sistema é uma verdadeira revolução nesta indústria”, disse o presidente da Dometic Marine. “Os construtores de barcos serão capazes de definir modos como ‘Hole Shot’ que podem implantar os compensadores com base na rotações RPM e, em seguida, retrair lentamente para uma posição

desejada para aplainar o barco. Substituiram-se as suposições do piloto por tecnologia e desempenho de precisão”, acrescentou. Os recursos adicionais de alta tecnologia incluem retração automática quando o operador seleciona o modo Joystick, na variante OPTIMUS, desliga a chave ou move os controles de mudança para marcha à ré. O Modo de segurança deste sistema também retrairá automaticamente os compensadores se a comunicação for perdida. Para garantir um desempenho confiável em condições exigentes, e nos barcos maiores e mais pesados​​ de hoje, este sistema apresenta uma maior capacidade de carga em aplicações de “Push-Pull” (empurrar e puxar), e vedação superior do atuador para evitar infil-

trações de água . Em reconhecimento de tudo isto, os editores da principal publicação profissional marítima dos EUA, a revista Boating Industry, escolheram o novo sistema de compensadores da Dometic como um dos 50 principais produtos da indústria naval. Esta publicação homenageia assim o sistema Trim Tab de última geração da Dometic com o prémio de principais produtos de 2020. Escolhido a dedo pela equipa editorial da Boating Industry entre centenas de indicações de produtos, este cobiçado prémio é concedido anualmente a 50 produtos que se destacam pela sua inovação, exclusividade e benefícios que trazem para os navegantes e a indústria de construção de barcos. Os produtos e serviços inscritos

para consideração vêm de todas as áreas da indústria náutica, incluindo barcos e motores, eletrónicos, acessórios, aplicativos e outros. A Dometic, gama Power&Control (Seastar), é distribuída em Portugal pela Nautel-Sistemas Eletrónicos Lda (www.nautel.pt).

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Economia do Mar

Sapatos de Lixo Marinho para o Mercado Americano Foi recolhido nas praias de Esposende, em 2018, boa parte do plástico que entra na composição das solas do calçado que há-de chegar às lojas recentemente, resultante de uma parceria entre a empresa portuguesa Zouri e a norte-americana O’Neill. circular, já valeu à empresa vários prémios, entre os quais, o prémio Inovação Social, do Banco Europeu de Investimentos. “Precisamos de significado na nossa vida”, justifica Adriana Mano. “Quando compro um produto faço o meu voto. Posso escolher votar num modelo mais consciente e melhor para o futuro do mundo. Posso querer tornar possível o respeito pelo outro. Se calhar, não precisamos de comprar tantas coisas”.

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á dois anos que a Zouri produz calçado com solas de plástico, tendo já recolhido 4,5 toneladas de resíduos ao longo do litoral, mas, depois de contactada pela O’Niell, - assinala Adriana Mano, fundadora da marca “a parceria vem multiplicar o impacto, quer em volume retirado do mar quer na quantidade de produto novo que chegará ao mercado”. Com as duas marcas afixadas lado a lado, a nova linha de calçado terá 12 modelos únicos e vai ser comercializada em 10 mercados europeus, em lojas

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físicas mas também online. Do compromisso mútuo, resultou a intenção de um “percurso de sólida continuidade, esperando as duas marcas retirar dos oceanos, em conjunto, 50 toneladas em dois anos”. À empresa norte-americana coube a tarefa de desenvolver os modelos e à Zouri a responsabilidade de identificar os materiais e assegurar a produção, através de várias parcerias com empresas portuguesas processadoras de plásticos, produtoras de solas e de calçado. A própria Universidade do Minho participou no projeto para de-

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senvolver a sola, numa fase inicial do processo. “O primeiro parceiro foi a Câmara Municipal de Esposende. Todos os anos, a câmara promove em março/ abril uma recolha de lixo em toda a costa do concelho, com a participação de várias escolas, de organizações e de voluntários. Nessa primeira ação recolheram-se 1,5 toneladas”, recorda Adriana Mano. Ela própria uma ativista pelo ambiente, a empresária reconhece que “há muitas ações de limpeza das praias, mas depois, a grande questão é saber o que fazer com os detritos. Com a agravante de nem todos os plásticos serem recicláveis, aliás, a maior parte que é retirada do mar, não o é”. Por esse motivo - prossegue - “a intenção foi encontrar uma via mais adequada: a reutilização!” As ações de recolha no terreno envolvem também alunos, sobretudo da pré-escola e do primeiro ciclo, uma circunstância que, pelo impacto na comunidade e por se tratar de uma inovação na área da economia

Parcerias com a Docapesca Mais recentemente, a empresa estabeleceu parcerias com a Bandeira Azul e com a Docapesca, neste último caso, “sãos os pescadores que vão recolher os plásticos em alto mar” e a ação iniciou-se com a Docapesca de Viana do Castelo. Em perspetiva estão parcerias com a de Cascais e a de Ericeira. Em todos os casos, a Zouri encarrega-se do transporte e tratamento prévio (triagem e corte) dos resíduos para posterior trituração. Adriana Mano criou a empresa em novembro de 2018, mas as primeiras vendas só ocorreram em janeiro de 2019. A parceria com a O”Neill triunfou depois de ter conseguido que a marca norte-americana, também ligada à proteção dos oceanos, aceitasse certas exigências que até aí nenhuma outra empresa aceitara. Uma das premissas era que a produção fosse local, neste caso, em Portugal, em segundo lugar, que todos os materiais usados no calçado fossem sustentáveis - “Com estas premissas, é muito difícil ser competitivo nos mercados, mas a O”Neill aceitou”, congratula-se a empresária.


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Notícias do Politécnico de Leiria

Projeto CircularSeas Promove a Redução do Impacto Ambiental nos Oceanos

Politécnico de Leiria transforma resíduos de plástico, recolhidos no mar Politécnico de Leiria transforma resíduos de plástico, recolhidos no mar, em produtos ecológicos através da impressão 3D.

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Politécnico de Leiria é um dos parceiros do projeto CircularSeas, que promove a economia verde no Atlântico, através do desenvolvimento de produtos inovadores 26

e ecológicos, peças e componentes para as indústrias marítimas, com a combinação da tecnologia 3D, utilizando resíduos de plástico recolhidos do mar e de novos polímeros de alto desempenho,

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renováveis e biodegradáveis. O projeto CircularSeas em Portugal está a ser desenvolvido pelo CDRSP – Centro para o Desenvolvimento Rápido e Sustentado de Produto do Politécnico de Leiria, e

visa a redução do impacto ambiental nos oceanos. As principais metas deste projeto, que teve início a 1 de abril de 2019 e termina a 31 de março de 2022, são aumentar a valorização dos resídu-


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Resíduos de plástico recolhidos do mar

os de plástico marítimos, resultante das indústrias marítimas e também deixados nas praias (poluição) para converter num produto útil (por exemplo, caixas para peixe ou moldes termoplásticos para barcos), através da utilização da impressão 3D, para as atividades económicas das indústrias marítimas. Pretende-se ainda encorajar a comunidade a recolher os plásticos dos oceanos, promovendo a sua despoluição, reduzir o uso de peças de base plástica na indústria marítima, nomeadamente para os setores da pesca e estaleiros, e diversificar as atividades económicas vinculadas ao crescimento verde. «Este trabalho con-

Tratamento desTe plástico marítimo para a criação de novos produtos verdes

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solida a missão do CDRSP na área da investigação como líder da manufatura direta digital, bem como reforça o seu posicionamento nacional e internacional na área da economia circular», refere Nuno Alves, diretor do Centro para o Desenvolvimento Rápido e Sustentado de Produto. O CircularSeas conta

com o cofinanciamento da União Europeia de 1.497.625,65 euros, através do European Regional Development Fund integrado no Interreg Atlantic Area Programme. São cinco os países envolvidos nas entidades parceiras do projeto: Leartiker da Azaro Fundazioa, que lidera, e Universidade de Vigo (Espanha); Cork Institute of Technology (Irlan-

da); University of Plymouth (Reino Unido); Communauté d’Agglomération de La Rochelle da Université de La Rochelle (França); e CDRSP do Politécnico de Leiria (Portugal). Tendo em conta os parceiros envolvidos no CircularSeas, os locais onde decorrem as atividades práticas de recolha de resíduos de plástico são: Peniche (Portugal);

Ondarroa e Vigo (Espanha), La Rochelle (França); Cork (Irlanda); e Plymouth (Reino Unido). Em Portugal, a separação e seleção, lavagem e destruição do plástico (criação de granulado) decorreu nas últimas semanas, e o objetivo é realizar o processo de tratamento desse plástico marítimo para a criação de novos produtos verdes.

Politécnico de Leiria no Projeto CircularSeas 28

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Tagus Vivan

Crónica Carlos Salgado

O “Tejo a Ficar a Ver Navios”…

Já correu mais tinta durante séculos sobre a navegabilidade no rio Tejo, do que hoje corre água por debaixo das suas pontes!

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inguém pode ignorar que o nosso rio Tejo foi historicamente a via, ou melhor, a principal estrada líquida de Portugal para o transporte de mercadorias, pessoas e bens, quer a partir do mar para o interior da Península Ibérica, para as trocas comerciais, quer do interior do território para o mar desde a Antiguidade até meados do século passado, o que contribuiu para gerar riqueza às populações ribeirinhas e também para o crescimento económico do país, o que continua a verificar-se noutros rios da Europa e do Mundo, 30

que optaram por servir-se das suas redes fluviais, ampliando-as até, para dar preferência ao transporte fluvio-marítimo, devido às suas múltiplas vantagens para o desenvolvimento sustentável dessas nações. Navegar é preciso – Navegare nessece... A Tagus Vivan, a legítima continuadora da obra profícua de 25 anos da AAT, ONGA de Utilidade Pública, por estar atenta a esta realidade e por considerar que é chegada a altura dos nossos governantes reconhecerem

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que é de particular importância, porque este nosso maior rio ainda tem muito para dar ao país, mas para isso é indispensável que volte a ser navegável, até porque a UE continua a reconhecer as vantagens deste transporte de mercadorias pelas redes fluviais navegáveis interiores porque, para além da sua economia Hipo carbónica, ele é fundamental para a resolução do descongestionamento dos portos de mar, ao evitar os problemas ambientais causados pelo transporte rodoviário, que é significativamente mais caro e poluente. Perante o preocupante estado físico e ecológico a

que a Troika deixou chegar o nosso Tejo, após ter subalternizado a ARH do Tejo à APA, não podemos ficar indiferentes, porque é premente que se ponha em prática um Plano Estratégico eficaz para a proteção e valorização deste nosso grande rio, para que a na sua bacia hidrográfica que ocupa 1/3 do nosso território continental, seja restabelecida a navegação para benefício do país e dos portugueses. Por conseguinte, o problema da falta de navegabilidade no rio Tejo foi o primeiro tema que a Tagus Vivan elegeu, porque ele é transversal a toda a sua bacia hidrográfica, com a realização de


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uma Conferência Regional Sobre a Navegabilidade do Tejo, a primeira do Ciclo das 5 Conferências Regionais preparatórias do Congresso do Tejo III. Conferência da navegabilidade no tejo Segundo o relator João Soromenho Rocha, esta conferência sobre a navegabilidade no rio Tejo teve o apoio logístico da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. No auditório com 90 lugares estiveram presentes, ao longo do dia, cerca de 70 pessoas, de cerca de 45 entidades públicas e privadas. Além da sessão de abertura houve quatro sessões temáticas e uma sessão final, com um debate, as conclusões e o encerramento.

Na sessão de abertura foram apresentados pelos organizadores da conferência, Tagus Vivan e Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, os objetivos da conferência, os quatro temas técnicos. O Presidente da Tagus Vivan, Carlos Salgado, explicou a razão de ter sido escolhido a navegabilidade como primeiro tema das conferências preparatórias para o Congresso do Tejo III. A Presidente da ARH Tejo e Oeste, Gabriela Moniz, enunciou o papel da APA, com a tutela da gestão dos recursos hídricos, e Alberto Mesquita, Presidente Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, apresentou o ponto de vista do município. Esta conferência teve lugar em Vila Franca de Xira, cidade onde a Ponte Ma-

rechal Carmona delimita a fronteira entre as autoridades, marítima a jusante e fluvial a montante. A primeira sessão temática, Objetivos da Navegabilidade, foi dedicada genericamente à análise dos vários tipos de navegação com os objetivos de pesca, transporte de pessoas, lazer, recreio, turismo, e comercial. O presidente da Tagus Vivan, Carlos Salgado, apresentou o desafio aos políticos, aos empreendedores e aos operadores turísticos. O editor do Notícias do Mar, Antero Santos, descreveu a situação atual da náutica de recreio no estuário do Tejo, enunciando algumas propostas para melhorar o acesso às margens. Paulo Andrade, da Marinha do Tejo, apresentou o trabalho desenvol-

vido nas últimas décadas e as ações para manter viva a arte de navegação, nas suas várias facetas. A segunda sessão temática, Enquadramento e condicionantes da navegabilidade, teve como objetivo a explicitação dos conhecimentos essenciais sobre um rio para poder ser enunciado e preparado a possibilidade da sua navegabilidade, nomeadamente, a gestão do leito móvel e do canal de navegação, a monitorização hidráulica e a informação sobre a variação de caudais, em tempo real, a implantação de um canal de navegação, com a garantia de segurança, bem como as ajudas à navegação, a gestão do tráfego e a regulamentação da navegação. João Soromenho Rocha,

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investigador em hidráulica fluvial, apresentou o conhecimento do rio Tejo, com base em 40 anos de dados hidromorfológicos, obtidos em 3 estações hidrométricas, escolhidas em conjunto pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil e pela Direção Geral dos Serviços Hidráulicos, com o objetivo de obtenção das curvas de vazão, num rio com leito móvel, e a medição de caudal sólido, quer no fundo do rio quer em suspensão. Teresa Álvares, Chefe da Divisão de Ordenamento e Valorização, do Departamento do Litoral e Proteção Costeira, ARH Tejo e Oeste, apresentou o enquadramento e a regulamentação da navegação fluvial, tendo em 32

consideração a motivação, as principais questões e as facetas relevantes, sendo ainda referido o trabalho em curso de delimitação das margens do rio Tejo. Vasco Mendes Silva, Chefe do Departamento de Exploração e Comercial, e José Manuel Coutinho, Chefe do Departamento de Obras e Património, da Via Navegável do Douro, da Administração dos Portos do Douro e Leixões, apresentaram pormenorizadamente a atual gestão técnica da navegação no rio Douro e apresentaram os projetos em curso da sua melhoria técnica e de sinalização e comunicações. Segundo o relator Miguel Azevedo Coutinho, neste relato dá-se conta do desen-

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volvimento dos trabalhos, da parte da tarde, em que estiveram presentes mais de 50 pessoas. Numa jornada em que da parte da manhã teve lugar a sessão de abertura, presidida pelo Senhor Presidente da Câmara, Alberto Mesquita acompanhado do Presidente da Tagus Vivan, Carlos Salgado e da Presidente da ARH Tejo e Oeste, Gabriela Moniz, que apresentaram os objetivos da conferência, justificando a sua organização e enquadramento e explicando os pontos de vista das instituições que representavam. As duas sessões que se seguiram versaram, respetivamente, os temas “Objetivos da Navegabilidade” e “Enquadramento e condicio-

nantes da navegabilidade”. // Da parte da tarde, tiveram lugar mais duas sessões temáticas, seguidas de debate e de uma sessão para a apresentação de conclusões e do encerramento da conferência. A terceira sessão temática, “Viabilidade e cenários da navegabilidade”, destinou-se: a recordar os antecedentes da navegabilidade no rio Tejo; a enquadrar o respetivo hinterland e capacidade de geração de tráfegos; a apresentar aspetos e particularidades de um projeto de canal e infraestruturas da navegação; adoção de tipologias de frotas; e, a enunciar incentivos ao turismo e à navegação de recreio.


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José Cervaens Rodrigues, Cmg.(Ref.), membro da Academia Portuguesa de História e da Secção de Transportes da Sociedade de Geografia de Lisboa, apresentou uma resenha sobre os antecedentes históricos, relacionados com o passado da navegabilidade no rio Tejo, e sobre o rico património estabelecido na sua vizinhança. Miguel de Azevedo Coutinho, professor e investigador em hidráulica fluvial e recursos hídricos, com base na sua experiência de projetista da navegabilidade do rio Douro e de outros estudos de navegabilidade no rio Tejo, referiu particularmente as motivações e potencialidades da navegabilidade no contexto dos principais eixos viários e ocupação urbana do território, nas realidades e valências da bacia do tejo e nas polaridades apresentadas para a constituição de um moderno sistema de transportes, apoiado na intermodalidade. Mário Simões Teles, engenheiro hidrógrafo, consultor e projetista com base na sua experiência como modelador de sistemas aquáticos e de projetos de navegabilidade referiu os principais aspetos técnicos colocados ao projeto da navegabilidade; enunciou diversos condicionamentos ao projeto, tanto em termos da necessária infraestrutura, como das classes de navios ou embarcações a considerar para as frotas e no estabelecimento da embarcação de projeto. Referiu, ainda aspetos dos vários usos sobre a via aquática e dos impactes do estabelecimento da navegabilidade. José Gomes, médico, navegador de recreio e autor de roteiros de navegação de diversos rios portugueses deu conta da sua experiência e

Segundo a notícia da TSF de 31 de agosto passado… nunca o vi assim. A ilha deixou de o ser.”

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erante a escalada dos preços da luz, a água usada nas barragens para produzir eletricidade torna-se um bem ainda mais preciso, mas o rio Tejo está a secar, tanto em Espanha como em Portugal. Em Vila Nova da Barquinha, há apenas um fiozinho de água, e o Castelo de Almourol já não se

encontra isolado em ilha. Há agora um pedaço de terra exposta por onde percorrer o caminho. Fernando Freire, presidente da Câmara de Vila Nova da Barquinha, olha com estupefação para a margem Norte, por onde já se faz o acesso pedonal até ao castelo. “Temos um riacho. O rio Tejo neste momento... Eu

Ouça as declarações de Fernando Freire. O autarca esmorece a olhar para ao fiozinho de água no lugar do Tejo e queixa-se de que a vida do rio está a ser sacrificada pelo negócio da eletricidade: “Quando a energia é mais cara é injetada. Funciona como uma bolsa de valores, completamente como o mercado.” Agora a água do Tejo vale mais a produzir eletricidade, tanto em Portugal como em Espanha. O rio é ibérico e o mercado da eletricidade, também. Fernando Freire pede que se verifique o caudal nas barragens a montante, mas também nas portuguesas.

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de aspetos que se colocam atualmente à navegação de recreio, no estuário, particularmente desde a ponte Vasco da Gama a Muge. A quarta sessão temáti-

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ca, “Interação da navegação com outros usos da água”, teve como objetivo a apresentação da classificação das paisagens fluviais do rio Tejo e do Observatório

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de Paisagem do Tejo, bem como aspetos da fauna, flora e qualidade da água e do corredor fluvial, como infraestrutura “verde”. Rosário Oliveira, arquite-

ta paisagista e investigadora, apresentou o rio Tejo em termos das suas unidades de paisagem, como meio de separação e de união entre o Norte e o Sul do país, revelando valores culturais associados e o caracter de paisagem diversa, potenciadora de dinâmicas de coesão. Evidenciou o valor da Paisagem Cultural do Tejo, e a candidatura na lista de Portugal ao Património da Unesco, e deu a conhecer o estabelecimento do Observatório de Paisagem do Tejo. Susana Rosa, bióloga e investigadora (Biota), deu relevância à biodiversidade e a valores ecológicos do sistema fluvial, indicando os estatutos de proteção de territórios vizinhos do Tejo; referiu a importância das galerias ripícolas nos ecossistemas fluviais. Chamou à atenção aos impactes da navegação nos Valores Naturais e deu exemplo de medidas de mitigação. Por último, por volta das 18:00 h da tarde, foi estabelecido um período para debate e prestação de esclarecimentos. Os participantes presentes levantaram questões; principalmente sobre o usufruto do rio; a qualidade da água, em geral, e salinidade, em particular; sobre a imprevisibilidade de caudais e a satisfação de caudais ecológicos; e, sobre questões da estabilidade das margens, entre outras. Após este período o Senhor Dr. Fernando Paulo Ferreira, Vice-presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira proferiu umas curtas palavras a congratular-se com o êxito da conferência a que se seguiram os Senhores Carlos Salgado, como presidente da Tagus Vivam, João Rocha e Miguel Azevedo Coutinho, como relatores, que agradeceram a participação


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dos oradores nos diversos temas, a presença dos participantes e salientaram aspetos mais significativos do decorrer dos trabalhos. Esta conferência que teve lugar na Fábrica das Palavras em Vila Franca de Xira, cidade onde a Ponte Marechal Carmona delimita a fronteira entre as autoridades, marítima a jusante e fluvial a montante, graças ao precioso e competente apoio logístico da Câmara Municipal de VFXira, e à criteriosa selecção dos temas a debater, dos respetivos comunicadores convidados pela Tagus Vivan e dos 70 participantes em representação de 44 instituições, nomeadamente da Tutela, do Poder Local, do Instituto Hidro-

gráfico, do Porto de Lisboa, da Navegação no Douro, da Agricultura, Operadores Portuários, Operadores Turísticos e Marítimo Turísticos, e também da Sociedade de Geografia de Lisboa, da Candidatura à Unesco da Tagus Universalis, da Marinha do Tejo, Universidades, Clubes Náuticos, Órgãos de Comunicação Social, e da Sociedade Civil, o evento cumpriu o seu desígnio e superou as expectativas. O restabelecimento deste transporte no Tejo implica a modernização da frota fluvial, o que terá um forte impacto na indústria da construção naval que se encontra numa situação económica difícil, para além de levar à reativação dos portos do

interior onde serão criadas novas empresas de cargas e descargas que precisam de mão de obra, e portanto criam emprego. Uma vez reposta a navegabilidade no Tejo, para além da navegação comercial de mercadorias vai viabilizar também a navegação turística e desportiva, que contribuirá para o crescimento económico regional, e para que as populações ribeirinhas sejam parte interessada, e voltem a conviver com o seu rio, tornando-o mais vivo e vivido. Um canal navegável desde a foz até à fronteira será o ideal, permitindo uma navegabilidade com multiusos, mas devido aos custos consideráveis de uma obra de tal

monta, carece previamente de um estudo sério que permita avaliar e ponderar a relação entre o custo e o benefício, mas tecnicamente não é impossível. Contudo, não há razão para ficarmos de braços cruzados porque o rio Tejo tem lanços com alguma extensão onde ainda se pode navegar, e mediante algumas obras de regularização do rio, não muito onerosas, que são também indispensáveis ao equilíbrio do ecossistema. A revitalização das tradicionais barcas de passagem entre margens, será outra forma interessante de dar vida ao rio e animar o turismo, e sobretudo de aproximar o convívio salutar entre as populações fronteiriças.

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Voo do Guarda-rio

Mais Tejo, com o Val Tejo Dando continuidade ao artigo do mês passado sobre as requalificações das frentes ribeirinhas do Tejo, desde Alhandra até Abrantes, vamos continuar a descrever os projetos que foram idealizados, desenhados e materializados, de montante para jusante, a partir de Abrantes.

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omo julgamos de todo o interesse dar a conhecer as origens do Programa VALTEJO, para o qual colaborámos com um Estudo das Potencialidades Náutico-Turísticas e Lúdico-Culturais do rio Tejo, desde Alhandra até a Abrantes, como já referimos anteriormente, graças ao qual tivemos a oportunidade de conhecer o Coordenador deste valioso programa de valorização do nosso rio grande, o Eng. António Marques, que até entrevistámos para o Notícias 36

do Mar, tendo ele em linhas gerais feito as seguintes considerações: O rio Tejo é muito mais do que “uma corrente de água, mais ou menos caudalosa, que vai desaguar noutra lagoa ou mar”, porque o Tejo é muito mais do que uma região como Ribatejo; uma região demarcada de vinhos; um território agrícola com as lezírias do Tejo; uma bacia hidrográfica, e foi partindo desta realidade histórica, onde o Tejo acrescentou riqueza aos seus territórios, serviu de via de comunicação e transporte,

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refrescou os sedentos e inspirou poetas e escritores que o programa VALTEJO- Valorização do Tejo que se ancorou para desenvolver uma Ação Integrada de Base Territorial. A requalificação das frentes ribeirinhas (Escaroupim, Valada, Constância, Arripiado, Tancos, Vila Nova da Barquinha, Aquapolis/ Abrantes….e Coruche) ou equipamentos de desenvolvimento empresarial (Observatório da Cortiça/ Coruche, Encherim/ Almeirim, Tagus Valley/Abrantes, Cen-

tro Empresarial/Chamusca, Centros Náuticos de Constância/ Barquinha e Salvaterra de Magos) ou parques ambientais de Benavente, Sta. Margarida, Almeirim ou Alpiarça, ou os Cine Teatros Sá da Bandeira/ Santarém, de Almeirim, Benavente, Chamusca ou a requalificação da envolvente ao castelo do Almourol, são só alguns dos exemplos do que foi feito de forma integrada e alargada à sua bacia, pensada e com o envolvimento dos diferentes atores da administração central e ad-


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ministração local. O programa Valtejo representou um “novo olhar” sobre os rios em geral e o Tejo em particular. As populações, que “viviam” o rio de forma contemplativa e nostálgica voltaram a “viver o Tejo” e reconhecê-lo, de novo, como um polo de desenvolvimento onde as atividades náuticas de recreio, lazer e atratividade turística são instrumentos de criação de riqueza para quem vive e trabalha na região. Também foram realizados e financiados cursos de formação de recursos humanos dirigidos às áreas de atividade referidas sendo os principais protagonistas destas formações as

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associações de desenvolvimento regional, escolas profissionais, Politécnico de Tomar, Nersant, etc. Diria que o Valtejo foi, ainda, uma enorme oportunidade de cooperação e concertação entre o setor privado e o setor público. Os investimentos públicos nunca são um fim em si mesmo são instrumentos de alavancagem para o setor empresarial criar dinâmicas de desenvolvimento e criação de emprego. O Valtejo contribui para isso, seguramente, o que já não foi pouco. Eduardo Galeano, escritor uruguaio dizia ”somos o que fazemos para mudar o que somos”… 38

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eu como Coordenador do Valtejo, depois de concluído mais este desafio de 10 anos (1998/2008), reconheço que mudei muito mas tenho, também, a noção que colaborei para ajudar a mudar um território e as relações com o Tejo das gentes do Ribatejo. O turismo sustentável valoriza o antigo, a cultura, as tradições e o património. Os recursos naturais, endógenos e envolvimento comunitário nos processos de decisão são, ainda, instrumentos que devem ser promovidos e valorizados. Também a promoção, comunicação e disseminação de boas práticas devem ser

“praticadas” porque esta região tem, seguramente, esses recursos tangíveis e intangíveis. É muito claro que nos últimos 15 anos muito tem sido feito na região mas também é claro que ainda há muito para fazer…. As iniciativas em torno de recuperar os “mercados do Tejo/viver o Tejo” são alguns bons exemplos mas grande parte das iniciativas são atomizadas e desgarradas o que coloca, cada vez mais, a necessidade de afirmar lideranças regionais assentes num “pacto territorial” onde as autarquias, as associações empresariais e de desenvolvimento e entidades de ensino-

aprendizagem, sejam capazes de se entenderem sobre uma visão para o território, as grandes e pequenas prioridades, projetos estruturantes e um modelo de governação representativo e consensual. Este é o principal desafio para que o Tejo e o Ribatejo se transformem em territórios aprazíveis, competitivos e de crescimento sustentável. Como eu já referi a bacia do Tejo tem enormes potencialidades mas cabe aos atores da região organizarem-se e concertarem-se para que as potencialidades passem a produtos estruturados e integrados. Nós cidadãos por-

tugueses amigos do tejo, para manter o espírito bem vivo e vivido de todas estas requalificações e valorizações, na sequência do congresso do tejo iii, de 2018, fizemos um desafio ao poder local ribeirinho do tejo, para aderirem uma nova iniciativa de um encontro candalerizado, do tejo com as suas gentes, uma bienal do tejo! Recomendamos vivamente aos leitores para visualizarem no youtube o vídeo “com a alma no tejo” Continua no próximo jornal.

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Recursos sustentáveis

Como Ser um Consumidor Sustentável de Pescado?

Ser um consumidor sustentável de pescado O Oceano providencia cerca de 20% de proteína animal a mais de 3,3 biliões de pessoas. A combinação única de proteínas de qualidade elevada, vitaminas e nutrientes que apenas existem no pescado, faz dele uma excelente fonte de alimento.

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Barco de pesca de cerco que captura cavala, sardinha e carapau 40

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Organização Mundial de Saúde recomenda, por isso, um consumo regular de peixe entre uma a duas porções de 150 g por semana, o que resultaria num consumo anual per capita de 11,7 kg de peixe. Mas a média anual mundial de consumo situa-se nos 20.9 kg (FAO, 2020) e, em Portugal, este valor chega aos 60,9 kg (EUMOFA, 2020), o que faz do nosso país um dos maiores consumidores de pescado do mundo. Para fazer face a estas necessidades, a exploração pesqueira tem-se intensificado e os mananciais têm sido colocados sob pressão.


Notícias do Mar

Se em 1990 a percentagem de mananciais pesqueiros dentro de níveis biológicos sustentáveis se situava nos 90%, em 2017 esse valor desceu para 65,8% (FAO, 2020). Em 2018, foram capturadas globalmente 96,4 milhões de toneladas de pescado, o valor mais alto registado. A produção mundial proveniente de aquacultura tem feito um esforço para responder às exigências atingindo também um valor máximo em 2018 de 82,1 milhões de toneladas (FAO, 2020). Em Portugal, foram capturadas 188 537 toneladas de pescado, em 2019 e a produção de aquacultura situou-se nas 13 992 toneladas, em 2018 (DGRM, 2020). As espécies de peixe mais capturadas foram a cavala, o carapau, a sardinha, o biqueirão e o atum (DGRM, 2020). As mais produzidas em aquacultura em termos de peixes marinhos são o pregado, a dourada e o robalo. Mas entre as mais compradas pelo consumidor nacional estão o atum, o bacalhau, a pescada, o salmão, a dourada e o robalo. Estes dados sugerem uma elevada exploração e um consumo centrado num pequeno grupo de espécies, nem sempre as mais abundantes e muitas vezes importadas, com consequente sobre-exploração dos recursos e desequilíbrios nos ecossistemas marinhos. A correta gestão pesqueira garante a reprodução e consequente continuidade e conservação dos recursos, promovendo uma exploração sustentável. A investigação nesta área é fundamental, nomeadamente no que diz respeito às espécies com menor interesse comercial que recolhem menor investimento em termos de conhecimento biológico. Mas enquanto consumidores

Cavala é o peixe que se pesca mais temos, também, uma palavra a dizer. As nossas escolhas influenciam o Oceano. Dicas para um consumo sustentável de pescado Consumir de forma sustentável significa consumir menos e melhor, considerando os impactos ambientais, sociais e económicos. O consumo

de pescado é sustentável quando provém de fontes cujo impacto na saúde do oceano é mínimo e assegura a disponibilidade de recursos para as gerações futuras. Implica a utilização de um conjunto de práticas relacionadas com a aquisição de produtos e serviços que visam diminuir ou até mesmo eliminar os impactos no meio ambiente.

Então o que devemos ter em conta no momento de escolher? Devemos analisar o rótulo do pescado. Todo o pescado à venda deve estar rotulado e conter informação sobre o nome da espécie e o preço, mas também sobre a zona de captura, a arte de pesca utilizada e a lota onde foi de-

Barco de pesca de palangre que captura pargos, robalos, peixe galos e sargos 2021 Setembro 417

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Notícias do Mar

Barco de pesca de palangre com pargos sembarcado. A etiqueta CCL (Comprovativo de Compra em Lota) é um selo que garante que o pescado nacional foi controlado e rastreado desde o momento de captura até ao momento do seu desembarque nas lotas portuguesas. Como se aplica a embarcações nacionais que operam na nossa costa, garante uma menor pegada ecológica, já que o pescado não é importado (como acontece com o salmão ou o

bacalhau que não são capturados nas nossas águas). Escolher pescado nacional é por isso outro importante fator a ter em conta. A seletividade e o impacto no ambiente marinho das artes de pesca são outro aspeto a considerar. O arrasto é menos seletivo que as restantes artes e mais destrutivo, mas todas as artes de pesca apresentam impactos negativos, contribuindo para a pesca aces-

sória e, quando perdidas no mar, para o lixo marinho e pesca fantasma. Apostar no consumo de espécies capturadas por artes diferentes contribui para uma diminuição do impacto das menos seletivas e mais impactantes. Será importante, também, aumentar a investigação para conhecer melhor a seletividade das artes, desenvolver mecanismos que melhorem a eficiência das mesmas, valorizar es-

A frota espanhola de pesca de atum é responsável pelo desaparecimento deste peixe nos Açores 42

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pécies com menor interesse comercial, e criar produtos para consumo que aproveitem pescado menos procurado ou outro rejeitado. O tamanho mínimo de referência de conservação deve também ser tido em conta. Esta medida de gestão está definida para várias espécies comercializadas no nosso país. Garante que o pescado acima de determinado tamanho já atingiu o estado adulto, tendo tido a possibilidade de se reproduzir pelo menos uma vez ao longo da sua vida garantindo, assim, a renovação dos mananciais. Enquanto consumidores podemos evitar a aquisição de pescado abaixo deste tamanho garantindo uma maior sustentabilidade. Na hora de escolher devemos ainda ter em consideração - As espécies pelágicas que vivem mais perto da superfície, como o carapau e a cavala, são mais abundantes e possuem menos problemas no que diz respeito aos seus mananciais; - Devemos diminuir a ingestão de predadores de topo, como o atum e o bacalhau, e optar por espécies de níveis médio ou inferiores da cadeia alimentar que são, no geral, mais abundantes, permitindo aumentar a resiliência das populações; - Com mais de 200 espécies de pescado à disposição, a regra de ouro é diversificar o consumo. Prove novas espécies e experimente novas receitas. - Por fim, informe-se. Online encontrará guias de pescado e informação diversa sobre pesca que o ajudarão a fazer escolhas mais sustentáveis (WWF, DOCAPESCA, DGRM).


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Notícias do Mar

Economia do Mar

Mais de 80 Projectos Aquícolas em Curso com Investrimento de 102,8 Milhões Foi anunciado que mais de 80 projectos aquícolas estão em curso, sobretudo no Algarve, envolvendo 102,8 milhões de euros de investimento, com 40,9 milhões de euros de apoio público, através do programa operacional Mar 2020.

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uma nota divulgada no ‘site’ do Mar 2020 lê-se.”Com apoio do Mar 2020, 81 projetos de empresas aquícolas estão em curso, envolvendo um investimento de 102,8 milhões de euros e que contam com um apoio

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público de 40,94 milhões de euros”. Do total dos projetos, 39 são no Algarve, 16 no Centro, 12 em Lisboa, oito no Norte, quatro no Alentejo, um nos Açores e outro na Madeira. Segundo o mesmo docu-

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mento, estes projetos vão permitir aumentar a produtividade e diversificação de, por exemplo, algas, linguado, pregado, robalo, dourada, truta e bivalves, nomeadamente ostra, ameijoa e mexilhão. Por outro lado, estão a ser desenvolvidos 44 projetos de investigação e inovação, com cerca de 26,5 milhões de euros de investimento. As investigações em causa pretendem reforçar o estudo de espécies como micro e macroalgas, pepinos do mar, choco ou pargo, construir e testar a produção

‘offshore’ (em alto mar), bem como desenvolver alimentos para melhorar o “bem-estar específico de cada espécie”, mitigando as doenças. “A aquicultura tem uma pegada ambiental limitada e contribui para a preservação dos ecossistemas e da biodiversidade. “Trata-se, pois, de um setor com forte potencial de crescimento no abastecimento da cadeia alimentar, com alimentos nutritivos e saudáveis. O crescimento do setor constitui uma clara aposta para promover o desenvolvimento económico e o emprego”, apontou ainda a nota. O programa operacional Mar 2020, que se insere no Portugal 2020, tem como objetivo a implementação das medidas de apoio enquadradas no Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos e das Pescas (FEAMP), estando entre as suas prioridades a promoção da competitividade e a sustentabilidade económica, social e ambiental, bem como o aumento da coesão territorial. Este programa tem uma dotação global de 508 milhões de euros, dos quais cerca de 116 milhões de euros correspondem à contrapartida pública nacional, que tem origem no Orçamento do Estado. Os restantes 392 milhões de euros provêm do FEAMP.


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Notícias do Mar

Notícias da Universidade de Lisboa

As Estações Sísmicas de Fundo Oceânico

Estação sísmica de fundo oceânico As estações sísmicas de fundo oceânico (OBS) desenvolvidas no Instituto Dom Luís (IDL) são peças fundamentais em projeto europeu.

O

Observatório Europeu Multidisciplinar do Fundo do Mar e da Coluna de Água (EMSO), enquanto Consórcio Europeu de Infraestruturas para a Investigação (ERIC), consiste num conjunto de instalações regionais localizadas ao longo de toda a costa europeia, incluindo os Mares Negro e Mediterrâneo, com o objetivo de monitorização dos processos ambientais marinhos relacionados com a in46

teração entre a geosfera, a biosfera e a hidrosfera. Trata-se de plataformas equipadas com múltiplos sensores, instalados no fundo do mar e ao longo da coluna de água, com o intuito de medir diferentes parâmetros biogeoquímicos e físicos com implicações na mitigação de desastres naturais e na monitorização das alterações climáticas e dos ecossistemas marinhos. O observatório português (EMSO-PT), coordenado

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pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), pretende a aquisição de dados bióticos e abióticos do fundo oceânico e coluna de água, concretamente temperatura, oxigénio dissolvido, turbidez, som e correntes. O Instituto Dom Luiz (IDL), da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), enquanto parceiro, é responsável pelo desenvolvimento e construção de estações sísmicas de fundo oceânico (vulgarmente

conhecidas como os OBS – Ocean-Bottom Seismometers), instrumentos capazes de registar o movimento do solo e o som no oceano, podendo, a partir deles, inferir informação meteorológica, oceanográfica e ambiental, sendo ainda possível que incluam equipamento capaz de recolher dados biogeoquímicos. A equipa do IDL por trás do desenho, desenvolvimento e construção de protótipos é dirigida por Carlos Corela, sendo


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composta porAfonso Loureiro e José Luís Duarte. O Projeto DUNE (PTDC/EAMOCE/28389/2017), onde Carlos Corela é o Investigador Principal, permitiu estudar e desenvolver todas as soluções técnicas adotadas nestes OBS construídos para o Projeto EMSO. Campanha Oceanográfica Leg 1 A campanha oceanográfica EMSO-PT Leg 1 teve lugar ao largo da costa sudoeste de Portugal Continental entre 23 e 26 de maio, a bordo do navio de investigação Mário Ruivo. Durante a campanha, entre outras tarefas previstas no EMSO-PT, foram lançados três OBS, naquela que é uma das regiões de maior atividade sísmica do território português: dois deles equipados com um sismómetro de banda larga, um com um acelerómetro e todos contendo um hidrofone. Adicionalmente, cada OBS levava também meios de cultura para estudar as populações de bactérias bentónicas, como parte da tarefa a cargo da equipa liderada pelo Prof. Belarmino Barata, do Departamento de Química e Bioquímica da FCUL. Está disponível um diário de bordo de síntese da campanha e o registo em vídeo do lançamento de um dos OBSpela equipa do IDL.

Nesta missão, os OBS foram colocados a profundidades diferentes conforme a sua localização: no planalto de Sagres a cerca de 3000 m; no planalto do Marquês de Pombal a 2000 m; junto à falha Pereira de Sousa a 1200 m. No final da missão, que se prevê ter lugar em novembro deste ano, estes aparelhos terão registos de vários meses da sismicidade local e a sua triangulação permitirá localizar a origem dos eventos e a sua magnitude, estendendo, dessa forma, para o oceano a rede de observação terrestre. O hidrofone regista frequências altas, sendo ideal para a gravação de vocalizações de mamíferos marinhos (20-130 Hz). Regista igualmente a atividade sísmica e a partir dos seus dados é possível inferir parâmetros oceanográficos (o período e a altura das ondas, intensidade das correntes de fundo) e meteorológicos (o vento à superfície). As medições de natureza diversa obtidas por estes instrumentos e a sua configuração abrem portas a uma caracterização minuciosa da dinâmica do fundo marinho desta região. A sensibilidade dos sensores que integram um OBS, bem como a sua colocação no fundo do mar, obriga a uma série de precauções técnicas, concebidas e executadas pela equipa. Os

Estações sísmicas de fundo oeânico a serem preparadas 2021 Setembro 417

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Notícias do Mar

Equipa do Instituto Dom Luís OBS descem a uma velocidade de 1 m/s, mas é possível que, devido à topografia do fundo marinho, fiquem inclinados. Para lidar com estes casos, os instrumentos dos OBS incluem sensores de orientação para correção dos registos. Para além disso, todos os componentes têm uma frequência de ressonância que pode ser registada como sinal espúrio e que por isso precisa de ser mitigada ou anulada, neste caso pela carcaça exterior da estrutura. É esta alta sensibilidade que permite o registo de ondas gravíticas geradas por tempestades no oceano a milhares de quilómetros de distância. O equipamento, que no seu total pesa 175 kg fora de água e 30 kg em imersão, inclui ainda um datalogger com autonomia até um ano e meio, uma antena rádio, uma luz que se ativa no final da missão, quando a estrutura chega à superfície, e duas a quatro esferas 48

de vidro para efeitos de flutuação, para além da esfera estanque que contém os sensores sísmicos. Um OBS pode ser lançado para uma profundidade máxima de 6000 m. Na altura da recuperação, será emitido um sinal acústico para que o equipamento se liberte do lastro e inicie a sua subida até à superfície. Quando o OBS atinge a superfície, pode ser localizado com a ajuda de uma bandeira, da luz e do sinal de rádio, que apenas se ativam nessa altura. O lastro de ferro é abandonado no fundo, mas será completamente corroído no espaço de alguns meses a anos, dependendo do grau de atividade das bactérias quimiotróficas. Equipa do IDL no projeto UPFLOW A equipa do IDL dedica-se à construção de OBS desde 2004, participando desde então em 1-2 campanhas por ano. O desenvolvimento

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e construção do equipamento vai evoluindo à medida que as tecnologias e os recursos vão avançando. Um dos mais importantes contributos que este instrumento providencia é o aumento e a melhoria da informação sobre a atividade sísmica no Sudoeste da Ibéria, anteriormente monitorizado apenas por estações sísmicas em terra. A triangulação com os OBS vai permitir identificar de forma mais precisa a origem dos sismos que ocorrem na região. Uma das próximas missões em que estes cientistas participarão é sob a alçada do projeto UPFLOW (Upward mantle flow from novel seismic observations), liderado pela sismóloga Ana Ferreira da University College London (Reino Unido), cujo financiamento foi obtido através de uma “Consolidator Grant’, atribuída pelo Conselho Europeu de Investigação (ERC). O projeto pretende estudar a litosfera

e o manto na região que vai da Crista Média Atlântica até às Canárias, passando pelos arquipélagos dos Açores e da Madeira. Tem como objetivo compreender o fluxo ascendente no manto e qual o seu papel na origem dos arquipélagos dos Açores, da Madeira e das Canárias. Tratar-se-á de uma experiência sísmica passiva, com o auxílio de 50 OBS, que permitirá uma resolução da ordem dos 100-200 km, até uma profundidade de cerca de 1000-1500 km. A duração prevista da missão é de 14 meses e a primeira viagem de colocação dos instrumentos começou a 14 de julho, e levou um mês a instalar. A dimensão espacial e temporal sem precedentes desta missão proporcionará uma recolha extensiva de dados que poderão ajudar a desvendar processos e fenómenos no interior da Terra nesta zona de forte atividade sísmica e vulcânica a um nível nunca antes alcançado.


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Notícias do Mar

Algas Marinhas

WISSI As Algas do Atlântico Que Vai Querer à Mesa

Biológicas, apanhadas por mergulhadores certificados através de método 100% natural e sustentável, pioneiro no país.

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caba de chegar ao mercado e promete revolucionar a alimentação dos portugueses: a WISSI, marca

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portuguesa de algas marinhas, traz para a mesa o que de melhor se encontra no fundo dos oceanos e apresenta uma seleção

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de vegetais marinhos que combinam um enorme potencial gastronómico com benefícios incalculáveis para a saúde.

Entre as “estrelas da companhia” conta-se a Alface do Mar, que se apresenta em três versões: fresca e pronta a consumir, desidratada e ainda na versão aromática. A versão pronta a comer enriquece na perfeição saladas frescas, a versão desidratada pode ser consumida levemente cozinhada, em salteados de legumes ou sopas e a versão aromática poder ser usada como tempero em todos os pratos e refeições. O Chorão do Mar, crocante e intenso, com sabor a lembrar percebes é ideal fresco, e para preparação de tempuras e caldos de cozinha, mas também serve para dar um toque especial a arrozes


Notícias do Mar

ou papas. A estas junta-se o Wakame, a mais popular alga marinha, que se presta na perfeição ao consumo em fresco nas saladas, mas também em massas e sopas; o Esparguete do Mar, de sabor delicado e característico, que surpreende quando consumido desidratado ou em conserva; e o Kombu, com propriedades muito semelhantes às algas “kombu” japonesas, que constitui, quando fresca e seca, uma alternativa natural ao sal marinho, ajudando na cozedura e na digestão das leguminosas podendo igualmente ser ingerido Verdadeiros superalimentos, com uma combinação única de vitaminas e minerais essenciais, as algas marinhas atuam ao nível do bem-estar e do melhor funcionamento do corpo humano, nomeadamente na melhoria da saúde óssea e tensão arterial, no fortalecimento do cabelo, pele e unhas, na função cognitiva e cerebral, no bom funcionamento renal e, ainda, no aumento da saciedade, favorecendo o emagrecimento. “Estamos perante alimentos de uma riqueza única, trazidos aos consumidores no maior respeito pelo ambiente e através de métodos inovadores, o que, acreditamos, se reflete na qualidade das nossas algas”, explica Diogo Lopes, CEO da WISSI, surfista apaixonado pelo mar, que após uma carreira de mais de duas décadas numa empresa multinacional decidiu criar o seu projeto de sonho. Com efeito, “as algas WISSI são biológicas, apanhadas à mão no fundo do oceano Atlântico, por mergulhadores certificados e de forma totalmente natural - um

método sustentável e pioneiro no país.”, acrescenta o responsável. As algas WISSI podem ser encontradas no site da

marca (www.wissi.pt), juntamente com um conjunto dereceitas para ajudar a inspirar e a tirar o máximo partido deste alimento. Os pro-

dutos da marca estão ainda à venda em algumas lojas especializadas e preparamse para chegar, em breve, à grande distribuição.

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Notícias do Mar

Economia do Mar

Açores com 100 Escalas de Cruzeiros Até ao final do ano, os Portos Açoreanos devem registar 100 escalas de navios de cruzeiro.

O

s últimos quatro meses de 2021 deverão registar um significativo movimento de navios de cruzeiro nos Açores. Embora persistam as naturais interrogações inerentes à concretização desta programação. Face ao atual contexto, as cruise lines redefiniram rotas, criaram novos circuitos e muitas privilegiaram inequivocamente o destino Açores, motivo que nos leva a inferir a clara notoriedade que esta Região tem vindo a alcançar junto dos principais players do setor. Com base nesses pressu-

postos, até ao final do ano, as mais recentes previsões apontam para a concretização de cerca de 100 escalas de navios de cruzeiros, com o natural destaque a incidir no armador alemão ‘Hapag Lloyd Cruises’, que entre os inícios de setembro e finais de outubro vai colocar o navio ‘Hanseatic Inspiration’ a realizar cinco itinerários, numa operação quase exclusiva no arquipélago açoriano. Destes cinco cruzeiros resultam visitas a praticamente todas as ilhas e três turnaround efetuados em Ponta Delgada. A primeira viagem com

Navio de cruzeiro Vasco da Gama 52

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início em Bilbao, terminou a quatro de setembro, na cidade de Angra do Heroísmo. Seguem-se visitas à Graciosa, Flores, São Jorge, Faial, Pico, Santa Maria e São Miguel, onde finda o primeiro itinerário. No dia 13 de setembro, teve início o segundo périplo, desta feita no sentido inverso e com terminus em Tenerife, a 24 de setembro. Os três restantes itinerários são em quase tudo semelhante, com a alternância do turnaround port entre Ponta Delgada e Santa Cruz de Tenerife. Do mesmo armador, o ‘Hanseatic Nature’ e o referenciado ‘Europa 2’ complementam a extensa programação definida para o nosso arquipélago. No total, estima-se que só a Hapag Lloyd deverá representar cerca de 50% das escalas agendadas até ao final do corrente ano no arquipélago. Por seu turno, a Mystic Cruises regressa aos Açores com dois paquetes que ostentam pavilhão português. No dia 6 de outubro, o estreante ‘Vasco da

Gama’ tem previsto visitar Ponta Delgada e nos dias seguintes, Praia da Vitória, Horta e Lajes do Pico. Em novembro, será a vez do já conhecido ‘World Voyager’ realizar dois cruzeiros nos Açores, num total de treze escalas por estas paragens. Recordamos que este navio foi o protagonista da primeira fase da retoma de atividade de cruzeiros em Portugal, com 23 escalas nos Açores. Nesta fase, os navios de cruzeiros de expedição têm assumido um natural protagonismo, quer pela dimensão que lhes permite visitar regiões mais afastadas dos epicentros pandémicos, quer pela restrita lotação que passaram a disponibilizar. Com a evolução da pandemia e as recentes Resoluções do Conselho do Governo, novas dinâmicas foram criadas para que, progressivamente, se consiga um retorno a uma certa normalidade. Neste âmbito, já é possível vislumbrar alguns importantes ecos das diligências efetuadas pela tutela, nomeadamente com novas movimentações no sentido de os portos açorianos voltarem a dar as boasvindas a mais companhias e a navios de maior porte. Neste particular, estamos a prever que este regresso aconteça de forma naturalmente mais lenta, mas gradual, embora no âmbito das viagens transatlânticas e no corredor atlântico, estejam já programadas visitas aos Açores da TUI, AIDA, Phoenix Reisen, Celebrity Cruises, Holland America Line, Norwegian Cruise Line ou Fred Olsen, todos com navios acima de 25 mil GT.


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Notícias do Mar

Economia do Mar

As Oportunidades Azuis que Portugal Não Pode Deixar Escapar Em Portugal, a economia do mar assume-se de extrema relevância: corresponde a cerca de 5% do PIB, 5% das exportações e 4% do emprego nacionais. Estes valores estão entre os mais elevados nos Estados-membros da União Europeia.

Barco da pequena pesca

A

isto, soma-se o facto de ser verdadeiramente resiliente em tempos de crise:

em 2008, os setores da economia do mar mantiveramse robustos na geração de receita ena retenção de

emprego. Contudo, importa equacionar as ameaças: desde as alterações climáticas e os seus efeitos até à

Pequena pesca a descarregar polvos 54

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atual crise pandémica, que desafios enfrenta a economia do mar? Apesar da economia do mar ter crescido na última década, não houve um desenvolvimento tão forte em setores de inovação e produção. É a posição de Ricardo Serrão Santos, ministro do Mar, destacando que o crescimento se deveu ao “crescimento das atividades favorecidas pela proximidade do mar”, beneficiando do “dinamismo observado na atividade turística” a nível nacional. No entanto, “várias comunidades costeiras dependentes do mar estão social e culturalmente alicerçadas na pesca”, uma atividade que, nos últimos anos, “evoluiu pouco e carece de valorização”, refere. Recentemente, muitas comunidades costeiras usufruíram do crescimento do turismo para se desenvolverem: “Mas, como a pandemia de Covid-19 veio demonstrar, a economia baseada nesta atividade, até 2019 crescente e até pujante, é volúvel e de baixa resiliência”. E por isso a “diversificação de modelos e atividades económicas”, a “formação profissional” e a “facilitação da mobilidade entre profissões ligadas ao mar” afiguram-se como “instrumentos cruciais para a resiliência destas comunidades e para o desejável crescimento económico, sustentável e inclusivo”, defende.


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Motonáutica

Motonáutica

Texto e Fotografia Gustavo Bahia

Duarte Benavente e Sami Selio fazem os testes de F1H2O em Vila Velha de Ródão

Duarte conseguiu bom desempenho da seu MOORE/Mercury Depois de 1 ano e 8 meses sem competições do UIM F1H2O World Championship, finalmente a H2O Racing, Promotora Mundial da UIM para F1H2O conseguiu custurar um acordo com as Equipas para que o início do Campeonato 2021 tenha a primeira etapa em San Nazzaro, Itália.

Será que foi só o COVID? pesar de muitos desportes motor já terem voltado a atividade, desde 2020, como a Fórmula 1, Moto GP, Nascar, ELMS e muitas outras a Motonáutica foi extremamente afetada pelo COVID-19 e abandonada pelos Promotores. Entretanto, é muito importante tentarmos realmente analisar a fundo o que realmente está afetando a Motonáutica para além do COVID-19: falta de dinheiro para a promoção dos eventos nas diversas Classes da

A

F1 Atlantic Team com o F1 e o SJ-10 56

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Motonáutica

Sharjah Team de Sami Selio UIM. Acaba-se um desporte pela falta de capacidade de exposição e valorização do enorme potencial que existe nos barcos de competição. Em algumas localidades provas são realizadas sem nenhuma relevância mediática, sem impacto turístico, sem divulgação para além do universo restrito dos amantes das competições de barcos.

Nos Estados Unidos Class One e P1 conseguiram fazer várias provas Cada Promotor tem sua capacidade financeira e estratégia de mercado para organizar seus eventos, e, nesse particular, a P1 do Empresário indiano Azam Rangoonwala, comprou os direitos da Classe One e vem fazen-

do sucesso na América com um Calendário significativo para os tempos de Pandemia. A H1 Unlimited da APBA, também mantém um Calendário sustentável com várias provas. A estratégia demolidora da UIM em insistir em Campeonatos Mundiais de um fim-de-semana, mata qualquer Classe e pela total falta de estrutura e impor-

Vê-se o excelente posicionamento do barco para alta velocidade 2021 Setembro 417

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Motonáutica

Retornando ao pontão apos uma fase de testes tância dos eventos, muitos dos quais sem nenhuma expressão.

Uma coisa podemos garantir desenvolver a Motonáutica a nível mundial sem

dinheiro é inviável. Duarte Benavente e Sami Selio preparam-se treinando em Vila Velha de Ródão Mesmo durante o período

sem corridas, o F1 Atlantic Team manteve um programa de treinos regulares, para boa manutenção dos equipamentos e manter o piloto Duarte Benavente em boas condições físicas, para o retorno a F1H2O. O atual Campeão Mundial de F2, mostrou na Lituânia que está em boa forma física e com um equipamento altamente competitivo. Pena os acontecimentos questionáveis que lá aconteceram ou o piloto de Azeitão estaria em terceiro na Classificação do Mundial de F2. Antes da arrumação dos barcos e equipamentos para viagem a San Nazzaro, Duarte Benavente esteve durante o fim de semana de 27 a 29 de Agosto desenvolvendo um Programa de testes em conjunto com o Sharjah Team do Bi-Campeão Mundial Sami Selio. O piloto finlandes escolheu Azeitão como sua base operacional para as Equipas de F1H2O e F2, alugando alguns armazéns visinhos as instalações do F1 Atlantic

Vê-se a experiência e confiança no olhar do piloto português

O motor Mercury F1 de Benavente preparado no Canadá 58

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Duarte no cockpit após completar uma sessão de testes


Motonáutica

Sami Selio também conseguiu bom desempenho do seu BABA/Mercury Team. Sem dúvida, uma forma de interação entre Equipas rivais na água, mas que muito vem desenvolvendo com um trabalho conjunto altamente eficiênte. Não é à toa que nos importantes Circuitos Ingleses como Silverstone, Snetterton, Brands Hatch e muitos outros em vários países tem sede de Equipe de várias categorias e inclusive empresas fornecedoras

de peças especiais. Os testes aconteceram conforme previsão das duas Equipas e já estão a caminho de San Nazzaro, para esse recomeço importante para a F1H2O. O futuro da Motonáutica está focado nas crianças Aproveitando o fim-de-se-

Sharjah Team é Oficial da BABA do construtor Massimo Ruggiero

Final de uma sessão de testes para o Finlandês

No cockpit pronto para mais umas voltas 2021 Setembro 417

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Motonáutica

Aprendendo com um Campeão Mundial

Duarte Benavente e seu pupilo Francisco Branco da SJ-10 60

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mana de testes, Duarte Benavente levou o barco SJ10 para que o jovem piloto Francisco Branco pudesse dar seguimento ao seu Programa de testes. Com 10 anos Chico é um entusiasta e acompanha tudo de perto, procurando aprender o máximo com seu Professor Campeão Mundial. Os SJ-10 são construídos na Finlândia por Sami Selio, onde o Campeonato conta com mais de 15 barcos, um sucesso! Os motores são de 9.9HP Mercury ou de outros fabricantes, como Honda, Yamaha, Suzuki, Selva. As Escolas de Motonáutica da UIM já operacionais em vários países, é o mais importante trabalho que vem sendo desenvolvido em prol do futuro desse maravilhoso desporto motor.

Primeira Prova de F1H2O pós Covid


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Notícias do Mar

Economia do Mar

Portos do Continente Crescem 44,9 % no Movimento em Junho A Autoridade da Mobilidade e dos Transportes divulgou o seu mais recente relatório relativo à atividade portuária em junho.

Porto de Leixões mantém a quota de 17,3%

S

egundo os dados anunciados por este organismo, o volume de carga movimentada nos portos nacionais sofreu um crescimento homólogo de 44,9%, sendo que se atingiram, neste período os 7,52 milhões de toneladas, acumulando, para o 1.º semestre de 2021 um total de 43,69 milhões de

toneladas, o que representa um acréscimo de 10,9% comparativamente ao período homólogo de 2020. De acordo com o divulgado, em termos de distribuição de volumes por portos, Sines continua a liderar, no conjunto dos primeiros seis meses do ano, atingindo um volume 54,9%, superior em 5,7 pontos percentuais (pp)

Porto de Sines lidera com volume de 54,9% 62

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à que detinha no mesmo período em 2020. “Leixões mantém a quota de 17,3%, que lhe confere a segunda posição, mas inferior em 5,7 pp à que detinha em 2020, sendo seguido sucessivamente por Lisboa, que aumenta 0,5 pp para 11%, Setúbal, que recua 0,3 pp para 7,8%, Aveiro, que reforça 0,5 pp para 6,5% (sendo também a mais elevada de sempre nos períodos homólogos), Figueira da Foz, que reduz 0,5 pp para 2%, Viana do Castelo e Faro, com quotas respetivas de 0,4% e de 0,1%”, explica-se em comunicado. No que se refere ao segmento de contentores, de referir que foram movimentados no 1.º semestre de 2021 um total de 1,54 milhões de TEU, com um crescimento homólogo de 227,5 mil TEU (+17,4%), sendo explicado

este desempenho, segundo a AMT, pelo resultado do comportamento positivo de todos os portos do continente, sendo de realçar o crescimento dos portos de Sines e de Lisboa, que observam crescimentos respetivos de 166,3 mil TEU (+22,5%) e de 45,5 mil TEU (+34,4%). “Neste mercado Sines atingiu a quota maioritária absoluta de 58,9%. No segmento de transhipment, cujo volume de TEU representa 43,9% do total, Sines é responsável por cerca de 95% desse total. Nas operações relativas ao tráfego com o hinterland a liderança é detida por Leixões, cujo movimento representa 37,4% do total, seguido de Sines, com 30,6%, de Lisboa, com 20,2% e de Setúbal, com 10,6%”, refere ainda o comunicado enviado às redações. “Os mercados que maior influência exerceram no comportamento global do ecossistema foram os dos Produtos Petrolíferos e da Carga Contentorizada de Sines, com variações respetivas de mais 1,28 milhões de toneladas (+45,6%) e de 954,2 milhares de toneladas (+18,7%), que representaram 65,8% do total das variações positivas. Na terceira e quarta posições, em termos de volume dos acréscimos verificados, surgem os mercados da Carga Contentorizada e de Outros Granéis Sólidos de Lisboa, que manifestam aumentos respetivos de 369,6 (43,8%) e de 179,2 (46,7%), milhares de toneladas”, esclarece-se a terminar.


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Surf

Notícias do Surf Clube de Viana

Francisca Veselko

Kika Veselko e Maria Salgado sagram-se Campeãs Nacionais de Surf Esperanças Alto nível de surf, espera, boas ondas e excelentes perspetivas futuras para o surf feminino português marcaram a finalíssima do Campeonato Nacional de Surf Esperanças Feminino, que se realizou no fim-de-semana de 4 e 5 de Setembro na praia da Arda, em Viana do Castelo.

F

Francisca Veselko campeã nacional Sub 18 64

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rancisca Veselko arrecadou o título de campeã nacional Sub 18 e Maria Salgado o de campeã nacional Sub 16, numa competição onde estiveram 32 das melhores atletas esperanças portuguesas (Norte, Centro, Lisboa, Algarve, Madeira e Açores). Kika Veselko despediu-se do escalão Sub 18 com mais um título nacional. Disputou a final com Gabriela Dinis, que em 2020 revalidou o título nacional em Sub 16 que havia conquistado em Viana do Castelo, e que agora foi 2ª classificada, Beatriz Carvalho 3ª, seguida de Núria


Surf

Maganinho. Sente-se “super feliz” por ter conquistado esta vitória “numa final bem disputada” e “numa prova que correu bem”, com assinatura da Federação Portuguesa de Surf e do Surf Clube (SCV). Kika soma dois títulos nacionais Sub 16, um deles em Viana do Castelo onde também se sagrou vice-campeã Sub 18, e o ano passado tinha carimbado já o título de campeã Sub 18. A liderar atualmente o ranking nacional open e de olhos postos no título nacional a disputar em breve na última etapa da Liga MEO Surf 2021, considera ter tido “um ano consistente”. A jovem talento Maria Salgado, da Associação Sealand Santa Cruz, conquistou, aos 14 anos, o título nacional em Sub 16, deixando Teresa Pereira, de 13 anos, na 2.ª posição, seguida de

Erica Máximo e de Miriam Julião. “A prova correu super bem. Apesar do tempo de espera, as ondas valeram a pena. O swell da meiafinal e da final deu para fazer altas ondas. Agradeço à organização. Foi tudo espetacular”, refere. Conquistar este título era o seu objetivo, numa época em que tem “trabalhado muito” e que “tem corrido bem. Também fui campeã regional Sub 16 e Sub 18 e fiquei em 2º no Rip Curl GromSearch e no Volcom Surf Happening Ericeira.” Maria Salgado, que competiu pela primeira vez na praia da Arda, que classifica de “linda e com vários picos”, a curto prazo pretende focar-se no Pro Junior, na Liga MEO e, para o ano, revalidar o título nacional de Sub 16. João Zamith, presidente

do SCV, considera ter sido “uma prova extremamente desafiante, mas compensadora. Esperámos, e tivemos boas ondas, um nível altíssimo de surf feminino e com um potencial gigante, devido ao ritmo que as atletas apresentam com a idade que têm.” Nos dias 2 e 3 de setembro, o SCV organizou um estágio de preparação para esta finalíssima no Centro de Alto Rendimento de Surf de Viana do Castelo. Também durante a competição, as atletas de três clubes participantes ficaram alojadas nesta infraestrutura. O Campeonato Nacional Surf Esperanças encerrou o Viana Surf City Festival 2021, que também incluiu o I SurfingViana D´Agonia e o XXII Luso Galaico, que aconteceu entre 20 de agosto e 5 de setembro. O Viana Surf City Festival

2021 trouxe à praia da Arda 182 atletas, sendo a sua grande parte atletas de formação, com destaque para o feminino e para o Para Surfing. “A praia da Arda mostrou também nestes três campeonatos a consistência das suas ondas, afirmando-se como a praia ideal para campeonatos de surfing na época de verão”, explica João Zamith. O Viana Surf City Festival 2021, que teve o apoio do projeto INCLUSEA, cofinanciado pelo Erasmus+ Sport, enquadra-se num dos objetivos estratégicos do SCV: potenciar a competição na formação, posicionando-se como um importante parceiro no Norte de Portugal e Galiza. Também durante o domingo, teve lugar o lançamento nacional do livro Salitre, no CAR Surf de Viana.

Maria Salgado campeã nacional Sub 16 2021 Setembro 417

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Surf

Finalistas Sub 18 2021 Trata-se do primeiro trabalho coletivo de um grupo de fotógrafos: André Carvalho (Lisboa), Hélio António

(Nazaré), Tó Mané (Porto), João Bracourte (Algarve) e Pedro Mestre (Ericeira). A ideia nasceu em tem-

po de pandemia Covid-19 e materializou-se com fotografias de 2020 e de 2021. Além do enfoque no surf durante

a pandemia, segundo Tó Mané, o objetivo era, numa altura do digital, apostar na fotografia impressa.

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Notícias do Mar

Economia do Mar

Porto de Aveiro em Destaque

O Porto de Aveiro volta a assegurar o registo das melhores marcas de sempre no 1º semestre.

Porto de Aveiro

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egundo o relatório da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT), o Porto de Aveiro voltou a estar em destaque aquando do balanço da movimentação de cargas nos portos do continente. O relatório da

AMT enfatiza que o porto de Aveiro justifica um destaque por continuar a assegurar o registo das melhores marcas de sempre nos períodos homólogos. A infra-estrutura portuária movimentou cerca de 2,85 milhões de toneladas até

Junho. Este registo fixado na janela temporal Janeiro-Junho é superior em +5,2% ao anterior máximo, observado no ano de 2019. O positivo comportamento do Porto de Aveiro neste semestre está, ressalva a AMT, assente no

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comportamento da Carga Fraccionada (+190,6 mil toneladas ou +25%), dos Produtos Petrolíferos (+176,8 mil toneladas ou +90,7%) e ainda dos Produtos Agrícolas (+130,7 mil toneladas ou+35,6%). Com 2,85 milhões de toneladas de cargas processadas no semestre, a infraestrutura portuária aveirense registou um crescimento face a 2020 de +20,5%, detendo com tais números, uma quota de mercado nacional de 6,5%. Destaquese ainda o facto de o Porto de Aveiro ter obtido subidas homólogas face ao ano transacto em todos os três grandes segmentos de carga, ou seja, tratou-se de um crescimento transversal. Na Carga Geral, o porto obteve um crescimento homólogo de +25%, sustentado pelo sub-segmento da Carga Fraccionada, ao passo que nos Granéis Sólidos fixou um crescimento de 15,9% e, por fim, nos Granéis Líquidos, um crescimento de +22,4%, com uma subida acentuada do peso dos Produtos Petrolíferos, praticamente igualando o peso da categoria de Outros GL no resultado final do semestre. Recorde-se que a administração portuária havia já adiantado, na recta final de Agosto, os resultados da movimentação de cargas para o período Janeiro-Julho: nesses sete meses de 2021, o porto movimentou mais 17,6% de mercadorias face ao período homólogo de 2020, num total de 3.323 milhões de toneladas processadas na soma de todos os segmentos.


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Notícias do Mar

Última

Ciências do Mar

Universidade do Algarve no Top 20 Mundial

Universidade do Algarve

A

Universidade do Algarve encontrase classificada no Top 20 Mundial, em produção científica sobre Turismo Marinho e Costeiro. Segundo o Journal of Coastal Research, que apresenta uma revisão sobre a produção científica a nível mundial em Turismo Marinho e Costeiro, a Universidade do Algarve é a única instituição portuguesa a integrar o top 20 numa escala global, ocupando o 14º lugar. Os resultados apresentados, através de uma análise bibliométrica, fornecem uma avaliação sistemática dos artigos científicos sobre o Turismo Marinho e Costeiro em todo o mundo, através de uma análise multidisciplinar na base de dados WoS (Web of

Science). No total, 162 países contribuíram para este estudo. Os Estados Unidos lideram com 1.011 artigos, representando 16,33% de todas as publicações. Portugal ocupa o 11º lugar do ranking com 315 artigos, o que equivale a 3,47% das publicações. Para os excelentes resultados alcançados pela

Universidade do Algarve, muito contribuiu o trabalho realizado pelas suas Unidades de Investigação e Desenvolvimento (UI&D), como o Centro de Investigação em Turismo, Sustentabilidade e Bem-Estar (CinTurs), o Centro de Investigação Marinha e Ambiental (CIMA), o Centro de Ciências do Mar (CCMAR) e o pólo do CiTUR

Turismo marinho e costeiro

(Centro de Investigação, Desenvolvimento e Inovação em Turismo). Para a vice-reitora para a Investigação e Internacionalização, Alexandra Teodósio, “estes resultados explicam-se pela sinergia que existe entre as UI&D da UAlg, nas áreas do turismo, ambiente e ciências do mar, que permite investigação transdisciplinar e permitirá o posterior desenvolvimento de pós-graduações em turismo marinho e costeiro na academia”. A recente constituição do único Laboratório Colaborativo na área de Inovação em Turismo com sede no Algarve, o KIPT irá potenciará ainda mais a valorização do conhecimento e criação de emprego inovador na área.

Director: Antero dos Santos - mar.antero@gmail.com Paginação: Tiago Bento - tiagoasben@gmail.com Director Comercial: João Carlos Reis - noticiasdomar@media4u.pt Colaboração: Carlos Salgado, Carlos Cupeto, Gustavo Bahia, Hugo Silva, José Tourais, José de Sousa, João Rocha, João Zamith, Federação Portuguesa de Actividades Subaquáticas, Federação Portuguesa de Motonáutica, Federação Portuguesa de Pesca Desportiva do Alto Mar, Federação Portuguesa Surf, Federação Portuguesa de Vela, Associação Nacional de Surfistas, Big Game Club de Portugal, Club Naval da Horta, Club Naval de Sesimbra, Jet Ski Clube de Portugal, Surf Clube de Viana, Associação Portuguesa de WindSurfing Administração, Redação: Tlm: 91 964 28 00

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