MERGULHO
DIÁRIO
Jornal Laboratório da Faculdade de Comunicação da UFJF • Juiz de Fora, 16 de maio de 2017 • Edição 04
Senadores votam nesta quarta-feira o fim do foro privilegiado Página 4
Pelo menos 49 senadores precisam votar a favor para que a extinção do foro seja aprovada UFJF
ECONOMIA
CIDADE
Projeto de extensão apoia motoristas que sofrem por exaustão e assédio
Análise divulgada pelo Banco Central aponta crescimento do PIB brasileiro
Separação incorreta do lixo prejudica reciclagem
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Juiz de Fora, 16 de maio de 2017
EDITORIAL
EXPEDIENTE
Todos iguais perante a lei?
O fim do foro privilegiado será votado no Senado amanhã (17) Giovanna Lima
O Senado pode aprovar amanhã a extinção do foro especial por prerrogativa de função, mais conhecido como foro privilegiado. A medida garante julgamento especial e particular a autoridades públicas quando essas sofrem processos penais. Está na Constituição Brasileira de 1998: autoridades de alta responsabilidade pública, como Presidente da República, Vice-Presidente, ProcuradorGeral da República, ministros e membros do Congresso Nacional respondem a processos ao Supremo Tribunal Federal, e não à justiça comum de primeira instância. Surge um verdadeiro ponto de interrogação na cabeça dos brasileiros quando se ouve a expressão “foro privilegiado”. A questão inevitável que todos formulam é “por que ‘eles’ têm foro privilegiado, afinal de contas?” Eles, autoridades as quais confiamos o nosso voto para governar o nosso país e que acabam gozando de privilégios no caso de crimes comuns ou de responsabilidade. O fato é que, o foro privilegiado garante tratamentos diferentes para cidadãos comuns e para autoridades. Mas o artigo 5º da Constituição Brasileira estabelece que “todos os brasileiros e estrangeiros residentes no país são iguais perante a lei”. Parece que 2
agora o famoso “toda regra tem sua exceção” faz todo o sentido. Delação daqui, revelação dali, operações da Polícia Federal a todo vapor e turbulências no sistema político do Brasil já tornam difícil a crença do brasileiro na política. Imagina então quando ele ouve nos canais de comunicação que tal político cometeu determinado crime e que ainda terá foro privilegiado no julgamento. É o 7x1 de cada dia. Sete para a realeza da política, um para os meros brasileiros pagantes de contas. Falando em contas, está aí algo que tem incomodado os cidadãos desse país. Todos nós sabemos que, quando eles erram lá, somos nós que pagamos aqui. É o toma-lá-dá-cá da política brasileira. Se o rombo nas contas públicas é de R$ 200 bilhões, tenha a consciência de que você, que está lendo nossa edição de hoje, está pagando uma parcela disso. Se as contas da previdência não fecham, somos nós que pagamos (ou deixamos de ganhar). Se não chove, cada um recebe sua conta de luz com a bandeira vermelha. E os bolsos dos brasileiros sentem a cada dia que passa. Você pode conferir outras informações sobre a votação da extinção do foro privilegiado na página X da quarta edição do Mergulho Diário de hoje. Boa leitura!
Jornal Laboratório da Faculdade de Jornalismo da Universidade Federal de Juiz de Fora, produzido pelos alunos da disciplina de Técnica de Produção em Jornalismo Impresso. Reitor Profº Dr. Marcus David Vice-Reitora Proª Drª Girlene Alves da Silva Diretor da Faculdade de Comunicação Social Profº Drº Jorge Carlos Felz Ferreira Vice-diretora Profª Drª Marise Pimentel Mendes Coordenadora do Curso de Jornalismo Integral Profª Drª Cláudia de Albuquerque Thomé Chefe do Departamento de Métodos Aplicados e Técnicas Laboratoriais Profª Drª Maria Cristina B. de Faria Professoras orientadoras Profª Drª Janaina de Oliveira Nunes Profª Ms. Marise Baesso Tristão Repórteres Aline Negromonte, Bárbara Schmidt, Bruna Ogando, Gustavo Pereira, Lizandra Braga, Luanny Gonçalves, Luiz Carlos Lima, Maria Elisa Diniz, Mariana Carpinter, Nayara Martins, Thamires Pecis. Edição e Diagramação Clara Assis Giovanna Lima Contato mergulhaodiario@gmail.com facebook.com/mergulhodiario (32) 2102-3612
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Juiz de Fora, 16 de maio de 2017
ARTIGO
Em busca do amor Clara Assis Reprodução: A Mente é Maravilhosa
Sabe aquela frase de mãe, “Quem procura acha?”. Então, me desculpe mãe, mas ela não é sempre verdade. Tem coisas que você só encontra quando para de procurar. Sabe o amor? Então, é uma delas. Tem gente que passa a vida inteira procurando, mas esqueceque para encontrar, você precisa fechar os olhos, porque o amor não é para ver, é para sentir. Eu era muito nova quando o amor chegou, e eu, definitivamente, não estava atrás dele. No auge dos meus 16 anos, não pensava muito nessas coisas. Mas ele veio, e da forma mais natural, ficou. O amor não é sempre romântico, apesar de no meu caso, ter acontecido assim. Mas ele é sempre sincero e você sabe quando é para valer. Amar é fácil, respeitar as diferenças é que costuma ser difícil. Mas afinal, não são justamente as diferenças que nos completam e nos ensinam a cada dia? Se eu não fosse tão exigente comigo mesma e com os outros, não teria a chance de aprender com ele que
as coisas nem sempre saem como a gente gostaria. Se ele não fosse tão bagunceiro, não aprenderia comigo como colocar cada coisa exatamente em seu lugar. Existem muitas palavras que fazem um amor dar certo, como paciência, empatia e respeito. Mas a verdade é que, quando é para ser, vai dar certo de qualquer jeito. Não que eu acredite em um relacionamento sem essas coisas, mas cada casal é de um jeito. Afinal, viva as diferenças, não é? Não posso criticar quem não se importa com isso, mas eu me importo, e nunca deixei que faltasse uma outra palavra essencial: parceria. Parceria é aquilo que te dá forças quando você já está caindo de sono, mas ele pede para ficar um pouco mais. Que te dá ânimo quando você precisa acordar cedo no final de semana, porque ela vai ter que trabalhar. Que te transforma na torcedora mais fanática do futebol quando ele insiste para você assistir jogo, ou que te faz virar especialista de moda quando
ela precisa de opinião em qual roupa usar. Parceria é o que te dá coragem quando o desafio é grande, mas você sabe que vale a pena enfrentar pela pessoa. Porém, não confunda. Parceria não é abuso, não é você fazer tudo que o outro quer. Em qualquer relacionamento é preciso existir equilíbrio nas decisões, porque sempre alguém vai ter que ceder. Em cada conversa é importante ser assertivo, saber dar a sua opinião, sem deixar de ouvir a do outro. Saber se colocar no lugar da pessoa, entender suas razões e buscar juntos o que for melhor para os dois. Muitas pessoas encontram o amor, mas não percebem. Ele não vem em uma caixinha de presente, não é palpável e muito menos perfeito. Ele pode estar mais perto do que você imagina, nas coisas mais simples do seu dia a dia, nas conversas mais banais, nas risadas mais sinceras ou nos encontros inesperados. Por isso, não se prenda tanto em procurar, porque você vai sentir quando ele chegar. 3
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Juiz de Fora, 16 de maio de 2017
POLÍTICA
Fim do foro privilegiado pode ser aprovado amanhã Proposta precisa dos votos a favor de 49 dos 81 senadores para ser sancionada em plenário
FOTO: Wiinson dias/ Agência Brasil
Thamires Pecis
Senadores votam extinção do foro privilegiado para autoridades federais nesta quarta
O fim foro especial por prerrogativa de função, popularmente chamado de foro privilegiado, pode ser aprovado nesta quarta-feira (17) . A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) será colocada em pauta se houver um número expressivo de senadores no Plenário, segundo o presidente do senado Eunício Oliveira. A PEC 10/2013, de autoria do senador Álvaro Dias (PV-PR), tem como relator o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). O projeto acaba com o foro privilegiado para autoridades federais em casos de crimes como roubo e corrupção, sendo assim julgados nas primeiras instâncias da Justiça comum. No entanto, o foro privilegiado é mantido para crimes de responsabilidade, que são aqueles cometidos em decorrência do cargo público. Os chefes dos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), são exceções à PEC e continuam com o foro especial por prerrogativa 4
de função independente do crime. No fim de abril, os senadores aprovaram a proposta em primeiro turno, com 75 votos a favor e nenhum contrário. O texto agora tem que ser votado em segundo turno, antes de ser enviado para a Câmara dos Deputados. Se aprovado, mais de 54 mil autoridades, que hoje têm direito ao foro privilegiado, segundo um estudo da Consultoria Legislativa do Senado, ficarão sem o privilégio. O que os políticos dizem O deputado federal Júlio Delgado (PSB) que a princípio participará da votação, caso a proposta siga para a Câmara, destaca que é a favor da extinção do foro privilegiado, mas ressalta que, se aprovada, ela pode criar algumas inadequações que vão em desacordo com os interesses daqueles que defendem o fim do foro. “Para crimes como os de corrupção, por exemplo, seria importante que houvesse um foro que não tivesse o
comprometimentodeumaperseguição ou benevolência àquele que está sendo julgado”, considera o deputado. A vereadora Sheila Oliveira (PTC) diz que apesar de ter receios sobre a origem da proposta, ela é importante. “Segundo a PEC, o fim do foro privilegiado seria apenas para os crimes comuns. Apesar de não acreditar que a proposta de emenda tenha sido apresentada por uma causa nobre, caso seja aprovada, pode ajudar na celeridade de tais processos, reduzindo a impunidade por prescrição, fato que vem ocorrendo em larga escala.” Ampliando a questão, a deputada federal Margarida Salomão (PT), que é favorável a PEC, explica que apesar do fim do foro privilegiado ser importante, ainda há muito a ser melhorado no cenário político: “Eu não acho que isso por si só seja suficiente para mudar a maneira como as pessoas veem a política. Eu sou a favor, inclusive, de mudar essa situação, eu não acho que as pessoas devem ver a política, mas sim, participar da política. A política só mudará com a participação das pessoas, e não com mudanças na sua visão.” O vereador Charlles Evangelista (PP) também é contra o foro privilegiado, pois se todos são iguais perante a constituição, os políticos não devem ser diferente .“Estamos vendo diversos bandidos investindo em cargos públicos única e exclusivamente por causa do foro privilegiado. A corrupção é um verdadeiro câncer que está destruindo o país. Isso não vai resolver o problema, mas vai ser como uma quimioterapia bem-sucedida, vai melhorar muito.”
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Juiz de Fora, 16 de maio de 2017
POLÍTICA
Câmara Mirim dá início às atividades de 2017
Alunos do projeto são inseridos na política, que significa “vida na pólis”, ou seja, a vida em sociedade Lizandra Braga
Foto: Reprodução site PJF
vivências. Embora existam problemas comuns a todos, eles são sentidos de maneiras diferentes.”
A próxima etapa do projeto é a escolha do tema a ser trabalhado
“Política é uma atividade ampla e a escola deveria oferecer mais atividades nas quais os alunos pudessem discutir e deliberar”, afirma o cientista político, Raul Magalhães, sobre o fato das escolas oferecerem pouca ou nenhuma inserção política aos alunos. Para suprir essa demanda, projetos como a Câmara Mirim se mostram muito relevantes para a construção da consciência política de cada cidadão e essa introdução deve ser feita o quanto antes. Raul ainda afirma que essa iniciativa em como virtude tratar o mundo da política como um processo educativo. Embora o aluno não consiga ter uma dimensão completa do trabalho realizado por um vereador, ele avalia positivamente o projeto. Na última sexta-feira, dia 12, a câmara de vereadores de Juiz de Fora realizou uma solenidade para marcar o início das atividades da Câmara Mirim no ano de 2017. O objetivo do projeto é introduzir a criança e o adolescente no âmbito político, permitindo ao estudante compreender
o papel do Legislativo Municipal dentro do contexto social em que vive, contribuindo para a formação da cidadania e o entendimento dos aspectos políticos da sociedade brasileira. O Colégio dos Jesuítas é um dos participantes dessa edição com cerca de 30 alunos atuando na Câmara Mirim. O professor Lenilsson Araújo é um dos responsáveis pelo projeto no colégio. Ele afirma que a concepção da palavra política é “vida na polis”, ou seja, a vida em sociedade e que a partir de vivências como essa, os alunos estreitam a relação com as questões sociais. Ele ainda destaca que além de discutir temas relevantes da vida deles, os alunos passam a perceber os papéis e os limites do poder legislativo, aprofundando a consciência sobre o fazer político. Lenilsson ainda ressalta a importância do contato com outros alunos e outras escolas. “Eles ampliam o leque deles, a visão de mundo, a realidade, eles vão perceber outras
Experiência que agrega A aluna de direito, Giulia Fardim, participou da Câmara Mirim quando estava no ensino médio. Motivada pelas mudanças que poderia sugerir para a sociedade e para conhecer melhor o poder legislativo, ela topou o desafio e não se arrependeu. “Pude adquirir conhecimento de como as leis são elaboradas. Foi uma vivência da vida política municipal real”, conta. Giulia afirma que a atuação na Câmara Mirim à estimulou a participar do Parlamento Jovem de Minas Gerais, Parlamento Jovem Federal, Grêmio estudantil e, por fim, incentivou sua escolha pelo direito, como formação acadêmica. Para a vida pessoal, ela comenta: “acredito que me tornei uma pessoa completa e adquiri conhecimentos que deveriam ser repassados a todos os cidadãos brasileiros”. Escolas participantes Escola Municipal Rocha Pombo; Escola Municipal Vereador Marcos Freesz; Escola Municipal Drº Adhemar Rezende de Andrade; Colégio São José / Instituto Vianna Júnior; Escola Cenecista Monteiro Lobato; Centro de Educação Interativa – CEI; Colégio Apogeu; Colégio dos Jesuítas; Escola Municipal Áurea Bicalho; Escola Municipal Gonçalves da Silva 5
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Juiz de Fora, 16 de maio de 2017
CIDADE
Obra no bairro Santa Catarina divide opinião de moradores sobre os transtornos gerados Reparos que estão sendo feitos na Rua Castro de Moraes têm sido alvo de reclamações na região Bruna Ogando Foto: Reprodução/Facebook
horário. Acredito que a prefeitura esteja agindo corretamente.” O que a PJF explica
Equipe com quatro trabalhadores está realizando a obra na rua Moraes Sarmento
A obra realizada na Rua Moraes Sarmento, no bairro Santa Catarina, tem deixado a opinião dos moradores dividida em relação ao horário em que o trabalho é executado. O reparo faz parte da operação “Tapa Buraco” e é uma demanda da região há aproximadamente oito meses. As atividades começaram a ser feitas por volta das 7h30 de ontem (15), o que fez com que alguns moradores se incomodassem com o barulho pela manhã. “Essa é a rua mais movimentada aqui do bairro. Não tem condições deles mexerem nisso agora. Falo isso por causa do movimento e também porque não tem como a essa hora da manhã ficar essa movimentação de máquinas por aqui”, fala a aposentada 6
Sâmia Ferreira, de 67 anos. A professora Lucimara Liting, de 45 anos, também comenta sobre as obras e o impacto que vê: “Não gosto de ficar reclamando por tudo, mas já vi em muitos lugares as obras começarem e não acabarem. Já pensou esse transtorno todo aqui no nosso bairro pra não gerar nada? Espero que isso seja concluído, porque é muita máquina, barulho e transtorno, pra nada.” Já o estudante Mauro Antônio da Costa, 24 anos, não vê problemas com as obras: “Faz muito tempo que eu vejo essa rua assim. Era só um buraquinho, mas por causa do tempo acabou ficando desse jeito. Uma hora eles vão ter que fazer, então sei que não tem como agradar a todo mundo com o
De acordo com a assessora de comunicação da Secretaria de Obras da Prefeitura Municipal de Juiz de Fora, Ana Carolina Dângelo, a equipe de obras da prefeitura trabalha de 7h às 17h, sempre de segunda a sexta-feira. A prioridade é que as obras sejam executadas de manhã, porque nesse horário o fluxo de veículos é menor. “Nossa equipe elabora para os funcionários um espécie de programação, que fala quais vão ser as atividades daquele dia. Fazemos dessa forma porque é a mesma equipe que atende a várias secretarias e temos que fazer esse cronograma”, explica a assessora. Ana Carolina também destaca outro procedimento que é importante para o entendimento da população: “O que muitas vezes as pessoas de Juiz de Fora não entendem é que numa mesma rua, podem ter dois buracos muito próximos, mas que a demanda para consertálos vem de secretarias diferentes. Tudo depende se é um vazamento, uma erosão, entre outras causas.” A obra na Rua Moraes Sarmento ainda não tem um período exato para ser concluída, mas a Secretaria de Obras garante que o reparo é pequeno e que o serviço não trará mais transtornos à comunidade.
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Juiz de Fora, 16 de maio de 2017
CIDADE
Separação incorreta do lixo prejudica reciclagem
Apenas 0,23% do lixo total é reciclado em Juiz de Fora, coleta seletiva errônea é a causa para o baixo número
Foto: Nayara Martins
Nayara Martins
Suelly Santos fazendo a triagem dos materiais recicláveis na sede da Ascajuf
Santa Tereza. Ela conta que o trabalho seria muito mais eficiente se a população separasse os itens de forma correta: “Hoje as pessoas ainda misturam o lixo reciclável com o lixo orgânico, isso acaba estragando materiaisquepoderiamserreaproveitados.” Vera Lúcia, 54, uma das fundadoras da associação, destaca o descaso da população com o lixo. A associada reconhece que o serviço de coleta seletiva ainda não é amplamente conhecido, mas defende que a falta de informação não pode ser motivo para persistir no erro. “Se o caminhão não passa na sua rua, uma alternativa é reunir o bairro, juntar o material reciclável e levar para alguma associação, como a Ascajuf, ou entregar para algum dos catadores que atuam nas ruas de Juiz de Fora.” Vera ainda completa: “Aqui no bairro Santa Tereza, por exemplo, nós temos a sede da Ascajuf, mas não há um número de moradores que trazem esses materiais recicláveis para nós. Agora olhe na beira do rio Paraibuna, que está nas nossas proximidades;olhe aquantidadedelixoque tem. Então a distância não é o problema, porque a mesma distância da sede é a do rio. O problema é o descaso das pessoas.”
Foto: Nayara Martins
Segundo os dados mais recentes divulgados pelo Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DEMLURB), no último ano apenas 0,23% do lixo coletado em Juiz de Fora foi reciclado. O baixo número deve-se à perda de materiais por separação incorreta na coleta seletiva e falta de conscientização da população ao separar o lixo, explica o vice-presidente da Associação Municipal de Catadores de Papel, Papelão e Materiais Reaproveitáveis de Juiz de Fora (ASCAJUF), Werley Aparecido Pereira dos Santos. Atualmente a Ascajuf participa diretamente do processo de coleta seletiva. Todo lixo recolhido pelo caminhão especial doDemlurbéencaminhadoparaoscentros de triagem, onde acontece a separação dos materiais que podem ser reciclados. Os caminhões específicos para a coleta seletiva são três e estão em funcionamento em Juiz de Fora desde julho de 2012. De acordo com informações da base de dados do Demlurb 90% dos bairros têm coleta seletiva nas ruas principais. No portal do Demlurb, o morador pode pesquisar o nome do bairro para se informar sobre a rua na qual o caminhão passa, os dias e o respectivo horário. Suelly Santos, 36, é uma das associadas responsáveis pelo setor de triagem dos materiais na sede da Ascajuf do bairro
os materiais de segunda a sexta de 8h às 19h. A associação também recebe doação de óleo já utilizado. “Ao invés de jogar na pia da cozinha e poluir o meio ambiente, pode trazer pra gente, que nós transformamos essematerial em sabão”, destaca a associada. O vice-presidente Werley Santos completa: “O que a gente quer é a conscientização da população. Pequenos atos fazem toda a diferença. Quanto menor for o número de materiais que vão para o aterro sanitário, é melhor para o meio ambiente, além de gerar emprego e renda para famílias como o caso da nossa associação.” Para separação do lixo residencial não há necessidade de divisão por categorias (papel, metal, plástico e vidro). O ato de separar o lixo seco (reciclável) do úmido (orgânico) é satisfatório para que a coleta seletiva obtenha êxito.
Como ajudar A sede da Ascajuf está aberta para receber
Vera Lúcia, catadora associada da Ascajuf 7
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Juiz de Fora, 16 de maio de 2017
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Sistema de telefonia e dados é motivo de reclamação dos moradores juiz-foranos Serviços de manutenção são terceirizados pelas empresas de telecomunicações Um problema recorrente em Juiz de Fora é a falha nos serviços e problemas com o sinal das operadoras de telefonia móvel. A Agência de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) de Juiz de Fora, divulgou dados do segundo semestre de 2016, sobre as 10 empresas que lideram o ranking de reclamações, e os três primeiros lugares são ocupados por instituições ligadas ao sistema de telefonia e dados, totalizando 585 queixas. O estudante e morador do bairro Jardim Esperança, Bernardo Savino, 19 anos, reclama da falta de sinal de celular de algumas operadoras no seu bairro: “eu tive que trocar meu número após me mudar para o Jardim Esperança, pois aqui quase nenhuma operadora pega e eu acabo ficando incomunicável”. Quem também questionou a falta de sinal foi o aposentado e morador do bairro Linhares, Paulo de Carvalho, 84 anos: “eu moro sozinho e quase não ando mais direito, aí se tenho algum problema e preciso chamar minha família, como faço?”. Já o responsável pela área de manutenção, Paulo Henrique Oliveira, que trabalha em uma empresa de telecomunicações, explica que o que faz as empresas de telefonia e dados serem líderes no ranking de reclamações do Procon é a grande quantidade de clientes que utilizam os serviços. Segundo ele, “em números percentuais comparativos, as operadoras possuem um índice de reclamações mais baixo do que outros segmentos”. 8
Paulo Henrique defende que há um diálogo entre empresa e prestadora de serviços e que os problemas se dão, principalmente, devido à falta de energia comercial e aos vandalismos. Entretanto, Evandro Herzog, que é técnico em manutenção de sites,destaca que antes os sites recebiam manutenção mais recorrente, devido ao elevado custo dos produtos em seu interior, mas com o barateamento das peças que abastecem os sites, ocorreu também um sucateamento dessa manutenção, que “é feita poucas vezes, já que tem poucos profissionais especializados em manutenção de sites.” Como ocorre o processo de criação e manutenção de um site O crescente aumento do sistema de telefonia e dados, principalmente devido aos celulares, leva as empresas de telecomunicações a precisarem de uma expansão em suas redes, permitindo um maior alcance, sem que prejudique o sinal de quem já utiliza os serviços. Para criação de uma rede telefônica, são necessárias quatro partes: -Rede de Comutação: que são os equipamentos necessários para comunicação entre os usuários -Rede de Acesso: que é o suporte físico para a comunicação -Rede de Transmissão: suporte para propagação da informação -Infra-estrutura para sistemas de telecomunicações: sistema secundário que vai auxiliar na transmissão da rede
Foto: gUSTAVO PEREIRA
Gustavo Pereira
Site Parque Sul, uma das centrais de JF
Tudo parte de uma central, local chamado de site, que é a sala onde ficam os equipamentos necessários para o funcionamento da rede de telecomunicações. E a partir dos sites é que inicia-se o processo de transmissão, até os aparelhos dos consumidores. Nesse local acontece o monitoramento online vinte e quatro horas por dia e qualquer falha no sistema é acionado automaticamente um alarme que vai direto para a central de telecomunicações. O técnico em manutenção de sites, Evandro Herzog, explica que “cada site é normalmente projetado a partir de um cálculo em que se faz uma média de assinantes que determinada central vai atender.” Além disso, Evandro ressalta que é feita uma análise geográfica da quantidade de moradores e da população flutuante média. Cada site possui uma capacidade, pois quando alguém migra de sua região para outra, seu sinal é emitido por outro site. É por isso que a região central registra vários problemas de conexão, que se dão devido a população flutuante, que acaba sobrecarregando o site da região.
Juiz de Fora, 16 de maio de 2017
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Página “JF Da Depressão” é um dos maiores canais de comunicação da cidade e soluciona problemas de moradores Moderadores anônimos recebem denúncias e sugestões de postagens incessantemente Bárbara Schmidt
“Juiz de Fora da Depressão” Aqui em Juiz de Fora, um dos maiores e mais dinâmicos canais de comunicação é, justamente, uma página de internet. Com 191 mil curtidas, a página de Facebook “Juiz de Fora Da Depressão” é atualizada a todo momento e diariamente por quatro moderadores: uma jornalista, um advogado, uma educadora física e um estudante, todos anônimos. Há cinco anos atrás, durante a campanha eleitoral para prefeito e vereador, um desses moderadores aproveitou a revolta da população com um candidato que espalhou bonecos de papelão pela cidade, para expor fotos irônicas que os envolviam. A brincadeira era mostrar que Juiz de Fora, embora muito agradável, também tem suas “depressividades”, como essa
campanha do candidato em questão, que poluiu visualmente toda a cidade. Em dois meses a página ganhou 10 mil seguidores, apenas compartilhando postagens de humor, e com essa popularidade e instantaneidade, as pessoas começaram a enxergá-la também como um ponto de apoio para denunciar a maioria das desordens e injustiças da cidade. Segundo um dos moderadores, “é só olhar como a cidade encontra-se abandonada, a maioria das coisas não funcionam direito. visto o animal perto de sua casa, no Se funcionassem não receberíamos mesmo bairro que o dele, na parte da tantas sugestões de post todos os dias”. tarde, o que já tranquilizou o jovem, que descartou a possibilidade de o terem Solução de problemas roubado, já que ele ainda estava por perto Fillippi Procópio é um exemplo de e provavelmente teria apenas fugido. A um juiz-forano que conseguiu através noite, outra participante da página ligou da Fan Page solucionar um problema para seu telefone, indicado no post, sério de seu bairro. Ele conta que em dizendo que havia visto a postagem, sua rua dois postes de luz consecutivos encontrado o cão e o levado para sua casa. queimaram, deixando o local com quase nenhuma iluminação. Segundo Fillippi Olhos e ouvidos a população A eficiência da página para retratar os “a segurança dos moradores (incluindo da quantidade expressiva de crianças) “olhos e ouvidos” da população da cidade estava colocada em risco. Após várias e sua importância como ferramenta de reclamações com a concessionária nada comunicação é indiscutível. O moderador foi resolvido. Somente quando a foto anônimo do Juiz de Fora Da Depressão, postada na página ‘Juiz De Fora Da durante a entrevista, compartilhou: “Acho Depressão’ que a equipe de manutenção a página incrível e de uma singularidade veio ao local e resolveu o problema. incomum. Antes tínhamos que recorrer à Certamente não foi coincidência.” prefeitura pra reclamar, ou algum veículo de Outro exemplo é o do estudante Dyego comunicação. Como sabemos, muitas das Campos. Seu cachorro sumiu na tarde mídias tradicionais são compradas e falam do último dia 14 e ele imediatamente apenas o que lhes interessa de forma a não pediu que a equipe do “JF Da Depressão” prejudicar seu maior anunciante: a Prefeitura fizesse um post com foto, procurando de Juiz de Fora. Através do ‘JF Da Depressão’ pelo cão. Uma hora depois da postagem, podemos respirar aliviados, afinal não Dyego já recebeu a notícia de uma dependemos mais dessas mídias tradicionais curtidora da página dizendo que havia para “zelar” e cobrar pela nossa cidade”.
Foto: Perfil da página “Juiz de Fora da Depressão”
Com a popularização da internet, disseminar informações para milhares de pessoas se tornou tarefa fácil. Com isso, imersos na era da informação, qualquer pessoa tem acesso a textos e postagens, adquirindo mais conteúdo e conhecimento, e ainda pode opinar via comentários, tendo sua possibilidade de participação na sociedade consideravelmente ampliada. Consequentemente surge o novo consumidor contemporâneo: com mais acesso a informação e, portanto, com expectativas cada vez maiores em relação à qualidade de produtos, serviços, atendimento etc. O papel das redes sociais no cotidiano desse público é indispensável por serem ambiente para denúncias, reclamações, dúvidas e, ocasionalmente, elogios.
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Juiz de Fora, 16 de maio de 2017
ECONOMIA
“Parece que o fundo do poço já chegou e estamos começando a retornar à superfície” Professor de Economia da UFJF analisa que a recessão do país pode ter chegado ao fim
Stillpressphoto/ Divulgação
Luiz Carlos Lima
Números do Banco Central são prévios, dados oficiais serão divulgados dia 1‘ de junho
A economia brasileira voltou a crescer no primeiro trimestre deste ano, é o que diz o Índice de Atividade Econômica (o IBC-Br), que registrou crescimento de 1,12% do Produto Interno Bruto (PIB), de janeiro a março, na comparação com o trimestre anterior. Os números foram divulgados nesta segundafeira (15), pelo Banco Central. Se confirmados, os números indicam o fim da pior recessão da história do país, que já durava oito trimestres consecutivos. No entanto, os números oficiais do PIB do primeiro trimestre deste ano, ainda serão divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no dia 1º de junho. Para o economista e professor da UFJF, Fernando Agra, a prévia do PIB “é um sinal de reversão, porém a economia ainda está muito mal, tem uma situação crítica e o desemprego é alto”, pondera. O professor analisa como esta previsão 10
de crescimento pode influenciar na própria economia: “É uma tendência de melhora, parece que o fundo do poço já chegou e estamos começando a retornar à superfície. Isso significa, na prática, que a economia cresceu um pouco, que gerou um pouco mais de emprego e isso pode ter um efeito multiplicador para os próximos trimestres.” Segundo Fernando Agra, “números como estes fazem com que consumidores e empresários acreditem mais. A crença que as coisas vão melhorar já ajuda a melhorar agora”. Em Juiz de Fora A coordenadora de Marketing do Santa Cruz Shopping, Mariana Marcial, diz que “as vendas nos dois primeiros meses do ano foram bem fracas, pois o movimento maior no fim de ano, com Natal e comemorações, desacela normalmente as vendas”. Ela explica que este ano o mês de
abril foi muito atípico por conta dos seguidos feriados. “Diferentemente do mês de março, que tivemos um crescimento de receita, o mês de abril teve uma queda por conta do movimento menor de famílias que vêm ao shopping por lazerw e acabam consumindo.” Para o empreendedor Thiago Oliveira, proprietário de uma loja de artigos de celulares no centro de Juiz de Fora, os consumidores ainda têm comportamento discreto: “No meu ramo, por exemplo, notamos o comportamento em que as pessoas estão preferindo arrumar o seu celular do que trocar por um novo, pois ainda não sentem confiança na estabilidade econômica”. Para ele, o início deste ano também foi de pouco movimento: “Tivemos o mês de fevereiro e março bem aquém do esperado, provavelmente pelos gastos de começo de ano, como IPVA, IPTU e renovação de matrícula escolar.”
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Juiz de Fora, 16 de maio de 2017
ECONOMIA
Governo federal considera aumentar isenção do IR Economista e trabalhadores comentam sobre a questão do Imposto de Renda, mas para o presidente Temer a proposta ainda está em discussões iniciais
FOTO: marcos corrêa/PR
Aline Sotto Maior Negromonte
O presidente Michel Temer, no Planalto
Nesta segunda feira, dia 15, o presidente Michel Temer confirmou em entrevista a emissoras de rádio que avalia aumentar a faixa de isenção do imposto de renda. Ele também afirmou que, embora "apreciaria muitíssimo" a possibilidade, tratase de uma decisão complicada. O presidente não deu detalhes de quanto seria essa isenção no imposto e detalhou que, por enquanto, tal proposta ainda está em seus acertos iniciais. Mas chegou a comparar a medida com a decisão do governo de liberar o saque de contas inativas do FGTS, que teriam contribuído para movimentar a economia. Como é hoje e o que mudaria O professor doutor em Economia Aplicada, Fernando Antônio Agra Santos,43anos,afirmaque,atualmente, a isenção é para quem ganha até 1.903 reais por mês. Para a Receita Federal, esse valor é multiplicado
por 12 - o equivalente a um ano - e são cinco faixas no total, sendo que a única isenta é essa de até 1903 reais. Fernando Agra ainda afirma que “se a faixa aumentar não só para isenção, mas também para as outras faixas, a tendência é que a gente passe a pagar menos impostos.” Assim, a renda líquida aumenta e pode-se gastar mais e investir em aplicações. O economista deixa claro que os impostos seriam recebidos de outra forma. “No fundo, no fundo, o governo não vai estar perdendo. O que a gente compra, o governo recebe no ICMS, no IPI, ou seja, ele ganha outra fonte de imposto”. Porém, Fernando vê dificuldades. Em um momento de déficit nos caixas, o governo deixaria de arrecadar. Para auxiliar a questão, ele sugere a cobrança de devedores como grandes empresas, o que “aliviaria um pouco a classe trabalhadora” e resolveria a questão do caixa, que permitiria a isenção. Sobre a comparação que Temer fez com a isenção no imposto de renda e os saques do FGTS, ele acredita que é algo que faz sentido, pois o FGTS dá “um certo gás” na economia, assim como a redução do imposto. Porém, não seria possível pensar em uma grande escala de melhora. De acordo com Fernando Agra, “não dá para falar que melhoraria demais a economia, porque tem que saber o impacto, e a economia não é uma ciência exata, ela trabalha com o comportamento humano.”
mudança, pois continuaria acima da faixa de isenção. Mas, em sua opinião, não se trata de “benevolência” do governo, por acreditar que neste cenário de ajuste fiscal, algum reflexo pode ser esperado. “Ao ampliar a faixa de isenção, pode ser que aumente a alíquota para quem paga o tributo, o que me atingiria diretamente. Eu não sou contra essa medida, mas acho pouco provável que o governo reduza a arrecadação”. Já o fotógrafo Daniel Januário, 35 anos, está na faixa atual de isenção do imposto, mas caso recebesse um aumento, garantiria sua atual posição. “A proposta é boa para a população com renda não muito alta, mas, por outro lado, o governo deixa de arrecadar. Eu vejo isso como uma forma de amenizar as duras penas do restante da reforma da previdência.” Ele não está convencido da coerência do governo: “Em um contexto de suposto déficit de arrecadação o governo vai deixar de arrecadar?”. Já o analista de sistemas Victor da Fonseca Santos, 28, que também seria beneficiado pelo aumento da isenção e acha que a proposta pode ser interessante para o trabalhador, mas que não soluciona o problema dos impostos no Brasil. Ele desconfia do que ocorreria com a falta de arrecadação do imposto de renda, pois não adiantaria as pessoas consumirem mais, por exemplo, e pagarem mais caro pelo que compram. "Fica uma medida que aparenta agradar as pessoas, mas na verdade é só um jogo A opinião de trabalhadores para enganar o eleitor. Deveria haver O servidor público Álisson Almeida uma reforma tributária que realmente Santos, 27 anos, não seria afetado pela fosse necessária." 11
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Juiz de Fora, 16 de maio de 2017
UFJF
Exaustão e assédio no trabalho de motoristas ampliam debates em grupo de apoio de Juiz de Fora Projeto da UFJF debate a ligação de doenças e trabalho ampliando o olhar de profissionais da saúde e outros trabalhadores Maria Elisa Diniz
Foto: Daniel Marenco/AgÊncia O Globo
prevalência nos ambientes de trabalho e há uma dificuldade em se propor estratégias de enfrentamento do problema”, explica a professora Andréia Ramos. Outro assunto que gera debate é a ausência de apoio para quem enfrenta o adoecimento mental, tanto por parte das empresas quanto dos familiares e amigos. Laurindo Pereira ajuda a divulgar os assuntos discutidos nos encontros através de uma rádio comunitária. “Temos que juntar mais colaboradores para esse trabalho, buscar a integração e apoio das famílias e também das autoridades para que esse assunto, que é tão recorrente tenha mais atenção”, acrescenta. Motoristas passam por longas jornadas de trabalho e convivem com assédio diariamente
Cobranças excessivas, longas jornadas de trabalho, estresse, mau relacionamento e assédio. Muitos brasileiros enfrentam diariamente tais problemas no ambiente de trabalho, o que pode gerar diversas doenças e traumas. O Projeto de Extensão “Saúde mental e trabalho” desenvolvido na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) em parceria com a Secretaria de Saúde da Prefeitura, busca promover discussões e dar assistência a trabalhadores que estão afastados de suas funções por conta do adoecimento mental ligado ao cotidiano profissional. O grupo se reúne no Departamento de Saúde do Trabalhador (DSAT) do município. As reuniões são um espaço aberto para discussão de temas relativos ao cotidiano do trabalhador que podem ter sido causa para o adoecimento mental. A psiquiatra e professora Andréia Ramos, da Faculdade de Medicina da UFJF, que coordena 12
o projeto, explica: “Nós buscamos colocar os trabalhadores que sofrem com o adoecimento mental em contato com o tema através da troca de experiências e com orientações de especialistas”. A médica ressalta que o foco de atendimento do grupo são os motoristas, visto que a classe tem recorrentes problemas relacionados ao estresse e ao assédio. Desafios do trabalho O motorista Laurindo Pereira, 49 anos, foi afastado do serviço após sofrer um desmaio enquanto dirigia depois de passar por diversas situações de grande pressão no emprego. “Cheguei ao grupo por indicação de um psicólogo e o contato com outras pessoas que passam pelo mesmo problema me ajudou a estabilizar essa situação”, conta. Um dos temas de destaque de discussão no grupo é o alcoolismo, pois “existe alta
Formação mais abrangente A professora Andréia Ramos explica que são desenvolvidas duas principais linhas de ação. Além do auxilio a trabalhadores que passam pelo adoecimento mental, o grupo promove encontros com profissionais da área de saúde e estudantes, principalmente do curso de medicina. “O grande desafio no qual o projeto atua é na formação de profissionais que enxerguem o trabalho como um possível determinante de adoecimento, seja físico ou mental”, explica Andréia. O estudante Luis Henrique Zorzetto cursa o nono período de medicina na UFJF e é integrante do projeto de Saúde Mental e Trabalho. “Ver a ligação do indivíduo com o trabalho e como o adoecimento mental prejudica essa identidade é uma experiência muito enriquecedora que às vezes não conseguimos abordar durante a graduação”, afirma Luís.
MERGULHO DIÁRIO
Juiz de Fora, 16 de maio de 2017
CULTURA
Projeto de incentivo “Olhar Independente” recebe inscrições até próxima semana Iniciativa do Governo de Minas Gerais para projeto audiovisual pode dar até R$ 16 milhões para vencedores As inscrições para o projeto “Olhar Independente” estão abertas até a próxima quarta-feira, dia 24. A Lei de incentivo estadual objetiva incentivar criações de produtores independentes do audiovisual. Poderão se inscrever pessoas jurídicas registradas na Agência Nacional do Cinema (Ancine) como agente econômico brasileiro independente. Os inscritos também precisam ter cadastro na Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE). O projeto é uma iniciativa da Secretaria de Estado da Cultura e o investimento chega a cerca de R$ 16 milhões, verba disponibilizada pela Ancine para peças a serem desenvolvidas. Além do incentivo estadual, os produtores de audiovisual de Juiz de Fora também podem concorrer a recursos municipais oferecidos pela Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage (Funalfa), que investe no setor através da Lei Murilo Mendes. O Diretor de Produção Cultural da Funalfa, Zezinho Médici, conta que o teto de investimento da Lei Murilo Mendes para produções audiovisuais é de R$ 28 mil. Segundo ele, a lei incentivou, em sua última edição, sete produções audiovisuais entre os 47 projetos que foram aprovados.
Crédito: Reprodução/Facebook
Mariana Carpinter
Atores mirins participam do curta “Barbante”, contemplado pela Lei Murilo Mendes
Mendes. Em 2014 eles produziram o curta-metragem “Barbante”, que trouxe a atriz Laura Cardoso para atuar como avó do jovem protagonista. Para o sócio diretor da empresa, Kiko Barbosa, as leis de incentivo além de auxiliarem financeiramente os projetos, aumentam a capacidade produtiva e qualitativa do resultado final, uma vez que “o audiovisual é uma área que requer treino e prática”. Segundo Kiko Barbosa, o movimento do audiovisual em Juiz de Fora tende a aumentar e ser cada vez mais expressivo. “No ano passado, Juiz de Fora entrou no Festival de Tiradentes com mais peças do que Belo Horizonte”, comenta. Já para o diretor de fotografia da produtora Vagalume Filmes, Mauro Pianta, o valor investido em leis Projeto juiz-forano A produtora independente Im- de incentivo em Juiz de Fora é muipulso Hub, de Juiz de Fora, já foi to pequeno considerando o grande contemplada com a Lei Murilo custo do audiovisual. “A aquecida
é muito mais em função da vontade dos realizadores do que propriamente dos apoios. Hoje, nós sabemos que esses R$ 28 mil não significam quase nada. O incentivo mesmo precisa partir para leis nacionais, estaduais ou a própria produtora bancar, que é o que tem acontecido na cidade”, afirma Pianta.
O edital Olhar Independente está disponível no site da Rede Minas TV (http://redeminas. tv/olharindependente/). A Funalfa aceitou até a última semana o cadastro de proponentes que desejam concorrer a recursos da Lei Murilo Mendes. O próximo edital ainda não tem previsão para ser lançado.
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MERGULHO DIÁRIO
Juiz de Fora, 16 de maio de 2017
ESPORTE
Atletas de Juiz de Fora sentem falta de centro para realização de competições hípicas na cidade Luanny Cristina Gonçalves
Foto: Grace Carvalho Modalidade exige treino de cavalo e cavaleiro, inclusive nos locais de prova, para obenção de bons resultados nas competições
Juiz de Fora já se destacou como local de competições hípicas no passado, sediando inclusive competições de nível nacional. Porém, diante da crise financeira e do fechamento do Clube Hípico e Campestre, que era o único com dimensão para suportar eventos de grande porte dessa modalidade, a cidade deixou de sediar competições oficiais. Desde então, os atletas se dividem entre dar prosseguimento à carreira ou encerramento das atividades profissionais. Daniel Meirelles segue carreira há 12 anos, diz que ser atleta hípico em Juiz de Fora tem vantagens quanto aos custos com o cavalo, que são menores em relação a grandes centros, mas estar longe das grandes provas que acontecem no Rio de Janeiro e em São Paulo é ruim. 14
O hipismo é uma modalidade na qual cavalo e cavaleiro percorrem percursos e obstáculos como um só, por isso também é necessária uma preparação conjunta que pode durar em torno de seis a 12 anos, com empenho diário para criar, de fato, um vínculo entre cavalo e cavaleiro. Por ser um esporte que demanda muito tempo, dedicação e investimento financeiro, alguns acabam optando por ficar no nível amador, como no caso da estudante Juliana Dantas, 23, que participou de competições durante oito anos mas em certo momento se viu estagnada. “Sempre faltou patrocínio, a faculdade também diminuia o tempo que eu tinha para me dedicar à minha preparação e a do meu cavalo. Além disso, não encontrei mais em Juiz de Fora treinadores
para a categoria em que eu havia chegado. Para continuar, teria que me mudar para Itaipava.” Para Juliana, a prática do esporte ajuda no desenvolvimento de paciência, foco, persistência e noções de trabalho em equipe. Ela ainda destaca: “É o único esporte em que homens e mulheres competem na mesma categoria, esse é um ponto que torna explícito que não existem diferenças de capacidades entre gêneros.” O treinamento profissional ainda é ministrado na cidade, no Centro Hípico Vale dos Anjos, onde, segundo o administrador Daniel Soares Santos, são realizadas provas internas entre alunos, com convidados, com objetivo de estimular e reforçar a parte física e psicológica dos atletas e dos animais para competições fora da cidade.