MERGULHO DIÁRIO
Jornal Laboratório da Faculdade de Comunicação da UFJF • Juiz de Fora, 28 de Março de 2017 • Edição 12
FOTO: GABRIEL FERREIRA
APROVAÇÃO DO PME REVOLTA PROFESSORES
Texto original do Plano Municipal de Educação foi alterado pelo Executivo. p. 6
CIDADE
CULTURA
ESPORTE
“Fragmentado” marca Casa Bethânia a grande volta do arrecada doações para diretor M. Night compras de móveis Shyamalan
Confira um balanço da trajetória do JF Vôlei na Super Liga
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MERGULHO DIÁRIO
Juiz de Fora, 28 de Março de 2017
EDITORIAL
EXPEDIENTE
GOLPE NA EDUCAÇÃO O Plano Municipal de Educação (PME) é uma exigência prevista em lei federal com objetivos que contemplam, dentre outros, a valorização do magistério, a promoção da formação continuada e o respeito aos direitos humanos. No entanto, parece que o plano de Juiz de Fora não vai garantir o cumprimento dessas metas. Isso porque o PME da cidade, aprovado por vereadores, na última segunda-feira, 27, pensou as questões da Educação mais como despesas do que investimento. Na sexta-feira, 24, o projeto ganhou pedido de vista de Adriano Miranda (PHS) para analisar 30 emendas propostas por Roberto Copolillo (PT). Dentre essas, 22 foram rejeitadas incluindo as que abordavam o quadro de carreira dos professores e a valorização do magistério por 12 votos contra e seis a favor. Perante a iminência de mais um golpe em direitos, agora na Educação, a reunião foi entrecortada por vaias e manifestações de estudiosos, professores e civis. O governo entendeu que oito emendas não gerariam custo à Prefeitura e estas foram aprovadas. Dentre elas, uma emenda do vereador André Mariano (PSC), que propõe que o termo “diversidade“ seja utilizado em ambiente escolar restringindo-se ao respeito e inclusão de pessoas com deficiência. Em um momento que precisa-se avançar em pautas que discutam questões de gênero, orientação sexual, raça, classes sociais entre outras, a emenda é um retrocesso na formação social de crianças e jovens. 2
Jornal Laboratório da Faculdade de Jornalismo da Universidade Federal de Juiz de Fora, produzido pelos alunos da disciplina de Técnica de Produção em Jornalismo Impresso
Durante a votação, a questão econômica como empecilho foi recorrente deixando claro que Reitor a Educação não é prioridade. Profº Dr. Marcus David Questões pontuais são pensadas, mas o plano geral é deixado de Vice-Reitora lado. A longo prazo, uma popuProfª Drª Girlene Alves da Silva lação bem instruída, com uma educação de qualidade, refletiria em Diretor da Faculdade de uma sociedade com mão de obra Comunicação Social crítica e qualificada pronta para Prof. Drº Jorge Carlos Felz Ferreira pensar soluções para questões como desigualdade social e direVice-Diretora itos básicos para todos. Pontos Profª. Drª. Marise Pimentel Mendes essenciais para garantir uma sociedade realmente desenvolvida. Coordenadora do Curso de O processo segue um fluxo que Jornalismo Integral teve início com a aprovação final Profª Drª Cláudia Thomé da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que congelou gasChefe do Departamento de tos em Saúde e Educação por 20 Métodos Aplicados e Técnicas anos sob o argumento de crise Laboratoriais na economia. Vive-se numa de- Profª. Drª. Maria Cristina B. de Faria mocracia quase fantasiosa, num Professoras Orientadoras circo armado com o apoio da grande mídia. No início de 2016, Profª. Drª. Janaina de Oliveira Nunes Profª. Ms. Marise Baesso Tristão o povo foi para a rua, achando que ocupava o lugar de protagRepórteres onista, pedir o impedimento da, Anna Carolina Cavalcanti; Armando até então, presidenta Dilma. EnJúnior; Cristiane Turnes; Elias tretanto foi massa de manobra Arruda; Enrico Monteiro; Gabriel coadjuvante e recebeu um cachê Ferreira; Lia Rezende; Luis Felipe negativo para os próximos 20 anos. Cardoso; Marina Urbieta; Nayara Carvalho; Thaís Mariquito. Editora Júlia Lima Diagramação Ruth Flores Gonçalves Contato mergulhodiario@gmail.com facebook.com/mergulhodiario (32) 2102-3612
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ARTIGO TECNOLOGIA MUDA A FORMA DE INTERAÇÃO COM O MUNDO FOTO: INTERNET
Por Elias Arruda
“Internet of Things” é o nome usado para descrever a nova era tecnológica.
Mauro Cezar é pedreiro e tem 46 anos. O celular dele é programado para despertar às 5h10 da manhã. Assim que acorda, desbloqueia o aparelho para conferir as mensagens de áudio no aplicativo Whatsapp. Em seguida, coloca o smartphone para tocar músicas enquanto se prepara para mais um dia de trabalho. A história acima pode parecer comum nos dias de hoje, mas o que difere o nosso personagem da maioria das pessoas é o fato de ele não ter sido alfabetizado e não saber escrever sequer seu próprio nome. Cezar é um exemplo de como a tecnologia revolucionou as formas de interagir com o mundo. Recentemente o pedreiro descobriu que é possível ver qualquer tipo de vídeo online usando apenas comandos de voz do aparelho, o que o fez perder horas e pacotes de internet assistindo a vídeos da vida
dos animais. Quando tem dúvidas sobre as funções do aparelho, uma conversa com alguém que entenda um pouco de tecnologia já resolve. Ele observa passo a passo os cliques na tela e o percurso até a função desejada. Já sabe até bloquear e excluir uma pessoa do whatsapp. Graças à tecnologia, o mundo e as pessoas estão ganhando um novo sentido, de uma forma tão rápida que nem se quer percebemos. Aplicativos no cotidiano Há 10 anos para ter acesso aos horários de ônibus era preciso ir até a empresa ou conversar com o motorista para não ficar no ponto. Hoje não. Através de aplicativos desenvolvidos exclusivamente para atender a população local isso já é possível em Juiz de Fora, basta baixar o Busão JF ou o Transporte JF. Saber se o ônibus já
passou ou se ainda vai passar também é um problema que não existe mais. Através do Citta Mobbi é possível ver em qual rua o ônibus está e o tempo médio para que ele chegue ao ponto desejado. O aplicativo oferece ainda a possibilidade de acompanhar cada quilômetro percorrido pelo veículo, sem sair de casa. Funções simples que facilitam cada vez mais a vida das pessoas. As mudanças são visíveis não apenas no trânsito. Está em casa e a luz acabou? O celular facilita para você. O aplicativo “Lanterna Android” já foi baixado por milhares de pessoas que torcem para a energia voltar antes de a bateria terminar. E sabe aquela velha briga para achar o controle remoto? Hoje usando o aplicativo “Pell Smart Remote” é possível mudar o canal da Tv usando o seu celular. 3
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CIDADE
FALTAM AGENTES DE TRÂNSITO PARA FISCALIZAR RUAS DA CIDADE Para um táfego mais eficaz, seria necessário triplicar o número de agentes em ação Por Nayara Carvalho
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FOTO: REPRODUÇÃO G1
Andando pelas ruas de Juiz de Fora, é fácil observar flagrantes de estacionamento irregular. Consequência disso está nas quase cinco mil multas aplicadas por esse tipo de infração, entre janeiro e fevereiro deste ano na cidade. Esse número seria ainda maior, se tivessem mais agentes de trânsito nas ruas. De acordo com a Secretaria Municipal de Transportes e Trânsito (Settra), atualmente existem 71 agentes em exercício, quando precisaria de um número três vezes maior. Desses, somente 42 trabalham na fiscalização. O gerente do Departamento de Fiscalização de Transporte e Trânsito da Settra, Paulo Perón, reconhece que o número de agentes em exercício é insuficiente. “Este número de 42 agentes é disponível para o trabalho nas ruas, e dividido com 17 trabalhando em cada turno. Sendo que no turno da noite há redução para sete ou oito agentes apenas. A gente tenta otimizar isso com o auxilio de tecnologia, com talão eletrônico, o que facilita uma autuação com maior rapidez e menos margem de erro”, disse Perón. O Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) sugere que, para um trânsito mais eficiente, Juiz de Fora precisaria de no mínimo 240 agentes, já que possui, atualmente, uma frota de 240 mil veículos. Paulo Perón também destacou a importãncia de os motoristas terem bom senso e respeito às leis de trânsito, para não prejudicar as
Flagrante de carro estacionado em vaga de ambulância
demais pessoas. “A gente sabe que com o aumento da frota e do número de motoristas, quem vai levar os carros às ruas precisa se planejar antes, saber onde vai poder estacionar, prestar atenção à sinalização e, acima de tudo, respeitar às leis de trânsito. Uma infração de trânsito compromete não só a fluidez nas ruas, mas a segurança dos usuários das vias”, destacou. Segundo a Prefeitura de Juiz de Fora, o concurso para agente de transporte e trânsito está na fase final. Estão previstas cinco vagas, porém o município pode fazer outras nomeações de acordo com as demandas e as condições financeiras e orçamentárias do poder Executivo. A expectativa é que a homologação e as nomeações aconteçam nos próximos meses.
existem cerca de 2.300 vagas para carros e 358 para motos no estacionamento rotativo de Juiz de Fora. Porém, o que não falta é flagrante de estacionamento irregular. Segundo o Departamento de Fiscalização da Settra, foram quase 20 multas aplicadas na região das ruas Halfeld, Marechal Deodoro e Santa Rita, no Centro, só na manhã desta segunda-feira, 27. As quase cinco mil do primeiro bimestre foram por causa de pessoas que pararam em pontos de carga e descarga, ou onde haviam placas de proibido estacionar, ou proibido parar e estacionar. Este número corresponde a pouco mais de um quinto de todas as multas por estacionamento irregular em 2016, quando foram cerca de 30 mil autuações, e que representou um aumento Situação nas ruas em relação ao dado de 2015, com De acordo com a Settra, hoje aproximadamente 25 mil multas.
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CIDADE
CASA BETHÂNIA REALIZA AÇÃO PARA MOBILIAR NOVA SEDE Instituição que apoia pacientes em tratamento de câncer busca doações para a compra de móveis
Por Luis Felipe Cardoso
“Nossa missão é receber e acolher pessoas em situação de vulnerabilidade, em tratamento na área de oncologia, advindas principalmente de cidades vizinhas, sem referência em Juiz de Fora”
FOTO: LUIS FILIPE CARDOSO
Buscando aperfeiçoar o trabalho e reforçando o ideal proposto desde sua fundação, a Casa Bethânia de Passagem e Acolhimento iniciou nessa semana a campanha Mobiliar e Equipar a Casa Bethânia. O objetivo é angariar fundos para a compra de móveis, destinados à nova sede da instituição. A entidade, que se mantém através de doações, estabeleceu a meta de R$ 210 mil reais, que além de ajudar na compra do mobiliário, será fundamental para despesas de reestruturação. A presidente administrativa da Casa Bethânia, Maria Elizabeth Zidaurre Nassif, explica que a aquisição do prédio novo vai possibilitar um atendimento melhor e com mais conforto: “O prédio contem seis andares, ganhamos muito em tamanho, melhorando as condições da casa e o número de atendimentos. No início eram oito hóspedes, depois subimos para 12, atualmente estamos com 18, e o novo prédio vai possibilitar que 40 pessoas sejam atendidas.”
A casa fica localizada na Rua Santos Dumont, 236 - Centro.
Vindo da cidade Senhora dos Remédios e hóspede na casa desde o início de fevereiro, o aposentado Vicente Carlos Raimundo, se diz muito grato pelo atendimento que recebe: “Aqui na casa eu sou muito bem tratado e muito bem acolhido, tudo feito com muito asseio. O lugar é muito bom. Aqui todos são muito bons, não apenas os funcionários, mas os outros hospedes também.” O prédio é uma doação de um empresário local, que comprou o terreno e construiu o imóvel. De acordo com Elizabeth, são seis andares que serão divididos da seguinte forma: três destinados aos hóspedes, um andar para a capela, outro para realização de eventos e o último andar será usado para serviços. O funcionário da Casa, Carlos Diniz Tavares, enfatiza que sem as doações não será possível mobiliar a casa é que é preciso a contribuição de todos. As doações são realizadas através do site kickante.
com.br/mobiliarcasabethania A Casa Bethânia Fundada em 2008 pelo Pe. David José dos Reis, a Casa Bethânia de Passagem e Acolhimento é uma obra social, sem fins lucrativos, mantida pela Associação Angélica Lamóia de Carvalho. A instituição tem como propósito, acolher pessoas de outras cidades, que estão em Juiz de Fora em tratamento contra o câncer. Além do acolhimento, banhos, alimentação e atividades de lazer são outros serviços oferecidos pela casa. O atendimento é realizado em duas vertentes: Primeiro, pessoas vindo de outras regiões que retornam para as suas cidades no mesmo dia. São os chamados passantes, para os quais a instituição oferece repouso e alimentação. Já para os que necessitam de abrigo, os hóspedes, a casa recebe de segunda a sexta-feira. 5
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POLÍTICA
À REVELIA DOS PROFESSORES, CÂMARA AP
Após participação em Fórum Municipal para elaboração projeto após alterações que desconfigur
Docentes, sindicais e comissionados compuseram um plenário exaltado e tu
O pouco público, às 17h, nas imediações da Câmara Municipal de Juiz de Fora, não indicava, precisamente, o tom da sessão extraordinária marcada para 17h30. Duas viaturas policiais estavam estacionadas em frente ao local; à medida em que se aproximava ao interior do Palácio Barbosa Lima, os burburinhos aumentavam. Poucas pessoas aguardavam no primeiro piso. Tornava-se extasiado o clima ao passo em que os degraus da escada de acesso ao segundo andar passavam. Cerca de 200 pessoas ocupavam o salão ao lado do plenário; este, completamente lotado por professores da rede municipal, líderes sindicais, pais e pela maioria dos vereadores. Aos poucos, os membros do Legislativo se mostravam à vista.
dicações da categoria: “nenhum direito a menos” e “chega de golpe na educação” sobressaíam à observação. Betão, vereador do Partido dos Trabalhadores (PT), liderava a oposição ao Governo e, consequentemente, ao texto alterado pelo Executivo em relação àquele, base, elaborado por especialistas da área de política educacional e planejamento e sociedade civil. Em tese, o PME contém objetivos, metas e ações propostos a curto, médio e longo prazo, durante um período de dez anos. Zé Márcio, líder do Governo no Legislativo e vereador do Partido Verde (PV), defendia as 50 alterações promovidas pelo prefeito Bruno Siqueira no texto-base estabelecido pela Conferência Municipal de Saúde.
André Martins, diretor da FaMuitos cartazes estendidos pelos culdade de Educação e um dos professores da rede pública no Pa- responsáveis pela elaboração do lácio retratavam o teor das reivin- PME no Fórum, criticou as altera6
ções cometidas pelo Executivo no texto: “Ele não é um plano de Governo, é um plano estratégico do Estado. O atual Governo age como se todas aquelas ações fossem responsabilidades suas, sob uma visão muito imediatista, deixando de ver que é um plano para dez anos”. O financiamento da educação e as restrições à valorização do magistério foram os principais focos das mudanças promovidas pelo Governo. “Nós tivemos a oportunidade de encaminhar o relatório para cada vereador e participamos de uma audiência pública, onde apresentamos pontos e desdobramentos das metas alteradas para a educação pública de Juiz de Fora”, completa Martins. Betão e Wanderson Castelar, ambos vereadores do PT, abriram a sessão na Câmara Municipal defendendo a reprovação do PME: “A Prefeitura está assediando os
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PROVA PLANO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO
o do PME, educadores se indignaram com aprovação do raram pontos essenciais do texto-base Por Gabriel Ferreira
FOTO: GABRIEL FERREIRA
umultuado no Paláciio Barbosa Lima
professores da rede pública. O que está sendo configurado é assédio moral”, disse o primeiro. O líder da oposição apresentou ao Palácio tanto emendas substitutivas quanto aditivas ao texto modificado pelo Executivo. Contudo, a maioria dos parlamentares juiz-foranos reprovaram-nas sob a égide de Zé Márcio. Contestado pelos presentes à medida em que tinha voz no plenário, Zé Márcio replicava os argumentos de Betão na maioria das vezes afirmando que “a emenda representaria geração de despesas aos cofres da Prefeitura”. Nenhuma das medidas defendidas pelo líder da oposição foram aprovadas. “As minhas emendas tentavam aproximar o texto modificado pelo prefeito ao original, elaborado na Conferência”, explicava Betão, após a sessão. Anteriormente à apresentação, a Mesa Diretora e os demais vereadores deliberaram pela votação englobada das medi-
das do vereador, ou seja, votou-se Câmara aprova emendas pela aprovação ou reprovação das da base mesmas de uma só vez. Maria Lúcia Lacerda, coordenaNervos estavam à flor da pele dora-geral do Sindicato dos Prono plenário; muitos manifestantes fessores (Sinpro) de Juiz de Fora, discutiam entre si. Professores se contava que as principais demanestressavam com comissionados das da categoria no Plano diziam da Prefeitura, favoráveis à base respeito à “valorização do magisdo Governo, liderada por, além tério e ao financiamento da edude Zé Márcio, André Mariano, cação. O Plano não foi elaborado do Partido Social Cristão (PSC), e pelo sindicato, mas, sim, por uma Charlles Evangelista, do Partido série de entidades envolvidas no Progressista (PP), aclamados pe- Fórum e na Conferência”. Uma los representantes da situação no das emendas apresentadas – essa, plenário sempre que discursavam. por Evangelista - visava retirar o Algumas pessoas precisaram ser Sinpro das negociações envolvenretiradas do auditório pela Guar- do o planejamento de políticas da Municipal após princípios de educacionais no município. Entreagressões físicas. O presidente da tanto, foi reprovada; a única mediMesa Diretora, Rodrigo Mattos da proposta por um representante (PSDB), interrompeu a reunião em da base de governo e rechaçada três momentos durante a apresen- por unanimidade foi a do vereador tação das emendas pelos vereado- do Partido Progressista. res. No total, a sessão permaneceu “Há emendas que não têm neuma hora interrompida. nhum amparo legal, nenhum am7
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paro educacional, muito menos fundamentação na teoria de planejamento. Basicamente, são emendas que procuram atacar a questão dos direitos humanos proposta no Plano”. A crítica de André Martins retrata as emendas propostas por José Fiorilo, do Partido Trabalhista Cristão (PTC), e André Mariano (PSC), que foram aprovadas. Fiorilo pediu que o direito de educação dos pais não seja sobreposto pelo direito de educação da escola e dos professores, como segundo ele “trazia o texto-base original”. Já a emenda de Mariano restringia o conceito de diversidade às pessoas com deficiências: não abarcava gênero, raça ou credo. “Existem algumas militâncias hoje que são contrárias à família, que acreditam que o surgimento de toda opressão é na família. Eu acredito que família é a célula-mãe da sociedade. Essas investidas contra a família buscam atacar, principalmente, os filhos”, contava Rafael Rosa, arquiteto e militante da causa da família ontem, na sessão. 16x2: PME aprovado Finalmente, após a votação das emendas propostas pela base do Governo, Rodrigo Mattos dava como iniciada a votação e, poucos instantes depois, aprovado o PME em 2ª discussão. Wanderson Castelar e Betão foram os únicos parlamentares a declararem voto contrário à aprovação, o que se repetiu na votação final, em 3ª discussão. Zé Márcio ressaltava que o PME não tiraria nenhum direito da categoria dos professores: “As discussões são distintas. Uma é a questão do plano de carreira, dos salários e do adicional da classe. Outra, o Plano”. Questionado sobre o engavetamento do Projeto de Lei por um ano, o líder do Governo completou afirmando que “o projeto estava em aná8
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lise e não engavetado. O prefeito não poderia direcioná-lo à Câmara em ano de eleições”. O líder da oposição na Câmara entendeu de maneira distinta o intervalo de um ano entre a aprovação do texto em Conferência e entrega ao Legislativo: “Bruno só não queria o desgaste evidenciado hoje em ano de eleição”. “Na verdade, não são reivindicações. O Plano aconteceu de uma forma democrática. O Fórum se reuniu durante meses para a elaboração de uma Conferência, onde toda a sociedade de Juiz de Fora foi representada. O documento originado foi enviado ao prefeito e o que ele fez, corroborado pelos vereadores, foi destruir o Fórum”, afirmou Débora Renault, professora da Escola Municipal Prefeito Dilermando Cruz Filho, após ser questionada sobre as reivindicações; a Confederação contou com a participação de pais, além de professores. Vanessa Lourenço, professora da Escola Municipal George Rodenbach, colocou seu principal descontentamento de maneira enfática ao final da sessão: “A principal reivindicação é que fosse respeitado o Fórum de Educação. Houve um trabalho, as pessoas ficaram discutindo, intensamente, por quatro dias seguidos. Houve hoje aqui um circo de horrores”. Após o esvaziamento do plenário, por volta das 22h30, Betão, acompanhado por pessoas próximas, deixou o local, contestando a afirmação de Zé Márcio. “As discussões dos direitos dos professores e do PME não precisam ser separadas. Eu acredito que a valorização do magistério tem que ser uma política em qualquer debate”. Segundo o vereador, “o PME está completamente vulnerável a questionamentos por seu desalinhamento aos Planos Nacional e Estadual”.
Plano Municipal de Educação (PL 4.269/16)
Em 2015, realizou-se, em Juiz de Fora, durante cinco meses, o Fórum Municipal de Educação, no qual, a partir de um diagnóstico da realidade educacional de Juiz de Fora, foram estabelecidos objetivos em curto, médio e longo prazo ao longo do período de dez anos e elaboradas metas temáticas e estratégias para o cumprimento de tais objetivos. Após sua elaboração, o Fórum encaminhou o projeto para a Conferência Municipal de Educação, que contou com ampla participação popular. Após ser aprovado um anteprojeto na Conferência, o documento final foi encaminhado ao Executivo; a seguir as diretrizes constitucionais, o prefeito é o responsável em direcionar o Projeto de Lei para o Legislativo, pois o mesmo implique em financiamento. Enviado ao Governo ainda em 2015, o prefeito levou o Projeto ao Legislativo somente em novembro de 2016. Após análise técnica feita por especialistas da Faculdade de Educação da UFJF, atestou-se 50 modificações promovidas pelo Executivo; das 50, 22 contribuíam no aprimoramento do texto, enquanto 28 alteravam substantivamente o conteúdo do que foi proposto na Conferência. O líder do Governo na Câmara, o vereador Zé Márcio (PV), foi o responsável em apresentar o Plano Municipal de Educação no plenário.
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CIDADE
DCE PROMOVE DEBATE COM CIRO GOMES
Ex-ministro da Fazenda discute as consequências da crise econômica na educação pública em palestra na UFJF Por Cristiane Turnes
FOTO: ACERVO DA/RAIMUNDO VALENTIM
Ciro Gomes ministra aula-magna na UFJF
Formado em economia pela Harvard Law School e direito pela Universidade Federal do Ceará, Ciro Gomes vai ministrar hoje uma Aula Magna na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) com o tema “A crise econômica brasileira e as perspectivas da Educação Pública do país”. O evento organizado pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFJF em parceria com o Instituto de Ciências Humanas (ICH) visa trazer para o debate como a crise econômica pode afetar o futuro da educação pública no Brasil, assunto atual e pertinente ao público universitário. “Sempre buscamos trazer pontos de vistas diferentes, opiniões que possam contribuir para o debate das e dos alunos e o impacto que esses temas teriam na vida da co-
munidade acadêmica”, ressalta o Coordenador de Comunicação do DCE UFJF, Lucas Sidrach. Os estudantes da Universidade se mostraram interessados na palestra especialmente pela presença do ex-ministro da Fazenda, caso de Aline Negromonte: “Admito que o que mais chamou a atenção no evento foi a presença de Ciro Gomes. É no mínimo intrigante ouvirmos alguém de Brasília comentando sobre economia em tempos sombrios, despertou minha curiosidade”. A estudante Fernanda Bonfim também destacou seu interesse no palestrante pelo fato de o ex-ministro ser um possível candidato as eleições presidenciais de 2018 e ainda destacou a angulação da Aula Magna: “Já vi muitos debates na universidade sobre a PEC 55 do ponto
de vista econômico, mas esses debates desconsideravam os impactos sociais do ‘controle de gastos’ .” Segundo Fernanda, debates como estes são muito importantes especialmente na Universidade por promoverem o contato com especialistas e vários pontos de vistas. Aline concorda: “Eventos desse tipo são imperdíveis e enriquecedores. Porque até para criticar precisamos saber o que a pessoa apoia para depois apontar o que seria ‘errado’”. O DCE da UFJF promoverá mais eventos como esses segundo Lucas Sidrach: “Nossa ideia é trazer pelo menos um debate como esse por mês, pois tem um alcance muito grande na vida da comunidade”. O debate de hoje será às 18h30 no Ginásio da Faculdade de Educação Física e Desportos (FAEFID). 9
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CIDADE
EVENTO DISCUTE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER COM DEFICIÊNCIA Encontro está marcado para a próxima sexta, 31 Por Thaís Mariquito FOTO: SDS/PJF
Encontro promove integração e troca de experiências entre pessoas com deficiência
Em todo o mundo, 40% das mulheres com deficiência são vítimas de violência doméstica, é o que afirma uma pesquisa da International Network of Women with Disabilities (INWWD), rede internacional composta por organizações, grupos e redes de mulheres com deficiência. Essa violação se manifesta de diversas formas: agressão física, compulsão legal, coerção econômica, intimidação, manipulação psicológica, fraude, negligência e a desinformação.
Deficiência e Direitos Humanos (DPCDH), da Secretaria de Desenvolvimento Social da Prefeitura de Juiz de Fora.
Thais é cadeirante e há dois anos implantou no DPCDH o programa Algo em (In)Comum, um espaço em que as pessoas com deficiência possam conversar abertamente sobre suas histórias de vida, dificuldades e superações, conhecendo novos caminhos através da experiência do outro. “Nosso objetivo é levantar temas que não são muito discutidos “A mulher com deficiência ou que raramente são vistos sob sofre dupla discriminação, por o ponto de vista das pessoas ser mulher e por ser deficiente. com deficiência”, afirmou. Na nossa sociedade machista, O programa conta com reuniões o homem tem um olhar para a mensais e temáticas e, esse mês, mulher como superior e quando a violência contra a mulher com ela é deficiente, é tida como deficiência é o principal assunto mais vulnerável e como um objeto, que pode ser subjulgada discutido. Para Thais, o debate a falas e toques”, explicou Thais é de extrema importância para Altomar, chefe do Departamento melhorar a atual realidade: “Se de Políticas para Pessoas com ninguém fala sobre um problema, é como se ele não existisse. É 10
necessário falar e discutir para que políticas públicas inclusivas sejam implantadas e que espaços sejam preparados para as pessoas com deficiência. Por exemplo, se agimos como se mulheres com deficiência não sofressem violência doméstica, programas de apoio como a Casa da Mulher não estarão preparados para receber esse público.” O encontro será na próxima sexta-feira, 31, às 14 horas na sede do DPCDH. E, além de pessoas com deficiência, participam das reuniões profissionais especializados, familiares, professores e outros interessados. “Toda a população é convidada a aprender e compartilhar experiências nas reuniões. Não só quem tem alguma deficiência”, esclareceu Thais. Para participar, é possível se inscrever na sede do DPCDH, na Rua São Sebastião, 750 – Centro, ou pelo telefone 3690-7215.
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CULTURA
AS VÁRIAS FACES DE SHYAMALAN Depois de altos e baixos, o diretor volta ao seu melhor momento com o filme Fragmentado Por Armando Júnior O Leitor Desde que surgiu para o grande público com o Sexto Sentido, M. Night Shyamalan carrega o carma de enganar o espectador com tramas de viradas inesperadas, quase sempre envoltas em uma dose tântrica de um suspense surpreendente. Depois de amargar fracassos com filmes de estúdio como O Último Mestre do Ar (2010) e Depois da Terra (2013), o diretor indiano naturalizado americano decidiu caminhar com suas próprias pernas e produzir filmes com sua personalidade. E Fragmentado tem o melhor disso. O thriller psicológico acompanha Kevin, um indivíduo com um transtorno dissociativo de identidade que faz com que ele assuma múltiplas personalidades. Interpretado pelo escocês James McAvoy, Kevin assume 23 identidades completamente distintas e uma delas sequestra três adolescentes e as mantém em cárcere. O
suspense apela para o que há de mais intrínseco ao ser humano: a necessidade de sobrevivência. Mas não se engane! Ao contrário do que pode parecer, o filme não trata da sobrevivência das garotas, mas da capacidade de Kevin em lidar com seus piores medos. Isso torna o trabalho de Shyamalan ainda mais interessante. O diretor de Corpo Fechado (2000) e Sinais (2002) volta ao seu auge com um filme sobre a complexidade humana e suas maiores possibilidades, para o bem e para o mal. Shyamalan brinca com o espectador ao não se importar com esses julgamentos dicotômicos. Seu objetivo na verdade é questionar e, ao propor essa reflexão, provoca e nos faz acreditar nos piores monstros: nós mesmos. Com a câmera engolindo os personagens, Shyamalan deixa o clima ainda mais angustiante. Os planos quase sempre fechados valorizam as atuações e consagra McAvoy. O ator toma conta do filme e é capaz de enganar as lentes em um único plano, transitando entre os personagens que interpreta com uma sutil e ao mesmo tempo marcante mudança no olhar. Com um baixo orçamento de US$ 9 milhões bancados pelo próprio diretor, o filme é um sucesso de crítica e de público e já arrecadou cerca de US$ 257 milhões. Shyamalan lucrou não só no bolso, mas resgatou uma carreira de 25 anos abafada por filmes que não traduziam sua inteligência. Fragmentado confirma seu potencial e deixa brecha para vermos mais do diretor e toda sua genialidade.
Danilo Pereira estudantede jornalismo, 22 O filme superou minhas expectativas. Tinha um pé atrás por causa dos trabalhos recentes do diretor, mas eu só tenho coisas boas a dizer. O filme consegue te capturar desde o primeiro plot. A condução do filme até o último momento é feita de maneira despretensiosa e te convence não só pela direção, que desenvolve bem a premissa, como também pela atuação do James McAvoy, que pra mim é digna de Oscar. O personagem te cativa durante toda a narrativa e desperta receio e pena em alguns momentos.
Vinícius Reis estudante de administração, 24 O diretor tem a capacidade de prender o espectador do início ao fim. O enredo é bem dirigido, com um jogo fantástico de câmera e uma boa atuação. Apesar do filme ser intrigante, não apresenta a razão do sequestro das três garotas; o filme girou em torno disso e manteve o expectador preso, mas quando chega no desfecho final decepciona, mas é inegável a qualidade do filme. 11
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CULTURA
EVENTO COMEMORA 2 ANOS DO RAP COSTA NORTE Projeto amplia atuação com criação de uma biblioteca e trabalhos sociais, levando dança, poesia e esportes para a juventude da Zona Norte
FOTO BENFICA NET
Por Anna Carolina Cavalcante
A Praça Céu, situada em Benfica, Zona Norte de Juiz de Fora, é palco de diversas expressões culturais
Há dois anos que o Rap Costa Norte (RCN) acontece todo domingo, na Praça Céu de Benfica. Para comemorar o biênio, os organizadores planejam fazer expandir horizontes com projetos sociais nas escolas, além do evento propriamente dito marcado para maio. “A importância que o RCN tem para a gente é o envolvimento da cultura Hip Hop no nosso dia a dia e levar tudo isso para o público”, explica Leandro Sousa, um dos organizadores. “Mas isso não implica só o Rap. Tem também a dança, a poesia, Skate e Basket”. “Ligar o Hip Hop às causas socias é algo muito importante”, conta Denis Assis, idealizador da biblioteca do encontro. “Estamos lutando por um mundo mais digno para os menos favorecidos.” E foi com essa premissa de disseminar cultura que sur12
giu a demanda de criação de uma biblioteca do encontro. “Lutamos por uma pátria mais inteligente. As ações nas escolas são nosso foco principal, pois é lá que se encontra nosso futuro. Além disso, temos nossa biblioteca, que disponibiliza livros para os frequentadores do RCN.” Para incentivar a doação de livros, em cada encontro é realizado o sorteio de um brinde entre aqueles que levam livros. A administração da Praça Céu disponibilizou um espaço para alocar a biblioteca do encontro. As ações serão realizadas, inicialmente, na Pastoral do Menor da Vila Esperança I, que atende 35 crianças carentes e moradoras do bairro. O RCN irá promover diversas atividades, como realização de saraus, aulas de dança e hora da leitura.
Sob o nome de “Artigo de rua”, o evento em comemoração aos dois anos do RCN, que acontecerá em maio, terá entre as atividades: campeonato de skate, sarau, pocket shows (apresentações curtas com três músicas), apresentações de grupos de dança e, pra finalizar, batalha de MC’s. O Capitão França, do posto da Polícia Militar na Praça de Benfica, promete total apoio da PM ao evento, promovendo segurança e combate às drogas. Os interessados em doar livros para o grupo, entrar em contato com: Denis (32) 99120 - 8684 Leandro (32) 99139-2239 Charles (32) 99158 - 3567 Ou acessar a página: https://www.facebook.com/rcnabanca
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Juiz de Fora, 28 de Março de 2017
CULTURA
O MEZCLA VOLTOU! Espaço tradicional de arte e cultura latinas em Juiz de Fora, fechado em 2014, faz parte da programação de abril n’OAndarDeBaixo FOTO: OANDARDEBAIXO
Por Lia Rezende
Em abril, OAndarDeBaixo terá uma decoração especial com cortinas e quadros do antigo Mezcla.
As paredes coloridas e latinas do já demolido e outrora tradicional Mezcla não estão mais de pé, mas nem por isso o espaço deixa de se fazer presente: em abril, OAndarDeBaixo abre suas portas para uma programação especial que traz de volta o gostinho da mistura artística que esteve em palco nos 12 anos de existência do local. Aos nostálgicos, curiosos ou amigos da cultura e da arte, a boa notícia é que esses encontros ganharão vida nova a partir de sábado, dia 1º. Exposição, cabaré de palhaços, peças de teatro, Café Filosófico e Teatro Lido são algumas das atrações propostas pelo OAndarDeBaixo, ateliê “antropofágico de criação” que ganhou vida em maio de 2016. “Mesmo demolido, o Mezcla nunca acabou”, explica Marcos Marinho, que abriu a casa
em 2002 e ainda hoje mantém muitas das atividades em outros espaços parceiros, como a Sociedade Filarmônica de Juiz de Fora. “Somos próximos na arte e na vida do OAndarDeBaixo, que sempre nos frequentou e que vestirá a decoração original do Mezcla nesse mês de celebração e encontros”, diz. Kaio Vieira Lara, que frequentou o local ao longo da adolescência e voltou há pouco para o teatro, comemora a boa nova. “Eu frequentava as noites de teatro lido, que sempre reuniam pessoas de várias idades. Foi uma pena quando demoliram o Mezcla e confesso estar ansioso para reviver e matar um pouco da saudade”, conta. Idealizado por Beatriz Luchini, Carú Rezende, Hussan Fadel, Rafael Ski e Vinícius Cristóvão, “Oandar” reaviva e reocupa a
parte baixa do centro da cidade e nutre o crescimento do Corpo Coletivo, ligado ao teatro e à dança. Palco de uma resistência ao avanço da urbanização teimosa, “desartizada” e apressada, a casa número 37 da rua Floriano Peixoto abre o portal para que o passado, literalmente, se faça presente. PROGRAMAÇÃO: ESPETÁCULO CANASTRA REAL: dias 1 e 2, às 20h30 TEATRO LIDO: toda quarta feira, dias 05, 12, 19 e 26, às 20h30 CAFÉ FILOSÓFICO: dia 20, das 19h30 até 21h30 CABARÉ DE PALHAÇOS / SHOW DE VARIEDADES: dia 29, às 20h30 FESTA MEZCLA TUDO : dia 8, das 17h às 22h EXPOSIÇÃO “MEZCLA: 12 anos de Cultura Latinoamericana”: aberta durante toda a programação de abril
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Juiz de Fora, 28 de Março de 2017
ESPORTE
FALCÃO SE DESPEDE DA SELEÇÃO Atleta alavancou o futsal trazendo a criatividade e agregando valores para o esporte
FOTO: REPRODUÇÃO INTERNET
Por Marina Urbieta
Despedida do craque Falcão, na partida da seleção, contra a Colômbia
O jogador de futsal Falcão, considerado um dos grandes mitos das quadras dos últimos tempos, declarou aposentadoria aos 39 anos. Ele vai se afastar da seleção, mas continua jogando pelo clube Sorocaba. Depois de quase duas décadas na equipe brasileira, o ala participou da sua última partida oficial contra Colômbia, 3x2, na Arena da Barra, Rio de Janeiro, no último domingo. Segundo a aluna de jornalismo e fã do jogador Thaís Mendes, o anúncio da sua aposentadoria estava sendo adiado há dois anos: “Infelizmente o dia chegou. Doeu naquela época e agora tá doendo mais ainda. Toda vez que penso em futsal, penso nele. Aos 39 anos de idade, quase 20 foram dedicados à seleção e sempre representando muito bem”
2008, “mas meu interesse sempre foi a seleção no geral. O foco no Falcão começou em 2012, quando ele jogou com paralisia facial. O cara virou ídolo para mim. Passei a assistir mais por causa dele que pelo próprio jogo.” De acordo com o árbitro de jogos Adilson Mattos, o craque exalava a simpatia do público. “Apitei partidas em que ele participou como da Liga Nacional, Super Liga e Taça Brasil de Clube. Para mim ele era um diabo ou um santo, sempre um dos dois, já aprontou muito também”. O árbitro acrescenta que Falcão alavancou o futsal. Trouxe a criatividade, a beleza e agregou valores para o esporte. “Falcão foi a estrela que trouxe a mídia para a cobertura dos jogos”, ressalta.
Apesar da notícia de sua aposentadoria, Thais é otimista “ele Thais ressalta que era fã des- saiu da seleção, mas não das quasa modalidade de esporte desde dras, pois ainda verei suas partidas 14
pelo Sorocaba.” E as despedidas não param. No segundo semestre, terá um jogo comemorativo pela seleção em São Paulo para ele. Percurso Falcão começou a jogar futsal em 1991 pelo Clube de Campo Associação Atlética Guapira. Ingressou profissionalmente nas quadras apenas em 1994. Passou por 11 times de futsal durante sua trajetória e uma vez chegou a fazer parte do time de futebol em Sao Paulo. É autor de vários gols históricos no futsal brasileiro, por exemplo “um gol de lambreta” em cobrança de falta ensaiada com Manoel Tobias em 2012. Ganhou diversas medalhas, sendo que as mais marcantes foram do Bicampeonato Mundial com a Seleção Brasileira (em 5 participações) e a Medalha de Ouro nos Jogos Pan-Americanos do Rio.
MERGULHO DIÁRIO
Juiz de Fora, 28 de Março de 2017
ESPORTE
O SONHO ACABOU JF Vôlei é derrotado pelo Taubaté e se despede da Superliga 2016/2017 Por Enrico Monteiro FOTO: ENRICO MONTEIRO
O time do JF Vôlei foi eliminado da Superliga Masculina após perder para o Funvic/Taubaté no terceiro jogo das quartas de final da competição. O duelo acabou em 3 sets a 0 (25/21, 25/18 e 25/14) para os paulistas, que jogaram em casa, no Ginásio do Abaeté, em Taubaté (SP). O confronto entre mineiros e paulistas foi o quarto seguido na competição (um jogo pela fase regular e três pelos playoffs), e foi o único em que a equipe taubateana esteve muito superior em quadra, com atuações impecáveis de seus atacantes Lucarelli e Wallace - campeões olímpicos no ano passado - e Lucas Lóh, que estiveram sob os olhares atentos do novo treinador da seleção brasileira Renan Dal Zotto. Com a vitória, o time paulista encerra a série melhor de cinco jogos em três duelos e está classificado para as semifinais da Superliga, onde enfrentará o Sesi-SP, em um duelo cheio de rivalidade - só nessa temporada as equipes já fizeram as finais do Campeonato Paulista e da Copa Brasil. O troféu de melhor jogador em quadra - Prêmio Viva Vôlei - ficou com o ponteiro taubateano Lucarelli, que fez seu melhor jogo desde a volta de uma lesão que o afastou dois meses da competição. O técnico do JF Vôlei, Henrique Furtado, analisando o duelo destacou alguns aspectos de sua equipe: “Em relação ao saque e ao passe trabalhamos bem. Já no ataque e no bloqueio eles (Taubaté) foram muito superiores. Não conseguimos atacar igual fizemos
Com a base da seleção brasileira, Taubaté teve uma atuação de gala em casa, e não deu chances para o Juiz de Fora ser zebra
em outros jogos da temporada, como o segundo dessa série. Eles estão de parabéns pela partida de grande nível que fizeram”. Rodrigo Ribeiro, levantador do time mineiro, destacou alguns aspectos do jogo. “O Taubaté sacou muito bem e apesar do nosso passe ter sido muito eficiente, sofremos com o bloqueio deles. Eles atacaram, contra atacaram e sacaram muito bem”, analisa Rodrigo. O treinador do Funvic/Taubaté, Cézar Douglas, avaliou o jogo como “muito equilibrado, tanto no sistema ofensivo, quanto no defensivo, com uma boa eficiência na recepção”, e segundo ele, isso proporcionou a vantagem no jogo. Sobre os jogos das semifinais, contra o Sesi-SP, Cézar afirmou já estar acompanhando o próximo adversário mesmo que à distância e definiu o confronto como “o de duas equipes que querem o mesmo objetivo e se conhecem bem.”
SET A SET O jogo começou muito disputado, mas com o Taubaté sempre à frente no placar. Quando o time mineiro conseguiu empatar, os paulistas revidaram com 5 pontos seguidos, deixando o placar em 11 x 6. Depois, o JF Vôlei encostou no placar (22x20), mas acabou sendo derrotado por 25 x 21. A segunda parcial teve o Funvic/Taubaté ainda mais inspirado, comandando o placar desde o começo com uma vantagem de três ou mais pontos. Com bolas alternadas para todos os atacantes, o levantador Rapha, que fez uma exibição de gala, comandou o time até a vitória por 25 x 18. O terceiro set teve um Taubaté dominante, não deixando o Juiz de Fora respirar na parcial. Com uma vantagem que só aumentava, o time teve tranquilidade para fechar o set em 25 x 14 e se classificar para a semifinal da competição. 15
MERGULHO DIÁRIO
Juiz de Fora, 28 de Março de 2017
FOTO: ENRICO MONTEIRO
ESPORTE
Em 25 jogos na Superliga, time teve 12 vitórias, um aproveitamento de 48%
ELES FIZERAM HISTÓRIA
Com melhor campanha desde início do projeto, JF Vôlei termina a temporada como o sétimo melhor time do Brasil Por Enrico Monteiro
Nem em seus melhores sonhos o torcedor do JF Vôlei que acompanhou a temporada 2015/2016 poderia imaginar um ano seguinte tão diferente. A equipe que havia sido última colocada no ano passado, perdendo para todos os adversários, fez uma parceria com o Sada Cruzeiro e recebeu um pacotão de jogadores do melhor time do mundo. Até aí, muita desconfiança. Veio o campeonato mineiro e o resultado foi o mesmo do ano anterior: seis derrotas. O que imaginar para a Superliga, uma das maiores competições do mundo? Começa a temporada, duas derrotas para os finalistas da última edição, até aí nada novo. Chega então uma arrancada: com seis vitórias seguidas, o time chega na sexta posição do campeonato para não sair mais da zona de classificação para os playoffs. No caminho, derrotas esperadas, outras não; assim como as vitórias. 16
Quem imaginaria bater o Taubaté, o Montes Claros? E o Minas em Belo Horizonte pela primeira vez na história? A classificação para os playoffs aconteceu, na sétima posição, para jogar contra o maior investimento da Superliga, o Funvic/Taubaté (SP). Mais um desafio para o jovem time comandado pelo oposto Renan. Não deu. Foram três jogos apenas, mas com boas atuações, sobretudo no segundo confronto. De cabeça erguida, o JF Vôlei deixa a Superliga 2016/2017. É esse o pensamento do técnico da seleção brasileira Renan Dal Zotto, que não poupou elogios ao time: “Foi um trabalho muito bem feito. Certamente o time tem um orçamento limitado e esse resultado é fruto do trabalho, de uma paixão que existe na cidade, isso acabou coroando essa bela temporada. O time tem uma garotada muito jovem, promissora e com muita coragem de jogar. Com certeza saem de
cabeça erguida”. O medalhista de prata do Mundial de 2010 pelo Brasil e capitão do Taubaté, o levantador Rapha enaltece o trabalho mineiro: “Eu fico muito feliz de ver essa garotada chegando ao cenário nacional, fico muito orgulhoso. Lembro muito bem quando o Juan [líbero do JF Vôlei] veio e pediu para tirar foto comigo, no Mundial de 2014, e agora vê-lo disputando uma partida tão importante contra mim me deixa contente. Tenho muita certeza que essa garotada do JF Vôlei vai conquistar muita coisa e ajudar o Brasil”. Henrique Furtado, técnico do JF Vôlei, também elogiou o trabalho realizado desde agosto: “Um ano muito bom, com a garotada fazendo a melhor temporada de suas vidas. Uma comissão técnica que se dedicou ao máximo, a diretoria que se esforçou muito. Uma temporada muito boa, digna e honrosa. Com certeza Juiz de Fora sai de cabeça erguida pelo trabalho que fez.”
Juiz de Fora, 28 de Marรงo de 2017
MERGULHO DIร RIO
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