Mergulho Diário - Edição 3

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MERGULHO

DIÁRIO

Jornal Laboratório da Faculdade de Comunicação da UFJF • Juiz de Fora, 15 de Maio de 2017 • Edição 03

Hospital Universitário da UFJF recebe mais de 2 milhões para investimentos

A verba será direcionada para as três unidades do HU na cidade de Juiz de Fora. CIDADE

CIDADE

POLÍTICA

15 de maio agora é marco pelo dia do Orgulho de ser Travesti e Transexual

Número de capivaras cresce na cidade e preocupa moradores da região

Vereadores votam contra a redução salarial de servidores do Cinturb

Páginas 6 e 7

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Página 10


MERGULHO DIÁRIO

Juiz de Fora, 15 de Maio de 2017

EDITORIAL

EXPEDIENTE

Travestis e Transexuais em luta O dia 15 de maio, a partir deste ano, marca o dia do orgulho de ser travesti e transexual no país. Lizandra Braga

O dia 15 de maio passa a ser marcado como o Dia do Orgulho de Ser Travesti e Transexual. A partir desse ano, essa é uma data para ser pensada e celebrada. Segundo o Grupo Gay da Bahia (GGB), o Brasil é o país que mais mata LGBT’s (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) no mundo e essa data vem como uma afirmação do tema. Algumas melhorias foram alcançadas, mas ainda existe um enorme caminho pela frente. Só no ano de 2016 houve 347 mortes nesse segmento da população. No dia 9 de maio, o Superior Tribunal de Justiça decidiu que o ou a transexual pode mudar o sexo no registro de identidade civil mesmo sem realizar a cirurgia de mudança de sexo. Essa data, 15 de maio, foi escolhida por ser o dia do surgimento do Movimento Nacional de Travestis e Transexuais, na cidade do Rio de Janeiro, em 1992, mostrando que foi preciso 25 anos para que a luta de uma minoria, até então, se tornasse a luta de uma sociedade. Essa é a sociedade que está em constante evolução, ainda que em pequenos passos existam motivos para ser celebrados. Por exemplo, a transexual Valentina Sampaio, foi a primeira modelo trans a estampar a capa da Vogue francesa, uma das revistas de moda mais importantes da atualidade. No mundo da moda, onde ainda existem 2

muitos padrões e esteriótipos, ver Valentina é um passo considerável na luta dos direitos e do reconhecimento dos transexuais. Ela se tornou um ícone do movimento transgênero. “Estou orgulhosa, pois acho que este é um momento importante, a moda é um instrumento onde as coisas podem fluir livremente. Neste momento está sendo debatida, para que no futuro a gente possa ser livre desses preconceitos”, disse em entrevista a agência de notícias AFP. Em Juiz de Fora, a cantora e compositora Karol Vieira, a “Mc Xuxu” é uma ativista da causa e canta sobre as lutas e vivências dos LGBT’s. A partir do lançamento de um dos seus maiores sucessos, “Um beijo”, ela ganhou notoriedade nacional e suas letras entoaram movimentos pela causa dos transexuais e travestis. Datas são importantes, mas a discussão diária sobre o assunto é muito mais. Não adianta o país levantar bandeiras no dia 15 de maio e 29 de janeiro, Dia da Visibilidade Trans, e matar nos outros dias do ano. O Mergulho Diário – Edição 3 traz nas páginas 6 e 7 uma reflexão interessante sobre o tema, com depoimentos de transexuais que atuam na luta pelo movimento em Juiz de Fora. Obrigada por escolher o Mergulho Diário.

Jornal Laboratório da Faculdade de Jornalismo da Universidade Federal de Juiz de Fora, produzido pelos alunos da disciplina de Técnica de Produção em Jornalismo Impresso. Reitor Profº Dr. Marcus David Vice-Reitora Proª Drª Girlene Alves da Silva Diretor da Faculdade de Comunicação Social Profº Drº Jorge Carlos Felz Ferreira Vice-diretora Profª Drª Marise Pimentel Mendes Coordenadora do Curso de Jornalismo Integral Profª Drª Cláudia de Albuquerque Thomé Chefe do Departamento de Métodos Aplicados e Técnicas Laboratoriais Profª Drª Maria Cristina B. de Faria Professoras orientadoras Profª Drª Janaina de Oliveira Nunes Profª Ms. Marise Baesso Tristão Repórteres Aline Negromonte, Bárbara Schmidt, Clara Assis, Giovanna Lima, Gustavo Pereira, Luanny Gonçalves, Luiz Carlos Lima, Maria Elisa Diniz, Mariana Carpinter, Nayara Martins, Thamires Pecis. Edição e Diagramação Bruna Ogando Lizandra Braga Contato mergulhaodiario@gmail.com facebook.com/mergulhodiario (32) 2102-3612


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Juiz de Fora, 15 de Maio de 2017

ARTIGO

Nossas intermináveis idas e vindas Bruna Ogando Foto: Pixabay

Será que já paramos para pensar como nossa vida é composta de muitas chegadas e partidas? Chegar a algum lugar é sempre a nossa meta. É como se em algum lugar estivesse esperando por nós uma faixa de chegada. Pois é. Compramos passagens com destinos marcados porque precisamos chegar e temos que (mesmo sem querer) partir. Andamos – muitas vezes com pressa, porque desejamos chegar. E rápido. Então aí vai outra pergunta: se nós queremos tanto chegar, por que partir, em alguns casos, é tão doloroso? Por menor que seja o tempo que nós decidamos ficar, se o coração gosta, ele cria raízes. Raízes difíceis de arrancar, de esquecer, de abandonar e que sempre pedem para ficar. A gente fica, a gente obedece. Mas aí a chegada nos chama, grita dentro

do nosso peito e é chegada a hora, novamente. É como diz uma fala do filme “Houve uma vez um verão”, dirigido por Robert Mulligan: “A vida é feita de pequenas idas e vindas. E para cada coisa que levamos, há outra coisa que deixamos para trás.” No vai e vem da vida encontramos pessoas, ficamos felizes por conhecê-las, aprendemos a amá-las, descobrimos suas preferências, conhecemos suas ideias, partilhamos a vida, alegrias e sonhos, dores e sofrimentos e, um dia, as deixamos ou elas nos deixam partir. Mudanças, distância, chegadas e partidas fazem parte da vida e mesmo que demore, nos acostumamos com essa condição. E nesse caminho, vamos colecionando encontros, emoções, buscas e aprendizados. Percorremos, além de quilômetros

nas estradas dessa vida, milhas e milhas dentro de nós mesmos, numa procura permanente pelo nosso eu, pela nossa verdadeira essência. Nesse caminho de idas e vindas, chegadas e partidas, o importante é que cada um leva consigo uma carga de afetos e desafetos; manias, vícios e virtudes. O que para uns parece ser a tão dolorosa partida, para outros, vai ter o sabor doce da chegada. Sabemos que somos constantes viajantes pelo mundo à fora e também, dentro de nós mesmos. E tudo vai ser exatamente assim: o agora vira depois rapidamente; nosso presente torna-se saudade em poucos segundos. Hoje partimos, logo chegamos ao nosso destino esperado. De todas as idas e vindas que fazem parte da nossa jornada, estejamos certos de que tudo faz parte de um ciclo que vai se repetindo e nos ensinando. 3


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Juiz de Fora, 15 de Maio de 2017

UFJF

HU é contemplado com mais de R$ 2 milhões do Ministério da Saúde

Hospital Universitário tem oportunidade de investir em necessidades imediatas da unidade Mariana Carpinter Foto: Reprodução/UFJF

Verba será destinada às três unidades do HU: Dom Bosco, Santa Catarina e Centro de Atenção Psicossocial (Caps).

Ministério da Saúde divulgou o investimento no Hospital Universitário (HU) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) de R$ 2.252.238,53 para custeios e R$ 290.533,36 para investimentos gerais. Em nota, a assessoria do HU afirma que a verba destinada a custeio será direcionada para compra de medicamentos e materiais médico-hospitalares e a destinada à segunda ainda será discutida para “ver quais são as necessidades mais urgentes e imediatas, como uma reforma ou obra, para decidir a aplicação desse valor”. De acordo com a assessoria do Hospital Universitário, a verba direcionada será investida nas três unidades do HU: Dom Bosco, Santa Catarina e o Centro 4

de Atenção Psicossocial (Caps). Essa verba vinda do Ministério da Saúde faz parte do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf), em parceria com o Ministério da Educação e com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). Segundo a assessoria de comunicação da Ebserh, “o valor investido está à disposição de cada unidade e os pagamentos serão liberados mediante a comprovação da liquidação dos empenhos emitidos”. O investimento foi divulgado na última quarta-feira, 10, e não há um prazo previamente estabelecido para que ele seja efetivado, uma vez que ele “varia conforme a complexidade de cada ação. Uma obra ou compra de equipamentos

leva mais tempo do que a aquisição de materiais de consumo diário, por exemplo. Cada hospital tem seu planejamento para executar a ação e dar prosseguimento aos seus serviços”, afirma em nota. O objetivo desse programa de investimento é criar condições para que os hospitais possam desenvolver “atividades de ensino, pesquisa e extensão e de assistência à saúde da população”, segundo a assessoria de comunicação. Dessa forma, essa verba obedece a critérios como o tamanho do hospital, a quantidade de leitos, a complexidade dos serviços, e outros. Além disso, o valor destinado é determinado de acordo com informações divulgadas pela unidade favorecida e avaliado pelos órgãos envolvidos.


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Juiz de Fora, 15 de Maio de 2017

CIDADE

Grande número de capivaras em Juiz de Fora pode ser um risco no trânsito Motoristas devem ficar atentos com animais que cruzam as ruas próximas ao Rio Paraibuna Maria Elisa Diniz Foto: Reprodução Panoramio /Iana Maria Miranda

veterinário. Segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde, o último caso registrado da doença na cidade foi em outubro de 2015. Atropelamento de capivaras

Capivaras na beira do Rio Paraibuna em Juiz de Fora bem próximas à Av. Brasil

As capivaras viraram parte do cenário de Juiz de Fora. Quem passa pelas ruas e avenidas próximas ao Rio Paraibuna podem ver alguns animais solitários ou famílias inteiras, inclusive, as capivaras podem oferecer riscos aos motoristas que circulam nas regiões. O médico veterinário Rafael Veríssimo, que faz um trabalho de mapeamento do número de capivaras em Juiz de Fora, explica que são grandes roedores e utilizam a água como meio de locomoção. “Elas saem da água em busca de alimento, e geralmente pastam na beirada dos rios por isso é comum ver algumas

na avenida Brasil”, conta Rafael. Portador de Doenças A principal doença associada à capivara no perímetro urbano é a febre maculosa. Segundo Rafael Veríssimo, o animal em si não transmite a doença para o ser humano. “A capivara pode ser portadora do carrapato estrela que transmite a febre maculosa, esse parasita fica principalmente na vegetação que margeia os rios, por isso é importante vistoriar o corpo caso tenha contato com essa vegetação” orienta o

Segundo levantamento da Polícia Militar, só no ano passado, foram registrados 35 atropelamentos de animais silvestres na área urbana de Juiz de Fora. O policial militar responsável pela comunicação do Pelotão de Patrulhamento e Trânsito, tenente Marcus explica que em caso de atropelamento é necessário entrar em contato com o 190 para acionar a polícia ambiental. “Se a pessoa atropelar uma capivara ou outro animal silvestre e não acionar a polícia, isso pode configurar crime ambiental”, acrescenta. O estudante Philipe Rodrigues voltava de uma festa no começo do mês e contou que quase atropelou uma capivara na avenida Brasil na altura do bairro Santa Terezinha. “Já estava escuro e, apesar da iluminação da rua, eu só vi o animal quando já estava bem próximo dele, levei um susto mas consegui frear a tempo”. Atenção ao dirigir em locais com presença de animais é indispensável. Em nota, a Secretaria de Transporte e Trânsito (Settra) informou que há placas de sinalização da passagem de animais silvestres desde a altura do bairro Ladeira, seguindo o Rio Paraibuna até o Bairro Barbosa Lage. 5


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Juiz de Fora, 15 de Maio de 2017

CIDADE

Dia do Orgulho de Ser Travesti e Transexual é celebrado pela primeira vez em âmbito nacional

Evento na UFJF reúne transexuais para refletir sobre as necessidades desse segmento da população Aline Sotto Maior Negromonte FOTO: ACERVO PESSOAL

Bruna Leonardo Mesquita da Silva, 36 anos, atua como militante transexual e participa de acolhimento LGBT na UFJF

O dia 15 de maio foi escolhido por ser um marco: o surgimento do Movimento Nacional de Travestis e Transexuais, na cidade do Rio de Janeiro, em 1992. Em um país que mostra altos índices de assassinatos e outros tipos de crimes motivados por homofobia e transfobia, um dia que celebre a condição de ser travesti ou transexual evidencia a luta deste grupo. Hoje, dia 15 de Maio de 2017, em virtude do Dia do Orgulho de ser Travesti e Transexual, ocorre uma palestra na UFJF ás 19 horas, organizado pelo DCE, 6

"A realidade das pessoas Trans e a campanha Libera meu Xixi", com depoimentos de Bruna Leonardo, Mc Xuxu e Bernardo Seabra. De acordo com a Rede Nacional de Pessoas Trans do Brasil (Rede Trans Brasil), 25 travestis e transexuais foram assassinados no Brasil neste ano. Um caso que repercutiu nacionalmente foi o assassinato brutal da travesti Dandara Kataryne, de 42 anos, em Fortaleza. Segundo divulgado pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), a mais antiga associação de defesa dos homossexuais e transexuais do Brasil, 2016 foi o ano

com o maior número de assassinatos da população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) com 347 mortes. Ainda de acordo com o GGB, os transexuais formam o segundo grupo de vítimas fatais de ataques homofóbicos em 2016. Dos 347 assassinatos de pessoas LGBT, 42% eram travestis e transexuais. Apesar desses números, ainda existe subnotificação: não há números absolutos oficiais e problemas como boletins de ocorrência sem indicadores baseados em identidade de gênero e orientação sexual apenas agravam a situação.


Juiz de Fora, 15 de Maio de 2017

Transexuais atuantes

enquanto esperava o ônibus, uma criança estava brincando comigo e me chamou de tio, no masculino. Pode parecer besteira, mas ser reconhecido como homem por pessoas aleatórias preenche de um jeito absurdo." Thiago Lima de Oliveira, 20 anos, é estudante de direito e também se sentia "um pouco diferente" desde criança. "Aos 15 anos consegui definir o que eu sou e como seria mais feliz. Aos 18, me assumi para a sociedade". Em Juiz de Fora, teve problemas com uma faculdade particular quando solicitou o uso do nome social na chamada, o que é uma recomendação do MEC. "Fui enrolado por uns dois meses até que consegui a utilização do nome social na chamada por um mês e meio. Então a diretora retirou o nome social da chamada e orientou marcar uma reunião. Tentei várias vezes até que recebi um e-mail avisando 'que eu seria tratado pelo nome do RG, já que a recomendação do MEC não tem poder de lei". Ele acredita que uma reeducação da sociedade é necessária para haver mais igualdade entre qualquer pessoa, mas reconhece que Juiz de Fora já melhorou em alguns aspectos, principalmente com relação aos profissionais da saúde do SUS. “Porém a população em geral ainda se mostra muito preconceituosa." FOTO: bernardo seabra

importante. Além disso, precisamos de um centro de referência LGBT que Neste contexto nacional com dados acolha as demandas de violação de alarmantes, a luta se faz necessária direitos e tome as devidas atitudes para também em âmbito local. A militante a não perpetuação desse tipo de ação.” trans Bruna Leonardo Mesquita da Silva, 36 anos, se descobriu transexual ainda Outros depoimentos criança. “Quando me mudei para Juiz de Fora, eu tinha 11 anos e aí começou A cantora e compositora transexual o preconceito, começaram a me chamar juizforana Karol Vieira, a "Mc Xuxu", de ‘viadinho’, ‘boiolinha’, mas eu não me canta suas vivências, e fala da luta diária via como homossexual. Eu também de quem é LGBTI. Ela se descobriu não me via como um menino, eu transexual aos 17 anos e lembra de dois nunca me identifiquei com o universo episódios particularmente dolorosos, masculino. Foi aos poucos, a partir dos em que foi expulsa de casa e agredida com meus 13 anos, que fui me entendendo facadas. Uma vez, colocou um batom e me reconhecendo enquanto mulher." vermelho em uma festa da empresa Hoje, ela faz parte de um grupo de de seu padrasto e apanhou ali mesmo. acolhimento e apoio aos LGBTs, um “O tempo passou e ele [o padrasto] foi projeto de extensão da faculdade de obrigado a me ver de batom vermelho psicologia da UFJF, coordenado pela em jornais, revistas." Hoje, quando professora doutora Juliana Perucci e por está em Juiz de Fora, fica pertinho Brune Coelho, outra mulher transexual. de sua mãe, que a apoia e incentiva. "A gente se reúne e escutamos uns Já Bernardo dos Reis Guedes aos outros, a gente se fortalece e fala Seabra, de 19 anos, é um homem dos nossos direitos, e também agora transexual natural de Petrópolis, que conseguimos o acompanhamento cursa o Bacharelado Interdisciplinar hormonal, além de ajudar quem de Ciências Humanas na UFJF. Faz quer retificar o nome com o gênero.” dois anos que se identifica como Brune Coelho Brandão, psicóloga e transexual, e acredita que só demorou doutoranda em psicologia tem 25 anos a se reconhecer como trans porque se considera como um "ponto fora da simplesmente não sabia que isso existia. curva", pois desde a infância teve apoio “Sofri bastante até saber o que estava me na questão da transexualidade. “Senti aprisionando". Ele acredita que ainda acolhimento dentro da minha família há muito preconceito, principalmente e na Universidade. Inclusive minha no mercado de trabalho: "em uma família custeou meus procedimentos entrevista de emprego, onde só homens cirúrgicos, haja vista a demora no foram chamados para entrevista, progresso transexualizador no SUS. quando cheguei lá riram de mim". Um Isso mostra como o apoio familiar ponto positivo de Juiz de Fora, em sua é importante para o rompimento opinião, é que "aqui conheci muitos da transfobia e como auxilia na rapazes trans, o que me deu bastante qualidade de vida da pessoa trans." força”. Longe dos pais, Bernardo Brune Coellho aponta a necessidade conta que conseguiu finalmente se criar um serviço ambulatorial voltado começar a transição. “Com a distância a pessoas trans, para acompanhamento meus pais passaram a me valorizar e hormonal e exames. “Ter o nome social respeitar independente de como me respeitado e podendo ser utilizado chamo, arrumei uma namorada que em toda a cidade também é muito me aceita do jeito que eu sou. Hoje,

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Bernardo Seabra, 19 anos, estudante do B.I. de ciências humanas 7


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Juiz de Fora, 15 de Maio de 2017

CIDADE

Violência no Dom Bosco, um dos bairros mais transitados de Juiz de Fora, assusta moradores Estudantes que utilizam o local como passagem têm sido vítimas frequentes de roubos e furtos Bárbara Schmidt Foto: Paulo Stuart Angel Jacob da Silveira

Bairro Dom Bosco é comumente utilizado como atalho para a Universidade Federal de Juiz de Fora e para o Independência Shopping

O bairro Dom Bosco é um dos lugares mais precarizados da região alta de Juiz de Fora. No entanto, a situação na região não é preocupante somente para os moradores, mas para a população de Juiz de Fora como um todo. Isso porque o Dom Bosco é passagem diária para inúmeros cidadãos da cidade que utilizam as ruas do bairro como atalho, sendo acesso, por exemplo, para os que estão subindo do Centro em direção à Universidade Federal ou ao Independência Shopping. Ou, ainda, para quem quer ir da cidade alta ao bairro São Mateus ou à Avenida Olegário Maciel, alguns dos pontos mais movimentados da Zona Central de Juiz de Fora.

nas ruas. Ela se preocupa com os estudantes que passam pela região todos os dias para chegar ao Campus da UFJF e que têm sido vítimas frequentes de furtos e assaltos. Segundo a moradora, muitos são desavisados e acabam sendo surpreendidos pelos “marginais que ficam na espreita”. Silvania Matos, proprietária da padaria Pão da Hora, localizada no Bairro Dom Bosco, conta que seu estabelecimento já foi arrombado e roubado duas vezes. Ela também relata que a funcionária de sua casa, que também reside no bairro, sempre deixa o trabalho antes das 18 horas, por receio de assaltos e outras situações de violência mais recorrentes ao anoitecer. Já na opinião do proprietário Insegurança dos moradores de Transporte Escolar, Francisco Beghelli, morador do bairro A faxineira Suzana Oliveira é há 50 anos e neto do fundador moradora do bairro há 26 anos e do Dom Bosco, os pedestres disse que é raro ver policiamento que transitam diariamente pelo 8

local têm plena consciência da situação de “luta de classes” ali existente. Francisco diz que o bairro não é de extrema violência, e explica que o que ocorre são “pequenos furtos” de tênis, carteiras e aparelhos de celular. Ele ainda defende que muitas vezes esses furtos nem mesmo são realizados por moradores do bairro, mas sim, por “delinquentes vindos de outros bairros próximos” (ele cita como exemplo o Santa Cecília, o Mundo Novo e o São Pedro) que usam o Dom Bosco como “diário de fuga”. Falta de policiamento Embora hajam frequentes registros de violência, não existe um posto policial no bairro. Segundo a Polícia Militar, a nonagésima nona Companhia, localizada no Bairro São Pedro, é a que atende as ocorrências do Dom Bosco.


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Juiz de Fora, 15 de Maio de 2017

CIDADE

Canil recolhe em média cinco cães de rua por semana De acordo com a gerência, o local abriga cerca de 500 cães resgatados que podem ser adotados

Foto: Reprodução/Facebook

Giovanna Lima

Cães em situação de risco são recolhidos pelo Canil Municipal

Ela conta que estava saindo de viagem na manhã de um sábado e avistou a vizinha largando seu cachorro no meio da rua e voltando para casa. Mariá foi até a casa dela e questionou o ato, quando essa revelou que não conseguia dormir por causa do latido, por isso, não tinha mais condições de ficar com o animal. Mariá denunciou o crime na hora.

A adoção Quem deseja adotar um cão do Canil Municipal pode acessar a página no Facebook “Canil Municipal – Adote um Amigo” e preencher um formulário online ou visitar o Canil. Outra opção para quem deseja adotar são as feiras de O primeiro cão resgatado por Monique adoção, geralmente realizadas uma John, foi há cinco anos vez por mês. As datas e os locais das feiras são sempre postadas O Canil Municipal fica na Rua na página do Facebook do Canil, Bartolomeu dos Santos, Bairro de acordo com Miriam Neder. São Damião. O horário de funcionamento é de segunda a Amor que não se compra sexta, de 9h às 10h30 e de 13h A comerciante Monique Rianelli, às 15h30. As visitas podem de 23 anos, já resgatou seis cães ser agendadas por meio do e seis gatos de rua. “Não que eu telefone (32) 3690-3591. não concorde com a venda. Eu já

Foto: Reprodução/Facebook

O abandono de cães é um problema frequente em Juiz de Fora. Diversos são os fatores alegados por quem comete o crime, seja porque o dono vai viajar e não tem com quem deixar o animal ou porque o animal não se adaptou ao novo lar. De acordo com a gerente do Departamento de Controle Animal do Demlurb, Miriam Neder, o Canil abriga cerca de 500 cães atualmente e recolhe em média cinco por semana. No entanto, nem todos os cães de rua são recolhidos. Somente aqueles em situação de risco, ou seja, que foram atropelados, que estão doentes, machucados, fêmeas prenhas ou com filhotes são recolhidos pelo canil. Ao chegarem ao local, os animais recebem os devidos tratamentos pelos dois veterinários que trabalham lá. Os maus-tratos e o abandono a animais são crimes e podem ser denunciados a Polícia Militar de Meio Ambiente, através dos telefones 3228-9050 ou 181. Foi o que fez Mariá Mello, de 32 anos, residente do bairro São Mateus.

tive convivência com cachorros comprados e todos são amorosos, mas o de adoção, o amor é diferente, é gratidão. Dá para ver o tempo inteiro que eles são gratos porque eles já passaram muito aperto.” Mesmo com a casa cheia e com os gastos com ração e cuidados médicos dos seus animais, Monique conta que sempre arruma uma forma de ajudar todos os cães que avista pelas ruas de Juiz de Fora. Seja dando lar temporário a eles ou tentando encontrar um novo dono, qualquer forma de ajudar é válida para ela. “Eu não consigo, como muitas pessoas fazem, fechar os olhos e ignorar que tem um ser vivo ali, precisando da ajuda e sofrendo”, ela se emociona.

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Juiz de Fora, 15 de Maio de 2017

POLÍTICA

Representação contra corte salarial dos trabalhadores do transporte será votada essa semana na Câmara Municipal Vereador busca sensibilizar o Cinturb a fim de reconsiderar o desconto pela paralisação do dia 28 de abril Nayara Martins

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Crédito: Divulgação/ CMJF

O vereador Cido Reis (PSB) protocolou no dia 10 de maio uma representação direcionada ao Consórcio Integrado do Transporte Urbano de Juiz de Fora (Cinturb), solicitando que a empresa reconsidere a decisão de descontar do salário dos trabalhadores do transporte coletivo urbano o valor do dia trabalhado e o descanso semanal remunerado (DSR). Tais penalizações foram referentes ao dia 28 de abril, quando aconteceu o movimento de paralisação nacional contrária às reformas da Previdência e Trabalhista. Na data, diversas categorias, sindicalistas e integrantes da sociedade civil participaram de manifestações no Centro de Juiz de Fora e o transporte coletivo não circulou de 00h00 as 15h30. As Reuniões Ordinárias do Poder Legislativo do mês de maio na Câmara Municipal de Juiz de Fora têm início nesta terça-feira, dia 16, e a representação de Cido Reis deve ser votada ainda essa semana, entre os dias 18 e 19 de maio. Em sua argumentação, o parlamentar destaca que muitos trabalhadores se apresentaram ao local de serviço e lembra que os empregados registraram ponto e permaneceram na corporação, mas foram impedidos de trabalhar devido ao bloqueio que se formou nas imediações das sedes das empresas. E enfatiza: “Nós estamos pedindo através dessa representação o reembolso

Cido Reis solicita reconsideração no desconto salarial de trabalhadores do Cinturb

desse dia, porque são trabalhadores assalariados, a gente sabe a falta que faz um desconto desses no pagamento”. Sobre a votação, o parlamentar apresenta-se otimista: “A gente já conhece os companheiros de Câmara, eu tenho absoluta certeza de que eles vão estar com a gente nessa causa. Nós vamos aprovar essa representação e vamos buscar sensibilizar os empresários do transporte público coletivo para reembolsarem o dia descontado a esses trabalhadores.” O Cinturb ainda não foi notificado sobre a representação e deve receber o comunicado após a votação, caso seja deferida no Plenário da Câmara.

informou que entrou com medidas judiciais contra o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano de Juiz de Fora (Sinttro) em função da estagnação das atividades no dia 28 de abril No entanto, presidente do Sinttro, Vagner Evangelista Corrêa, afirma que a paralisação não foi ilegal, pois foi aprovada em assembleia pelos trabalhadores. E destaca: “Queremos resolver essa situação o mais rápido possível, entendemos que o movimento não foi grevista e, por isso, não deve ocorrer desconto.” Vagner também anunciou que o sindicato vai tentar reverter à decisão. “Vamos conversar com o Divergências nosso jurídico para avaliar até onde este desconto é legal. E vamos pedir A assessoria do Cinturb declarou uma reunião junto à mediação em nota que “o movimento de no Ministério do Trabalho para paralisação foi totalmente ilegal conversar com representantes dos e abusivo”, a empresa também dois consórcios e tentar resolver isso.”


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Juiz de Fora, 15 de Maio de 2017

POLÍTICA

Emendas Parlamentares podem ser caminho de auxílio para a população O destino da verba é estabelecido por Deputados Federais e Senadores As emendas parlamentares podem representar uma forma de ajudar a população. Isso porque, a partir de uma verba liberada pelo Governo Federal que tem como destino ações de cunho social que sejam destinados para a sociedade. A Constituição Federal aponta as emendas parlamentares como o instrumento que o Congresso Nacional possui para participar da elaboração do orçamento anual, e esses recursos servem como forma de aperfeiçoamento da proposta que é encaminhada pelo Poder Executivo afim de alocar de uma melhor maneira os recursos públicos. Elas são realizadas após o Poder Executivo definir o orçamento previsto para o ano seguinte. Com elas, o Poder Legislativo, ou seja, os políticos tem a chance de reservar uma parte do orçamento para a sua área e espaço de atuação. O valor destinado às emendas parlamentares, definido pela Constituição, corresponde a 1,2 % da receita corrente prevista para o ano. Apenas para título de exemplificação, em 2017, os recursos destinados às emendas foram de nove bilhões de reais, divididos entre 513 deputados federais e 81 senadores, que podem destinar os recursos para até 25 Emendas Parlamentares. Valor total

9 bilhões reais

Valor para cada Deputado ou Senador

15,3 bilhões de reais para cada

Foto: Gustavo Pereira

Gustavo Pereira

Deputada Federal Margarida Salomão em conversa com populares

Entretanto, todas as Emendas individuais devem passar pelo comitê do Congresso Nacional, e cada emenda deve possuir um plano que indique os motivos de ser necessária uma verba para cada projeto. O dinheiro só é liberado após uma ordem que vem do Governo Federal. Além disso, é possível saber onde cada deputado ou senador vem gastando seus recursos na página da Câmara. Exemplo de uso da verba A deputada federal do Partido dos Trabalhadores, PT, Margarida Salomão, falou sobre onde é possível ou não serem empregadas as emendas parlamentares. “Pode usar a verba para projetos sociais, para comprar materiais básicos, pagar os palestrantes, essas coisas. Mas não pode usar o dinheiro da emenda para obras, ou para pagar alguém além dos oficineiros, porque

tudo deve ser bem detalhado.” A deputada federal e ex-reitora da UFJF utiliza grande parte de sua verba de emenda parlamentar em parceria com a Universidade, como o Domingo no Campus, Oficinas de Cuidadores de Idosos e Coral das Crianças na Associação de Apoio à Crianças e Idosos (AACI), no bairro Nova Era. Uma das participantes da Oficina de Cuidadores de Idosos, Mariana Zaré, que é diarista e artesã, destacou a importância da oficina: “Com esse curso eu posso ter a habilitação para cuidar de idosos e auxiliar a renda da minha família”. Outra participante da oficina, Ana Cristina Rosa, já trabalha como cuidadora de idosos e ressaltou que a verba destinada a AACI permitiu a ela fazer o curso e poder trabalhar como cuidadora de modo regularizado, já que a oficina confere certificado. 11


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Juiz de Fora, 15 de Maio de 2017

ECONOMIA

Fazer compras em supermercados e feiras ficou mais difícil depois da crise econômica Economista explica principais razões para o preço dos alimentos e dá dicas para economizar Clara Assis

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Foto: Jaelson Lucas/SMCS

Muitas pessoas tiveram que deixar a dispensa e a geladeira de casa mais vazias com a crise econômica. O preço dos alimentos e bebidas aumentou em 129%, nos últimos dez anos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse aumento é maior do que o crescimento da inflação, que ficou em 77,4%. O economista Michel Souza explica alguns motivos que justificam o aumento dos preços dos alimentos. “Depois que a Dilma assumiu o segundo mandato antes do impeachment, ela segurou alguns preços, como da energia e combustível. Quando ela foi reeleita e soltou esses preços, gerou um choque muito grande na economia. Além disso, o real passou por uma desvalorização muito grande, o que causou aumento das exportações e poucas importações, gerando inflação nos nossos alimentos. Para o produtor, a demanda externa ser grande é vantajoso, mas em contrapartida, ele aumenta o preço para a venda interna valer a pena”. Para quem costuma ir à feira e ao supermercado, é fácil perceber esse aumento, como relata a aposentada Maria Cristina Carvalho, de 63 anos. “Eu costumo ir à feira toda semana. Há um tempo atrás, eu conseguia comprar bastante coisa, entre frutas e legumes, que são mais em conta do que no mercado. Mas agora, a cada semana o preço varia bastante, e hoje com o valor que eu levava eu já não consigo mais comprar tudo o que eu comprava. Ou eu tenho que levar mais dinheiro ou então eu tenho que dividir, e deixar para levar um pouco em cada semana, porque cresceu muito o preço de tudo.”

Preço dos alimentos subiu mais do que a inflação

Michel Souza cita ainda um repasse de custos, que interfere diretamente na variação dos preços. “Desde o produtor industrial até o produtor do pãozinho na padaria têm custos envolvidos no processo produtivo. Quando acontece um choque tão forte em serviços básicos, os produtores não englobam esse aumento de custos. Eles passam esse valor para o preço final do produto, e isso gera uma bola de neve na economia, fazendo tudo aumentar de preço”. A família da estudante Ana Clara Gonçalves também sentiu a diferença. Ela conta que a dificuldade em acompanhar o aumento dos preços fez com que a quantidade e até mesmo a qualidade dos produtos comprados diminuísse. “Aqui em casa não tem como comprar pouca comida, por serem muitas pessoas. Então, a gente teve que diminuir o consumo de coisas não essenciais. E alguns alimentos, como a carne por exemplo, diminuiu

a qualidade. Agora, a gente pesquisa muito mais do que pesquisava antes, optando por produtos mais baratos e marcas menos conhecidas. ” Dicas para economizar O economista Michel Souza dá dicas de como tentar economizar em tempos de crise. “A pesquisa nesse momento é fundamental, porque, em um ambiente de incertezas, o próprio ajuste de preços não é simétrico. Alguns mercados ajustam mais rápido, outros demoram mais e colocam o preço acima da inflação. Então, depende da margem e do tamanho do estabelecimento. Procurar pelas melhores ofertas, ficar de olho nas promoções, tentar aumentar a frequência com que vai no supermercado, ir mais de uma vez ao mês, para encontrar preços diferentes, isso tudo acaba gerando uma economia para o consumidor”.


MERGULHO DIÁRIO

Juiz de Fora, 15 de Maio de 2017

ECONOMIA

Mercado das tatuagens se mantêm à frente da crise Mesmo em épocas de dificuldades na economia, os brasileiros não abrem mão dos desenhos Thamires Pecis Foto: Ministério da Cultura e Patrimônio do Equador

A crise financeira não faz os brasileiros dispesarem algo considerado supérfluo, inflando cada vez mais o mercado das tatuagens

Enquanto vários setores da economia enfrentam dificuldades com a crise no Brasil, o mercado das tatuagens ainda não conhece essa palavra, pelo menos por enquanto. Segundo dados do Serviço Brasileiro de Apoio as Micros e Pequenas Empresas (Sebrae), desde 2004, a área tem um crescimento constante de cerca de 20% ao ano, inclusive em anos de grandes dificuldades para a economia do país. Junto com a alta do mercado, surge também quem queira se profissionalizar e trabalhar no ramo. Mas o começo não é fácil, como conta a tatuadora Ana Lívia Barros: “Eu ainda estou no início como tatuadora, então é bem complicado,

porque as pessoas não depositam muita fé. Elas procuram mais os profissionais que já tem um nome formado e reconhecido no mercado de trabalho”. Ela destaca ainda que o valor cobrado pelos desenhos não costuma ser baixo (mínimo de 100 reais no estúdio em que ela trabalha), algo que deveria afastar os clientes em época de crise, o que não acontece. Dados do censo realizado pela revista Superinteressante, com cerca de 80 mil brasileiros, indicam que 91,2% das pessoas entrevistadas não se arrependem de suas tatuagens. Esse é o caso do empresário Demilson Ferreira, que tem 15 tatuagens e já gastou uma média de 16 mil reais: “Fiz minha primeira tatuagem com

27 anos. Um amigo me deu o desenho de presente e eu fiquei apaixonado. A partir daí não parei mais e até hoje estou fazendo. Cada centavo que eu gastei valeu a pena”. Para crescer ainda mais O mercado de tatuagens tem buscado crescer ainda mais com alternativas diferenciadas para quem gosta da área. Cidades de todo o Brasil, como Rio de Janeiro, São Paulo e Natal realizam feiras especialmente para esse público. Os eventos contam com diversos profissionais da área e as maiores novidades do ramo, movimentando milhões por ano na economia brasileira. 13


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Juiz de Fora, 15 de Maio de 2017

ESPORTE

Em estreia e despedida, Tupi e Tupynambás empatam neste fim de semana pelo Brasileiro e Módulo II

Partidas foram válidas pela estreia na Série C e hexagonal final do módulo II do Campeonato Mineiro Luiz Carlos Lima

Perspectiva do campeonato A partida teve nível técnico baixo, os dois times não apresentaram bom futebol e tiveram muitas dificuldades. Os clubes, que tiveram grandes reformulações após o fim do Campeonato Mineiro, como o caso do Tupi, que modificou grande parte de seu elenco, têm a expectativa de que os jogadores entrosem melhor durante o campeonato. O time de Juiz de Fora não deve ter vida fácil, com um dos orçamentos mais baixos entre os clubes da Série C. A torcida organizada Tribo Carijó esteve presente na cidade de Tombos apoiando o time de Juiz de Fora. Membro da torcida e presente no duelo, Matheus de 14

Foto: Reprodução/ Globo Esporte

O Tupi estreou na Série C do Campeonato Brasileiro, neste sábado (13), com empate diante do Tombense, por 1 a 1. Em partida realizada na cidade de tombos, no Estádio Antônio Guimarães de Almeida, conhecido como Almeidão, também na Zona da Mata mineira, o Galo Carijó assustou os visitantes com um modo de jogo consistente no setor defensivo e um gol na primeira parte da segunda etapa. O atacante Matheus Pato, aos 23 minutos, deixou o Galo Carijó em vantagem. No entanto, em pênalti convertido por Max, já aos 34 minutos da etapa final, o Tombense igualou o marcador.

Jogadores disputam bola em jogo no sábado.

Andrade conta a importância do apoio: “fico muito feliz em acompanhar o Tupi, seja onde ele for. Entretanto, com os últimos resultados do time, temos enfrentado dificuldades em fazer viagens mais longas, pelo número menor de adeptos”. E finaliza falando da experiência deste fim de semana: “a cidade é muito receptiva, sempre temos comentários positivos de lá. Neste sábado não foi diferente, um clima amigável e de muito respeito.” Baeta se despede da torcida em 2017 Em duelo de lanternas e eliminados no hexagonal final do módulo II do campeonato Mineiro, o Tupynambás empatou em 1 a 1 com o Uberaba na tarde de sábado (13), no Estádio Municipal Radialista Mário Helênio. O jogo foi a despedida do clube para a torcida juiz-forana na temporada

e contou com gols de Rodrigo Dias, para os visitantes, no início da partida, e Igor Santana, pelo Baeta, aos 29 minutos da etapa final. O Tupynambás atuou com César; Tony, Pedro, Washington e Lucas Hipólito; Marcus Pinguim, Gustavo Crecci (Ives) e Igor Henrique (Igor Balotelli); Marcelo Brandão, Igor Santana e Ademilson. Próximos compromissos No próximo sábado (20), o Tupi faz sua segunda aparição na Série C do Campeonato Brasileiro, onde recebe o Ypiranga (RS), às 16h, no estádio Radialista Mário Helênio, em Juiz de Fora. Em sua despedida oficial da temporada 2017, somente para cumprir tabela, o Tupynambás joga no próximo sábado (20), às 16h, contra o Betinense, na Arena do Calçado, em Nova Serrana (MG).


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Juiz de Fora, 15 de Maio de 2017

CULTURA

Ações culturais contribuem para reiserção social de idosos

Rotina e interação com novas pessoas podem reduzir a sensação de solidão na terceira idade

Foto: Márcia Fallabela

Luanny Cristna Gonçalves

Atores da terceira idade do Divulgação já apresentaram diversas peças ao público

Segundo o presidente do Conselho Municipal dos Direitos do Idoso (CMDI), Amarildo Poggianella, a expectativa de vida em Juiz de Fora aumentou nos últimos anos, acompanhando a média nacional: “Antes a faixa etária variava entre 60 e 70 anos, mas hoje alcança a faixa de 80 a 85 anos de idade.” Esse saldo é positivo, mas demanda cuidados para que a qualidade de vida seja mantida, como explica o coordenador do Núcleo de Geriatria e Gerontologia, José Anísio da Silva: “O envelhecimento atinge as pessoas em sua trajetória individual e social. No segundo caso, se o indivíduo é privado da convivência em grupo, as consequências surgem negativamente em todas as outras áreas.” Uma alternativa para a reinserção social destes cidadãos tem sido o envolvimento dos mesmos em atividades culturais. José Anísio afirma não ter dúvidas de que, a volta para uma rotina e a interação com novas pessoas dilui o peso da ausência do contato com entes queridos e contribui para a longevidade. O Polo de Enriquecimento Cultural

paraTerceiraIdadeéumexemplodesses trabalhos na cidade. A coordenadora do projeto, Sandra Arbex, explica que o Polo é um espaço da Universidade Federal de Juiz de Fora para ensino, pesquisa e extensão de alunos de diversos cursos que queiram realizar estudos relacionados ao processo de envelhecimento e, dentro disso, se desenvolvem profissionais capacitados para lidar com o público idoso. No Polo são oferecidas atividades de línguas estrangeiras, inclusão digital, oficinas de memória, palestras voltadas para atualização de conhecimento, entre outras. Algumas possuem uma taxa para a manutenção do aluno, mas Sandra garante que ninguém deixa de participar por falta de recursos, visto que são distribuídas bolsas de estudo. Outra ação cultural voltada para idosos é o Workshop de Interpretação para Terceira Idade, promovido pelo Centro de Estudos Teatrais Grupo Divulgação. O diretor José Luiz Ribeiro, conta que o projeto nasceu há mais de 20 anos e é um dos pioneiros no trabalho teatral com a terceira idade, e que, além do trabalho com a memória, treinamento da

sensibilidade e questão da ética que são desenvolvidos ao longo do curso, acredita que o ponto de destaque seja a brincadeira e a descontração envolvidas no momento das aulas e apresentações. A aposentada Nilda Gonçalves, 73 anos, conta que entrar para o projeto foi muito importante: “Sempre fui muito animada, mas depois de alguns problemas pessoais e uma separação conturbada, senti que estava na hora de procurar outro caminho, e conheci o Divulgação. Isso aqui é uma terapia pra mim”. Na Associação de Belas Artes Antônio Parreiras, podem ser encontradas aulas de artes plásticas, que apesar de não serem direcionadas especificamente para idosos, recebem grande público acima dos 60 anos. O próprio professor de pintura e desenhos artísticos, Miguel Ângelo, 65, é aposentado mas continua atuando:“Eu estou aqui na Parreiras já há 17 anos. Nosso trabalho aqui é exclusivamente artístico e manual. Muitas pessoas fazem as aulas por terapia, outros por lazer, mas pra mim é um momento sagrado, esqueço os problemas e relaxo fazendo o que gosto.” O coordenador do Núcleo de Geriatria e Gerontologia, José Anísio, ressalta que, para tornar as atividades mais acessíveis, existem pontos a serem melhorados através do estímulo da utilização dos ambientes públicos já existentes ou criação de novos. “É necessário levar em conta as particularidades de horários, tipo de atividades preferidas, condições de segurança e de acessibilidade para esse público”, ressalta, apontando a necessidade de ouvir os interesses dessa parcela da população para tornar as atividades mais abrangentes. 15


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