Jornal Laboratório da Faculdade de Comunicaçao da UFJF | Juiz de Fora, 07 de novembro de 2016 | Ano I | N° 6
Juiz de Fora registra 1 homicídio a cada dois dias, na primeira semana de novembro pág. 4 e 5
Presidente Michel Temer abre discussão sobre voto facultativo nas próximas eleições pág. 7
Colégio João XXIII é reocupado após a aplicação da prova do Enem pág. 6
Peça de trupe de Brasília encerra Festival de Teatro
Trupe Trabalhe Essa Ideia trouxe espetáculo “Você volta amanhã?” para público juiz-forano, que são os primeiros espectadores fora de Brasília.
pág. 11
OPINIÃO Apenas mais um número? No último mês de outubro, Juiz de Fora teve 30 casos de homicídio, quase um para cada dia do mês. Os números só crescem e a população sofre com a sensação de insegurança constante. O crime não escolhe vítima e nem infrator, e enquanto vemos pessoas morrendo nos hospitais, os que deveriam ser os responsáveis pela segurança inventam desculpas para os casos já ocorridos. Mas, até quando? Casos assustam a população, que se amedronta e revolta com a falta de confiança no poder público. Promessas são feitas quando o fluxo de reclamações dos cidadãos fica maior, mas as soluções nunca aparecem
EXPEDIENTE
efetivamente. Alguns bairros tem instalado por conta própria uma rede de vizinhos integrados, onde se alguém percebe alguma situação suspeita, fica alerta para poder ativar a segurança (se for em condomínios fechados, por exemplo) ou acionar a polícia. A Secretaria de Segurança Urbana e Cidadania de Juiz de Fora, propõe um projeto parecido para implementação, mas ainda sem previsão, o que na verdade não resolve muita coisa. O Projeto Olho Vivo foi implementado em dezembro de 2014, com mais de cinquenta e quatro câmeras para monitoramento das ruas de Juiz
de Fora. Além da prevenção de furtos, elas poderiam ser um instrumento para ajudar a conter esses homicídios, porém a maioria serve para enfeitar o patrulhamento das ruas. A guarda municipal disse que intensificou a vigilância em praças, onde há muita incidência de crimes, entretanto, o necessário seria aumentar de modo geral. Para o assessor da polícia militar, o homicídio é um crime de difícil prevenção, mas o ditado não sugere que é melhor prevenir do que remediar? Vamos sentar, cruzar os braços e esperar que tudo se resolva enquanto os homicídios ditam o rumo da cidade?
Jornal Laboratório da Faculdade de Comunicação Social da Universidade Federal de Juiz de Fora produzido pelos alunos de Técnica de Produção em Jornalismo Impresso Reitor: Prof. Dr. Marcus Vinícius David
Projeto Gráfico: Júlia Sales e Laura Kronbauer
Vice-Reitora: Prof ª. Dr ª. Girlene Alves da Silva
Diagramação: Júlia Sales e Laura Kronbauer
Diretor da Faculdade de Comunicação: Prof. Dr. Jorge Carlos Felz Ferreira
Reportagem: Adriele Clavilho, Aline Introvigni, Carolina Rossi, Geisiana Almeida, Júlia Sales, Laura Kronbauer, Lucas Godinho, Marina Metri, Rafael Mendonça, Vinicius Grossos e Yann Barbosa.
Vice-Diretora da Faculdade de Comunicação: Profª. Dr ª. Marise Pimentel Mendes Coordenadora do Curso de Comunicação Social diurno: Prof ª. Dr ª. Cláudia de Alguquerque Thomé Professores orientadores: Prof. Dr. Marco Antônio de Carvalho Bonetti Profa. Mestre Marise Baesso Tristão
Editor: Adriele Clavilho Endereço: Campus Universitário de Martelos s/n - Bairro Martelos 36036-900 - Tefefones: (32) 2102-3601/ 2102-3602
OPINIÃO Exame nacional da segregação
Na E. E. Mercedes Nery Machado, 39% dos candidatos não fizeram o Enem no domingo (Foto: Rafael Mendonça)
Para a felicidade geral da nação, digam ao povo que o Enem de 2016 acabou – ou deveria, pois quase 272 mil estudantes realizarão outra prova em dezembro, devido às ocupações de escolas e universidades no país. No mar de polêmicas que a avaliação gera, hoje o convido a conversar sobre inclusão social. O Enem, exemplo de democratização do acesso ao Ensino Superior, amplia os horizontes de pessoas com deficiência, que podem através dele cursar uma faculdade. Agora, imagine ter de decifrar gráficos complexos, fazer cálculos imensos de funções
matemáticas e equações químicas, produzir uma boa redação e interpretar charges, imagens e textos que ocupam uma página sem poder enxergar. Tudo isso em uma maratona de 90 questões que pode durar seis horas e meia. Após fazê-lo, é bem provável que você já não concorde tanto com a última frase do parágrafo anterior. A razão é simples: o Enem não é feito para cegos serem capazes de realizá-lo. Trabalho lendo o exame para deficientes visuais. Em 2015, ainda sob o hipócrita lema de “Pátria educadora” cunhado pelo desastroso governo Dilma, assisti à estudante que auxiliei
Por Rafael Mendonça chorar e dizer que queria desistir enquanto tentava fazer a prova de Matemática - segundo ela, “impossível”. Obviamente, ela não conseguiu e precisou chutar a maioria absoluta das questões da área de Exatas. Nesta edição, não presenciei cena semelhante, porque o candidato sequer apareceu para fazer o Enem. No primeiro dia, dos 169 estudantes que realizariam o Enem na escola em que trabalhei, 59 faltaram. Entre as 17 lactantes previstas, apenas duas foram, mas uma desistiu antes do início da avaliação, e outra a abandonou assim que as duas horas obrigatórias de permanência passaram. No domingo, nenhuma retornou foram 66 faltas ao todo. É inegável a importância de uma prova nacional de viés mais prático e interpretativo, em detrimento do conteudismo encontrado nos vestibulares tradicionais. Mas se você está entre os mais de 500 mil cegos do país, o MEC tem um recado claro: desista dos seus sonhos. A falsa inclusão promovida pelo Enem desestimula os deficientes visuais a entrar no Ensino Superior, os relega à margem da sociedade e contribui para o aumento da já expressiva população economicamente inativa do Brasil.
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GERAL
Juiz de Fora registra 1 homicídio a cada do
Ainda nessa semana, foram seis tentativas de homicídio. No
Um homem foi assassinado e outras três pessoas foram baleadas, ontem, em Juiz de Fora. Somente neste ano, 111 pessoas foram assassinadas na cidade. Na Vila Olavo Costa foi registrado o primeiro caso de tentativa de homicídio. Por volta das 13h, um homem atirou contra seu sobrinho por um divida de R$25. O suspeito, que é cadeirante, disse que se sentia ameaçado pela vítima que estaria pedindo a ele um celular como garantia de que a quantia seria paga e, então, comprou uma arma na feira livre e atirou na vítima. Na Barreira do Triunfo, um jovem de 20 anos morreu após ser atingido com cinco tiros. A PM informou que os suspeitos já foram identificados, entretanto, até o momento, ninguém foi preso. Ainda no domingo, na Zona Leste da cidade, um homem foi baleado no bairro Bon-
fim. No bairro Jardim Casablanca, um homem de 36 anos foi baleado em um bar. A vitima, entretanto, informou aos policiais que não sabe o motivo dos disparos. De acordo com dados fornecidos pela PM, Polícia Militar de Minas Gerais, o número de casos desse tipo vem crescendo desde o ano passado. Em 2015, foram cento e seis homicídios no município. De janeiro deste ano até hoje, foram 111 casos, contra 86 ocorrências de janeiro até outubro do ano passado, o que representa um aumento de mais de 26% de um ano para o outro. Contudo, um levantamento feito pelo Mergulho Diário revela que o número de homicídios consumados já chega a 130. A contagem levou em conta não só os casos em que a morte da vítima foi registrada pela PM, mas também aqueles em que o óbito se
consuma posteriormente a esse registro, já nos hospitais da cidade. Somente nesta primeira semana do mês de novembro, Juiz de Fora registrou um homicídio a cada dois dias. Foram 4 casos em sete dias. Em novembro de 2015, a Polícia Militar registrou 14 assassinatos. Somente neste final de semana, foram registradas três tentativas de homicídio na cidade. Juiz de Fora registrou, em outubro de 2016, um aumento de 57,8% no número de tentativas de homicídios com relação ao mesmo período de 2015.
Tentativas de Homicídios O aumento de tentativas de homicídio impressiona. Em 2015, foram 180 casos durante todo o ano. Neste ano, somente de janeiro até outubro, foram 194 ocorrências do
Homicídios Consumados
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Homicídios Tentados
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Números de homicídios consumados e tentados, em Juiz de Fora, em cada mês em 2015 e 2016
dois dias, na primeira semana de novembro
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o mês passado, registrou uma média de uma tentativa por dia
Júlia Sales e Laura Kronbauer tipo. O mesmo período, no ano pas- futebol, vira um caso de agressão onde as estatísticas comprovam as sado, registrou 150 casos, o que re- corporal e pode acabar como um pessoas andando armada. presenta um aumento de quase 30% homicídio”. Major Marcellus ainda A Secretaria de Segurança Urbanos casos. Esses números também reforça que o aumento desses casos na e Cidadania de Juiz de Fora, que são resultados do levantamento fei- merece a atenção da Polícia Militar, completou cinco meses na semana to pelo Mergulho Diário, que ana- “os números estão sendo trabalha- passada, informou em nota sobre as lisou e comparou dados fornecidos dos para fazer uma prevenção segu- medidas que sua pasta vem implepela Polícia Militar e informações ra em Juiz de Fora”. mentando no município desde sua divulgadas pelo jorcriação. nal Tribuna de MiUm dos projetos em nas. Somente no mês processo de implemende outubro foram 30 tação é segurança nos tentativas de homicíbairros. A proposta é dio registradas. que a vizinhança fique Sobre esses dados, interligada por meio de o assessor de comuuma ferramenta de conicação da 4ª região municação, facilitando da Polícia Militar, os flagrantes e preveMajor Marcellus nindo os crimes naqueMachado comenta la localidade. que a polícia não tem Ainda segundo a um estudo que comnota a Guarda Municiprove o aumento da pal intensificou a vigicriminalidade, mas lância em praças, onde é certo que houve o há grande incidência aumento nos casos de delitos e prática de Só na primeira semana de novembro, Juiz de Fora registrou 4 de homicídios. “Pessoas prostituição. Outros prohomicídios e 6 tentativas (Foto: Júlia Sales) que buscam justiça com jetos estão sendo elaboas próprias mãos, envolvimento reDe acordo com a Polícia Militar, rados, como uma parceria com a lacionado ao uso ou tráfico de dro- há um trabalho com os dados dos Secretaria de Educação, com o obgas, então a gente percebe que essas registros de ameaças “visando acom- jetivo de garantir maior seguranpessoas não se importam com me- panhar os crimes que estão ocorren- ça nas escolas. Também existe um didas de segurança, ela quer come- do como lesão corporal, ameaças e a planejamento para apoio aos fiscais ter o crime”, conta. gente acompanha fazendo uma visi- de postura na feira livre de Juiz de Ainda segundo o assessor, o ho- ta tranquilizadora ao possível autor, Fora, o que garantirá aos feirantes e micídio é um crime de difícil pre- para tentar minimizar esses fatos”, aos frequentadores, um ambiente de venção: “de uma roda de amigos no explica. Além disso, há umas opera- trabalho e lazer seguro. bar, por uma discussão por política, ções de desarmamento nos bairros
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GERAL
Colégio João XXIII é ocupado novamente após assembleia de estudantes
Na página do movimento no Facebook, o grupo divulgou o cronograma de atividades desta segunda Yann Barbosa
Zona da Mata (em azul) tem 142 municípios, mas apenas Juiz de Fora está entre os 43 de maior atividade econômica (Imagem: CMC Jr.)
O Colégio de Aplicação João XXIII em Juiz de Fora voltou a ser ocupado na manhã desta segunda (7) por estudantes secundaristas. A decisão foi tomada após assembleia, que reuniu centenas de alunos, na última sexta (4). A votação obteve 115 votos a favor, 31 contra e uma abstenção. Com a chegada do fim do período letivo, o Conselho de Unidade dos professores, juntamente com o movimento estudantil, ainda vai estudar formas de flexibilização para não interferir no processo de aprovação de alguns alunos. O movimento tinha sido suspenso antes do período de realização das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que aconteceu no último fim de semana. Os alunos continuam protestando con-
tra algumas medidas do governo, como a reforma do Ensino Médio, a PEC 55 e a “Escola Sem Partido”. Durante a assembleia, estiveram presentes estudantes de diversas instituições da cidade, no entanto, apenas os secundaristas do colégio da UFJF tiveram direito ao voto. De acordo com o Comitê de Ocupação, que mantém uma página no Facebook com atualizações do movimento, a manifestação vai se estender por tempo indeterminado. Segundo Ayrã de Oliveira, estudante do terceiro ano do ensino médio e um dos responsáveis pelo movimento, a comunicação com os estudantes contrários a ocupação está sendo democrática. “É evidente que as críticas apareceriam, mas isso não significa que estamos negligenciando elas. Nós temos lidado mui-
to bem, mantendo a base dentro do nosso movimento que é um diálogo respeitoso.” Um cronograma com as atividades desta segunda foi publicado na página do movimento e, de acordo com o Comitê, as aulas de hoje do ensino fundamental foram mantidas. Os estudantes secundaristas estavam na instituição desde 26 de outubro. Após um acordo com o juiz eleitoral, Paulo Tristão, permaneceram durante o segundo turno das eleições para prefeito, que aconteceu no último dia 30. De acordo com o juiz, os manifestantes se comprometeram a respeitar o direito dos 2.505 eleitores que votaram no local e não interferiram no trabalho do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG).
Ocupação no IF Sudeste No dia 1º de novembro, secundaristas do colégio IF Sudeste aprovaram a reocupação após assembleia que foi marcada por alguns tumultos. De acordo com a página do movimento no Facebook, antes da reunião, a ideia inicial era começar a ocupação nesse dia, mas a decisão foi adiada. O Mergulho Diário entrou em contato com a assessoria de comunicação do colégio, que afirmou que a ocupação ainda não foi definida. Segundo a assessoria, hoje haverá um outra assembleia para discutir os futuros rumos do movimento. Até o fechamento desta edição, nenhuma outra informação foi divulgada pela ocupação.
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POLÍTICA
Temer abre discussão sobre voto facultativo para futuras eleições
Após alto número de votos nulos, brancos e abstenções, presidente abre possibilidade de uma reforma na forma de votação atual Vinicius Grossos
Presidente abre discussão sobre voto facultativo para as próximas eleições(Foto: José Cruz - Agência Brasil
O presidente Michel Temer concedeu entrevista à jornalista Mariana Godoy, da Rede TV, na última sexta, e um dos assuntos foi o alto índice de abstenções e votos brancos e nulos nas últimas eleições municipais. Para o presidente, o “mal-estar” da população com a política pode explicar esses números e, inclusive, ele declarou que talvez fosse o caso de começar a examinar a hipótese do voto facultativo. “Acho que há naturalmente um mal -estar com a classe política. E muitas vezes a crítica vem pelo silêncio, pela abstenção, pelo voto nulo. Então quer votar, vota. Não quer, não vota. Evidentemente que isso precisa vir acompanhado de uma pregação da cidadania”, afirmou o presidente. No último domingo (30), data em que foi realizado o segundo turno das eleições em 57 cidades brasileiras, o
número de eleitores que não compareceram às urnas, somado aos votos brancos e nulos, foi de aproximadamente 10,7 milhões de pessoas. Este número representou 32,5% dos 32,9 milhões de eleitores aptos a votar na data.
Realidade de Juiz de Fora Em Juiz de Fora, 316.191 juiz-foranos foram às urnas para votar em candidatos a vereador e a prefeito neste primeiro turno, índice que representa 79,96% dos 395.425 eleitores da cidade. Apesar de o voto ser obrigatório, 79.234 eleitores não compareceram à votação, totalizando 20,04% de abstenção. Os índices de votos nulos e brancos aumentaram também. Comparando, em 2012, foram 22.224 eleitores (6,95%) que votaram nulo, enquanto que, neste ano, 35.029 eleitores
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(11,08%) escolheram esta opção. Há quatro anos, 11.116 eleitores (3,41%) votaram em branco, sendo que, neste ano, 15.325 (4,85%) juiz-foranos fizeram esta opção. Já no segundo turno que reelegeu Bruno Siqueira como prefeito de Juiz de Fora, 10,68% votaram nulo enquanto 3,78% foram brancos. Para o cientista político Rodrigo Melo, esses números são reflexo da situação política em que vivemos atualmente. “Estamos vivendo um momento mais visível de uma ruptura clara entre a Instituição Política e a sociedade de modo geral. A população não se sente representada, e isso gera um descontentamento que se expressa através das estatísticas”. E para ele, analisando a questão do voto facultativo no país e mais especificamente em Juiz de Fora, isso pode piorar ainda mais a representatividade popular. “Em países em que há uma cultura política consolidada, o voto facultativo funciona no sentido de que, se o eleitor não se sente representado, ele se abstém a votar. Porém, na nossa realidade nacional e regional, a política não é culturalmente um assunto debatido. A agenda política, para a grande população, só é um tema exposto em épocas de eleições. E o que isso vai representar? As camadas mais baixas socialmente talvez deixem de votar, ou apenas votem por uma pressão causada através do medo. Enquanto as mais evoluídas culturalmente no campo da política, serão representadas por eleger quem defende seus interesses”.
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GERAL
Juiz de Fora é única cidade da Zona da Mata entre 43 de melhor atividade econômica do estado Pesquisa da Faculdade de Economia da UFJF também destaca queda de postos de trabalho em Ubá e crescimento de Viçosa pela UFV
Rafael Mendonça de atividade econômica, a Zona da Mata mineira possui apenas Juiz de Fora. “Isso gera menor crescimento em longo prazo, pois Juiz de Fora pode ser ‘contaminada’ negativamente pelo resultado dos seus vizinhos. Nas demais regiões, o processo é de ‘alavancagem’ do crescimento e/ ou efeito de contágio Zona da Mata (em azul) tem 142 municípios, mas apenas positivo”, afirma o ecoJuiz de Fora está entre os 43 de maior atividade econômica nomista, professor da (Imagem: CMC Jr.) UFJF e coordenador-geA Zona da Mata Mineira se susral do projeto Fernando tenta economicamente apoiada em Perobelli. Juiz de Fora, enquanto Ubá sofre Outro destaque é o crescimento com a crise e Viçosa cresce junto à do indicador de abertura externa de UFV. Estas conclusões são feitas a Viçosa. Isso está ligado à importânpartir do balanço de julho do IAEM, cia da UFV no município. Perobelli Índice de Atividade Econômica Mu- avalia que a UFJF também tem boa nicipal, feito pela “Conjuntura e participação nesse quesito. “Não Mercados Consultoria Jr.”, empre- falta esse tipo de projeto na Universa júnior da Faculdade de Econo- sidade. O que ocorre com Viçosa é mia da UFJF. que o resultado externo é muito deDas 43 cidades com maior índice pendente da UFV. Há pouca diver-
sificação nesse item do indicador para Viçosa.” Importante município na Zona da Mata, Ubá registrou perda de 264 postos de trabalho nos sete primeiros meses do ano. “Há um problema estrutural em Ubá, uma crise setorial, e como o processo produtivo da cidade é especializado no setor moveleiro, não há muita saída em curto prazo”, explica o professor. “A saída passa, por exemplo, por uma negociação entre os agentes para não haver perdas. A prefeitura pode ter uma política de incentivo para diminuir custos das empresas e manter os empregos. Mas devido à crise dos municípios, esse incentivo é limitado.” Os balanços do IAEM estão no site cmcjrufjf.wixsite.com/cmcjr/ iaem. O projeto monitora mensalmente a evolução da economia em todos os 853 municípios de Minas Gerais, com análise das 12 mesoregiões do estado.
Juiz de Fora tem maior atividade econômica desde início do ano na Zona da Mata; Ubá vem caindo no ranking (Imagem: CMC Jr.)
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GERAL
Redação do Enem foge do óbvio e traz discussão sobre intolerância religiosa Tema foi elogiado por professores e alunos que fizeram o exame; alunos tiveram uma hora a mais para fazer a redaçao
Carolina Rossi destacando a violência religiosa como crime inafiançável e o número de denúncias sobre discriminação. A dissertação deveria obedecer o formato argumentativo, com proposta de intervenção que considerasse os direitos humanos.
Intolerância no Brasil
Tema da redação “Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil” (Foto: Natália Oliveira)
O tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), realizado no último final de semana foi “Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil”. 8,6 milhões realizaram o maior exame nacional que dá acesso à universidades públicas do Brasil. A redação é considerada a etapa mais temida da prova, já que é o único quesito onde o aluno pode tirar nota mil e elevar sua média final. A professora de português do Centro de Educação de Jovens e Adultos Doutor Geraldo Moutinho (CEM), Simone Delgado aprovou o tema escolhido “Foi um tema que saiu do trivial que são os assuntos como drogas, política, violência e o acontecido em Mariana, que todo mundo estava esperando, para mexer com um lado mais reflexivo de cada um com esse assunto. Então,
achei bem-vindo na medida que obriga os alunos nesse momento tão importante da vida deles falar sobre um assunto até então esquecido que é a religiosidade”. Simone ressalta a importância de fazer uma reflexão a respeito desse assunto “Para os alunos foi uma oportunidade de fazer uma reflexão. Essa redação é algo que vai ficar marcada nos estudantes, e para ingressar em uma universidade pública ele tem que se expressar bem e refletir sobre o assunto. Trazer a tona esse tema que fica muito esquecido nas escolas em geral, principalmente nas públicas é muito importante.” A prova dispunha de quatro textos de apoio, entre eles, um trecho da Constituição Federal e uma nota do Ministério Público sobre a laicidade do Estado. Dois excertos de reportagens fechavam a coletânea,
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O número de denúncias de intolerância religiosa aumentou 3,7% nos últimos cinco anos, segundo relatório da Secretaria Especial de Direitos Humanos, órgão vinculado ao Ministério da Justiça e Cidadania. O Disque 100, principal canal da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, passou a receber registro desse tipo de violência em 2011, quando houve apenas 15 denúncias. Em 2015, foram denunciados 556 casos. Segundo relatório as religiões de matriz africanas são as que mais sofrem perseguição. A importância de se discutir o tema reflete na opinião da aluna Natália Oliveira, que fez a prova neste fim de semana e aprovou a discussão proposta “Gostei bastante do tema escolhido para a prova deste ano, apesar de ser um tema que não é muito discutido dentro das escolas, não cheguei a discutir na minha, por exemplo, é um assunto que provoca reflexão e pode ajudar na discussão e eliminar preconceitos a respeito da religiosidade”.A nota da redação será divulgada apenas em 19 de janeiro. O gabarito oficial está previsto para o próximo dia 9, quarta-feira.
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COMPORTAMENTO
Estudantes se unem para ajudar mães carentes
As estudantes montam enxovais com ajuda de doações e entregam para gestantes que precisam Aline Introvigni
Você já sentiu vontade de ajudar o próximo? Quantas vezes você já se pegou se perguntando o que é preciso para fazer o bem? Foi essa a pergunta que as quatro estudantes e amigas, Mariana, Natália, Thairine e Mariane se fizeram há nove meses, e assim, surgiu o projeto Dona Cegonha, que arrecada enxovais de bebês e doa para gestantes carentes de Juiz de Fora. A estudante do curso de Engenharia da UFJF, Mariana Martins é uma das idealizadoras do projeto, e conta que a ideia surgiu em meio a uma conversa entre as quatro amigas: “A ideia começou na nossa república. Eu tive a ideia, mas todas as meninas logo abraçaram a causa. Nós todas tínhamos a necessidade de fazer algo para ajudar o próximo, de conhecer novas histórias e crescer com elas.” Inicialmente as quatro amigas contavam com pouco ajuda, mas com o tempo e com a divulgação, mais apoio começou a aparecer. “No mesmo dia em que idealizamos o projeto nós criamos a página no Facebook. No começo nós contávamos com a ajuda de parentes e amigos. Os primeiros enxovais foram montados com doações de pessoas mais próximas até que a gente conseguisse divulgar o projeto e as doações começassem a chegar.” Dentre os produtos arrecadados pelo Dona Cegonha, estão fraldas, talco, mamadeiras, roupas, banheiras, bolsas e até mesmo berços. Além disso, o grupo também disponibiliza um link em sua página no facebook para aqueles que desejam doar valores em dinheiro. Os enxovais são montados e, através da fundação Mão Amiga, chegam até as gestantes. Mas Mariana explica que, mesmo com o todo o apoio que recebem, ainda existem dificuldades no processo: “A dificuldade que encontramos é em relação à falta de verba para montar os enxovais. Mesmo recebendo muita coisa, geralmente falta algum item que precisa ser comprado. Algumas vezes nós não conseguimos dar vazão aos pedidos por faltarem itens específicos, principalmente os mais caros como banheira e bolsa.” Outro problema enfrentado pelas garotas é com a locomoção. “Não temos carro, dependemos de
Enxoval montado pelas garotas do grupo Dona Cegonha (Foto: Divulgação)
carona para o transporte ou acabamos tendo que levar tudo de ônibus” afirma Mariana. Apesar de todas as dificuldades enfrentadas, Mariana acredita que a recompensa para este gesto de carinho vale mais: “O sentimento que esse projeto traz, de poder amparar de alguma forma os primeiros momentos da vida de uma pessoa é lindo. As histórias que encontramos e vivenciamos nos soma muito. São experiências que nós não teríamos se não saíssemos da nossa zona de conforto.” Para a fundadora e administradora da fundação beneficente Mão Amiga, Aparecida da Silva, o Dona Cegonha veio para contribuir com o trabalho da instituição: “Esse apoio para gente é muito importante porque nós não conseguimos ajudar todo mundo que vem nos procurar. E a maioria das mães que vem aqui não tem condição de comprar um enxoval pra levar pro hospital.” Mariana da Silva espera um menino, e através de cadastro na fundação Mão Amiga, recebeu a ajuda do grupo. “A ajuda do Dona Cegonha foi muito boa porque antes dessa ajuda eu não tinha nada pro meu neném” conta Mariana. Para ajudar no projeto basta entrar em contato através da página no facebook facebook/donacegonhajf ou pelo número (32) 99120-4097.
CULTURA
Festival de Teatro encerra maratona de espetáculos com Trupe de Brasília
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Peça “Você Volta Amanhã?” traz experiência incomum aos espectadores juiz-foranos Trupe vinda de Brasília apresentou duas sessões no CCBM Geisiana Almeida A peça “Você volta amanhã?” encerrou, na noite de ontem (6), no Centro Cultural Bernardo Mascarenhas (CCBM), o 10º Festival Nacional de Teatro, em Juiz de Fora. O espetáculo, apresentado pela Trupe Trabalhe Essa Ideia, de Brasília (DF), que é a primeira produção adulta do grupo, levou aos espectadores juiz-foranos uma experiência diferente, contando a história da amizade de duas meninas separadas por um muro. Não só o cenário, mas também a plateia foi dividida, criando uma dinâmica em que metade do público não vê o outro lado do muro, e apenas ouve a outra personagem. O diretor do espetáculo, Edson Duavy, relatou que a trupe tem uma tradição de teatro infantil e esse foi o primeiro texto com temática adulta, por mais que as personagens sejam duas crianças. “As meninas, um dia, me chamaram. Nós já trabalhamos juntos em alguns espetáculos. Elas falaram ‘nós tivemos a ideia de um espetáculo e queremos que você dirija, tivemos um sonho com um muro’. Aí eu falei ‘então vai ter um muro dividindo vocês e a plateia, e vocês vão estar fazendo o espetáculo juntas, mas separadas’”, contou. Luísa Viana, espectadora da peça, disse que a ideia de ver só um lado da peça a lembrou de vários contextos históricos e várias literaturas, além de aguçar a imaginação. “Sofri um pouco, porque eu queria ver as duas cenas, mas ao mesmo tempo você passa a imaginar como é o outro lado. É igual você ler um livro e
Espetáculo “Você volta amanhã?” divide cenário e plateia (Fotos: Geisiana Almeida)
imaginar tudo aquilo”, confessou. Luísa acrescentou que a peça é de uma delicadeza incrível. “Eu vi o lado ‘rico’, e a atriz foi sensacional, eu gostei muito, mostra toda a delicadeza de criança, toda aquela infância, ludicidade. As personagens vão quebrando isso e descobrindo o que é a vida real”, elogiou. Outra espectadora, Mariana Guedes, contou que assistiu a três peças dessa edição do festival, e, para ela, essa foi a melhor. “A ideia de separar a plateia em lados diferentes me deixou curiosa, mas por um lado foi muito forte, eu achei sensacional”. A peça foi apresentada em duas sessões, dando a oportunidade, para quem quisesse, de assistir aos dois lados do espetáculo. Duavy revelou a intenção de criar uma curiosidade no público. “O es-
petáculo trabalha a questão de defender o ponto de vista do outro e o seu. Muitas pessoas assistem a várias sessões, então, só ouvindo a voz da outra personagem, pensam ‘Ah ela é chata’, mas no outro dia, quando vêem o outro lado, falam ‘Ah ela é legal’. O interessante do espetáculo é isso, as pessoas verem outras vezes e criarem discussões”, comentou. O diretor da peça também falou que Juiz de Fora é a primeira cidade fora de Brasília a receber o espetáculo, que vem sendo trabalhado desde o início do ano passado. “Estar em outras cidades ajuda a ver se o seu espetáculo é regional ou universal, além de conhecer outros artistas e estreitar laços”, explicou.
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ESPORTE
JF Vôlei perde para o Sada Cruzeiro na estreia da Superliga masculina
Próxima partida será contra o São Bernardo, em São Bernardo do Campo Marina Metri JF Vôlei enfrentou o Sada Cruzeiro Vôlei, pela Superliga, na tarde do último sábado (5). Com arena lotada e transmissão da RedeTV!, o time de Juiz de Fora disputou, acirradamente, os dois primeiros sets, mas acabou superado pelos cruzeirenses por 3x0. Apesar da derrota, de acordo com o supervisor do time juiz-forano, Heglison Toledo, “o jogo contra o Cruzeiro, foi uma excelente apresentação da nossa equipe, mostrou consistência e evolução dos fundamentos, foi uma partida brigada e empolgante para o público, porém, no final a experiência do atual campeão do mundo prevaleceu.” O líbero do JF Vôlei, Fábio Paes, ressaltou o objetivo da equipe nos jogos do campeonato “Nosso maior propósito este ano, e nos outros, é a classificação pros playoffs, estar entre as 8 equipes classificadas.” A Raposa, que vai enfrentar no domingo (13) o Caramuru, não teve a desenvoltura esperada contra a equipe da Zona da Mata mineira, mas conseguiu terminar a partida com parciais de 23x25, 23x25 e 17x25. Fábio Paes, declarou que “jogar contra o Cruzeiro é sempre difícil, pois é uma equipe que tem um poder ofensivo muito qualificado, um dos melhores do mundo, e jogam com extrema velocidade. Para mim, hoje, o Willian (Cruzeiro) é o melhor levantador da atualidade.” Para o treinador Henrique Furtado, o time se comportou muito bem perante a um adversário de altíssimo nível, nos dois primeiros sets o time de Juiz de Fora não demon-
JF Vôlei x Sada Cruzeiro (Foto: Vítor Bara/JF Vôlei)
strou medo frente ao tetracampeão, mas o trabalho precisa continuar: “Fizemos coisas boas. Seguiremos evoluindo para levar os nossos fundamentos ao melhor patamar possível, visando jogar de igual para igual contra qualquer adversário. O saque do Sada Cruzeiro é extremamente agressivo. Nós respondemos bem, em alguns momentos. Em outros, nem tanto. Além disso, em boa parte do jogo nosso ataque conseguiu um percentual próximo ao deles. Infelizmente, no terceiro set nossos erros foram mais frequentes e vimos o oponente se distanciar no placar”. O time de Juiz de Fora volta a jogar na sexta-feira, contra o São Bernardo, às 19h30, fora de casa. Fábio relata o treinamento para os jogos: “Nossa preparação para os jo-
gos é diária, estudamos os adversários e jogamos conforme os estudos. A única coisa que muda nos jogos fora de casa é que não estamos em nosso ginásio e ao lado da nossa torcida, ambiente que estamos acostumados a treinar e jogar.”
Jogadores JF Vôlei: Rodrigo Ribeiro, Renan Buiatti, Felipi Rammé, Ricardo Júnior, Rômulo Batista, Bruno Gonçalves e Fábio Paes (líbero). Entraram: Henrique Adami, Juan Moreno, Franco Drago e Juan Mendez (líbero). Técnico: Henrique Furtado. Sada Cruzeiro Vôlei: William, Evandro, Rodriguinho, Filipe, Isac, Éder Levi e Serginho (líbero). Entraram: Fernando Cachopa e Alan. Técnico: Marcelo Mendez.