MERGULHO
DIÁRIO
Jornal Laboratório da Faculdade de Comunicação da UFJF • Juiz de Fora, 29 de maio de 2017 • Edição 10
Senado promulga lei que garante saque do FGTS Página 4
Medida Provisória do saque de conta inativa iria expirar neste fim de semana ECONOMIA
UFJF
Pessoas com Primeira edição de 2017 experiência em EJs se do Som Aberto reúne diversas atrações culturais destacam no mercado na Universidade de trabalho Página 8
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ESPORTE
24ª edição dos Jogos Intercolegiais tem início em Juiz de Fora nesta segunda-feira Página 14
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Juiz de Fora, 29 de maio de 2017
EDITORIAL
O incômodo de existir Maria Elisa Diniz
Diferentes motivos levam pessoas a morar nas ruas. Seja por divergências na família ou por falta de uma, seja pela pobreza material, bebida, drogas ou pela simples vontade de viver livre. O diagnóstico realizado pela Secretaria de Desenvolvimento Social (SDS) da prefeitura de Juiz de Fora apontou que em dezembro do ano passado quase 900 pessoas se encontravam em situação de rua na cidade. Essa mesma pesquisa, mostrou que 70% dessas pessoas sofrem de algum tipo de violência moral, e 64% delas alegou sofrer algum tipo de furto ou roubo. Na semana passada, fomos surpreendidos pelas ações do prefeito João Dória, na cidade de São Paulo que, em um de seus desmandos, ordenou que fosse feita a internação compulsória de moradores da região conhecida por cracolândia. Como se não bastasse ser um ato criminoso, especialistas da Organização das Nações Unidas (ONU), em entrevista a BBC, afirmaram que a internação sem espontânea vontade do usuário de crack é ineficiente e que o nível de reincidência é alto. Além de obrigar que os moradores da região fossem internados, Dória deu início ao seu projeto de revitalização urbana, que obviamente não inclui as pessoas em situação de rua. Não podemos ignorar que o caso da cracolândia também envolve uma questão de segurança pública, visto que o tráfico também está presente no local. Porém, tratar em posição de igualdade os usuários de drogas, moradores de rua e crianças que dividem o mesmo espaço está longe de ser uma solução cabível para o problema. O caso foi tão longe que, durante a operação, um prédio 2
que estava ocupado, começou a ser demolido com pessoas dentro. Em Juiz de Fora, a situação não é tão grave quanto em São Paulo, em poucos pontos da cidade acontece essa concentração de pessoas em situação de rua em uma única região. Há algum tempo, a presença de um homem de meia idade com seus dois companheiros caninos, faz parte do cotidiano de quem passa pela Rua Halfeld. Ele é o Sr. Lucélio. Infelizmente também é corriqueira a reclamação de comerciantes e pessoas que passam pelo Centro. Um dia desses, ouvi uma senhora dizer que a presença do Sr. Lucélio na Halfeld “é uma agressão a sociedade”. Então, me questionei sobre qual crime o Sr. Lucélio poderia ter cometido para ser acusado de agressor. Segundo a SDS, o serviço de abordagem já foi até ele tentando convencê-lo a participar de um dos programas sociais da prefeitura, e ele se recusa. Talvez a agressividade esteja no olhar daquela senhora. Por que é tão raro conseguir ver humanidade nas pessoas que estão nas ruas? Por que é tão difícil enxergar vidas além das estatísticas? Acho que falhamos como sociedade a partir do momento que não tratamos todas as pessoas em pé de igualdade. Todos os seres humanos têm desejos, sentimentos, vínculos afetivos independente da sua condição. É lamentável ver o desconforto de algumas pessoas em relação a quem está em situação de rua, como se eles fossem meros objetos não estéticos ocupando a calçada na porta de uma casa ou comércio. Além de todas as dificuldades de uma vida tão incerta, os moradores de rua ainda enfrentam o grande incômodo de sua própria existência.
EXPEDIENTE Jornal Laboratório da Faculdade de Jornalismo da Universidade Federal de Juiz de Fora, produzido pelos alunos da disciplina de Técnica de Produção em Jornalismo Impresso. Reitor Profº Dr. Marcus David Vice-Reitora Proª Drª Girlene Alves da Silva Diretor da Faculdade de Comunicação Social Profº Drº Jorge Carlos Felz Ferreira Vice-diretora Profª Drª Marise Pimentel Mendes Coordenadora do Curso de Jornalismo Integral Profª Drª Cláudia de Albuquerque Thomé Chefe do Departamento de Métodos Aplicados e Técnicas Laboratoriais Profª Drª Maria Cristina B. de Faria Professoras orientadoras Profª Drª Janaina de Oliveira Nunes Profª Ms. Marise Baesso Tristão Repórteres Aline Negromonte, Bárbara Schmidt, Bruna Ogando, Clara Assis, Giovanna Lima, Gustavo Pereira, Lizandra Braga, Luanny Gonçalves, Luiz Carlos Lima, Nayara Martins. Edição e Diagramação Mariana Carpinter Maria Elisa Diniz Contato mergulhaodiario@gmail.com facebook.com/mergulhodiario (32) 2102-3612
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ARTIGO
A passagem de volta é mais cara FOTO: PIxabay
Mariana Carpinter
O sonho de muitos jovens é morar sozinho e fazer faculdade em uma cidade diferente. Ter a vida de filme de um norte-americano em época de colegial: bebidas, festas e nada de obrigações. Na primeira semana são mil maravilhas: você almoça miojo todo dia, no café da manhã tem coca-cola, no lanche da tarde é coxinha, e na janta come um delivery qualquer. Na segunda, você percebe que não sabe a diferença de água sanitária para cloro, e desses dois para amaciante. Mas sabe que, de alguma forma, vai dar tudo certo. Tem que dar. Nesse início, voltar para casa dos pais é “chato”. Legal é ficar na cidade grande curtindo todas as oportunidades de diversão. Mas aí as coisas começam a apertar. Conciliar faculdades e estágio só faz com que o ritmo do cotidiano fique cada vez mais intenso. A ida para casa passa a ficar cada vez
mais rara, querendo ou não. Depois de um tempo, nenhuma preguiça de afazer doméstico dói mais do que a saudade do lar. Não é mais saudade da casa limpa, das comidas prontas e das roupas passadas. A saudade é do cheiro do “berço”, das tardes juntos, de não fazer absolutamente nada, mas saber que está no melhor lugar que poderia estar. Nessas idas e vindas, o preço do transporte vai ficando mais evidente já que semestralmente o valor das passagens é reajustado. No meu caso, a passagem de ida pra casa sempre foi mais cara do que a de volta. Na cidade grande eles cobram taxas de rodoviária e na cidade pequena não tem dessas coisas. Mas no fundo, a passagem de volta sempre me doeu mais na hora de pagar. O peso vinha do abrir mão do colo da mãe, aconchego do lar, “boa noite” e “bom dia” que só os pais sabem
dar… Isso vale muito. E lá se vão anos de idas e voltas. As vezes, confesso, parece que a saudade nem está presente. Os dias passam tranquilamente, cheio dos afazeres. Não dói. Parece que a gente acostuma. Mas no fim do dia, quando chega uma mensagem de boa noite, você lembra do beijo que deveria vir em seguida, e logo aperta o peito. Essas situações dão vontade voltar (e ficar). “Ficar” não é uma opção disponível. Os compromissos não param, assim como o tempo. A gente sabe, depois de certa idade precisa voar, sair do ninho, criar o próprio. Mas se tem uma coisa que não dá para esquecer é que a passagem de volta sempre vai ser mais cara; não importa a idade que a gente tenha. O nosso ninho sempre vai ter uma característica do ninho que marcou as idas e vindas. Os vôos. Constantes. E pousos seguros. 3
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ECONOMIA
FGTS: lei que libera saque de conta inativa é promulgada pelo Senado Medida provisória 763 iria expirar neste fim de semana e passou a ter peso de lei nesta sexta
FOTO: acervo pessoal
Aline Sotto Maior Negromonte
Fernando Agra, economista, professor e palestrante
Na última sexta feira, dia 25, foi transformada em lei a Medida Provisória 763, editada por Michel Temer em dezembro de 2016, que garantia aos trabalhadores o saque das contas inativas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). De acordo com a medida, poderiam receber o benefício os que tivessem contas inativas até 31 de dezembro de 2015, sendo que o prazo final para saque seria 31 de julho de 2017. Com a lei, esse direito fica garantido, já que o prazo da medida provisória (MP) iria expirar neste fim de semana. Os trâmites entre a Câmara, o Senado e o Congresso não alteraram o texto original da medida, que foi expedida pelo presidente do Congresso Eunício Oliveira (PMDB-CE). A MP 763 é agora a lei 13.446 de 2017. 4
O impacto do FGTS Antes mesmo de se tornar lei, a medida provisória editada por Temer já permitia o saque das contas inativas do FGTS desde 10 de maio deste ano. De acordo com o economista Fernando Antônio Agra Santos, os trabalhadores que puderam e podem sacar são aqueles que não foram demitidos por justa causa, num sistema de escalonamento, de acordo com a data de aniversário. Para o economista, esse dinheiro do FGTS não poderia alavancar a economia, mas é certo que daria "um fôlego” ao trabalhador. “Toda injeção de liquidez é mais dinheiro na economia. A ideia é que com o dinheiro na mão, as pessoas tendem a pagar dívidas, comprar, investir em outras aplicações, como Tesouro Direto... tudo isto ajuda.” Mesmo considerando que o brasileiro em geral não tem o hábito de poupar, em um cenário em que a maioria não gastasse seu FGTS, ainda assim seria possível esse “fôlego” na economia, de acordo com o economista. Não haveria mais consumo, mas “aumentaria os créditos nos bancos, que poderiam ser ofertados a um custo mais baixo para os empresários investirem”.
MP 763) para sacar seu FGTS e fizeram usos diversos dele, injetando valores em diversas áreas da economia. O auxiliar administrativo Jhonatan Henrique Franco Cargo, 25 anos, por exemplo, usou o saque para comprar roupas, pagar contas e entretenimento. “Achei bacana a iniciativa porque é um dinheiro que rende menos que a inflação. Assim, muitas pessoas tiveram a possibilidade de usá-lo de forma útil para o Brasil, transformando-o em giro de comércio.” Já o farmacêutico João Vitor Toledo Abreu, 30, guardou tudo proveniente das contas inativas. “Como não estou precisando deste dinheiro no momento, resolvi guardar, caso algum imprevisto ocorra no futuro”. O estudante de artes e design Jefferson dos Santos Calixto, 25, utilizou o dinheiro do FGTS diversificadamente. “A maior parte, uns 80%, usei para pagar dívidas. Com o restante, eu comprei games para Playstation 4.” A secretária Loanda da Silva Andrade, 32, utilizou para a compra de um bem durável. “Eu investi em algo para a casa, comprei um sofá à vista.” O comerciante Tiago Müller Umbellino, 31 anos, trabalhava como pintor residencial na época em que os saques foram liberados. O dinheiro foi utilizado “para uso O emprego do saque Trabalhadores aproveitaram pessoal junto à minha esposa, em a atual lei 13.446/2017 (antiga um dia de lazer e comemorações”.
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Juiz de Fora, 29 de maio de 2017
ECONOMIA
Empresas Juniores são diferencial para o mercado de trabalho Profissionais que viveram essa experiência se destacam em processos seletivos nas empresas
Foto: Divulgação FEJEMG
Lizandra Braga
A FEJEMG promove encontros mensais com todas as EJ’s federadas do estado
Frente à crise econômica dos últimos anos e à própria concorrência já existente na vida profissional, está cada vez mais difícil para um recém-formado conseguir uma posição satisfatória no mercado de trabalho. Nesse sentido, as empresas juniores (EJ’s) se configuram como um espaço de formação diferenciada, capacitando o estudante de forma mais completa, o que lhe garante vantagens na hora de buscar uma colocação. É o que afirmam empresários de Juiz de Fora. Renan Caixeiro é sócio na empresa E-Dialog e vivenciou o Movimento Empresa Júnior (MEJ) durante a graduação. Ele afirma que essa experiência possibilitou conhecer o mercado e desenvolver habilidades técnicas e de relacionamento em equipe que foram um grande diferencial na sua vida profissional. De acordo com Renan, a maioria dos profissionais da sua empresa passou pelo MEJ, mas isso não
ocorreu por uma preferência, e sim por serem profissionais mais capacitados frente a outros que não tiveram essa experiência. Roberta Azedias participou da Mais Consultoria Jr. e hoje trabalha na Voitto, uma empresa de treinamento e desenvolvimento que contrata vários ex-juniores. Ela acredita que o movimento “desenvolve características como liderança, boa comunicação, próatividade, trabalho em equipe, entre outros, o que contribui muito para um bom desempenho durante o estágio e o trabalho. Além disso, o MEJ promove ideias de mudança e inovação e o ex-membro traz isso para a empresa”. Dessa forma, os profissionais ganham vantagem no mercado de trabalho que se reflete na empresa. Hoje, a Voitto conta com vários exmembro de empresa júnior e afirma, assim como Renan, que isso ocorreu de uma forma natural, devido à melhor desenvoltura dessas pessoas.
Movimento Empresa Júnior A Diretora de Desenvolvimento da Federação Mineira de Empresas Juniores (FEJEMG), Maria Carla Rúbio, conta que hoje existem 78 empresas federadas e todas trabalham em cima dos três pilares do movimento: aprendizado por projeto, aprendizado por gestão e cultura empreendedora, e esse é o grande diferencial do MEJ. Além disso, ela ressalta a que o estudante tem a possibilidade de lidar com diversas experiências e realidades frente às outras 460 empresas juniores que existem no Brasil e também o contato direto com outras empresas seniores. A cultura empreendedora estimulada pelo MEJ pode ser vista através de profissionais como o André Novelino. Ele, que é o atual presidente da FEJEMG, abriu sua empresa há sete meses e já está obtendo muitos resultados. A Fala+ Comunicação surgiu do sentimento empreendedor que o André vivenciou e vivência no movimento. “Tenho a convicção que o meu período no MEJ foi crucial para que hoje eu pudesse estar desenvolvendo um negocio que é sustentável, lucrativo e assertivo”, conta. Ele ainda acrescenta as práticas que foram aprendidas que são aplicadas na sua empresa. “No movimento eu aprendi muito sobre gestão, cultura e principalmente gestão de pessoas. Também, a parte de gestão empresarial, de se preocupar com indicadores, metas, objetivos e resultados, isso é essencial”. 5
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Juiz de Fora, 29 de maio de 2017
POLÍTICA
Entenda como vai ficar o governo caso o atual presidente, Michel Temer, saia do poder Após ações de cassação do TSE e delações dos irmãos da JBS, Temer tem seu cargo ameaçado FOTO: reprodução visual hunt
Gustavo Pereira
Michel Temer em pronuciamento após delações dos irmãos Joesley e Wesley Batista
Depois das delações dos irmãos Joesley e Wesley Batista, somados a ações de cassação da chapa DilmaTemer, o governo do atual presidente vem se tornando cada vez mais insustentável. E uma das possibilidades que vem ganhando força é da saída de Michel Temer do cargo. Inicialmente, após delações da Odebrecht, abriu-se uma ação contra a chapa Dilma-Temer por abuso de poder político, entretanto o processo já foi adiado diversas vezes. Só que, desta vez, parlamentares da base aliada, principalmente do DEM e do PSDB, reagiram de forma negativa em mais uma tentativa do governo de adiar o julgamento da cassação presidencial pelo Tribunal Supremo Eleitoral (TSE). E parte desta reação se deu após as recentes delações dos irmãos da JBS, em que divulgaram áudios de uma conversa com Michel Temer no qual 6
Joesley e Temer discutiram a compra do silêncio do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), o que novamente colocou o atual presidente sob investigação. Com a crise política e econômica em que o Brasil vem passando, a situação parece se agravar, e mesmo os parlamentares de apoio ao governo pedem por uma resolução rápida sobre a renúncia ou impeachment de Michel Temer. O presidente do DEM, senador José Agripino (DEM – RN), afirmou que o atraso nos julgamentos de Temer no TSE “não interessa nem ao governo, nem ao país. Ambos precisam de uma definição sobre a crise que estamos vivendo.” Renúncia ou Impeachment A partir da eminência da saída de Michel Temer da presidência do Brasil, dois cenários são possíveis: o primeiro
é o presidente renunciar e ser julgado como cidadão; e o segundo é Temer continuar no poder e ser julgado por duas vezes, cassação da chapa DilmaTemer e processo por corrupção na tentativa de pagar pelo silêncio de Eduardo Cunha. Caso ele não renuncie, será julgado sob foro privilegiado. Segundo a Constituição Federal, tanto em caso de renúncia, quanto em um eventual impeachment deverão ser realizadas novas eleições. Entretanto, conforme o Artigo 81 da Constituição, como faltam menos de dois anos para o fim do mandato, que se encerra em dezembro de 2018, a votação será indireta, feita por deputados e senadores, 30 dias após a saída de Temer. Até as eleições, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia assumiria como presidente interino, cargo que foi ocupado por Temer após o impeachment de Dilma Rousseff. Votação para presidente A votação funcionaria da seguinte maneira: ocorreria duas votações secretas, uma para o cargo de presidente e outra para o cargo de vice. Mas para o candidato ser eleito é preciso obter a maioria simples dos votos, 298 votos entre deputados e senadores. Caso nenhum candidato alcance esse número, teria então uma nova votação, com os mesmos requisitos. Pela terceira vez, caso nenhum candidato consiga atingir o número de 298 parlamentares, é eleito o candidato que obtiver o maior número de votos.
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Juiz de Fora, 29 de maio de 2017
UFJF
Primeira edição do Som Aberto reúne diversas expressões culturais na UFJF
Produtor do evento diz que o objetivo é criar um espaço de troca entre universidade e comunidade Clara Assis
Foto Clara Assis
Som Aberto reuniu estudantes e familiares para interação cultural na UFJF
Música, artes plásticas, dança, moda, literatura e gastronomia. Um misto de cultura que compõe o projeto Som Aberto, realizado no último sábado na praça cívica da Universidade Federal de Juiz de Fora. Esta foi a primeira edição de 2017 e a iniciativa acontece sempre no último sábado do mês, promovida pela Pró-reitoria de Cultura da UFJF. O evento está em sua oitava edição e teve início às 14h, se estendendo até a noite, reunindo um público diverso. Para o produtor do Som Aberto, Beto Campos, o objetivo é contribuir para a formação de público e lazer da UFJF. “A gente procura trabalhar a diversidade cultural em várias áreas. O evento é uma fonte de troca e oferece ao público uma proposta de lazer para criar um elo entre a universidade e a comunidade.” Beto explica que a origem do nome remete à música, mas também ao microfone, como forma de ser um espaço de questionamentos, discussão e apresentação. Esta edição contou com apresentação das bandas Operação Tequila, Visco, Inoutside, além do DJ Tomate. Nas tendas culturais estavam o chargista Mário Tarcitano, fazendo
caricatura ao vivo, o Laboratório de Criação Livre em Artes, o Ateliê das Artes e os produtores independentes. Na programação ainda teve aula de zumba com a Academia Feminina Simetria, circo com a Oficina de Vivências do Amplitud e o espetáculo de rua do Grão de Circo. E durante todo o evento as food trucks também estiverem presentes. O chargista Mário Tarcitano participou pela 3ª vez. “Diariamente fico numa redação fazendo minhas charges, que são avaliadas em função das críticas políticas. Na caricatura ao vivo não tem isso. O contato com as pessoas e as reações diante do meu trabalho são o que mais gosto. É um exercício para mim, pois me obrigo a fazer um desenho rápido, para não alugar ninguém.” O guitarrista da banda Visco, Jean Rocha, conta que o Som Aberto representa muitas oportunidades. “É um projeto bonito que coloca para a comunidade expressões culturais/ artísticas de várias áreas de uma forma muito democrática. Para nós é uma honra poder fazer parte do evento, sobretudo nesta edição, que
marca a volta do projeto em 2017. É uma oportunidade de mostrar o nosso som para um público novo e diversificado, que eventualmente não está habituado a ir aos nossos shows. Tudo isso ao ar livre, no espaço público e com entrada gratuita.” Público aprova proposta O Som Aberto reuniu estudantes da universidade, mas também pessoas de outras cidades e alunos de outras instituições, como a Ana Luiza Oliveira, 18 anos, que cursa jornalismo na Estácio. “Abrange todo tipo de cultura e a gente vê todo tipo de gente também. Eu acho isso muito legal, a proposta de reunir pessoas diferentes, conhecer trabalhos e talentos é muito interessante. Eu nunca tinha vindo antes, me mudei para Juiz de Fora esse ano e só então conheci o Som Aberto. Estou adorando.” Já a estudante de fisioterapia da UFJF, Bianca Biscotto, 23 anos, conhece bem o evento. “Desde que surgiu o Som Aberto eu venho, e acho que é muito legal, muito válido para a interação social e para movimentar a faculdade. O nome universidade é para isso, para ser um universo com coisas diferentes. Venho e aproveito o dia inteiro aqui.” Além dos estudantes, o Som Aberto também reuniu famílias. A aposentada Neuza Moreira, 50 anos, compreceu com os filhos e o marido. “Meus filhos estudam na universidade e sempre que a gente tem oportunidade estamos presentes. Eles moram em Juiz de Fora, mas eu moro em Ubá e me planejo para vim visitá-los no fim de semana que tem Som Aberto. É fantástico. São muitas pessoas diferentes, muita coisa bonita para a gente ver, sempre encontro conhecidos. É uma interação muito legal.” 7
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Juiz de Fora, 29 de maio de 2017
CIDADE
Som Aberto registra ocorrências de roubo em sua primeira edição neste ano Jovens tiveram aparelhos eletronicos e celulares levados por criminosos
FOTO: DIVULGAÇÃO - UFJF
Luiz Carlos Lima
Esta foi a primeira edição do Som Aberto neste ano. festas no campus também foram reluarizadas e devem acontecer na UFJF
Duas jovens, de 20 anos, foram roubadas por criminosos e tiveram seus pertences levados em evento organizado pela pró-reitoria de Cultura da UFJF, o Som Aberto, neste sábado, 27. O evento teve sua primeira edição neste ano e foi das 14h até as 22h, com apresentações musicais e artísticas, além de feiras ao ar livre. As duas jovens, que são estudantes da instituição, desabafaram nas redes sociais e relataram que ao anoitecer os crimes aconteceram. Uma delas, estudante da Faculdade de Comunicação, perdeu seu celular e a carteira e diz que “além do sentimento péssimo que fica 8
pelas várias anotações que haviam no meu celular, precisava dele como instrumento de trabalho”. De acordo com a vítima, os criminosos mexeram em sua bolsa enquanto ela estava assistindo a uma das atrações e, quando percebeu, seus pertences já não estavam mais lá. No outro caso, contra uma estudante do Instituto de Artes e Design (IAD), a ação foi diferente. Segundo a vítima, jovens se aproveitaram de um momento de distração dela, agarraram sua bolsa e saíram correndo com seus pertences. Em rede social, ela lamentou o fato: “levaram todo meu equipamento fotográfico e todo o resto que estava
na minha mochila, terei que ficar sem atuar na minha área de trabalho por conta disso.” Apesar de as jovens terem registrado boletim de ocorrência sobre os fatos, de acordo com o Tenente Moreira nda Polícia Militar, os ocorridos não entraram como destaque na sinopse do fim de semana. Para o produtor do Som Aberto, Beto Campos, “todo planejamento foi repassado ao setor responsável de segurança da UFJF, que foi muito bem elaborado. Infelizmente em um evento que contou com mais de 12 mil pessoas, coisas como estas podem acontecer”, lamenta.
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Juiz de Fora, 29 de maio de 2017
CIDADE
Grafiteiros defendem a atividade como forma de inclusão Presente em vários pontos das cidades, o grafite é usado em programas sociais Giovanna Lima Foto: Arquivo Pssoal
Fernanda Toledo assina seus grafites como “Pekena Lumen”; ela explica que nomes fictícios fazem parte da cultura grafiteira
O grafite surgiu nos anos 70 em Nova Iorque, ligado a vários tipos de movimentos, como o hip-hop. Hoje em dia, essa forma de manifestação artística se tornou comum em diversos pontos das cidades e é usada até mesmo em projetos sociais. O projeto “Gente em Primeiro Lugar”, desenvolvido pela Prefeitura de Juiz de Fora, visa oferecer o acesso a atividades artísticas e culturais a crianças e adolescentes de comunidades e bairros da cidade. Desde 2009, vem desenvolvendo atividades como artesanato, capoeira, danças urbanas, música, teatro, e oficinas de grafite. A estudante e grafiteira Fernanda Toledo, 27, pratica a atividade desde 2007 e assina seus grafites como “Pekena Lumen”. Ela defende que o grafite não é apenas uma questão visual, pois vai além do objetivo de enfeitar uma cidade e deixar as ruas
na verdade, não existe essa distinção: “O grafite veio da pichação. Se você procurar os primeiros traços dos grafiteiros de Nova Iorque, todos eles começaram pichando. A diferença é que os grafiteiros evoluíram suas letras. Apesar da pichação ser mais simples, ela tem um outro tipo de função, de comunicação entre os próprios pichadores”, pondera. O grafiteiro Matheus de Oliveira, 19, começou a praticar a atividade há três anos, assinando seus traços como “Cobe Lion”. Ele participou do projeto “Gente em Primeiro Lugar” e acha que o grafite “traz mensagens de protestos”. Ele complementa que, além de fortalecer a manifestação artística na cidade, a atividade tira crianças da rua através do projeto Grafite veio da pichação do qual participou. Matheus divide a Uma dúvida que muitas pessoas mesma opinião de Fernanda de que têm é sobre a diferença entre grafite e a pichação também é arte, e não deve pichação, mas Fernanda esclarece que, ser vista como vandalismo. mais coloridas. Fernanda acredita que “o grafite aproxima as pessoas da arte. Desde seus primórdios, em Nova Iorque, ele vem como uma forma de expressão de uma minoria”, ela explica. Fernanda aponta a cidade como um cenário de caos e acredita que o grafite vem justamente para quebrar isso. “A cidade, cada vez mais, só sufoca a gente. O grafite quebra esse desconforto e leva uma esperança para a vida de quem passa pelas ruas”, comenta. Fernanda também conta que, quando começou a grafitar, em 2007, havia poucos grafites na rua. Desde essa época, o trabalho dos grafiteiros vem sendo lutar pela democratização da arte.
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Juiz de Fora, 29 de maio de 2017
CIDADE
Grupo Elos do Bem completa dois anos de assistência à população em situação de rua
Equipe leva alimentação de qualidade e sorrisos para quem vive nas ruas de Juiz de Fora Crédito: Reprodução vídeo Lia Rezende
Nayara Martins
Amanda Ormond, Amanda Borges e Heloísa Fávero: fundadoras do Elos do Bem
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) os termômetros marcaram nesta madrugada a temperatura mínima de 12 graus. Geralmente é nesta época do ano, quando reforçamos o número de agasalhos e aumentamos a quantidade de cobertores na hora de dormir, que nos lembramos daqueles que não possuem um teto ou uma cama quentinha para descansar. Conforme o estudo de Dezembro de 2016, realizado pela Secretaria de Desenvolvimento Social (SDS), existem aproximadamente 242 pessoas que dormem nas ruas de Juiz de Fora e 141 que pernoitam em casas de acolhimento. Para tentar amenizar a situação destas pessoas, foi fundado o Elos do Bem, em abril de 2015. O projeto teve início a partir de uma publicação em um grupo de compra e vendas no Facebook, onde uma pessoa comentou que desejava realizar ações para ajudar moradores em situação de rua; em poucos minutos dezenas de pessoas comentaram no post demonstrando partilhar desta mesma vontade. Apesar do grupo originar-se no período que compreende o outono - inverno, os voluntários lembram que a ajuda não deve ser sazonal, pois essa parcela da 10
população precisa de assistência durante o ano inteiro. Atualmente existem cerca de 70 pessoas que participam da equipe, dentre elas, 20 auxiliam de forma mais ativa distribuindo cerca de 120 marmitex por semana nas ruas de Juiz de Fora. Amanda Borges, Heloísa Fávero e Amanda Ormond estão no grupo desde o início e são consideradas as fundadoras e principais administradoras do Elos do Bem. “Sempre nos perguntam de qual congregação nós somos, mas uma das primeiras coisas que estabelecemos foi que não iríamos abraçar nenhuma causa política ou religiosa. Somos pessoas de diferentes idades, diferentes profissões e bairros distintos, que nos renuímos em prol do bem”, ressalta Amanda Borges, 21 anos. Equipe em ação Desde a criação, o grupo se reúne todas as quartas-feiras por volta de 14h para preparar os alimentos e iniciam as entregas a partir de 19h40. Heloísa lembra que no início elas não sabiam em quais locais iriam realizar as entregas, o processo era menos organizado e consequentemente mais demorado: “Nós saíamos de carro pela cidade e à medida que nos deparávamos com
pessoas em situação de rua era oferecido o marmitex com o jantar; eu saía de casa às 14h e retornava quase 2h da manhã. Nós gastávamos muito mais tempo, tanto com a distribuição quanto com o preparo do alimento.” Atualmente ela revela que sai de casa por volta de 14h30 e retorna às 22h30; a conquista de um espaço fixo para poder cozinhar foi um fator de extrema importância para a redução deste tempo, pois trouxe maior eficiência ao processo. Os alimentos são preparados na cozinha da quadra da escola de samba Unidos do Ladeira, localizada na av. Brasil. Hoje o grupo possuí também um trajeto definido: Saindo de Santa Terezinha, passando por toda Av. brasil; pelo núcleo cidadão de Rua Herbert de Souza (albergue); Av. Getúlio Vargas; rua Franscisco Bernardino; Cemitério Municipal e Praça da Estação. Respeito mútuo Amanda Ormond destaca que existe um grande respeito entre elas e os moradores em situação de rua: “No início eles ficavam um pouco tímidos, hoje sabem que estamos ali para ajudar.” Heloísa lembra a fala de um morador em uma das entregas: “Quando o seu carro pára eu sei que vem comida boa. Têm qualidade, têm fartura e o melhor: vocês dão atenção pra gente. Não deixam o marmitex e saem correndo, a gente vê que vocês se preocupam de verdade.” O carinho, alegria e respeito mútuo são nítidos; eu acompanhei uma das entregas e pude perceber a satisfação dos voluntários no preparo; durante a embalagem dos marmitex até a entrega dos alimentos enquanto do outro lado, o morador em situação de rua revela-se extremamente agradecido e com o dom da partilha.
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Juiz de Fora, 29 de maio de 2017
CULTURA
Bar do Krismara vira cenário para clipe musical
Em três semanas, a produção juiz-forana alcançou mais de 100 mil visualizações no Youtube Foto: Take do clipe / Divulgação
Bruna Ogando
A repercussão positiva do clipe faz com que Guido Del’ Duca já pense nas próximas produções no mesmo estilo
O Krismara é um dos bares mais conhecidos pelos jovens em Juiz de Fora e, por isso, o cantor Guido Del’ Duca decidiu fazer com que uma história vivida no lugar virasse tema de uma música e também de um trabalho audiovisual. “Quando te vi no Krismara” conta a história de um amor que começa no bar. Mesmo em meio às dificuldades , o rapaz consegue se declamar para a amada com uma ajudinha dos amigos que o acompanham. “A inspiração para essa música veio da vida real mesmo. Tudo que está na música aconteceu daquele jeito. Eu comecei a fazer a música no bar mesmo, gravei no celular como costumo fazer e em casa terminei de contar a história.” A ideia para gravar o clipe já vinha sendo trabalhada desde o ano passado, mas somente depois da gravação do CD e mais algumas produções é que a ideia foi sair do papel. Através de uma postagem no Facebook, uma das
personagens principais da história apareceu e outros personagens foram convidados entre os amigos do cantor. A intenção com as imagens era, além de mostrar o bar onde tudo aconteceu, mostrar também algumas ruas e pontos de Juiz de Fora. Frutos do trabalho Em relação à repercussão que o clipe ganhou nas redes sociais Guido Del’ Duca comenta: “Eu esperava que fosse ter uma aceitação legal da galera porque o áudio no YouTube já tinha bastante views, a canção era uma das mais ouvidas do Spotify, mas com o vídeo o alcance foi muito maior.” Guido também destaca que as curtidas na página e os inscritos no canal do YouTube aumentaram significativamente depois da divulgação desse clipe. “Quanta alegria, ritmo gostoso, e o final ainda é surpreendente com os seus guardacostas dando força na declaração. Bom demais”, escreve Lourdes Costa
no compartilhamento do vídeo. O cantor destaca que vem sendo positivo o reconhecimento das pessoas de uma forma geral, mas que de fato a rotina não mudou muito e que essas mudanças acontecem a longo prazo. Música e rotina Para o artista é um desafio conciliar a música com outras atividades que desenvolve, como a faculdade e o trabalho. “Em todo o tempo que me sobra no trabalho ou quando não estou por lá, estou fazendo algum planejamento, programando algum post e outras atividades. Depois que eu saio da faculdade, tento sempre manter uma rotina de ensaios e criação.” Ele explica também o porquê de, por enquanto, não se dedicar exclusivamente à sua carreira musical: “Com o dinheiro que eu ganho no trabalho consigo pagar minhas contas, meu aluguel e tudo mais. E assim também consigo investir nas minhas produções e na minha música autoral.” 11
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Juiz de Fora, 29 de maio de 2017
ESPORTE
Começa hoje a 24ª edição dos Jogos Intercolegiais da cidade Uma das competições mais expressivas da região traz 13 modalidades para serem disputadas por alunos Bárbara Schmidt FOTO: www.pjf.mg.gov.br
Festa de abertura da última edição dos Jogos Intercolegiais reuniu 800 alunos no Colégio Cristo Redentor - Academia do Comércio, em 2014
A partir de hoje, crianças e adolescentes disputarão diversas modalidades esportivas na maior competição do esporte estudantil da cidade: os Jogos Intercolegiais. Alunos na faixa etária entre 12 e 17 anos, da rede pública municipal, estadual, federal e da rede particular podem participar do evento promovido pela Secretaria de Esporte e Lazer (SEL) da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF). Segundo consta no site da PJF, os Jogos Intercolegiais “têm por finalidade incentivar a participação em atividades esportivas das instituições de ensino de Juiz de Fora, promover a ampla mobilização da juventude estudantil em torno do esporte e promover a integração entre os estudantes com idade escolar da cidade.” O gerente do Departamento de Iniciação, Formação e Rendimento Esportivo da PJF, Flavio Vilella, um dos responsáveis pela organização 12
dos jogos, garante que além desses objetivos, alguns alunos também são escolhidos por especialistas para representarem a cidade nos Jogos Escolares de Minas Gerais. Ele ressalta a importância de, através do esporte, educar os jovens estudantes. Modalidades disputadas Futebol de campo, futsal, handebol, basquete, vôlei, badminton, peteca, queimada, atletismo, natação, judô, xadrez e tênis de mesa são as modalidades a serem disputadas. Comprovando o caráter democrático e de integração do evento, há espaço também para os estudantes com deficiências físicas nas modalidades paralímpicas: atletismo, natação, bocha paralímpico e tênis de mesa. Flávio Vilella explica: “Cada modalidade é feita em um local diferente. Nesta segunda-feira, iniciaremos os jogos com o judô, tendo aproximadamente
70 alunos inscritos. Essa abertura será realizada na escola União da Betânia, no bairro Granjas Betânia.” O gerente do departamento responsável pelo evento ainda comentou que a ideia era realizar os Jogos Intercolegiais uma vez por ano, porém, por falta de verba, eles tiveram que pausar as atividades em 2015 e 2016. Com o retorno da competição este ano, as disputas se estenderão até novembro, tendo jogos praticamente todos os dias em diversas escolas da cidade. De acordo com Flávio, na última edição 90 escolas participaram, mas ainda não foram contabilizadas as inscritas nesse ano. “É um evento muito relevante para o crescimento pessoal, bem como para o desenvolvimento das potencialidades de cada aluno.” Mais informações com a Assessoria de Comunicação da SEL pelos telefones 3690-7829 e 36908596.
MERGULHO DIÁRIO
Juiz de Fora, 29 de maio de 2017
ESPORTE
Falta de investimentos causa impacto negativo na carreira profissional de atletas brasileiros Com a falta de patrocínio e apoio técnico no país, boxeadores encontram dificuldades para se profissionalizar FOTO: PIXABAY
Luanny Gonçalves
Falta de patrocínio no Brasil compromete tempo disponível para dedicação aos treinos
Um ano depois da inauguração de grandes centros esportivos no Brasil para sediar os jogos olímpicos em 2016, a indisponibilidade desses locais para uso e, principalmente, a falta de apoio e investimento do governo nas carreiras dos profissionais, tem desmotivado novos atletas à seguir carreira. Atletas de diversas modalidades se queixam da mesma situação, sem saber como prosseguir diante da falta de apoio técnico e financeiro para os treinamentos e, posteriormente, intensa cobrança por um bom desempenho ao representar o país em competições. O boxe, uma das modalidades de luta mais antigas do mundo, enfrenta atualmente uma baixa de competidores profissionais brasileiros. Ao acompanhar uma
luta na TV, não imaginamos o caminho que o atleta percorre até se tornar profissional ou o esforço que realiza para se manter nesse meio. O ex-lutador Adailton de Jesus, cresceu em uma comunidade em Salvador e conta como chegou até o esporte: “Tinha algumas academias de boxe na vizinhança, muitos jovens de lá encontravam na luta um objetivo e seguiam esse caminho. Eu tinha 14 anos e estava brigando na rua quando um treinador viu, achou que eu tinha potencial e me levou pra academia dele.” Em sua trajetória, Adailton revela que passou por muitas dificuldades até atingir o nível profissional e mesmo quando chegou lá, sem qualquer tipo de patrocínio, sentiu a pressão de entrar em competições sem apoio do país. Segundo
ele, de certa forma, isso acabou atrapalhando sua carreira. O estudante e atleta, Rhawan Neves pratica boxe desde 2012 e deseja se tornar um lutador profissional, mas explica que as dificuldades são grandes. “Os treinos para profissionalização são intensos, demandam muito tempo e dedicação. A maior dificuldade que encontro no momento é conciliar minha vida pessoal com o treino, devido à falta de patrocínio. Atualmente, faço faculdade e estou à procura de trabalho, o patrocínio dá um conforto de o atleta não ter que se preocupar tanto com gastos e, no meu caso, como de tantos outros, a falta dele acaba limitando o desenvolvimento.” Rhawan acredita que, no país, por causa da supervalorização do futebol, outros esportes acabam ficando em segundo plano, mas afirma que apesar disso a esperança é que o cenário nacional do boxe cresça “Acredito que diante da maior visualização da modalidade fora do país, estamos também ganhando mais fãs do esporte, as academias têm resgistrado maior procura por alunos. A expectativa agora é que esse destaque atraia maior investimento daqui pra frente”, ressalta. 13