Mergulho Diário - Edição 08 - 04/05/2016

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mergulhodiário 04 de maio de 2016

Edição 08

Facom/ UFJF

Foto: Divulgação/Câmara Municipal

Projeto prevê acesso à telefonia em áreas rurais de Juiz de Fora

Localidades devem ser elevadas a status de distritos para receber o benefício | Página 3

Confira a entrevista exclusiva com o novo Diretor de Ações Afirmativas da UFJF Foto: Lucas Guedes

CIDADE Orientações para evitar assaltos e sequestros Página 5

ECONOMIA Confira dados sobre Agricultura Familiar em Juiz de Fora Professor destaca importância da proximidade com movimentos sociais| Página 6

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04/05/2016

OPINIÃO

Editorial Em mais uma manhã corrida, mais para o fim que para o começo desta fase do nosso projeto, já conseguimos notar certa agilidade, tanto dos repórteres, quanto dos editores e diagramadores. As edições têm saído ao meio-dia, as matérias estão com mais fontes e a experiência diária com erros e acertos, definitivamente, fizeram a diferença. Nesta edição - a oitava - abrimos com uma reflexão sobre os bloqueios que precisamos enfrentar diariamente e a dependência que temos

de novas tecnologias. Também falamos sobre o projeto dos vereadores de Juiz de Fora que pode transformar seis núcleos rurais em distritos da cidade. Os leitores vão ter acesso a números da agricultura familiar na região e entender a importância da modalidade para o desenvolvimento da cidade. Também vão conferir uma entrevista exclusiva com o novo diretor de Ações Afirmativas da UFJF, professor Julvan Moreira, que classificou a sociedade brasileira como racista e homofóbica.

Jornal Laboratório da Faculdade de Comunicação Social da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), produzido pelos alunos de Técnica de Produção em Jornalismo Impresso

Reitor

Prof. Dr. Marcus David

Vice Reitora

Profª. Drª. Girlene Alves da Silva

Diretor da Faculdade de Comunicação Social

Artigo

Prof. Dr. Jorge Carlos Felz Ferreira

Contra bloqueios, atitudes concretas Naiara Neves e Rafael Antunes Na última semana, perdemos uma edição do Mergulho Diário, entre outros motivos, pela falta de um instrumento que hoje se faz essencial para execução do jornalismo - a internet. Nesta segunda-feira, fomos novamente surpreendidos por um bloqueio judicial do aplicativo WhatsApp, uma das principais ferramentas de comunicação contemporânea, pelo menos no Brasil, onde as tarifas telefônicas aumentam constantemente. Há algumas semanas, muito se falava sobre limitação de internet fixa e regulamentação no setor. O movimento das grandes operadoras foi tão significativo que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) precisou interferir e proibiu que as empresas criassem franquias limitadas e cobrassem valores superiores por isso. Atualmente, o Senado Federal debate o caso. O que está em discussão aqui vai além de ações pontuais, precisamos chamar atenção para o atentado à liberdade de comunicação e expressão que estas ações trazem consigo. Quando nos proíbem de acessar o aplicativo, além de interferir na comunicação

EXPEDIENTE

essencial, amarram nossas escolhas. É certo que existem outros meios, mas a forma como vamos nos comunicar deveria ser uma preferência nossa. Mais além desse ponto, ressalta-se a euforia sentida pelos usuários do aplicativo, que instantaneamente puseram sua opinião online e, com humor, driblaram a abstinência tecnológica. Pode ser que um dia fiquemos sem WhatsApp, Facebook, internet. E, apesar desses aparatos nos condicionarem e facilitarem de certa forma nossas vidas, está em nossas mãos o poder de criticar as imposições jurídicas que vão contra nossos direitos, de questionar a política e cobrar resultados. Devemos ser mais indignados e agir em prol do que é nosso. Nós, futuros jornalistas, buscamos encontrar os dois lados da moeda, vocês, público geral, têm a opção de analisar criticamente cada aspecto, cada frase e palavra que leem diariamente com a finalidade de ser a mudança que buscam no cotidiano. Enquanto não houver o concreto, terá sempre alguém repetindo o óbvio, o discurso pronto. Insistir e insistir para que o errado vire certo.

Vice-diretora

Profª. Drª. Marise Pimentel Mendes

Coordenadora do Curso de Jornalismo Integral

Profª Drª Claúdia de Albuquerque Thomé

Chefe do Departamento de metódos aplicados e técnicas laboratoriais

Profª Drª Maria Cristina Brandão de Faria

Professores Orientadores

Prof. Me. Guilherme Moreira Fernandes Prof. Me. Rodrigo Fonseca Barbosa

Edição

Naiara Neves Rafael Antunes

Diagramação

Lucas Alves Débora Alves

Reportagem

Bruna Luz Bruno Marangon Bruno Paiva Isabella Gonçalves Lucas Guedes Moisés Fialho

Contato:

mergulhodiario@gmail.com facabook.com/mergulhodiario (32) 2102-3612

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04/05/2016

POLÍTICA

Projeto da Comissão de Telefonia da Câmara pode transformar núcleos rurais em distritos Mudança é necessária para que as localidades tenham acesso à telefonia e outros serviços

Bruno Marangon Foto: Raymundo P. Netto

Caeté pode ser uma das áreas beneficiadas pelo projeto dos vereadores de Juiz de Fora

Os núcleos rurais de Valadares, Toledos, Humaitá, Monte Verde, Caeté e Penido podem ser elevados ao status de distritos em breve. O projeto que poderá viabilizar essa mudança parte dos vereadores Vagner de Oliveira (PSC), Chico Evangelista (PROS), Julio Gasparette (PMDB) e Oliveira Tresse (PSC), integrantes da Comissão de Telefonia da Câmara de Juiz de Fora. A ideia é de que a mudança possibilite a essas regiões o acesso à telefonia, através do Programa Minas Comunica 2. O projeto foi apresentado no final de abril ao secretário de Estado de Planejamento e Gestão, Helvécio Miranda Magalhães Júnior, e à chefe do Departamento de Planejamento e Ordenamento Territorial da Prefeitura de Juiz de Fora, Fabíola Ramos, durante uma reunião, que contou com a pre-

sença do deputado Isauro Calais (PMDB). A mudança, se concretizada, eleva o número de distritos da cidade, de três para nove. Projeto trará outros benefícios De acordo com o vereador Vagner de Oliveira, um dos responsáveis por dar início ao projeto, será necessário consultar a população dos locais para verificar se existe a demanda e, após a constatação, encaminhar uma solicitação ao Executivo. Ele acredita que a mudança trará diversos benefícios para as localidades. “Além da telefonia, outros serviços, como o dos Correios, também estarão disponíveis. Essas localidades, ao se tornarem distritos, terão diversos benefícios para o desenvolvimento”, disse. Para a advogada, Mariana Castro, a mudança será positiva não só para os moradores dessas

regiões, mas também para quem procura os locais para descanso. “Sempre que vou com minha família para a nossa casa, em Toledos, ficamos completamente isolados, não só pela falta de telefones, mas também pela dificuldade de acesso via transporte urbano. Se nós, que visitamos o local somente em datas comemorativas, sentiremos a diferença, imagina para quem sempre morou lá e nunca teve acesso a esse serviço”, comentou. Mariana reforçou a expectativa de que o desenvolvimento vá muito além da telefonia e atinja o desenvolvimento econômico dos novos distritos. “Esperamos que essa transformação também viabilize alguns serviços e aprimore os já existentes, como saúde e segurança. Por serem locais afastados, esses núcleos rurais acabam ficando deficientes quanto ao atendimento de demandas nessas áreas, demorando anos para que estas sejam atendidas”, acentuou. A advogada informa, ainda, que a situação é tão precária que os habitantes de Toledos, por exemplo, precisam ir a Valadares para usar o telefone público. “Antigamente, havia um ‘orelhão’ próximo à Igreja de Toledos, mas o equipamento foi destruído. Como são poucos na área, é preciso atravessar a rodovia que separa as duas localidades e conseguir usar o mais próximo ou tentar conseguir sinal no celular, que também é péssimo”. 3


ECONOMIA

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04/05/2016

Agricultura familiar representa maior parte da produção agrícola brasileira Projeto de Lei que visava auxiliar o desenvolvimento rural foi vetado na Câmara

Foto: Divulgação/Agricultura.gov

Moisés Fialho A agricultura familiar representa 84% de toda produção agrícola brasileira, segundo o último censo agropecuário realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no ano de 2006, em que 4,3 milhões de estabelecimentos estavam registrados. São classificados com agricultores familiares aqueles que produzem em até quatro módulos fiscais, medida que define o enquadramento de pequenas, médias e grandes propriedade, sendo que o trabalho deve ser exercido predominantemente pela família. Elas mantêm o domínio e o controle do modo de como produzir e consumir, sendo que grande parte da renda deste grupo advém das atividades econômicas do estabelecimento ou empreendimento. De acordo com gerente regional da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (EmaterMG), Hildebrando Lopes, Minas Gerais tem 877.451 agricultores familiares, a Zona da Mata mineira tem 128.096 e o município de Juiz de Fora, 1.100 agricultores familiares. “Apesar de ocupar somente 24,3% das terras, a mesma agricultura é responsável por 38% do valor bruto da produção agropecuária brasileira, representando 74,4% das ocupações, ou seja, algo em torno de 12,3 milhões de pessoas vinculadas a este espaço produtivo”, comenta. A Emater-MG vem promovendo um intenso debate com secretarias de estado, ministé-

Agricultura Familiar é responsável por 38% de toda produção agrícola nacional.

rios, organizações da sociedade civil, representações de agricultores e movimentos sociais em torno de questões relacionadas ao desenvolvimento rural mineiro. A partir deste processo dialógico e de aproximação institucional, culminou com a definição de nove agendas estratégicas para as ações da Emater-MG nos próximos três anos, sendo elas: cadeia de valor do café; cadeia de valor da bovinocultura; segurança hídrica e sustentabilidade ambiental; produção de frutas; hortaliças e pequenos animais; comercialização e gestão; inclusão produtiva e erradicação da pobreza; juventude rural e sucessão na agricultura familiar; agroecologia; tecnologia e gestão da informação.

vereador Roberto Cupolillo (Betão-PT), propunha a criação da Política Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável da Agricultura Familiar (Pondraf ) e a implementação do Plano Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável da Agricultura Familiar (Pladraf ) e visava orientar as ações do governo Estadual e Federal para o desenvolvimento rural sustentável, e garantia aos agricultores juiz-foranos uma maior participação na execução e no monitoramento das políticas agrícolas. O projeto foi vetado na Câmara Municipal no dia 25 do mês de abril por problemas orçamentários. Segundo Betão, a proposta agora será analisado por engenheiros da Vereadores barram projeto prefeitura, para adaptação da Pondraf e Pladraf dentro do Em Juiz de Fora, o Proje- orçamento. Não há previsão to de Lei 152/2015, criado pelo para novo julgamento. 4


CIDADE

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Especialistas indicam como evitar assaltos ou sequestros

04/05/2016

Crime enquadrado como “sequestro-relâmpago” tem sido frequente nos dois últimos meses Divulgação/Assessoria

Bruna Luz

Major Marcellus Machado oferece dicas para se prevenir Ontem (3) foi confirmada a prisão de um homem acusado de praticar um sequestro-relâmpago na semana passada. Uma mulher de 40 anos foi vítima do crime que ocorreu no Bairro Dom Bosco quando pegava alguns materiais no porta-malas do carro. O homem estava acompanhado de uma mulher e forçou a vítima a dirigir até um caixa eletrônico na cidade e entregar o dinheiro. De acordo com o Major da Polícia Militar Marcellus Machado, não há levantamento de dados que comprovem a regularidade na incidência de sequestros-relâmpago na cidade, mas

é importante ficar em alerta. Major Marcellus enquadra este tipo de sequestro como “O delito contra o transeunte ou vítima de forma bem rápida, facilitado em algumas situações, como em bancos, por exemplo”. Segundo ele, o objetivo deste crime é manter a vítima incomunicável até o período de se proceder um saque ou realizar uma compra. A cirurgiã-dentista Viviane Castro comenta que a cidade tem ficado mais perigosa, e por isso, se previne contra possíveis abordagens: “Evito lugares que eu acho que são mais perigosos na cidade”. E comple-

menta: “Quando eu estou de carro, não fico com a janela aberta também, ligamos o ar condicionado e a janela fica fechada. Na maior parte das vezes, quando está só eu e a minha filha, pego táxi porque acho mais prático”. O professor de artes marciais Gabriel Ribeiro recomenda que, em situações de risco, a vítima não reaja: “A sua reação faz com que o indivíduo possa ficar alterado e acabar cometendo algo mais grave”. O Major Marcellus também orienta: “Mantenhase calmo, não faça nenhum tipo de movimento brusco e observe atentamente todas as características do cidadão autor do delito, de forma a comunicar posteriormente à PM”. E em caso de suspeita, o recomendado pelo policial é ligar para o número emergencial da Polícia, 190, e procurar fazer transações bancárias em horários de maior pico. Nestes últimos meses foram registrados dois sequestrosrelâmpagos na cidade, nos dias 8 de abril e 23 de março, todos praticados seguindo o padrão: um casal criminoso que aborda mulheres e as obriga dirigir a um caixa bancário e sacar dinheiro. o professor Gabriel reflete sobre os tempos atuais: “Hoje vivemos em um mundo onde não estamos ligados ao que acontece à nossa volta, pois a maior parte do tempo estamos ao celular. E como consequência, viramos alvo fácil de bandidos”, ressalta. 5


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UNIVERSIDADE

04/05/2016

Diretor de Ações Afirmativas da UFJF revela desafios da nova gestão Em entrevista exclusiva, o professor Julvan Moreira destaca pautas prioritárias da pasta

Foto: Lucas Guedes

as Ações Afirmativas já implementadas, e ampliar o raio de atuação de seu setor. Para dar seu parecer sobre as demandas apresentadas pelos movimentos sociais da Universidade, bem como esclarecer algumas de suas expectativas em relação ao trabalho junto a esses grupos, o docente concedeu uma entrevista exclusiva à equipe do Mergulho Diário (MD). Doutor em Educação pela Universidade de São Paulo (USP); Julvan também é especialista em Ciências Sociais pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESP-SP) e licenciado em Filosofia pela Universidade São Diretoria já ganhou notoriedade nacional ao defender bandeiras de movimentos sociais Francisco (USF). É professor do Programa de Pós-GraduaLucas Guedes ção em Educação e do Depar Com o início de uma causas levantadas pelos mo- tamento de Educação da UFJF. nova gestão na Universidade vimentos negro, feminista e Confira a entrevista com ele: Federal de Juiz de Fora (UFJF), LGBTTT (Lésbicas, Gays, Bisé natural que a comunidade sexuais, Travestis, Transexuais MD: Quais são suas expecacadêmica se questione sobre e Transgêneros), por meio de tativas ao assumir uma pasta como a recém-empossada ad- campanhas como “#liberameu- que, embora seja relativamenministração superior vai lidar xixi”, “A Universidade é Públi- te nova, já ganhou notoriedade com os desafios que se colo- ca, Meu corpo não” e “Quantos nacional devido às suas ações? cam à frente da instituição. A professores negros você tem?”; Julvan Moreira: Estamos anDiretoria de Ações Afirmati- além da aprovação de medidas siosos para fazer um bom vas, cuja finalidade é promover que garantiram, por exemplo, trabalho. Eu venho acompacondições institucionais que o uso do nome social para es- nhando esse trabalho por fapermitam a implementação e tudantes e servidores da insti- zer parte, desde 2000, de uma acompanhamento de políticas tuição nos documentos e atos Associação Brasileira de Pespúblicas voltadas ao âmbito institucionais quisadores Negros, que tem No mês passado, com a levantado e trabalhado ações acadêmico, certamente terá posse do reitor Marcus David e afirmativas em diversas instique encarar novos caminhos. Apesar de sua recente da vice Girlene Silva, o profes- tuições de ensino. Agora, a micriação - ainda na gestão do sor Julvan Moreira de Oliveira nha prioridade, não esquecenex-reitor Júlio Chebli, a pas- substituiu a professora Caroli- do as outras campanhas que a ta ganhou notoriedade nacio- na Bezerra na diretoria, ciente diretoria já vinha realizando, nal ao defender abertamente da necessidade de consolidar é ter uma comissão que acom6


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04/05/2016

UNIVERSIDADE

MD: Além do diagnóstico sobre o segmento estudantil cotista, que outras pautas serão priorizadas pela sua pasta? Julvan Moreira: Duas questões serão trabalhadas num primeiro momento. Ainda com relação relação aos estudantes, estamos avaliando a possibilidade de criar um programa de tutoria, na qual alunos a partir do terceiro ano de curso, ganham bolsas para acompanhar os estudantes ingressantes e auxiliá-los em suas dificuldades iniciais. Porém, temos também uma demanda emergencial com relação a acessibilidade. É uma área para a qual estamos pensando em alocar um coordenador, focado em garantir o direito de ir e vir às pessoas com algum tipo deficiência. Algo que vai atender não só os alunos, mas também os funcionários de maneira geral. MD: Como será a articulação da diretoria com os diversos movimentos sociais existentes na Universidade? Julvan Moreira: Essa articulação, creio eu, vai acontecer de forma muito tranquila, uma vez que, além de ser professor universitário da militância do

movimento negro, tenho contato com entidades do segmento não só de Juiz de Fora, mas também nacionais. Já com relação ao movimento LGBTTT, também sou próximo de colegas que trabalham com essa temática. Inclusive, no dia 16 de maio é comemorado o Dia Internacional de Luta Contra a Homofobia e já estamos pensando em campanhas conjuntas, fruto de parcerias com alguns grupos de pesquisa.

Foto: Lucas Guedes

panhe os alunos, sobretudo os cotistas. Pois não basta que eles entrem na Universidade, mas que também sejam contemplados por uma política de permanência. Não temos dados atuais sobre quantos abandonam o curso pelas diversas dificuldades que encontram, tampouco quais são essas dificuldades. Sendo assim, o foco agora é fazer um diagnóstico dessa situação e criar ações voltadas para a diminuição da evasão desses estudantes na Universidade.

Novo diretor destaca importância de consolidar ações já implementadas na última gestão.

MD: Como você pretende incentivar a adesão das unidades acadêmicas à campanhas como “#liberameuxixi”, que ainda está restrita à reitoria? Julvan Moreira: Antes de aderir, as unidades precisam fazer um trabalho de conscientização e discussão das temáticas afirmativas com seus estudantes, técnico-administrativos e professores. Essa mudança não pode ser uma imposição, mas o resultado de um processo. A Faculdade de Educação, por exemplo, já está desenvolvendo atividades nesse sentido.

MD: Algumas bandeiras levantadas pela UFJF na última gestão foram amplamente repercutidas, por vezes, de forma negativa, fora do âmbito acadêmico. Como você pretende lidar com essa questão? Julvan Moreira: A Universidade tem uma função primordial na educação da sociedade, tanto da comunidade interna, quanto da externa, elaborando campanhas que combata os diversos tipos de discriminação. E a gente tem que fazer isso dialogando. É certo que muitas pessoas vão criticar nossa postura, mas temos que nos mostrar abertos para debater e explicar a importância dessas ações. A área que estamos assumindo, inegavelmente, é polêmica em todas as frentes com as quais vamos trabalhar. Quem está à frente disso precisa ter a compreensão de que, historicamente, a sociedade brasileira é extremamente machista, racista e homofóbica, então precisamos construir, aos poucos, a mudança que queremos promover. MD: Para você, a UFJF já avançou o suficiente em suas ações afirmativas? Julvan Moreira: É inegável que que já demos um passo considerável. Antes da Lei de Cotas, em 2012, a Universidade já havia implementado uma política de acesso mais democrática. Isso mostra que algum avanço aconteceu, mas ainda temos muito o que caminhar em todas as áreas ligadas à Diretoria de Ações Afirmativas. Principalmente em relação aos estudantes cotistas que estão ingressando, que precisam ter sua permanência assegurada pela instituição. 7


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SEGURANÇA

04/05/2016

Jovens agem e roubam celulares na região Central de JF Dois jovens tiveram seus celulares roubados na noite de ontem, em momentos diferentes, pelo mesmo grupo de assaltantes. A primeira vítima estava na Avenida dos Andradas, no Morro da Glória, em um ponto de ônibus, quando teve seu celular puxado. O segundo jovem cami-

nhava na área do “Mergulhão”, no mesmo bairro, quando foi surpreendido e também teve que entregar o aparelho. Com o auxílio do “Olho Vivo”, as câmeras de segurança da cidade, foi possível identificar os autores. Um jovem de 22 anos foi preso e cinco menores foram apreendidos.

Tráfico de drogas e animal silvestre é localizado na região Sul de JF Um homem e uma senhora foram presos em flagrante na noite de ontem por tráfico de drogas. Após denúncia, a Polícia Militar encontrou na residência três porções de uma substância semelhante à maconha, 19 papelotes de um produto parecido

com cocaína e diversos “sacolés” de plástico para embalo de drogas, além de uma quantia de R$ 680. Um pássaro silvestre também foi encontrado na localidade. Um menor, que estava na residência, afirmou ser o proprietário e foi apreendido.

mande a sua sugestão de pauta para nós!

Roubo em posto de gasolina na região Central de JF Em menos de dez dias, foram registrados assaltos em postos de gasolina em pelo menos oito pontos da cidade. Só na Avenida Brasil, ontem foi o segundo dia seguido. Um jovem de 19 anos e um menor de 17, autores

do crime, estavam em uma motocicleta preta e abordaram os funcionários à mão armada. A PM os localizou no Bairro São Bernardo com a quantia de R$ 307. O menor foi apreendido e o jovem preso em flagrante.

TJMG manda hospital indenizar paciente após infecção Uma promotora de eventos contraiu uma infecção no hospital doutor João Felício devido à inserção de um cateter em seu braço enquanto estava internada, resultando em sequelas no braço direito. Durante o procedimento, a paciente se queixou de uma coceira na região, mas o médico afirmou que ela es-

mergulhodiario@gmail.com (32) 2102-3612

taria sofrendo uma reação alérgica por sabão em pó e detergente. facebook.com/mergulhodiario Posteriormente, ela notou que seu braço estava inchado e formigando, permanecendo mais doze dias em outro hospital. A 9ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) analisou este caso e decidiu indenizá-la em R$ 40 mil.

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04/05/2016

CULTURA

‘O Circo dos Quasevelhos’ entra em cartaz a partir de amanhã Apresentações acontecem entre 5 e 8 de maio no CCBM

Foto: Divulgação

Isabella Gonçalves

O processo de montagem da peça demorou 9 meses.

O “O Circo dos Quasevelhos” é uma história futurista que propõe debater sexualidade, religião e sociedade e problematizar as questões de gênero. A trama se passa em um pequeno picadeiro, onde a atiradora de facas gesta o filho do equilibrista com o malabarista. O escritor e diretor, Felipe Moratori, conta que o trabalho é muito mais denso do que o seu anterior “Não vão além”, justamente por trazer questões políticas e sociais em um momento conservador vivido pela sociedade. “É o resultado de uma pesquisa que eu tenho feito na cidade em parceria como Bruno Quiossa, então o público pode esperar a cara desse encontro, que é teatro contemporâneo, é teatro em processo”, afirma. Felipe está na cena teatral da cidade desde 2009, quando ganhou o prêmio destaque com o seu texto do “Festival de Cenas Curtas”. Em 2010 e 2011, foi gratificado com a premiação principal e transformou a sua cena vencedora “Estranho Farol dos Cacos” para espetáculo, através da Lei Murilo Mendes. Mais tarde, em 2014, foi convidado

para ministrar um curso de teatro no Centro Cultural Bernardo Mascarenhas (CCBM), que teve como produto do processo a peça “Não vão além”. Mesmo com uma atmosfera pesada, o espetáculo traz a leveza da temática circense como plano de fundo. “Eu aprendi a fazer claves, então meu personagem é malabarista e a gente faz um recorte de imagens desses personagens, mas são imagens teatralizadas do circo. É uma temática que tem bastante apelo, é muito interessante esteticamente. A gente faz uma homenagem ao circo, é um flerte.”, comenta Moratori. Música e Teatro A trilha sonora de “Circo dos Quasevelhos” se destaca por ser toda autoral, composta por Luis Gustavo Mandarano, que já tinha atuado na criação das trilhas

de “O Palhaço e a Bailarina” e “A Cachorra Pretinha”. Ele comenta que o processo do novo espetáculo foi diferente, justamente pelo aspecto ‘dark’ que ele traz. “Quando você faz a trilha sonora de uma peça com tema pesado, você pode compor uma coisa que vá incomodar. E, como eu ouço muita coisa com essa atmosfera, a peça me deu a oportunidade de botar sentimentos para fora”, diz. Diferentemente de suas trilhas dos espetáculos anteriores, que se voltaram mais para um aspecto lúdico e utilizaram o piano e a sanfona como instrumentos, a composição de “O Circo dos Quasevelhos” foi toda eletrônica, o que o possibilitou a colocar em prática o estilo recente que vinha praticando. “A peça é toda futurista e isso foi bom para juntar a música eletrônica que eu vinha fazendo com o que estava no palco.”, explica. O músico comenta que gosta de estar presente no processo de criação para se inspirar a compor as trilhas sonoras. “Acho que o texto é suficiente só para te dar uma direção. Eu acompanhei o processo de ensaios deles, a construção de cenas e estava presente em boa parte do tempo, porque acho fundamental para sentir o ânimo da peça.”. Além de músico, Luiz é ator e a experiência lhe permite entender os dois lados, enriquecendo o processo criativo.

O Circo dos Quasevelhos:

Censura: 14 anos

05/05 (quinta) - 20h 06/05 (sexta) - 20h 07/05 (sábado) - 20h 08/05 (domingo) - 20h

CCBM (Avenida Getúlio Vargas, 200 - Centro) R$ 30 (Inteira) | R$ 15 (Meia-Entrada)

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ESPORTE

04/05/2016

Brasileiros na Libertadores precisam vencer; São Paulo é exceção Galo e Corinthians jogam em casa; São Paulo e Grêmio fora Bruno Paiva Foto: Bruno Cantini/ Atlético Mineiro

Após empate sem gols, Atlético-MG joga em casa hoje.

Após empates sem gols fora de casa, Atlético-MG e Corinthians se veem na mesma situação nas oitavas de final da Copa Libertadores da América - vencer as partidas de hoje para se classificar sem preocupações ou enfrentar a disputa de pênaltis, caso o resultado seja o mesmo das primeiras partidas. Ambos se classificaram em primeiro lugar em seus respectivos grupos, na primeira fase e, por isso, enfrentaram seus oponentes fora de casa. Para o São Paulo, a missão é bem mais tranquila. O técnico, Edgardo Bauza, comandou o time na vitória por 4 a 0 sobre o Toluca, no Morumbi, e agora vai para o México podendo perder por até três gols de diferença. Já o Grêmio, que joga amanhã, vive a pior situação entre os quatro brasileiros, pois perdeu em casa, na última semana, para o Rosário Central e ago-

ra precisa correr contra o tempo Morre o jornalista Teixeira para fazer, pelo menos, dois gols Heizer, no Rio, aos 83 anos no Estádio Gigante de Arroyito, na Argentina. Faleceu ontem (3), no Rio de Janeiro, o jornalista Teixeira HeiOitavas de final da Copa zer, aos 83 anos, após complicações Libertadores da América cardíacas. Heizer estava internado desde o dia 7 de abril, quando teve uma parada cardíaca. Nos últimos Hoje 15 anos, ele comentou as transmisToluca (MEX) x São Paulo sões dos campeonatos europeus, Estádio Nemesio Diaz, Toluca principalmente o português, pela de Lerdo - 19h15 SporTV, além de participar e idealizar os programas da emissora. Atlético-MG x Racing (ARG) O jornalista se destacou Arena Independência, Belo Horizonte - 21h45 por ser um dos idealizadores da primeira transmissão brasileira Corinthians x Nacional (URU) Arena Corinthians, São Paulo - do futebol na televisão, na qual a seleção brasileira jogou contra a 21h45 União Soviética, em 1965. Amanhã Rosario Central (ARG) x Grêmio Estádio Gigante de Arroyito, Santa Fé - 19h15 10


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