Mergulho Diário #2

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Jornal Laboratório da Faculdade de Comunicaçao da UFJF | Juiz de Fora, 25 de outubro de 2016 | Ano I | N° 02

Técnicos-administrativos da UFJF aprovam indicativo e iniciam greve contra a PEC 241 pág. 3

Campanha contra câncer de mama começa em Juiz de Fora

Acispes pretende atender 250 mulheres até sexta-feira em “mamógrafo móvel”, no Largo do Riachuelo. Interessadas devem chegar cedo para conseguir senha; serão 50 mamografias por dia.

pág. 8

Requerimento de aposentadoria cresce após mudanças na Previdência pág. 7

Segunda rodada de votação para aprovação da PEC 241 acontece hoje pág. 4 e 5

UFJF volta com Domingo no Campus após dez anos de sua última edição pág. 10


OPINIÃO PEC da discórdia

O discurso do governo Temer é que o Brasil precisa estabelecer um teto para o aumento dos gastos públicos pelos próximos 20 anos. Caso a PEC 241 não seja aprovada, o Brasil “quebraria”. Naturalmente, o apoio da população seria quase que intuitivo. Afinal, quem seria contra controlar os gastos ? Ocupações em escolas e instituições federais, protestos em mais de 15 estados e uma iminente greve geral são alguns do reflexos causados pela PEC 241. A proposta tem gerado grande discussão devido o congelamento dos gastos públicos que implicaria numa diminuição em gastos que his-

EXPEDIENTE

toricamente crescem todos os anos em um ritmo acima da inflação, como educação e saúde. E é justamente nessas áreas que o país mais necessita de investimentos. A PEC necessariamente diminuirá o gasto público per capita, já que tais gastos estarão congelados. Em contra partida, haverá crescimento populacional. Estes são alguns dos problemas levantados por especialistas em relação a PEC. Justamente por esses motivos, alguns grupos, especialmente ligados a área educacional estão protestanto contra a aprovação da PEC. O Governo Michel Temer peca pela completa ausência

de debates e esclarecimentos sobre as consequências, inclusive imediatas, da obtenção de maioria para aprovação da PEC 241. Já que, caso aprovada, ela passará a valer a partir de 2017. Este é o momento de mobilização e buscar reverter esse cenário futuro caótico. Em que a educação, saúde e movimentos sociais serão amplamente impactados. Um governo que ao propor mudanças economicas para os próximos 20 anos e não leva em consideração mudanças demográficas, ocupacionais, sociais e ambientais na definição dos orçamentos para a saúde perde definitivamente integridade.

Jornal Laboratório da Faculdade de Comunicação Social da Universidade Federal de Juiz de Fora produzido pelos alunos de Técnica de Produção em Jornalismo Impresso Reitor: Prof. Dr. Marcus Vinícius David

Profa. Mestre Marise Baesso Tristão

Vice-Reitora: Prof ª. Dr ª. Girlene Alves da Silva

Projeto Gráfico: Júlia Sales e Laura Kronbauer

Diretor da Faculdade de Comunicação: Prof. Dr. Jorge Carlos Felz Ferreira

Diagramação: Júlia Sales, Laura Kronbauer, Vinícius Grossos e Yann Barbosa

Vice-Diretora da Faculdade de Comunicação: Prof ª. Dr ª. Marise Pimentel Mendes

Reportagem: Adriele Clavilho, Aline Introvigni, Carolina Rossi, Geisiana Almeida, Júlia Sales, Laura Kronbauer, Marina Metri, Rafael Mendonça, Vinicius Grossos e Yann Barbosa.

Coordenadora do Curso de Comunicação Social diurno: Prof ª. Dr ª. Cláudia de Alguquerque Thomé Professores orientadores: Prof. Dr. Marco Antônio de Carvalho Bonetti

Editor: Laura Kronbauer Endereço: Campus Universitário de Martelos s/n - Bairro Martelos 36036-900 - Tefefones: (32) 2102-3601/ 2102-3602


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GERAL

Técnicos-administrativos da UFJF entram em greve

Com votação unânime em assembleia, servidores aprovaram indicativo e mantêm interrupção das atividades até o final do processo da PEC 241 Geisiana Almeida

TAEs da UFJF aprovam greve, em votação unânime. (Foto: Assessoria SINTUFEJUF)

Os servidores técnico-administrativos em educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) aprovaram, com unanimidade, em assembleia, na manhã desta segunda-feira, indicativo de greve. A greve é parte dos movimentos de luta contra a PEC 241. O diretor geral do SINTUFEJUF, Paulo Dimas, diz que a PEC 241 propõe cortes que prejudicam não só a categoria. “A aprovação dessa proposta vai afetar o cidadão em geral, inclusive nós trabalhadores da UFJF também”, afirma. Para o servidor do Hospital Universitário da UFJF, Ivan Ribeiro, a greve é o único instrumento pelo qual o governo escuta a categoria. “Infelizmente, temos que sacrificar a população com a greve, mas com esse governo só se negocia parando o serviço”, opina. De acordo com a Diretoria de Imagem Institucional

serviços da universidade. “Por mais que o direito de greve seja reconhecido, o que tem sido verificado é sua ineficiência no que tange à solução de problemas práticos”, analisa. O comando local de greve se reuniu hoje, às 9h, para decidir os setores que estarão e não estarão em funcionamento durante o período de greve, mas a informação ainda não foi divulgada. O Restaurante Universitário do campus da UFJF funcionará normalmente hoje, no almoço e na janta. O RU do centro não será aberto. Os TAEs se reúnem em assembleia de greve, às 13h. Paulo Dimas, acrescenta que o movimento de greve dos técnico-administrativos em educação da UFJF tem término determinado no dia da votação final da PEC 241, no Senado Federal.

da UFJF, a instituição respeita os movimentos sindicais. Uma enquete publicada em um grupo da UFJF no Facebook mostrou que 55% dos estudantes apoiam o movimento, enquanto 41% são contra e 4% não têm Professores em mobilização um posicionamento. O aluno João Os professores da UFJF reVicthor Bernardino, do curso de alizaram uma paralisação, com o Psicologia, acredita que deflagrar objetivo de conscientizar a popugreve foi a decisão mais correta lação sobre a PEC 241. O grupo reperante o cenário das instituições alizou uma panfletagem, na manhã federais. “Ninguém gosta de greves, desta segunda-feira, no portão da mas é uma coisa necessária. Não universidade, em São Pedro. posso pensar de forma egoísta, O diretor da Associação de Doporque o congelamento de gastos centes de Ensino Superior de Juiz por 20 anos é algo muito mais sério de Fora (APESJF), Rubens Roe preocupante para o nosso país”, drigues, afirma que o corte de reafirma. cursos em educação prejudica o Já o estudante de Turismo, Rafa- desenvolvimento de um ensino de el Lima, não concorda com a greve. qualidade. Seguindo jornada de Para ele, os alunos serão os mais luta, a APESJF realiza assembleia prejudicados, principalmente os dia três de novembro, para discutir de baixa renda que dependem de indicativo de greve.

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POLÍTICA

Segundo turno de votação para a

PEC estabelece teto para gastos publicos; Senado

Alunos iniciam as discussões em assembleia na faculdade de Letras (Foto: Leda Mendonça)

Após ter sido aprovada pelo primeiro turno, a PEC 241, ou “PEC do teto”, será analisada em segundo turno hoje (25). A proposta foi aprovada no primeiro instante com 366 votos a favor e 111 contrários. Para ser aprovada dessa vez e, em seguida ser enviada ao Senado, a proposta deve ter, no mínimo, 308 votos. Porém, antes mesmo do segundo turno acontecer, a emenda constitucional, que congela as despesas do Governo Federal por 20 anos tem causado vários desdobramentos na vida dos cidadãos. Segundo lista divulgada pela União Nacional dos Estudantes (UNE), ao todo, 51 Universidades estão ocupadas no país, além de 993 Escolas e Institutos Federais, somando assim mais de mil instituições ocupadas. Maria Fernanda, nome fictício de uma aluna que está participando de uma das várias ocupações, no Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ) no campus

de Duque de Caxias, declara a sua opinião sobre o movimento. “Nós ocupamos porque nós queremos uma educação de qualidade, e a PEC 241 representa totalmente um retrocesso. Nós sabemos que o segundo turno das eleições se aproxima, assim como o ENEM, mas nossa intenção é resistir e continuar ocupando até que algo seja feito, independente do que o MEC pretende fazer”.

“Nós queremos uma educação de qualidade e a PEC 241 representa um retrocesso” Mas não são apenas os alunos que estão sofrendo com a possibilidade de aprovação da emenda. A professora estadual. Fabrícia Spencer conta que está muito apreensiva com os rumos que a educação pode tomar no país, caso ela seja aprovada. “Para mim,

como educadora, a PEC 241 vai representar algo além do congelamento dos gastos, mas sim um congelamento educacional em todos os sentidos. Porque a condenação não vem só para os profissionais da educação, mas sim para as futuras gerações que serão ensinadas por todos nós”. Fabrícia vai além, trazendo uma perspectiva pessimista sobre o futuro. “Se com a verba já está difícil, imagina com a diminuição dela? A verdade é que os políticos não está nem um pouco preocupados com a educação desses jovens, com a criação de um saber crítico neles... Na verdade, quanto mais ignorantes, melhor”. Para o cientista político. Fernando Perlato a PEC 241 mudará completamente o modo como a população vivencia a educação, porque ela toca de forma impactante no investimento previsto. “O que é mais grave na aprovação da PEC no campo da educação, é que ela representa uma diretriz, um caminho radicalmente oposto ao Plano Nacional de Educação, que foi aceito após um amplo debate, e que previa um aumento na verba e investimento neste setor. Porém, a PEC vem como um retrocesso dentro das políticas educacionais”. A professora Fabrícia diz que para uma real mudança acontecer, é preciso se opor a isso, lutando contra. Mas para o cientista político Fernando Perlato, essa luta pode ser mais complicada do que parece. “Acho muito difícil o governo voltar atrás e mudar algo na PEC 241, até porque a votação de aprovação foi estrondosa. A única saída possível que eu vejo é uma real


aprovação da PEC 241 acontece hoje

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o ainda vai analisar. Ocupações crescem por todo o país.

Vinicíus Grossos e Yann Barbosa mobilização do país contra a PEC, e não apenas dos grupos voltados para a educação. Não apenas dos estudantes que estão protestando nas ocupações”. Na última quarta-feira (19), o Ministério da Educação (MEC) enviou aos dirigentes dos institutos federais (IFs) um ofício solicitando que eles remetem à pasta, em 5 dias, listas com os nomes de todos os estudantes que participam das ocupações contra o governo de Michel Temer. O documento é assinado pela titular da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec), Eline Neves Braga Nascimento.

Nota de repúdio Após a reunião do Conselho Superior (Consu), a UFJF divulgou uma nota de repúdio contra a PEC 241, na manhã da última sexta feira (21). Presidida pelo reitor Marcus David, o conselho demonstrou uma resistência institucional à medida econômica proposta pelo Governo federal. O reitor falou sobre a discussão no âmbito da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), retratando a preocupação dos demais reitores. Na nota aprovada em consonância, o órgão afirma que essa medida é uma “antessala da barbárie” e mostra “uma restrição aos direitos sociais afetando estruturalmente a efetivação do sistema único de saúde e a educação pública e gratuita de qualidade, e, por consequência, gerando um grave retrocesso nas universidades federais”. O DCE esteve presente na reunião e apoiou a carta de repúdio. “Acredi-

tamos que esse ofício pode auxiliar o debate que é necessário termos na comunidade acadêmica e que infelizmente tem pouca adesão”, disse a coordenadora de movimentos sociais, Leda Mendonça. A nota ainda expõe que a PEC é uma “ameaça à universidade pública”, e que pode impactar no desenvolvimento de programas de bolsas, assistência estudantil, além do “dilema em manter vagas, cortar programas acadêmicos e deter o avanço da pós-graduação”. Além disso, o órgão superior não acatou o ofício expedido pelo Ministério da Educação (MEC) e rejeitou ainda os cortes nas bolsas de produtividade de pesquisa.

Posição dos estudantes Antes da nota de repúdio ser divulgada pela UFJF, alunos da instituição se reuniram em assembleia, na Faculdade de Letras, na última quinta

(20). Convocada pelo Concada, a reunião teve como pautas o Fórum de Segurança, o regimento de festas, o posicionamento quanto a PEC 241 e a proposta provisória de reforma do ensino médio. Porém, a questão da ocupação não foi discutida. Já amanhã, às 17h30, haverá uma Assembleia Geral dos estudantes da instituição, no Anfiteatro da Reitoria. Dessa vez, será discutido pontos importantes para definir as atividades a serem realizadas sobre a conjuntura nacional e a greve . “A ocupação não foi discutida na última Assembleia, mas foi uma das proposições que surgiram e, provavelmente, surgirá de novo. Por isso, é de extrema importância que todos participem para que a decisão sobre as próximas ações da comunidade acadêmica sejam realmente representativas e não movimentações isoladas”, ressalta Leda Mendonça.

Alunos de todo país participam de ocupações no combate contra a PEC 241 (Foto: Pixabay)

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GERAL

Fim de ano movimenta comércio na cidade com contratações de funcionários

Com a crise e o aumento do desemprego esta é a oportunidade para muitas pessoas Aline Introvigni e Marina Metri

Shoppings recebem maiores movimentos no final do ano, gerando um aumento no número de vagas para vendedores (Foito: Laura Kronbauer)

Com a chegada dos últimos meses do ano, algumas lojas de Juiz de Fora já se preparam para aumentar a equipe, visto que o movimento nesta época cresce bastante. O proprietário das lojas Melissa e Free, em Juiz de Fora, Paulo César Filgueiras, trabalha no ramo e conta que sempre contrata nessa época no ano: “estamos no ramo há 25 anos, e sempre contratamos para o Natal, a gente sempre aumenta equipe no final do ano.” Em alguns casos o contratado temporário pode permanecer no emprego no ano seguinte, como ressalta Paulo César: “a gente sempre deu atenção a essas contratações, porque sempre

contrata com possibilidade de ficar e de substituir algum colaborador que não esteja funcionando bem. Pensa no Natal mas também pensa que a pessoa pode ficar.” Para o economista Luciano Costa, “as contratações permanentes dependem do desempenho do funcionário.” Experiência no ramo é importante, mas nem sempre é o requisito principal para que o candidato seja efetivado. De acordo com a lojista Silvana Santos “se a pessoa tiver boa vontade também podemos contratar, porque nosso processo de adaptação à rotina da loja é sempre bem efetivo.” Paulo César também confirma: “a gente olha o mínimo

de experiência, mas depende muito da loja para que a pessoa será contratada. Se é uma loja que está com uma equipe muito boa não tem problema eu contratar uma pessoa com menos experiência.” O economista Luciano Costa afirma a importância dessas contratações para a economia não só da cidade como do país: “mais oportunidade de trabalho, mais renda e mais dinheiro circulando na economia.” Este movimento na economia se inicia em novembro e dura até fevereiro e pode ser a chance de muitos desempregados conquistarem a tão sonhada vaga de emprego.


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ECONOMIA

Mudanças na Previdência geram aumento no requerimento da aposentadoria

Proposta do Governo Temer é alterar a idade mínima para 65 anos tanto para homens quanto para mulheres Carolina Rossi As previsões de mudanças na reforma da Previdência estão causando impacto na população. Os números de pedidos de aposentadoria dispararam comparados com os últimos anos. Segundo dados do Ministério do Planejamento, somente no primeiro semestre de 2016, foram 33.200 novos requerimentos, o que significa um aumento de 80% se comparado com os 12 meses de 2015. Essas mudanças para a concessão de aposentadorias foram propostas pelo atual presidente Michel Temer para combater o rombo da Previdência. Segundo estimativas do governo de Temer, o rombo na Previdência pode chegar a R$ 146 bilhões neste ano e a R$ 180 bilhões em 2017. Mas, até agora, não foram divulgados detalhes da proposta. A reforma deve passar ser debatida no Congresso apenas em 2017. O economista Fernando Agra analisa esse aumento no requerimento de aposentadorias “É necessário sim uma revisão porque o Brasil de hoje não é o Brasil de ontem, a população está vivendo mais. Significa que por mais tempo as pessoas estarão recebendo a aposentadoria. Então tem que se rever o modelo atual, como vai ser e como será discutido é outra questão. A incerteza com relação as novas regras antecipa as pessoas que já tem tempo necessário para aposentar ou que falta pouco tempo, a irem atrás desse requerimento.” Agra avalia como os cofres públicos podem ser afetados: “As pessoas aposentando vão deixar de

Cresce o número de requerimentos de aposentadoria. (Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr)

contribuir e passar a receber. Então a tendência é dar uma diminuída na arrecadação, referente ao recolhimento do INSS e um aumento dos gastos com o pagamento dessas novas aposentadorias. Para os cofres públicos, em um primeiro momento não é bom, pois representa um aumento de gastos e diminuição de arrecadação.” A chefe do departamento de proteção especial da AMAC, Alexandra Oliveira vai se aposentar em 2017 e buscou seus direitos após essas mudanças “Estou mais preocupada em correr atrás de me aposentar, pois tenho receio de me atingir. Com relação as mudanças na aposentadoria, acredito que elas devem ser feitas realmente. Porém acredito que poderiam começar pelas aposentadorias especiais, como

por exemplo, de alguns cargos políticos e não atingir diretamente a classe trabalhadora.” As principais medidas em análise são a mudança da idade mínima de 65 anos para homens e de 62 anos para mulheres, inicialmente para solicitar o benefício. A intenção é igualar os dois em 65 anos e, no futuro, elevar para 70 anos. A mudança deverá atingir integralmente quem tiver até 50 anos na data de implementação das novas regras. Somente quem tiver 50 anos ou mais quando a reforma for implementada terá direito a regras de transição. Com a imposição da idade mínima, o fator previdenciário e a fórmula 85/95 tendem a perder validade, já que não haverá mais aposentadoria por tempo de contribuição .


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GERAL

ACISPES realiza mutirão de mamografias até sexta-feira

Apesar da iniciativa, número de exames realizados no estado deve cair em 2016. Rafael Mendonça

Mulheres fizeram fila nesta segunda para realizar mamografia (Foto: Rafael Mendonça)

Teve início nesta segunda-feira (24) uma campanha de prevenção ao câncer de mama em Juiz de Fora. O evento é organizado pela Acispes e faz parte das ações do Outubro Rosa, um movimento internacional de conscientização das mulheres acerca da doença. Serão atendidas 50 pacientes de 40 a 69 anos por dia até a próxima sexta-feira (28), de 7h00 às 11h30 e de 13h30 às 16h00. Os atendimentos são realizados em um centro de exame móvel instalado em um caminhão, no Largo do Riachuelo. “Nós buscamos uma empresa em São Paulo que aluga esses caminhões. Eles nos doaram uma semana de funcionamento, e estamos mobilizando a cidade para fazer parte desta grande ação”, explica o psiquiatra e deputado estadual Antônio Jorge Marques, membro parte da organização do mutirão. A mastologista Estela Laporte, uma das profissionais envolvidas nos exames, conta que o objetivo da

campanha é diagnosticar possíveis doenças com antecedência e adiantar o tratamento. “Uma lesão diagnosticada no início e pequena, levando em conta o estado de saúde e a idade da paciente, pode chegar a uma taxa de 100% de cura.” Segundo Marques, em 2013, Minas Gerais foi o estado com mais mamografias realizadas do país – cerca de 600 mil. Em 2016, a previsão é de que não chegue a 400 mil, o que representa uma queda de mais de 30%. “Infelizmente, nós temos pouco a comemorar. São quase 250 mil exames a menos, o que restringe a faixa de rastreio. O outubro é rosa, mas a saúde anda no vermelho”, critica o psiquiatra, que estima que 250 casos de câncer de mama acontecerão em Juiz de Fora em 2016. Ele reforça a importância de ações como essa, mas lamenta a queda de investimento em mamografias no estado. “O câncer de MAM é o câncer que mais mata as mulheres, então

do ponto de vista social e epidemiológico é uma ação de relevância. Infelizmente, neste ano foi diminuído o número de mamógrafos móveis e restringida a faixa etária do rastreio, que passou a ser de 50 a 69 anos, enquanto de 40 a 50 acontece 25% dos casos de câncer de mama”, pontua. Estela lembra também que a Acispes realiza mamografias durante todo o ano, e as mulheres que estiverem dentro da faixa etária de rastreamento podem fazê-lo na instituição. “Lá existe o CEAE, Centro Estadual de Atendimento Especializado, onde a gente atende pacientes de Juiz de Fora e mais 37 cidades da região. Nós examinamos semanalmente em torno de 100 pacientes, e fazemos até 60 biopsias por mês”, conta. Após o exame, as pacientes recebem o resultado na Acispes e, em caso de alguma alteração, o tratamento é feito pelo próprio órgão. “Lembramos que alteração não significa câncer de mama. Uma alteração pode ser, por exemplo, um nódulo”, explica Estela.

Próximo alvo Marques revela ainda que outra grave doença será alvo de campanha de conscientização em Juiz de Fora. “Em novembro acontece o Dia Mundial de Combate ao Diabetes. Então, no dia 14 vamos fazer uma forte ação na Praça da Estação, com uma grande feira de saúde para mobilizar a sociedade em torno dessa doença”, afirma o médico. Segundo estimativas da Sociedade Brasileira de Diabetes, 12 milhões de brasileiros são diabéticos, mas metade deles não sabe.


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COMPORTAMENTO

A moda DE SE amar como você é Mulheres e meninas aceitam o cabelo natural e passam por cima da ditatura do cabelo liso Júlia Sales

“Não sei se a cabeleireira errou na mão, mas depois que fiz essa progressiva meu cabelo começou a cair bem mais. Eu não cheguei a ficar careca, mas foi quase porque a química foi muito forte”. Esse é o depoimento da estudante Bárbara Braga, de 19 anos que após essa experiência deixou seu cabelo crescer naturalmente. Usar os cabelos naturais. Tal afirmação pode soar comum e boba para muitas mulheres, mas, para outras, significa empoderamento, autoestima e aceitação. Fatima Silva é dona do Salão Natural Fashion Hair e conta que todo do seu trabalho ultimamente é com cabelo afro. “Eu percebo que as mães já estão falando com as crianças que o cabelo afro é bonito, o cabelo crespo é bonito, diferente da minha época que a gente não se sentia bem com o cabelo assim”, explica Fatima. “É a valorização da raça negra, não é questão de modismo, assumir o cabelo é uma questão de conscientização da cultura negra”, afirma. A psicóloga Elisângela Pereira, explica que a sociedade dita a moda, dita padrões de beleza que não correspondem a maioria das mulheres. Ela ainda explica que existem pesquisas que comprovam que 80% das mulheres que se olham no espelho não estão satisfeitas com aquilo que elas veem ou veem de forma distorcida, “mas isso é por que? Porque ficam tentando se adequar ao modelo que a sociedade dita”, completa Elisângela. “Meu cabelo sempre foi cacheado, desde pequenininha, e eu tinha muito cabelo e meus fios eram fininhos. Já a minha mãe sempre teve o cabelo muito liso, então ela nunca soube lidar muito bem com o meu cabelo, já que ele embaraçava demais e era muito volumoso”, conta a estudante e blogueira do Praticamente Perfeita, Thaís Mariquito, de 22 anos. No caso de Bárbara, sua mãe sempre estimulou a ter o cabelo natural, mas isso não fazia com que ela tivesse a vontade de manter seu cabelo cacheado. Na adolescência, as mudanças são mais intensas e há muitas influências externas. Atrizes, cantoras, apresentadoras, modelos têm cabelo liso, o que acaba provocando esse desejo em muitas jovens. “Eu comecei a alisar com 16 anos, porque na escola todo mundo

Fatima afirma que troca de cabelo como troca de roupa. (Foto: Arquivo Pessoal)

falava para eu alisar que era mais fácil de cuidar”, conta Bárbara. Nos últimos anos, as coisas têm mudado um pouco. O fortalecimento de ideias feministas, de quebra de padrões de estética e com as redes sociais, os cabelos cacheados e crespos têm recebido mais atenção. A psicóloga Elisângela Pereira comenta ainda que esse movimento de atrizes e pessoas de influência com seus cabelos cacheados e crespos, tem a utilidade porque a meninas tem começado a trabalhar a autoestima.

Cabelo novo? Cabelo meu O processo de mudança não é fácil. Porém, depois que o cabelo volta a crescer naturalmente, tudo muda: “Com todos os problemas que passei com meu cabelo, digo que dá muito menos trabalho agora. Depois que eu cortei curtinho, ele voltou a crescer muito mais rápido e saudável e a minha autoestima aumentou cem por cento”, conta Thaís. Mulheres que passaram pelo processo deixam claro que o cabelo é só o começo de uma mudança maior, que vem de dentro para fora e que faz enxergar, a beleza e atitude de uma forma diferente, Bárbara afirma: “transição capilar é passar daquilo que você não é, para aquilo que você é. É um momento de descoberta.”

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CULTURA

Volta de Domingo no Campus traz a comunidade para a UFJF

Música, cinema e ciência marcaram o primeiro evento após dez anos de sua última edição Aline Introvigni oportunidade de “não só usar o cinema como forma de entretenimento, mas também de promover um debate educacional a partir dele.”

Música

Aluna da UFJF aprendendo a usar experimento da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (Foto: Aline Introvigni)

O Domingo (23) amanheceu nublado, mas o clima ruim não foi o suficiente para que as pessoas deixassem de comparecer à primeira edição do Domingo no Campus da UFJF. Com o objetivo de integrar a comunidade ao espaço universitário, o evento voltou a acontecer após dez anos de sua última edição. O reitor da UFJF, Marcus David, esteve presente no evento e afirmou que “o domingo no campus é uma grande oportunidade da Universidade se integrar com a sociedade. Da universidade abrir as suas portas para que a sociedade possa usufruir de tudo que a universidade pode oferecer.” Além disso, o reitor ainda destacou a importância evento no atual cenário político e econômico do país. “É um momento em que as universidades públicas vêm sendo ameaçadas por uma série de medidas governamentais e o Domingo no Campus é uma chance que nós

temos de mostrar pra sociedade o quanto a Universidade é relevante”, explica Marcus David.

Ciência Dentre as atrações do evento estava o encerramento da 5ª Jornada de Divulgação Científica, que contou com experimentos realizados por alunos de cursos da UFJF. A mostra fez parte da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. A ideia do projeto foi de aproximar população e ciência, por isso, durante toda a última semana, os estandes estiveram em diversos pontos da cidade de Juiz de Fora, até chegar à Praça Cívica da Universidade.

Cinema A jornalista Cristiana Magalhães foi responsável pela escolha do filme exibido na Mostra de Cinema e pelo debate que aconteceu logo depois. Cristina acredita que essa seja uma

A música no ambiente externo ficou por conta do DJ Cléber Kureb, que trouxe em seu repertório clássicos da música nacional brasileira. Mas dentro da reitoria, a nutricionista Tânia Bicalho animou o público que esteve presente com sua palestra cantada. Unindo educação alimentar com música, ela destacou a importância da retomada do evento para a cidade. “É importantíssimo para o convívio de todos, para o pessoal do entorno, a vizinhança, mas também para o pessoal do centro, de toda a cidade. É importante para a gente poder trocar ideias trocar figurinha. É um espaço para a gente trocar tudo que tem de melhor”, destaca Tânia

Próxima edição A próxima edição do Domingo no Campus está marcada para o próximo domingo, dia 30, às 9h. O diretor de Imagem Institucional da UFJF, Márcio Guerra, falou sobre a intenção de que nas próximas edições alunos e comunidade estejam mais presentes na Universidade: “Nós já estamos tendo a participação do DCE hoje nessa primeira edição, e esperamos que outros alunos que tenham projetos, que tenham coisas pra apresentar, venham pra cá. Que a gente traga cada vez mais gente aqui”, disse o diretor.


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CULTURA

Inscrições para oficinas do Festival Nacional de Teatro abrem hoje Festival disponibiliza vagas para oficinas no CCBM

Marina Metri Serão abertas hoje (25), as inscrições para 85 vagas em oficinas de aperfeiçoamento na programação do 10º Festival Nacional de Teatro de Juiz de Fora. As inscrições estarão abertas para as oficinas até o dia 28 de outubro no Centro Cultural Bernardo Mascarenhas (CCBM), de 9h ao 12h e de 14h às 17h. Os interessados devem preencher uma ficha de inscrição no CCBM, na Avenida Getúlio Vargas, número 200, das 9h às 12h e das 14h às 17h. A taxa é de R$ 20 por oficina. A diretora de produção do evento, Fernanda Martins, conta que a programação do Festival acontece por meio de editais. “Nós lançamos o edital e selecionamos projetos do país inteiro para participar de espetáculos aqui em Juiz de Fora. Além disso selecionamos oficinas e trazemos convidados, mostramos obras, fazemos uma movimentação cultural na cidade.” O festival acontece entre 28 de outubro e 6 de novembro com 24 apresentações de 15 espetáculos e quatro oficinas. De acordo com Fernanda Martins, a proposta do evento é trazer um intercâmbio cultural para a cidade e um intercâmbio entre os artistas locais e os artistas do Brasil inteiro; os ingressos podem ser adquiridos no CCBM. “Os ingressos são adquiridos através de um troca por livro de literatura em bom estado e isso começa também nesta semana.” A programação completa pode ser encontrada na página do evento.

Oficinas disponíveis: Improvisação: “Relações Verdadeiras” Oficineiro: Leo Cunha Dias: 29 e 30 de outubro Horário: das 9h às 14h Local: Museu Ferroviário Vagas: 25 vagas

Cenografia: uma abordagem em novos espaços de representação Oficineiro: Daniele Geammal Dias: 3 a 5 de novembro Horário: das 8h30 às 13h30 Local: Centro Cultural Bernardo Mascarenhas Vagas: 16 vagas

Transformação: O Teatro Espiritual Oficineiro: Hugo Moss e Thaís Loureiro Dias: 31 de outubro a 3 de novembro Horário: das 10h às 13h Local: Museu Ferroviário Vagas: 20 vagas

Construção de microcenas hiperdramáticas Oficineiros: Marcos Bavuso e Tairone Vale Dias: 31 de outubro e 2 de novembro Horário: das 9h às 12h Local: Centro Cultural Bernardo Mascarenhas (CCBM) Vagas: 24

Legenda: Cartaz do 10º Festival Nacional de Teatro (Foto: Divulgação)

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ESPORTE

Público faz a diferença em partidas do Universitarius Amigos, familiares e outros atletas animam partidas e motivam jogos

Adriele Clavilho A torcida tem marcado forte presença nos jogos do Universitarius, que começaram há uma semana e vão até o dia 5 de novembro. O evento ocorre principalmente nas dependências da Faculdade de Educação Física (FAEFID) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e tem como objetivo de integrar atléticas de várias faculdades, competindo em diversas modalidades como vôlei, futsal, handebol, basquete, entre outros. As equipes masculinas e femininas têm garantido apoio de diversas pessoas, desde parentes e amigos, até alunos de outras atléticas. Na hora da torcida, tudo é válido: coro de música para irritar o time adversário, gritos, aplausos e até percussão. O Mergulho Diário acompanhou um dia de partidas de handebol no último sábado (22) e o que ficou constatado foi que o público esteve presente durante todo o dia. A analista farmacêutica Edith Bastos, não mora na cidade, mas aproveitou sua visita para prestigiar sua irmã que está participando da maioria das modalidades. Ela contou que a torcida é importante para as jogadoras. “Elas se sentem mais motivadas”. Ela ainda destaca a importância do esporte. “O importante é praticar. O que eles estão fazendo hoje é muito legal, e é importante que o público compareça para reafirmar isso e reconhecer o esforço”. Para a Júlia Bastos, estudante e jogadora representante da atlética da Monetária da UFJF a presença

Torcida marca presença nos jogos de sábado do Universitarius na FAEFID. (Foto: Adriele Clavilho)

do público fez a diferença na hora de ganhar a partida de sábado contra o time de Medicina da UNIPAC, por 6 a 5 no handebol. “A torcida é muito animada, sempre passa uma energia muito boa e o resultado disso a gente vê na partida”. Alguns jogos contaram com torcidas organizadas, muita música e gritos em coro para os jogadores que se destacavam. Enquanto os atletas esperavam sua hora de jogar eles aproveitavam para acompanhar outras competições e analisar estratégias de futuros oponentes. A estudante Carolina Larcher também esteve presente e acompanhou a partida do time da atlética da Faculdade de Comunicação (FACOM) contra a Universo na categoria de handebol feminino,

que resultou em 11 a 5 respectivamente. Ela contou que gostou muito da partida e que era a primeira vez que estava acompanhando. “É uma oportunidade legal para conhecer os times e os jogadores sentem a diferença quando a torcida está mais animada.” Para a estudante Bárbara Braga, algumas atléticas recebem grande apoio, enquanto outras precisam de mais incentivo. No geral, ela considera uma experiência divertida, mas afirma que os horários dos jogos dificultam a presença da toricda. Para acompanhar as próximas partidas do Universitarius e saber os resultados das que já ocorreram, é só acessar a página do facebook da competição facebook.com/UniversitariusJF.


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