d r i v e y o u r w o r l d
M I T R E V I S T A 6 1 j u n h o 2 0 1 6
leia tambĂŠm a mit no tablet
amora mautner A grife da Globo
Editorial por fernando paiva, diretor editorial
Acima dos preconceitos
H
á 25 anos, em 8 de outubro de 1991, a Mitsubishi Motors passou a existir oficialmente no país, com a inauguração de sua sede em São Paulo. Passados sete anos, em 15 de julho de 1998, a
primeira cabine dupla Mitsubishi L200, mais brasileira que japonesa, saía da nova fábrica em Catalão (GO). A saga completa, coroada com mais de 630 mil veículos, está narrada em detalhes nesta edição. divulgação
Que traz também a história de uma lenda viva: Mitsubishi
Mitsubishi Pajero Full
Pajero. Lançado em 1982 e fabricado no Brasil a partir de 2002, o carro venceu 12 vezes o Rally Dakar e um preconceito: veículos 4x4 não podiam ser confortáveis. Derrubar preconceitos, aliás, é o mote da carioca Amora Mautner, nossa capa. Trata-se da primeira diretora de novelas a brilhar num espaço tradicionalmente reservado aos homens. Dublê de piloto e criador de gado, o paulistano Felipe Maluhy é outro que soube acelerar para superar – e vencer – obstáculos. Outro ótimo exemplo é o do italiano Angelo Gaja, que, com seus vinhos formidáveis, derrotou inúmeros prejulgamentos. O Brasil, aliás, também tem feito bonito nesse terreno. Por décadas, ouviu-se que não tínhamos nem sequer condições geográficas para produzi-los. Uma cuidadosa reportagem na Serra Gaúcha revelou o contrário. Os rótulos nacionais andam cada vez melhores. Para completar, em um número repleto de histórias sobre vitórias improváveis, o especialista Silvio Lancellotti nos brinda com diversas delas, em pílulas, numa revisão bem-humorada dos Jogos Olímpicos. Boa leitura!
4
Mit revista
junho 2016
São Paulo: Boutique TAG Heuer - Frattina - Julio Okubo - Montecristo The Graces Sorocaba: Arrais Joalheria Campinas: Lafith Rio de Janeiro: Celini – Lafry Joias Porto Alegre: DvoskinKulkes Fortaleza: Tânia Joias Curitiba: Bergerson Brasília: Grifith Belo Horizonte: Manoel Bernardes
sumário n junho 2016 n edição 61
66
82
40 A grife da Globo
58 Olympia!
76 Fazendeiro veloz
Amora Mautner é a mais moderna
Uma saga milenar que reuniu heróis
Felipe Maluhy segue os passos do pai:
diretora de novelas da emissora. Ela
inesquecíveis. Aqui estão os maiores
pilota bem nas pistas de corrida e
comandou nada menos que 22 delas
nomes das história das Olimpíadas
conduz com êxito os negócios rurais
48 3 vezes Soho
66 Il signore del vino
82 Evolução genética
Londres, Nova York e Buenos Aires têm
Angelo Gaja tornou-se o produtor de
O Pajero rompeu com a ideia de que
um bairro com o mesmo nome e as
vinhos mais respeitado na itália, com
veículo off-road não podia ser ao
mesmas boemia, juventude e vanguarda videiras no Piemonte e na Toscana
mesmo tempo resistente e confortável
54 The top ten
70 Latitude com atitude
86 25 anos de Brasil
Todo dia aparece um novo produto
A posição geográfica da Serra Gaúcha
Em um quarto de século de atuação no
conectado à web. Tudo para facilitar a
ajuda muito. Mas, além dela, há uma
país, a Mitsubishi se prepara para ganhar
sua vida. Selecionamos os dez melhores estrutura para tornar a visita inebriante
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Mundo 4x4
Mit revista
junho 2016
cada vez mais terreno
divulgação
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mundo sem fronteiras
andrea d’amato
Jorge Bispo
mundo URBANo
dri v e
y o u r
w o r l d
Publicação da Custom Editora Ltda. Sob licença da HPE Automotores do Brasil S.A. CONSELHO EDITORIAL André Cheron, Fernando Julianelli, Fernando Paiva e Fernando Solano REDAÇÃO Diretor Editorial Fernando Paiva fernandopaiva@customeditora.com.br Diretor Editorial Adjunto Mario Ciccone mario@customeditora.com.br Redator-chefe Walterson Sardenberg Sº berg@customeditora.com.br Repórter Juliana Amato julianaamato@customeditora.com.br ARTE Diretor Ken Tanaka kentanaka@customeditora.com.br Editor Guilherme Freitas guilhermefreitas@customeditora.com.br Prepress Daniel Vasques danielvasques@customeditora.com.br Projeto Gráfico Ken Tanaka PRODUÇÃO EXECUTIVA E PESQUISA DE IMAGENS Raphael Alves raphaelalves@customeditora.com.br COLABORARAM NESTE NÚMERO Texto Alessandra Lariu, André Julião, Daniel Japiassu, Décio Costa, Edgard Reymann, Joaquim Ferreira dos Santos, Luciana Lancellotti, Luis Patriani, Luiz Maciel, Marcello Borges, Mauro Marcelo Alves, Paulo Mancha D’Amaro, Peu Araújo, Sergio Crusco e Sílvio Lancellotti Fotografia Andrea D’Amato, Augusto Carvalho, Jorge Bispo, Marcelo Correa e Marcelo Spatafora Mapa e Ilustração Luiz Fernando Martini e Pedro Hamdan Tratamento de imagens Felipe Batistela Revisão Jaqueline Silva Capa Retrato por Jorge Bispo
PUBLICIDADE E COMERCIAL Diretor Executivo André Cheron andrecheron@customeditora.com.br Diretor Comercial Oswaldo Otero Lara Filho (Buga) oswaldolara@customeditora.com.br Gerente de Publicidade e Novos Negócios Alessandra Calissi alessandra@customeditora.com.br Executivo de Negócios Northon Blair northonblair@customeditora.com.br Executiva de Negócios Bruna do Vale brunadovale@customeditora.com.br REPRESENTANTES BBI Publicidade Interior de São Paulo Tel.: (11) 95302-5833 Tel.: (16) 98110-1320 / (16) 3329-9474 comercial@bbipublicidade.com.br GRP - Grupo de Representação Publicitária PR – Tel.: (41) 3023-8238 SC/RS – Tel.: (41) 3026-7451 adalberto@grpmidia.com.br CIN - Centro de Ideias e Negócios DF/RJ – Tels.: (61) 3034-3704 / (61) 3034-3038 paulo.cin@centrodeideiasenegocios.com.br DEPARTAMENTO FINANCEIRO-ADMINISTRATIVO Analista Financeira Carina Rodarte carina@customeditora.com.br Assistente Alessandro Ceron alessandroceron@customeditora.com.br Impressão e acabamento Log&Print Gráfica e Logística S.A. Tiragem 60.000 exemplares Custom Editora Ltda. Av. Nove de Julho, 5.593 - 90 andar - Jd. Paulista São Paulo (SP) - CEP 01407-200 Tel.: (11) 3708-9702 E-mail: mit.revista@customeditora.com.br ATENDIMENTO AO LEITOR atendimentoaoleitor@customeditora.com.br ou tel. (11) 3708-9702 MUDANÇA DE ENDEREÇO DO LEITOR Em caso de mudança de endereço, para receber sua MIT Revista regularmente, mande um e-mail com nome, novo endereço, CPF e número do chassi do veículo
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Mit revista
junho 2016
Bruno Veiga
colaboradores
Joaquim Ferreira dos Santos
Tivesse seguido os passos da família,
Jornalista desde o primeiro número
achou um intervalo do livro que está
repleta de atores, Jorge Bispo poderia
de Veja, em 1968, Sílvio Lancellotti
escrevendo, para conversar com Amora
estar agora diante das câmeras sob
acompanhou a saga de Pelé em busca
Mautner e batucar nas pretinhas (como
a direção de Amora Mautner, a quem
do seu gol de número mil, em 1969.
diziam os jornalistas da sua geração) a
retratou para a reportagem de capa. Ele
Mino Carta, o diretor da redação, gostou
reportagem de capa. Foi um encontro
bem que tentou a carreira de ator. Até
e lhe entregou parte da cobertura da
de dois hipercariocas. Nascido e criado
que, sem maior pretensão, comprou
Copa de 70, no México. Daí, em IstoÉ,
na Penha, Joaquim é dono de um dos
uma câmera fotográfica para registrar o
Folha de S. Paulo, Band e Record,
textos mais saborosos do país e autor
cotidiano e as viagens. Descobriu a real
escoltou uma dúzia de edições da Copa
das biografias de Antônio Maria e Leila
vocação. Com sua Canon 5D, tornou-se
e dos Jogos Olímpicos. Em 1996, lançou
Diniz. Sua nova obra é outra biografia: a
um dos melhores fotógrafos do Brasil –
o livro Olimpíada Cem Anos. Os Jogos
do jornalista Zózimo Barroso do Amaral.
e um requisitado diretor de clipes.
são o seu assunto nesta edição.
Andréa D’Amato, formada em
Luciana Lancellotti (nenhum
Jornalista, escritor e chef de cozinha,
jornalismo e pós-graduada em
parentesco com o Sílvio) foi crítica de
Mauro Marcelo Alves conhece
fotografia, tem a estrada como
restaurantes da Playboy e diretora de
vinícolas em vários países, mas poucas
companheira. Suas imagens foram
redação da revista Wine.com.br. Rodou
lhe deram tanta alegria quanto a de
publicadas em revistas como National
o mundo e experimentou de camarões
Angelo Gaja, sobre o qual escreve nesta
Geographic Brasil e Viagem e Turismo.
vivos a carpaccio de guanáco (além
edição. Em um domingo inesquecível, foi
Dedica-se também às artes visuais e
de um ou outro Alain Ducasse pelo
recebido na casa do “Deus do Piemonte”
é professora universitária. Para este
caminho, porque ninguém é de ferro).
em Barbaresco e, pelas mãos dele,
número, clicou a Serra Gaúcha, onde
Dessa vez, fez o sacrifício de voar para o
saboreou um cordeiro e um macarrão
esteve pela terceira vez, disposta a
Sul e degustar vinhos e cervejas entre as
ao funghi porcini. Com seus vinhos
encontrar novas histórias. E vinhos.
belas paisagens da Serra Gaúcha.
acompanhando, per Bacco! junho 2016
Mit revista
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mundo URBANo
A arquitetura de Frank Gehry ganhou mais cores
Les temps modernes Em Paris, prédio da Louis Vuitton ganha uma intervenção inusitada Por Sergio Crusco
N
ovinho, o prédio da fundação
Disney Concert Hall de Los Angeles
agregar qualquer corpo tridimensional ao
Louis Vuitton, em Paris, é um
– ganhou novas cores e luzes com a
projeto. “Adicionar cor à estrutura muda-
bebê de chupeta e chocalho,
intervenção Observatory of Light, do
ria radicalmente a impressão que ela nos
comparado aos museus da
artista plástico francês Daniel Buren.
dá”, disse, em entrevista à historiadora de
cidade. Erguido em 2014 e projetado
Filtros de 13 matizes diferentes foram
arte Suzanne Pagé.
pelo arquiteto canadense Frank Gehry,
aplicados aos vidros, num desenho que
ele nasceu para se firmar como um dos
imita um tabuleiro de xadrez. Isso mudou
mas pediu que Buren detivesse sua rea-
focos de identidade visual da capital fran-
a percepção da obra de Gehry por quem
lização por um ano, pelo menos. Queria
cesa. O conjunto de 12 “velas” de vidro
a vê de fora e para quem está dentro,
que as pessoas se acostumassem à visão
enfunadas, que sugerem uma embarca-
banhado pelas sombras e projeções que
da fundação como foi concebida, para
ção gigante, navegando em meio ao Bois
os filtros provocam.
depois se surpreenderem com sua nova
de Boulogne, já concorre à categoria de
face, que, segundo a fundação, deve ser
ponto de referência e encontro – a exem-
o arquiteto e o artista desde 2015, mas
temporária. “Quando desenho um mu-
plo da torre Eiffel, do arco do Triunfo, do
Gehry tinha outra ideia na cabeça.
seu, é para que os artistas façam o que
centro Georges Pompidou ou da catedral
Pensou em algo como bandeiras que
desejem dentro dele, até o destruam”,
de Notre Dame.
flamulassem entre suas velas, nos dois
exagerou Gehry no papo com Buren. Mas
grandes terraços da construção. Buren
o artista francês utilizou apenas cores –
do museu Guggenheim de Bilbao, da
quis quebrar o monocromatismo do
com seus reflexos e suas transparências.
Casa Dançante de Praga e do Walt
prédio – que considerava creamy – sem
A criação parisiense de Gehry – autor
14
O plano vinha sendo tramado entre
Gehry adorou a proposta dos filtros,
Mit revista
junho 2016
fondationlouisvuitton.fr
divulgação
o melhor da vida nas cidades
mundo sem fronteiras onde o concreto encontra a terra
Cruzando as Rochosas
No Canadá, a bordo do Rocky Mountaineer e do The Canadian, você vê um país inteiro passar pela janela por edgard reymann
F
errovias são as artérias de um
cadeia que também corta o noroeste dos
de trem onde já fiquei”, conta. “E saí im-
país. Apesar de antigo, o clichê
Estados Unidos. Isso graças ao vagão
pressionado pela excelência do serviço
ainda é verdadeiro. Especial-
panorâmico do luxuoso trem Rocky
prestado pelo staff a bordo.”
mente se falamos do Canadá. A
Mountaineer, com o teto todo de vidro.
A travessia funciona o ano todo – a
linha férrea transcontinental, implantada
O trem para em Jasper, com tempo para
alta temporada vai de maio a dezembro.
no século 19, foi fundamental para unifi-
conhecer o parque nacional local e o
A linha também integra o exclusivíssimo
car o território e auxiliar na coexistência
idílico Lake Louise, cenário de diversos
roteiro Volta ao Mundo de Trem. Ele sai
de províncias e culturas. Hoje, a peça-
filmes. A região concentra ainda algumas
de Lisboa e termina em Nova York. O tra-
-chave dessa engrenagem é o turismo.
das mais charmosas estações de esqui
jeto é feito a bordo do TGV (o trem-bala
E nada mais charmoso do que cruzar o
do planeta. Ali, os passageiros embarcam
francês), do Expresso Paris-Moscou e da
país do ocidente para o oriente. São exa-
no The Canadian.
Transiberiana (passando pelo mítico lago
tos 4.466 quilômetros de extensão, de
Baikal), até Vladivostok. De lá, cruza-se o
Pablo Bernhard, executivo da TT
Pacífico na primeira classe da Korean Air
Vancouver, no extremo oeste, a Toronto,
Operadora, empresa de turismo que tra-
nas margens do lago Ontário. A viagem
balha com viagens de trem, entre outros
até Vancouver. E dali até a cinematrográ-
dura quatro noites e três dias. Boa parte
produtos, percorreu a linha instalado na
fica Grand Central Station, no coração de
cruza a extensa planície que marca as
luxuosa suíte Prestige Sleeper Class. “É a
Manhattan.
pradarias das províncias de Alberta,
maior cabine
viarail.ca voltaaomundodetrem.com.br
Saskatchewan e Manitoba, e a belíssima região dos lagos de Ontário. A intensa atividade da fauna é uma das atrações da viagem. Águias, falcões, alces, renas, bisões, ursos e coiotes, entre diversos outros animais, podem ser observados ao longo do trajeto. Mas, sem dúvida, a parte de tirar o fôlego fica entre as províncias de Alberta e da Colúmbia Britânica, divididas pelas
creative commons
Montanhas Rochosas – extensão da
Cabine luxuosa e paisagem adorável. Precisa mais?
16
Mit revista
junho 2016
Mundo 4x4 por um planeta sem asfalto
istock
No subsolo, belas cavernas
Catedrais subterrâneas Mergulhar nos cenotes mexicanos é uma experiência do outro mundo por luís patriani
A
falta d’água é um dos principais
subterrâneo é tão vasto que ainda há
chuva se infiltrando no calcário e criando
problemas da Cidade do Méxi-
muito a mapear. Embora a região já fosse
fissuras no solo”, explica o instrutor de
co e de seus 8,9 milhões de ha-
habitada antes da chegada de Colombo,
mergulho Ricardo “Lalo” Meurer, da
bitantes. Tanto que a absoluta
sabe-se que há centenas deles por ser
escola paulistana Scuba Point. Lalo já
ausência de rios na região levou o escritor
descobertos. Os maias acreditavam que
levou milhares de brasileiros ao México.
mexicano Octavio Paz (1914-1998), em
os cenotes eram ligações sagradas com o
“Entrar nos túneis com ligação com o
passagem por São Paulo, a invejar o fétido
outro mundo. E são mesmo.
mar é só para especialistas tarimbados
Desbravar um cenote é uma experi-
região de cavernas alagadas do planeta
ência memorável. Mística, até. Você entra
– os cenotes. Vários são interligados por
naquele poço diminuto, começa a descer
rios subterrâneos; alguns se comunicam
e... de repente se encontra num salão
requer grande esforço, ao contrário. É
com o mar. Vistos de cima, não passam
monumental, do tamanho da nave de
obrigatória a presença de um guia, que vai
de pequenos poços de água límpida. Mas
uma catedral gótica. Dali, pode seguir para
explicar a você alguns macetes básicos
basta mergulhar para que o visitante fique
diversas câmaras, todas decoradas por
do mergulho em caverna. A temperatura
de queixo caído.
água é muito forte.” Mas explorar um cenote normal não
incríveis estalactites (formações calcárias
da água é deliciosa: 24 ºC. Não há cor-
Os mais belos cenotes ficam no
que caem do teto) e estalagmites que
renteza e a visibilidade, em alguns deles,
sudeste do país, banhado pelo mar do
brotam do solo. Um cenário fantástico,
passa dos 100 metros. Se aventurar nes-
Caribe. No estado de Quintana Roo, onde
fantasmagórico e sedutor, que parece ter
se universo de cristal líquido é tão bom
cintilam as concorridas praias de Cancún,
saído da prancheta do célebre arquiteto
quanto visitar as ruínas maias ou pegar
Playa del Carmen e Tulum, você encon-
catalão Antoni Gaudí.
uma praia na região. Que, aliás, também
tra os melhores: Ik Kil, The Pit, Dos Ojos, Temple of Doom e Car Wash. O complexo 18
ou profissionais”, alerta. “O refluxo da
Tietê. Por ironia, o México tem a maior
Mit revista
junho 2016
“Os cenotes se formaram em um processo de milhões de anos, com a água da
fazem parte do programa. www.scubapoint.com.br
PORTA-MALAS
a bagagem do viajante
por daniel japiassu
Istock
Antes de ser esporte, foi técnica de sobrevivência
Caminho nada suave O trekking é uma modalidade feita para quem topa andar muito e não reclama
M
uita gente confunde hiking com trekking. Afinal, em ambos os esportes o que vale é andar em
Alguns dos desafios mais fabulosos só foram vencidos
meio à natureza. Mas existe uma grande diferen-
graças a caminhadas insólitas, “impossíveis” até o momento em
ça. Quer ver? Então, responda: sua caminhada
que alguém decidiu quebrar a barreira do senso comum. Gente
é do tipo bate e volta, sem necessidade de barraca? Sua única
como sir Edmund Hillary e Tenzing Norgay; Reinhold Messner e
recompensa é apreciar a beleza do cenário? Se ambas as res-
Waldemar Niclevicz; Livingstone e Stanley; Ernest Shackleton e
postas foram “sim”, então você está apenas caminhando – ou
Roald Amundsen. Para conquistar o teto do mundo, o coração
praticando hiking. Agora, se a resposta foi “não” às duas, você é
das trevas africanas ou o Polo Sul, eles andaram muito a pé.
um aventureiro que gosta de trekking. Ou seja, quer conquistar
Enfrentaram todo tipo de perigo. Mas chegaram lá.
algo além de uma bela paisagem para aquela selfie. E... vai sentir dor. De início, bastante dor. O trekking nasceu na África do Sul, no começo do século
Esdras Martins é diretor do departamento de trekking da Abea – Associação Brasileira de Esportes de Aventura. E conta que no Brasil a modalidade teve suas primeiras provas em 1985,
19 e não era exatamente um esporte – mas uma técnica de
em Minas Gerais. “Mas foi somente depois de ter sido levado
sobrevivência. Os primeiros trekkers eram trabalhadores holan-
para São Paulo que o trekking adquiriu a forma atual”, explica.
deses, gente simples, cuja missão colonialista imposta pelo rei
“Isso aconteceu em 1992, quando se adaptaram a ele as regras
se resumia a desbravar e ocupar o país. Eles utilizavam o termo
dos enduros de moto e 4x4.” Ah, sim: e se você é fã de ficção
trekken para designar sofrimento e resistência física. Só quando
científica, saiba que o termo utilizado na série Star Trek mantém
os ingleses chegaram à região é que a palavra trekking passou a
o significado primitivo da palavra em inglês – viajar, migrar,
significar longas caminhadas.
mudar de região. Quem conhece o mantra da Enterprise sabe
Trekking é também ir ao limite das próprias forças, mas nun-
20
que faz – jamais se aventure sozinho. Isso multiplica os riscos.
bem: Kirk, Spock & Cia. tinham total consciência do tamanho
ca além. Ou seja, exige preparação física e mental e comprome-
da encrenca em que se meteriam – sempre que rumavam, com
timento total. Além, claro, de uma equipe de apoio que saiba o
audácia, para onde ninguém jamais tinha posto os pés.
Mit revista
junho 2016
Com a casa nas costas entre os trekkers. “Levo sempre duas, uma
res localizadas nos pontos em que ela não
precisou de ajuda para transportar obje-
cargueira de 65 litros e uma de ataque de
estiver bem encaixada ao corpo.”
tos. Mas se a história da primeira mochila
35 litros para caminhadas mais curtas
– um saco de pele de animal amarrado
e treinos durante as trilhas”,
barrigueira. Os modelos da
com tiras de couro cru – se perdeu na
explica Gustavo Ziller, cria-
Thule, por exemplo, têm
noite dos tempos, a das mochilas atuais
dor da série 7 CUMES
barrigueira com sistema de
tem certidão de batismo datada de 1908.
do canal Off. O autor
pivô articulado. Isso faz com
Ano em que o norueguês Ole F. Bergans
dos livros Escalando
que a mochila possa ser
patenteou sua invenção. Era fixada ao
Sonhos e Aconcágua
movida em ângulos de até
corpo com um pedaço de couro e um sis-
prossegue: “O ideal
30 graus, acompanhando
tema de placas de madeira às costas. Fez
é testar bem, encher
os movimentos do corpo
tanto sucesso que o exército da Noruega
a mochila, já que o
durante a caminhada.
adotou o aparato como equipamento
peso altera o centro
padrão em 1913.
de gravidade”. Ziller
Desde que o homem saiu da caverna,
Hoje, marcas icônicas são a alemã
Preste atenção também à chamada
n thule.com n deuter.com.br n catalog.bergans.eu n mountainhardwear.com n thenorthface.com.br
reitera que esse controle
Deuter, que dispõe de diversos (e colori-
é fundamental. “Caso
dos) modelos ditos técnicos completos, e
contrário, você vai
a Thule, além da Bergans, verdadeiro mito
sentir muitas do-
Os modelos Thule facilitam a jornada
Bruto, mas confortável Eis um item mais do que
do trekking. “Acre-
fundamental para quem pre-
dite, o frio pode te
tende se candidatar a trekker.
derrubar.” Assim, se
a tecnologia thermoball da americana The North Face. “Não pode faltar também um bom
o desafio terá lugar
anoraque, uma jaqueta de pluma leve e
qualquer desafio se torna
em áreas nevadas
dois fleeces”, enumera Ziller. “Agora, se o
impossível. Falamos de
ou geladas, são
bicho for pegar mesmo, o remédio é uma
segundas peles, fleeces,
necessárias de
jaqueta ou parca de pluma grossa.” Na
moletons, calças e jaque-
três a quatro ca-
hora de dormir, calças de fleece deixam o
madas de roupas.
sono mais confortável.
Sem a roupa adequada,
tas impermeáveis e corta-vento. Gustavo Ziller diz
E aí entra em cena
que as roupas precisam ser
A roupas North Face mantêm o calor
compatíveis com o clima do local
n columbia.com n thenorthface.com.br n trespass.com n benevento.com.br n orientista.com.br n penatrilha.com.br n decathlon.com.br
Mosquetão, capacete e bastão “Se houver escalada durante o trekking, é fundamental levar alguns mosquetões”, ensina Ziller. “Para escalada no gelo, mosquetão com trava.”
marca Black Diamond. n doite.cl/es n blackdiamondequipment.com n decathlon.com.br n orientista.com.br n penatrilha.com.br
Para áreas de risco, não se esquecer de um capacete confiável. “E o mais caminhada não podem faltar.” Ziller prefere os da chilena Doite, de fibra de carbono. “São leves, brutos e ótimos.” Outra boa pedida são os bastões da
Escaladas exigem um acréscimo de equipamento
fotos: divulgação
importante, indispensável: bastões de
PORTA-MALAS Minha barraca, minha vida expedição, o número de pessoas, o
frio intenso, aliás, isolantes como os da
descobriram no norte da atual Rússia
clima, o peso, a facilidade para armá-la
Sea to Summit são imprescindíveis.
vestígios de tendas datados de nada
e o espaço que ela ocupa embalada.
menos do que 40 mil anos a.C. E a
“Recomendo a mais leve e bruta
própria Bíblia, em Isaías 54:2, ensina
disponível”, ensina Ziller. “Mountain
como montar direito uma barraca:
Hardwear e The North Face têm
“Amplia o lugar da tua tenda, e
modelos ótimos.” Saco de dormir?
estendam-se as cortinas das tuas
Quanto mais leve, melhor.
habitações; não o impeças; alonga
“Uso um Deuter, para
as tuas cordas, e firma bem as tuas
climas mais quentes
estacas”.
e o Inferno, da
Recentemente, arqueólogos
Ainda que você não pretenda
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A Mountain Hardwear está entre as marcas indicadas
The North
fazer um trekking radical como o
Face,
daquele senhor, que passou 40 anos
quando
caminhando pelo deserto, barraca é
a friaca
fundamental. Leve em conta o tipo de
é braba.” Para
fotos: divulgação
Os pés que nos protegem Solado Vibram. A tecnologia que
consegue andar e frear com segurança
revolucionou o trekking e o montanhis-
na chuva, graças à ranhura nos pneus,
mo só surgiu em 1935, após a morte
por que uma bota não? Um amigo de
de meia dúzia de alpinistas. Eram 19
sobrenome autoexplicativo ajudou
homens que buscavam a Punta Rasica,
muito: Leopoldo Pirelli. E logo nasceu
cume na fronteira da Suíça com a Itália,
o solado Vibram (Vi de Victor, bram de
a 3.300 metros de altitude. Chovia
Bramani).
muito e os calçados tinham sola de câ-
Não à toa, alguns dos melhores
nhamo. Os escaladores ficaram ilhados.
calçados esportivos são italianos. “A
Seis despencaram no abismo.
La Sportiva tem botas de alta perfor-
Depois da tragédia, um dos sobreviventes, Vitale Bramani, tomou uma decisão: investir tempo e dinheiro em sapatos antiderrapantes.
junho 2016
pos de gelo. E também meias grossas. O especialista diz que não importa a marca – mas que elas vistam bem os pés e sejam compradas em lojas especializadas. “Lembre-se: durante um
se um
trekking, seus pés precisam ficar secos
La Sportiva: botas de alta performance
Mit revista
nevadas pedem calçados com gram-
Pensou: carro
22
mance”, conta Ziller. Trekking em áreas
e confortáveis o máximo possível.” n lasportiva.com n gore-tex.com/en-us/home n seatosummit.com.br n orientista.com.br n penatrilha.com.br n mountainhardwear.com n decathlon.com.br
Onde estou, quem sou eu? Trekking não é um passeio no parque. Assim, não leve qualquer GPS. “Invista em aparelhos mais robustos, de empunhadura emborrachada, tecnologia antiqueda e à prova d’água”, aconselha Gustavo Ziller. Garmin e Satmap são as melhores marcas – e as mais caras. Experimente os Garmin eTrex 30x ou GPSMAP 64st. Ou o recém-lançado Satmap Active 12 GB Edition. São os melhores amigos de quem encara uma trilha pela primeira vez.
O modelo eTrex 30x da Garmin: recomendado
n satmap.com n garmin.com/br
Não deixe de levar também... Eis as dicas finais de Gustavo Ziller,
3. Para a neve pesada, uma viseira
que já enfrentou – e venceu – cumes
de esqui de lente dupla é mais do que
como o Annapurna e o Aconcágua.
aconselhável.
1. Tenha sempre por perto protetor
4. E jamais saia sem uma lanterna de
solar, óculos escuros categoria 3 ou 4,
cabeça e garrafas para água –Nalgene
bandanas e gorro de Gore-Tex ou lã.
ou Camelbak.
2. Importante levar na mochila um bom par de luvas adequadas à tempe-
A garrafa Nalgene: imprescindível
n www.nalgene.com n www.camelbakbrasil. com.br n www.gore-tex.com
ratura do local.
Bons (e maus) caminhos para você se aventurar n Aparados da Serra (SC-RS)
Cachoeiras são atrações da Serra da Bocaina
Um dos mais belos trekkings do Brasil, a trilha do Rio do Boi passa pela fenda do cânion do Itaimbezinho, no Parque Nacional Aparados da Serra. São 12 quilômetros entre maciços de pedra e o leito do rio. O plus do trajeto inclui explorar os quase 6 quilômetros (e 720 metros de profundidade) do cânion.
creative commons
n Serra da Bocaina (SP-RJ) Aqui a estrela é a trilha do Ouro, principal atrativo do Parque Nacional da Serra da Bocaina. No trajeto, cachoeiras, mata atlântica preservada e piso pé de
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PORTA-MALAS
fotos: creative commons
Parque Dead Horse, em Utah
riantes mais cur-
sobe o monte Huashan, tem trechos
tas. A altitude é o
totalmente verticais e bastante
maior problema.
perigosos. A recompensa é contemplar
Nada que mascar
o magnífico templo taoísta do século 2
um punhado de
a.C., a mais de 2 mil metros de altitude.
folhas de coca
O trajeto é curto, mas de dificuldade
não resolva.
extrema. No percurso, intermináveis escadarias, plataformas de madeira,
A Ásia está no topo, no Caminho da Morte ou no Nepal
n Rota do Che
pontes sobre precipícios e um pouco
(Bolívia)
de montanhismo, com o uso de
moleque. São três dias de caminhada a
O Che em questão é Ernesto Guevara.
partir da portaria do parque.
A ruta cobre os últimos lugares pelos quais o argentino passou antes de
n Pays Dogon (Mali)
n GR20 (França)
ser emboscado e morto pelo exército
A trilha, que pode durar até dez dias,
A trilha tem 200 quilômetros (!) e
boliviano na Quebrada del Yuro, em
percorre a região do povo dogon,
atravessa toda a ilha da Córsega. Liga
1967. A aventura começa na cidade de
conhecido por seus dançarinos
Calenzana, na Balagne, à Conca, ao
Vallegrande (a 6 horas de Santa Cruz
mascarados. No trajeto, penhascos
norte de Porto Vecchio. Pelo caminho,
de la Sierra), com direito a parada para
da falésia de Bandiagara, que servia
paisagens de sonho: lagos, florestas,
fotos em Señor de Malta, hospital onde
de refúgio natural para a etnia dogon.
picos nevados, planícies, glaciares e
o corpo do guerrilheiro foi exposto.
As casas, feitas de argila, palha e esterco bovino, ficam praticamente
crateras criadas pela ação do vento.
invisíveis à distância.
O percurso foi criado em 1972. Muita
n Campo Base do Everest (Nepal)
subida e descida, trechos pesados de
A 5.500 metros de altitude, o campo
pedras e rochas escorregadias. Para
base da mais alta montanha do mundo,
n Narrows (Estados Unidos)
os experientes.
no Himalaia, é o destino deste clássico
Esta é uma aventura bem diferente:
do trekking. A trilha sai de Lukla e
o trekker passa 50% do tempo
n Trilha Inca (Peru)
leva, dependendo da capacidade
caminhando em águas rasas e,
Esta vereda ancestral que leva a Machu
do grupo, até 16 dias. A vista é um
algumas vezes, nadando pelo rio
Picchu é percorrida por milhares de
deslumbramento, e o viajante tem a
Virgin – de água gélida e corrente
aventureiros todos os anos. Atravessa
oportunidade de conhecer, durante o
vigorosa. Nas margens, uma coleção
montanhas com picos congelados, flo-
trajeto, uma série de vilarejos e seus
de pedras escorregadias. São 26
restas altas, ruínas e penhascos. Mais
monastérios budistas.
quilômetros cortando os cânions do Zion National Park, com direito a
seco e quase sem chuvas, julho é o mês
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mosquetões e correntes.
ideal para encarar os 45 quilômetros
n Caminho da Morte (China)
jardins suspensos, fontes naturais e
em quatro dias de trekking, mas há va-
O nome já diz tudo. O caminho, que
grutas de arenito.
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clássicos
lugares e objetos que nasceram para ser eternos
fotos: divulgação
por andré julião
Dos lenhadores às celebridades Criada para o trabalho pesado rural, a yellow boot da Timberland tornou-se um símbolo urbano
S
idney e Herman Swartz
de sapatos criaram um símbolo fashion.
comprou uma parte da fábrica Abington
queriam apenas fazer botas de
A yellow boot (bota amarela), lançada
Shoe Company. Três anos depois, adqui-
couro à prova d’água para os
em 1973, atravessou com passos firmes
riu o restante e levou os filhos Sidney e
lenhadores da gélida região na
quatro décadas, conquistando fãs cada
Herman para ajudá-lo. O objetivo passou
vez mais diversificados.
a ser criar botas impermeáveis e que
Nova Inglaterra, no nordeste dos Estados Unidos. Daí batizarem o calçado com
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Muita lenha foi queimada antes de
mantivessem a temperatura dos pés.
o nome Timberland. A palavra significa
a yellow boot chegar às lojas. A origem
Se os Swartz alcançassem tal intento,
terra da madeira, ou melhor, floresta. Vale
dessa história está em 1918, quando o
teriam a preferência dos lenhadores e
lembrar: quando uma árvore grande é
imigrante russo judeu Nathan Swartz
outros profissionais sujeitos a trabalhar
cortada e vai cair, o grito de aviso é “tim-
começou a manufaturar calçados em
ao relento numa região em que a tempe-
-ber!”, assim como o nosso “ma-dei-ra!”.
Boston, trabalhando em máquinas – o
ratura cai a 20 graus negativos.
Sem querer, os dois irmãos fabricantes
que lhe custou alguns dedos. Em 1952,
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O passo decisivo foi dado em 1965,
quando a Abington introduziu o sistema
populares do que o tênis Air Jordan da
d’água em Hong Kong, onde a marca
de injeção. A parte superior do calçado,
Nike. Mas a empresa jamais assumiu
havia acabado de chegar, ele cravou:
feita de couro, passou a ser unida à sola
esse público como alvo, o que gerou
“Ninguém precisa, mas todo mundo
sem costuras ou emendas. Vieram os
acusações de que a marca era racista.
idealiza a vida ao ar livre”.
testes. De noite, os Swartz deixavam
O herdeiro Jeffrey Swartz respon-
os calçados imersos em um balde. Pela
deu com a campanha “Give racism the
manhã avaliavam se permaneciam
boot”. Ou “Dê um chute no racismo”. Ao
secos. Assim, chegaram à yellow boot
mesmo tempo, a Timberland encampou
totalmente impermeável. O sucesso foi
campanhas ecológicas. Em 2011, quando
imediato. Primeiro entre lenhadores, ca-
vendeu a empresa por US$ 2,2 bilhões
minhoneiros e caçadores. Depois, entre
para a gigante VF – dona da Lee, North
os amantes da vida ao ar livre, como até
Face e Wrangler –, Swartz admitiu que a
hoje a marca define seu público. Não
marca não soube aproveitar o público do
tardou e a empresa mudou o próprio
hip-hop a seu favor, embora uma deriva-
nome para Timberland. Começavam as
ção do modelo clássico, a Bee Line, seja
exportações.
assinada pelo rapper Pharrell Williams
O primeiro país estrangeiro foi a Itália. Ali, no início dos 1980, as botas viraram
desde a década de 2000. Hoje, as amarelinhas estão nos pés
mania entre os paninari, jovens que
de celebridades negras, de Jay Z e
adotaram a cultura americana como
Beyoncé (e da filhinha deles, Blue Ivy) a
modo de vida. O nome advém de Panino
Kanye West e Rihanna. Astros brancos de
Caffè de Milão, onde a turma fazia ponto.
Hollywood, como Jake Gyllenhaal e Ryan
Logo a yellow boot era um hit em toda a
Gosling, também cele-
Europa e também no Japão. No Brasil,
bram as Timbs. Apesar
chegou oficialmente em 1996, licenciada
do sucesso no asfalto, a
pela Alpargatas. Por aqui, em virtude
marca mantém-se fiel
da valorização do dólar, um modelo
ao público “aventureiro”
custa em torno de R$ 900. Salgado para
em suas propagandas,
lenhadores.
seguindo o que disse
Foi nos próprios EUA, já nos anos
Sidney Swartz: Orgulhoso de sua criação
Jeffrey Swartz numa
1990, que outra tribo urbana se apro-
entrevista em 1991,
priou das amarelinhas: os rappers. Eles
ano em que se tornou
teriam se inspirado nos traficantes de
presidente da empre-
rua dos bairros negros, que usavam a
sa fundada pelo avô.
yellow boot noites adentro para se livrar
Quando lhe pergun-
do frio. Em pouco tempo, as Timbs,
taram por que
como passaram a ser chamadas pelos
alguém precisa-
rappers, esquentavam os pés dos astros
ria de botas
Tupac e Wu-Tang Clan. Não parou por aí.
à prova
Notorious B.I.G cita as Timbs na letra de “Suicidal Thoughts”. Elas inspiraram até nomes artísticos, como os de Timbaland e Timbo King. Nos bairros negros das grandes cidades americanas, as botas se tornaram ainda mais
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qual o seu mundo
pessoas que fazem a diferença
por juliana amato
Mineirinho do Guarujá
fotos: divulgação
Adriano Elias de Souza começou no surfe com uma prancha de trinta reais. Depois de dez anos na elite do esporte, tornou-se campeão mundial
O surfista e seu Pajero HPE-S
E
le deixou a casa na periferia do Guarujá (SP), a 40
do mundo, agradeceu publicamente ao irmão pelos R$ 30
minutos do mar, para se tornar campeão do mundo.
investidos em sua primeira prancha. A paixão do camisa 13
Adriano Elias de Souza, o Mineirinho, 29 anos, é um
das ondas (número de sorte que ele carrega nas costas e
dos mais experientes atletas da chamada Brazi-
código de área de sua terra natal) começou cedo. Aos oito
lian Storm, a geração de surfistas brasileiros que encara o
anos, Mineirinho saía da comunidade de Santo Antônio, no
esporte no mesmo nível dos cobrões. Quando outro paulista,
Guarujá, para acompanhar as manobras do mano surfis-
Gabriel Medina, conquistou o título mundial em 2014, Adriano
ta. Aos dez, já participava de torneios e competições. Ele
estava prestes a completar uma década na elite mundial. No
relembra: “Como morava longe e só podia ir à praia aos fins
ano seguinte, finalmente levou a taça. Com todos os méritos.
de semana, era o primeiro a cair na água e o último a sair”. Já
Na atual temporada, ele segue entre os protagonistas.
adolescente, driblava a vigilância do pai (estivador), da mãe
“Quero conquistar sempre mais”, avisa. Além de campeão
(doméstica) e do irmão (policial) para cabular aulas e cair em
no WCT, pode se orgulhar de outra façanha: foi o brasileiro
seu habitat natural
que mais vezes venceu o mitológico americano Kelly Slater,
28
Desde que se casou, em janeiro de 2016, Mineirinho mora
da Flórida, 11 vezes campeão do mundo. Em 14 confrontos
com a mulher, a empresária e modelo catarinense Patricia
diretos, o pequeno Mineirinho (1,67 metro) ganhou 11. Quem
Eicke, em um apartamento na praia do Campeche, em Flo-
não tinha ouvido falar do surfista brasileiro até o título, logo
rianópolis, na ilha de Santa Catarina. Rapaz de sorte, apenas
quis saber quem era aquele rapaz que, ao sagrar-se campeão
algumas passadas o separam hoje do mar.
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fotos: divulgação/reprodução
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n 1. CINEMA – Ele é fã de comédias e de filmes de ação. “Considero épicos os dois Tropa de elite.” n 2. TELEVISÃO – Na telinha, os esportes são a maior diversão. Com muito futebol. “Principalmente para ver o meu Timão jogar.” n 3. LIVRO – “Aquele que está na cabeceira da cama no momento. Hoje é Sonho grande, do empresário brasileiro Jorge Paulo Lehman.” n 4. OBJETO – Sempre foram as pranchas. Isso mudou. “Agora são meus troféus de campeão. Não deixou nem a Patricia abraçá-los muito.” n 5. VIAGEM – A da lua-de-mel. Mineirinho e Patricia foram para o Vietnã e as ilhas Maldivas. n 6. MÚSICA – “Cada hora estou ouvindo uma coisa diferente. Tem dias que adoro escutar o DJ David Guetta. Em outros boto o Led Zeppelin a todo volume.”
Por que o apelido Mineirinho?
Herdei do meu irmão, que era chamado assim por ser muito quieto.
o cronograma. Para compensar, cheguei
Já tomei muitos. Difícil me lembrar
antes para treinar na Austrália.
só de um. Prefiro me lembrar das vitórias
É bom olhar para trás e ver o tanto
[risos].
também me leva a querer mais. E faço de tudo para conseguir.
ço do ano. É que me casei, e isso mudou
Qual foi o maior caldo da sua vida?
Que tal ter ganho o título mundial?
que lutei e o quanto conquistei. Mas isso
Quanto tempo você passa fora de casa ao longo do ano?
É mais fácil perguntar quanto tempo
Como é estar sempre no Havaí?
O Havaí é um lugar lindo e com ondas perfeitas. Um paraíso para todo surfista. Procuro estar sempre por lá, até porque três das principais disputas ocorrem ali.
O esporte pode mudar o mundo?
eu fico em casa. Em 2015, foram menos
Mas nunca morei lá, nem pretendo. Se
Claro que sim. O esporte já se
de três meses.
você quer saber, adoro o Brasil e o meu
mostrou capaz até de parar guerras, como aconteceu no Haiti com a seleção brasileira de futebol. Foi um momento
Qual o mar mais desafiador que você já surfou?
Outra pergunta difícil. São dois.
incrível [Mineirinho se refere ao Jogo da
Teahupo’o, na Polinésia Francesa, e
Paz, entre Brasil e Haiti, realizado em
Pipeline, no North Shore da ilha de Oahu,
2004 no país caribenho, iniciando uma
no Havaí.
campanha de desarmamento em meio à guerra civil]. De onde vem o sucesso?
Fala-se que você trocou a estraté-
cantinho em Floripa. E como é lidar com os surfistas locais, muitas vezes agressivos, que comandam o North Shore?
No começo foi mais complicado, talvez por ser mais jovem e não entender muito bem as regras. Agora, com o tem-
gia neste ano. Qual foi a mudança?
po, já está bem diferente. Respeito todo
Minha estratégia segue a mesma.
mundo e acredito que conquistei o meu
Encaro cada bateria como uma guerra
respeito por lá. E, com respeito, o mundo
ser o melhor e dar uma boa condição
e busco uma constância nos resultados.
é um lugar melhor.
para minha família. Consegui tirá-los da
Isso é essencial na corrida pelo título. A
pobreza da comunidade onde vivíamos.
única coisa que mudou foi não ter feito
Abracei o surfe como estilo de vida e
uma pré-temporada no Havaí, no come-
Do trabalho, da vontade de querer
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forma de tirar meu sustento.
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Qual é o seu mundo?
O mundo inteiro! É rodar em busca das melhores ondas.
combustível
bebidas para abastecer a alma
por marcello borges
À sombra do vulcão O limoncello leva apenas açúcar, álcool, água e limão. Mas os melhores vêm das frutas plantadas no sopé do Vesúvio e do Etna
N
a canção “I Can Do
Vesúvio, na Costa Amalfitana. Ou da
Better”, que com-
Sicília, de preferência produzidos perto
pôs em parceria
do vulcão Etna.
com o americano
Lucasz Gottwald, a cantora canadense Avril Lavigne
Um de seus segredos: a escolha dos
limoncello que puder”.
limões, chamados ovais de sorrento.
Se faltava alguma prova
Eles receberam em 2000 a qualificação
de que, decisivamente,
de IGP – Indicação Geográfica Protegi-
o licor digestivo italiano
da. O Villa Massa custa em torno de
conquistou o mundo,
R$ 125 e vai muito bem em coquetéis,
ei-la. Um dos motivos
com espumante ou tônica. da Costa Amalfitana, ostenta 32% de
limoncino, é a fórmula
teor alcoólico. Mesmo assim, mantém
bem simples. Ela requer
aromas como doce de limão, mentol e
apenas limão, açúcar,
notas de pimenta-branca, com notável
água e álcool (há quem
acidez. O segredo dessa paleta aromá-
utilize vodca). Outra é o
tica reside na composição da bebida:
preço. Começa em
10% a 15% de limões verdes, não
R$ 60. Não à toa, tornou-
maduros. Ele apresenta ainda um toque
-se o segundo destilado
herbáceo, como alguns vinhos Sauvig-
mais popular da Itália. Só
non Blanc do Novo Mundo. Seu preço
perde para a grappa. Há
por aqui gira em torno de R$ 140. Brasil. Pois é. O Il Cello provém de uma
da acidez e do frescor:
receita da família de um dos sócios.
basta manter a garrafa no
Tem teor alcoólico um pouco mais bai-
vodca, o limoncello não congela. Há um detalhe, porém. E que muda
fotos: divulgação
Há um bom limoncello feito no
para o alto consumo, além
congelador. Assim como a
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Já o Caravella, também oriundo
também chamada de
ainda um terceiro motivo
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É produzido com 30% de teor alcoólico.
brada: “Vou beber todo
da expansão da bebida,
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De Sorrento vem um dos limoncelli mais vendidos no Brasil, o Villa Massa.
xo do que o tradicional: 28%. A garrafa é pintada artesanalmente. Vendido em alguns empórios e restaurantes,
tudo. Os grandes limoncelli são feitos
como o Piselli, em São Paulo, por algo
de limão sorrento, também chamado
em torno de R$ 70, o licor tem sabor
sfusato ou femminello Santa Tere-
agradável e presença em boca. Faz jus
sa. Eles crescem melhor em terreno
ao lema estampado na garrafa: “Por-
vulcânico. Daí porque os mais cotados
que os gestos simples trazem sempre
vêm de Sorrento, cidade próxima ao
grandes emoções”.
Mit4fun
equipamentos com a marca dos três diamantes
Lazer e mais lazer Peças ideais para quem é esportista 1
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fotos: divulgação
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n 1. moletom drive club Prático, o moletom Drive Club é o parceiro ideal para gentleman’s drivers. Nas cores cinza e preta. n 2. polo ml legend Camisa com mangas compridas, exclusivamente em malha vermelha. Perfeita durante a aventura para aqueles dias mais frios.
n 3. camiseta lama T-shirt com 100% de algodão. À venda nas cores branca, vermelha e preta.
n 6. guarda-chuva Peça produzida com cabo de plástico e varetas de fibra de carbono, nas cores preta e vermelha.
n 4. Boné MIT4FUN Confeccionado preto de brim com tela inglesa e acabamento de sarja. n 5. mochila work A mochila vai do trabalho ao rali. De casa até aquela esticada na praia.
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/mit4fun
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painel
objetos do desejo com alta tecnologia
por Alessandra Lariu, de Nova York
O futuro hoje Ideias que chegam para mudar o seu cotidiano
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fotos: divulgação
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n 1. Leve mesmo Em geral, as bicicletas portáteis são pesadas – e pouco portáteis. Isso motivou a Humming Bird a criar uma bike leve de verdade. Pesa inacreditáveis 6,5 quilos, três a menos que as concorrentes. Uma pluma. hummingbirdlike.com n 2. Água pra quê? Lavar roupa é coisa do passado – ao menos para a Odo, que acaba de inventar o primeiro jeans autolimpante. O tecido tem microfibras de prata que repelem qualquer tipo de sujeira ou líquido (até suor). Resultado: meses sem lavar. A empresa diz que cada peça economiza cinco anos de água. ododenim.com 34
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n 3. Rota instantânea Muitos ciclistas usam aplicativos que mostram o roteiro no celular. O problema é ter de parar para consultar. Do tamanho de um relógio de pulso, o Haize, da Onomo, resolve a parada. Encaixado no guidão, ele conversa com o aplicativo do smartphone onde a rota foi previamente marcada. E, por meio de sinais sonoros e visuais, ‘guia’ o ciclista enquanto ele pedala. onomo.myshopify.com n 4. Cubo mágico Ele se chama Wonder Cube, vem em forma de chaveiro e é mesmo um cubo maravilhoso. Versátil, funciona como carregador portátil (USB ou
a pilha), cartão de memória de 64 GB, sincronizador de arquivos e até lanterna. Uma maravilha para quem vive na estrada. thewondercube.com n 5. Para apressadinhos Dizem que a Revl surgiu para competir com a GoPro. A câmera edita vídeos em tempo real. Ou seja: assim que gravadas, as imagens podem ser imediatamente compartilhadas. A Revl vem ainda com um estabilizador eletrônico. Ele mantém a imagem nivelada no plano horizontal, sem tremores. Ótimo para quem não gosta de tripé. indiegogo.com
MUNDO MITSUBISHI por juliana amato
as boas-novas da marca dos três diamantes pelo mundo
ilustração pedro hamdan
Sempre adiante! Uma câmera amadora que retrata detalhes da Lua. Uma máquina de vender refrigerante que analisa o consumidor. Saiba o que rola em termos de altíssima tecnologia nas empresas do grupo Mitsubishi
Mitsubishi Gas Chemical
Energia limpa O éter dimetílico é uma fonte de energia limpa. De olho no futuro do planeta, a Mitsubishi Gas Chemical começou
começa em março de 2019. A história da Mitsubishi Gas Chemical com o metanol
a construir, em setembro do ano passado, no arquipélago
começou em 1952, ano em que a empresa, pioneiríssima,
de Trinidad e Tobago, no Caribe, uma usina desse gás. Há
passou a obter esse produto a partir do gás natural. Em
demanda crescente pelo produto nas Américas, na Europa
1983, construiu sua primeira usina de metanol, na Arábia
e em países asiáticos. A usina caribenha ficará pronta em
Saudita. E nos anos de 1994 e 2010, inaugurou outras duas,
2018, e também se incumbirá de gerar metanol. A produção
na Venezuela e no sultanato do Brunei, respectivamente.
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mundo mitsubishi Tríplice coroa O Good Design Award, organizado pelo Instituto de Design do Japão, é uma das premiações mais prestigiadas de desenho industrial no mundo. Desde 1957, elege as melhores criações. Em 2015, o Grupo Mitsubishi recebeu uma série de prêmios, incluindo a celebrada categoria Design for the Future. Conheça três deles:
Mitsubishi Estate
1- Home sweet home Um prédio de luxo diante do Palácio Imperial, em Tóquio,
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descortina-se um maravilhoso bosque de cerejeiras. A ele se
equivale a um edifício na Praça Vêndome, em Paris, ou em frente
alia o arrojo da avenida Uchibori-dori e seus arredores. Isso sem
ao Central Park, em Nova York. Ou seja, estamos falando de um
mencionar que, das confortáveis varandas, os condôminos
dos mais disputados metros quadrados do planeta. É o que
podem ver as cinco fogueiras gigantes acesas nas montanhas
acontece com o Parkhouse GRAN Chidorigafuchi, construção
durante o festival Daimonji, em agosto. Além do atributo de
residencial de 73 apartamentos, recém-erguida pela Mitsubishi
adorável mirante, o novo prédio prima pelo design ousado – que
Jisho no distrito de Chiyoda Ward, em meio ao bosque histórico
aponta para o futuro sem se esquecer da tradição nipônica,
de Chidorigafuchi. Ele é considerado o mais valorizado imóvel do
nítida nas formas do telhado e do beiral das janelas. O projeto
gênero em todo o Japão. A localização, incluindo a vizinhança
inovador conta com a mais moderna estrutura à prova de terre-
aristocrática, por si só é privilegiadíssima. Dos apartamentos
motos e um novíssimo sistema de revestimento acústico.
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Nikkon Group
2- A Lua a seus pés A Coolpix P900 é uma câmera fotográfica digital compacta de alto desempenho. Sua lente Nikkor com zoom óptico de 83 vezes (!) equivale a uma objetiva de 2.000 mm. De tão poderosa, permite até fotos detalhadas da superfície da Lua. Não bastasse, o zoom digital de ajuste fino ainda dobra o alcance, chegando a 166 vezes, semelhante ao de uma tele de 4.000 mm. A P900 tem ainda GPS embutido, sensor de 16 megapixels e tela de LCD de 3 polegadas – com resolução de 921K. Além de fotos, ela faz vídeos de até 60p em qualidade Full HD e se comunica com outros dispositivos via wi-fi e NFC.
Mitsubishi Heavy Industries
3- Chiquitito, pero... Ele é pequeno, gera “apenas” 250 kW e é completamente eco-friendly. Eis o Hybrid-FC gerador de energia cuja eficiência se compara à de uma central elétrica de grande porte. E não é só isso. O aparelho pode fornecer energia elétrica e térmica ao mesmo tempo, o que reduz significativamente as emissões de dióxido de carbono. O Hybrid-FC utiliza Sofc (Solid Oxide Fuel Cell), ou seja: células de combustível de óxido sólido capazes de transformar energia química em eletricidade.
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mundo mitsubishi
Mitsubishi Eletric
De olho no cliente Sabe aquelas máquinas de estação de metrô, que oferecem de refrigerantes a livros em troca de uma ficha ou de dinheiro? Pois bem. O que não falta no Japão são elas. E o que mais se vê é uma diferente a cada dia. Bom exemplo são as recentes máquinas automáticas criadas pela Mitsubishi, que examinam até o consumidor! Por meio de sensores, elas decifram idade e sexo do cliente e oferecem produtos apropriados. Tudo, claro, levando-se em conta a hora do dia e a estação do ano. Nas cidades mais sujeitas a desastres naturais, ela são controladas remotamente por um supervisor, que, no caso de uma emergência, pode liberá-las para oferecer bebidas gratuitamente.
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mua mundo urbano capa
Amora
a grife da Globo Com 22 novelas e outras produções no currículo, ela é a mais moderna (e bela) diretora da emissora
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n
por joaquim ferreira dos santos retratos jorge bispo
Com seu novo blazer Balmain
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mundo urbano capa
A
mora Mautner fez 41 anos e um dos presentes que se
A diretora tem feito, novela a novela, desde que começou a
deu, além de mais um blazer Balmain de US$ 5 mil
dirigir uma — e a primeira foi O Cravo e a Rosa em 2001 —, uma
para sua coleção, foi praticar sem culpa as delícias
série de pequenas revoluções no gênero, a mais deliciosa jabu-
do ócio. Trata-se de um direito que ela acha ser pos-
ticaba inventada pelo Brasil para o quintal da TV. Já assinou 22.
sível só aos que já chegaram à maturidade e apresentam lastro
Em Cordel Encantado, de 2011, tornou pop a comédia burlesca
de boas realizações no trabalho. Ela é a mais moderna diretora
que misturou a nobreza europeia ao cangaço brasileiro, salvando
de novelas da televisão brasileira – e, desde 2014, também di-
com bom gosto o que poderia, nas mãos de outro diretor, virar
retora de núcleo da Rede Globo. Está em férias. Desde março,
uma chanchada tosca. Em 2012, reinventou a maneira
quando foi ao ar a última cena de A Regra do Jogo, Amora tem se
de se dialogar na TV. Fez todo o núcleo suburbano de
dedicado a um quase nada – e isso é o avesso do avesso de sua
Avenida Brasil falar ao mesmo tempo, transgredin-
imagem de workaholic temperamental. Certa vez, contratou 80
do a regra de não sobrepor conversas; e estabeleceu
caminhões de areia para melhorar a cor de uma praia onde iria
um clima divertido e reconhecível por todos. Era
rodar uma cena.
te, em A Regra do Jogo, escondeu as câmeras
que Amora foi vista ontem, nos estúdios do Projac, no Rio de Ja-
do estúdio, como se fosse um Big Brother, para
neiro, chicoteando, com palavras duras e um tom acima do reco-
desbloquear os atores de marcações antigas
mendável pelo RH, um ator de criatividade sonolenta. A vocação
e sacudir as imagens. Há sempre alguma no-
para general lhe é intrínseca e quem afirma é ela mesma. Gosta
vidade. Não há tempo morto quando se
de mandar. Está apenas dando um tempo longe do campo de
está trabalhando com Amora
batalha. Se neste momento não estiver em Berlim, usando os
Mautner, e alguns su-
ingressos do carnê que comprou para toda a temporada da Fi-
balternos têm
larmônica, é quase certo que ande às voltas com uma atividade
dificul-
descoberta recentemente, as aulas de dança urbana da academia no bairro onde mora, o Leblon, no Rio de Janeiro. “Dançar sem o compromisso do social de festa – tem coisa melhor?”, pergunta, e, sempre agitadíssima, levanta os braços, e joga as pernas, e balança os cabelos, como se tivesse começado a tocar uma música em sua cabeça e fosse impossível não sair dançando.
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uma casa brasileira com certeza. Recentemen-
Por algum tempo, as colunas de fofoca deixaram de publicar
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corbis
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dade em ajustar suas baterias à mesma alta voltagem.
cesso na disco music dos anos 1970. Uma outra música que já
“Às vezes, ela enche o saco, é uma insanidade”, diz o ator Ale-
apareceu nas aulas é a emblematicamente libertária “Livin’ la
xandre Nero, o vilão Romero Rômulo de A Regra do Jogo, que
Vida Loca” – e eis o item mais importante da agenda de uma
adora as provocações da diretora. Em Joia Rara, uma das nove-
workaholic em férias, quase zero de compromisso profissional.
las que Amora comandou, em certos dias ela dispensou a clás-
Neste momento, ela talvez possa ser vista flanando sem o casa-
sica passagem de texto em troca de um exercício que naquele
co de general, mas um biquíni que revela um corpo bem apru-
momento achava mais produtivo para energizar a turma – botou
mado, nas areias do Leblon.
todo o elenco para dançar a música eletrônica da dupla francesa
Para não perder as referências intelectuais que lhe são intrín-
Daft Punk. Gosta de mexer com os confortos consolidados em
secas, Amora cita como definidora de sua vida no momento a
anos e anos de cacoetes televisivos.
célebre palavra usada por Guimarães Rosa para abrir o romance
“Não tenho tesão por ator que sai de casa todo preparado”,
Grande Sertão: Veredas. Nonada.
diz Amora. “Quero mais vivência e menos interpretação.” Ela
Tem dado à Julia, de 8 anos, uma vida de filha nova rica, com
nunca entendeu aonde Alfred Hitchcock, um de seus ídolos, que-
o súbito luxo de uma dedicação materna em tempo integral.
ria chegar com a frase “atores são gado”. Garante amar os ato-
Leva ao colégio, às aulas de natação, às de patins e o que mais
res, profissionais sensíveis dedicados a uma carreira que define
estiver na agenda, esta sim, movimentada, da menina. A propó-
como muito difícil, dilacerante, uma gente sempre sangrando e
sito, a data de nascimento de Julia, fruto do casamento de sete
se expondo muito. Foi atriz por um breve tempo, nos anos 1990, e
anos com o ator Marcos Palmeira, é a mais recente tatuagem
detestou. “Eu digo, brincando, que atores são como os Gremlins”,
de Amora, desenhada na parte de dentro do braço direito. Tem
sorri. “Fofinhos, mas quando entra água, viram monstros.”
outras sete pelo corpo. Desenhos de flores, raios, estrelas, sinais
Neste final de 2016, o papo é sabaticamente outro. Amora quer saber de si própria. O projeto profissional mais próximo é uma novela em 2018, para o horário das 23 horas, escrita por Euclides Marinho. Até lá, a generala descansa – se é possível flexionar um verbo desses tendo a frenética Amora Mautner como su-
A filha, Julia, está com oito anos. É fruto da união que durou sete anos com o ator Marcos Palmeira. Há três, Amora namora o empresário Arnon de Mello, filho do ex-presidente Collor
de Iansã, uma cruz indígena, simbolizando transformação. E uma adaga, também recente, quase uma outra cruz, que desce agressivamente sensual da altura do quadril direito até o início da coxa. É uma mulher bonita, tem os evidentes traços de uma ascendência europeia, de neta de austríacos, os
jeito. Uma vez, Mãe Carmem, herdeira do terreiro do Gantois,
cabelos em mechas louras, que gosta de deixar caídas sobre os
na Bahia, jogou os búzios. E ficou intrigada porque a Amora, à
olhos. Tudo bem adaptado a uma postura corporal meio Madon-
sua frente, estava lhe parecendo “calminha” demais para o que
na, meio Gisele Bündchen, e todas essas outras mulheres mo-
estava sendo revelado no tabuleiro: uma filha dos explosivos
dernas que cabem dentro do rótulo semanticamente feio, mas
Xangô e Iansã. “Calminha? Eu?”, respondeu a consulente. “É só
expressivo, do que se chama agora de as empoderadas. Amora
por respeito que estou aqui ajoelhada.”
prefere se situar dentro do estilo de uma poderosa francesa, Emmanuelle Alt, a editora-chefe da revista Vogue parisiense, que,
NOS BRAÇOS DE ARNON
como ela, tem poucos vestidos no guarda-roupa e aposta em
Zerar o QI, como gostam alguns, não é com ela. Continua as-
calças grifadas.
sistindo a Transparent, dramédia sobre o relacionamento de uma
A arte-final dessas qualidades tem um design chique e con-
família de classe média às voltas com a questão de transgêne-
temporâneo, com ótimos resultados diante do sexo oposto. A
ros – e que é a sua série de TV preferida no momento. Mas tem
relação de seduzidos vai do poeta e roteirista Geraldinho Car-
pegado leve. Se durante a temporada de trabalho ela reverencia
neiro, passa pelo ator-galã Rômulo Arantes Neto, pelo diretor de
como ídolo o diretor naturalista nova-iorquino John Cassavetes,
cinema Guilherme Coelho e hoje está consolidada nos braços de
que procurava passar nos atores a sensação de que nada foi en-
Arnon Affonso de Mello, filho do ex-presidente Fernando Collor e
saiado, Amora cita agora como referência principal para tocar a
de Lilibeth Monteiro de Carvalho.
vida, e se abrir para novos sentidos dela, as coreografias do professor Justin, da academia do Leblon. Quer brincar mais, relaxar.
44
UM VOVÔ AGONAL
Uma das suas colegas de dança, e os paparazzi que investi-
As revistas de fofoca adoram separar Amora e Arnon (inventa-
gam cada esquina do bairro ainda não sabem desse encontro,
ram para ele um romance com Grazi Massafera, a quem, o rapaz
é a atriz Juliana Paes. As duas abrem suas asas, soltam suas
jura, nunca sequer foi apresentado), mas o casal se mantém jun-
feras, e, se bobear, acabam revivendo As Frenéticas, grande su-
to há três anos, em casas separadas, e com anel de noivado. Ela
Mit revista
junho 2016
Arquivo Pessoal jane müller
Arquivo Pessoal Elizabeth de Fiore
O compositor e escritor Jorge Mautner com sua filha única, em 1975
Fazendo carinha de sapeca, aos 8 anos, no Rio de Janeiro
A mãe, a historiadora Ruth Mendes dos Santos, no início dos anos 1970
Com o namorado Arnon, numa festa carioca
Entre Marco Pigossi e Alexandre Nero em A Regra do Jogo
globo/João miguel
fotos: agencia o globo
Arquivo Pessoal
Arquivo Pessoal ruth mendes
Os pais, Ruth e Jorge, pegando uma praia em Paraty (RJ) em 1968
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Mit revista
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mundo urbano capa
é o que se costuma chamar de mulher intensa, de dicção afirma-
referência às festas da antiga Roma ao deus Jano, aquele que
tiva, de olho no olho, capaz ainda de uma risada particular, nem
tem duas faces. Mas, como na semana anterior pegara o avô ex-
aí para etiquetas que pedem menos volume – e Amora escande
plicando à menina o significado de estoico, ficou firme nos seus
alto um chorrilho divertido de ha-ha-ha. Alguns homens podem
princípios de não interferir. E admirou ainda mais a disponibilida-
ficar assustados com a postura nada fofinha. Não deveriam. De
de dele para educar a neta.
perto, se lhe perguntarem, ela anuncia uma perspectiva de relacionamento dos sexos que não tem nada a ver com a clicheria de arrogância que acompanha as fêmeas contemporâneas. “Mulheres são submissas diante de seus homens, somos re-
Como pai (“Ele me ensinou a levar a vida de um jeito livre e levar a transgressão para o trabalho”, elogia a filha diretora de van-
féns deles, por mais poderosas que possamos ser”, e ela diz que
guarda), Mautner tinha menos tempo e usava um truque. A cada
aprendeu isso ao ler na adolescência O Segundo Sexo, de Simo-
livro que Amora lesse, ela ganhava uma roupa ou a prenda que
ne de Beauvoir. Está dedicada ao romance com Arnon, mas aten-
estipulasse. Foi assim, nesse troca-troca, que ainda adolescen-
ta ao fato de que é preciso observar as flutuações inevitáveis de
te, e hoje eternamente agradecida, se iniciou em textos de física
um encontro já tão longo e se adaptar a elas. Se acabar, vai sofrer,
quântica (está lendo As Sete Breves Lições de Física, do italiano
vai chorar, uma pena – e vida que segue. “Sou tão autocentrada,
Carlo Rovelli), ciência (“O documentário Wonders of the Universe,
que ficar sozinha comigo mesma me faz muito bem.”
da BBC, é o melhor produto audiovisual que vi nos últimos tem-
Ela frequenta o divã psicanalítico desde os 7 anos (como res-
pos”), neurociência (O Homem que Confundiu sua Mulher com
ponder ao bullying escolar de que seu nome não era uma fruta,
um Chapéu, de Oliver Sacks, foi o livro que a iniciou na matéria, e
e sim o feminino de amor?). Mas foi na casa paterna que Amora
devora ainda tudo da brasileira Suzana Herculano-Houzel) e até
teve um exemplo fundamental de que é preciso sensibilidade
literatura russa (está adaptando para a televisão Os Irmãos Ka-
aguçada para acompanhar o movimento do grande barco das paixões, perceber suas transformações e não desistir facilmente. Seus pais, a historiadora Ruth Mendes dos Santos e o cantor, compositor e escritor Jorge Mautner, se separaram. Entre os relacionamentos que Ruth teve a seguir houve o namoro com Nelson Jaco-
Ela frequenta o psicanalista desde os sete. Na escola, enfrentou muito bullying. Afinal, como explicar que seu nome não era uma fruta e sim o feminino de amor?
ramazov, de Fiodor Dostoievski, com a roteirista Manoela Dias). “A televisão brasileira é ousada e educou o povão brasileiro, do interior da Amazônia às periferias do Rio, com uma linguagem visual de qualidade”, elogia. “As novelas são líderes nesse processo e vão ter longa vida.” Os interesses de Amora Mautner
bina, padrinho de Amora e parceiro musical de Jorge. Nelson e
são amplos – outro lugar onde ela pode estar é fazendo o cur-
Ruth terminaram o namoro, Ruth voltou com Jorge, e os três,
so de fotografia em Nova York –, mas fora do trabalho. E, nesse
mais Amora, ficaram vivendo, liberalíssimos, na mesma casa. A
mundo de fantasia em que circula no momento (talvez esteja
propósito, com toda a fama de maluco beleza que carrega, Jor-
procurando apartamento para comprar em Berlim), pouca coisa
ge, uma espécie de filósofo-guru da geração tropicalista, vive até
a acelera mais do que falar em moda.
hoje com Ruth (Jacobina morreu em 2012), num dos relacionamentos mais longevos no meio artístico nacional.
É viciada em sites como The Sartorialista, Garance Doré e no Pinterest, onde tem mais de 4 mil fotos de roupas marcadas
De perto ninguém é normal, disse Caetano Veloso, e décadas
como sonho de consumo. Seu salário anda na faixa dos R$ 150
atrás – quando ia de sunga buscar Amora na escola ou andava
mil. Um dinheiro expressivo, mas em alguns momentos os gastos
nu pela casa, inclusive na frente das amiguinhas dela –, Jorge
com roupas – e também com a decoração da casa – chegaram
Mautner podia parecer menos normal ainda. Hoje é um avô nor-
a tal excesso que ela precisou pedir socorro à empresa de Flo-
malíssimo; bem, digamos, quase. É ele quem faz os trabalhos
ra Gil, que agora lhe administra os bens. Amora tenta controlar
da escola com a neta Julia, o que o torna superlativo e autoriza
também a vaidade. Recentemente, retirou o perfil do Instagram,
Amora a chamá-lo – logo ele, o primeiro escritor beat brasileiro
onde postava seus looks e suas marcas.
com o romance Kaos, em 1963 – de “uma babá quase perfeita”.
“Sou toda grifada”, anuncia, e as roupas da sessão de fotos
Outro dia, Amora chegou em casa e abriu a porta do quar-
para esta reportagem demonstram isso. Calça botas do tailan-
to onde os dois estavam estudando no exato momento em
dês Phillip Lim, veste blusa de seda da brasileira Andrea Marques,
que o vovô, em meio à leitura de uma história infantil, dizia
jeans dos estilistas ingleses Marcus Wainwright e David Neville
para a menina:
(da grife americana Rag and Bone), mais o blazer poderoso de
“Juju, você entendeu então o que é agonal?”.
Balmain. Um figurino de luxo perfeito para quem quer descansar
Amora ficou sem saber de que capítulo da literatura da es-
da dura vida real dos estúdios de uma telenovela. No lugar do cra-
cola primária saiu aquela palavra – segundo os dicionários, uma 46
SEM CRACHÁ, COM CARTIER
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chá, Amora Mautner está usando joias Cartier.
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latinstock
O Ronnie Scott’s, no Soho londrino; e um grafite original de Keith Haring, no seu êmulo de NY
creative commons
3 vezes Soho
O primeiro surgiu em Londres. Depois, vieram os de Nova York e de Buenos Aires. Todos com os mesmos componentes: boemia, juventude e vanguarda por sergio crusco
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mundo urbano viagem
N
ão se sabe, ao certo, qual a origem da palavra. A
E o que dizer do Palermo Soho de Buenos Aires? Cópia de
história mais contada, portanto bem-aceita, é a de
quem? Dos americanos ou dos ingleses? Também há Sohos em
que “so ho!” seria um grito de caça ao coelho. As-
Málaga, Pequim e Hong Kong. O espírito que une todos esses bair-
sim como “tally ho!” é, ainda hoje, o brado dos que
ros é um só: boemia, boa oferta de restaurantes e bares, lojas mo-
caçam raposas na Inglaterra. Também não se sabe
dernas e hotéis mais charmosos, justamente por estarem afasta-
se essas caças aconteciam exatamente na região denominada
Gente jovem e cheia de ideias prafentex também não pode fal-
vez num manuscrito de 1307, e, olhando o mapa de Londres da
tar na lista de ingredientes de uma vizinhança que mereça o apeli-
época, é de se imaginar que a área onde hoje fica o Soho poderia
do. De maneira geral, os Sohos do mundo eram lugares esquecidos
estar infestada de bichinhos saltitantes – era inabitada.
antes dessas turmas animadas chegarem, atraídas por aluguéis
A proliferação cunicular (sim, a palavra designa tudo o que é
baratos. Transformaram tudo com arte, música, letra e dança – in-
relativo a coelhos) com que bairros apelidados de Soho pipoca-
clusive o valor do metro quadrado em áreas onde, há pouco, quase
ram pelo mundo é mais engraçada do que qualquer hipótese. Há
ninguém queria colocar os pés.
o SoHo de Nova York, com esse “h” maiúsculo no meio porque eles
Embora cada Soho tenha sua história, nem todas tão vibrantes
garantem que não se trata de imitação do nome londrino, e sim de
quanto a do original, existe sempre algum para chamar de seu. Em
uma área reurbanizada no fim dos anos 1960 e assim apelidada
Londres, Nova York ou Buenos Aires há muito o que curtir, ver, pro-
por estar ao sul da Houston Street (South of Houston). Morou?
var, conhecer e comprar nesses lugares fervilhantes.
expressão Swinging London, lavrada pela
barulhentas. Para quem quer tradição,
jornalista de moda Diana Vreeland. Estava
o pub The French House (Dean St., 49)
siderada com o inesperado comprimento
virou referência. Foi aberto em 1891 e era
da minissaia, a onda beat e as invenções
o preferido do estadista Charles De Gaulle,
ão importa o que o tenha levado
pop da estilista Mary Quant, que tinha loja
dos pintores Francis Bacon e Lucian Freud
ao Soho londrino. É quase certo de
no bairro. Ali era onde tudo acontecia nos
e do poeta Dylan Thomas.
Londres
N
que você fará uma parada no Bar Italia
anos 1960, onde Rolling Stones, Beatles e,
Quando se fala em gastronomia, o
(Frith St., 22) a qualquer hora do dia ou da
mais tarde, Queen e Sex Pistols gravaram
Soho revela muita do caráter cosmopo-
madrugada para um café, uma refeição
sucessos no Trident Studios ou soltaram
lita londrino, com restaurantes de várias
ou uma garrafa de champanhe – ele
os primeiros acordes no Marquee Club.
nacionalidades e outros que apostam na
fica aberto das 7h às 5h. “O café é bem
Há muito as redondezas perderam o
mistureba de tendências – ou melhor, fusion food. Como o 10 Greek Street (tão
pequeno, mas o que acontece aqui dentro
ar de novidade. Novos bairros, antes deca-
é tão grande quanto o mundo”, disse o
dentes, foram desbravados e remixados
cool que tem o endereço como nome). A
guitarrista Dave Stewart, a outra metade
por jovens em busca de abrigo a preço de
casa trabalha com o conceito sazonal e,
do Eurythmics, ao prometer, em 2010,
banana, como Hoxton e Brixton. O velho
portanto, seu cardápio vive em mutação.
uma peça musical sobre o local, fundado
Soho, porém, não perde em pose e char-
Se é o caso de surfar na onda peruana
em 1949 e até hoje dirigido pela mesma
me. Sobretudo para quem quer agitar,
que lambe o planeta, o Ceviche Soho
família. O Italia é o ponto ideal para a
comer e beber. Não demora muito para
(Frith St., 17) é dos bem cotados. Para
conversa fiada no Soho e há quem diga
descobrir onde fica o Ronnie Scott’s,
tapas à espanhola, o Copita (D’Arblay
que o melhor sanduíche de milanesa da
lendário bar de jazz aberto em 1959, que
St., 27) ganha em comentários efusivos
cidade é o deles.
funcionou na Gerrard Street e hoje está
dos clientes, com especial reverência à
na Frith, número 47, quase em frente ao
bochecha de porco.
A Frith Street costuma ser o começo do caminho do turista que, a esmo, tem
Italia. Da inauguração até hoje, o Ronnie’s
a bela ideia de desviar da aglomeração
é o “quem é quem” do jazz em Londres e
da Charing Cross Road ou da sufocante
no mundo – Miles Davis, Ella Fitzgerald,
Oxford Street e descobre que, a pou-
Stan Getz, Buddy Rich, Nina Simone e Jeff
cos passos da multidão, há uma praça
Beck são apenas alguns dos que grava-
charmosa – a Soho Square – e um
ram discos ao vivo no boteco.
emaranhado labiríntico de ruazinhas a
50
dos dos distritões turísticos clássicos.
Soho, no West End londrino. A expressão apareceu pela primeira
Se a sede é de bons drinques, pode-se
Nova York
N
a metade do século 19, o SoHo nova-iorquino, antes de ter esse
desvendar. Bares, muitos bares. Restau-
optar entre certos endereços notáveis
nome, foi um vívido reduto de pequenas
rantes, lojas, teatros, cafés. Abrigado por
pela coquetelaria, como o Bar Termini
manufaturas, editoras de livros, comér-
quatro grandes vias (Charing, Oxford,
(Old Compton St., 7), com sua carta de
cio, teatros, hotéis e animação (incluindo
Regent Street e Shaftesbury Avenue),
Negronis, e o Milk & Honey (Poland St.,
a venda de favores sexuais, nas ruas
o Soho, sempre sacudido, deu origem à
61), onde não se admitem conversas
secundárias).
Mit revista
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O SoHo de NY tem H maiúsculo. O de Buenos Aires, hotéis como o Mine
No Soho londrino, o seu bar-símbolo: o Italia
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divulgação
mundo urbano viagem
Muita animação e danças típicas no restaurante ucraniano Korchma Taras Bulba, no centro do agito nova-iorquino
the Americas. Ocuparam lofts gigantescos
tico e de preço justo em que se destacam
estabeleceram marcas como Tiffanys,
em que tinham espaço, luz natural e plena
massas e coisas do mar – o polvo grelhado
Lord & Taylor e a finada Arnold Constable,
liberdade de movimentos para pincelar,
é uma perdição. O Korchma Taras Bulba
a primeira loja de departamentos dos
esculpir, gravar e até rodopiar um Lago
(West Broadway, 357), de comida ucrania-
Estados Unidos. Quem buscava sossego
dos cisnes, se bem entendessem. O SoHo
na, é também famoso pela coquetelaria,
foi se deslocando para o norte da cidade,
começava a (quase) equiparar-se em
à base de vodca, naturalmente, e pelos
assim como as grandes marcas – a
charme e simpatia ao Greenwich Village,
raviólis siberianos de carne. Simplezinho,
Tiffanys se mandou para a Quinta Avenida
bairro vizinho que viu praticamente tudo
o bistrô Parigot (Grand Street, 155) é um
e lá está até hoje. A atividade fabril, sobre-
acontecer em matéria de vanguarda, de
dos preferido dos locais. Quem quer sentir
tudo têxtil, tomou conta da área, mas foi
Isadora Duncan a Miles Davis.
o sabor da modernidade pode escolher
Era bacana dar banda por ali, onde se
depauperada pelas crises da Guerra Civil e da primeira Grande Depressão, em 1873.
a fusion food do David Burke Kitchen,
cio de moda e a farta oferta de restauran-
cuja carta de vinhos ganhou chancela de
tes. A Broadway Ave., naquele pedaço, é
excelência da revista Wine Spectator. O
com a mudança do setor têxtil para o sul
lar de grandes marcas populares e lojas
restaurante do premiado chef Burke, um
do país, essa área ao sul de Manhattan
de departamento. As moças diferentonas
dos inventores da moderna cozinha ame-
ficou desolada e conhecida como Hell’s
preferem se esgueirar pelas alamedas ao
ricana, fica dentro do James Hotel (Grand
Depois da Segunda Guerra Mundial,
Hundred Acres (Casa do Diabo Descabela-
encontro de opções mais exclusivas como
St., 27), boa dica, por sinal, de hospeda-
do, em tradução bem livre). Sobraram fa-
a clássica Céline (Wooster St., 67), as
gem no SoHo. Se visitá-lo na primavera ou
briquetas de meia tigela, lojas mequetrefes
finas lingeries da marca inglesa Wolford
no verão, faça uma reserva no jardim.
e os imponentes edifícios com estrutura
(Greene St., 122) ou as criações fluidas e
de ferro fundido, a grande moda arquitetô-
minimalistas da Tibi (Wooster, 120). Em
nica do século 19, muitos deles abandona-
tempos bicudos, vale dar uma espiada na
dos. À noite, poucos se aventuravam a um
Fillmore & 5th (Broome St., 398), que
rolê pela vizinhança.
vende roupas de segunda mão, porém em
Foram os artistas, sempre eles, que apoiaram a revitalização do bairro, agora batizado como SoHo e delimitado pelas ruas Houston, Crosby, Canal e Avenue of 52
Quem dá cara ao SoHo hoje é o comér-
Mit revista
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perfeito estado, de grifes poderosas como Chanel, Prada, Gucci. Para comer bem, o Aurora Soho (Broome St., 510) é um italianinho simpá-
Buenos Aires
É
meio complicado – talvez como aprender a dançar tango – decifrar a intrin-
cada nomenclatura não oficial com que os portenhos batizaram cada pedacinho do
getty images
De dia ou de noite, o coração do Soho de Buenos Aires é a Plaza Serrano, próxima de onde nasceu Jorge Luis Borges
grande bairro de Palermo, ao norte da cida-
praça e ali mesmo toma os primeiros
surpreendentes. Modernos dão um pulo
de. Há o Palermo Chico, o Nuevo, o Norte, o
tragos, no Macondo Bar (Jorge Luis
na De Vanguardia (Malabia, 1.782), loja
Alto, o Botânico, o Hollywood e até o Freud.
Borges, 1.610) ou no Querido Gonzáles
meio bagunçada que reúne roupas e
Há quem prefira, e com razão, hospedar-se
(Honduras, 4.999), simpático casarão
acessórios dos novos estilistas de street
em Palermo Soho, bem longe do Obelisco,
de esquina. Os que querem música alta e
wear de Buenos Aires. Camisetas com
onde se concentram multidões e grande
decoração estilosa vão ao Sheldon (Hon-
estampas diferentes estão na Gimme
parte da rede hoteleira tradicional. Não que
duras, 4.969), famoso pela boa comida. O
Gimme Store (Pasaje Santa Rosa, 4.985).
não haja muvuca no Soho argentino, mas
nome da Bodega Cervecera (El Salvador,
E a Bokura (El Salvador, 4.677), só para
ela é formada por gente mais relaxada,
5.100) é autoexplicativo: aqui você prova as
meninos, é uma das muitas grifes ousa-
que lota a Plaza Serrano, informalmente
melhores cervejas artesanais produzidas
das que nasceu em Palermo Soho.
conhecida como Plazoleta Cortázar.
na Argentina, na pressão ou engarrafadas.
Para se hospedar com exclusividade,
Haverá dezenas de outros bares chiques e
o pequeno Mine Hotel Boutique (Gorriti,
ral, Palermo ficou ao largo do processo
alguns chinfrins, que guardam a tradição
4.770), com apenas 20 quartos, foi um
de reurbanização da cidade. O pedaço,
bairrista de Palermo. Basta se embrenhar.
dos ganhadores do prêmio Traveller’s
No final do século 19, zona semiru-
destinado a habitações proletárias, já era barra-pesada na época em que Jorge
Moda e design também pululam no
Choice 2016 do Tripadvisor. Os de alma
Soho sul-americano. O passeio de compras
clássica vão gostar do Duque Hotel Bou-
Luis Borges, nascido na Serrano, próximo
para casa pode começar na Agnes (Uriar-
tique (Guatemala, 4.634), que impres-
à Plazoleta, observava o que narraria
te, 1.971), que restaura e vende móveis e
siona pela fachada em estilo art noveau e
na vida adulta: “Havia gente de fraca
objetos de diferentes décadas, o que eles
conta com spa. Outro charme é o também
qualidade, juntamente com gente pouco
chamam de “barroco urbano”. A chique
diminuto, porém requintado, o Legado
agradável; rufiões e compadritos, que se
Patrón (Malabia, 1.644) reúne trabalhos de
Mítico (Gurruchaga, 1.848). Os 11 quartos
caracterizavam por lutas e facadas”.
vários designers e artistas argentinos, da
levam o nome de mitos argentinos como
moda à decoração, com mostras especiais
Victoria Ocampo, Evita, Carlos Gardel e
na galeria do subsolo.
Martín Fierro e Mafalda.
O clima que se respira hoje em Palermo Soho, enfim, é bem mais ameno e colorido. Quem chega ao centro do quadrilátero
Rapazes e moças também podem
compreendido entre as ruas Coronel
fazer a rota fashion no bairro, a partir da
PS – Seja qual for a cidade escolhida,
Niceto Vega, Godoy Cruz, Guatemala e
Koshkil (Uriarte, 1.327), que vende finas
se avistar um coelho pulando pelas redon-
Malabia é recebido pelo clima festivo da
peças de lã merino em cores e formas
dezas, já sabe: grite “so ho!”. junho 2016
Mit revista
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mundo urbano tecnologia
the top ten
Todo dia aparece um novo produto conectado à web. E tudo para facilitar a sua vida. Acompanhe aqui a seleção dos dez melhores por paulo mancha d’amaro
Q
uem gosta de cinema certamente se lembra
“A internet das coisas é uma tendência muito forte”, diz o
da cena: o policial John Anderton, personagem
engenheiro Rodrigo Calili. “Algo que pode ajudar também na
de Tom Cruise em Minority Report: A Nova
gestão de consumo e na sustentabilidade.” Pesquisador e pro-
Lei, percorre os corredores de um shopping
fessor do Centro Técnico Científico da PUC-RJ, Calili é um dos
center. Ali, é assediado por cartazes de
embaixadores do projeto N.O.V.A. (Nós Vivemos o Amanhã).
propaganda 3-D que o reconhecem e o chamam
Trata-se de uma ação colaborativa que está construindo uma
pelo nome, convidando-o a comprar cerveja, perfume, roupas. A história se passa em 2054, mas, a julgar pelo avanço da tecnologia, isso deve acontecer bem mais cedo.
espécie de casa do futuro, em Niterói (RJ). Não pense que é devaneio de cientista maluco. A coisa é bem séria: um estudo da Cisco, empresa de TI, indica que 50 bilhões (!) de dispositivos estarão conectados à internet até 2020. Só o governo britânico liberou recentemente 45
uma miríade de gadgets, usados no dia a dia, ligados à rede
milhões de libras para pesquisar a internet das coisas. Gerin-
mundial de computadores, todos se comunicando entre si:
gonças tidas como “futuristas” alguns anos atrás, já podem
eletrodomésticos, carros, smartphones. Tudo para facilitar e
ser compradas. Ou estão prontas para entrar no mercado. Se-
melhorar nossas vidas (ou perturbar, como no filme).
lecionamos dez das mais bacanas. Divirta-se.
fotos: divulgação
O fenômeno que nos liga eletronicamente a tudo e a todos já está em curso e tem até nome: internet das coisas. Ou seja,
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Mit revista
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O lençol que embala o sono e faz café n Luna Smart Mattress Cover Parece um simples revestimento para colchão, mas o Luna Smart Mattress Cover é um intrincado sistema de sensores ligados à internet que só falta falar. Para começar, ele permite que você determine a temperatura ideal da cama e, ao longo da noite, aquece ou esfria automaticamente. Além disso, registra seus batimentos cardíacos, a respiração e até as posições em que você dorme – e tudo isso vira um relatório na internet, que pode ser usado até pelo seu médico. Ah, o lençol inteligente também pode apagar a luz e a TV tão logo perceber que você dormiu. E, se você tiver uma cafeteira ligada a ele por bluetooth ou wi-fi, ele dará as ordens para que o café seja feito assim que você se levantar. US$ 300, eightsleep.com
A geladeira dos apressadinhos n Samsung Smart Fridge + Smarter Mat Nunca mais fazer uma lista de compras! Já pensou? Pois é o que promete – e cumpre – a Samsung Smart Fridge, à venda a partir de agosto. Ela tem um tablet acoplado que toca música, tira e envia fotos, mostra receitas e o mais importante: faz compras em diversos sites, bastando aproximar o cartão de crédito (por enquanto, só MasterCard). Ah, também tem câmeras internas que mostram na tela de 21,5 polegadas o que há lá dentro, evitando aquele abre e fecha da porta (e as broncas por conta disso). A geladeira fica mais bacana ainda quando usada em conjunto com o Smart Mat (que não é da Samsung). Trata-se de um sensor em forma de tapete que você coloca embaixo do produto que desejar (leite, refrigerante, pote de manteiga). Quando estiver acabando, o tapete manda um aviso para o seu celular. Geladeira, preço a definir samsung.com Smarter Mat, US$ 100, smarter.am
Conectado pra cachorro n Scout 5000 Quer saber onde anda seu cachorro? Por onde ele passeou? O que ele viu? Como está a saúde do bichinho? Pergunte à coleira Scout 5000. Fabricada pela Motorola, a engenhoca tem GPS, câmera e monitores de batimentos cardíacos e de temperatura. Tudo enviado para o armazenamento em seu celular ou computador. Esses dados podem ser utilizados até pelo veterinário. A coleira é tinhosa: filma em alta resolução e faz streaming via internet. Ou seja, você acompanha em tempo real o que o seu totó está aprontando. Deu saudade? Fique sussa: um alto-falante minúsculo permite que você converse com o bichinho, via celular. US$ 200, binatoneglobal.com
esqueça chave à vontade n Genie Smart Lock Todo mundo já passou pela situação: chegar em casa, revirar os bolsos ou a bolsa e nada de encontrar as chaves. Pois bem, isso acabou. A Genie Smart Lock abre automaticamente a porta quando você se aproxima, graças à comunicação com o seu smartphone. E, quando você sai, a porta se tranca sozinha assim que a comunicação com o celular é cortada. Ela ainda registra quem entrou e saiu, com os horários. Mais: manda todos os dados via bluetooth ou wi-fi para o seu smartphone, tablet ou computador. Acabou aquela história de filho mentir para os pais sobre a hora em que chegou da balada. US$ 249, geniesmartlock.com
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mundo urbano tecnologia
esta dá pedal fotos: divulgação
n MoDe:Me Bike Bicicleta boa, mas boa mesmo, é aquela que anda sozinha quando você se cansa. A MoDe:Me, apesar do nome esquisito, vem equipada com um sensor de batimentos cardíacos. E não é que o aparelhinho, veja só, aciona o motor automaticamente quando você começa a botar os bofes pra fora? O sensor também registra e envia para o seu celular relatórios que vão fazer a alegria do seu médico. Mais serviços? O GPS indica rotas com menos subidas. E ainda avisa quando um carro se aproxima. Tá bom ou quer mais? Preço a definir electricbikereport.com
para o banho do cascão n Hydrao 2.0 Ainda é um protótipo, mas os franceses acabam de inventar um modo de economizar água no banho (sem piadinhas, é sério!). O Hydrao 2.0 ilumina a água com diferentes cores, conforme o consumo. Nos primeiros 10 litros, ela sai verde; de 10 a 49, azul; e acima disso, vermelha. O sistema envia para o computador ou celular um relatório de todos os banhos. E ainda calcula o gasto individual em dinheiro. Sabe aquele desconto na mesada com que você sempre ameaçou seus filhos? Pois é... Preço a definir hydrao.fr/en
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Mala com alça... e rastreador n Bluesmart Carryon Nada pior do que ficar uma eternidade em frente à esteira de bagagens e, no fim, não ver a sua mala aparecer. Isso, claro, para quem ainda não tem a Bluesmart Carryon. Pra lá de futurista, ela sai de fábrica com um chip 3G ativado via roaming. Ou seja: você pode rastreá-la do Atacama à Zululândia, via celular, tablet ou computador. Mais: a trava de segurança é ativada pelo smartphone. Inteligente que ela só, ainda destrava quando o dono se aproxima – ou avisa quando você se afasta dela. Só falta abanar a cauda. US$ 400, bluesmart.com
Apertou... comprou! n Dash Button Há poucas frustrações maiores do que acordar e descobrir que o café acabou. Ou perceber que não tem sabão em pó na hora de ligar a lava-roupas. Pois bem, se depender da Amazon, isso acabou. Ela criou os dash buttons. São aparelhinhos minúsculos, do tamanho de uma unha, que você cola no armário da cozinha, no espelho do banheiro, no escritório, na lavanderia. Cada dash button corresponde a um produto em uso. Antes que ele acabe, você aperta um botão – e encomenda a reposição. Em poucas horas, conforme o artigo, a nova remessa chega à sua casa. A Amazon tem mais de 70 dash buttons à venda, de ração para cachorro a desodorante. US$ 5, amazon.com
Regador de jardim hi-tech n Rachio Smart Sprinkler Sprinklers automáticos, que regam o jardim em horários programados, não são novidade. Mas e se o seu pudesse saber quando é realmente necessário hidratar a grama? A americana Rachio pensou nisso. E inventou um sistema que economiza até 50% da água, baseando-se na previsão do tempo. Conectado à internet, via wi-fi, ele controla os irrigadores e se alimenta de informações sobre meteorologia, umidade relativa do ar e possibilidade de chuva. Ou seja, se o ar estiver muito seco, as torneiras são abertas. Se for chover, o registro fica fechado. E, caso você não confie na previsão do tempo, pode controlar os sprinklers você mesmo, remotamente, via celular. US$ 250, rachio.com
salada feita em casa n Grove Ecosystem Parece coisa de louco. A americana Grove Labs descobriu ser possível montar uma pequena horta acoplada ao aquário doméstico. Como? Ora, os dejetos dos peixes servem como adubo, ao mesmo tempo em que a horta filtra a água. O segredo para o funcionamento de um ecossistema tão delicado é o monitoramento via aplicativo, ativado por sensores instalados na horta. Você digita no smartphone o que plantou. O App busca na internet os dados ideais de temperatura, umidade e quantidade de adubo. E administra tudo. Se você pode monitorar aquário e horta a distância? Claro. Pela tela do smartphone. US$ 4.500, grovelabs.io
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olympia! Uma saga milenar com heróis inesquecíveis por silvio lancellotti
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á mais de 3 mil anos, a humanidade antepunha dois conceitos. Pela posse e pelo cultivo da terra, fazia a guerra. Daí, como alternativa aos conflitos bélicos, criou o esporte, celebração suprema das potencialidades do físico. À época, se dividia o tempo no equivalente ao que se chama hoje de quatro anos – e tal período correspondia a uma Olimpíada. De certa maneira, a Olimpíada era uma pausa obrigatória, um bálsamo entre a loucura de cada guerra. O procedimento nasceu no Peloponeso, na Grécia, um vale fértil e rico. Sempre que ocorria o interregno das lutas armadas e mortais, os cidadãos do Vale, ou de Olímpia, curtiam a memória de seus antepassados e realizavam competições cuidadosamente programadas. Inaugurava-se o cerimonial com o acendimento de uma chama, expunham-se os objetos prediletos dos heróis de cada confronto do passado e se realizavam provas de corrida, de arremessos e de lutas várias. Os Jogos Olímpicos se inauguraram oficialmente em 776 a.C. Atletas de inúmeras plagas, inclusive de fora da Grécia, se inscreviam nas competições. Nada, porém, atraía tantos interessados quanto a maratona. Jura uma lenda que, em 490 a.C., os gregos comemoraram o seu triunfo com uma façanha de antologia: incumbiram Pheidíppi-
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des, o seu melhor fundista, de percorrer um trajeto de 40 mil metros entre a planície de Maratona e Atenas, com as informações sobre a vitória. Consta que Pheidíppides morreu logo ao entrar na cidade. No fim do século 19, o francês Pierre de Fredi (1863-1973), barão de Coubertin, um bilionário apaixonado pelo esporte, diplomado em pedagogia, se empolgou com a descoberta das ruínas de Olímpia. E decidiu estruturar uma campanha internacional para reviver os Jogos. Imaginava o barão, um personagem vaidoso de entonação cativante, que tal ressurreição tornaria o planeta menos belicoso. Espalhou a sua ideia pela Europa e pelos Estados Unidos – apesar de dificuldades de toda ordem. O fato é que entre 16 e 23 de junho de 1894, com a participação de delegados de 13 nações e mais os informais de outras 24, se configurou que haveria, em Paris, uma pré-convenção olímpica. Sucedeu-se uma explosão de ânimos e num prazo recorde de 18 meses se produziram as instalações para os primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna, a se abrigarem, claro, na eufórica Atenas.
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O grego Spyridon Louis (abaixo) levou o primeiro ouro da história. Já o americano Jesse Owens (à esquerda) brilhou nos Jogos em que Hitler babou por Helen Stephens
ATENAS 1898 Um carteiro deu as cartas O primeiro vencedor do ouro, Spyridon Louis, um carteiro, não tinha sequer roupas apropriadas. Foi acompanhado no percurso todo, 40 mil metros, por Zeus, seu vira-latas. Ocorreu, paralelamente, o doping mecânico do helênico Spyridon Belokas, que encurtou caminho ao pegar carona numa charrete.
PARIS 1900 A campeã de gravatinha Recém-vencedora do templo de Wimbledon, a tenista britânica Charlotte Cooper se tornou a primeira dama a conquistar uma medalha de ouro nos Jogos – de gravatinha, levou os prêmios, então simbólicos, meros certificados, na prova de simples e na de duplas mistas, ao lado do compatriota Reggie Doherty.
ESTOCOLMO 1912 Rebelde e herói Um capitão agressivo e mal-educado de 27 anos, oficial da cavalaria do Exército dos Estados Unidos, arrebatou o quinto posto da prova do pentatlo moderno. Era George Smith Patton Jr. Ele mesmo, futuramente um dos heróis da Segunda Guerra Mundial, um dos comandantes da invasão da Europa pelas tropas aliadas, contra os nazistas.
ANTUÉRPIA 1920 Atiradores desarmados As primeiras medalhas do Brasil (ouro, prata e bronze), todas elas no tiro esportivo, nasceram de armas e de munições emprestadas por rivais americanos – as nossas haviam sido surrupiadas durante o transporte. Ao tenente Guilherme Paraense, ouro no tiro rápido. A Afrânio da Costa, prata na pistola livre. Costa, Paraense, Sebastião Wolf, Dario Bar-
bosa e Fernando Soledade ainda abiscoitaram o bronze na pistola por equipes.
LOS ANGELES 1932 Com calção emprestado O evento foi grotescamente bagunçado pela ridícula postura do Comitê Olímpico Brasileiro, que exigiu que cada um de seus selecionados vendesse 50 mil sacas de café na viagem de navio até os EUA. Incapaz de cumprir a sua tarefa, o estoico Adalberto Cardoso, que nem mesmo fardamento possuía, se obrigou a deixar o navio Itaquicê antes de seu destino. Foi a pé até o estádio, ganhou de presente um par de tênis e um calção, completou o trajeto e se tornou herói da mídia local.
BERLIM 1936 - I A preferida do Führer Não é absolutamente fato que o ditador Adolf Hitler (1889-1945) se recusou a cumprimentar o negro Jesse Owens (1913-1980), ouro nos 100 metros, nos 200 metros, no revezamento de 4 x 100 e no salto em extensão dos Jogos de 1936. Na verdade, na entrega da medalha dos 100 metros, o Führer sumariamente optou por uma outra atividade: flertar com Helen Stephens (1918-1994), a campeã feminina dos 100 metros, e perdeu a hora do pódio.
BERLIM 1936 – II A Stella que era um rapaz Sob a bandeira dos EUA, a refugiada polaca Stanislawa Walasiewicz, ou Stella Walsh (1911-1980), arrasou na prova dos 100 metros para garotas – e só perdeu o ouro para o biju de Hitler, Helen Stephens. Na Segunda Guerra, voluntária, Stella se alistou às tropas dos Aliados e se transformou em enfermeira, em Cleveland, Ohio. Vivia sossegada, como aposentada, aos 69 de idade, quando, no assalto a um supermercado, acabou assassinada. Uma autópsia, obrigatória, constatou que se tratava de um homem.
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O nosso Adhemar Ferreira da Silva e a romena Nadia Comaneci brilharam no ar e no solo
HELSINQUE 1952 – MELBOURNE 1956 Um Adhemar para se orgulhar Charmosíssimo, encantador, poliglota, Adhemar Ferreira da Silva (1927-2001) fazia o seu relaxamento, antes de se alongar e de se aquecer, sempre de violão em punho. Até mesmo aprendeu o idioma local. Suplantou o recorde dos Jogos em quatro tentativas, o recorde do planeta em duas. Repetiu a dose na Austrália, quatro anos depois. Mas, em Roma, em 1960, não passou das eliminatórias. De maneira inédita, o público local exigiu que Adhemar desse várias voltas na pista, com a plateia toda em pé.
ROMA 1960 Duelo de titãs Uma das batalhas mais sensacionais de toda a história. Rafer Johnson (EUA) e Yang Chuan-Kwang (Taipé) eram colegas, amicíssimos, na Universidade de Los Angeles, a UCLA. Coube-lhes o destino de disputar, milímetro a milímetro, o ouro do decatlo em Roma. Mais leve, Yang levava vantagem nas competições de saltos e de velocidade. Rafer, nas de força e de arremessos. Na disputa derradeira, os 1.500 metros, já era quase madrugada. Rafer, 4’49”7, ficou pouco atrás de Yang, 4’48”5. O suficiente para somar 8.392 pontos contra 8.344 e ganhar um dos títulos mais emocionantes dos Jogos.
TÓQUIO 1964 De bandeja Foi uma geração espetacular, a de Amaury, Wlamir, Mosquito & Cia. Chegou a Tóquio depois de vencer dois campeonatos mundiais de basquete. Liderada pelo folclórico 62
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treinador Togo Renan Soares, o Kanela, a equipe do Brasil arrebatou o terceiro bronze em Olimpíadas (havia conquistado outros dois pódios em Londres e Roma). Numa das semifinais, perdeu para o esquadrão quase profissional da então União Soviética por apenas 47x53.
MUNIQUE 1972 a LOS ANGELES 1984 Jogos contaminados Em 12 anos, por quatro patéticas vezes, os Jogos foram contaminados – intolerância religiosa, preconceito racial, rabugice ideológica, reação infantil. Em 1972, a invasão de terroristas palestinos que mataram atletas e agregados de Israel. Em 76, o boicote de 50 países da África, América e Ásia ao evento de Montreal, num torpe e vil protesto ao seu acolhimento a um time de rúgbi da África do Sul. Em 80, uma ridícula represália no certame de Moscou, com a ausência dos americanos e de outras 50 nações. Em 84, a vingança dos comunistas ao certame de Los Angeles. Os cretinos cartolas de plantão não abandonaram seus gabinetes refrigerados. Mas gerações de jovens foram impedidas de se exibir.
MONTREAL 1976 O anjo romeno Quem não visitou o Canadá desperdiçou o privilégio de ver um anjo, uma miniboneca romena, Nadia Comaneci, 14 anos, 1,50 metro, 35 quilos, acumular dez notas dez, uma façanha inaudita nos Jogos. Parecia pairar sobre o solo e sobre os aparelhos. E na sua carreira ainda necessitava brigar com as estupendas soviéticas Olga Korbut e
Nelly Kim. Em 1989, fugiu a pé para os EUA e daí se instalou no Canadá, onde se tornou uma requisitada palestrante de prestígio internacional.
SEUL 1988 Ben dopado Em 24 de setembro, quando desembarcaram na decisão dos esfuziantes 100 metros do atletismo, o americano Carl Lewis e o jamaicano-canadense Ben Johnson já se debatiam numa atroz rivalidade. Quem seria o melhor do universo? Na final da Coreia do Sul, numa arrancada descomunal, Johnson suplantou Lewis por duas jardas. Celebrou com um bolo de chantilly perpetrado pela mãe e com diversas garotas de fama estranha num cabaré. À 1h45 da madrugada do dia 25, no seu hotel, Carol Ann Letheren, a chefe da delegação do Canadá, recebeu uma visita desagradabilíssima. Johnson correra dopado e teve de devolver todos os seus prêmios conspurcados.
BARCELONA 1992 a LONDRES 2012 Zé Roberto, o único Paulista de Quintana, nascido em 1954, José Roberto Lages Guimarães foi levantador da seleção brasileira de vôlei que disputou os jogos de Montreal e, depois, em 1988, assumiu o comando da seleção e abiscoitou o título em Barcelona. Em 2003, se transferiu à equipe feminina, em que permanece até hoje, e pela qual faturou o topo do pódio em Pequim 2008 e em Londres 2012 – o único técnico da história a arrebatar o máximo laurel dos Jogos, na sua modalidade, em ambos os gêneros.
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Duas glórias dos EUA: o Dream Team do basquete e o nadador Mark Spitz
SEUL 1988 a SYDNEY 2000 Ótima maré para a vela Com duas medalhas de bronze, o velejador Lars Schmidt Grael, paulistano de 1964 (Tornado em Seul 88 e em Atlanta 96), se tornou um ídolo de antologia ao lado do primogênito Torben (também paulista, 1960 – bronze na classe Tornado de Seul 88 e de Sydney 2000, prata na Soling de Los Angeles 82 e Ouro na Star de Atlanta 96 e de Atenas 94). Curiosamente, quase sempre escolheram não competir juntos. Ao lado de Paul Elvstrøm, um dinamarquês de 1928, Torben é o iatista com o maior número de pódios nos Jogos.
ATLANTA 1996 e SYDNEY 2000 Xou do Xuxa Catarinense de Florianópolis, asmático na infância, Fernando Scherer, o Xuxa, por causa dos cabelos platinados, aderiu às piscinas para corrigir a sua respiração. E, graças à altura, 1,93 metro, e à envergadura, 1,98 metro, depressa se tornou um campeão. Em Atlanta, depois de abiscoitar o bronze dos 50 metros com 22”29, impactou os jornalistas ao se exibir com unhas que invejariam modelos de esmalte. Ao justificar o tamanho, gargalhou: “A prova dos 50 metros se desenvolve num relâmpago. As unhas bem compridas ajudam você a bater antes na placa do tempo”. Em Sydney, mesmo convalescente de uma lesão de tornozelo, contribuiu para o bronze do revezamento dos 4 x 100 livres.
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ATLANTA 1996, PEQUIM 2008 e LONDRES 2012 As mulheres na frente Jacqueline Silva e Sandra Pires já ostentavam um ouro no vôlei de praia de Atlanta. A seleção das meninas ficou com o topo do pódio no vôlei de quadra de Pequim. Foi a judoca piauiense Sarah Gabrielle Cabral de Meneses, 29 de março de 1990, até 48 quilos, a primeira brasileira a arrebatar o laurel individual depois de cinco triunfos esplendorosos. Soma, ainda, três bronzes no Mundial (Tóquio 2010, Paris 2011 e Rio 2012) e um no Pan de Guadalajara 2011. Cumpre, paralelamente ao esporte, uma carreira militar – e bate continência à bandeira do país.
MUNIQUE 1972 e BARCELONA 1992 A vez do Dream Team No dia 10 de setembro de 1972, graças a um equívoco do árbitro brasileiro Renato Righetto, que não encerrou a decisão no instante justo, os EUA desperdiçaram uma série de sete títulos seguidos no basquete, perderam da URSS por 51 x 50 e detonaram uma invencibilidade de sete títulos olímpicos. Sempre haviam atuado com elencos amadores ou universitários, enquanto os seus rivais, principalmente os ligados à União Soviética, utilizavam atletas que ganharam proventos subrepticiamente. Para Barcelona, porém, o COI aceitou acolher os profissionais dos EUA – que levaram à Catalunha um verdadeiro “Dream Team” com os seus maiores astros e só um universitário, Christian Laettner. Numa expressão, mesmo, “Time dos Sonhos”, oito triunfos, 978 pontos contra 586.
MUNIQUE 1972 A marca do Mark Ele nasceu em Modesto, Califórnia, a 10 de fevereiro de 1950. Individualista e temperamental, inclusive expulso do celebrado Santa Clara Swim Club, era um estudante de odontologia já revelado quatro anos antes nos Jogos da Cidade do México, com duas medalhas de ouro nos revezamentos. Em Munique, porém, Mark Spitz, caracterizado por um corpo esguio, 1,90 metro e 73 quilos, dono de um bigodinho singular, cravou todos os primados individuais da história dos Jogos: sete vezes no topo do pódio. Depois, se tornou um milionário com as ações de publicidade.
SYDNEY 2000 e LONDRES 2004 Deu chabu Tricampeão do planeta de 1998 a 2000, o alazão francês Baloubet de Rouet, pertencente ao bilionário lusitano Diogo Pereira Coutinho e montado pelo ginete brasileiro Rodrigo Pessoa, chegou à Austrália como favoritíssimo da prova de saltos da equitação. Desafortunada e inexplicavelmente, porém, na briga pelo ouro, por três vezes seguidas se recusou a pular um obstáculo simples – e acabou desqualificado. Vingou-se na Inglaterra. Ficou com a prata, mas levou o ouro por causa do doping de Waterford Cristal, montado pelo irlandês Cian O’Connor. Aos 17 anos, Baloubet aposentou-se em 2007 e se tornou um vendedor de sêmen. Uma dose de 0,25 ml, congelada, pode custar R$ 60 mil.
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il signore del vino Angelo Gaja é o mais respeitado produtor de vinhos da itália. Saiba como o soberano do Piemonte se tornou também o mandachuva da Toscana por mauro marcelo alves
D
-se gaia) resolveu enfiar a pá em terras
e o Brunello di Montalcino. Ou seja: confirmou não ser
da rival Toscana. Naturalmente, foi recebido com des-
apenas The undisputed King of Barbaresco, como afir-
crença por muitos toscanos. Diziam: “Magari, magari”.
mou o jornal Los Angeles Times.
esafio é com ele mesmo. Conhecedor
teve o mesmo número de vinhos premiados com o 5
profundo do chão do Piemonte, norte da
Grappoli: Piero Antinori.
Itália, onde brotam as uvas de seus mira-
O interessante na lista é justamente Angelo ter em-
culosos vinhos, Angelo Gaja (pronuncia-
placado dois vinhos toscanos, o Bolgheri Ca’Marcanda
Na boca de um italiano, um “talvez” bem irônico, ainda mais com o gesto típico de mão com os dedos juntos. Gaja foi, estudou as terras tão diferentes das suas,
lo Gaja, entre tantas, é a sua elegância, tanto no vestir quanto nos modos. Pude descobrir isso em um domin-
passou corajosamente a elaborar Brunello di Montal-
go, quando, depois de serpentear pelas lindas colinas
cino em Maremma e plantou uvas de procedência
do Piemonte, cheguei a Barbaresco pela manhã. Iria
francesa para, de novo, encantar o mundo com
entrevistá-lo, mas hesitei antes de ligar, por causa
grandes vinhos. O que os desconfiados toscanos
do clássico dia de descanso. No entanto, os con-
esqueceram é que ele já havia desafiado o pró-
tatos prévios feitos no Brasil me autorizavam a
prio pai. Sim, certa feita mandou o velho viajar.
isso. Gaja atendeu o telefone e perguntou onde
Na volta, Giovanni Gaja viu, horrorizado, que o
eu estava. Dali a 20 minutos estacionou em
filho havia arrancado um vinhedo da sua ama-
frente ao hotel. Fiquei constrangido ao saber
da casta Nebbiolo e plantado no lugar uma
que havia chegado do Japão naquela madru-
uva “invasora”, a Cabernet Sauvignon.
gada, mas seu jeito caloroso de falar me deixou à vontade.
O velho balançava a cabeça e dizia: “Darmagi, darmagi” – que pena, que pena. O que
Fomos para a vinícola, bem no coração
fez Angelo? Batizou o novo rebento de Dar-
da velha cidade. Ele me mostrou as instala-
magi, hoje um dos mais consagrados tintos
ções onde alguns de seus tesouros descan-
de seu portfólio.
savam nos barris e, no pátio, apontou-me
Este é Angelo Gaja, também chama-
as pilhas do carvalho deixado ao relento
do de pontífice do vinho italiano pela aura
até ficar perfeitamente seco. Do pátio, me
que o cerca, várias vezes eleito Homem
mostrou sua casa, na colina em frente.
do Ano por revistas especializadas. Aos 76
Conversamos mais um pouco (antes, me
anos, ele continua firme à frente de suas
perguntou se eu preferia italiano, inglês
vinícolas. Uma prova disso? No recente
ou francês) e, quando me preparava para
guia Bibenda 2016, da Fondazione Italiana
me despedir, fez um convite: almoçar em
Sommelier, despontou como recordista da
sua casa. Fiquei surpreso e muito conten-
premiação máxima, 5 Grappoli, com seis
te, claro, ainda mais porque era meu pri-
rótulos: Barbaresco 2012, Langhe Char-
meiro encontro pessoal com ele. Subimos
donnay Gaja & Rey 2013, Langhe Nebbio-
entre os vinhedos até o alto da colina. Lá,
lo Conteisa 2011, Langhe Nebbiolo Sperss
a família nos esperava: a mulher, Lucia; as
2011, Bolgheri Rosso Ca’Marcanda 2012 e
filhas, Gaia e Rossana; e o caçula, Giovanni.
Brunello di Montalcino Sugarille Pieve San-
A saga dos Gaja começou em 1859, em
ta Restituta 2010. Apenas outro produtor
Barbaresco, com o bisavô Giovanni. Deste divulgação
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Uma das características mais marcantes de Ange-
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O embaixador do vinho italiano (com destaque para o Barbaresco) e a filha, Gaia
Angelo e seu Barbaresco: duas lendas vivas
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Angelo continua morando com a família no Piemonte. Mas viaja constantemente para administrar seus vinhedos na Toscana
passou ao avô Angelo e seguiu com o pai, Giovanni até chegar a Angelo (adivinhem qual o nome do atual herdeiro? Giovanni, claro). Até Giovanni-pai a atuação da vinícola era essencialmente local e o próprio vinho Barbaresco não tinha uma imagem tão favorável. Era muito rascan-
Ele se define como um “artesão do vinho”. No Piemonte, seu prestígio é tamanho que se costuma perguntar: “Você já ouviu falar desse cara chamado Deus, andando por aí fingindo ser Angelo Gaja?”
paixão é como o limpador de parabrisas do carro – ele não para a chuva, mas permite que você continue em frente”. Ao romper com a tradição enológica da família, Angelo começou por abandonar as grandes barricas de carvalho da velha Iugoslávia, usadas
te. Ao assumir a cantina familiar com
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negócio. Haverá maus momentos e a
apenas 21 anos, em 1961, Angelo não só iniciou uma revolução
ano após ano, e passou a utilizar barris menores (os bordale-
no modo de vinificar. Transformou-se principalmente em um
ses, de 225 litros), importados da França. Mas logo intuiu que
embaixador, responsável por elevar às alturas o prestígio do
era melhor comprar o carvalho francês da floresta de Tronçais,
vinho italiano no mundo. Para isso, usou seu indiscutível caris-
deixar as ripas secando por 36 meses ao ar livre e ele mes-
ma. E uma energia que espanta quem o conhece de perto.
mo administrar a fabricação em uma tanoaria local. Com isso,
Angelo nasceu em Alba, terra da trufa branca do Piemonte,
conseguiu abrandar os duros taninos da Nebbiolo, equilibran-
cursou enologia em sua cidade natal e fez pós-graduação em
do essa força com a rara elegância que seus vinhos passaram
economia, na Universidade de Turim. Suas vinícolas, que hoje
a exibir.
dirige junto com a filha mais velha, a linda Gaia Gaja, têm cer-
Para a darmagi do pai e o escândalo dos mais velhos, ainda
ca de 100 hectares de vinhedos, o equivalente a 1 quilômetro
foi além: tornou-se o primeiro na região a plantar as uvas fran-
quadrado. Angelo sempre fez questão de não comprar um só
cesas Cabernet Sauvignon (que, se dizia por lá, jamais dariam
bago de uva de viticultores vizinhos, prática comum entre as
certo naquele solo e clima), Chardonnay e Sauvignon Blanc,
grandes corporações do ramo. É reconhecido como o homem
ignorando a tradicional rivalidade com o país vizinho. Como
que contribuiu decisivamente para elevar os vinhos do Pie-
se não bastasse, esnobou regras da denominação de origem
monte, em especial Barbaresco e Barolo, ao panteão dos tintos
controlada (DOCG) para Barolo e Barbaresco, que impunham
do planeta. E como fez isso? “Gosto de dizer que sou um arte-
o uso de 100% da Nebbiolo, adicionando-lhes partes de outra
são do vinho”, diz. “Usei o coração e a alma.” E acrescenta bem
uva local, a Barbera. E para todos os vinhos imprimiu ainda
ao seu estilo: “Meu papel é o de proteger a paixão por trás do
rigorosas práticas de colheita, fermentação e guarda.
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Sobre a decisão de plantar a robusta Cabernet
outros. E, na Toscana, os já citados Ca’Marcanda Bol-
Sauvignon, Angelo apela para uma analogia cinemato-
gheri e Brunello di Montalcino Sugarille da Pieve S. Res-
gráfica. “Ela é como John Wayne, previsível na forma
tituta.
como domina a situação em que se envolve”, afirma. “A
São rótulos caros (ainda mais no Brasil, com os im-
Nebbiolo é como Marcello Mastroianni no filme Fellini
postos indecentes). Mas Angelo Gaja tem a elegância de
8 ½: conquista as mulheres de maneira tranquila, mis-
falar bem dos produtos do Novo Mundo, mais baratos.
teriosa, sensual.”
Em uma conversa, há alguns anos, me disse que são
Quando visitei Angelo, a primeira impressão ficou bem gravada na memória: ele abriu seu belo Chardonnay Ros-
consumidos por 80% da população do planeta e, por isso, têm suma importância para a iniciação ao vinho –
sj-Bass e, enquanto eu imaginava que seria servido, ele o despejou inteiro em uma peça de porcelana
que ele sempre diz ser “a bebida mais importante, depois da água”. E repetiu um de seus bordões:
cheia de lindos morangos. Prendi a respiração.
“Quem sabe beber, sabe viver”.
Os vermelhinhos iriam se impregnar daqueles
Importantes, mesmo, são os vinhos que
aromas e sabores excepcionais até a hora da
ele faz. Intensos, plenos de aromas e com fino
sobremesa. Tive inveja deles.
equilíbrio entre taninos, acidez e tudo o mais
A garrafa seguinte veio à taça, e com ela
que uma criação fora do comum pode propor-
o início de uma jornada alegre, em que seus
cionar. Podem não ser perfeitos, mas costu-
melhores vinhos eram abertos para o almoço
mam ser divinos. Ao escrever essa frase, sorrio
preparado pela própria família: antepastos, a
ao lembrar algo espirituoso que se costuma
salada, a massa ao molho de cogumelos, o as-
dizer no Piemonte: “Você já ouviu falar desse
sado de cordeiro. Angelo e Lucia iam e vinham
cara chamado Deus, andando por aí fingindo
da cozinha, as filhas ajudando a tirar os pratos
ser Angelo Gaja?”.
– não havia uma só empregada por perto. Os
Se eu já estava nas alturas naquela colina
pratos salgados chegaram gloriosamente ao
piemontesa, me surpreendi outra vez ao ver
fim. E então, os morangos, embriagados pelo
toda a família rumo à cozinha: hora de lavar pa-
Chardonnay, foram servidos. Inesquecíveis.
nelas, pratos e talheres. Ofereci ajuda. Angelo
No Piemonte, além de Barbaresco, os vi-
foi novamente um príncipe: disse que estava
nhedos se situam na vizinha Treiso e em Ser-
em sua casa e que eu deveria ficar tranquilo
ralunga Alba e La Morra, na região do Barolo.
tomando, àquela altura, o seu espetacular Sorì
Deles, saem uvas para os vinhos que correm
San Lorenzo. Continuei não acreditando: o mais
o mundo por sua excelência, como Barolo Da-
incensado homem do vinho italiano esfregando
gromis, Alteni di Brassica Langhe Sauvignon
facas e garfos.
Blanc, Sperss Nebbiolo, Conteisa Nebbiolo,
Ao sair, contemplei Barbaresco e acenei
Sorì San Lorenzo, Rossj-Bass Chardonnay-
para a família Gaja. Feliz como um morango
-Sauvignon Blanc, Sito Moresco, Sorì Tildìn e
bêbado.
Os Gaja entre nós
fotos: divulgação
O importador Ciro Lilla revela que tinha um sonho particular: trazer os vinhos de Angelo Gaja para seu portfólio. Disse conhecer produtores de várias regiões do mundo, mas que Gaja é único: “Não só por seus vinhos, mas pela energia, pela elegância e pelo conhecimento”. Eis alguns rótulos à venda na sua importadora Mistral. n Sito Moresco Langhe 2012 (US$ 120) n Barolo Dagromis 2009 (US$ 180) n Barolo Dagromis 2009 (garrafa magnum, 1,5 litro, US$ 454) n Rossj-Bass Langhe Chardonnay-Sauvignon Blanc 2011 (US$ 170) n Alteni di Brassica Langhe Sauvignon Blanc
2009 (US$ 198) n Alteni di Brassica Langhe Sauvignon Blanc 2010 (US$ 196) n Alteni di Brassica Langhe Sauvignon Blanc 2012 (US$ 196) n Barbaresco 2011 (US$ 470) n Sorì Tildìn Langhe Nebbiolo 2010 (US$ 1.000) n Sorì San Lorenzo Langhe Nebbiolo 2010 (US$ 1.070) n Darmagi Langhe Cabernet Sauvignon 2010 (US$ 580) n Sperss Langhe Nebbiolo 2007 (US$ 600) n Gaia & Rey Langhe Chardonnay 2010 (US$ 390) mistral.com.br
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Mit revista
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mundo sem fronteiras viagem
Latitude com atitude Não é apenas a posição geográfica da Serra Gaúcha que favorece a produção de vinhos e o aconchego. Tudo na região contribui para um passeio inebriante por luciana lancellotti, do rio grande do sul fotos andrea d’amato 70
Mit revista
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O Vale dos Vinhedos e o hotel Saint Andrews: beleza e muito conforto
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Mit revista
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mundo sem fronteiras viagem
G
ramado, Canela e Vale dos Vinhedos. Quando
para a mata atlântica. Lá embaixo, a todo vapor, intercalam-se as
o destino é a Serra Gaúcha, o desembarque no
etapas de produção da cervejaria, no mesmo andar em que funcio-
aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, ganha
nam um bar e um Bier Garten, irrigados com chope tipo Stout, ESB,
uma dose generosa de estímulo. Pela frente, há
Weiss e Pilsen.
2 horas de estrada, a maior parte pela BR-116,
Se a ideia for experimentar o melhor da produção cervejeira em
estrada inacreditavelmente bela em território
um só lugar, estique até o centro da cidade. O despojado Empório
gaúcho, pontuada por curvas, cidadezinhas de colonização alemã
Canela (rua Felizberto Soares, 258) oferece quase 90 rótulos, com
e paisagens idílicas. O percurso integra a chamada Rota Romântica,
predominância sulista, em um ambiente que combina bar, bistrô,
que segue da planície do Vale dos Sinos ao Planalto da Serra Gaú-
antiquário, livraria e loja de artesanato. Dica: na carta, a Extra Fancy
cha, passando por 14 municípios, de São Leopoldo a São Francisco
IPA e a Polimango Double IPA, ambas da marca porto-alegrense Tu-
de Paula.
piniquim, faturaram a medalha de ouro na South Beer Cup, único
Quando chega Nova Petrópolis – 1 hora e meia de estrada depois –, é a vez de rumar pelos contornos da RS-235 por mais 35 quilô-
campeonato sul-americano de cervejarias artesanais em âmbito profissional.
metros, até chegar a Gramado. A cidade, que anualmente sedia o principal festival de cinema do Brasil, costuma ser considerada ex-
CAMINHOS DIONÍSIACOS
cessivamente turística. Ainda assim, há muito o que descobrir fora
Retomando o itinerário sinuoso da RS-235, chega-se, 2 horas
do roteiro previsível que percorre casas de
depois, ao Vale dos Vinhedos, a única De-
café colonial e parques temáticos.
nominação de Origem de vinhos no Brasil,
A começar por um dos hotéis mais exclusivos do país, o Saint Andrews (saintandrews.com.br), membro da rede Relais & Châteaux. A localização é inusitada, dentro de um condomínio residencial, e o clima paira intimista – são apenas 11 suítes muito confortáveis, várias com vista debruçada para o vale do rio Quilombo. A ordem é dispensar o máximo de atenção aos hóspedes: quem chega de carro já avista parte da equipe a postos na entrada
Quem vem até aqui em busca de ótimos vinhos terá sua expectativa atendida. A surpresa: na região de Gramado e Canela novos produtores de cerveja já atingiram a excelência
principal, com toda a fidalguia. No restaurante, cintilam apenas cinco mesas, em um
que abrange parte das cidades de Bento Gonçalves (60%), Garibaldi (33%) e Monte Belo do Sul (7%), desenhando uma área de 81 quilômetros quadrados. Os percursos pela região são traçados a partir de duas vias principais – Estrada do Vinho e Via Trento – e suas respectivas ramificações. Por esses lados, a influência vem dos imigrantes italianos. Um deles, o viticultor Giuseppe Miolo, fundou, em seu lote de terra, no fim do século 19, uma vinícola com seu sobrenome, hoje a gigante Miolo (miolo.com.br). As variedades cultivadas nessa
ambiente decorado com tons sóbrios e lustres de cristal tcheco. Já
mesma área, Merlot e Cabernet Sauvignon, entram na elaboração
o café da manhã é servido em um gazebo, em etapas, como em um
de um dos vinhos ícones do Vale dos Vinhedos, o Lote 43. Lançado
menu-degustação. E, ao fim da estada, lá estará o staff, de novo à
em 1999, esse tinto foi produzido em apenas sete edições – a últi-
porta, acenando, sorridente, e desejando um retorno em breve.
ma, com a colheita de 2012, chegou ao mercado em maio deste ano. “Nosso grande limitador é a Cabernet Sauvignon, que tem maior di-
LÚPULO
ficuldade de maturação e pede um ano seco”, explica Adriano Miolo,
Tanto em Gramado como na vizinha Canela, a qualidade da
superintendente do Miolo Wine Group. “Se a safra não for excepcio-
produção de cervejas artesanais é crescente. Vale visitar ao menos
72
nal, simplesmente não produzimos.”
duas, uma em cada cidade. A gramadense Gram Bier (grambier.
Em frente à vinícola, o Hotel e Spa do Vinho, da rede hoteleira
com.br), em atividade desde 2014, é a caçula a fermentar no seg-
Marriott (marriott.com.br), impõe-se do alto de uma colina, com
mento, mas já tem rótulos premiados, como a Pecado, uma Blond
seus 128 apartamentos. O foco, aqui, não é o luxo, mas a localização
Ale cremosa e complexa, com aroma frutado e sabor levemente
e as atividades voltadas ao vinho, caso dos jantares harmonizados
adocicado. O lugar conta com um pub onde não se servem petiscos,
– além, claro, dos tratamentos terapêuticos à base de elementos
apenas chope e cervejas.
da viticultura, como óleos, extratos e sementes de uva. No restau-
Já em Canela, a Cervejaria Farol (cervejariafarol.com.br), fun-
rante interno, o Leopoldina, é praticada a cozinha de terroir, criada
dada em 2003, foi assim designada graças à torre local, com 32
para harmonizar com mais de 700 rótulos listados na maior carta
metros de altura, réplica de um farol da Alemanha. Quem sobe ao
de vinhos do Vale dos Vinhedos. O hotel também conta com um
mirante pelos aparentemente intermináveis 137 degraus é recom-
condomínio vitivinícola para a produção rateada de vinho, em um
pensado a contento: a vista panorâmica de 360 graus descortinada
processo acompanhado por enólogos.
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Casas de pedra e os doces francesess da Holic, de Canela, tornam tudo ainda mais europeu
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mundo sem fronteiras viagem DE TAÇA EM TAÇA
tor-geral Flavio Pizzato. O destaque do passeio: sob agendamento,
Como acontece com as microcervejarias, os passeios pelas viní-
são organizadas degustações verticais, que comparam a evolução
colas seguem um roteiro básico: visita às instalações, degustação
de um mesmo rótulo produzido em safras diferentes.
de alguns rótulos e possibilidade de compras. Na Casa Valduga VINÍCOLA DE GARAGEM
(casavalduga.com.br), mais uma gigante do setor, o ponto alto do tour é a cave de espumantes, com capacidade para 6 milhões de
Para conhecer um dos produtores mais intrigantes da região é
garrafas. “É a maior da América Latina pertencente a uma única fa-
preciso agendar a visita por telefone (54 3462-6807) – e não estra-
mília”, conta João Valduga, enólogo e proprietário. “Sessenta e cinco
nhe se o horário marcado for próximo à meia-noite. O engenheiro
por cento de nossa produção é voltada para os espumantes.”
mecânico Vilmar Bettù, 73 anos, é considerado temperamental.
Com instalações bem mais
Mas não se deixe enganar: trata-
compactas, o prédio de linhas mo-
-se de uma grande figura, cheia de
dernas da Almaúnica (almaunica.
histórias pra contar. Bettù produz
com.br), em Bento Gonçalves, é
vinhos de maneira singular, em um
acessado por uma via que abre
ambiente anexo à própria casa,
caminho entre 3 hectares de vinhe-
encravada em uma estrada entre
dos. A vinícola-boutique foca na ela-
Bento Gonçalves e Garibaldi. Dada
boração de nove rótulos, entre eles
a qualidade de seus exemplares,
um surpreendente Syrah, potente e
já foi chamado por jornalistas e
complexo, envelhecido por 20 me-
blogueiros de “mago dos vinhos”,
ses em carvalho. “É a nossa menina
alcunha que ele rejeita. “Faço ape-
dos olhos”, suspira Magda Brandelli,
nas um bom vinho, com dedica-
que em 2008 fundou a vinícola
ção”, pondera. A pequena produção, de 5 mil
vestimos tecnologia na elaboração
exemplares anuais, inclui cortes e
luiz martini
com o irmão, Márcio Brandelli. “Inde uma variedade que ninguém oferecia na região”, explica. Como o
varietais de múltiplas castas, além do espumante, xodó do produtor, que ele não vende, não adianta
lugar trabalha sem intermediários, a dica é garantir a aquisição de várias garrafas in loco.
insistir. “Porque tem pouco e é muito bom”, afirma. Mas há uma
Outra pequena grande vinícola, a Pizzato (pizzato.net) está ins-
chance de provar tais borbulhas durante as degustações organiza-
talada quase na divisa com Monte Belo do Sul, em uma casa bran-
das em uma antessala da cave: ao longo de 3 horas, é servida uma
ca que, de tão discreta, pode passar despercebida. A exemplo da
sequência de dez rótulos – o espumante abre os trabalhos, seguido
Almaúnica, a visita é breve, mas reserva boas descobertas, como
por brancos, tintos e um fortificado. “No fim, ofereço queijo grana
o DNA99, um Merlot que, ao lado do Lote 43, da Miolo, representa
padano e, conforme a turma, um pouco de grapa ou licor.” Quem
o que de melhor é produzido pela viticultura do Vale dos Vinhedos.
participa costuma gostar bastante, não só dos vinhos como da pro-
“A Merlot ganhou aqui expressão vivaz, tânica, e hoje é a variedade
sa. “Às vezes, tenho que pedir para sair”, dispara Bettù, com uma
campeã em resultados na Serra Gaúcha”, observa o enólogo e dire-
sonora gargalhada.
LICENÇA POÉTICA
A vinícola que encantou Jancis Robinson Ironicamente, a visita à região só está completa quando se rompem os limites do Vale dos Vinhedos. A 20 minutos do centro de Bento Gonçalves, o distrito de Pinto Bandeira sedia a Cave Geisse (cavegeisse.com.br), reconhecida pelo alto padrão de seus espumantes. Durante um passeio batizado de Geisse Experience, veículos 4x4 percorrem os vinhedos de Pinot Noir e Chardonnay. É a oportunidade de explorar a mata nativa a caminho de uma cachoeira, com degustação no deque de madeira, e, com sorte, apreciar um belo pôr do sol. A partir desse terroir, elaboram-se exemplares com incrível capacidade de 74
Mit revista
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preservar estrutura e personalidade após um longo período de envelhecimento – a característica, rara entre os espumantes, tem conquistado críticos internacionais como a britânica Jancis Robinson. A mais respeitada avaliadora de vinhos da atualidade cravou 18,5 pontos (em uma escala até 20), no Cave Geisse Brut 1998. Detalhe: mesmo na tradicionalíssima região francesa de Champagne, poucos produtores conseguem ultrapassar os 18 pontos de Jancis. “Ganhamos dela 200 anos de presente”, brinca, orgulhoso, Daniel Geisse, diretor de marketing e filho de Mario Geisse, o fundador da vinícola em 1979.
Em sentido horário: das parreiras às rolhas, uma produção bem cuidada – com espaço para o frescor das cervejas Gram Bier e os doces aliciantes do Saint Andrews. Nesse amplo universo, há lugar, claro, para os produtores pequenos (como o lendário Vilmar Bettù), médios (como o Almaúnica) e gigantes (como o Miolo). Além dos tratamentos de beleza do Spa do Vinho
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Mit revista
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mundo 4x4 perfil
felipemaluhy ofazendeiroveloz Ele trocou o asfalto das pistas pela terra da fazenda. Seguiu o caminho vitorioso do pai, que também foi piloto de corridas por fernando paiva
retratos marcelo spatafora
É
incrível o que pode acontecer ao volante de um
O pai, Carlos Maluhy, havia desaparecido menos de seis
carro de corrida. Principalmente numa prova
meses antes, aos 63 anos de idade. Outro apaixonado por
de Stock Car. Ali está você, com as rédeas de
carros velozes, também piloto como o filho, ele sofreu um
550 cavalos nas mãos, escoiceando forte num
acidente no início da noite de 28 de dezembro de 2009,
motorzão V8 de 5,7 litros e controlados por um
vindo do interior, na rodovia Castello Branco, altura do KM
câmbio XTrac inglês de seis marchas sequenciais. O veículo
45,5. Naquela segunda-feira, ele perdeu a direção, passou
chega brincando aos 270 quilômetros por hora (na pista; fora
pelo canteiro central e se chocou com dois outros veículos
dela o recorde é de 345).
que vinham no sentido
E aí você pensa na vida.
oposto. Morreu na hora. “Ele estava em Por-
Foi justamente esse
to Feliz, no condomí-
o momento mais in-
nio Fazenda Boa Vista,
tenso que o piloto Feli-
terminando a casa re-
pe Maluhy, que tem no
cém-construída, onde
cur rículo mais de uma
pretendia passar o ré-
centena de corridas de
veillon”, explica o filho.
Stock Car, já viveu num
“Voltava a São Paulo
cockpit. Aconteceu num
para buscar a empreAUGUSTO CARVALHO
Pensa no seu pai. E chora.
domingo, 23 de maio de 2010, no autódromo de Jacarepaguá, Rio de Janeiro. “Foi uma corrida
na limpeza final.” Com a tragédia, Felipe não apenas perdeu o chão. Sua vida mudou. Teve
especial, pela maneira
76
gada, que iria ajudá-lo
como venci”, ele relembra, na ampla e iluminada sala de seu
de trocar o asfalto pela terra. Assumiu a direção do grupo
apartamento nos Jardins, em São Paulo, decorada com livros,
Madeiral, cuja joia mais preciosa é a fazenda homônima em
quadros e objetos ligados às pistas. “Larguei em terceiro e dis-
Presidente Venceslau, interior paulista, quase na divisa com
putei até o fim”, conta, enquanto acaricia a cabeça de Nina, uma
Mato Grosso do Sul. O capacete, as luvas e o macacão anti-
alegre mestiça de labrador com golden retriever. Felipe, que em
chama passaram para segundo plano. O banco-concha deu
julho completa 39 anos, conta que nunca teve a oportunidade
lugar à sela da égua Boneca. “Uma cruza de quarto de milha
de falar sobre o fato – mas fez a última volta aos prantos, tal a
com manga-larga”, esclarece. “E tem um passo macio que faz
emoção. “Chorei com vontade e dediquei a vitória ao meu pai.”
toda a diferença no fim do dia.”
Mit revista
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divulgação
O embaixador do vinho italiano (com destaque para o Barbaresco) e a filha, Gaia
Aos 39 anos: campeão no agronegócio
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mundo 4x4 perfil
No braço esquerdo, a tatuagem com a marca do seu plantel. Criador de bonsmara com paixão à flor da pele
A Madeiral é uma marca respeitada no competitivo mer-
décadas depois. Saía de São Paulo de trem, enfrentava 700
cado da genética brasileira. Se celebrizou pela qualidade do
quilômetros, tomava um 4x4 e, dois dias após ter embarcado
sêmen, dos embriões e dos touros da raça bonsmara. Pro-
na estação da Sorocabana, hoje Sala São Paulo, chegava
priedade antiga, está nas mãos da família desde 1941, quan-
finalmente à sede. Ali se enfurnava por meses. “Era tudo
do Carlos Klinkert (1902-1985), bisavô de Felipe, chegou à
pecuária extensiva”, conta Felipe. As invernadas tinham 250
região. Homem empreendedor, dinâmico e visionário, o velho
hectares, a água era de córrego. Hoje têm 20 hectares, todas
Klinkert encontrou nas matas e nos campos da divisa entre
com bebedouro.
Presidente Venceslau e Caiuá o lugar perfeito para criar seu
Ao mesmo tempo, Carlos adorava automóvel. Tanto que
gado. Originalmente conhecida como Coroados (nome da tri-
chegou a montar uma equipe de competição. “Ele era da
bo local) ou Perobal (graças à enorme quantidade de madeira de lei), a região foi uma das últimas a serem abertas no interior de São Paulo. “Aquilo era sertão bruto quando meu bisavô chegou”, conta Felipe. “Ele comprou uns 7 mil hectares – hoje são 3.500 – e batizou a fazenda de Santo Antônio da Madeiral,
A fazenda Madeiral está nas mãos da família desde 1941, quando o bisavô de Felipe desbravou a região. Hoje, a missão do bisneto é outra: aprimorar cada vez mais a raça bonsmara no Brasil
nome de uma serraria que havia lá.” O empreendimento seguiu a fórmula clássica da formação das fazendas brasileiras no século passado: sai madeira,
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turma de Wilsinho Fittipaldi, Lian Duarte,
Ronaldo
Ferreira,
José
Pedro Chateaubriand; correu as Mil Milhas Brasileiras em Interlagos.” No começo da década de 1970, casouse com a americana Candace Claire Brown – inspiradora e sócia da grife paulistana Candy Brown – e dessa união nasceram a arquiteta Carolina
Maluhy e Felipe. Em 1981, com o avô já velhinho, Carlos abriu a fazenda Santa Rita do Pardo, em Xavantes (MS). Com 2.500 hectares, ela também integra o grupo Madeiral.
cresce pasto, entra boi. “Meu bisavô começou com guzerá
“Meu bisavô percebeu logo que o único caminho para ser
e depois passou para o nelore, no fim da década de 1950”,
eficiente na pecuária era a genética”, prossegue Felipe. “E meu
afirma. “E, por volta de 1963, meu pai passou a ajudá-lo.”
pai entrou de cabeça: pegou gosto e fez a vida dele nessa
Carlos Maluhy tinha então 16 anos. Deixou a escola para
área.” Carlos tomou contato com o bonsmara ao produzir no
fazer o que gostava, sem o saber, dando o exemplo ao filho,
Brasil o montana – um composto genético do qual a raça sul-
Mit revista
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africana fazia parte. “Ele se entusiasmou com a qualidade da carne”, afirma. “E, no fim da década de 1990, viajou à Pretória, na África do Sul, para conhecer os animais e estudar como trazer os primeiros embriões congelados para o Brasil.” Em 2000 surgia a ABCB – Associação Brasileira dos Criadores de Bonsmara, da qual foi um dos fundadores e presidente. Pisando fundo no kart E aqui vale contar uma historinha interessante. Em 1937, os sul-africanos chegaram a uma triste conclusão: as raças europeias de gado de corte não conseguiam sobreviver em condições satisfatórias no clima quente do país. Sim, havia a afrikaner nativa. Mas, apesar de resistente ao calor e da carne saborosa, tinha produtividade baixa. Foi quando o governo propôs a um jovem geneticista, Jan Bonsma, nascido em 1905, criar o boi ideal – um bicho com boa produtividade e parrudo o suficiente para aguentar sem sofrer o clima dos trópicos. Bonsma passou a cruzar o afrikaner com variedades locais de origem europeia. Após inúmeros testes, chegou à fórmula mágica: 5/8 afrikaner + 3/16 hereford + 3/16 shorthorn, duas raças britânicas. Nascia assim o bonsmara, homenagem ao professor Bonsma e à estação experimental de Mara, lugar das experiências. Hoje, mais de 8 milhões de reses, ou 60% do rebanho sul-africano, trazem no sangue um pouco da raça, que, segundo seus criadores, é dócil, fértil, fácil de se adaptar e com excelente qualidade de carne. Este último predicado é fácil de ser comprovado: basta se sentar à mesa de res taurantes como o Bonsmara Grill, em Presidente Prudente, do criador Cacau Miranda. “Ele foi uma das pessoas que meu pai trouxe para a raça e está dando continuidade ao sonho.” Sonho que prossegue pelas mãos de gente como o ci rurgião-dentista Hélio Ramalho Rocha, 48 anos. Pecuarista desde os 17, ele cria em sua fazenda Rubi, em Xinguara, no Pará, 200 fêmeas e quatro touros da raça, que, veja só, descobriu por meio de um inesquecível bife de chorizo na churrascaria Vento Haragano, em São Paulo. Curioso por natureza, depois da experiência gastronômica, Hélio se
fotos: arquivo pessoal
enfurnou na internet e só saiu depois de esgotar o assunto.
Carlos Maluhy, pai de Felipe, em três momentos: com o primeiro bonsmara brasileiro, tocando o rebanho e correndo de Fórmula Vê
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mundo 4x4 perfil “Acabei chegando ao Felipe, que foi de uma gentileza enorme”, conta. “Sem me conhecer, permitiu que eu escolhesse pessoalmente os animais.” As primeiras cabeças, compradas em 2012, fizeram de Hélio um fã da raça. “Ainda crio caracu em outra fazenda, mas pretendo transformar todo o meu rebanho em bonsmara”, promete. “Foi o melhor investimento que já fiz em pecuária.” Uma década antes de vender seus touros e suas vacas para Hélio, Felipe esteve na África do Sul pela primeira vez. Era 2002, e ele vivia um período de frustração como piloto. Já havia deixado o Graded, a Escola Graduada de São Paulo, para correr de kart, aos 16 anos. Campeão paulista, passou a disputar corridas de monopostos (carros de um só lugar). Competia na Inglaterra quando foi obrigado, muito a contragosto, a voltar para casa devido à desvalorização do real após a reeleição de Fernando Henrique Cardoso. “Eu trabalhava de dia na central de distribuição da rede de lanchonetes America, da qual meu tio Paulo Maluhy é sócio, e à noite cursava propaganda e marketing na Fiam”, recordase. “Enquanto isso, meu pai me pressionava para que eu fosse trabalhar na fazenda.” Na verdade, Felipe não queria
Na África do Sul, aonde foi em 2002 para conhecer de perto a raça criada pelo geneticista Jan Bonsma, Felipe teve a nítida sensação de estar no cerrado goiano. A diferença: leões, leopardos e muito espinho uma coisa nem outra: queria correr. Naquele ano, no entanto, teve de embarcar representando o pai, acamado por uma hérnia de disco, com cinco outros criadores de bonsmara. Ao desembarcar no sul da África, Felipe encontrou uma realidade bem diversa da que imaginava. “Porque apesar de terem uma genética mais evoluída, o campo lá é muito mais hostil e bruto que no Brasil.” A sensação que se tem é de se estar no velho cerradão goiano. “Só que com leão, leopardo e espinho que não acaba mais.” Tanto que a principal preocupação dos criadores de bonsmara no país era produzir animais que evitem acidentes com plantas rasteiras e arbustos. “Até o comprimento do prepúcio precisa ter o tamanho certo”, exemplifica. “Caso contrário, ele raspa no espinho, aquilo infecciona, cria bicheira, o animal sofre, a produção cai.” Segundo ele, no Brasil, a criação de gado se concentrou no melhoramento da propriedade – solo e pasto. Enquanto preparou primeiro a comida, para depois trazer o bicho que ia comer”, compara. “Eles tiveram de criar um bicho capaz de suportar qualquer ambiente, pois lá o valor agregado sempre foi o rebanho, não a fazenda – e mesmo porque, para eles uma fazenda grande não passa de 250 hectares.”
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augusto carvalho
os sul-africanos investiam pesado em genética. “A gente
A cavalo na lida com o gado na Madeiral: tocando a vida em frente
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divulgação
augusto carvalho
mundo 4x4 perfil
Felipe em seus três mundos: na fazenda Madeiral; pilotando o Mitsubishi Lancer V8 da Stock Car; e em casa, ao lado da alegre Nina
Conta que, quando se respeita a terra e se aprende a ex-
A passagem do bastão Felipe ainda era piloto quando entrou na sua vida a em-
trair suas riquezas de maneira equilibrada, ela retribui para
presária Laís Aguiar, com quem se casou há quatro anos,
sempre. “Há seis anos construímos um viveiro de mudas na-
depois de um namoro de seis. “Eu a vi na academia e peguei
tivas para reflorestar as margens dos rios”, diz. “O que come-
o telefone e o e-mail dela com um funcionário”, ri. Laís é a
çou como obrigação acabou virando uma supercurtição.” Ele
primeira neta de um tradicional clã paulistano do ramo de or-
se lembra do dia em que as mudinhas, recém-germinadas,
ganização de festas de casamento – a Decorações Rubens,
chegaram. Plantadas, inúmeras têm mais de 4 metros de al-
na qual trabalha com os avós, o pai, os tios e a irmã. Com
tura. “Por outro lado, penso no tempo que ainda vai demorar
essa expertise, o enlace se deu em alto estilo: religioso na
para atingirem a fase adulta”, conta, já que algumas vão levar
igreja Nossa Senhora do Brasil, nos Jardins, seguido de festa
50 anos ou mais. Mas diz ficar tranquilo quando vê as foto-
para mil convidados em Higienópolis, no palacete de dona
grafias da avó, Maria Lygia, ao lado do pai, o velho Klinkert,
Veridiana Prado – colecionadora de arte, herdeira das maiores fazendas de café do estado e uma das patronesses da Semana de Arte Moderna de 1922. Feitas todas as contas, computados ganhos e perdas, ao que tudo indica, Felipe é hoje um homem realizado. Em paz consigo mesmo.
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Ele garante: hoje, o prazer que tem trabalhando na fazenda é o mesmo de quando corria nos autódromos. Mas admite que jamais pensou que fosse achar tão rapidamente algo que lhe desse tanta alegria
mais de 60 anos atrás. “E nos mesmos lugares pelos quais passo hoje e em que pretendo passar com meus filhos.” Opa. Filhos? “Essa relação com o campo me fez amadurecer no sentido de perceber que estamos aqui de passagem”, conta. “Daqui uns 40 anos, pretendo passar o bastão”, ri.
“O prazer que tenho trabalhando na fazenda é o mesmo de
E baseia seus cálculos numa premissa palpável. O avô e o
estar dentro de um carro de corrida”, admite. Diz que jamais
pai levavam dois dias de viagem até Madeiral. Quando a mãe,
pensou que fosse achar algo que lhe desse tanta alegria tão
recém-chegada de Nova York no começo dos anos 1970, co-
rapidamente. “Acho que só quem teve algum tipo de experi-
nheceu o lugar, nem energia elétrica havia. “Hoje, venho de
ência com a natureza desde pequeno pode entender a co-
avião em 1 hora, ou de carro, em 5”, garante o fazendeiro ve-
nexão que se pode ter com a terra”, acredita. E conta que
loz. Diz ainda que, na mesma casa de madeira do passado,
foi para a Madeiral pela primeira vez quando tinha apenas
tem tudo o que tem na cidade. O que o leva a refletir que, em
um ano. E passou incontáveis férias no local, se divertindo
40 anos, a floresta replantada estará começando sua fase
no primitivo bebedouro abastecido por água natural, depois
adulta. “E meus netos estarão brincando na mesma piscina
transformado em piscina.
que antes era um bebedouro de gado.”
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pa je ro mundo 4x4 carro
Evolução genética
Com seu DNA revolucionário, o Mitsubishi Pajero rompeu com a ideia de que veículo off-road não podia ser resistente e confortável ao mesmo tempo
por décio costa
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Pajero Full 2016: o mais recente
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O Pajero Full é veloz e muito seguro
L
eopardus pajeros, conhece? É o nome científico, utilizado na biolo-
mula final. E o cliente, um novo estilo de levar a vida.
gia, para classificar uma espécie de felino sul-americano que vive
O Pajero nasceu configurado com três portas, teto rígido ou capota
do Peru à Argentina, inclusive no Brasil. Na intimidade, o bicho
de lona, e trazia recursos técnicos inéditos em veículos 4x4 do Japão,
atende por gato-dos-pampas ou gato-palheiro. Isso porque habita áreas
como motor turbodiesel e suspensão dianteira independente, funda-
abertas e montanhosas pouco amistosas, forradas de capim alto, que na
mental para o conforto a bordo. A reprodução da linhagem aconteceu
seca vira palha. Ou paja, em espanhol.
logo nos primeiros anos. Em 1983, surgia a versão longa, de sete lugares.
Ele se parece com o bichano doméstico, mas basta enumerar suas
Na sequência, vieram motores mais potentes – incluindo o V6 –, freios
vocações para afastar qualquer semelhança. Sua tremenda agilidade
a disco, câmbio automático e amortecedores reguláveis. Era a hora de
para caçar e subir em árvores o torna insuperável. Daí ter sido escolhido
aprimorar a genética e cumprir seu destino: conquistar fãs e troféus mundo afora.
pela marca dos três diamantes para batizar o
Naquele 1983, com apenas dois anos de
carro que se tornaria sinônimo de valentia e resistência off-road. O Pajero teve ancestrais ilustres. Antes de criar a sua divisão de carros, a Mitsubishi Motor Company, em 1979, o grupo nipônico, nascido da construção naval, já havia mostrado ao mundo seu pioneirismo no assunto. De uma experiência militar em 1936 surgiu o PX33, o primeiro 4x4 japonês. Terminada a Segunda
O Pajero venceu nada menos do que 12 vezes o Rally Dakar, sendo sete delas consecutivas. Tornou-se o soberano do Saara
rali Paris-Dakar. E bastou a primeira vitória, em 1985, para se tornar o soberano das areias do Saara, o rei do deserto. The car, the legend. Ao longo da história, somou 12 vitórias, sete delas consecutivas, de 2001 a 2007. “O carro não precisa de muitas alterações no projeto de fábrica para as corridas e oferece muita estabili-
Guerra (1939-1945), a empresa construiu mi-
dade, mesmo em alta velocidade”, testemunha
lhares de outros 4x4 a partir de 1953, quando
Hiroshi Masuoka, ex-piloto vencedor do Dakar
assinou acordo com a Willys para fabricar o
por duas vezes seguidas no comando de um
Jeep CJ3 no Japão – operação só encerrada nos anos 1990. Mas foi justamente quando ganhava musculatura na produção de veículos fora-de-estrada que a Mitsubishi percebeu: o consumidor pedia
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idade, o Mitsubishi Pajero fez sua estreia no
Pajero, em filme promocional para o lançamento do modelo 2015. “Os três principais focos de desenvolvimento fizeram dele um carro mais suave, seguro e rápido – sempre mais agradável.”
um modelo mais confortável, civilizado. Melhor ainda, “domesticado” no
Ao mesmo tempo em que subia ao lugar mais alto do pódio nos ralis,
uso diário, sem no entanto alterar o DNA para enfrentar terrenos onde os
o Pajero ganhava as ruas em número cada vez maior. São mais de 3 mi-
fracos não têm vez. O primeiro conceito do Pajero foi mostrado no Salão
lhões de unidades vendidas em mais de 170 países. Ele chegou ao Brasil
de Tóquio de 1973. Cinco anos depois, um segundo protótipo apareceu
no começo dos anos 1990, logo após ser lançada no Japão sua segunda
no mesmo evento. Até que em 1981 os engenheiros encontraram a fór-
geração, que trazia linhas mais arredondadas e novos motores, a diesel
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fotos: divulgação
01 1. O Pajero Full 2016 oferece espaço interno para até sete pessoas; 2. Seus faróis têm controle automático da posição do facho; 3. O câmbio permite troca do modo de tração em até 100 km de velocidade; 4. Muita potência no motor. São 250 cavalos; 5. Não falta tecnologia no controle de temperatura interna; 6. A diversidade de instrumentos impôs leitura fácil; 7. Maior resistência a torções e ainda mais dirigibilidade são resultado da carroceria monocoque; 8. O volante dispõe de minúcias de ajuste ergonômico
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O 3D: versĂŁo compacta
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raça apurada Acompanhe a evolução do Pajero desde o seu lançamento 1982
1991
1982 – Lançada a primeira geração no Salão de Tóquio. Nasceu com três opções de motores: 2.0 a gasolina, de 110 cavalos; e 2.3 a diesel, com ou sem turbo, de 93 e 84 cavalos, respectivamente. 1983 – Surgimento da versão longa de cinco portas para sete passageiros, com a inclusão da terceira fileira de assentos. Ano de estreia no rali Paris-Dakar. 1985 – Introdução do câmbio automático opcional. Na primeira vitória do carro no Paris-Dakar, o piloto foi o francês Patrick Zaniroli. 1987 – Lançamento de versão luxuosa com a carroceria pintada em dois tons. 1988 – Estreia do motor DOHC V6 3.0, com injeção eletrônica, de 141 cavalos, e da versão diesel 2.5 turbo, com 103 cavalos. 1991 – Surge a segunda geração, com linhas mais arredondadas e câmbio SuperSelect com quatro modos de uso. 1992 – Os primeiros Pajeros chegam ao Brasil. Na versão cinco portas e nos acabamentos GLX, GLS e GLZ. Os motores eram o V6 3.0 a gasolina (141 cavalos) e o 2.8 turbodiesel (125 cavalos).
1993 – Introdução de novos motores: V6 3.5 a gasolina (208 cavalos) e turbodiesel 2.5, com 125 cavalos. 1996 – Renovação total no desenho da linha. Os carros surgem com novos para-choques, paralamas e grade dianteira. 1998 – Nacionalizado, o Pajero iO ganha o nome de TR4, para não ser confundido com o 1.0. 1999 – Nasce a terceira geração, revelada no Salão de Tóquio. As grandes novidades foram a construção monobloco e a suspensão independente nas quatro rodas. 2000 – Chegam ao Brasil os Pajeros com três ou cinco portas, equipados com motores 3.0 e 3.5 (gasolina) e 2.8 (turbodiesel). 2002 – O TR4 passa a ser produzido em Catalão (GO). 2004 – Lançamento no Salão de Automóvel de São Paulo da versão HPE do Pajero Sport. A suspensão foi recalibrada e o carro ganhou 20 milímetros na altura, com a inclusão de novas molas e amortecedores. 2006 – A linha chega à quarta geração. No Brasil, a Mitsubishi mostra os aperfeiçoamen-
2006
tos que fez no Pajero Sport, com adoção de motor V6 a gasolina (200 cavalos) e mudanças estéticas. 2007 – Décima segunda vitória no Dakar, em sua 20ª participação consecutiva na prova off-road mais exigente do mundo. 2008 – Lançamento do Pajero TR4 Flex, configuração inédita de um modelo Mitsubishi no mundo. O motor 2.0 gerava 133 cavalos quando abastecido com etanol. 2012 – Nos 30 anos do Pajero, cada vez mais conforto. Entre outros detalhes, bancos de couro com ajuste elétrico e assentos dianteiros aquecidos. 2013 – Introdução da central multimídia com sistema de navegação, interface com celular e porta-USB. 2014 – Fim da produção do TR4 em Catalão. Mais de 100 mil deles foram vendidos no Brasil. 2016 – O carro passa a ser oferecido em três versões: Full, Full 3D e Pajero. Os motores são diesel 2.8 e 3.2 (180 e 200 cavalos), flex 3.5 (205 cavalos com etanol) e V6 3.8 a gasolina, com 250 cavalos. 2012
e a gasolina. Isso sem mencionar a introdução do câmbio automático
seu comportamento para as condições urbanas. E logo apareceria o Pa-
SuperSelect. Essa inovação da engenharia adaptou o carro a qualquer
jero iO, origem do bravo Pajero TR4 no Brasil.
situação de rodagem, da simples 4x2 ao 4x4 com reduzida, e capacidade de troca do modo de tração em velocidade de até 100 km/h.
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Os avanços tecnológicos são pontos-chave para enfileirar cada vez mais fãs. O advogado Jesse Velmovitsky, do Rio de Janeiro, encontrou
Os recentes itens de refinamento destacados por Masuoka e perse-
no utilitário esportivo não só o conforto e a segurança que procurava,
guidos pela marca vêm ao encontro dos desejos de quem exige conforto
como o levou ao vício – no melhor sentido. “Minha maluquice é ter Pa-
e segurança, mesmo em situações extremas. No fim dos anos 1990 a
jero”, brinca. Atualmente, Velmovitsky dirige seu 18º Pajero, versão Full,
terceira geração da linha Pajero adotou o conceito de construção mo-
sem ter se desfeito de seu 17º, outro Full. “Me acostumei com o carro,
nobloco e suspensão independente nas quatro rodas. A solução tornou
com os controles”, explica. “É incrível como o desempenho e a suspen-
o modelo menos suscetível às torções da carroceria, além de favorecer
são melhoram a cada ano.”
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marcelo correa
Velmovitsky e seu 18º Pajero
O carro é companheiro de Velmovitsky nos deslocamentos diários na
monitora as condições de rodagem, e, a qualquer mudança no terreno
cidade e protagonista nas viagens semanais para Nova Friburgo, na Serra
ou no modo de dirigir, o sistema atua sobre a estabilidade e a tração. Ele
Fluminense. Ele decidiu pelo modelo depois que sofreu um acidente de
corrige e ajusta o comportamento do veículo.
automóvel. “Procurei aliar segurança e conforto, e num Pajero a chance
Segurança é fundamental. Mas diversão ao volante foi a razão pela
de me machucar é muito menor”, afirma. “E a tração 4x4 dá uma segu-
qual o funcionário público mineiro Afonso Raimundo da Silva, de São
rança a mais em dias de chuva.”
Lourenço, escolhesse o Pajero. Seu gosto por viagens de fim de semana
Hoje, a família Pajero no Brasil parte de três
já o levou mais de dez vezes à concessionária
configurações – Pajero, Pajero Full e Pajero Full
Mitsubishi para trocar de carro. Sempre do
3D. É a mesma encontrada em qualquer concessionária Mitsubishi no planeta. O arranjo do portfólio permite escolhas de acordo com o gosto e o jeito de levar a vida. Na base está o Pajero para cinco lugares, equipado com os motores 3.2 diesel, 180 cavalos ou flex 3.5, de 205 cavalos (quando abastecido com etanol). Depois, as versões Full com carroceria de cinco
O novo Pajero Full tem controle de tração por sensores. Isso corrige e ajusta de modo automático o comportamento do veículo
mesmo modelo. Hoje, ele se diverte com a versão Full 3D, equipada com um V6 a gasolina. “Tomei um susto quando acelerei para sair da loja”, conta. Ele diz que já havia sido fisgado pelo TR4, exemplo da capacidade da engenharia brasileira ao ser o primeiro modelo Mitsubishi no mundo a receber um motor bicombustível.
ou três portas e tracionados com o motor die-
Produzido na fábrica de Catalão (GO), de 2002
sel ou com um V6 3.9 movido a gasolina, que
a dezembro de 2014, o modelo chegou a ser
entrega 250 cavalos. Todos com transmissão automática e caixa de transferência SuperSelect, com possibilidade de até 20 combinações de marcha.
responsável por 60% das vendas de Pajero no país. Foram mais de 100 mil carros vendidos nesse período. Vida que segue. No caso da família Pajero, sempre com o aper-
Na linha 2016, além de alguns refinamentos visuais e no acabamento,
feiçoamento genético de uma linhagem que se tornou célebre – nas
como novas grades, rodas, conjunto ótico e inclusão de detalhes croma-
ruas e nas competições. Mantendo a tradição aliada ao constante
dos, avanços tecnológicos acrescentam mais força. O Pajero Full, por
aperfeiçoamento tecnológico, vale o slogan que a Mitsubishi criou na
exemplo, traz recurso de controle de tração impacto ativo, tecnologia
campanha publicitária do Pajero para a Europa e o Oriente Médio:
exclusiva da Mitsubishi chamada de AWC-R. Um conjunto de sensores
“Nascido selvagem, apurado com elegância”. junho 2016
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anos de Brasil Em um quarto de século de atuação no país, a Mitsubishi enche o tanque e se prepara para ganhar cada vez mais terreno
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fotos luiz maciel
ano de 1991 foi bastante conturbado no Brasil e no mundo. Havia mudança no ar, sentia-se isso, mas ninguém sabia direito para que lado o vento iria soprar. Lá fora, o ano começara com a invasão do Iraque pelos Estados Unidos e terminara com a falência da União Soviética e a queda de Gorbachev. Aqui, a economia se arrastava, depois do tranco monumental levado com o
confisco da poupança pelo governo Fernando Collor. Ao mesmo tempo, pipocavam as primeiras denúncias de corrupção contra o presidente. Elas acabariam levando ao seu impeachment no ano seguinte. Boas notícias mesmo, só na área do esporte: Ayrton Senna levantava o tricampeonato na Fórmula 1 e as meninas do basquete canarinho conseguiam uma vitória inédita. Foi na final contra Cuba, pelo Pan-Americano, bem debaixo das barbas de Fidel Castro. Enquanto isso, o som eletrônico dominava as baladas, planeta afora. Aqui, no entanto, o techno dividia as preferências dos brasileiros com músicas de uma nova geração de sertanejos – “É o amor”, na voz de Zezé di Camargo e Luciano, era a canção mais tocada. No meio desse nevoeiro também havia oportunidades. A recente liberação das importações de automóveis, por exemplo, havia aberto as portas para um mercado reprimido desde 1976, quando o máximo permitido ao consumidor era a customização dos modelos que saíam das linhas de montagem nacionais. O mais comum era converter picapes de série em musculosos veículos 4x4, compensando o design defasado com um pacotão de conforto, robustez e interior caprichado, com bancos de couro e potente equipamento de som. O grupo Souza Ramos, tradicional família de revendedores Ford, era um dos que atuavam nesse nicho. Em 1977, o grupo criou a SR Veículos Especiais, cujos primeiros produtos foram uma versão conversível para o Corcel e uma station wagon feita a partir do Ford Maverick quatro portas. Com isso, a empresa ganhou corpo e mirou um público bem maior. A partir do chassi da Ford F-1000, passou a montar luxuosas cabines duplas e uma sofisticada van de oito lugares, a Ibiza, de grande sucesso. Seu diferencial: atuava de fato como uma montadora, com ênfase na padronização dos processos e no controle de qualidade. A distribuição por meio dos revendedores Ford era outra vantagem da SR, que virou líder do segmento de veículos transformados.
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om a abertura das importações, tudo mudou. Os veículos customizados perderam o apelo que tinham, e os modelos estrangeiros das grandes marcas internacionais voltaram a ser o objeto de desejo dos consumidores mais exigentes. Diante da nova rea-
lidade, o grupo Souza Ramos decidiu investiu todas as fichas na venda de carros importados. Depois de avaliar as alternativas, decidiu tentar a representação de três marcas: a alemã BMW
e as japonesas Mazda e Mitsubishi. A Mitsubishi mostrou interesse, mas queria conhecer melhor a empresa que estava se candidatando a vender seus veículos do outro lado do mundo. Nenhum problema. Foram juntados relatórios de vendas, fotos da linha de montagem da SR, balanços, comprovantes da saúde financeira da empresa, análises sobre o potencial do mercado no país. Enfim: tudo o que pudesse aplacar as dúvidas dos cautelosos nipônicos. O material foi mandado para Tóquio, onde os brasileiros fizeram uma apresentação para o board da empresa. Os anfitriões gostaram do que viram. Mais até do que estava no dossiê, apreciaram o estilo franco e direto de um grupo empresarial brasileiro com sede de inovação. Fecharam negócio. Em 8 de outubro de 1991, uma terça-feira chuvosa em São Paulo e mais tempestuosa ainda em Brasília – o dia estava agitado com os repetidos ataques do governador Leonel Brizola contra o governo e por causa de um tarifaço de 25% nas ligações telefônicas –, a Mitsubishi Motors do Brasil começou oficialmente a operar. Instalou-se num imóvel antes ocupado por duas residências na avenida Europa, no bairro paulistano dos Jardins. A empresa abria as portas na hora certa e no lugar certo, pois a avenida Europa já se firmava como o grande “corredor de importados” do país. As estrelas em exposição eram as cabines duplas Mitsubishi L200, que os mais bem-informados logo percebiam não serem exatamente as mesmas vendidas no Japão. Tinham a suspensão mais elevada, para enfrentar com mais defotos: divulgação
senvoltura buracos e lombadas. E eram também mais elegantes,
Os executivos da matriz Mitsubishi e as miniaturas pés-quentes trazidas ao Brasil
com rodas cromadas no lugar das de ferro, e bancos revestidos de couro. Os executivos japoneses presentes à inauguração ficaram impressionados. Ergueram vários brindes com saquê e deixaram de lembrança aos novos parceiros bonecos que eram miniaturas do teatro kabuki, típico do seu país, para dar sorte.
A
s miniaturas foram pés-quentes. A Mitsubishi L200, até então pouco conhecida entre nós, caiu no gosto dos consumidores e logo estava vendendo bem mais do que o previsto. O Mitsubishi Pajero e uma versão ainda mais potente da picape, com turbocompres-
sor, foram incorporados ao portfólio da importadora. Em pouco mais de um ano, a Mitsubishi do Brasil já vendia 400 veículos por mês e preparava a sua primeira expansão. Estimulada pelos impostos mais camaradas da Zona Franca, instalou em 1993 uma pequena linha de montagem em Manaus para produzir cem unidades mensais de uma única versão da L200 tropicalizada: cabine dupla e motor diesel. A marca arrebanhava uma legião de fãs, enquanto a empresa tratava de fortalecer os laços com os clientes fiéis por meio de um atendimento de butique. Para aumentar essa interatividade, criou, em 1994, o Mitsubishi Dare Time. O passeio pelas trilhas da serra do Mar, na região de Paranapiacaba, perto de São Paulo, reuniu 70 duplas de Pajero e L200. Encantados, seus donos comprovaram ao vivo do que os carros eram capazes. O périplo terminou em confraternização, com uma animada feijoada no hoje extinto Banana Café, nos Jardins. Estava lançado o embrião para o lançamento, no ano seguinte, do Mitsubishi MotorSports, rali de regularidade que viraria a principal referência desse tipo de competição no país. Para participar, os interessados só precisavam contribuir com alimentos que seriam doados a instituições de caridade das regiões onde se realizariam as provas – sistema adotado até hoje e que já arrecadou milhares de toneladas de mantimentos. Já no rali da economia brasileira, a parada era mais dura. Assim como conseguir a repre94
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marcio scavone junho 2016
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especial mitsubishi 25 anos sentação da Mitsubishi havia sido uma tacada certeira, diante da abertura das importações, a operação amazônica também parecia um movimento seguro, que obedecia às regras do jogo do mercado. Mas no Brasil daqueles turbulentos anos 90, as regras mudavam em ritmo ainda mais alucinante do que hoje, ao sabor de decisões governamentais imprevisíveis. Foi o que aconteceu em 1995, quando o governo, numa penada, estabeleceu um regime de cotas de importação que inviabilizou a produção em Manaus. O jeito foi fechar a montadora e voltar a dar ênfase à importação e à expansão da rede de revendedores.
N
essa gangorra das decisões governamentais, a alíquota para a importação de veículos baixou de 35% para 20%, e logo em seguida deu um salto para 90%, pegando os empresários no contrapé. Foi um aumento tão radical que, no dia seguinte, a taxa
foi reduzida para 70%. Mesmo assim, imposto demais para a retomada dos negócios, já que o percentual incidia até sobre contratos já assinados. Os consumidores adiaram as compras à espera de uma nova redução – que, volta e meia, um ministro deixava escapar que viria em breve. Resultado: os importadores ficaram com o problema na mão. Não conseguiam desovar os estoques nem pagar os credores. Muitos quebraram. Para atravessar a tormenta, a Mitsubishi do Brasil procurou seus principais credores – o Banco Safra e a empresa de logística Coimex – e conseguiu prorrogar os compromissos. Ao mesmo tempo, começou a planejar uma nova operação industrial, com índice de nacionalização bem maior do que a da linha de montagem na Zona Franca, para fugir das sobretaxas. A ideia era obter licença e cessão de tecnologia para a montagem das L200 no Brasil, a partir de chapas estampadas no Japão. Ou seja: criar
A Mitsubishi Motors do Brasil foi a primeira fábrica da marca fora do Japão a produzir veículos com alto índice de nacionalização
uma montadora capaz de armar a carroceria, pintá-la, incorporar as peças (muitas delas fabricadas no Brasil) e dar acabamento de primeira nas picapes. Fora do Japão, seria a única empresa com a marca Mitsubishi autorizada a fazer isso. Faltava apenas combinar com os japoneses. E não é que eles toparam? Catalão, cidadezinha então esquecida no interior de Goiás, foi escolhida para sediar a fábrica. Primeiro, porque ficava numa região estratégica, cujo epicentro era Uberlândia, no Triângulo Mineiro, a 100 quilômetros dali. Era para lá que o mercado consumidor de picapes estava migrando, empurrado pelo agronegócio. E também porque o
empreendimento recebeu do governador na época, Maguito Vilela, a melhor acolhida possível. Luiz Rosenfeld, ex-engenheiro da Ford, comandou a implantação da montadora, que seria a primeira do Brasil com capital 100% nacional. Em 15 de julho de 1998, a primeira Mitsubishi L200 mais brasileira que japonesa saía da linha de montagem de Catalão, que a essa altura já não era mais um lugar tão pequeno nem tão ignorado pelo resto do Brasil. Era, agora, uma cidade orgulhosa da fábrica que empregava 150 moradores locais para produzir, com crachá e uniforme, cinco picapes por dia. E era só alegria. Ao menos ali, ninguém mais pensava na derrota sofrida pelo Brasil no Mundial da França apenas três dias antes – um vergonhoso 3 a 0 na final contra o time da casa.
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Mitsubishi Motors do Brasil vendeu 9.300 veículos ao longo do ano de 1998, um novo recorde, e logo percebeu que a fábrica de Catalão havia nascido pequena. Em 2000, lançou um projeto de expansão, o Anhanguera, que envolvia investimentos
de R$ 132 milhões na ampliação da área construída de 14 mil para 40 mil metros quadrados e na implantação de novas linhas de montagem. Em 2002, iniciou a produção do Pajero TR4. Em 2003, passou a montar a L200 Sport. Os funcionários, a essa altura, já eram mais de 700, e as vendas se aproximavam dos 13 mil veículos anuais. A tendência era de crescimento acelerado em todo o setor. Ao mesmo tempo em que a unidade industrial se consolidava, a Mitsubishi do Brasil também fortalecia os laços com os consumidores. No ano 2000 criou a Mitsubishi Cup, rali de 96
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especial mitsubishi 25 anos velocidade cross-country que se tornaria o maior e mais tradicional do país nessa modalidade. No ano seguinte, lançava a MIT Revista. Publicação de estilo de vida que tinha como lema a superação de obstáculos, a revista era também um canal direto com os clientes. Informava tudo sobre as novidades da marca dos três diamantes – cada vez mais numerosas – e os resultados das competições.
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m 2004, a indústria automobilística brasileira produziu mais de 2,3 milhões de veículos, um aumento de 27% sobre o ano anterior – superando pela primeira vez a casa dos 2 milhões –, e todas as montadoras reviram seus planos de expansão. A Mitsubishi
mal havia completado o projeto Anhanguera (assim era chamado pelos indígenas o bandeirante paulista Bartolomeu Bueno da Silva, que desbravou Goiás, como a companhia fazia no momento). Mesmo assim lançou a segunda fase do seu programa de crescimento, que previa investimentos de R$ 207 milhões nos dois anos seguintes. Ao mesmo tempo, reforçou o relacionamento com os clientes ao criar o Mitsubishi Outdoor, rali de aventura inédito no país, que combinava estratégia a atividades esportivas e tarefas culturais. Dois anos depois, em 2006, Marcos Pontes, o primeiro astronauta brasileiro, era lançado ao espaço a bordo na nave russa Soyuz. Enquanto isso, a montadora de Catalão passava a ocupar uma área de 65 mil metros quadrados e elevava o número de funcionários para 1.500. As vendas chegavam a 24 mil unidades por ano, a maioria delas produzidas em Goiás. Em 2007, a L200 Triton, de fabricação nacional e o crossover Mitsubishi Outlander, importado, se incorporariam ao portfólio da marca no Brasil. E era anunciada a terceira fase do Anhanguera, com previsão de investimentos da ordem de R$ 500 milhões até 2009. Antes da virada da década, houve tempo fotos: divulgação
para o lançamento de três versões absoluta-
Na fábrica de Catalão, capacidade para produzir até 300 unidades por dia
mente inovadoras. O Pajero TR4 Flex, o Pajero Sport Flex e a L200 Triton Flex seriam os primeiros utilitários do mundo a rodar com qualquer mistura de gasolina e álcool. Em 2010, a fábrica operava em uma área construída de
93 mil metros quadrados e somava 2,900 empregados. Dos quase 40 mil veículos vendidos por ano, 80% saíam das linhas de montagem de Catalão – que pediam nova expansão. Nesse mesmo ano, a companhia começou a tocar o projeto Anhanguera II, o mais ambicioso de todos, mirando na produção de 100 mil veículos/ano. Na divisão de competições, os planos também estavam acelerados. Foi implantada uma oficina especializada em Mogi Guaçu (SP) para desenvolver e testar veículos antes das provas. Em 2011, a empresa iniciou uma parceria com o autódromo Velo Città nessa mesma cidade. Com um desafiador traçado de 3.493 metros, o circuito é homologado pela Federação Internacional de Automobilismo (FIA) e usado em vários eventos da marca, como Lancer Cup, Lancer Evo Day, Fun Day e Lancer Experience. Em 2013, o crossover Mitsubishi ASX, antes importado, passou a ser produzido no Brasil. No ano seguinte foi a vez de o sedã Lancer ser nacionalizado, após três anos de vendas do modelo importado. Hoje, a fábrica que colocou Catalão no mapa tem capacidade para produzir até 300 unidades por dia, incluindo as várias versões da L200 Triton, do Pajero 4x4, do ASX e do Lancer, que representam, juntos, 85% das vendas. São produtos tão campeões quanto o time de atletas que a Mitsubishi patrocina – entre eles, os dois campeões mundiais de surfe Gabriel Medina e Adriano de Souza. Em 25 anos no Brasil, a marca dos três diamantes se orgulha de haver entregue aos clientes nada menos que 630 mil veículos. E não vai parar por aí.
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Acompanhe os principais marcos de uma bela história previsão de investimentos de R$ 207 milhões até 2006. Criação do rali Mitsubishi Outdoor.
2011 – Importação do sedã Lancer. Parceria com o autódromo Velo Città, em Mogi Guaçu, para a realização de testes e eventos. Os veículos produzidos em Catalão já representam 81% das vendas.
1991 – Assinatura de contrato de importação com a Mitsubishi Motors Japan e início das vendas das cabines duplas L200 tropicalizadas. 1993 – Instalação de linha de montagem das L200 em Manaus. 1994 – Criação do Mitsubishi Dare Time. 1995 – Encerramento da linha de montagem em Manaus devido à fixação de cotas de importação pelo governo. Criação do rali Mitsubishi MotorSports.
que compensa a emissão de CO2 pela fábrica com o plantio de árvores – 20 mil já foram plantadas até hoje.
2012 – Lançamento de novas versões da L200 Triton. As vendas atingem 60.600 veículos/ano. A rede de concessionárias se distribui em 55% na região Sudeste, 17% na Sul, 13% na Nordeste, 10% na Centro-Oeste e 5% na Norte. 2006 – Produção do Pajero Sport. A fábrica passa a ter 65 mil metros quadrados e 1.500 funcionários. Vendas chegam a 24 mil veículos/ano. 2007 – Produção da L200 Triton. Lançamento da Fase 3 do Projeto Anhanguera, com previsão de R$ 501 milhões de investimentos até 2009. Comercialização do crossover Outlander. Ampliação da área de soldas. 2009 – A área construída passa a ser de 93 mil metros quadrados. O total de funcionários sobe para 2.890. As vendas atingem 36.800 veículos/ano.
2013 – As vendas de crossovers atingem 138.200 no Brasil. Desde 2008 vem crescendo num ritmo maior do que o mercado automobilístico em geral. Início de fabricação do ASX nacional, que encerra o ano com volume de vendas maior do que os importados (6.500 x 4.700). 2014 – As vendas do ASX nacional chegam a 15.600 unidades no ano. É o veículo mais leve da categoria, com 1.345 quilos, e o de melhor relação peso/potência: 8,4 kg/CV. 2015 – Os veículos produzidos em Catalão (L200 Triton, Pajero 4x4, ASX e Lancer) repre-
1996 – Início da construção da fábrica em Catalão (GO), com investimentos de R$ 44 milhões. 1998 – Começo da produção das L200 nacionais em Catalão (GO), numa fábrica de 14 mil metros quadrados e 150 empregados. As vendas atingem 9.300 veículos no ano. 2000 – Lançamento do projeto Anhanguera I, que previa investimentos de R$ 132 milhões em três anos. 2001 – Lançamento da MIT Revista. O número de estreia circula em março. 2002 – Expansão da fábrica para a produção da Pajero TR4 e instalação de nova linha de pintura. 2003 – Produção da L200 Sport. A área construída da fábrica passa para 40 mil metros quadrados – e o número de funcionários sobe para 727. Vendas somam 12.500 veículos. 2004 – Construção de prédios para veículos especiais e para moldes plásticos e peças. Lançamento da Fase 2 do projeto Anhanguera, com
2010 – Lançamento do Projeto Anhanguera II, com investimentos totais de R$ 1,1 bilhão até 2015. Início da comercialização do crossover Mitsubishi ASX. Instalação da oficina especializada em em competições em Mogi Guaçu (SP). Lançamento do MITproverde, projeto
sentam 85% das vendas da empresa. 2016 – A Mitsubishi completa 25 anos de atividade no Brasil, num total de mais de 630 mil veículos vendidos e uma rede de 190 concessionários.
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Mit revista
99
100
Mit revista
junho 2016 ricardo leizer
adriano carrapato
ricardo leizer
tom papp
cadu rolim
tom papp
gustavo epifanio
adriano carrapato
tom papp
marcio machado
universo
mitsubishi No asfalto ou na terra, a marca dos trĂŞs diamantes tem a diversĂŁo certa para vocĂŞ
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101
universo mitsubishi
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mogi guaçu 11/06/2016
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fotos: tom papp
Autódromo Velo Città
lancer cup
Milésimos preciosos A abertura da temporada 2016 da Lancer Cup teve disputas acirradas a cada curva do Velo Città por mario ciccone
O
frio de 18 graus em Mogi
puta acirrada contra JP Mauro, estreante
pode fazer uma enorme diferença”, co-
Guaçu (SP) foi um mero
na categoria. “Ano passado venci quase
mentou. Já JP Mauro chegou na segunda
detalhe diante da altíssima
todas as etapas, faltou apenas uma”, disse
posição em ambas as corridas. Detalhe:
temperatura das disputas
ele. “Cheguei animado para este ano.” Já
era sua estreia na categoria. “A disputa
da etapa inicial da Mitsubishi Lancer Cup
Sergio Laganá venceu a primeira prova do
foi muito boa e divertida.” Ricardo Feltre
2016. O Autódromo Velo Città tornou-se
dia na nova categoria Light, para compe-
venceu a segunda disputa do dia na geral,
palco de duas provas que exigiram muito.
tidores que nunca haviam corrido a bordo
liderando de ponta a ponta. “Sei que tem
As provas fizeram parte da programação
de um Lancer RS. “Tenho vários amigos
muitos pilotos bons, o objetivo é ser cam-
do Sette Day. O evento teve um track day
que andam aqui e viviam me convidan-
peão de novo”, vibrou. Na Lancer RS Light,
para proprietários de superesportivos de
do”, revelou. “A pista é gostosa e adorei
Luiz Barcellos emocionou-se com sua pri-
diversas marcas, além de volta rápida no
o carro.” Na categoria Lancer RS Master,
meira vitória. “Nunca vou esquecer. Estou
assento ao lado de Ingo Hoffmann. Isso
para pilotos com mais de 45 anos, Renato
andando mais rápido e mais confiante.”
sem falar nos passeios de balão e outras
Favatti celebrou o lugar mais alto do pódio.
atividades para toda a família.
“Achei o caminho das pedras”, brincou.
Com carros Lancer RS iguais, o pódio
102
Na segunda corrida, realizada no fim
da Lancer Cup é decidido pelo talento dos
do dia, o vencedor na categoria Lancer
pilotos. O mineiro Mauro Neuenschwan-
RS Master foi Elias Azevedo, que exaltou
der venceu a primeira corrida numa dis-
a competitividade da prova. “Um décimo
Mit revista
junho 2016
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junho 2016
Mit revista
tom papp
A prova marcou ótimos “pegas” no Velo Città
103
lancer cup
adriano carrapato
tom papp
universo mitsubishi
tom papp
adriano carrapato
Primeiro, a espera pela largada. Depois, a celebração no pódio. Enquanto isso, amigos e familiares curtem atividades como passeios de balão
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Mit revista
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fotos: adriano carrapato
tom papp
Muita festa e o merecidĂssimo champanhe depois de caprichar ao volante do possante Lancer RS, de 340 cavalos
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Mit revista
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lancer cup
tom papp
universo mitsubishi
tom papp
fotos: adriano carrapato
Pódio da categoria Lancer RS Master na primeira etapa do dia (no alto) e outra celebração da vitória após duas provas emocionantes
106
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junho 2016
universo mitsubishi
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são josé do rio preto 11/06/2016
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por juliana amato
motorsports
Lama é sempre bem-vinda
Muita animação para a Nação 4x4 em São José do Rio Preto, Tiradentes, Gravatá, Mogi e Joinville
por peu araújo, juliana amato E mario ciccone
M
Guilherme Barbosa e Lisiane Homem
regularidade do Brasil, o
levou o primeiro lugar do pódio. “A trilha
etapas este ano. Os competidores
Mitsubishi Motorsports é
de hoje foi uma de nossas preferidas”,
passaram pelas ruas coloniais com
pura diversão para qual-
comemorou o piloto. Já na disputa de
pedras pés de moleque de Tiradentes
quer fã da vida off-road. Se tiver lama,
Turismo Light os vencedores foram
(MG), além dos desafios de Gravatá, no
então, a competição vira uma aventura.
Reginaldo Rocha Lemos Júnior e José
agreste de Pernambuco, Mogi Gauçu
E a etapa realizada em José do Rio
Barreto Neto. “Tinha muita lama e a
(SP) e Joinville (SC), na abertura da
Preto foi uma das mais disputadas na
prova foi muito pegada”, contou
temporada. Em média, participam entre
temporada. Participam da competição
Lemos Júnior.
200 e 250 carros a cada etapa.
os modelos 4x4 das linhas Pajero, L200
É a terceira vitória da dupla neste
e ASX. Entre os graduados, a dupla ven-
ano. A etapa também marcou a estreia
cedora Paulo Goes e Jhonatan Ardigo
da competição da categoria ASX. A
começa a embolar o campeonato. “A
dupla formada por Marcus Franzotti e
disputa será ainda mais emocionante
Welington Marques terminou a prova
nas próximas etapas”, afirmou Ardigo.
em primeiro lugar. “O ASX é muito
Outra categoria em disputa é a Turismo. Na etapa mais recente, o casal 110
A Motorsports teve outras quatro
ais tradicional rali de
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seguro, passa a sensação de que está sempre na mão”, analisou Franzotti.
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NĂŁo hĂĄ lama que pare um piloto da Motorsports
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motorsports são josé do rio preto 11/06/2016
fotos: cadu rolim
universo mitsubishi
A etapa de São José do Rio Preto submeteu as duplas a terrenos bastante acidentados. Melhor assim. Por fim, muita celebração em família
112
Mit revista
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motorsports
tiradentes 21/05/2016
ricardo leizer
fotos: tom papp
universo mitsubishi
O centro histรณrico de Tiradentes (MG) serviu de ponto de partida para a prova
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Mit revista
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motorsports
gravatá 30/04/2016
fotos: tom papp
ricardo leizer
universo mitsubishi
As aventuras em meio ao agreste pernambucano exigiram muita atenção pelo caminho. Para, como sempre, terminar com festa em família
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Mit revista
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motorsports mogi guaçu 09/04/2016
gustavo epifanio
fotos: adriano carrapato
universo mitsubishi
O circuito Velo Cittå serviu de largada e chegada para mais uma etapa disputada no interior paulista. O dia foi de sol — e de muita poeira
116
Mit revista
junho 2016
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motorsports joinville 19/03/2016
tom papp
marcio machado
cadu rolim
tom papp
marcio machado
universo mitsubishi
Na etapa de Joinville, desafios em todos os tipos de terreno. No detalhe, a famĂlia toda a bordo
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Mit revista
junho 2016
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mogi guaçu 09/04/2016 / joinville 19/03/2016 www.mitsubishioutdoor.com.br
fotos: tom papp
universo mitsubishi
A cada parada, um desafio divertido
Aventuras em série
Encontrar o lugar de pouso de um piloto de parapente no interior paulista e incríveis desafios em Santa Catarina. Pura emoção
por juliana amato
A
segunda etapa do Mitsubishi
”O resgate foi espetacular”, exultou
culos. Entre trechos de reflorestamento
Outdoor, em Mogi Guaçu (SP),
Wagner Cipolla, 52 anos, um dos pilotos
e cenários urbanos formados por casas
teve tudo o que a Nação 4x4
da Equiperdida, primeira colocada na
em enxaimel, não faltaram desafios. Um
mais gosta: aventura, desafios,
categoria Fun. Cipolla já se dedicou ao
destaque: o PC cross fit, que reuniu uma
diversão e lindas paisagens. No percurso,
Motosports, mas há oito anos optou pelo
corrida com obstáculos, natação, subida
as equipes aproveitaram a vinícola Casa
Outdoor — e não quer outra vida. A seu
em cabo de navio e até um pneu de trator
Geraldo, em Andradas (MG), e ali conhe-
ver, uma das melhores sensações da mo-
para levantar. Em outros dois PCs, as
ceram como se faz um bom vinho. Mais:
dalidade é constatar que a equipe está se
equipes tiveram de descobrir o melhor
praticaram rapel e trekking, percorreram
entrosando. “No ano passado, não fomos
caminho por meio de um aplicativo QR
trilha em mata fechada, completaram
tão bem e, por isso, desta vez, decidimos
Code. “A navegação foi o diferencial.
três percursos de bicicleta e aprenderam
nos reunir em Campos do Jordão (SP) e
Usamos o mapa virtual o tempo todo”,
a atirar com arco e flecha. De quebra,
treinar para ganhar”, revelou. “E não é que
contou o participante Cássio Moraes.
fizeram uma das atividades mais emo-
ganhamos?”
cionantes já pensadas na modalidade, a Homem Pássaro. Nesse último caso, as equipes tiveram
120
A abertura do calendário 2016 do Mitsubishi Outdoor ocorreu em Joinville (SC). A prova teve de tudo. Atoleiros e
de encontrar o ponto exato de pouso de
erosões em Pontos de Controle (os PCs,
um piloto de parapente e, em seguida,
onde os participantes realizam as tarefas
resgatá-lo e levá-lo até o Pico do Gavião.
à parte) testaram a resistência dos veí-
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junho 2016
n Confira os resultados completos no tablet da MIT Revista ou no site www.mitsubishimotors.com.br
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Encarar estradas de terra faz parte do programa, claro
junho 2016
Mit revista
121
outdoor fotos: tom papp
universo mitsubishi
Tarefas, navegação, disputas de arco e flecha e corridas de bike. Muita folia para gente de gerações bem diferentes
122
Mit revista
junho 2016
gabriel barbosa gabriel barbosa
gabriel barbosa
Rapel de 15 metros, travessias radicais e bike para driblar terrenos acidentados. Eis aĂ os ingredientes de um grande dia de disputas
junho 2016
Mit revista
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universo mitsubishi
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jaguariúna 15/05/2016 / mogi guaçu 09/04/2016
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Fotos: cadu rolim
por Renato Góes
Cup
Com o pé embaixo Muita areia, lama e cascalho para os pilotos que entraram por São Paulo adentro por peu araújo
Q
uando a Mitsubishi Cup
de 30 quilômetros cada. No segundo, a
viais da região deixaram o nível da corrida
começou, em 2000, o planeta
disputa ocorreu em duas baterias em
lá no alto. Campeão entre as Pajeros TR4
acabara de passar pelas afli-
outro circuito, de 50 quilômetros.
ER – uma das cinco categorias da disputa
ções do bug do milênio.
–, Paulo Theophilo Dias Filho fez sua análise do roteiro no primeiro Mitsubishi Cup
Twister e SNZ eram os fenômenos pop,
RS, comentou: “Que prova! Foi extrema-
do ano. “A prova foi muito bem desenhada
enquanto a cantora Anitta não passava
mente rápida e em todos tipos de piso”. A
e rápida, com bastante areia, barro e
de uma menininha de 7 anos. Pois bem,
disputa foi acompanhada no lounge por
cascalho. Teve de tudo”, disse o piloto,
o mau agouro tecnológico nunca mais
familiares e amigos. Eles viram de cama-
que participa em dupla com o navegador
ocorreu. É coisa do passado. Mas o rali
rote a poeira subindo após a passagem de
Marcelo Bortoluz. “Enfim, uma disputa
continua a mil.
cada bólido.
perfeita”, comentou o piloto, em sua
A segunda etapa da Mitsubishi Cup,
124
Ao final da etapa do primeiro dia, Ricardo Feltre, vencedor na categoria ASX
Na música, Sandy & Junior,
A etapa de abertura, realizada em
em Jaguariúna, teve um fim de semana
Mogi Guaçu, marcou o início da 17ª
perfeito para apaixonados por velocidade.
temporada do maior e mais tradicional
Durante um sábado e um domingo, a nata
torneio de cross-country do país. A larga-
do off-road se reuniu na Fazenda Meia
da no Autódromo Velo Città foi seguida
Lua, em Jaguariúna (SP), para encarar
de um pequeno trecho de asfalto. Depois,
duas etapas distintas. No primeiro dia, os
só terra-pra-que-te-quero. Estradas de
participantes disputaram três baterias,
fazendas e alta velocidade pelos cana-
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junho 2016
terceira temporada. n Confira os resultados completos no tablet da MIT Revista ou no site www.mitsubishimotors.com.br
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Levantando poeira (ao pĂŠ da letra)
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Cup
ricardo leizer
ricardo leizer
fotos: cadu rolim
universo mitsubishi
É puro off-road. É desafio para carros e pilotos. Na premiação de ASX, Ivo Mayer e Ricardo Feltre celebraram vitórias nos dois dias. No pódio, os melhores da categoria TR4 ER Master. Na página ao lado, os vencedores das categorias de ASX
126
Mit revista
junho 2016
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Mit revista
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ricardo leizer
ricardo leizer
D R I V E Y O U R W O R L D
M I T R E V I S T A 6 1 J U N H O 2 0 1 5
LEIA TAMBÉM A MIT NO TABLET
AMORA MAUTNER A grife da Globo
EDIÇÃO 25 • JUNHO 2016 • BONI
EDIÇÃO 25 JUNHO/JULHO/AGOSTO 2016
BONI
Presidente da Rede Vanguarda
O antenado THEPRESIDENT
Edição de Aniversário
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mit
premiação
A sua própria casa em Trancoso Os vencedores do Motorsports/Turismo -NE vão se hospedar no condomínioTerravista jesuíta de 1586. Ao centro, o gramado,
internacional. O vilarejo de
onde todos transitam.
pescadores do sul da Bahia
Antes um destino quase inalcançável,
piscina própria em formato de raia. O serviço também é especial. Cada casa tem sua camareira, que prepara
que se atingia por estrada de barro
um delicioso café da manhã. Ela também
do planeta. Suas belezas naturais e a
precária ou travessia de balsa, Trancoso
deixa tudo limpo e arrumado. Se você,
tranquilidade de sua gente encantam.
tem agora até aeroporto privado. Ele fica
assim como eu, sonhava em ter a sua
Ao contrário do que costuma ocorrer
no condomínio Terravista Vilas, um lugar
própria residência nesse lugar incrível,
em casos assim, Trancoso se preservou.
perfeito para se hospedar.
agora já pode realizá-lo. A casa será sua
reúne gente de todos os cantos
O Quadrado, no centro histórico, é
O Terravista foi instalado sobre uma
pelo período que desejar. Não foi por
a melhor prova disso.Suas casinhas
falésia com vista para o mar esmeralda.
acaso que indicamos o Terravista Vilas
coloridas, antes residências dos nativos,
Ali, casas magníficas estão prontas para
para o Circuito Elegante, associação
deram espaço a pousadas, lojas de
receber. Cada uma tem duas ou quatro
de viajantes que reúne o que há de
grifes e restaurantes. Ao fundo, uma
suítes. São todas amplas, claras, belas,
melhor em hospedagem e gastronomia
igrejinha branca, no alto de uma falésia
confortáveis e decoradas com elegância
do Brasil. (Priscila Bentes – CEO do
e debruçada para o mar, data da aldeia
e estilo. Algumas contam até com
Circuito Elegante)
O café da manhã é preparado por uma camareira
130
Mit revista
JUNHO 2016
divulgação
T
rancoso ganhou fama
terravistavilas.com.br tel.: (73) 3668-2355 circuitoelegante.com.br
Resta escolher entre casas de duas ou quatro suĂtes
JUNHO 2016
Mit revista
131
mit
premiação
divulgação
Piscina com bar e praia ao lado. Quem quer outra vida?
Aqui, a seleção alemã ganhou a Copa E os vencedores do Motosports/Graduados-NE ganharão hospedagem no Campo Bahia
M
uito antes de viajar para
volta da equipe germânica para a Europa,
em 14 amplas casas, chamadas de
disputar a Copa do Mundo
foi transformado no hotel Campo Bahia.
villas. Cada uma abriga quatro, cinco ou
de 2014 no Brasil, a
Como seria de se esperar, os cuidados
seis suítes. Elas acomodam de casais
seleção alemã de futebol
com o conforto são germânicos — leia-
a famílias, grupos de amigos e até um
decidiu procurar um lugar ideal para sua
se minuciosos. Por isso mesmo, o hotel
time de vencedores. O serviço impecável
concentração nos trópicos. Pesquisou
ganhou duas chancelas de respeito: a
pode contar inclusive com mordomo
um ponto do país com as melhores
do Circuito Elegante e a do Small Luxury
particular, se o hóspede requisitar.
temperaturas, uma praia linda, uma
Hotels of the World.
população amistosa e muito sossego em
do hotel. Da cozinha comandada pelo
torno. Encontrou Santo André, no sul da
uma área de 15 mil metros quadrados,
chef Thiago Paixão, saem pratos das
Bahia, a 30 quilômetros de Porto Seguro.
de frente para uma praia praticamente
culinárias baiana e internacional, com
deserta. Oferece academia, campo de
toques contemporâneos. O bar, batizado
própria concentração. Treinaram muito,
futebol, piscina, restaurante, espaço
de Copa do Mundo, é perfeito para um
pegaram praia e, claro, comemoraram
de massagem, aulas de ioga e esportes
drinque antes ou depois do jantar e
um bocado o título de campeões. O alto
náuticos. Um spa L’Occitane vem sendo
oferece coquetéis variados. (Renata
astral permaneceu no lugar, que, após a
construído. A hospedagem está dividida
Araujo – editora do You Must Go.)
Ali, os alemães construíram a
132
O Campo Bahia está instalado em
A gastronomia é outro ponto alto
Mit revista
JUNHO 2016
campobahia.com tel.: (73) 33162-4690 circuitoelegante.com.br
O hotel tem todas as comodidades. Fica em Santo AndrĂŠ, no sul da Bahia
JUNHO 2016
Mit revista
133
mit
premiação
divulgação
Descanso com estilo, na altitude
Alta gastronomia na Serra Fluminense O Locanda della Mimosa, em Petrópolis, receberá os campeões da Motosports/Turismo-SE
E
legância e tradição são só
que disputou a Copa do Mundo daquele
aconchego. Duas delas contam com
dois dos muitos adjetivos
ano na vizinha Argentina. Na ocasião,
lareira e hidromassagem. Uma outra é
que definem a Locanda
encantou-se com o Rio de Janeiro, onde
suíte familiar, prontinha para acomodar
della Mimosa, uma das
montou refinados restaurantes. Ao
até quatro pessoas. Todos os quartos
mais exclusivas pousadas na Serra
descobrir os encantos da serra, mudou-
têm acesso à internet e travesseiros com
Fluminense. Ela está encravada no Vale
se para lá com panelas e bagagens.
plumas de ganso.
Florido, entre Itaipava e Petrópolis, no
134
Com padrão internacional e
Para relaxar em meio à natureza,
Rio de Janeiro. Ali ocorrem festas de
considerada uma das mais bem
há dois spas, além de sauna, piscina,
casamento memoráveis, festivais de jazz
equipadas do Brasil, a cozinha da
academia e sala de massagem,
e, claro, grandes eventos gastronômicos.
Locanda é referência mundial. Pães e
com tratamentos realizados por
Pudera, a culinária contemporânea
massas feitos ali, de forma artesanal,
fisioterapeutas. Tudo para você usufruir
da Locanda della Mimosa, comandada
seguindo receitas tradicionais italianas,
a paz e o relaxamento da serra. Para
pelos chefs Danio Braga e Paulo Duarte,
garantem refeições inesquecíveis. Sem
facilitar, a pousada oferece um heliponto,
é um sucesso. Italiano, Danio veio pela
contar a adega com 1.200 rótulos.
além de transfer a partir dos aeroportos
primeira vez ao Brasil em 1978, quando
A pousada oferece 12 espaçosas
era o chef da seleção italiana de futebol,
suítes projetadas para unir conforto e
Mit revista
JUNHO 2016
do Rio. (Flavia Pires – editora do Blog Flavia Pires Explora)
locanda.com.br tel.: (24) 2233-5405 circuitoelegante.com.br
Depois da piscina, vĂŁo bem as iguarias preparadas por dois grandes chefs e acompanhadas pelos melhores rĂłtulos de tintos e brancos
JUNHO 2016
Mit revista
135
mit
premiação
divulgação
Piscina de borda infinita: Bom demais
De cara para o mar numa ilha belíssima O TW Guaimbê, de Ilhabela, será a recompensa para quem levar o Motorports/Graduados-SE
I
lhabela (SP) é perfeita até na
medidas diferentes. Há até uma suíte
O TW Guaimbê acena, ainda, com
localização. Fica a meio caminho
presidencial. Ao hospedar-se em uma
ioga, pilates, personal trainner, parceria
entre as duas maiores cidades do
delas, o visitante tem à disposição muita
com escola de stand up paddle e
país: ergue-se a 210 quilômetros
mordomia. A começar pela convidativa
caiaque. Sem esquecer o room spa, para
de São Paulo e a 240 do Rio de Janeiro.
piscina de borda infinita, para que nada
o hóspede não ter necessidade, muito
Está bem próxima do continente, mas
se interponha entre ele e o horizonte.
menos vontade, de sair da pousada.
suficientemente isolada para cercar-se
Mas claro que as ofertas de passeio em
de sossego. Tem a natureza muito bem
cabana-restaurante e wi-fi gratuito,
uma ilha tão idílica haverá de aliciar até
preservada e nada menos que 42 praias.
servidos por uma equipe sempre pronta
os acomodados. Há veredas belíssimas
Uma das mais bonitas é a Praia do Julião,
para tornar a experiência na casa de
interior adentro, ruas simpáticas no
onde foi instalada uma de suas mais
praia inesquecível. Seja com o preparo
centrinho e um litoral adorável. Nesse
charmosas pousadas da ilha paulista, a
de um jantar romântico ou massagens
caso, a TW Guiambê também assessora
TW Guaimbê.
relaxantes, tudo foi pensado em
com denodo, colocando à disposição
minúcias. É o máximo do conforto em
barcos e jipes. Resta escolher: no mar ou
cara para o mar. Assim foi pensada a
um ambiente de praia ao mesmo tempo
na terra? (Monica Barros – Editora do
TW Guaimbê. São 16 suítes, de cinco
despojado e muito elegante.
Le Touriste Blog)
Imagine um amplo casarão, de
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A pousada oferece sauna, wine bar,
Mit revista
JUNHO 2016
twguaimbe.com tel.: (12) 3894-9306 circuitoelegante.com.br
Decoração, espaço e gastronomia: Tudo de primeiríssima
JUNHO 2016
Mit revista
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mit
premiação
No sul da Bahia, com o jeitão de Bali Aos vitoriosos do Suzuki Off-Road caberão dias gloriosos no Balidendê, em Barra Grande O Villa Balidendê tem só 16 suítes,
e corais estão acessíveis até mesmo
até o hotel Villa Balidendê,
o que garante total privacidade.
a pé. Com snorkel e nadadeiras já dá
em Barra Grande, no sul da
Seu nome indica a junção bem-
para se divertir um bocado. Melhor
Bahia. São 150 quilômetros
humorada do tempero baiano – que
ainda, claro, com equipamento de
a partir de Ilhéus. A maneira mais
batiza a Costa do Dendê, onde está
mergulho autônomo.
cômoda é embarcar num táxi aéreo
incrustrada Barra Grande – com a
em Salvador, mas costuma-se
ilha de Bali, na Indonésia. O lugar é
é entre outubro e março. Mas o que
recorrer à estrada. De preferência, a
uma mescla dessas duas influências.
mais influencia o sucesso da viagem
bordo de um veículo 4x4. Afinal, os 30
Os móveis vieram da Indonésia,
é a Lua. Prefira os períodos de lua
quilômetros finais não são asfaltados.
assim como a inspiração do spa. A
cheia ou lua nova, quando as marés
A alternativa é entrar em uma lancha
ambientação, seja como for, é baiana.
se mostram mais secas. A tábua de
na cidade de Camamu, desembarcar
Isso significa ótimo astral, da gostosa
marés, aliás, informa a hora de estar
em Barra Grande e seguir, de
piscina do hotel às adoráveis piscinas
na praia para apreciar as piscinas
jardineira, por meia hora, até a praia
naturais de Taipu de Fora, que se
naturais. (Ana Maria Junqueira –
de Taipu de Fora, onde fica o hotel.
formam bem em frente. Os cardumes
editora do blog Magari Blu)
A época ideal para visitar Taipu
A piscina: Em meio aos coqueiros
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Mit revista
JUNHO 2016
divulgação
A
emoção já começa na ida
vilabalidende.com.br tel.: (73) 3258-6347 circuitoelegante.com.br
As piscinas naturais: Em frente ao hotel
JUNHO 2016
Mit revista
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mit parceria
divulgação/josé mário dias
Equipe Mitsubishi Petrobras: gasolina de alta performance
Combustível é coisa séria A inovação da gasolina Petrobras Podium faz a diferença no desempenho e eficiência do seu carro por juliana amato
Q
uem procura por uma
desempenho nas retomadas de
que a composição da gasolina Petrobras
gasolina para motores de
velocidade, aprimorando a dirigibilidade
Podium tem a vantagem de proteger
alto desempenho tem uma
e tornando as ultrapassagens mais
o motor. As válvulas, bicos injetores e
opção clara: Petrobras
seguras. Enfim, aumentando, e muito,
câmara de combustão não sofrem mais
Podium. A mesma, por
a performance, seja em veículos com
com elevados depósitos de sedimentos.
motor flex ou exclusivamente a gasolina.
Também o desgaste das peças é bem
sinal, utilizada nas provas de rali pela
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menor, graças a componentes que
Equipe Mitsubishi Petrobras. Fabricada
Outra característica da Petrobras
pela empresa desde 2002, a Petrobras
Podium é superar as características das
Podium é o combustível de maior
gasolinas premium, embora esteja nessa
octanagem comercializado no país,
categoria segundo a legislação brasileira,
motores de alta performance é mais
com octanagem IAD = 95 de Índice
graças ao seu baixíssimo teor de
um pioneirismo da Petrobras, que foi a
Antidetonante — enquanto as gasolinas
enxofre, de apenas 30 partes por milhão
primeira em uso de bombas eletrônicas,
comuns têm a partir de 87 IAD. Isso
— o menor do mercado. O menor nível
venda de álcool hidratado e abolição
significa maior capacidade de resistir
de emissões dos veículos abastecidos
de chumbo no combustível. Não é para
a altas pressões e temperaturas na
com o combustível contribui para uma
menos que a empresa se orgulha de
câmara de combustão, sem sofrer
menor concentração de poluentes no
estar sempre no lugar mais alto do pódio
detonação. O resultado: melhor
ar das grandes cidades. Sem esquecer
da inovação.
Mit revista
JUNHO 2016
reduzem o atrito. Produzir a melhor gasolina para
retrovisor
um olhar para o passado
divulgação
por Mario ciccone
MITSUBISHI PX-33
1937
Quem olha para o PX33 pode ter certeza de que está diante de um marco para a Mitsubishi Heavy Industries, que daria origem à Mitsubishi Motors. O veículo é um protótipo entregue ao governo japonês em 1937. Foram produzidas apenas quatro unidades, priorizando o uso militar, numa época em que o Japão havia invadido a Manchúria, na China. O mais importante, porém, é o que o Mitsubishi PX33 trazia para o futuro da marca dos três diamantes — a tecnologia em tração 4x4. O sedã de quatro portas tinha motor a diesel 6,7 litros, de 69 cavalos, com injeção direta. O carro estará no Salão do Automóvel em São Paulo, entre 10 e 20 de novembro de 2016. Uma ótima oportunidade para você conhecê-lo de perto.
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Mit revista
junho 2016
Sujeito à análise de crédito.
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