Décima edição - Mergulho Diário 23/03

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MERGULHO DIÁRIO

Jornal Laboratório da Faculdade de Comunicação da UFJF • Juiz de Fora, 23 de Março de 2017 • Edição 10

FOTO: NEXO JORNAL

LEI DA TERCEIRIZAÇÃO AFETA RELAÇÕES TRABALHISTAS

Por 231 contra 188 votos, parlamentares aprovam a Lei da Terceirização irrestrita p. 8

CIDADE

POLÍTICA

Troféu Mulher Cidadã Servidores estaduais e municipais ficam será entregue para 15 de fora da reforma da mulheres previdência página 4

página 7

CULTURA Músicos independentes locais buscam incentivo página 13 1


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Juiz de Fora, 23 de Março de 2017

EDITORIAL

EXPEDIENTE

23 de março de 1938 Direitos conquistados há 70 anos correm riscos Precarização é palavra de ordem no Governo de Michel Temer. Sob a liderança de Rodrigo Maia (DEM-RJ), a Câmara dos Deputados aprovou ontem o projeto de lei que torna irrestrita a terceirização de qualquer tipo de atividade. A reconfiguração das lideranças de Temer no Congresso já indicara aos ventos, no início de março, que o peemedebista iniciaria, em breve, uma série de reformas impopulares; a popularidade, afinal, nunca cruzou com Temer nas ruas. Durante a última quarta-feira, na Câmara, o esforço sóbrio senão trágico de Maia para atingir o quórum mínimo necessário para iniciar a audiência foi índice da pressa do Governo Temer em levantar suas bandeiras reformistas, conhecidas desde os tempos de Ponte para o Futuro. As reformas, específicas no que diz respeito ao público-alvo, são discursadas sob a égide de avanços econômicos, também tão singulares quanto; a pergunta é se o empresariado irá terceirizar os empregados para bater panelas. Sancionadas na Era Vargas, as Leis de Trabalho têm suas bases enfraquecidas após o grito das 231 vozes na noite de ontem. Agora, a terceirização é irrestrita; antes, permitida aos setores públicos e privados somente no que dizia respeito a atividades-meio – que envolve trabalhos que não estão

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diretamente ligados ao principal objeto de negócio da empresa -, também foi autorizada a atividades-fim, referentes ao principal nicho de qualquer empresa. A precarização do trabalho vai ser conta certa nos próximos anos: o terceirizado tem jornada maior e menos estabilidade. O aclamado aumento do número de empregos vai vir a pé, acompanhado pelo decréscimo das condições de trabalho. Tornam-se maiores as brechas para a demissão de trabalhadores registrados pela CLT e contratação de funcionários terceirizados temporariamente; às empresas eram permitidas regularizar contratos temporários por três meses consecutivos. O tempo máximo, a partir da sanção de Temer, será correspondente a seis. O desemparo ao trabalhador é notável no exímio de responsabilidade da empresa contratante na prestação dos direitos básicos, pois o empregado poderá recorrer à Justiça apenas em último caso. Em linguajar conservador, a ordem e o progresso são complementares, respectivamente, a censura e oligarquia. Mais do que qualquer outro governante, Michel Temer entendeu o que precisa fazer para saciar os investidores e reequilibrar a (des) igualdade social. Até as mesóclises carregam o Brasil de volta à década de 1930.

Jornal Laboratório da Faculdade de Jornalismo da Universidade Federal de Juiz de Fora, produzido pelos alunos da disciplina de Técnica de Produção em Jornalismo Impresso Reitor Profº Dr. Marcus David Vice-Reitora Profª Drª Girlene Alves da Silva Diretor da Faculdade de Comunicação Social Prof. Drº Jorge Carlos Felz Ferreira Vice-Diretora Profª. Drª. Marise Pimentel Mendes Coordenadora do Curso de Jornalismo Integral Profª Drª Cláudia Thomé Chefe do Departamento de Métodos Aplicados e Técnicas Laboratoriais Profª. Drª. Maria Cristina B. de Faria Professoras Orientadoras Profª. Drª. Janaina de Oliveira Nunes Profª. Ms. Marise Baesso Tristão Repórteres Anna Carolina Cavalcante; Armando Júnior; Bárbara Guimarães; Cristiane Turnes; Elias Arruda; Enrico Monteiro; Júlia Lima; Lia Rezende; Luis Felipe Cardoso; Marina Urbieta; Mateus Bosse; Nayara Carvalho; Thaís Mariquito; Vitória Gonçalves Editores Leo Barbosa e Gabriel Ferreira Diagramação Ruth Flores Gonçalves Contato mergulhodiario@gmail.com facebook.com/mergulhodiario (32) 2102-3612


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ARTIGO VOZES SILENCIOSAS QUE ECOAM IMAGEM: REPRODUÇÃO GOOGLE

Por Leo Barbosa

A internet como força balizadora dos movimentos sociais, faz com que cantores e cantoras produzam mais conteúdo Em tempos de perseguição a direitos de minorias e a retrocessos sociais no Brasil, as expressões artísticas-culturais, em especial a música, têm ocupado a posição de contra-hegemonia do sistema. O conservadorismo latente, dentro e fora do país, ainda não conseguiu intimidar essa geração de artistas empoderados e inteirados da conjuntura socio-política atual. Como é bom haver esses espaços de luta, resistência e militância! A exemplo do samba que surgiu nos morros e, aos poucos, ocupou o asfalto; em terras tupiniquins, as vanguardas musicais cumpriram e cumprem esse papel desde sempre. Na eminência de um regime ditatorial, do movimento estudantil e universitário emergiram artistas combativos que se negaram a calar diante da força bruta. As vozes silenciadas dos guetos conquistam lugares progressivos em

nichos antes impenetráveis, pro- cas, temáticas profundamente popalando pela sociedade. litizadas e conteúdos audiovisuais A internet como força baliza- extremamente plásticos. Os espadora dos movimentos sociais, faz ços nas rádios e na televisão, antes com que cantores e cantoras pro- fechados para esse som, se vêm duzam mais conteúdo. Cantam, obrigados a atentarem para essa compõem, escrevem,falam e falam movimentação no mercado fonode si! A militância através da arte gráfico. E não é sobre o lixo cojá não é exclusividade das elites mercial feito para vender durante intelectuais. Hoje temos menos a o verão, é sobre a música que não branca guerreira cantando sobre é descartável no carnaval. Não são os ruídos bélicos de africanidades e mais a negra falando de negritudes. Não é mais um “paredão zangado” ou de um só o poeta do político e do femi- “bumbum granada”, mas são as nino da Lagoa Rodrigo Freire can- vozes armadas que ecoarão por tando cantando, mas é a travesti gerações em um país em que nada periférica falando de femininos e está tranquilo e tão pouco favorárepressão social. Os cantantes do vel. Estes ecos estão e continuarão início, sem dúvidas, foram e são vindo dos guetos, campos, morimportantes, inclusive referência ros e das favelas. Há quem goste para os atuais, mas estamos falan- de música vazia feita para dançar e não há problema nisso, mas há do de lugar de fala. canções com letras e melodias poO mundo digital também fez derosas suficientes para fazerem com que essa música alternativa cantar, dançar, refletir e se apaixotivesse sonoridades mais acústi- nar. 3


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CIDADE

EVENTOS EM JUIZ DE FORA DISCUTEM ATITUDE E LIDERANÇA FEMININA Entrega do Troféu Mulher Cidadã e Roda de Conversa: Liderança Feminina acontecem nesta quinta-feira

ILUSTRAÇÃO: VITÓRIA GONÇALVES

Por Thaís Mariquito

Eventos visam dar visibilidade ao trabalho da mulher e fomentar debate por igualdade de direitos Março é considerado o mês da mulher, em que se busca discutir o papel da mulher na sociedade em que vivemos, analisar as mudanças necessárias para uma realidade mais igualitária e também celebrar o que já foi conquistado. Para acrescentar ao debate, a Acesso Comunicação Júnior, empresa júnior da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), promove nesta quinta-feira a Roda de Conversa: Liderança Feminina com personalidades das esferas política, social e empresarial. “Vamos abordar várias formas de liderança feminina para tornar a discussão ainda mais enriquecedora. Além disso, estamos propondo o modelo de roda de conversa, para que fique mais dinâmico, haja maior absorção do conteúdo e mais troca de ideias, dando oportunidade de fala a todos”, explicou Júlia Garcia, coordenadora do Comitê de Responsabilidade Socioambiental, organizador do evento. 4

Além da roda de conversa, no mesmo dia será entregue o Troféu Mulher Cidadã a 15 mulheres de Juiz de Fora que, de alguma forma, se destacaram em suas áreas no último ano. O prêmio, que está em sua 11ª edição, foi estabelecido através da Lei 12.236 a fim de celebrar o público feminino por suas lutas, representatividade na sociedade e valorização. Segundo Maria Luiza Moraes, coordenadora da Casa da Mulher e uma das participantes da comissão que indica as mulheres homenageadas, o Troféu é uma forma de “distinguir as mulheres que fazem a diferença nas suas comunidades e nos seus ramos de trabalho, homenageá-las e dar visibilidade ao trabalho e esforço da mulher nesse mundo machista em que vivemos” Para Júlia, é muito importante que eventos como esses aconteçam nos dias de hoje. “O trabalho da mulher é, na maioria das vezes, subestimado e desvalorizado e eventos assim trazem

maior visibilidade à questão”. E Maria Luiza completa “Nós estamos em um momento em que a mulher está se colocando mais e lutando contra todo o preconceito. Infelizmente, essa é uma coisa que não vai acabar da noite para o dia, mas eventos assim contribuem para o debate pela igualdade de direitos”. A Roda de Conversa: Liderança Feminina acontecerá nesta quintafeira, 23, das 16h às18h na sala 5105 da Faculdade de Direito da UFJF e contará com a participação de Maria Aparecida Oliveira, presidente do Comitê de Cidadania de Juiz de Fora, Sandra Peron, presidente do Instituto Beneficente Peron e Flávia Cadinelli, jornalista e consultora em Comunicação e Marketing. A entrada é franca. A solenidade de entrega do Troféu Mulher cidadã será às 19h30, no Auditório do Centro de Artes e Esportes Unificados (Praça CEU), na 050, Av. Presidente Juscelino Kubitschek, 5899.


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CIDADE

INTECOOP/UFJF PARTICIPA DA ECONOMIA SOLIDÁRIA EM BH Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares retoma atividades após quatro anos Por Lia Rezende

Mais de 600 pessoas inseridas no mercado de trabalho e cerca de 35 Empreendimentos de Economia Solidária acompanhados: é essa a bagagem que a Intecoop, a Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP) da UFJF carrega nos seus quase 20 anos de existência. Depois de passar por um processo de desmonte institucional sobretudo a partir de 2012, a entidade voltou a se reestruturar em 2016 e vai, aos poucos, recuperando o ritmo: os cinco bolsistas da graduação e os três mestres da equipe técnica já acompanham al-

guns coletivos da cidade há alguns meses, participam de encontros regionais e vêm tentando elaborar sua nova metodologia de trabalho. Criada em 1998 ao longo da gestão da ex-reitora Margarida Salomão, a Intecoop foi uma das primeiras ITCPs que surgiram no Brasil. Inauguradas no início da década de 1990, as incubadoras populares trabalham pela construção de uma outra realidade: influenciadas pela Educação Popular de Paulo Freire e pelos ideais de cooperação, autonomia e autogestão da Economia Solidária, elas são uma das responsáveis por

estimular as associações e cooperativas de trabalhadores, além de ajudá-los na reivindicação de melhores políticas públicas para o setor - ações especialmente importantes em tempos de crise e desemprego. Desde ontem (22) que parte da equipe da incubadora participa do primeiro Seminário do Grupos e Mulheres da Economia Solidária de Minas Gerais. Quase 60 mulheres se reuniram hoje para discutir o papel feminino dentro do movimento, se aproximar, se fortalecer e trocar experiências. Eis o que algumas delas têm a dizer.

“O pouco que percebi dos grupos que incubamos é que as demandas deles são muito parecidas, sobretudo a necessidade de construir espaços como esse, de formação política. Sou também aluna de Serviço Social, eu valorizo muito a aproximação com os movimentos sociais.”

“Sou trabalhadora rural, participo de feiras no meu município e vim da Cáritas, pelo Movimento do Graal. É a minha segunda vez em BH e estou aqui hoje porque nós, mulheres, temos que lutar. Trabalhamos pesado e queremos melhorar a qualidade do nosso dia-a-dia.”

“Estou na Economia Solidária há apenas um ano, mas não fico só naquela de produzir e vender, não: eu milito também. Vir pra cá foi uma briga feia, porque tínhamos apenas duas vagas onde moro. Eu queria muito, muito vir, e consegui. A militância pra mim significa estar viva.”

Fátima Lamau, bolsista da Intecoop e estudante de UFJF

Lina Lúcia, de Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha

Sheila de Passos, no sudoeste de MG, recicla jeans

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CIDADE

NOVO LIRAA ALERTA PARA RISCO DE SURTO DE DENGUE EM JUIZ DE FORA

Índice de 4,8% é o maior desde março de 2015. Secretaria de Saúde já registrou 98 casos

FOTO: REPRODUÇÃO PJF

Por Mateus Bosse

Agente de endemia realiza busca por focos do aedes aegypti O segundo Levantamento Rápido do Índice de Infestação do Aedes Aegypti (LIRAa) do ano apontou índice de 4,8% em Juiz de Fora. Após a primeira apuração, em janeiro, marcar 3,4%, índice divulgado nesta quarta-feira revela risco de surto de dengue. De acordo com o Ministério da Saúde, para valores acima do limite de 4%, existe o risco de surto. O índice do último levantamento é o maior desde março de 2015, quando o LIRAa foi de 6.8%. Segundo informações da Prefeitura, os agentes de endemias visitaram 6 044 imóveis em 209 bairros durante uma semana em março. As propriedades particulares são a maior preocupação, acumulando 85% dos focos. Para o subsecretário em Vigilância em Saúde de Juiz de Fora, Rodrigo Almeida, esse é o maior perigo. Segundo ele, o problema é crônico e a porcentagem de 6

focos em imóveis particulares é alta desde o segundo semestre do ano passado. Rodrigo atribui o índice elevado a um descuido da população na eliminação dos focos, e garante que os cuidados devem ser tomados o ano todo. O subsecretário lembra ainda que a atenção deve ser redobrada, uma vez que o Aedes aegypti também é transmissor da febre amarela. A Secretaria de Saúde divulgou os bairros com maior incidência de infestação do mosquito. São eles: Nova Benfica, Bandeirantes, Parque Guarani, Santa Terezinha, Santa Cândida, Borborema, Mundo Novo e Nova Era. Nos primeiros três meses do ano, a Secretaria da Saúde registrou 98 casos. No mesmo período do ano passado, 19 746 casos foram registrados. Visando evitar o surto da doença, a Prefeitura informou que irá ampliar e reforçar as ações já

em andamento para prevenção e combate ao mosquito transmissor da dengue, zika, chikungunia e febre amarela. Rodrigo Almeida afirmou que os trabalhos de campo serão intensificados nas regiões com maior número de registros de focos. A manicure Sandra Silva, moradora do bairro Santa Terezinha, revela que, após contrair dengue no ano passado, redobrou os esforços na eliminação dos focos da doença. Segundo ela, no entanto, o trabalho é em vão quando a vizinhança não se une. Sandra conta que, após a epidemia do ano passado, quando grande parte dos vizinhos contraiu a doença, nenhum conhecido foi atingido pela dengue até aqui em 2017. Qualquer suspeita de foco de dengue pode ser denunciada através do Disque Dengue, pelo 199, que atende 24 horas.


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POLÍTICA

SERVIDORES PÚBLICOS MANTÊM MOVIMENTOS MESMO APÓS DECISÃO DO GOVERNO DE RETIRÁLOS DA REFORMA DA PREVIDÊNCIA Especialista acredita que recuo do Governo pode estar relacionado com tentativa de enfraquecer movimento contrário às mudanças Por Cristiane Turnes

Victória Mello, coordenadora do SindUTE

Victória vê a mudança como uma manobra do Governo para dividir o movimento contra a reforma: "Não vamos abandonar as outras classes trabalhadoras. A pressão dos servidores está fazendo os parlamentares recuarem. Mostra que nossa mobilização deu resultado. Não vamos parar". Segundo

ela, o movimento tem crescido, e mais uma escola aderiu ontem à greve: "Se a intenção era nos parar, isso não vai acontecer. Queremos que a reforma não seja realizada." Já o Sindicato dos Professores de Juiz de Fora (Sinpro JF) esteve reunido em assembleia na manhã desta quinta-feira (23), no Ritz Hotel, discutindo o seu posicionamento quanto à mudança e também quanto à reforma trabalhista. O cientista político Fernando Perlatto concorda com a coordenadora do SindUTE quanto à decisão de Temer. Para ele, a decisão do Governo visa a uma cisão no movimento contra o projeto: "Essa ação tem a intencionalidade de dividir a resistência, principalmente desses setores mais ativos e organizados, como os servidores públicos." Perlatto aponta que a reforma da Previdência é o projeto mais difícil de ser aprovado sem mudanças em curso na Câmara: "Diferente da PEC dos gastos que foi aprovada com uma certa facilidade, a Reforma da Previdência mexe com o bolso dos trabalhadores de maneira mais direta, o que leva a uma maior mobilização contra." Para ele, esse recuou do Governo reflete o peso das manifestações de 15

de março, que tiveram grande adesão das pessoas, especialmente por terem sido apartidárias, indicativo de um descontentamento geral. Perlatto acredita que outro fator é a própria divisão dentro das bancadas na Câmara, já que a pressão causada pelo movimento é mais sentida pelos deputados estaduais, prefeitos e vereadores. Diante disso, muitos políticos, inclusive da base aliada, tomam posições contrárias a alguns pontos da reforma: "Esses parlamentares, por terem seu eleitorado mais localizado, sentem muito mais a pressão popular que o Temer. Eles têm o interesse de que mudanças no projeto sejam aprovadas." Perlatto ainda acrescenta que mais modificações sejam feitas no projeto até conseguir ser aprovado, devido ao conteúdo muito radical das medidas. FOTO: UFJF.BR

FOTO: ANNA CAROLINA CAVALCANTE

A exclusão de servidores estaduais e municipais da reforma da Previdência, anunciada na noite do dia 21 pelo presidente Michel Temer, já repercute entre os trabalhadores em Juiz de Fora. A coordenadora do Sindicato Único de Educadores (SindUTE) Victória Mello afirma que o anúncio não muda em nada a posição da categoria que os professores estaduais vão continuar com a greve, mantendo o ato marcado para dia 28 de março contra a Reforma da Previdência e Trabalhista.

Fernando Perlatto, cientista político

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POLÍTICA

ESPECIALISTAS TEMEM SUC CONDIÇÕES DE TRABA

“Na minha perspectiva, esse projeto é um retrocesso gigantesco. Ele destrói uma história que vem se consolidando desde os anos 30/40, da ampliação da legislação social, de proteção ao trabalhador.” Essa é a opinião do cientista político Fernando Perlatto. Para ele, o Projeto de Lei (PL) 4.302/1998 ferirá gravemente a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), retirando direitos trabalhistas como: licença-maternidade, férias e décimo terceiro. O resultado será a sucateamento do mercado de trabalho. Já o economista Fernando Agra prega que uma união entre a nova e a velha legislação seria o ideal: “Eu sou a favor sim de que haja cada vez mais uma flexibilização, tanto da parte do empregado quanto do empregador, para que possa haver mais contratações. Mas também sou a favor de que o direito dos trabalhadores, assim como das empresas, sejam garantidos.” A legislação vigente restringe a tercerização das atividadesfim, ou seja, que se refere à finalidade pela qual a empresa foi criada. Por exemplo: a finalidade da escola é a educação e, para isso, precisa do professor, que não pode ser terceirizado. Atualmente, a terceirização é permitida apenas nas atividades-meio. Elas se referem a serviços que não implicam no objetivo final da empresa. No caso da escola, seriam os profissionais de segurança, 8

ARTE: VITÓRIA GONÇALVES

Após aprovação do Projeto de Lei que permite a terceirização das atividades fim, cresce maternidade e as férias, sejam perdidas. Economistas, porém, defendem necessidade

alimentação e limpeza. Com a PL 4.302/1998, esse cenário muda: tanto as atividades-fim quanto as atividades-meio serão permitidas na terceirização. Além disso, ela amplia o tempo permitido para contratações de serviços temporários, estendendo de três meses para seis meses, consecutivos ou não. Ao fim do tempo estipulado, a empresa apenas poderá convocar novamente o trabalhador após 90 dias do término de seu contrato anterior.

A votação Aprovada com 231 votos a favor, 188 contra e 8 abstenções, a PL divide as opiniões dos deputados. A oposição à PL queria rever alguns pontos do texto. Porém, como a lei já foi aprovada pelo Senado, não poderia ser reescrita, apenas aceita parcial ou integralmente. Agora depende apenas da sanção do presidente Michel Temer. Em busca do apoio desses deputados, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-


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CATEAMENTO DAS ALHO NO PAÍS

e a insegurança de que conquistas históricas, como a licençade flexibilização, mas sem redução de direitos trabalhistas Por Anna Carolina Cavalcante e Vitória Gonçalves atividades, as empresas deixem de contratar segundo a CLT e passem apenas a recorrer aos trabalhadores temporários. Por outro lado, a Confederação Nacional da Indústria acredita exatamente o oposto: que a terceirização irá ampliar a economia, estimular a segmentação de atividades nas empresas e conceder liberdade aos empresários de como utilizar seus recursos. Deputados mineiros na votação Entre todos os deputados de Minas Gerais, 27 votaram a favor da aprovação, 17 contra e apenas um se absteve. Daqueles com base eleitoral em Juiz de Fora e região (conforme destacado na arte ao lado), dois votaram não para o projeto e um votou sim. Em declaração em suas redes sociais, Júlio Delgado declarou: "Infelizmente sofremos uma derrota lamentável ontem à noite. Votei contra a terceirização, como votarei contra qualquer projeto que prejudique os direitos dos trabalhadores.". Já o tucano Marcus Pestana, em sua conta no Twitter, escreveu: "Não há precarização. Em nenhum país do mundo existe diferença entre atividade fim e meio. A liberdade de organização econômica gera empregos. Votei sim pela regulamentação da terceirização que garante direitos dos trabalhadores e favorece criação de empregos com fim da judicialização."

ARTE: VITÓRIA GONÇALVES

RJ), e os líderes do governo ofereceram acrescentar os detalhes reclamadados no Projeto de Lei da Câmara (PLC) 30/2015, que também trata sobre regularização da terceirzação, já aprovado pelos deputados e espera votação no Senado. Porém a oposição não aceitou o acordo e obstruiu a votação de ontem. Entre as reclamações da oposição estavam: • a retirada do trecho em que permite a substituição de grevistas, se a greve for declarada abusiva ou houver paralisação de serviços essenciais. • determinação de que o contrato temporário fosse restrito ao meio urbano e excluísse o meio rural. Além da impossibilidade de realização de contratos temporários entre empresas do mesmo grupo econômico. • possibilidade de contratos temporários contínuos, ao invés da necessidade da espera de 90 dias entre um e outro. Previsões para o mercado de trabalho "A tendência que nós temos nos próximos anos é uma ampliação do desemprego. A terceirização não vai resolver o problema do desemprego e mais do que isso: os trabalhadores empregados estarão seriamente em risco. As suas condições de trabalho tenderão a ser cada vez mais precarizadas", teme Fernando Perllato. Outro medo da oposição é que, devido à flexiblização das

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CIDADE

MÉDICOS DO BARULHO LEVAM ALEGRIA AOS HOSPITAIS São 21 anos e mais de 600 mil pacientes visitados

FOTO: ARQUIVO PESSOAL

Por Elias Arruda

Grupo completa 21 anos na cidade Levar alegria a quem precisa. Esse é o principal objetivo da fundação médicos do Barulho. O grupo atual em hospitais fazendo visitas aos pacientes internados. Amaury Mendes é conhecido como Palhaço Fuzil. Ele foi o idealizador do projeto em Juiz de Fora, e fala disso com orgulho “Há 21 anos começamos com as atividades aqui na cidade. O mais difícil nunca é iniciar um projeto, mas sim fazer com que ele continue com o passar dos anos”. Atualmente os Médicos do Barulho contam com 150 voluntários. Segundo Amaury, em todos esses anos de trabalho, milhares de crianças e adultos foram contemplados com as brincadeiras do grupo “Nesse período atendemos cerca de 600 mil pessoas sempre com bom 10

humor, carinho e alegria. O nosso principal objetivo é humanizar o ambiente hospitalar”. No próximo domingo (21) os Médicos do Barulho vão realizar o Piquenique dos Médicos do Barulho. O evento vai acontecer próximo a reitoria da UFJF “O Piquenique vai começar às 9h da manhã e vai se estender pela parte da tarde. A entrada é franca e cada participante deve levar seu lanche para compartilharmos. Durante o evento vamos ter apresentações de palhaços, gincanas, recreação, contação de histórias e muito mais”. Pensando na manutenção e nos custos da fundação uma camisa foi criada e vai ser vendida no Piquenique “A entrada é de graça mas aqueles que quiserem nos ajudar podem comprar a camisa do evento. Ela

está custando R$ 25,00 para adultos e crianças. O nosso trabalho não possui patrocínio, apenas doações. Precisamos investir em materiais como fantasias e brinquedos, além de cobrir os custos fixos que temos” Além de um dia de lazer, Fuzil espera encontrar fora do hospital alguns dos pacientes que já foram atendidos por eles “Queremos ver novamente todos os amigos que conhecemos ao longo da história. Encontrar com eles em um lugar tranquilo, divertido, sem aparelhos de hospitais e medicamentos será uma grande alegria. O evento é uma oportunidade também para as pessoas que querem conhecer nosso trabalho”. Outras informações sobre o evento é só acessar as redes sociais do grupo Médicos do Barulho.


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ECONOMIA

PESQUISA REGISTRA AUMENTO NO PREÇO DO LEITE TIPO C Valor do produto apresenta reajuste de 1,09% em relação à semana anterior

FOTO: REPRODUÇÃO PJF

Por Nayara Carvalho

Gráfico demonstrativo da pesquisa feita pela SAA, junto com a DFAPRI Segundo levantamento do preço do leite tipo C, houve um aumento médio de 1,09% no valor em relação à semana passada (em que houve queda de 0,48%, e o valor médio de comercialização do produto era R$ 2,868). A Secretaria de Agropecuária e Abastecimento (SAA) da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), que realiza semanalmente a pesquisa para análise do custo do leite integral, divulgou os dados nesta quarta-feira, 22. O valor, em média, de comercialização do produto passou a ser de R$ 2,89. Porém, nao foi registrada alteração nos valores máximo e mínimo do produto, que continuam sendo R$ 3,50 e R$ 2,25,

respectivamente. A variação, em relação ao mesmo período do ano passado, é de 14,46%. A pesquisa foi aferida pelo Departamento de Fomento Agropecuário, Promoção Rural e Informação (Dfapri), da SAA, em 53 estabelecimentos que se localiam nas oito regiões da cidade. Priscila Rezende, 35 anos, dona de casa, disse que a variação do preço do leite prejudica muito o consumidor. “Em um dia, o leite está barato, a gente fica tranquilo e deixa pra comprar depois. Mas, na semana seguinte, o preço já mudou, e a gente deixa até de comprar.” A situação piora pra quem

é mãe e usa o leite pra alimentar seus filhos. “Tenho um bebê de 1 ano em casa, não posso amamentar e dependo do leite. Mas não trabalho, nem sempre tenho condições de comprar quando o preço sobe”, conta Patrícia Silva, 39. De acordo com a SAA, os dados servem para informar a população sobre as variações de preço do produto e orientar as relações comerciais entre produtores de leite e laticínios da região. Além disso, é através do percentual do valor médio de comercialização que os laticínios estabelecem, juntamente com produtores da cidade e região, o preço do leite in natura. 11


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Juiz de Fora, 23 de Março de 2017

SEGURANÇA PÚBLICA

HOMEM DE 20 ANOS É MORTO EM JF O crime ocorreu nessa madrugada no Bairro Santos Anjos

O homicídio aconteceu na rua Padre Arnaldo Jansen, e a vítima foi encontrada por quatro adolescentes, que segundo o depoimento dado a Polícia Militar, estava caída no chão da sala, com grande sangramento e perfurações no corpo. O SAMU compareceu ao local e constatou o óbito. Segundo a perícia, foram oito perfurações causadas por arma de fogo As testemunhas relataram em depoimento, que estavam todos na casa de um amigo, quando o suspeito entrou e efetuou os disparos na direção do jovem e logo e depois saiu do local. No local ainda foram encontrados um celular no bolso da vítima, um estojo e quatro projeteis que estavam caídos no chão. TENTATIVA DE HOMICÍDIO NO BAIRRO SANTA CÂNDIDA Na manhã de ontem, um adolescente de 16 anos foi ferido por disparos de arma de fogo. Os tiros acertaram a região lombar e a cabeça Segundo o boletim de ocorrência, a vítima seguia para o bairro Linhares, em direção a casa de familiares, quando foi abordado por um rapaz de 15 anos que efetuou os disparos, que fugiu logo em seguida. O autor ainda não foi localizado. 12

PM REGISTRA CASOS DE ROUBO NESTA QUARTA-FEISequência de assaltos assusta moradores de Juiz de Fora Por Luis Felipe Cardoso Região Central Idoso de 68 anos tem carro roubado enquanto estacionava em um comércio no morro da Glória. A vítima relata que o assaltante estava com a mão de baixo da blusa, simulando uma arma. Logo em seguida pegou o veículo e seguiu em direção ao bairro Borboleta. No bairro Alto dos Passos, um adolescente de 15 anos, seguia pela rua Dom Silvério, por volta de 18h40 da noite, quando foi abordado pelo assaltante que roubou seu celular. Um rapaz de 17 anos foi roubado enquanto aguardava um coletivo no ponto de ônibus na rua Espírito Santo, no bairro Granbery. Segundo a vítima, por volta das 18h ela foi abordada por um homem, que lhe perguntou as horas e, ao abaixar o aparelho celular para informá-lo, ele teria puxado o aparelho de sua mão e saído correndo em sentido à Praça Antônio Carlos. O autor foi perseguido pela vítima e, posteriormente, preso pela Polícia Militar. Zona Leste Uma mulher de 50 anos estava em um ponto de ônibus no Bairro Grajaú, por volta das 22h, quando foi abordada por dois indivíduos em uma moto CG Titan. O carona desceu da moto e levantou a blu-

sa, mostrando algo como se fosse uma arma de fogo e anunciou o assalto. A mulher, sem entender, não obedeceu. O indivíduo tirou a arma da cintura e disse que não se tratava de uma brincadeira, ainda assim a vítima resistiu e teve seu celular tomado de sua mão e foi derrubada no chão. A polícia ainda não conseguiu encontrá-los. No bairro Progresso, um taxista de 51 anos teve um celular, uma chave de automóvel e R$ 170 reais roubados. O ato aconteceu depois que dois rapazes solicitaram uma corrida, e chegando ao destino retiraram uma faca e anunciaram o assalto. Logo em seguida fugiram em direção ao bairro Bandeirantes. Zona Norte No bairro São Dimas, mulher de 22 anos teve seu celular roubado por três homens, enquanto saia do estacionamento do Shopping Jardim Norte. Temendo sofrer outro ato de violência, ela entregou o aparelho sem nenhuma reação. Motoboy de 21 anos é assaltado por ex-cunhado e ex-sogro enquanto fazia entrega no Bairro Jóquei Clube. Os autores exigiram que ele entregasse o documento da motocicleta e logo em seguida o agrediram com socos e pontapés. Logo em seguida fugiram com a motocicleta do entregador.


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Juiz de Fora, 23 de Março de 2017

CULTURA

DEPOIS DE QUATRO ANOS, ROUPA NOVA VOLTA A JUIZ DE FORA Com quase quatro décadas de carreira e formação original, banda promete um passeio pelos maiores clássicos FOTOS: SITE BANDA

Por Bárbara Guimarães

Integrantes originais desde a formação chegam para animar a cidade

Foi numa festa, gelo e cuba-libre. E na vitrola whisky à go-go. Impossível ler sem cantar o trecho de uma das músicas mais conhecidas do Roupa Nova. E não tem problema cantar certo ou errado, importante é aproveitar o show, nesse sábado (25), no Terrazzo, em Juiz de Fora. O grupo, que já tem 37 anos de estrada, conta até hoje com os integrantes originais. E são eles: Cleberson, teclado e vocal; Feghali, teclado, violão, voz, guitarra e vocal; Kiko, violão, guitarra, voz e local; Nando, baixo, baixo acústico, violão, voz e vocal; Serginho, bateria, djambe, voz e vocal, e Paulinho, voz e AGENDE-SE:

Mais uma edição do Festeja: Um dos maiores eventos sertanejos do Brasil, Festeja, chega nessa sexta (24) em Juiz de Fora! O Festival, desembarca no Parque de Exposições, no dia 24 de março de 2017. A festa conta com Kléo diBah e Rafael, Maiara e Maraisa, Zé Neto e Cristiano e Marília Mendonça. Os ingressos estão disponíveis no stand da Mister Moore.

percussão. Desde a década de 1980, os meninos emplacam sucessos, como “Canção de Verão”, nas novelas e rádios. De lá pra cá já foram 22 CDs e 5 DVDs e mais de cinco milhões de discos vendidos. Os sucessos são conhecidos, “Dona”, de Roque Santeiro, e “Coração Pirata”, de Rainha da Sucata. Para ouvir esse e outros sucessos é só conferir o show no Terrazzo, Avenida Deusdedit Salgado. Os ingressos estão disponíveis para venda na internet e já estão no terceiro Lote. As vendas para camarote já estão esgotadas. Tem show da banda Chapeleiro Maluco, no Cultural A cultura pop toma conta do Cultural Bar neste sábado (25)! A “Festa do Chapeleiro” oferece ao público uma viagem aos clássicos do rock até os mais atuais hits pop-rock. O grupo interpreta grandes sucessos do rei Michael Jackson e das várias fases do Rock Brasil. Ingressos no escritório do Cultural, R. Halfeld, 513/sala 328 – Centro.

DISCOGRAFIA Com as mudanças sofridas pela indústria fonográfica no início dos anos 2000, os músicos decidiram criar um selo próprio - o Roupa Nova Music - gerenciando e distribuindo o próprio trabalho. - 2004, lançam o CD e DVD RoupAcústico, que obteve a incrível marca de 220.000 DVDs e 320.000 CDs vendidos, arrematando as principais premiações do mercado da música na época. - 2009, realizam um sonho antigo: gravar no célebre estúdio Abbey Road em Londres. O projeto “Roupa Nova em Londres” recebeu o prêmio Grammy Latino na categoria Melhor Álbum Pop Contemporâneo Brasileiro. - 2010, produzem o projeto comemorativo “Roupa Nova 30 anos”, celebrando uma história de sucessos. - 2012 divulgam o DVD “Cruzeiro Roupa Nova”, onde interpretam suas músicas num ambiente único: um transatlântico em alto mar. E a banda dos pequenos grandes talentos, volta aos palcos Abracadabra, formada por 11 crianças e adolescentes (dos 7 aos 16 anos) sobe mais uma vez ao palco do Cultural, neste domingo (26), às 16h. O objetivo do projeto idealizado pela “Estação Palco” é resgatar a magia da música infantil. Os ingressos estão sendo vendidos no escritório do Cultural Bar, R. Halfeld, 513/ sala 328 – Centro.

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Juiz de Fora, 23 de Março de 2017

CULTURA

MÚSICA LOCAL RESISTE MESMO COM POUCOS INCENTIVOS

Cenário alternativo encontra dificuldade para se manter, mas busca apoio na legislação, como a Lei Murilo Mendes

Por Armando Júnior

FOTO: JOÃO VITOR MEDEIROS/CASABSURDA

Longe dos grandes orçamentos como também gerar meios para A estudante de jornalismo Aline e de grandes públicos, os espa- que a criação musical se perpe- Negromonte, 25 anos, frequenta ços culturais independentes de tue”. casas independentes de Juiz de Juiz de Fora enfrentam inúmeros Esse é o caso da CasAbsurda, Fora e considera que é preciso obstáculos para continuar na ati- um espaço alternativo que rece- haver mais investimento e inva diante de um cenário de crise be diversos eventos culturais e centivo para o setor, mas destaca e de baixa demanda por música artísticos em Juiz de Fora. Ga- que existem bons locais na cidaalternativa. Mesmo com esses briela de Moraes, moradora e de: “Se você procurar, encontra problemas, a cena underground coordenadora da casa, avalia que lugares para curtir música alterjuiz-forana resiste e nativa. Juiz de Fora mostra um mertem algumas opções cado com diverinteressantes para sas possibilidao público que está des. cansado de ouvir o Mineiro de que toca sempre em Teófilo Otoni, qualquer balada por Thiago Lopes aí”, completou. está em Juiz de Os músicos e doFora há 12 anos nos desses ambiene considera que tes ressaltam que é a cidade tem preciso um envolmuitos espaços vimento maior do a serem explopoder público para rados. No cenáincentivar a arte lorio musical descal. É preciso políde 2009, Thiago ticas públicas para destaca, no enBaile do Cachorro, show de rap promovido pela CasAbsurda a promoção e detanto, que esse mocratização desses em fevereiro de 2017 mercado está espaços. Leis de inum pouco conturbado, uma vez esses lugares encontram “dificul- centivo, como a Murilo Mendes, que os locais estão cada vez mais dades para financiar a produção por exemplo, são apontadas pelo reduzidos. “A demanda de músi- de eventos, e encontrar o públi- músico Thiago Lopes como um cos na cidade é alta e a falta de co-alvo de certos artistas deman- bom exemplo para o estímulo à lugares que incentivam a música da tempo e grana”. Garé, como arte local. dificulta que a classe se estabele- também é conhecida, consideJuiz de Fora foi a primeira ciça”, completou. ra também que a demanda por dade do interior do país a regu“Juiz de Fora é um celeiro de música autoral e artistas locais lamentar uma lei de incentivo grandes músicos. É no mínimo é pequena na cidade. Para Garé, cultural. A Lei Murilo Mendes um paradoxo ter tantos artistas e isso se deve a um conjunto de fa- foi criada em 1990 e destina repoucos espaços para a arte”. Essa tores, como a falta de incentivo cursos para a democratização e é a constatação de Gilbert Salles. das rádios da cidade e da falta de Cantor e compositor, Gilbert financiamento para a promoção fortalecimento da produção artística local. Para obter um inconsidera que existem poucos de festivais, por exemplo. locais para os artistas indepenEssas iniciativas são marcadas centivo, é preciso participar de dentes da cidade desenvolverem por atraírem um público especí- um edital público que passa pela seu trabalho. Por outro lado, fico. Com espaço reduzido na mí- Comissão Municipal de Incenti“encontramos espaços que bus- dia tradicional, a divulgação fica vo à Cultura (COMIC), responsácam não só divulgar o que se faz, restrita a um nicho de mercado. vel por selecionar o projeto. 14


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Juiz de Fora, 23 de Março de 2017

CULTURA

PROJETO PROPÕE TROCA DE EXPERIÊNCIAS ENTRE MULHERES POR MEIO DA DANÇA

Iniciativa, com o apoio da Lei Murilo Mendes, tem o objetivo de no final do curso fazer um espetáculo sobre a própria história das participantes

FOTO: PROJETO E DANÇO

Por Marina Urbieta

Exercícios de dança em sala de aula Tornar possível o sonho de mulheres comuns que enfrentam dupla jornada todos os dias e, por isso, distanciaram-se do que mais gostavam é o que propõe o projeto E Danço. A partir do dia 1º de abril serão ministradas aulas de dança contemporânea no Estação Cultural, que propõe uma troca de experiência entre o público que se identifique pelo gênero feminino. Com o apoio da Lei Murilo Mendes, o projeto nasceu a partir da educadora, bailarina e artista brincante Aline Velozo e da professora e coreógrafa Jaqueline de Paula, “que foram impulsionadas a pesquisar, produzir e criar uma proposta em dança e criação capaz de vasculhar a representação de suas próprias histórias.” Intenção do projeto “Construir um espetáculo de dança que tenha como foco principal o poder feminino. Amizades, amores, encontros, desencontros, labores e humores.” Segundo Aline Velozo, entre os meses de abril a novembro, o fio condutor das aulas será permeado

pelas histórias das próprias alunas mães, trabalhadoras, estudantes. De acordo com as organizadoras do projeto, as inscrições chegaram a 65 mulheres de diferentes idades e com experiências anteriores na dança ou não. “No dia 1º de abril, quando o curso começar, irão aparecer mulheres que nunca dançaram, mas que persistem no sonho há mais de 50 anos, outras que tinham contato, mas que por motivos de falta tempo, tiveram que parar”, explica Aline. A citotécnica Alice Elaine Barbosa, 51, foi uma das inscritas e está animada com a nova experiência: “Quando eu era jovem tinha o sonho de fazer faculdade de dança, mas minha família, principalmente meu irmão, me fizeram desistir, então, segui na área de citologia mesmo.” Espaço/Tempo Aline e Jaqueline pensaram também no espaço/tempo. A possibilidade de escolher um horário às sextas e aos sábados permite uma maior flexibilidade, não sendo

obrigatório ir nos dois dias. “Muitas escolas de dança não permitem uma permutação de horário, o que inviabiliza as mulheres irem às aulas, trabalharem e cuidarem de casa, por exemplo.” Nota As aulas no Espaço Cultural contarão com diferentes especialistas que apresentarão “outros contextos artísticos e sociais para compor a proposta triangular: apreciação, contextualização e ação através do intercâmbio de saberes visando a contribuir com suas experiências corporais e cênicas”. Além disso, uma vez por mês terão oficinas abertas ao público. Serviço Estação Cultural - R. Halfeld, 235 - Centro, Juiz de Fora (Praça da Estação) Inscrições gratuitas até o dia 30 de março Primeiro encontro: 1 de abril Horário: 9 horas 15


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Juiz de Fora, 23 de Março de 2017

ESPORTE

EM BUSCA DO EMPATE

JF Vôlei joga hoje em Taubaté, contra o time da casa, tentando empatar série das quartas de final após derrota em Minas FOTO: ENRICO MONTEIRO

Por Enrico Monteiro

No treinamento, o técnico Henrique Furtado priorizou a conversa, saques e ataques

O JF Vôlei está no Vale do Paraíba, em São Paulo, para disputar o segundo duelo das quarta de final da Superliga Masculina de Vôlei 2016/2017. Em Taubaté, a equipe entra em quadra hoje para enfrentar o Funvic/ Taubaté, e buscar o empate da série melhor de cinco jogos após derrota em casa, no último sábado, por 3x0. O time chegou ontem à tarde na cidade paulista e, à noite, treinou no Ginásio do Abaeté, o mesmo que recebe o jogo de hoje. Na atividade, o treinador Henrique Furtado priorizou as conversas com o elenco, para arrumar os erros apresentados no primeiro duelo. No último sábado, o time jogou muito bem dois sets, e o sentimento da torcida é que faltou uma ‘experiência para decisão’ aos jogadores para que a vitória na parcial pudesse ter acontecido. 16

Apenas no terceiro set que o time paulista dominou o jogo e ganhou sem muitas dificuldades. Sobre isso, Henrique Furtado avalia que os jogadores, apesar da pouca idade, passam por isso nos treinos e nos jogos, e que esses momentos são importantes para o prosseguimento da carreira deles. “No treino, quando tem que reverter uma dificuldade, é uma forma de se aprender a jogar esse tipo de momento, a outra é jogando”, avalia o treinador, que lembra que os jogadores já passaram por torneios importantes na base, mas que é a primeira vez nos playoffs da Superliga. Para o duelo desta noite, o técnico priorizou alguns aspectos do jogo, como o ataque e o saque: “Fizemos uma preparação geral, pois o time deles é muito forte, mas focamos em alguns detalhes do nosso jogo para que tenhamos um crescimento. Trabalhamos

alguns detalhes do nosso ataque, que vai ser importante evoluir para enfrentar essa forte equipe, e uma agressividade, mas também regularidade do saque”. O levantador Rodrigo Ribeiro, um dos mais experientes jogadores do elenco, disse que a equipe vai se doar ao máximo para buscar o empate da série. “Estudamos o Taubaté e vamos concentar nossas forças para neutralizar os pontos fortes deles”. Rodrigo também comentou sobre o quanto a vitória sobre o Taubaté no último jogo da temporada regular, aliado aos dois bons sets do último sábado, podem ajudar a confiança do JF Vôlei: “Acreditar já é uma característica nossa, de utar e nunca desistir independente do jogo, do adversário e do lance, e esses resultados, mesmo com a derrota por 3x0 no último jogo só vem a confirmar que podemos vencer o confronto”. A bola sobe no Ginásio do Abaeté às 21h55, e o jogo terá transmissão da RedeTv e do Sportv.com

Série JF Vôlei x Funvic/Taubaté Jogo 1 - JF Vôlei 3 x 0 Funvic/Taubaté - 18/03 - 18h - UFJF Jogo 2 - Funvic/Taubaté x JF Vôlei - 23/03 - 21h55 - Abaeté Jogo 3 - Funvic/Taubaté x JF Vôlei - 27/03 - 18h30 - Abaeté Jogo 4* - JF Vôlei x Funvic/Taubaté - 01/04 - UFJF Jogo 5* - Funvic/Taubaté x JF Vôlei - 06/04 - Abaeté * Se necessário


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Juiz de Fora, 23 de Março de 2017

ESPORTE

PRIMEIRA CORRIDA DO RANKING 2017 JF SERÁ NESTE DOMINGO Regulamento para as 11 provas do calendário oficial que serão realizadas ao longo do ano foi divulgado esta semana

Por Júlia Lima

mento de profissionais da área. Para o iniciante, a dica é procurar um educador físico, médico ou fisioterapeuta, para fazer uma avaliação e, assim, ser encaminhado a uma atividade adequada. “Às vezes, a pessoa quer correr, mas tem uma lesão da qual não tem conhecimento, então é preciso procurar um profissional”, ressalta. A assistente de fiscal em escritório de contabilidade Michele Aparecida Sales participa, há três anos, tanto das corridas do ranking, quanto de outras que ocorrem em Juiz de Fora. Aos 30, Michele diz que o ânimo em se envolver com tantas atividades deve-se à “sensação de bem-estar após a corrida”. Ela conta ainda que, há dois anos, sofreu de fascite plantar, que é uma inflamação na sola do pé, devido ao excesso de corridas. A partir daí, procurou acompanhamento médico. Assídua das corridas de rua, Michele manifesta insatisfação com os valores cobrados pelas inscrições. “Alguns organizadores se preocupam mais em ganhar dinheiro e menos em manter a qualidade dos eventos que, aos poucos, estão perdendo o conceito de incentivar a prática de atividades físicas.” De acordo com a assessoria, a SEL manteve os valores dos pacotes deste ano similares aos de anos anteriores, a fim de “deixá -los mais acessíveis aos corredores”. De acordo com o regulamento, as inscrições poderão ser feitas até sete dias antes da prova. A SEL determinou o valor destas em R$ 50 para o

primeiro lote, e R$ 60 para o segundo. Haverá 200 inscrições promocionais (sem kit do corredor) no valor de R$ 30. Elas poderão também ser gratuitas, caso o patrocinador assim determine. Atletas acima de 60 anos pagam 50% do valor em cada prova. Pessoas que comprovem situação de deficiência física terão isenção na taxa. As inscrições são de responsabilidade das consultorias esportivas. A SEL fica encarregada de coordenar o ranking por meio de suporte técnico nas corridas e pontuação dos corredores ao longo do ano. Ranking JF 2017 > VI Corrida da Saúde Suprem 10km - 16/03 > Corrida Côrtes Villela 10km - 23/04 > II Corrida Unimed 7km - 07/05 > VI Meia Maratona de Juiz de Fora 21km - 04/06 > II Corrida Mexa-se pela Vida 6km - 25/06 > II Corrida Correndo das Drogas 10km - 09/07 > XXX Corrida Duque de Caxias 7km - 27/08 > Corrida da UFJF 7km - 03/09 > Camilo dos Santos 8,8km - 24/09 > V Corrida Solidária da Ascomcer 6km - 22/10 > III Corrida Tecnobit Night Run 6km - 18/11

SECRETARIA DE ESPORTE E LAZER JF

O regulamento geral que define as diretrizes do 31º Ranking de Corridas de Rua de Juiz de Fora foi lançado, na última quarta-feira, 22, pela Secretaria de Esporte e Lazer (SEL) da Prefeitura da cidade. No documento há informações para as empresas que se interessam pela organização das atividades e para os competidores em geral. O ranking de 2017 contará com 11 provas. A primeira etapa será a “Corrida da Saúde da Suprema/ PJF” no próximo domingo, 26, que irá percorrer um trajeto de 10km, com largada e chegada na Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde Suprema de Juiz de Fora. Educadora física e estudante de Nutrição, Regiane Faia percebe a corrida de rua como uma porta para a atividade física como parte da saúde, da qualidade de vida, uma vez que essa engloba outros fatores como o treinamento assistido, alimentação adequada e prescrição de atividades voltadas especificamente para esse tipo de esporte. “Hoje, a educação física é uma das ações não farmacológicas que mais apresenta resultado na qualidade de vida das pessoas”. Regiane considera a prática de atividades físicas fundamental para todas as idades e destaca questões fisiológicas envolvidas no processo. “É preciso movimentar-se de alguma forma. Quando a pessoa começa a participar deste tipo de prova, há a liberação de hormônios do prazer, o que vira um ciclo vicioso do bem”, aponta. Ela atenta ainda que a prática precisa contar com acompanha-

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