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jeff bezos o dono do mundo 12/5/17 9:22 PM
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Editorial por fernando paiva, diretor editorial
Tempo, espaço e tecnologia
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ono da Amazon, o americano Jeff Bezos, nossa capa, se tornou o homem mais rico do mundo — ou quase isso, a depender do autor do ranking ou das cotações da Nasdaq na semana. Bezos começou explorando a mais moderna
tecnologia, ou seja, o vasto comércio virtual, para vender um produto criado no século 15: o livro. Uniu assim a prensa de Gutenberg (1398-1468) ao Vale do Silício.
marcelo spatafora
Esta edição traz outros exemplos de superposições
Mitsubishi L200 Triton Sport HPE S: frente nova, rodas de aro 17 diamantadas e um novo equipamento multimídia, compatível com Android e Apple
de técnicas e tecnologias no tempo. Caso das agritechs brasileiras, empresas que recorrem aos mais sofisticados softwares para ajudar o homem do campo a produzir mais e melhor na mais antiga atividade econômica: a agricultura. Nem por isso, elas descartam a sabedoria prática acumulada e legada por gerações ao longo de séculos. Singular, nesse sentido, é a reportagem sobre três paulistanas que abandonaram carreiras ditas “promissoras” para abraçar um método de produção que remonta às origens da panificação na história. Sim, elas fazem pães com os recursos da Antiguidade. Mas os vendem por intermédio da internet, unindo dois períodos ainda mais distantes entre si do que os de Gutenberg e do Vale do Silício. Esse mesmo raciocínio pode ser aplicado à nova Mitsubishi L200 Triton Sport HPE S. O carro chega com frente nova, rodas de aro 17 diamantadas e um novo equipamento multimídia. Entre outros destaques, ele funciona indistintamente com os principais smartphones do mercado – não importa se dos sistemas Android ou Apple. Ou seja: um veículo moderno, contemporâneo, capaz de levar você com todo o conforto aos lugares mais remotos e pouco acessíveis. Em outras palavras: aos mais belos lugares do mundo.
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sumário n dezembro 2017 n edição 64
mundo sem fronteiras
Mundo 4x4
© olga vlahou
mundo URBANo
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48 Dos livros a jato ao espaço sideral
72 Anjos da guerra
90 Instaventureiros
Os Médicos Sem Fronteiras veem
Eles têm milhares de seguidores
Como Jeff Bezos, fundador da
bem de perto um mundo que a
no Instagram, onde divulgam suas
Amazon.com, ruma para onde
maioria só quer ver bem de longe
andanças pelo planeta
60 Nas alturas
78 Aventura cinco estrelas
98 Roça high tech
Vista espetacular e coquetéis
Mergulhar ou surfar ganha
campo, com startups que ajudam
criativos – eis a fórmula de bares e
outro sabor a bordo de barcos
o Brasil a colher uma safra histórica
restaurantes para seduzir
especializados
66 Profissão: padeira
86 Festa no mar
Elas abriram mão de carreiras
Em pleno inverno, a Semana de
rodas diamantadas e novo sistema
consolidadas para se dedicar à
Vela de Ilhabela teve sol, calor, bons
multimídia. A picape mais desejada
produção artesanal de pães
ventos, raia lotada e Pajero campeão
do Brasil alcançou o state of the art
nenhum homem jamais esteve
A nova revolução tecnológica no
104 L200 Triton Sport Ela chega de grade nova, com
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the 4x4
Publicação da Custom Editora Ltda. Sob licença da HPE Automotores do Brasil S.A. CONSELHO EDITORIAL André Cheron, Fernando Julianelli, Fernando Paiva e Fernando Solano REDAÇÃO Diretor Editorial Fernando Paiva fernandopaiva@customeditora.com.br Diretor Editorial Adjunto Mario Ciccone mario@customeditora.com.br Redator-chefe Walterson Sardenberg Sº berg@customeditora.com.br ARTE Diretor Ken Tanaka kentanaka@customeditora.com.br Prepress Daniel Vasques danielvasques@customeditora.com.br Projeto Gráfico Ken Tanaka PRODUÇÃO EXECUTIVA E PESQUISA DE IMAGENS Raphael Alves raphaelalves@customeditora.com.br COLABORARAM NESTE NÚMERO Texto Alessandra Lariu, Ary Pereira Jr., Cristiano Rigo Dalcin, Daniel Japiassu, Gilberto Ungaretti, Luciana Lancellotti, Luiz Maciel, Marcos Diego Nogueira, Rodrigo Cardoso, Sergio Crusco, Silvio Lancellotti e Thiago Medaglia Fotografia Marcelo Spatafora e Olga Vlahou Mapa e Ilustração Luiz Martini e Pedro Hamdan Tratamento de imagens Daniel Vasques e Felipe Batistela Revisão Goretti Tenorio Capa Daniel Berman
PUBLICIDADE E COMERCIAL Diretor Executivo André Cheron andrecheron@customeditora.com.br Diretor Comercial Oswaldo Otero Lara Filho (Buga) oswaldolara@customeditora.com.br Gerente de Publicidade e Novos Negócios Alessandra Calissi alessandra@customeditora.com.br Executivos de Negócios Northon Blair northonblair@customeditora.com.br Marcia Gomes marciagomes@customeditora.com.br REPRESENTANTES GRP - Grupo de Representação Publicitária PR – Tel.: (41) 3023-8238 SC/RS – Tel.: (41) 3026-7451 adalberto@grpmidia.com.br CIN - Centro de Ideias e Negócios DF/RJ – Tels.: (61) 3034-3704 / (61) 3034-3038 paulo.cin@centrodeideiasenegocios.com.br DEPARTAMENTO FINANCEIRO-ADMINISTRATIVO Analista Financeira Carina Rodarte carina@customeditora.com.br Assistente Alessandro Ceron alessandroceron@customeditora.com.br Impressão e acabamento Log&Print Gráfica e Logística S.A. Tiragem 45.000 exemplares Custom Editora Ltda. Av. Nove de Julho, 5.593 - 90 andar - Jd. Paulista São Paulo (SP) - CEP 01407-200 Tel.: (11) 3708-9702 E-mail: mit.revista@customeditora.com.br ATENDIMENTO AO LEITOR atendimentoaoleitor@customeditora.com.br ou tel. (11) 3708-9702 MUDANÇA DE ENDEREÇO DO LEITOR Em caso de mudança de endereço, para receber sua MIT Revista regularmente, mande um e-mail com nome, novo endereço, CPF e número do chassi do veículo
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colaboradores
Daniel Japiassu é jornalista formado
Cultura, viagem, cervejas, tecnologia
Thiago Medaglia foi editor nas revistas
pela PUC-SP e passou pelas redações
e esportes estão entre os assuntos
Terra e National Geographic Brasil,
de Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo,
favoritos de Marcos Diego Nogueira.
bolsista do Centro Internacional para
Gazeta Mercantil, CartaCapital, IstoÉ,
Não à toa, o atual editor da revista
Jornalistas e fez pós-graduação em
Época e MIT Revista, entre outras. Em
Wbeer costuma escrever sobre eles.
jornalismo empreendedor pela City
1999, foi um dos repórteres latino-
Nesta edição, Marquito foi em busca
University de Nova York. Fundador e
americanos que participaram da
dos aventureiros que contam suas
editor da Ambiental Media, é diretor
entrevista coletiva com Jeff Bezos
histórias por intermédio do Instagram,
editorial na editora Horizonte e coautor
sobre o futuro do varejo online. Fazia
postando fotos de lugares aliciantes.
de cinco livros com temática ambiental.
muito, muito frio em Seattle. E a
“É um pessoal que inspira seus
A pessoa certa para escrever sobre
Amazon ainda engatinhava rumo à
milhares de seguidores online a viajar
camping, como fez neste número,
“everything store” que viria a se tornar.
e seguir seus instintos.”
na seção Porta-Malas.
Ela nasceu na Grécia e se radicou no Bra-
Santista de nascimento e paulistana de
Paulista de Palmital, Luiz Maciel foi
sil. Viveu e trabalhou como fotógrafa no
coração, Luciana Lancellotti foi crítica
editor das revistas Quatro Rodas,
país natal e na Itália entre os anos 1980
de restaurantes da revista Playboy e
Náutica e Viagem e Turismo, entre
e 1990. Em 1994, Olga Vlahou retornou
comanda a revista Wine.com.br, especia-
outras. Hoje colabora regularmente
ao Brasil e iniciou a colaboração com a
lizada em vinhos. Quando o assunto não
com várias publicações, incluindo o
semanal CartaCapital, onde se tornaria
é tintos, brancos, rosés e espumantes,
jornal Valor Econômico e a revista The
editora de fotografia. São dela os retratos
ela envereda para outras bebidas nobres.
President. Jornalista que não escolhe
das jovens padeiras paulistanas. “Voltei
Como as águas minerais de luxo, da
assunto, é dele a reportagem sobre
ao tempo quando em casa tínhamos
seção Combustível, que assina nesta
as startups que estão revolucionando
sempre pão quentinho feito por minha
edição. Também são dela as reportagens
o agronegócio no país, a partir de
mãe”, diz. “Receita grega, é claro!”
“Nas Alturas” e “Profissão: Padeira”.
Piracicaba, no interior de São Paulo. dezembro 2017
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mundo URBANo o melhor da vida nas cidades
Maquetes de Foster expostas em Madri
© norman foster foundation/ Guillermo Rodriguez
Por supuesto, sir O premiado arquiteto britânico Norman Foster inaugura a sede de sua fundação em Madri Por Gilberto Ungaretti
À
primeira vista, o luminoso prédio de número 48 da rua Monte Esquinza, em Madri, lembra um edifício comum. Por dentro, porém, ele é pura originalidade. Escolhido pelo arquiteto inglês Norman Foster, 82 anos, para ser o QG da fundação que leva o seu nome, o palacete erguido em 1912 para o duque de Plasencia foi totalmente (re)pensado para que jovens do mundo inteiro antecipem o futuro na arquitetura e no urbanismo. O acervo de 74 mil peças reúne desenhos, maquetes, fotos e memorabilia. No interior, vidro, aço e materiais compostos sintetizam técnicas nas quais Foster foi pioneiro durante 12
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mais de meio século. O telhado em forma de asa de avião é sustentado por estrutura de aço oculta sob fachada de painéis envidraçados – parece flutuar. É que Foster ama a aviação. Serviu na Royal Air Force e pilota seu próprio avião. Tanto que o Pavilhão de Inspirações exibe arte relacionada ao tema. Além de aeronaves, está lá o Avions Voisin C7, de 1927, carro que pertenceu a Le Corbusier. Desde que despontou, no início dos anos 1970, como líder do movimento hi-tech, sir Norman Foster — ele recebeu o título da rainha Elizabeth 2a – nunca mais saiu do circuito internacional da arquitetura. “Talvez isso soe um tanto utópico, mas tudo o que nos rodeia é fruto de um ato consciente de desenho”,
diz. “A qualidade do desenho determina a qualidade de nossa vida.” Em 1999, Foster venceu o Pritzker, o Nobel da arquitetura, graças a trabalhos como o aeroporto de Hong Kong. Isso o levou a projetos tão ou mais ousados, como o torre Gherkin em Londres e a estação espacial Virgin Galactic, no Novo México (Estados Unidos), encomendada por Richard Branson. O palacete foi comprado por 9 milhões de euros. Por que Madri e não em Londres? Sir Norman disse não querer misturar os interesses do escritório em que trabalha e com o qual ficou milionário, na capital inglesa, com os da fundação, sem fins lucrativos. normanfosterfoundation.org
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mundo sem fronteiras onde o concreto encontra a terra
Não fuja das arraias Nas Ilhas Cayman, elas são tão dóceis que comem nas mãos dos visitantes
O
jogo de palavras é irresistível: as Ilhas Cayman, arquipélago caribenho entre Cuba e Jamaica, são muito mais que um paraíso fiscal – são também um paraíso natural. Sim, o centro financeiro offshore, possessão britânica composta por três ilhas, esconde em suas águas quentes incríveis pontos de mergulho. Um dos mais famosos, bem pertinho da costa, chama-se Stingray City (Cidade das Arraias). É o lugar ideal para nadar bem ao lado de arraias-prego, que chegam a 2 metros de envergadura e, neste caso, adoram ser acariciadas. Partindo de Grand Cayman, em 20 minutos de barco o visitante desembarca num banco de areia. Ali fica a “Cidade”, onde as moradoras se jun-
tam para serem alimentadas. Nesse ponto, o mar não tem mais de 2 metros de profundidade. Nos arredores, dá para ficar em pé e até ajoelhado enquanto as arraias nadam ao redor. Suas “asas” são macias e dão uma sensação aveludada ao toque. Os turistas são orientados a alimentá-las com seu prato favorito: lulas. A superstição local diz que beijar uma arraia dá sete anos de boa sorte. Basta tomar cuidado com o ferrão venenoso, na ponta da cauda, que a bem da verdade só é usado para defesa, sobretudo contra tubarões, seus únicos predadores. Quem percebeu a docilidade das arraias foram os pescadores de oceano. Aproveitando as águas calmas atrás da barreira de corais, eles ancoravam
os barcos para limpar os peixes e jogavam fora os restos. As arraias, que caçam pelo olfato, associaram o som do motor ao cheiro do alimento – e começaram a se reunir para aproveitar a refeição fácil. Certo dia dois mergulhadores decidiram interagir com elas, que passaram a comer das mãos humanas. Assim, surgiu a ideia de explorar o turismo, aproveitando que o voo de Miami a Grand Cayman demora apenas uma hora. A moda pegou. Dá para visitar Stingray City ao longo de todo o ano, mas a melhor época é durante os meses de seca, entre dezembro e abril. Quem já foi garante que a experiência é inesquecível. (GU) redsailcayman.com
© alamy
Arraias-prego: interação única
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Mundo 4x4 por um planeta sem asfalto
© istock
Apenas em 2008 ela começou a ser explorada
A maior caverna do planeta Hang Son Doong, no Vietnã, tem espaço para quase três Jumbos 747
E
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seguinte, levou os britânicos até lá. Já um tanto descrentes, os espeleólogos quase engasgaram ao pôr os pés naquela que ficaria conhecida como Hang Son Doong, “A Caverna da Montanha do Rio”. Acessível apenas por rapel, a Hang Son Doong está aberta à visitação, por meio da Oxalis Adventure Tours. Aviso: só 224 turistas por ano podem conhecê-la. A visita dura 6 dias e custa US$ 3 mil. (GU) oxalis.com.vn A torre do Big Ben corresponde à metade da altura
96 m
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forte do vento, que soprava de dentro para fora, fez Ho Khanh sair correndo. Na mesma época, Howard e Deb Limbert – da British Cave Research Association, entidade de espeleologia britânica – realizavam ali uma expedição e ouviram falar da descoberta. Se encontraram com o vietnamita. Insistiram para que ele os guiasse, mas Ho Khanh não se lembrava mais do lugar. Até que, em 2008, depois de diversas tentativas, Ho Khanh finalmente localizou a caverna, sozinho, e, no ano
200 m
la ainda não é considerada uma das maravilhas do mundo moderno. Nem está no Guinness. Mas só por enquanto – a Hang Son Doong é a maior caverna do planeta. Tem 6,5 quilômetros de comprimento e partes que atingem 200 metros de altura e 150 de largura. Espaço para acomodar quase três Boeings Jumbo 747. Formada há 3 milhões de anos, esculpida pelo rio Rao Thuong, ela foi apresentada ao mundo há apenas sete anos. Fica em uma área remota, na província de Quang Binh, a 500 quilômetros da capital, Hanói. Acredita-se que tenha sido usada como esconderijo de vietnamitas no decorrer da Guerra do Vietnã (1964-1975). Mas, nesse caso, permaneceu “esquecida”. São seis horas de caminhada pelas florestas do Parque Nacional Phong Nha-Ke Bang. Em 1991, o vietnamita Ho Khanh andava pela selva quando tropeçou numa abertura de onde saíam nuvens de vapor. No fundo, ouvia-se o ruído das águas de um rio. O assobio
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PORTA-MALAS
a bagagem do viajante
por thiago medaglia
© istock
Pegar praia de barraca. Por que não?
Seu quintal é o mundo Curtir com conforto de sobra os lugares mais inóspitos. Eis a grande vantagem do camping moderno
N
o topo do monte Roraima, após horas de uma
“Acampar é uma forma de se reconectar consigo por
trilha exaustiva e belíssima. Ou no quintal da
meio desse contato mais próximo e íntimo com a natureza”,
casa de praia dos avós. Seja onde for, é prová-
reflete João Ricardo Marincek, dono da Venturas e Aven-
vel que você já tenha acampado. Mesmo sem
turas, tradicional agência de viagens outdoor, instalada
conhecer o britânico Thomas Hiram Holding – tido como o
em São Paulo. Melhor ainda: não dá mais pra reclamar do
precursor do camping moderno. Poucos ouviram falar dele,
desconforto nem de barracas pesadas. “Hoje existem alter-
aliás. Embora ele tenha vivido uma vida e tanto.
nativas com o mesmo conforto de um bom hotel, incluindo
Na década de 1850, mr. Holding cruzou os Estados Unidos de trem, dormindo sob tendas às margens do rio
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cama king size e até lareira.” No Brasil inteiro, onde o camping organizado surgiu
Mississípi. Anos depois, decidido a montar barraca nas Ter-
nos anos 1920, é possível encontrar uma infraestrutura
ras Altas da Escócia, recorreu a uma canoa – ferrovias não
semelhante à da hospedagem convencional. Além de levar
existiam na região. Na Irlanda, acampou de bicicleta. Enfim,
consigo seu abrigo, o verdadeiro campista será reconhecido
Holding desfrutou do planeta, fez história e, acima de tudo,
pelo respeito ao meio ambiente. E por promover práticas
criou um estilo de vida. Tanto que, em 1880, fazer camping
sustentáveis de turismo – alguns dos legados de Thomas
às margens do rio Tâmisa já era moda na Grã-Bretanha.
Hiram Holding.
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Casa portátil Sabe aquela dificuldade de montar uma barraca, retratada em comédias no cinema? Esqueça. Tudo aquilo ficou para trás. Hoje você encontra barracas com montagem quase instantânea. Em alguns casos, basta cruzar duas varetas, fixá-las no chão e pronto. Tem mais: há barracas para todos – dos aventureiros solitários aos que gostam de acampar em família. Entre os modelos grandes, as mais comuns têm capacidade para até oito pessoas e espaço para abrigar bagagens e montar a cozinha. Trilheiros, por sua vez, preferem modelos menores e mais leves. “Viagens para lugares extremos pedem barracas resistentes e de pouco peso”, ensina Waldemar Niclevicz, o primeiro brasileiro a escalar o monte Everest.
Barraca Indy, da NTK: montagem fácil
A qualidade do material também é importantíssima. O tecido precisa ser adequado ao clima e suportar chuva, ven-
hostil é enorme”, esclarece o montanhista.
to, sol forte ou até neve. Tudo isso sem rasgar, desbotar ou
Nautika, Mor, Coleman, Guepardo e Mormaii são as mar-
causar desconforto. “Ainda assim, por mais que você cuide
cas mais conhecidas no Brasil. E leve sempre em conta seu
do seu equipamento, o desgaste em ambientes com clima
perfil na hora de escolher o modelo.
Luz e ação As lanternas de cabeça surgiram para deixar os campistas de mãos livres depois que o sol se põe. “Levo sempre duas, além de baterias extras”, alerta Waldemar Niclevicz. O modelo Storm, da Black Diamond, tem bom alcance (até 70 metros) e autonomia (200 horas). O encaixe é anatômico, foco – mais aberto ou fechado – e alcance são reguláveis. A lanterna reserva pode ser a Illumis, da Mormaii, mais em conta mas de qualidade.
Lanterna Storm: bom alcance e larga autonomia
Envelope de dormir muito frios, preciso de sacos de dormir
menos radicais, o Aleutian, da North
importantes. Em regiões de montanha,
quentes, de preferência com pena de
Face, promete funcionar em diferentes
mesmo no Brasil, passar frio pode ser
ganso e nunca pesando mais do que 1
estações do ano. O modelo tem um
trágico. “Como costumo viajar para locais
quilo”, explica Niclevicz. Para viajantes
desenho de colarinho que inibe a perda de
O saco de dormir é um dos itens mais
calor. E, para as ocasiões mais quentes, basta abrir o zíper lateral e transformar o equipamento em uma manta ou um forro para o chão. Dobrável, ocupa pouco espaço. O modelo Micro Pluma, da brasileira Trilhas e Rumos, pesa em torno de 1 quilo e foi feito para o nosso clima. Aleutian: para diferentes estações
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PORTA-MALAS Sonhe com os anjos Se você nunca usou um colchão inflável, acredite: eles permitem uma noite de sono confortável. Modelos como o Ruby, da
Ruby, da Azteq: colchão inflável com memória
Azteq, têm espuma de poliuretano com memória. Ou seja, quando o colchão é desenrolado no fim do dia, ele volta a inflar como na noite anterior. Boa dica é guardar o colchão aberto antes de viajar e enrolá-lo só no dia de partir. Dessa forma, ele infla mais rapidamente quando você chegar ao camping.
Faz-tudo Cortar galhos para uma fogueira, abrir latas de comida, limpar as escamas da pescaria do dia, tirar a rolha da garrafa de vinho, ter à mão uma chave philips. Canivetes são indispensáveis. A maior vantagem deles é serem multiúso e leves. “O item mais importante do canivete é a tesoura”, instrui Niclevicz. O modelo Spartan Lite, com 15 facas, da suíça Victorinox, tem outro adicional bastante útil: luzes Canivete da Victorinox: indispensável
de LED tornam o canivete visível à noite.
Hora do almoço
Para ver de longe Alguns equipamentos modernos permitem uma experiência
OK, o binóculo pode não ser indispensável. Mas faz toda a diferença quando se trata de vivenciar a natureza. Já pensou
segura e prática em um
em ralar durante dias com a barraca nas costas para chegar
dos quesitos mais
ao cume da montanha e não poder usar o seu binóculo? Há
importantes do acam-
modelos compactos e potentes, como é o caso do Compact,
pamento: a alimentação. O
da Tasco. Com uma objetiva de 25 mm, ele oferece aumento
kit Prep & Cook, da Stanley, vem
de até dez vezes. Feito de material leve e resistente, vem com
até com a tábua de corte, além
bolsa e alça e pesa apenas 240 gramas. A série Aqua, da Vivi-
de panelas, concha e espátula.
tar, tem sistema antinevoeiro e é capaz de flutuar na água.
Leve e prático, é todo de aço inox e suas peças se encaixam umas nas outras, ocupando pouco espaço na bagagem. Seja para panelas ou qualquer outro acessório, uma boa dica é testar o equipamento antes da viagem. “Isso vale para qualquer item, Kit de cozinha da Stanley: leve e prático
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sempre levando em conta leveza, resistência e funcionalidade”, recomenda Niclevicz.
O Compact, da Tasco, faz jus ao nome
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Lugares para fixar a barraca
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O pequeno Spot salva-vidas
Praia do Sono, em Paraty: área preservada em meio ao caminho entre as duas maiores cidades do país
n Praia do Sono, Paraty (RJ)
esportes praticados nessa área da mata
o principal atrativo, com 1.780 metros. A
atlântica tomada por cachoeiras. “Dá
principal trilha até ele dura uma hora e
se em uma trilha, por duas horas,
para ir de trem até a Estação do Ma-
meia de trekking. Ao longo do trajeto há
ou paga-se um barqueiro. A praia
rumbi, onde fica o camping, único lugar
vários pontos para acampar, alguns com
não é muito movimentada e ostenta
do parque permitido para acampar”,
nascentes próximas. A pedra mais alta
a natureza preservada da Reserva
sugere o experiente montanhista Wal-
do pico permite uma vista de 360 graus.
Ecológica da Juatinga. Melhor: nos
demar Niclevicz. “Outra dica é superar
Exige uma escalada nível iniciante.
arredores há outras praias desertas
em 4x4 a estradinha de 9 quilômetros
ainda mais selvagens. Como está
desde Porto de Cima, na estrada da
dentro de uma área de proteção, não é
Graciosa, até a Estação de Engenheiro
permitido acampar na praia, mas nas
Lange.” Dali em diante, são 800 metros
Acessível por balsa, a ilha tem estrutura
zonas liberadas há diversos campings,
de caminhada até o camping.
urbana e praias preservadas. A praia
O acesso é restrito. Ou caminha-
todos com estrutura bastante simples. Cozinhas e banheiros são de uso comum em todos.
n Parque Estadual do Marumbi (PR)
n Ilhabela (SP) Um clássico entre os campistas.
do Bonete é uma das preferidas entre
n Serra do Lopo (MG) A base da serra do Lopo, que faz
os que buscam isolamento e natureza, além de boas ondas para o surfe. É
parte da serra da Mantiqueira, fica na
preciso caminhar por uma longa trilha,
cidade de Extrema, na divisa com São
que pode levar de três a seis horas,
Localizado na serra do Mar, é a
Paulo. Pela proximidade com o território
ou ir de barco. O Bonete é a moradia
maior unidade de conservação aberta
paulista, há empresas que organizam ex-
de uma tradicional comunidade
ao público no Paraná. Montanhismo,
cursões partindo tanto da capital como
caiçara. Nem os borrachudos
trekking e canoagem estão entre os
de Campinas. O pico da serra do Lopo é
tiram do lugar o seu charme. dezembro 2017
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PORTA-MALAS
wikimedia commons
Villa la Angostura: maravilha patagônica
n Cumuruxatiba (BA)
e Guiana, é como aterrissar a nave
vez do azul do mar, deparar-se
espacial em um planeta distante. A
com um montanhoso cenário
a preguiça é mais gostosa.” A frase é
cadeia de montanhas, originada há 2
desértico. Mas essa é uma das
de um morador local e virou slogan
bilhões de anos, é marcada pelo formato
vistas do parque Haleakala, na ilha
de Cumuruxatiba, em Prado, no litoral
semelhante a uma mesa. O topo do
de Maui. Uma sinuosa estrada
sul da Bahia. O destino está entre
monte Roraima exige muito esforço do
conduz ao pico mais alto do parque,
os dez mais bonitos do Brasil pelo
caminhante, mas reserva uma natureza
a cratera de Haleakala. A área
TripAdvisor. Cumuru, como é conhecida
bastante peculiar a 2.700 metros de
de camping Hosmer Grove fica
entre os viajantes, oferece campings
altitude e com 31 quilômetros de exten-
acima dos 2 mil metros. Por isso
bem preparados. O mar é sem ondas,
são, ornados por plantas carnívoras e
mesmo, apresenta temperaturas
derramado sobre a areia branca vigiada
espécies animais raras.
noturnas bastante frias, apesar
“Onde o tempo não tem pressa e
do calor diurno.
por coqueiros. Há bares e restaurantes e as opções de passeio incluem trilhas a pé, saídas de barco, mergulhos e 4x4.
n Patagônia Argentina Prepare-se para o frio. E aproveite. O norte da Patagônia, na Argentina, tem
n Pancas (ES)
ótimos locais de acampamento. Entre
(Tailândia) Um arquipélago com 11 ilhas
eles, Junín de los Andes, San Martín
na província de Phang Nga, conhecido
belas paisagens. Ela dá o acesso ao Mo-
de los Andes e Villa La Angostura.
pelos recifes de corais, águas
numento Natural dos Pontões Capixabas.
Atividades como pesca da truta e
cristalinas e praias de areia branca.
São formações rochosas dispostas em
passeios a cavalo estão entre as
Áreas de camping populares estão
uma sequência impressionante com
opções de lazer. Leve seu 4x4 pela rota
nas ilhas de Koh Meang, Koh Similan
mais de 500 metros de altura. O paisagis-
dos Sete Lagos. São 110 quilômetros
e Koh Tachai. Há barracas já
ta Burle Marx considerava o lugar mais
espetaculares, com lagos, picos gelados
montadas esperando pelos visitantes.
bonito do mundo. Aviso: a cidade ainda
e florestas no horizonte.
As tendas são espaçosas
A pequena cidade de Pancas abriga
e acomodam até três pessoas.
oferece pouca estrutura turística. Mas o cenário paga – de longe – essa carência.
n Monte Roraima (RR) Chegar ao topo do monte Roraima, na fronteira entre Brasil, Venezuela 24
n Parque Nacional Ilhas Similan
Mit revista
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n Parque Nacional Haleakala
Se você viajar entre dezembro
(Havaí, EUA)
e fevereiro, o calor vai obrigá-
O paraíso dos surfistas é, também,
lo a acordar muito cedo. O que,
o céu para os campistas. Chega a ser
convenhamos, é uma vantagem
surpreendente estar no Havaí e, em
em um éden tropical.
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combustível
bebidas para abastecer a alma
por Luciana Lancellotti
Sede de quê? Tradição e tratamento de grife alçam águas minerais a objetos do desejo
Indian Tonic, Fiji, Acqua Fiuggi e Chateldon: entre as melhores
S
26
etembro de 2017. Dias antes
Jovi e Justin Timberlake não abriram
Caprichos à parte, o hábito de
do início do Rock in Rio, a
mão da Fiji, sem gás, já disponível no
matar a sede com benefícios não é
produção do evento divulgou a
mercado brasileiro. O líquido vem de um
privilégio do nosso tempo. “Muitas
lista de exigências de camarim
aquífero formado em uma antiga cratera
vezes as águas de Chateldon vão
dos artistas. Dessa vez, chamou
vulcânica nas ilhas Fiji, no Pacífico Sul.
aliviá-lo e curá-lo, e sempre irão
atenção o fato de o único astro a pedir
Rica em silício, tem, de acordo com
consolá-lo”, já dizia a Luís 14 (1638-
bebidas alcoólicas ter sido o grupo The
seus seletos consumidores – entre
1715) seu médico, Dr. Desbrest.
Who – que reivindicou a inclusão de
eles Cameron Diaz e Tom Cruise –,
Naturalmente gasosa, com bolhas
garrafas de vodca de batata. A veterana
propriedades benéficas sobre os cabelos
finas e agradável frescor, a água
banda britânica também incluiu água
e a pele. Mais: o PH neutro a torna ideal
Chateldon, até hoje envasada na
entre as exigências, precisamente a
para acompanhar pratos e também
região francesa de Auvergne, ficou
inglesa Indian Tonic, enquanto Bon
degustações de vinho.
conhecida como “a favorita do rei”
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fotos: divulgação
– não por acaso, as 700 mil garrafas
juventude e aliviavam os desconfortos
carta de agradecimento, em 1549,
produzidas anualmente na cidade
da indigestão. Ainda na Antiguidade,
dizendo que o consumo do líquido foi
homônima trazem no rótulo, até
outra água ficou conhecida pelas
o responsável pela quebra das pedras
hoje, o símbolo do Rei Sol. Rica em
propriedades terapêuticas, consumida
no rim. A água, hoje consumida por
bicarbonato, cálcio e magnésio, é
por reis, aristocratas e até papas.
esportistas e chefs italianos, é também
considerada internacionalmente a
Extraída da fonte aos pés do
utilizada em clínicas termais. Além
monte Ernici, no vale de Fiuggi, a meio
de ser altamente diurética, tem a
caminho entre Roma e Nápoles, a
propriedade de reduzir o ácido úrico e
água fosse considerada mineral,
Acqua Fiuggi teria feito maravilhas
de estimular o funcionamento dos rins.
além de ter sido extraída de fontes
pelo legado artístico da Itália para a
profundas, deveria apresentar
civilização. Um caso famoso conta
SABOR, SIM SENHOR
efeitos terapêuticos. Os senadores
que, enquanto pintava o teto da
Insípida, inodora e incolor? Bem,
rainha das águas de luxo. Já na Roma Antiga, para que a
romanos estavam entre seus
Capela Sistina, Michelangelo (1475-
no mundo das águas minerais de
defensores: durante as viagens,
1564), que sofria com os males
luxo, os ensinamentos adquiridos nas
recorriam constantemente às
ocasionados pelo cálculo renal,
aulas de ciências não são suficientes
estâncias hidrominerais da Gália,
consumiu a dita água, beneficiando-
para classificar qual delas é a melhor.
onde se esbaldavam com goladas de
se. O artista chegou a escrever uma
Se traçarmos um comparativo dezembro 2017
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fotos: divulgação
Bling H2O, VOSS, Tasmanian Rain e CLoud Juice: também no ranking
com as degustações de vinhos, em
em US$ 40 e pode chegar
que são analisadas, além de notas
o segmento destaca
aos milhares de dólares –
gustativas, características de aroma
propriedades organolépticas
caso das edições limitadas,
e cor, quando o assunto é água o foco
e, quase sempre, o design
com adornos como cristais
cai sobre fatores como harmonia de
inovador ou opulento
Swarovski.
sabor, densidade e salinidade. Mais
das garrafas. É o caso da
especificamente ainda: cristalinidade,
americana Bling H2O, não
estrutura, homogeneidade,
gaseificada, do produtor
Bem mais acessível, mas
persistência, equilíbrio, neutralidade
hollywoodiano Kevin Boyd.
igualmente premium, a
do olfato e frescor.
A água nasce numa fonte
VOSS tem no design da
nas montanhas Smokey,
garrafa seu principal atrativo.
subjetivas, o mercado internacional
no Tennessee, e sofre
Criado por Neil Draft, ex-
vem registrando um crescimento
nada menos do que nove
diretor artístico da Calvin
considerável, identificado não
processos de purificação
Klein, o formato cilíndrico
somente pelo aumento do consumo,
antes de ser engarrafada. E
e minimalista remete ao
mas também pela incorporação
é justamente a garrafa que
universo dos perfumes.
de novos rótulos à categoria das
a coloca entre as mais caras
Resultado: rapidamente a
chamadas águas de luxo ou gourmet.
do mundo. O preço começa
VOSS se transformou em
Nesse mundo de nuances tão
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Além da exclusividade,
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CHUVA ENGARRAFADA
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peça cobiçada. Sem gás,
Tasmanian Rain são despreten-
costa sul da Austrália e a Tasmânia, é
puríssima e muito límpida,
siosas e tradicionais – lembram as
igualmente matar a sede com chuva
tem acidez baixíssima
dos vinhos da Borgonha. O luxo está
– ou literalmente suco de nuvem,
e é muito equilibrada.
dentro delas, aquilo que o fabri-
capturado numa das regiões com
Brota de uma fonte
cante classifica de “a água mais
melhor qualidade de ar do mundo.
no sul da Noruega,
pura do mundo”. Ou seja: chuva da
Segundo o fabricante, ela é “400 ve-
debaixo de rochas que
Tasmânia, trazida pelas correntes
zes mais pura do que recomenda
a protegem do ar e
de ar da Antártica por mais de 16
de outros poluentes.
mil quilômetros sobre o oceano
É engarrafada no
e coletada antes mesmo de
local, sem qualquer
tocar o chão. De acordo com o
elegante quando consumida em
tratamento ou
aclamado sommelier alemão
temperatura ambiente”. Para
filtragem.
de águas Martin Riese, trata-se
quem questiona se é frescor
de uma das mais raras que já
ou frescura, uma provocação
Longe de querer desafiar os mestres do design internacional, as garrafas da
a Organização Mundial da Saúde, e docemente refrescante quando servida gelada, ou aveludada e
teve a oportunidade de beber.
final: a marca garante que cada
O objetivo da Cloud Juice,
garrafa traz exatas 9.750 gotas de água pura.
água de King Island, entre a
BORBULHAS NATURAIS com borbulhas persistentes que
derretida nas montanhas do Alto
portugueses, a Água das Pedras
limpam o paladar, mas também
Tâmega, norte de Portugal, a água
é envasada desde o século 19 e
pelas propriedades. Elas vão do
circula em camadas profundas
conta com um time crescente de
auxílio na digestão à prevenção da
do subsolo, quando recebe uma
consumidores apaixonados no
osteoporose, por ser rica em cálcio,
alta quantidade de minerais – e
Brasil. Não somente pelo sabor,
bicarbonato e magnésio.
incorpora, naturalmente, o gás que
Tradicionalíssima entre os
que destaca a alta salinidade,
Originária da chuva e da neve
a torna borbulhante. Também secular, a brasileira Cambuquira, extraída no sul de Minas Gerais, é outra a figurar entre as poucas que brotam do solo já com gás natural. Com efervescência leve, é bastante refrescante e apresenta notas gustativas minerais. Pelas características de sabor e pureza, costuma figurar no topo dos rankings nacionais. Para muitos, trata-se da melhor do Brasil.
Água das Pedras e Cambuquiri: estas duas falam português
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qual o seu mundo
pessoas que fazem a diferença
por Rodrigo cardoso
fotos: divulgação
Na primeira das quatro Corleone: império da vaidade
O comerciante Bruno van Enck reinventou as barbearias no Brasil, servindo boa comida e mais de 400 rótulos de cerveja
B
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runo van Enck sempre
gulho. Ainda assim, sonhou com outras
atuava como distribuidor de chope para
escreveu “comerciante” na
carreiras. Foi piloto de kart dos 7 aos 14
bares, restaurantes e eventos. De supe-
hora de preencher a ficha
anos. Ganhou um título paulista. Mais
tão, enxergou a oportunidade de unir
dos hotéis. “Lidar com o
tarde, formou-se em economia e tentou
a tradição familiar com um modelo de
público sempre foi o meu ambiente
a sorte na cozinha – fez um curso livre
negócio quase inédito por aqui. “Fiz a
mais caseiro”, diz, aos 34 anos, o dono
de gastronomia com o chef Laurent
mochila, coloquei um dinheiro no bolso
da badalada barbearia Corleone, com
Suaudeau. Enfim, zanzou bastante em
e fui para Nova York pesquisar barbea-
quatro endereços em São Paulo. Neles
busca de uma receita original para sal-
rias”, conta. “Fotografei os detalhes de
o cliente faz barba, cabelo, bigode,
picar a sua trajetória profissional com
várias e fiz igual.” No ano seguinte, lá
almoça e pode escolher entre cinco
um tempero próprio.
estava Bruno envernizando o piso da
chopes e 400 rótulos de cerveja. Até
Certo dia, em meados de 2013,
sua Corleone, numa esquina nobre do
três anos, o rapaz batia ponto em um
sapeando vitrines em um shopping no
Itaim Bibi, na véspera da inauguração.
bem-sucedido negócio familiar. Ali,
Rio de Janeiro, tropeçou em uma bar-
De herdeiro da choperia-restau-
garoto ainda, aprendeu com o pai, Arno,
bearia diferente. “Entrei, pedi para fazer
rante do pai, saltou para a condição
a tirar chope e servir a clientela. Traba-
a barba e fui encaminhado para a sala
de dono de um império a serviço da
lhar na Choperia Munique, instalada há
de espera, onde dei de cara com uma
vaidade masculina. Depois de dar o
34 anos no Shopping Center Norte na
chopeira à disposição dos clientes”, re-
pontapé no negócio com três cadeiras
capital paulista, sempre o encheu de or-
lembra. À época, beirando os 30 anos,
no salão, a Corleone fechou 2017 com
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fotos: divulgação/reprodução
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@brunovanenck 6
n 1. FILME “O argentino Relatos Selvagens é espetacular. Mostra o quanto o carma está ligado às suas atitudes.” n 2. SÉRIE “Todo grande fato histórico bem narrado me encanta. Por isso, adorei a série Vikings. Revela o quanto o poder se alterna. E alerta: você não estará sempre no topo.” n 3. VIAGEM “Grécia. Tem tudo: história, paisagens sensacionais e boa comida. Clima de praia e diversão perto das raízes do Ocidente.” n 4. APLICATIVO “Agendamento online Corleone, é claro!” n 5. REDE SOCIAL “Instagram. Na época da inauguração da Corleone, 90% dos clientes vieram por seguir nosso perfil no Insta.” n 6. LIVROS “O Poder do Hábito, Por que Fazemos o que Fazemos nos Negócios, de Charles Duhigg, é ótimo. O mesmo vale para Rebeldes Têm Asas, de Rony Meisler e Sergio Pugliese. São obras com dicas corporativas de primeira.” n 7. PEÇA DE TEATRO “Hermanoteu na Terra de Godah, do grupo Os Melhores do Mundo. Gosto muito de comédia. Rir é mesmo um ótimo remédio.”
Quem o inspira?
45 poltronas distribuídas em quatro
cinco anos. Difícil, né? Antigamente, a
unidades. Mais: com um faturamento
Xuxa ficava cinco anos no topo com o
Meu pai. Ele se reinventa todos
anual de R$ 14 milhões, cinco vezes e
“Ilariê” dela. Hoje, Jorge e Mateus têm
os dias há 34 anos, trabalhando no
meio maior do registrado no primeiro
de lançar uma música nova por mês. A
mesmo lugar, de segunda a segunda.
ano. Bruno cresceu demais. Só não
informação passa rápido, logo a gente
É o meu melhor amigo, referência em
mudou de patamar: segue se apresen-
a esquece. Já, já, algo aparecerá para
absolutamente tudo. Temos as mesmas
tando como comerciante.
tirar o foco das barbas longas.
tatuagens nos mesmos lugares do
Que tipo de empreendedor é É difícil convencer o homem a ser mais vaidoso?
você? Vendedor. A minha maneira de
corpo. Ele começou depois de mim, um ano depois que tatuei uma caveira com bigode e uma navalha no antebraço
empreender é estudar o que comprar
no aniversário de um ano da Corleone.
um tom pejorativo, né? Higiene não é
e para quem vender. Agregar valores,
Agora, ele tem os dois braços tatuados.
vaidade. É vaidade passar sabonete no
exclusividade e experiência são as fer-
E vive me lembrando: “Quando você
corpo? O homem não está mais vaido-
ramentas. Dia desses, um cara usou
for fazer tatuagem, me avisa que quero
so; ele, agora, tem o seu lugar. Antes, se
sete termos em inglês para definir,
fazer igual”.
sentia constrangido de perguntar, em
em português, o que fazia. Sete! Tudo
ambiente feminino, qual pomada usar
tá muito florido hoje. Vejo em redes
a cantora Anitta e com a modelo
nos cabelos.
sociais pessoas se dizendo empreen-
Jhenny Andrade. Os sertanejos Jorge
dedoras. Isso não é profissão. Canso
e Mateus são sócios em uma de suas
datadas como os mullets dos anos
de ver gente dizendo precisar de um
unidades. Como se sente em meio às
1980 e 90?
investidor para o aplicativo que criou.
celebridades?
Vaidoso é uma palavra que carrega
As barbas longas de hoje ficarão
A gente se lembra de músicas mar-
Se para tudo o que você fizer precisar
Você teve um namorico com
Ter amizade com famosos é um
cantes nos anos 90. Agora, me fale cin-
de dinheiro alheio, você não é um
processo natural. Nunca surfei na
co músicas que marcaram os últimos
empreendedor.
onda de ninguém. O Mateus já era um dezembro 2017
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qual o seu mundo Barba, cabelo, bigode, cervejas e boa comida
dos meus melhores amigos quando
lugar e as marcas me enxergam como
participei de um projeto de pilotagem
fiz negócio com a dupla. O lance com
um meio direto de comunicação com
do Ayrton Senna. Ele juntou 20 jovens
a Anitta durou só alguns dias. Ela
seus clientes-alvo. Jaeger-LeCoultre
pilotos brasileiros e os treinou em seu
gravou um clipe aqui na barbearia
e New Balance são alguns dos meus
kartódromo durante as férias da F1.
e, quando estava saindo, perguntei
parceiros de longa data.
Pista de corrida me relaxa. Minha tera-
se queria tomar um café. Fui parar
Você curte Mitsubishi, não?
pia é ir com a namorada para Campos
em mídia especializada na qual eu
Muito. Comprei minha primeira
do Jordão, onde tenho casa, e fazer
não queria estar. Acabei no TV Fama,
L200 em 2003... Nossa, aquilo é um
enduro de motocross bem no meio
na Mamma Bruschetta... Tive medo
tanque! Já fiz trilhas de Campos do
do mato.
de ser reconhecido como caso de
Jordão (SP) a Monte Verde (MG), de
O bom chope é...
alguém famoso, mas não rolou.
L200 e Pajero Full. E lembro que o
...o que segue as regras de pureza
Hoje, depois de ficar dois anos sepa-
Pajero Full fazia São Paulo-Floripa com
e é consumido com amigos. O milho
rado da minha namorada, estamos
um tanque de diesel apenas. Enfim:
pode ser classificado como qualquer
juntos novamente.
já tive duas L200, três Pajero Full, um
bebida, menos chope.
Marcas de luxo também investem em você e no seu negócio? Sempre fui procurado pelas mar-
estou louco para achar um Lancer Evolution novinho.
Qual é o seu mundo? O trabalho. Ele me satisfaz. A vida de todos aqui da barbearia melhorou muito.
cas e não o contrário. Sou focado no
Senna, Piquet ou Fittipaldi?
O meu mundo é esse: tentar fazer algo
meu negócio, na barbearia e na venda
Senna. O cara tinha paixão pelo
melhor para quem eu puder, sem dema-
de bebidas. Mas o homem tem o seu 32
Pajero Sport e um Pajero TR4. Agora
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que fazia. Me espelho nisso. Em 1991,
gogia. E só o trabalho constrói.
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painel
objetos do desejo com alta tecnologia
por Alessandra Lariu, de Nova York
Linha de frente fotos: divulgação
Produtos com ideias novas para facilitar a sua vida 1
3
2 4
5
n 1. O fim da insônia Desde 1987, pesquisadores da Flinders University, na Austrália, estudam os efeitos da luz para resolver problemas de insônia. O resultado foi o Re-Timer, aparelho com hastes de óculos dotado de LEDs. Utilizado uma hora por dia, no máximo, ajuda a pegar no sono e na recuperação do jet lag. re-timer.com n 2. Mala-robô Ela segue você pelo aeroporto ou pela cidade. A Travelmate é tão bem programada que desvia de obstáculos e obedece comandos de voz. Ainda tem balança automática e GPS. travelmaterobotics.com
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n 3. Ele para no ar O drone DJI Mavic Pro mede quase 20 centímetros e pesa menos de 800 gramas. Você pode pegar onda, fazer escalada ou viajar para registrar imagens de um vulcão. Ele acompanha, produzindo vídeos ultra HD 4K, com muita precisão ao pairar no ar. dji.com/mavic n 4. Tradutor automático Os novos Pixel Buds, do Google, são muito mais que fones de ouvidos. Com o ideal de “unir pessoas”, eles utilizam conexão via Bluetooth interligando
um smartphone e a plataforma Google Translate para traduzir 40 idiomas em tempo real. A crítica especializada revela algumas derrapadas do sistema. Mas a tradução automática veio para ficar. store.google.com n 5. Guardião virtual Se você se sentir em perigo, ligue o Geko. Esse rastreador de emergência (apenas 12 gramas) avisa na hora até cinco pessoas previamente escolhidas – e retoma o alerta a cada três minutos. Enquanto isso, o GPS avisa onde você se encontra. ithegrommet.com
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MUNDO MITSUBISHI por mario ciccone
as boas-novas da marca dos três diamantes pelo mundo
ilustrações pedro hamdan
Com os olhos no futuro A Mitsubishi Corporation apresenta soluções que aceleram a chegada do amanhã
TAIYO NIPPON SANSO CORPORATION
Alianças estratégicas O radar do grupo Mitsubishi está muito afinado com as novas demandas do mercado. Por isso, a Taiyo Nippon Sanso Corporation (TNSC), subsidiária nos ramos de indústria pesada, gás e eletrônica, firmou acordos com empresas de vanguarda na área de impressão 3D. O primeiro foi com a Optomec, Inc., líder de suprimentos para o setor. O outro, com a LPW Technology Ltd., a número 1 no mundo no fornecimento do tôner em pó para impressoras. Com esses acordos, a TNSC se torna ainda mais hábil para fornecer material para a indústria automobilística, aeroespacial e de maquinário. Também será um trunfo importante a experiência do grupo em processos de soldagem e tratamento térmico de metal. O objetivo é diminuir os custos, racionalizar a produção e eliminar possíveis defeitos dos equipamentos. setembro 2015
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mundo mitsubishi
MITSUBISHI REGIONAL JET
Estreia europeia O Mitsubishi Regional Jet (MRJ) vem ganhando mercados com a mesma velocidade com que viaja de uma região a outra. O jato MRJ 90 – para 90 passageiros, como o nome antecipa – fez seu terceiro voo teste em junho de 2017, ao chegar ao Paris Air Show. A aeronave havia partido do estado de Washington, no extremo oeste dos Estados Unidos. Fez o caminho via Canadá e Islândia e aterrissou no aeroporto Le Bourget, arredores da capital francesa. Foi a primeira vez que o MRJ 90 pousou na Europa. Na ocasião, estava com a pintura da All Nippon Airways (ANA). Pelo menos oito clientes já encomendaram 243 unidades da aeronave. Entre eles a própria ANA, que receberá o primeiro jato em 2020.
MITSUBISHI CORPORATION
Computador autossuficiente Por melhores que sejam o computador e seus aplicativos, sempre há o risco de uma falha, a despeito do mais rigoroso serviço de manutenção. Pensando nisso, a Mitsubishi Corporation uniu-se em uma joint venture com o grupo indiano Tata para desenvolver um programa de inteligência artificial, o Ignio. O sistema é capaz de reconhecer a falha, analisar as soluções, optar pela mais indicada e executá-la, sem que seja necessária a intervenção humana. Ou seja: o computador resolve os próprios problemas que cria, sem que o engenheiro de TI responsável por ele precise esquentar a cabeça. 36
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MITSUBISHI CONSTRUCTION
Caminhão esperto Trocar lajes de concreto que funcionam como chão de pontes e viadutos sempre foi um inferno. Pudera: até agora, a operação exigia a interrupção total do tráfego, ao menos em um sentido do fluxo de veículos. O problema parecia insolúvel, até que a Mitsubishi Construction desenvolveu um novo método, utilizando um caminhão especial que opera portentosos, ágeis e milimétricos braços mecânicos. O veículo ocupa uma única faixa da ponte ou viaduto e ali realiza seu trabalho pesado de substituição de placas de concreto, permitindo que as outras faixas se mantenham livres. O método é rápido e aumenta a segurança. Até porque utiliza fibra de vidro e cerâmica, ambos anticorrosivos, para juntar as placas, que duram até 100 anos. O primeiro teste foi realizado na estrada que liga Nagoya a Tóquio.
AGC ASAHI GLASS
Toque de vidro A AGC Asahi Glass (AGC), empresa da Mitsubishi Corporation, fez sucesso na Semana de Design de Milão, Itália. A instalação deste ano teve o tema Touch, apresentando o conceito “the feel of the glass” (a sensação do vidro). Na prática, consistiu em minuciosas peças, algumas utilizando a nanotecnologia. Elas foram criadas pela AGC com parceiros criativos, como o designer Jin Kuramoto e o estúdio londrino Raw-Edges. “Esses trabalhos exploram novos aspectos da produção do vidro, como camadas especiais”, disse Kuramoto. “Abrem uma porta para possibilidades do uso do vidro no dia a dia.” No estande da AGC, os expositores incentivavam os visitantes a tocar nas obras, conferindo pelo tato as diferentes texturas. Mais um trunfo para conquistar mercados na arquitetura, no design de interiores e no design do produto. setembro 2015
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mundo mitsubishi
MITSUBISHI ELECTRIC
Eficiência premiada O grupo Mitsubishi vive ganhando prêmios. Mas eles nunca são demais, claro. Os refrigeradores centrífugos Gart e Gart 1 ganharam da Agência de Recursos Naturais e Energia do Japão o prêmio de eficiência energética. É um reconhecimento à performance e às dimensões compactas dos aparelhos. A Mitsubishi Electric, por sua vez, venceu o New Energy Award 2016 da New Energy Foundation graças ao seu inversor de energia. Esses inversores permitem captar a energia gerada pelos freios dos trens e transmiti-la para o uso da estação ferroviária.
NYK GROUP
Tecnologia marinha O NYK Group uniu forças com a norueguesa Dualog com vistas ao fornecimento de tecnologia para sistemas eletrônicos de comunicação e monitoramento de navegação. Braço da Mitsubushi Corporation no ramo de logística, o grupo NYK tem vasta experiência no uso e desenvolvimento de sensores e análise de dados. Com a perspectiva de crescimento em larga escala, a parceria estratégica foca a digitalização dos processos e trabalha conjuntamente a próxima geração dos sistemas da companhia nórdica. 38
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clássicos
lugares e objetos que nasceram para ser eternos
por Silvio Lancellotti
Entre o fogo e o gelo Conheça a história de William Coleman, o criador de fogareiros, lampiões e coolers mais conhecidos do mundo
N
a noite de 6 de outubro de
sacos de dormir. Nos Estados Unidos,
de cacarecos. E descobriu que poderia
1905, no Association Park
a marca é a preferida de campistas,
compensar com energia a sua raiva e a
de Wichita, Kansas, cerca
pescadores e caçadores. Um império
impossibilidade de se educar correta-
de 5 mil atônitos espec-
que, no século 21, somaria um bilhão de
mente. Aos 20 já havia se tornado, ape-
dólares e 3,6 mil empregados.
nas, WC Coleman – um bem-sucedido
tadores testemunharam o esquadrão
Para homenagear a esposa, Julia
por 24 x 0, uma das maiores humilha-
Coffin, Robert Coleman batizou o filho
ções já vistas no futebol americano
também com o sobrenome da mãe:
da de máquinas de escrever Reming-
universitário. Além do placar inédito, a
William Coffin Coleman. O problema é
ton. Então, no fim do século 19, durante
data também marcou o primeiro jogo
que o nome do meio quer dizer “caixão
uma viagem ao Alabama, se interessou
realizado sob luz artificial a oeste do rio
de defunto” em inglês. Bullying foi o
por um tipo artesanal de lampião –
Mississípi.
que não faltou à infância e adolescên-
que funcionava com gasolina no lugar
cia do menino.
de querosene. A traquitana, porém,
No caso, dos lampiões criados por William Coffin Coleman, o criador da
Nascido em 21 de maio de 1870,
No início ele se especializou na ven-
funcionava mal. Coleman percebeu
primeiro dia de Gêmeos, William se
que só faturaria mais se aperfeiçoasse
tornaria célebre por seus produtos de
dividiu entre o conformismo e a reação.
o lampião. Dessa maneira, o caixeiro
alta qualidade: lampiões, lanternas, fo-
Com a morte do pai em 1881, para
viajante transformou-se, também, em
gareiros, geladeiras portáteis, barracas,
auxiliar a mãe ele se tornou vendedor
aprendiz de inventor.
Coleman Company. A empresa se
40
caixeiro-viajante.
dos Shockers devastarem os Warriors
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fotos: divulgação
O criador exibe, orgulhoso, seu lampião, origem de outros produtos da marca
sem dizer que durava pouco, antes
conhecido como gasolina branca,
descobriu a sua verdadeira vocação e
de exigir uma reposição, operação
hoje utilizada por todos os praticantes
a operacionalizou. Casado com Fanny
complexa. Coleman decidiu fabricá-la
de camping.
Aprendiz? Depressa Coleman
Sheldon em 1901, ele se instalou em
com seda. Precisaria ainda protegê-la
Há hoje no planeta 50 milhões de
Wichita, principal cidade do Kansas.
quimicamente com alguma substância
unidades do lampião, em vários mode-
Graças a algumas economias adqui-
que não exalasse aromas desagra-
los, de diversos níveis de sofisticação.
riu a patente do lampião que tinha
dáveis e/ou tóxicos. Mais: que fosse
Mas o sábio WC (ops!, eis uma sigla da
fracassado, mas cujo fabricante, a Irby
luminosa e resistente.
mesma maneira digna de bullying) tam-
& Gilliland de Memphis, no Tennessee,
Optou pelos nitratos metálicos, in-
bém criou um fogãozinho portátil de
solenemente intitulara “The Efficient
colores e inodoros. E implantou outras
campanha, o GI Pocket Stove, destina-
Pendant Arc Lamp No. 6”.
melhorias. Uma base que permitisse o
do, de início, aos soldados americanos
encaixe do lampião em qualquer tipo de
da Segunda Guerra Mundial (1939-
cobriu que o problema da “Arc Lamp”
superfície. Um vidro capaz de aguentar
1945) e que deu origem a uma série
residia na qualidade da sua mantle.
as temperaturas mais altas. Uma capa
de fogareiros de camping. Coleman
Trata-se da redinha que, em contato
de vedação anti-insetos. E, seu lance de
transformou-se ainda em sinônimo de
com o calor da queima do combustível,
maior magia, a possibilidade de substi-
geladeira portátil, os coolers, como são
fica luzidia, e que no Brasil ganhou o
tuir o reservatório de combustível por
conhecidos. Morreu no dia de Finados,
apelido de “camisa”. Pois a camisa da
um bujão de gás. Chegou à preciosida-
em 1957, de distúrbios cardíacos.
Irby & Gilliland ora não se acendia de
de de desenvolver um líquido derivado
um lado, ora se calcinava do oposto;
do propano, o Coleman gas, também
Intuitivo, engenhoso, Coleman des-
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on the road
aventuras a bordo de um mitsubishi
Nelson e a L200 Triton em Purmamarca, na Argentina
O continente Dispostos a conhecer nuestra America, os gaúchos Nelson e Fátima Minetto rodaram 13 mil quilômetros, a partir de Caxias do Sul
G
aúchos, eles gostam de via-
raram em mais de 20 cidades. “Sempre
Pratica parapente e jet ski. Para levar o
dormimos em hotéis. Se gostávamos
caminhão. Eles não param
equipamento, usa sua Mitsubishi L200.
do lugar, ficávamos mais tempo. E está-
em casa. Essa é a ima-
E acabou influenciando os pais. Nelson
vamos prontos para acampar também.”
gem que os irmãos Everson e Camila
e Fátima compraram sua Triton HPE
Minetto têm dos pais. Nelson e Fátima,
2016 e começaram a ir mais longe.
ambos com 62 anos e casados há 39,
Foi de Triton que os Minetto deci-
O tanque de 90 litros permitiu travessias longas e, também, escolher bem os postos de gasolina para
moram em Caxias do Sul, onde são
diram desbravar a América do Sul.
abastecer. Nelson conta: “O carro foi
donos de uma imobiliária. Teriam tudo
Tomaram aulas de espanhol com uma
impecável. Nem sequer furou um pneu”.
para levar uma vida pacata, mas...
professora uruguaia em Caxias do Sul
O filho havia preparado uma lista de
e estabeleceram um roteiro ambicioso:
concessionárias durante o trajeto. “Mas
rodar 13 mil quilômetros.
não foi necessário.”
Aos 17 anos, Nelson saiu da fazenda do pai, em Barracão (RS), na boleia de um caminhão para tentar a vida na
Como test drive, se dirigiram num
Depois dos Andes, entre curvas e
Serra Gaúcha. Fátima, por sua vez, via-
grupo de dez carros a Thermas de
mais curvas, a Triton cruzou desertos,
jou pelo Rio de Janeiro e pelo Espírito
Arapey, no Uruguai, entre fazendas e
florestas e vales. Em São Pedro do Atacama, Nelson e Fátima enfrentaram
Santo, de ônibus e sozinha. Já casados
riachos. A picape mostrou seu valor.
e apenas com o pequeno Everson, en-
Nelson relembra: “Passamos sem pro-
temperaturas extremas. De 4 ºC pela
tão com 1 ano, fizeram uma viagem de
blemas por um rio, com água na altura
madrugada a mais de 30 durante o dia.
um mês até Foz do Iguaçu, num carro
das portas.”
Perto dali, os termômetros baixavam
pequeno. “Não usávamos cadeirinha
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Everson leva o estilo familiar a sério.
jar. Avião, ônibus, carro e até
Vencido o teste, o casal estabeleceu
ainda mais. “Na região dos gêiseres de Tatio, sentimos os 14 graus negativos.
de bebê nem fralda descartável na
o roteiro entre outubro e novembro do
época”, conta Everson. “Mas isso não os
ano passado. Com saída no Rio Grande
As mãos quase congelavam. Era difícil
impediu.” Camila faz coro: “Gostamos
do Sul, o trajeto tinha Argentina, Chile,
até tirar fotos”, relembra Fátima. A
de aventura por causa deles.”
Peru e retorno pelo norte do Brasil. Pa-
viagem prosseguiu, sempre para o alto.
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fotos: arquivo pessoal
No sentido horário a partir do alto: os Minetto em Machu Picchu, no lago Titicaca em Uruguaiana e Salinas Grandes
mapa: luiz martini
Passaram por Jujuy, na Argentina, a 4.170 metros de altitude. No Peru, desbravaram Cusco e Puerto Maldonado – a 4.725 metros. “Foi uma delícia parar na cordilheira e tomar café e chimarrão”, diz Fátima. Machu Picchu (Peru) e o lago Titicaca (Peru e Bolívia) foram o melhor da jornada, segundo eles. “Nos emocionou bastante ver o estilo de vida muito simples em alguns vilarejos peruanos”, diz Nelson. “Eles vivem do pastoreio ainda hoje – parecia um filme antigo.” No Titicaca, o casal foi convidado a conhecer a moradia do chefe da tribo dos Uros numa das ilhas artificiais. Vestiram trajes típicos de festa e se viram homenageados com uma canção
Foram 34 dias de viagem, passando por cinco países
de despedida. Depois de 34 dias, os Minetto regressaram a Caxias do Sul. Foi um overlanding para ninguém botar defeito. Os próximos planos para a L200 Triton são ainda mais ambiciosos: Ushuaia, Alasca e Manaus. “Queremos ver a aurora boreal e redescobrir todo o litoral brasileiro”, projeta Nelson. Ideias não faltam. Nem o 4x4 certo na garagem.
empresas que organizam roteiros overlanding Gaia Expedições Deserto do Atacama 4x4, 13 a 27 de janeiro; Sertões e Chapadas 4×4, 21 de abril a 4 de maio; Vale Europeu, Santa Catarina, 26 maio a 2 junho. gaiaexpedicoes.com MK Expeditions Deserto do Jalapão, 16 a 30 de janeiro; Serra da Canastra, 30 de maio a 3 de junho; Fortaleza Jeri Delta Lençóis, 8 a 22 de julho. facebook.com/pg/mkexpeditions (Fonte: Overlander Brasil. overlanderbrasil.com)
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Mit4fun
equipamentos com a marca dos três diamantes
Vem, verão! Acessórios perfeitos para casar com a estação do Sol
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fotos: divulgação
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n 1. BIKE MTB SERIES 29.0 Nas férias, a ordem é pedalar. Melhor ainda se for nessa bike aro 29, resistente a todas as aventuras. Tem suspensão com trava no guidão, pedivela, câmbio traseiro e 24 velocidades. n 2. ÓCULOS MIT4FUN Da piscina para a praia. Da praia para a piscina. Os óculos MIT4FUN, nos modelos Bold, Round e Square, garantem proteção para seus olhos. São produzi-
dos de maneira artesanal com lâmina de madeira e resina 100% vegetal à base de mamona. Levíssimos, utilizam lentes 400 UV da Carl Zeiss Vision. n 3. VISEIRA MITSUBISHI Se o seu look estava precisando de um toque final, essa viseira é tudo de bom. Confeccionada em moletom com forro atoalhado, tem regulador de elástico. Ideal para a caminhada na praia ou a partida de vôlei.
n 4. CHINELOS MITSUBISHI A nova linha de chinelos com a Mitsubishi tem design arrojado. Produzidos à base de PVC, os modelos contam com o que a Grendene tem de melhor. n 5. Botas new urutau As botas New Urutau levam o DNA da Mitsubishi para terra e asfalto. Com couro sintético, têm tecnologia de absorção de impacto e amortecimento. Eficientes para frenagem e propulsão.
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mit point por mario ciccone
fotos: divulgação
Universo expandido Espaço no JK Iguatemi, em São Paulo, apresenta palestras, experiências e exposições de modelos históricos
F
otografia, esporte, gastrono-
eventos com Atletas MIT e palestrantes
maio de 2018, funciona como um núcleo
mia, arte, economia e aventu-
de várias áreas. Há ainda simuladores
de conteúdos para agregar assuntos e
ra. Cada um desses mundos já
de corrida, mesa de sinuca e videowalls,
oportunidades para o público da marca
faz parte do universo Mitsu-
numa parceria com a LG para exibir fil-
em geral. “A loja-conceito é uma experi-
bishi e está agora gravitando também
mes e competições. Modelos históricos
ência de marca, um lugar para o cliente
ao redor do MIT Point – loja-conceito da
da montadora também estão em expo-
respirar e viver o universo Mitsubishi,
marca dos três diamantes instalada
sição. Destaque para Lancer 1975 e a
além de conhecer em detalhes todos os
no shopping JK Iguatemi, em São Pau-
primeira L200 fabricada no Brasil em
nossos produtos.”
lo. O espaço de 800 metros quadrados
1998. Além disso, passam pelo espaço
leva muito a sério o conceito mais
todos os carros do line-up da monta-
Mitsubishi veem o mundo através dos
recente de brand experience.
dora e veículos de competição, como o
para-brisas dos seus carros. “Criamos
ASX RS e a L200 Triton Sport RS.
um espaço para que eles possam
O confortável lugar não se limita a apresentar o portfólio atual da Mitsu-
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De acordo com o diretor de marke-
Segundo Julianelli, os clientes
contar essas histórias maravilhosas e
bishi Motors. Uma arquibancada foi
ting da Mitsubishi Motors, Fernando Ju-
inspirarem outras pessoas a coloca-
preparada para receber 90 pessoas em
lianelli, o espaço, que estará aberto até
rem os seus Mitsubishi na estrada”,
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Um espaço para que os fãs da marca se encontrem, fiquem à vontade, relembrem carros icônicos e ouçam palestras como as do fotógrafo Tuca Réinés (acima) e do economista Gustavo Cerbasi (ao lado)
diz. “Afinal, vendemos mais do que
trajetória, viagens de aventura e relem-
Já o casal Guilherme Simões e
ótimos carros. Oferecemos também
brou seus laços com a Mitsubishi. “A ar-
Juliana Tozzi contou uma história de
uma máquina de experiências.”
quitetura do MIT Point é perfeita para o
superação à plateia. A dupla pratica a
público e o palestrante”, diz o fotógrafo,
escalada há mais de uma década, mas
Palestras
que já clicou Jack O’Neill, o grande mito
uma síndrome degenerativa provocou
A programação de palestras e deba-
do surfe, para a MIT Revista.
em Juliana a perda dos movimentos
tes da loja-conceito é intensa. Gustavo
O quarteto formado pela ex-jogadora
das pernas. Eles encararam mais esse
Cerbasi, referência em inteligência finan-
de vôlei Fernanda Venturini, a cicloativista
desafio. Assim, Juliana se tornou a pri-
ceira, deu uma aula sobre como cuidar
e videorrepórter Renata Falzoni, a jorna-
meira cadeirante montanhista do Brasil.
do dinheiro. A ESPN ali transmitiu o jogo
lista Erika Sallum e a empresária Luisa
de futebol americano entre New England
Jucá esteve no MIT Point para falar sobre
Point recebeu encontros de Mitsufans,
Patriots e Kansas City Chiefs.
o papel da mulher no esporte. “Embora
do Triton 4x4 Club, de velejadores da
o meio esportivo continue machista, as
classe HPE, a Casa Surf Week com a
foi a do fotógrafo Tuca Reinés. Em um
mulheres estão entrando em todas as
presença de Teco Padaratz e conversas
bate-papo descontraído, ele contou sua
áreas”, diz Fernanda.
com Maya Gabeira e Carlos Burle.
Uma das mais concorridas palestras
A programação não para. O MIT
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Bezos
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Dos livros a jato ao espaรงo sideral
Jeff
Como Jeff Bezos, fundador da Amazon.COM e da Blue Origin, ruma audaciosamente para onde nenhum homem jamais esteve Por daniel japiassu retratos daniel Berman
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N
o dia 20 de julho de 1969, Neil Armstrong desceu as escadas da Apollo 11 e deu seu célebre (e gigantesco) salto diante de um mundo atônito que acompanhava a missão da Nasa pela TV. Naquele momento, assim como outros milhões de meninos e meninas em todas as latitudes do planeta, um garoto de 5 anos na cidade de Albuquerque, no Novo México, Estados Unidos, descobriu o que queria fazer quando se tornasse adulto. Após assistir aos pequenos passos de Armstrong, o tímido Jeffrey avisou a mãe e
“Se você não for capaz de conhecer cada detalhe de sua empresa, com certeza vai fracassar”, ele disse em 1999, quando a Amazon engatinhava. Dois meses depois, foi eleito “Person of the Year” pela revista Time
o pai adotivo que seria astronauta. Pouco mais de 30 anos depois, em setembro de 1999, nos EUA, durante coletiva de imprensa no QG de uma companhia de comércio eletrônico que começava a alçar voos (muito) mais altos, um jovem CEO foi questionado por um jornalista brasileiro sobre o segredo de seu sucesso. Na época, a Amazon contava pouco mais de meia década de vida e Jeffrey “Jeff” Bezos, que já ostentava as entradas de uma acentuada calvície, foi direto ao ponto: “Se você não for capaz de conhecer cada detalhe de sua empresa, com certeza vai fracassar”. Apenas uma frase de efeito? Talvez, mas o fato de, dois meses depois, ele estampar a capa da revista Time como “Person of the Year” pode ser uma boa pista de que Bezos deve estar certo. A verdade é que pouca gente naquela sala alaranjada pela iluminação natural do fim de tarde em Seattle supunha que o futuro bilionário – que gosta de medir
forças, a cada edição do ranking da Forbes, com o amigo Bill Gates – não se referia somente à Amazon, que começava a revolucionar a história do varejo. Fazia algum tempo que ele acalentava a ideia de desbravar o espaço pessoalmente e se tornar o Armstrong do novo milênio. Ou, pelo menos, o Thomas Paine do século 21. A exemplo do chefão da Nasa, que comandou sete missões Apollo, incluindo a de 1969, Jeff Bezos é viciado em viagens espaciais – entre elas a série televisiva de Jornada nas Estrelas e a saga cinematográfica de Star Wars. E já revelou ter estudado, desde aquele pouso histórico na superfície lunar, cada linha escrita sobre todas as missões da agência espacial americana – e também do programa espacial soviético. Talvez por isso, o mote de sua segunda grande aventura no mundo dos negócios, a Blue Origin, queridinha da indústria aeroespacial fundada em setembro de 2000, seja Gradatim ferociter (algo como “um passo após o outro, mas ferozmente”, em latim). O símbolo do projeto? Uma tartaruga.
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Isabella Taveres, ex-modelo
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GOSTO DE SANGUE Embora encontre tempo em sua agenda para um nonsense ou outro, Bezos tem fama de feroz também nos corredores da Amazon – e ainda mais na Blue Origin, cujos engenheiros vivem, no momento, às voltas com mais uma demanda do chefe, a criação de uma base lunar autossustentável. Uma piada interna (dentre as muitas que seus funcionários contam sem saber que ele conhece todas e mais algumas) dá conta de que Bezos não deve nada a Steve Jobs, principalmente se a reunião for sobre metas! E sua risada... é como a sineta do almoço com a qual Roy Scheider (um de seus atores favoritos) explica ao prefeito de Amity Island que, se ele insistir em abrir as praias, o célebre tubarão branco de Spielberg certamente fará uma festa. Quem já trabalhou na Amazon sabe: muitas vezes, a gargalhada de Bezos pode ser mesmo o beijo da morte. A única pessoa que não concorda nem um pouco com a má fama de Jeff é Ma-
Até os 4 anos, o menino Jeffrey tinha outro sobrenome: Jorgensen. Foi trocado pelo do padrasto, que nasceu em Cuba e imigrou para os EUA em 1962
cKenzie Bezos, sua mulher – que se apaixonou justamente pela gargalhada do futuro marido quando os dois ocupavam salas geminadas na corretora global D.E. Shaw, em Manhattan. Aliás, foi ele que a entrevistou para a vaga. “Era um emprego para pagar as contas”, relembra a escritora, best-seller nos EUA. “E eu ouvia aquela risada fabulosa todos os dias.” Um almoço foi o suficiente para que os dois se tornassem inseparáveis. E quando Jeff lhe falou, em 1993, que a família precisava se mudar para Seattle, do outro lado do país, MacKenzie não pensou duas vezes: “Ele estava tão animado...”. O casal está junto há 24 anos e tem quatro filhos (três meninos e uma menina). Um dos passatempos preferidos de Jeff é justamente passar tempo com a prole. De preferência em aventuras
insólitas. Como gosta de vasculhar os oceanos em busca de peças descartadas dos foguetes da Nasa (a agência adora se livrar de restos de suas naves principalmente nas águas do Pacífico, o que a faz alvo de uma infinidade de ONGs mundo afora), o executivo muitas vezes junta a turma toda em um de seus submarinos e submerge por dias a fio – em 2013, após mais de três semanas de perseguição quase paranoica, achou um dos motores F-1 utilizados pela Nasa durante o programa Apollo. Brad Stone, autor de The Everything Store: Jeff Bezos and the Age of Amazon, revela em sua biografia do executivo e sua empresa, publicada em 2011, que ele é, definitivamente, a pessoa mais teimosa e autocentrada que já conheceu. E que o fato de ter passado boa parte da infância e adolescência na fazenda da família, no Texas, teve muito a ver com isso. “No campo, as pessoas fazem tudo sozinhas. Meu avô era um grande exemplo para mim nesse aspecto. Ele costumava dizer: ‘Se algo está quebrado, vamos consertar’.” Como toda ideia genial, a Amazon começou a nascer da forma mais inusitada, quando Jeff ainda tentava a vida na corretora em Manhattan, ao lado da futura mulher. Apesar de talentoso no que fazia, entre uma ação que subia e outra que despen-
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cava, o aluno promissor de Princeton só imaginava como seria bom se os livros que “namorava” diariamente na Barnes & Noble da vizinha Quinta Avenida pudessem surgir em sua baia “num passe de mágica”. Como algo tão simples poderia simplesmente não existir? Na renomada universidade, Bezos começou estudando física – mais precisamente, física teórica, base de qualquer experiência além da imaginação. Mas havia um problema: “Meus amigos de classe eram muito melhores do que eu”, revelou ao The Guardian há alguns anos. “Pareciam não fazer força para entender tudo aquilo... era uma sensação terrível.” Sempre prático, Bezos acabou trocando a ambição de se tornar uma versão calva de Einstein pela ciência da computação – campo que parecia ter algum futuro. Estávamos no limiar do ano de 1984, o mesmo do Big Brother
© blue origin
de George Orwell e do icônico comercial do Macintosh de Steve Jobs.
FROM CUBA WITH LOVE Ted Jorgensen era um sujeito divertido. Gostava de malabares e ainda mais de se equilibrar sobre um monociclo. Tanto que fazia parte de uma trupe circense daquelas que se apresentam em praças de cidades pequenas do interior. Não tinha muito
A Blue Origin sobe tanto quanto as ações da Amazon na Nasdaq
mais na cabeça além disso, como Jacklyn Gise, a mãe de Jeff Bezos, costuma dizer. Ah, e era alto e bonitão. Os dois se conheceram e começaram a namorar ainda no colégio. Quando ele contava 18 anos e ela 16, Jacklyn ficou grávida. E, clichê dos clichês americanos, reuniram as poucas economias, pediram mais um pouco aos pais, e voaram para o México, onde se casaram. Qualquer semelhança com tantas produções B hollywoodianas termina aí. O rapaz ganhava pouco mais de US$ 1 por hora como vendedor e faz-tudo em uma loja de departamentos – muito pouco para ser um pai devoto e menos ainda quando desviava parte desse ordenado para o caixa de uma casa de bebidas próxima de-
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Jeff imaginava como seria se os livros que namorava todos os dias pudessem aparecer na sua frente como “num passe de mágica”. Assim nasceu a Amazon
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Assim ficarรก a nova sede da Amazon em Seattle. Estarรก pronta ainda em 2018
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mais de seu local de trabalho. Quando Jeff fez 1 ano e meio, Jacklyn pediu o divórcio. A sorte do menino só mudou porque, em 1959, Fidel Castro resolvera transformar a noite de Ano-Novo em Havana, capital de Cuba, em um dos capítulos mais célebres do século. A Revolução Cubana foi uma carnificina, como se sabe, e entre um paredón e outro, alguns poucos cubanos conseguiram cruzar o estreito da Flórida e aportar nas praias de Miami. Um desses imigrantes chamava-se Miguel Bezos e chegou aos EUA em 1962, aos 15 anos. Se ele falava inglês? Segundo o próprio Miguel, apenas “hamburger, o suficiente para não morrer de fome”. Contra todas as expectativas, o garoto conseguiu uma bolsa na Universidade do Novo México, onde cursou engenharia e conheceu Jacklyn, com quem se casou em 1968. Ted Jorgensen concordou em deixar Bezos adotar seu filho e, aos 4 anos, Jeffrey Preston Jorgensen tornava-se oficialmente Jeffrey Preston Bezos. A nova família se mudou para Houston, no Texas, onde Miguel – Mike para os mais chegados – foi trabalhar como engenheiro na Exxon.
Depois de mais de duas décadas, ele se convenceu da necessidade de criar uma loja física da Amazon. Mas ninguém passa no caixa. Cada produto tem seu código e é cobrado no cartão de crédito
O MAIOR RIO DO MUNDO Antes de escolher o nome Amazon, Bezos investiu em algo um pouco mais pessoal: Relentless – “implacável”, em português. De acordo com os 300 funcionários e ex-funcionários da companhia entrevistados por Stone, o nome talvez fizesse mais sentido já que esta é, para todos eles, uma das características mais marcantes de seu CEO. Mas também concordam que, do ponto de vista do consumidor, a chance de sucesso de um site batizado com nome tão brutal seria uma incógnita. A Amazon só começou a tomar forma quando Jeff, que gostava de Relentless, mas sofria com as críticas dos futuros parceiros de negócio a cada reunião, folheava um dicionário em busca de ideias. E logo nas primeiras páginas deparou com a palavra que mudaria tudo. “O maior rio do
mundo, a maior loja do mundo!” Fazia sentido. E, como todo rio que se preze, praticamente impossível de ser parado. Ou seja, implacável. De qualquer forma, até hoje, ao digitar relentless.com em qualquer navegador, o internauta é direcionado para o site da Amazon. Sim, na época em que imaginou a loja virtual, Bezos registrou o domínio, antes mesmo de avisar os sócios. “Típico dele”, diriam alguns ex-funcionários ouvidos por Brad Stone. O princípio que rege as ações de Bezos é fazer algo de forma diferente primeiro que seus concorrentes e apostar que essa ideia vai mudar paradigmas. O exemplo mais didático de como Bezos trabalha para tornar a Amazon onipresente em todas as partes do mundo talvez seja o fato de ter se convencido, no final do ano passado, após mais de duas décadas, da necessidade de criar um espaço físico, uma loja Amazon feita de tijolos. A inovação? Não há caixas registradoras. Trata-se de um supermercado no qual cada gôndola trabalha conectada a sensores. Todos os produtos têm um código QR e é tudo gerenciado por meio de um aplicativo para smartphone. Basta ter uma conta na Amazon, ir até a loja, comprar o que quiser – e
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Com o amigo (e rival) Bill Gates, com a mulher, MacKenzie, e (ainda) com cabelos: um homem sempre na busca de pensar antes dos demais
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simplesmente sair com o carrinho. A compra é faturada na mesma hora, via cartão de débito ou crédito. Numa outra prova de que continua afeito ao mundo físico e não virtual, Bezos está construindo uma nova sede da Amazon, em Seattle, com uma arquitetura futurista que lembra uma gigantesca estufa. EMPRESA EM CONSTRUÇÃO Ao longo de quase 22 anos de existência, a Amazon foi incorporando setores a seus negócios. A loja virtual de livros hoje vende (quase) qualquer coisa. E Bezos não faz cerimônia em construir novas estruturas de comércio sobre as já existentes – mesmo aquelas que respondam por parte do lucro da empresa. Se ele percebe um atalho, investe. O fabuloso sucesso da caixa de som inteligente Echo, por exemplo, só foi possível porque um dos maiores investimentos recentes da Amazon deu com os burros n’água – pelo menos por enquanto. Chama-se Fire Phone o celular desenvolvido pela companhia para brigar com Samsung e Apple, um aparelho que jamais decolou, a despeito de o quanto Bezos investisse em marketing. O grande apelo do Fire? Além da inédita tecnologia 3D (uma ótima péssima ideia, segundo os críticos), a presença de Alexa, a Siri da Amazon. Pois a assistente pessoal digital acabou migrando para o Echo e se tornou a melhor amiga de milhões de consumidores – e, mais recentemente, tornou-se também consultora de moda particular. Natural para uma empresa que, segundo os últimos números da Morgan Stanley, já é a segunda maior vendedora de roupas dos EUA. Diferentemente de Apple, Google e Microsoft, a Amazon não pode se dar ao luxo de se “sentar” sobre a glória de um par de inovações geniais – e, assim, ela cria diversas a cada estação. Jeff Bezos aprendeu, a duras penas, que, no mundo do varejo online, os cenários mudam dia após dia. Naquela coletiva de imprensa em 1999, ele fez questão de ressaltar: “Nossos clientes são leais até que apareça alguém que lhes oferece um serviço melhor”. E, apesar dos US$ 90 bilhões que tem no banco, o executivo parece adorar o desafio de evitar ser passado para trás a cada nascer do sol. O instinto assassino de Bezos é uma força motriz poderosíssima, capaz de criar um impressionante fluxo de primeiros passos criativos. No ano passado, sua plataforma de vídeo on demand Prime Video (cuja missão é roubar mercado da Netflix) se tornou disponível em mais de 200 países. E o Twitch, rede por streaming voltada ao mercado de games online e que a Amazon adquiriu em 2014, acaba de lançar seus primeiros três títulos criados pelos estúdios da companhia. Questionado sobre como lidava com as análises pouco amistosas de jornais e revistas quanto à sua necessidade quase crônica de mudar tudo o tempo todo, Bezos deu um leve suspiro, encarou fixamente o entrevistador (as más línguas insistem que ele teria um olho de vidro) e respondeu: “Se você não consegue ouvir críticas, então é melhor não perder tempo tentando fazer algo novo ou interessante”. Para variar, ele parece saber bem do que está falando.
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Jeff aprendeu que, no mundo do varejo online, os cenários mudam sempre. Há quase duas décadas, ele disse: “Nossos clientes são leais até que apareça alguém que lhes ofereça um serviço melhor”
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NAS ALTURAS Vista espetacular e coquetéis criativos – eis a fórmula de bares e restaurantes para seduzir frequentadores Por Luciana Lancellotti
LUNA ROOFTOP BAR SAN MIGUEL DE ALLENDE, MÉXICO
Requintes coloniais
Na cobertura do hotel Rosewood San Miguel de Allende, o terraço do Luna Rooftop Bar descortina a cidade mexicana, desenhada impecavelmente em estilo colonial: telhados, campanários, torres e a icônica Parroquia de San Miguel Arcángel. A vista espetacular está garantida a qualquer hora do dia, mas é durante o entardecer que a beleza alcança o ápice: é o melhor lugar da cidade para observar o pôr do sol. Da cozinha saem porções despretensiosas, várias delas frias e típicas, como guacamole e ceviche, além de pizzas e hambúrgueres. Para harmonizar, coquetéis artesanais criativos, como o Mezcalito Guanajuato, à base de capim-limão e mescal. Ou o Oasis San Miguel, preparado com gim, pepino, manjericão e limão. rosewoodhotels.com dezembro 2017
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VERTIGO AND MOON BAR BANGKOK, TAILÂNDIA
Desafio à gravidade
Admita: você quase perdeu o fôlego só de ver a foto. Pois a proposta do Vertigo and Moon é esta mesmo: na Tailândia, bares e restaurantes nas coberturas dos arranha-céus disputam quem oferece o visual mais arrebatador. No 61º andar do hotel Banyan Tree, o bar acena com vista de 360 graus para a deslumbrante silhueta urbana de Bangkok. No menu, predominam steaks e frutos do mar. Para começar, peça um cálice de Thai Sabai, potente combinação de mekhong (destilado tailandês de arroz), suco de limão, folhas de manjericão e água com gás. Alguns goles vão garantir ainda mais emoção à vista. banyantree.com
BLU BAR ON 36 SYDNEY, AUSTRÁLIA
Mar à vista!
fotos: divulgação
Com um panorama arrebatador realçado por janelas transparentes que vão do chão ao teto, o Blu Bar parece flutuar sobre o porto de Sydney. No 36º andar, este cocktail lounge abre generosamente uma vista panorâmica para a Harbour Bridge e a Opera House, a ser harmonizada com drinques preparados pelo melhor time de mixologistas da cidade. Os coquetéis seguem o conceito da física líquida – que produz efeitos como fumaça, graças ao nitrogênio líquido. Um dos mais pedidos é o Spiced Mango Fizz. Ele leva rum, polpa de manga, hortelã, um toque de limão e gengibre efervescente. O menu de pratos é informal: faláfel, pizzas, sanduíches e hambúrgueres. 36levelsabove.com.au
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FLAIR ROOFTOP XANGAI, CHINA
Quase tocando a torre
Do alto do 58º andar do hotel Ritz-Carlton se tem uma das vistas mais incríveis de Xangai, que parece vigiar o rio Huangpu e a silhueta futurista das torres gigantescas no bairro de Pudong. Estiloso e contemporâneo, o Flair é o restaurante ao ar livre mais alto da China. Melhor ainda: de tão próximo, o terraço parece quase tocar a famosa Pearl Tower. Tapas, sushis e frutos do mar recebem influência de vários países asiáticos, e a carta de bebidas ostenta uma seleção de 40 tipos de vodca. Os preços são tão altos quanto o lugar: a reserva de mesa externa sai por US$ 55. Experimente o Pursuit of Prosperity, que combina scotch, umeshu (licor de ameixa japonesa), hibisco picante e shissô, erva aromática asiática. ritzcarlton.com FELIX, THE PENINSULA HONG KONG
A ilha a seus pés
É curioso visitar pela primeira vez o Felix: à medida que o elevador se aproxima do 28º e último andar do hotel The Peninsula, as luzes e o volume da música diminuem. Criase o impacto e, então, chega-se ao restaurante de ambiente futurista assinado por Philippe Starck – um contraste com a clássica fachada do hotel. Através das imensas janelas, a vista desvela o Victoria Harbour, a área urbana da península de Kowloon (daí o nome do hotel) e a ilha de Hong Kong. O ambiente é formal e a gastronomia, contemporânea, com várias escolhas de menu-degustação. Para um drinque ou vinho, há dois ambientes: o wine bar, fechado, e o American Bar, para coquetéis, com balcão circular de mármore destacando a paisagem. O melhor a fazer é pedir um Oak Tree, inspirado na obra homônima de Craig-Martin, à base de rum cubano Havana Club 7 anos, manjericão, limão e agave. hongkong.peninsula.com dezembro 2017
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mundo urbano bares THE INSOLITO LISBOA
Debruçado para o Castelo
Um edifício do século 19 no Príncipe Real abriga um dos hostels mais descolados da Europa, The Independente Collective, e também o mítico primeiro elevador privado de Lisboa. Ali mesmo, no último andar, fica The Insolito, misto de bar e restaurante frequentado por moradores e viajantes, ávidos por brindar e beliscar algumas porções em frente a uma das vistas mais contempladas da capital portuguesa. Bem em frente ao miradouro São Pedro de Alcântara, o terraço do bar é uma espécie de camarote para o típico casario colorido lisboeta, com destaque para o Castelo de São Jorge, no alto de uma colina. Os acordes entoados pelo DJ costumam combinar com uma sugestiva sangria de vinho verde, rum, suco de limão e folhas de manjericão. Como entrada, faz sucesso Maria vai com as Ostras, uma dupla do molusco adornada com toques de Bloody Mary. theinsolito.pt fotos: divulgação
KONG PARIS
SEEN SÃO PAULO
Foco no blend Paris-Tóquio
Abaixo as paredes
Não há como não se impressionar com as janelas de vidro curvado que cobrem o ambiente futurista do Kong, um dos restaurantes mais disputados da capital francesa. Ele fica no quinto e último andar do edifício Kenzo, em estilo haussmaniano, praticamente sorrindo para o céu. Não existe tempo ruim: até durante o inverno, é lindo ver a neve cair do lado de fora, enquanto se observa o vaivém de um público eclético, boa parte jovem e bonita. A atmosfera é ao mesmo tempo elegante e descontraída. A fusão Paris-Tóquio domina não somente o ambiente, idealizado por Philippe Starck, mas também o menu – uma fusão correta entre as cozinhas francesa e japonesa, que inclui pratos como o bacalhau negro com missô e vegetais salteados, ou o bife Wagyu com molho béarnaise. Peça um Blackjack (bourbon, infusão de café e maple syrup) e erga um brinde pelo privilégio de ter o Sena e a Pont Neuf a seus pés. É o mínimo que se pode fazer. kong.fr
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Novidade na cena gastronômica paulistana, o Seen está instalado no 23º andar do hotel Tivoli Mofarrej, nos Jardins, com uma das vistas mais privilegiadas da cidade, que corre sobre a avenida Paulista e o parque Trianon. Couro, madeira e mármore ajudam a construir a atmosfera retrô que destaca também um sofá de veludo verde de 65 metros de extensão, acompanhando os janelões. O som produzido pelos DJs traz um tom ainda mais badalado ao lugar, cujas reservas podem ter espera de uma semana. Para destacar a silhueta urbana, o projeto arquitetônico também baniu as paredes divisórias do salão e tratou de cravar no centro do ambiente um bar imponente em nível mais alto. É irresistível se acomodar por ali mesmo e pedir algumas porções para compartilhar, como as vieiras gratinadas. Entre os coquetéis, destacam-se clássicos e versões de gim-tônica. A grande pedida, contudo, é o Liffey, servido em uma taça defumada com cipó-cravo sobre base de jatobá, combinando Jameson, Carpano Classico, Campari e Aperol. seensp.com
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230 FIFTH NOVA YORK, EUA
Nem é preciso consumir
Na esquina da Rua 27 com a Quinta Avenida, o 230 Fifth tem um dos maiores terraços de Nova York, no 20º andar, com espaço para 500 pessoas beberem ao ar livre. De quebra, dali se abre uma respeitável vista para o Empire State Building e a silhueta dos prédios de Midtown. O antigo proprietário, o colecionador de arte Steven Greenberg, não economizou: fez um espaço tão opulento quanto seus outros projetos, o Roxy e o Palladium. O resultado é um ambiente pontuado por móveis genuínos combinados com espreguiçadeiras, ombrelones e palmeiras. Os pratos são despretensiosos e o brunch, apesar de concorrido, é sem brilho. Mas vale subir para um drinque –a Margarita de Jalapeño é uma boa dica. Ou uma taça de Pinot Grigio, se for verão. O melhor: o acesso ao rooftop é gratuito. Só se paga o que se consome. 230-fifth.com
GB ROOF GARDEN ATENAS, GRÉCIA
Nada menos que a Acrópole
Localizada no oitavo andar, a cobertura do hotel Grande Bretagne, em Atenas, pode não estar no topo do mundo. Mas nem por isso seu restaurante, GB Roof Garden, deixa de oferecer uma vista espetacular da cidade. Melhor dizendo, para algumas das mais famosas construções da Antiguidade. A partir de bancos, cadeiras ou aconchegantes almofadas, a vista corre sem obstáculos até o Partenon, o Parlamento Helênico e o Calimármaro. A atmosfera é elegante. O cardápio segue o estilo da nova cozinha mediterrânea: pratos preparados de acordo com os fundamentos do slow cooking. A carta de coquetéis destaca drinques à base de ervas cultivadas em horta própria, como lavanda, manjericão, sálvia, tomilho e camomila. O Rob Roy Odissey leva uísque, vermute, angostura e folhas frescas de orégano. gbroofgarden.gr dezembro 2017
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mundo urbano pães
PROFISSÃO: PADEIRA Elas abriram mão de carreiras consolidadas para se dedicar à produção artesanal de pães disputados por um público exigente Por Luciana Lancellotti RETRATOS olga vlahou
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Flávia Maculan largou um doutorado pela paixão de fazer pães dezembro 2017
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mundo urbano pães
E
m um espaço de 60 metros quadrados, com
“O fato de precisar apenas de farinha, água e sal, a forma de
tubulação aparente e paredes revestidas de
trabalhar aquela massa praticamente inerte, tudo era tão sim-
azulejos brancos, funciona a IZA Padaria Arte-
bólico e lindo que me cativou”, confessa. Ela voltou ao Brasil
sanal. Apesar do nome, o lugar, na região pau-
e tratou de estudar o assunto, para entender melhor fungos,
listana do Butantã, está longe de operar como
farinhas e a íntima interligação da produção de pães com o
uma casa tradicional. Aqui as fornadas saem
ambiente. “Comecei a ligar com a biologia e descobri que nada
apenas três dias por semana, com rendimen-
tinha a ver com aquele tabletinho de fermento que você com-
to médio de 400 pães semanais. Produzidos com fermentação
pra, já pronto”, explica. Para se aprofundar ainda mais, matri-
natural – sem aditivos químicos nem conservantes, e bem mais
culou-se em um curso de panificação com Rogério Shimura
lenta que a utilizada na panificação comercial –, todos são pre-
(ex-padeiro consultor do D.O.M., de Alex Atala), em São Paulo.
parados com destino certo. “Cada pão tem um pouco da minha
Logo em seguida, fez as malas para San Francisco, onde es-
energia, daquilo em que acredito”, revela a proprietária, Izabela
tudou no SFBI – San Francisco Baking Institute – e estagiou
Tavares. Aos 31 anos, a ex-modelo é uma das padeiras mais fes-
por três meses na Tartine Bakery, espécie de meca atual da
tejadas de São Paulo. “Respeito toda a técnica da panificação: a
panificação internacional, capitaneada pelo padeiro-celebri-
escolha das farinhas, o cuidado com a temperatura, a atenção do
dade Chad Robertson. Apurou ainda mais o olhar e a técnica.
começo ao fim – tudo para entregar um produto padronizado.”
“As coisas tinham que acontecer no tempo do pão, nunca no do funcionário”, conta. “Há dias em
A clientela, exigente, se inscreve no site e recebe, por email, informações sobre as fornadas semanais. Os passos seguintes são garantir a encomenda, pois a produção é disputada, e fazer a retirada pessoalmente, com hora marcada, ou contratando a entrega. Há também o sistema de assinatura. Ele garante o recebimento, em casa, de combos que reúnem pães tradicionais (como o de campanha orgânico, à base de trigo e centeio) e especiais (caso do brioche e do banana bread, com bananas, nozes, gotas de chocolate e
“Respeito toda a técnica da panificação: a escolha das farinhas, o cuidado com a temperatura, a atenção do começo ao fim”, diz Izabela Tavares, para quem “cada pão tem um pouco da minha energia”
especiarias). “Como não tenho mão
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que a massa precisa de mais água, tem tudo a ver com o clima, o tipo de fermentação, e nada a ver com o relógio, sempre respeitando os ingredientes, a massa, tudo orgânico.” A etapa seguinte foi produzir pães para amigos e se beneficiar com a melhor de todas as divulgações: a boca a boca. Em 2015, Flávia criava sua marca, a Tøast. Como Flávia, Izabela também descobriu a fermentação natural durante uma viagem. Após se formar em gastronomia pela faculdade Anhembi Morumbi, em São Paulo, a
de obra, há uma limitação natural de produção”, explica Izabe-
ex-modelo investiu em uma especialização em massas na es-
la. “Assim, faço especiais que mudam toda semana.”
cola internacional de cozinha italiana ICIF, no Piemonte. “Achei
Em outro bairro paulistano, o Sumarezinho, uma adorável
fantástico, já tinha ouvido falar sobre o assunto na faculdade,
casa de esquina abriga o ateliê de Flávia Maculan. Quem passa
mas achava meio impossível”, admite. De volta ao Brasil, ga-
em frente não tem ideia de que ali são feitos pães de fermenta-
nhou o livro Pão Nosso, do crítico gastronômico Luiz Américo
ção natural encomendados por um público que inclui críticos de
Camargo. “Resolvi tentar e meu fermento já deu certo de pri-
restaurantes e os chamados foodies. A cada fornada, das quatro
meira.” Fotografou os pães, postou nas redes sociais e come-
semanais, são produzidos apenas 45 pães – dos clássicos às va-
çou a receber os pedidos. Nessa fase, também cursou o San
riações como nozes, centeio nórdico, multigrãos e foccacia.
Francisco Baking Institute.
Formada bióloga, Flávia foi pesquisadora em imunologia
Hoje, além de produzir para os clientes da IZA, ela fornece
pela Unifesp e trabalhou na área renal com células-tronco. Em
pães para estabelecimentos paulistanos como o restaurante
2012, enquanto fazia doutorado, enfrentou questionamentos
Cór e a queijaria Mestre Queijeiro, ambos na região de Pinhei-
profissionais que mudariam sua vida. “Não consegui mais me
ros. Já Flávia, além de fornecer para os próprios clientes, pro-
ver no meio acadêmico, indo a congressos”, recorda-se.
duz para um café no bairro da Vila Madalena, o Takkø, uma vez
Uma viagem a Nova York seria decisiva, quando Flávia ex-
por semana. Nessa curta e já bem-sucedida trajetória, Izabe-
perimentou pães de fermentação natural em uma pequena
la e Flávia souberam converter os próprios nomes em grifes
bakery. Ficou encantada com a simplicidade do processo.
dos pães e não desejam ampliar seus negócios para grandes
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Izabela Tavares, ex-modelo
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mundo urbano pães padarias abertas ao público, nos moldes convencionais, pois
já fornece para quatro cafés – um deles, o armazém do res-
sabem que a qualidade do produto final está ligada ao fato de
taurante Jacarandá, no bairro paulistano de Pinheiros. As op-
as próprias colocarem, literalmente, a mão na massa.
ções se multiplicam: passeiam por sabores como nozes, pas-
Há um ano imersa no universo da panificação de fermen-
sas brancas e papoula orgânica, e azeitonas, tomilho fresco e
tação longa e natural, Virgínia Oda, 32 anos, segue a trilha de
pimenta calabresa. “Já fui questionada sobre se não dá para
Flávia e Izabela. Depois de uma década trabalhando em uma
fazer pães com casca macia”, diverte-se. “Sempre dizia que, poxa vida, demorei tanto para con-
agência de publicidade paulistana como relações-públicas, deixou de ver sentido na profissão. Em 2015, um anúncio de um curso de gastronomia no Senac deu o estalo. Ela se matriculou e teve a oportunidade de conhecer a fermentação natural. “Caiu a ficha: quero aprender a fazer pães.” Começou a pesquisar o assunto e arriscou preparar seu próprio fermento utilizando maçã e açúcar mascavo. Vingou. “Fiz despretensiosamente. Somente quando comecei a reparar nos pães que passei a fazer, tive a resposta para a necessidade
“Já fui questionada sobre se não dá para fazer pães com casca mais macia”, conta Virgínia Oda. E emenda: “Sempre dizia que, poxa vida, demorei tanto para conseguir minha casquinha crocante!”
seguir minha casquinha crocante!” Nesse ritmo, um dia de trabalho no apartamento de Virgínia rende de seis a oito pães – dois por fornada. O forno, doméstico, continua o mesmo de um ano atrás, mas o arsenal foi incrementado recentemente com uma batedeira de uso profissional. Também permanece idêntico o processo de alimentar o fermento, com farinha e água, para que permaneça forte, guardado na geladeira. “É a última coisa que faço todo dia antes de dormir”, conta. Com a demanda crescente, Virgínia planeja estagiar em
que eu tinha”, relembra. Um ano depois, ao preparar pães multigrãos para amigas
Paris e, provavelmente, terá que ampliar a estrutura do negócio.
proprietárias de um café em São Paulo, veio a primeira pro-
Talvez alugar uma casa e investir em um forno industrial. Quan-
posta: passar a vendê-los no estabelecimento. “Até chorei ao
do? Ela ainda não sabe. Certeza, por enquanto, apenas uma: a
ouvir”, diverte-se. Ainda assim, preferiu estudar com o chef-pa-
carreira de relações-públicas ficou no passado.
deiro Rogério Shimura antes de se aventurar a comercializá-
@izabelatavares
-los, o que aconteceu dois meses após a proposta das amigas.
@flavia_maculan
Hoje, um ano depois de ter vendido seu primeiro pão, Virgínia
@virginiaoda
SÓ QUATRO INGREDIENTES Bem diferentes dos pães de fabricação industrial, produzidos em poucas horas com uma lista de ingredientes que pode chegar a 40 itens, os pães de fermentação natural – aqueles, preparados por nossos ancestrais –, são feitos com apenas quatro componentes: farinha, água, sal e fermento. Parece simples, mas a verdade é que, nos dias de hoje, resgatar os primórdios da panificação é tarefa das mais pormenorizadas. Requer estudo e paciência – do trabalho com a massa até a fornada, o processo chega a levar entre 20 e 40 horas, sem contar a produção do fermento natural, também denominado levain, massa-madre e sourdough, entre outros nomes. Cada padeiro tem sua forma de produzi-lo do zero, utilizando frutas como maçã, uva, abacaxi ou, simplesmente, farinha e água. São ingredientes que criam o
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ambiente ideal para que as leveduras comecem a produzir a fermentação. Se alimentado e armazenado corretamente, o fermento natural pode se reproduzir por décadas. Apesar de crucial na produção de um pão de qualidade, o sucesso na criação do fermento natural é apenas o começo. Seguem-se, então, sovas e fermentações seguintes, até a conquista do resultado almejado: um pão com casca de cor caramelo, firme e crocante, necessária para preservar o miolo macio e elástico. Os alvéolos são o destaque visual, longos e brilhantes, e o aroma, por sua vez, chega a exalar notas amendoadas. O paladar passeia entre o sutilmente adocicado e o agradavelmente ácido, provocando uma bem-vinda salivação. Melhor ainda: sem trazer a indigesta sensação de estufamento após o consumo.
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Virgínia Oda, ex-relações-públicas
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mundo sem fronteiras saĂşde
Anjos da guerra Desde 1971, os MĂŠdicos Sem Fronteiras veem bem de perto um universo que a maioria sĂł quer ver de longe Por sergio crusco
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Š Frederic Noy/Cosmos
Atendimento num campo de refugiados em Uganda Š istock
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mundo sem fronteiras saúde
Em Qayyarah, no Iraque
© Hussein Amri/MSF
U
ma estátua do padre Cícero com
Os Médicos Sem Fronteiras não são uma organização re-
água pelo pescoço. Aquela foi
ligiosa. “Mas a inspiração que o padre Cícero deu àquelas
uma das primeiras visões que a
pessoas ajudou”, prossegue Letícia. “Fez com que elas elabo-
psicóloga Letícia Nolasco teve ao
rassem o que aconteceu e considerassem a importância da
chegar à região de Alagoas afeta-
rede de solidariedade, a importância dos laços entre vizinhos,
da pela enchente do rio Mundaú
associações.” A catástrofe de Alagoas foi apenas mais uma na
que devastou oito municípios em
vida da psicóloga. Ela já passou por um terremoto no Equa-
2010. Para muitos moradores, o
dor e pelo incêndio em 2013 na casa noturna Kiss, em Santa
fato de as águas não terem co-
Maria (RS), quando mais de 240 pessoas perderam a vida. Ou
berto totalmente a figura do ho-
aquela que considera uma das crises mais graves no mundo
mem que consideram santo foi um dado de fé e de esperança.
atual: a das imigrações, presenciada por ela no contato com
Para a equipe de saúde mental dos Médicos Sem Fronteiras, que
refugiados haitianos no Brasil ou os que acabavam de cruzar
Letícia integrava, esse sentimento foi importante por outra razão.
as fronteiras da Ucrânia, em 2015.
Provar ali o intuito de “fazer com que as memórias de um desastre sejam vistas como marcas, não como destroços”. Uma mulher tentava salvar os filhos da força das águas,
escombros. Os que escaparam, jovens e adultos com boa ap-
mas não conseguiu segurar a mão de um deles. Foi levado pela
tidão física, levaram as crianças. Ficaram os que não tinham
correnteza e encontrado morto tão logo a inundação baixou.
mais força ou vontade de desgarrar de sua terra – os idosos.
Em estado de catatonia, a mãe não conseguia expressar uma
“Quando chegamos a Gorlivka, o cenário era de uma cidade-
palavra. Com apoio de uma psicóloga local, que conversava
-fantasma”, relata. “Mas logo vimos que havia vida ali.” A pre-
com ela todos os dias, a equipe dos Médicos Sem Fronteiras
ocupação mais urgente de uma anciã com quem a equipe do
tratava de detectar o que parecia um sintoma grave de distúr-
MSF fez contato era encontrar um vidraceiro que refizesse
bio psíquico. Era a dor da perda. “A psicóloga fez com que ela
suas janelas, destruídas pelos bombardeios.
saísse daquele estado”, conta Letícia. “E, à beira do rio, conseguisse narrar a tragédia e processar a perda.” 74
Os que não conseguiram fugir da guerra civil no leste da Ucrânia, ainda em andamento, tentavam refazer a vida entre
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“Era uma mulher muito pragmática, que nos olhou nos olhos e disse já ter enfrentado a Segunda Guerra Mundial. Ela
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acreditava sobreviver a mais uma”, narra a psicóloga, que con-
Há presenças inegociáveis. Dentro das linhas dominadas
versava com os moradores por meio de intérpretes. “Em cada
pelo Estado Islâmico não tem havido acordo. Por isso, o MSF
lugar que visitamos, treinamos uma equipe local, mas ela ain-
não vem conseguindo atuar nessas regiões. Cecília passou
da não havia sido formada”, relembra. “Essa equipe é impor-
por uma situação mais complicada no Iraque, quando uma
tante para que as pessoas tenham confiança no nosso traba-
vila a 30 quilômetros de Kayara, onde estava a base médica,
lho, pois falam a língua das pessoas que ali estão.” Letícia, seja
foi tomada pelo Estado Islâmico. “Houve uma conversa entre
como for, aprendeu rapidamente a ler no rosto das mulheres
a equipe. Quem se sentisse desconfortável tinha o direito de
ucranianas uma mensagem de boas expectativas, mesmo em
sair”, diz Cecília, que resolveu ficar. “Esse procedimento é co-
meio à terra devastada. “Percebi que, quando elas falavam dos
mum em qualquer projeto do MSF. Ninguém é obrigado a tra-
netos, sua expressão se iluminava, vinham sorrisos. Era a es-
balhar com medo e todas as providências para que a pessoa
perança de que um dia eles poderiam se reunir de novo.”
deixe o local com segurança são tomadas.” Péssimas notícias, no entanto, não deixam de ser comuns.
O início de tudo, em 1971
Em 2015, a organização contabilizou mais de 100 de seus lo-
Para quem tem na mente a imagem dos Médi-
cais de atendimento atacados por fogo cruzado.
cos Sem Fronteiras em missão no interior da Áfri-
No mês de outubro daquele ano, em Kunduz,
ca em tempos de epidemias ou em terras orien-
Afeganistão, um ataque aéreo perpetrado pelas
tais assoladas por conflitos, é interessante saber
Forças Armadas americanas matou 22 pesso-
que eles podem atuar em qualquer lugar que
as, entre médicos, enfermeiros e pacientes. A
tenha sofrido outros tipos de desastres ou gran-
pediatra canadense Joanne Liu, presidente do
des impasses humanitários, onde a rede de saúde
MSF desde 2013, tem alertado sobre o desres-
esteja sobrecarregada, precária ou mesmo inexis-
peito a convenções de guerra como a de Gene-
ta. Esse lugar pode estar perto da sua casa, numa
bra e outros acordos similares. Fez um duro discurso no Conselho
temporada de chuvas e deslizamentos na região serrana do Rio de Janeiro, por exemplo. A intenção da organização é chegar em até 72 horas a qualquer
Em 2015, mais de 100 dos locais de atendimento da organização foram atacados por fogo cruzado. E há lugares em que a MSF não consegue nem sequer entrar, como vem ocorrendo nas ocupações do Estado Islâmico
de Segurança da ONU. “Ataques amplos contra comunidades e ofensivas precisas contra instalações de saúde são descritos como
rincão carente de
erros,
ajuda médica, mobi-
mente negados, ou
lizando equipes locais ou multinacionais.
são
total-
simplesmente ignorados.”
No entanto, há ocasiões – e não são raras
Colocar a boca no trombone de forma impar-
– em que a presença do MSF precisa ser ne-
cial está na raiz do MSF, organização que nas-
gociada. “Conversamos com todos os grupos
ceu da união de médicos e jornalistas na França,
envolvidos num conflito, sejam representantes
em 1971. As experiências de obstetras, clínicos
do governo ou tidos como rebeldes”, diz a clínica
gerais, cirurgiões, anestesistas, pediatras, psi-
geral Cecília Hirata, que já esteve em Uganda,
cólogos, fisioterapeutas, laboratoristas e de-
Etiópia, Sudão do Sul, Síria, Nigéria e Iraque.
mais especialistas da área de saúde são relata-
“Explicamos a todos que somos uma organização neutra, sem
das e divulgadas mundo afora, em várias línguas, nos meios
posição política, ideológica ou religiosa”, conta. “Estamos ali
de comunicação da organização, sobretudo no site. “Também
para cuidar da saúde de quem precisar – isso garante nossa
é nossa missão denunciar crises humanitárias graves e cha-
segurança.” As negociações, claro, nem sempre são tranqui-
mar atenção para as dificuldades enfrentadas pelas pessoas
las, mas a aceitação da presença das equipes por todas as
atendidas”, diz Letícia Nolasco. Aí entra o trabalho do jornalis-
partes é o sinal para que o trabalho comece. “No Sudão do
ta e sua capacidade de relatar os fatos e promover a notícia.
Sul, o governo disse que não poderia nos proteger do grupo
Foi a partir desse trabalho de reportagem – e também de
de oposição, mas já havíamos conversado com eles e nego-
um discurso alarmante de Joanne Liu – que o mundo voltou
ciado nossa presença, inclusive tratando das famílias dos líde-
os olhos para o surto de ebola que eclodiu em diversos países
res”, conta Cecília sobre o país africano que nasceu em 2011 já
da África Ocidental entre 2013 e 2014. A partir da atenção que
em clima de disputa tribal e guerra civil. “A notícia de que na
conseguiram atrair para a epidemia, as imagens que pareciam
região há um hospital com remédio, que cura as pessoas, logo
vir de um filme catastrófico de ficção científica invadiram os te-
se espalha e conseguimos trabalhar.”
lejornais: médicos e enfermeiros vestidos em estranhos trajes
Isabella Taveres, ex-modelo
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mundo sem fronteiras saúde © Nicolás Castellano/SER
© Siegfried Modola
© Malak Shaher/MSF
Letícia Nolasco no Sudão do Sul, Cecília Hirata no Iêmen e um resgate no Mediterrâneo
MSF é tão contínua que acabamos montando nossos hospitais fixos, como é o caso do Haiti, onde estamos há mais de 30 anos.” Chegar o mais rápido possível aos locais de tragédia, fome, surto ou conflito custa 1,4 bilhão de euros anuais ao MSF, que arrebanha 95% dessa quantia com doações privadas. “A independência política faz com que possamos decidir onde e quando estar”, diz Letícia Nolasco, que integra o corpo de 3,2 mil profissionais do MSF especiais e pacientes transportados em bolhas plásticas, evi-
– sendo 170 brasileiros. E que recebem por isso. Um dos
tando assim mais contaminações, para dentro das tendas onde
mitos que envolvem o médico sem fronteira é o de que se
seriam tratados.
trata de um voluntário, o que não é verdade. O salário inicial é
A instalação desses postos de saúde envolve uma força
de mil euros – a despeito da ocupação. Não deixa ninguém rico.
de trabalho ainda mais “invisível” do que muitas das mazelas
“Eu poderia estar bem de vida trabalhando num grande hospi-
mundiais que o MSF busca trazer à luz. Os profissionais da
tal, tendo uma rotina, mas foi essa a forma que encontrei de ser
logística dos projetos da organização, responsáveis para que
útil e feliz profissionalmente”, diz Cecília. Trabalho não falta: em
haja condições básicas de atendimento onde quer que seja,
2016, o MSF realizou 468 projetos em 71 países.
agem com rapidez para que um hospital, mesmo provisório,
Os demais 32 mil funcionários da organização são recrutados
seja levantado em tempo recorde. “Esse trabalho envolve uma
nos locais onde acontecem os projetos. “É importante envolver
rede robusta de material, equipamentos e pessoal técnico”,
as pessoas da região que visitamos, seja um profissional de en-
explica o português Luís Medina, especialista em logística
fermagem ou um encanador”, diz Luís Medina. “São eles que dão
humanitária. “Há técnicos em gestão hospitalar, mecânica,
o sentido de comunidade ao trabalho e ajudam na comunicação
gestão de água, saneamento, eletricidade, engenharia. É pre-
com todas as partes envolvidas, das lideranças aos pacientes.”
ciso garantir que o lugar de atendimento tenha água potável e energia elétrica durante 24 horas.”
Os intérpretes auxiliam os médicos nas consultas e traduzem conversas por skype entre médicos, quando o quadro de um paciente é discutido à distância (acontece quando o médico
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Quantam ganham os médicos
precisa sair da área de conflito e atualizar remotamente os pron-
Luís explica que os locais variam de acordo com as
tuários). Desses encontros ficam laços, hoje ainda mais estrei-
peculiaridades do projeto e seu tempo de duração. Há tendas,
tos pela comunicação eletrônica. “Talvez por sermos brasileiros,
contêineres que viram hospitais, hospitais restaurados ou
queridos no mundo inteiro, nossa comunicação é bem facilitada
construções que nasceram para outro fim transformadas
aonde quer que vamos”, avalia Cecília. “Por isso também faze-
em postos de saúde. “Nossa base em Mossul, no Iraque, era
mos amizades com facilidade e, naturalmente, sentimos sauda-
chamada de Kindergarten, pois foi instalada no prédio de um
des. Mantenho contato virtual com gente que conheci em todas
jardim da infância”, conta. “Há países em que a presença do
as partes em que estive, de Uganda à Síria.”
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As cifras dos Médicos Sem Fronteiras
9.792.200 consultas ambulatoriais
250.300
partos assistidos, incluindo cesarianas
671.700 pacientes admitidos
92.600
intervenções cirúrgicas vitais, incluindo incisões, ressecções, manipulações ou suturas de tecidos, com necessidade de anestesia
20.600
pessoas tratadas contra cólera
2.536.400 casos de malária tratados
13.800
pacientes de violência sexual tratados com cuidados médicos
80.100
crianças gravemente desnutridas internadas em programas alimentares
1.167.600
pessoas vacinadas contra febre amarela em resposta a um surto
30.600
migrantes e refugiados resgatados e atendidos no mar Números do ano de 2016. Fonte: MSF Para ser um doador do MFS, acesse mfs.org.br/como-ajudar dezembro 2017
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mundo sem fronteiras nรกutica
Aventura
cinco estrelas Mergulhar ou surfar ganha outro sabor a bordo de barcos especializados Por Cristiano Rigo Dalcin
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fotos: renata linger
O mininavio Argo, que navega ao largo da costa mexicana no PacĂfico, tem atĂŠ submarino
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mundo sem fronteiras náutica
U
ma das chateações para quem mer-
Que o diga o Nautilus Belle Amie, no qual Ary fez um cru-
gulha é chegar ao diving spot – o
zeiro de mergulho ao largo da costa mexicana no Pacífico. O
ponto certo onde jogar âncora para
barco tem 135 pés (41 metros), quatro deques, suítes amplas,
descer ao fundo do mar. Em geral,
cozinha gourmet (com cardápios vegetarianos e veganos) e
são horas de navegação em lanchas
mimos inesquecíveis. “A gente voltava do mar no fim do dia,
pequenas, desconfortáveis. Já para a
com o tempo já esfriando, e tomava uma ducha quente no
galera do surfe, o grande perrengue é
convés”, ele relembra. “De repente, aparecia uma toalha aque-
o crowd. Gente demais disputando a
cida, enquanto outro tripulante surgia com uma xícara de cho-
mesma onda em determinado pico. É o preço que se paga pela
colate fumegante – não dá para reclamar.” Logística apurada e aconchego seduziram igualmente
massificação do esporte. #SQN. Ou pelo menos não mais. Há algum tempo mergulhado-
Guilherme Kodja, paulista de Santos. Navegador há 30 anos,
res e surfistas – duas tribos bem diferentes – encontraram
ele costuma alugar, com tripulação e tudo, dois barcos de li-
a solução: a hospedagem em barcos espaçosos, adaptados
veaboard para brasileiros. Um deles é o Solmar V. A exemplo
às necessidades de cada um. A bordo, serviço de hotelaria,
do Nautillus Belle Amie, ele navega ao largo da costa mexica-
total apoio técnico e gastronomia de primeira, no tradicional
na no Pacífico. O barco tem 112 pés (34 metros) e, de acordo com Guilherme, uma estrutura
conceito “servimos bem para servir sempre”. As vantagens, óbvias, são acordar, tomar café da manhã e já sair surfando ou mergulhando. Mergulhadores chamam de liveaboard. Surfistas, de boat trip. No fundo, a ideia é a mesma. Surgiu em 1969, por obra do australiano Mike Ball. Ele comandava pequenas operações de mergulho a partir de Cairns, norte da Austrália. Seu destino: a Grande Barreira de Corais, até hoje um paraíso da vida subaquática. Mike percebeu que mergulhadores mais exigentes reclamavam das
O melhor de tudo é que não se perde tempo com deslocamentos de terra firme. Você já acorda no lugar certo para mergulhar ou surfar. Sem contar as mordomias como gastronomia de primeira
instalações em terra firme e, mais ainda, dos serviços no mar. Assim, criou o primeiro liveaboard.
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ideal para mergulhar. “Há um guia local para cada grupo de seis a oito mergulhadores”, conta. “No convés, foi instalada uma área seca só para equipamentos de foto e vídeo, com tomadas para recarregar baterias e mangueiras de ar com alta pressão.” Além de open bar, o barco tem um cinegrafista profissional para registrar todos os mergulhos, prática comum em embarcações do gênero. Gaúcho radicado em São Paulo, Ricardo Meurer, o Lalo, dono da tradicional escola paulistana Scuba Point, viajou em setembro último num dos
mais festejados liveaboards – o Argo, mininavio de 131 pés (40
Hoje, a Mike Ball Dive Expeditions tem uma das maiores frotas
metros). Foram 36 horas de navegação no Pacífico, zarpando
do gênero, incluindo o Spoil Sport, um belíssimo mininavio de
da Costa Rica até a remota ilha do Coco, tão selvagem que ali
98 pés (30 metros) de comprimento.
Steven Spielberg rodou a cena de abertura de Jurassic Park. “O
Um dos fãs do liveaboard é o carioca Ary Amarante. Instru-
Argo leva três lanchas de 30 pés para facilitar os deslocamen-
tor de mergulho e especialista em fotografia submarina, ele
tos”, conta Lalo, que também vende pacotes de viagem. “Sem
enumera as vantagens da modalidade. “Para começar, você
contar um submarino que desce a 300 metros de profundida-
aumenta o número de mergulhos diários”, diz. “Depois, tem o
de.” Lalo já participou de um liveaboard tão luxuoso na Indonésia
equipamento sempre à mão. O principal, porém, é o aumento
que possibilitava ao passageiro quantas massagens desejasse.
da área de mergulho, já que não se perde tempo com idas e
“Mas nunca vi nada como o Argo”, suspira. “Ele justifica cada
vindas à terra firme.” Para otimizar tempo, o barco se movi-
centavo dos US$ 5,3 mil pelo cruzeiro.” É que as embarcações
menta à noite. “Isso sem falar da mordomia a bordo.”
do tipo cobram por volta de US$ 3 mil.
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O Solmar V também navega no Pacífico. E leva até às arraias-manta
fotos: guilherme kodja
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mundo sem fronteiras nรกutica
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O gaúcho Ricardo Meurer e um cardume de xaréus olhudos (ou graçainha) no Pacífico
renata linger
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mundo sem fronteiras náutica O carioca Ary Amarante aproveitando sua viagem no Nautilus Belle Amie
Arquivo pessoal ary amarante
Para quem gosta de queimar ar comprimido, nos barcos o
No barco, os convidados dispõem de ambiente climatiza-
céu é o limite. O instrutor de mergulho Reinaldo Alberti, diretor
do, para driblar o calor intenso dos trópicos, e de um lounge
da escola Acquanauta, em Curitiba (PR), já participou de mais de
para quatro refeições diárias à base de peixes frescos, frutas
60 liveaboards. “Você acorda às 6h, toma um café rápido e faz o
e carboidratos. Uma sala com Playstation entretém e garante
primeiro mergulho. Depois, vem o café completo. Após o segun-
o descanso entre uma sessão de surfe e outra. O aparelho de
do mergulho, é hora de almoçar e descansar”, conta. “O terceiro
vídeo também serve para que os surfistas confiram as fotos
mergulho é seguido de um lanche e, às 20h30, se você não quiser
de cada sessão, clicadas pelo fotógrafo do barco. Um freezer
parar, ainda tem imersão noturna.” Por isso, vários barcos ofere-
repleto de Bintang, a cerveja balinesa, completa o serviço.
cem nitrox, o ar enriquecido, mistura de oxigênio com nitrogênio,
Os locais de surfe do dia são determinados pelo surf guide, o
indispensável para realizar os quatro a cinco mergulhos diários
guia, que conhece as bancadas que estarão “funcionando” diante
com maior segurança na fase de descompressão.
de fatores como vento, maré e ondulação, e de alguns códigos de
O dentista Augusto Coutinho, 58 anos, optou por um liveabo-
ética, como, por exemplo, aguardar a saída de um dos 20 barcos
ard no arquipélago das Maldivas, oceano Índico, por uma ques-
que já operam nas Ilhas, para evitar o indesejado crowd. Mas as
tão de logística. “De barco, dá para conhecer mais ilhas”, explica.
boat trips nem sempre tiveram esse conforto. O publicitário Már-
“Quis fazer um liveaboard bem confortável, por causa da minha
cio Santoro esteve nas Ilhas Mentawai pela primeira vez em 1997.
mulher.” O casal passou sete noites embarcado no Emperor Se-
“O barco era um catamarã para seis pessoas e bem rudimentar”,
renity, de 129 pés (quase 40 metros), com 13 cabines climati-
recorda-se. “Mais tarde pegou fogo e, anos depois, afundou.”
zadas. A conta? Dois mil euros por pessoa. Ao lado da mulher,
Na viagem mais recente, Santoro esteve com um grupo de ami-
também mergulhadora, Augusto desfrutou de refeições ao ar
gos no Ratu Motu. A embarcação de 129 pés tem dez cabines, ter-
livre no convés principal, preparadas por um chef internacional.
raço e salão, piscina, deque e sala de jantar e até um heliponto. Mas
E entre um mergulho e outro pôde se bronzear no solário.
o luxo, nesse caso, é só um detalhe. O objetivo final é a busca pela onda perfeita em um lugar remoto. “Ainda mais quando você quer
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O liveaboard dos surfistas
se desligar do mundo, trocar o chip”, comenta. “Você faz questão
Embora menos luxuosas em relação aos pacotes de liveabo-
de não pisar em terra.”
ard do mergulho, as boat trips são uma opção confortável para
Um dos amigos de Santoro no Ratu Motu era o empresário
surfistas. A Indonésia, país formado por 18 mil ilhas, é o princi-
e empreendedor digital Sylvio de Barros, que aponta a agili-
pal destino do serviço, também estendido às Maldivas, Polinésia
dade como grande diferencial na hora de optar por uma boat
Francesa e Ilhas Fiji. O gaúcho Lucas de Nardi é um dos sócios
trip. “Você pode explorar o maior número de picos de surfe
do Sibon Praya, barco que opera nas Ilhas Mentawai, na Indoné-
possível, se deslocando em função do vento e da ondulação”,
sia. “A expectativa maior de quem vai para lá é o tubo, pois todas
diz. “Seu único trabalho é cair no mar com a prancha.” Com
as ondas têm um momento tubular”, conta, citando picos como
a experiência de quem fez três boat trips na Indonésia e uma
Kandui, Greenbush e Lance’s Right, que exigem certa experiên-
nas Ilhas Fiji, Sylvio resume o que considera essencial: “O pra-
cia, e Macaronis e Lance’s Left, surfados com maior facilidade
zer é estar com os amigos em um lugar com ondas perfeitas,
apesar das rasas e afiadas bancadas de coral.
surfando sem nenhuma perturbação”.
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fotos: gustavo camarĂŁo/ sibon praya
A bordo do Sibon Praya, os surfistas curtem ondas sem crowd na IndonĂŠsia
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mundo sem fronteiras semana de vela
Festa no mar
Em pleno inverno, a Semana de Vela de Ilhabela teve sol, calor, bons ventos, raia lotada e Pajero campeão por Ary Pereira Jr.
A
Semana de Vela de Ilhabela 2017 consagrou o barco Pajero como o campeão na categoria ORC, a mais veloz do torneio. Não é pouco. Em sua 44ª edição, a Semana tornou-se o principal evento da vela oceânica no continente. Dessa vez, foi disputada em oito regatas, entre 15 e 18 de julho, no litoral norte paulista, por uma flotilha de 130 embarcações, com mais de 900 velejadores. O Pajero, capitaneado por Eduardo de Souza Ramos, venceu apenas uma delas, mas primou pela regularidade. Chegou em segundo em cinco regatas. Assim, repetiu a conquista de 2012.
Em pleno inverno, a Semana teve dias ensolarados e quentes, mas com bons ventos, em torno dos 15 nós (27 km/h). Ainda
melhor para o Pajero, um regateiro da classe S40, com 40 pés — 12, 3 metros – de comprimento que despontou na raia vencendo, com autoridade, a primeira, mais longa e mais desafiadora das regatas, com percurso de 55 milhas náuticas (cerca de 100 quilômetros). Não foi, contudo, uma vitória fácil. Na realidade, houve tamanho equilíbrio, ao longo de todas as provas, que as posições no pódio só se definiram nos metros finais da última perna da derradeira regata. Foi uma disputa dramática. Na última regata, vencida pelo veleiro gaúcho Crioula, do skipper Eduardo Plass, o título estava, já até bem perto da linha de chegada, nas mãos do veleiro carioca Angela Star IV. O Angela corria em uma confortável segunda posição, quando o comandante Peter Siemensen se viu ultrapassado pelo Pajero. A classificação final, porém, só foi confirmada
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Marcos Mendez / Mitsubishi
O Pajero: vitรณria no finalzinho do torneio
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mundo sem fronteiras semana carro de vela
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já em terra firme, no Yacht Club de Ilhabela. Explica-se. Como
O tático André Fonseca, o Bochecha, participou das duas
os barcos da ORC são diferentes entre si, a organização faz
tripulações. Para ele, a vitória na HPE 25, classe one-design,
cálculos com base no chamado rating, estabelecendo tempos
em que todos os barcos são iguais, foi menos estressante.
distintos que cada veleiro deve cumprir. Por fim, confirmou-se
“As regatas de rating provocam angústia”, comentou. “A gen-
o título do Pajero, com o Angela Star IV e o Crioula nas posi-
te nunca sabe se ganhou até que o resultado seja confirmado
ções seguintes.
na súmula, mas mantivemos o otimismo. A nova engenharia
Souza Ramos aproveitou para elogiar a classe que o ajudou a
do barco para a classe ORC deu certo. É sempre emocionan-
adquirir ritmo de regata para vencer na Semana de Vela. “Em parte,
te”, festejou. E emendou: “Estamos muito felizes. Vai faltar
devo esse resultado aos treinos intensos na HPE 25”, disse o atual
cerveja em Ilhabela”.
campeão brasileiro da classe, com o Phoenix, título conquistado
A tripulação local do Ginga sobrou na raia para vencer pela
no mês anterior, também em Ilhabela. “A HPE 25 tem me oferecido
quarta vez a Semana de Vela de Ilhabela na concorrida classe
a sensibilidade necessária para melhorar a performance.”
HPE 25. A tripulação do comandante Breno Chvaicer assumiu
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fotos: aline bassi / balaio de ideias
Nada menos que 130 barcos participaram do evento, que teve muitos “pegas”
a liderança no segundo dia de provas e dominou o torneio com
catarinenses do Katana Portobello (de Cesar Gomes Neto) fa-
a expressiva marca de cinco vitórias em dez regatas. Fit to Fly,
turaram o Brasileiro, que teve Caballo Loco (do paulista Mauro
do skipper Henrique Haddad, e Bond Girl, de Rique Wanderley,
Dottori) como vice-campeão.
completaram o pódio da mais numerosa entre as classes one-
Na classe IRC, o domínio foi do Rudá durante toda a com-
-design, com uma flotilha de 21 barcos. Na HPE 30, vitória ar-
petição. A tripulação foi campeã por antecipação, acumu-
gentina do Phoenix Mad Max, de Julian Somodi, no desempate
lando sequência de títulos de 2014 a 2017. “Vivemos um ano
com Neptunus, de André Mirsky.
perfeito. Ganhamos o Sul-Americano, o Brasileiro e a Semana
A competitiva classe C30 também viveu momento especial
de Vela de Ilhabela. Fizemos um belo trabalho”, comemorou
em Ilhabela, com as regatas válidas também pela segunda e
Mario Martinez, comandante do Rudá. Na RGS, o título ficou
última etapa do Campeonato Brasileiro, aberto em fevereiro,
com o Nativo. “Foi um campeonato muito especial para nós.
em Florianópolis. O Caiçara (do comandante Marcos de Olivei-
Ventou em todos os dias e velejamos muito bem”, celebrou o
ra Cesar), de Ilhabela, venceu a Semana de Vela, enquanto os
timoneiro Eduardo Harabedian. dezembro 2017
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mundo 4x4 aventura
INSTAVENTUREIR
S
Eles têm milhares de seguidores no Instagram, onde divulgam suas andanças pelo planeta Por Marcos Diego Nogueira e Rodrigo Cardoso
A
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ventura lembra lugares longe das cidades. Re-
número só aumenta. Calcula-se que, a cada mês, a rede
mete a áreas isoladas. Exige disposição para
ganhe 1 milhão de usuários.
chegar a lugares ainda inexplorados. Por mais
Em 2015 uma pesquisa revelou: a cada cinco minutos
paradoxal que seja, todavia, aventura hoje tem
gastos na internet via celular, um minuto era no Insta ou no
tudo a ver com as redes sociais. Aumenta o
Face. Mas o que diferencia um do outro? O Insta não ofere-
número de aventureiros contemporâneos que recorrem ao
ce tantas distrações quanto o Face. Por isso, possibilita um
poder da tecnologia digital. Principalmente do Instagram.
engajamento maior.
Segunda maior rede social do mundo, atrás apenas do
“Gero conteúdo quase todos os dias no Insta e isso aju-
Facebook, o Instagram surgiu em 2010. Dois anos depois,
da as pessoas a se conectarem com as belezas do planeta”,
foi comprado pelo próprio Face em um negócio estimado
diz o biólogo e apresentador de TV Cristian Dimitrius, dono
em US$ 1 bilhão. O Insta diz ter hoje cerca de 800 milhões
de uma carteira de mais de 30 mil seguidores. Assim como
de usuários ativos mensais: 500 milhões usam o aplicati-
ele, outros viajantes ou amantes da natureza com paixão
vo diariamente. O Brasil reúne a maior comunidade depois
pela fotografia criaram seu próprio perfil na rede. Postam
dos Estados Unidos: 45 milhões de pessoas ativas. E o
imagens e experiências. Conheça alguns deles.
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Fernanda: recordista na África
arquivo pessoal
Corrida nas alturas @fernandamaciel_oficial 73.400 seguidores Correr no plano, você sabe, já pode ser complicado. Imagine agora correr pelas montanhas mais altas do planeta. Essa é a profissão escolhida pela mineira Fernanda Maciel. Presente no Top 5 do Sky Running World Championship, ela mora hoje nas alturas dos Pirineus espanhóis. Mas não é só isso. Fernanda, 37 anos, também rema no oceano e pratica triatlo. Melhor ainda: registra tudo no Instagram, cinco vezes por semana. “Tenho de fazer posts dos produtos da minha empresa”, explica. “Aproveito e publico fotos de treinos e meu lifestyle.” Fernanda já foi incentivada a postar mais, para aumentar a audiência. Ouviu, refletiu e decidiu manter a frequência. “Prefiro postar só quando tenho vontade ou seja algo relevante – no esporte ou na vida pessoal”, explica. “Precisa vir do coração.” Neste ano ela bateu o recorde mundial de subida e descida dos 5.895 metros do monte Kilimanjaro, no Quênia, o mais alto da África. “Carinho” é a palavra que Fernanda usa para definir a sensação de ter mais de 73 mil seguidores. “Não vejo nenhum problema nesse reconhecimento e sinto muito carinho ao ler as mensagens.”
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mundo 4x4 aventura
Andrews e seus 98 países @earthxplorer 40.100 seguidores “Nos últimos dez anos, usei o Twitter diariamente”, conta o americano JD Andrews. Não à toa, ele se fotos: arquivo pessoal
tornou um dos maiores influenciadores da área de viagens naquela rede social. A partir daí, e com a habilidade de registrar imagens legada pela experiência de mais de 20 anos como produtor de vídeo, foi fácil migrar para o Instagram. “Posto entre três e quatro vezes por semana”, calcula. O cotidiano de Andrews é motivo para mais um post. “Se estou em uma sessão de fotos para uma revista ou em uma locação fazendo vídeo para um cliente, compartilho o que está acontecendo”, diz ele, que trabalha para empresas de cruzeiros, linhas aéreas e agências de turismo. Nos posts desse nativo do Colorado, hoje baseado em Miami, aparecem golfinhos nadando no Golfo do México, geleiras da Groenlândia, gorilas de Ruanda, ilhas do Vietnã e a aurora boreal da Noruega. Ao todo, são 98 países visitados. A fama de seu perfil, diz, foi impulsionada pelo próprio crescimento da rede. “Quando comecei, ninguém estava no Instagram”, relembra. “Isso foi bem antes de o Facebook comprá-lo – e ganhei muitos seguidores depois que o Insta escreveu sobre mim no blog deles.” Andrews diz se orgulhar de ter sido o primeiro a publicar fotos da Antártida naquela rede social, em 2012. Suas futuras aventuras devem ser no Japão e na Noruega.
Halong Bay, no Vietnã
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nossa multiatleta @karinaoliani 134.000 seguidores
foto aconcágua
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Em meio a pouco mais de 1.800 postagens feitas por Karina Oliani em seu Instagram, uma chama atenção. Descabeladae com o rosto queimado em consequência do frio que pontuou mais uma de suas aventuras pelo mundo, a brasileira, mix de médica, atleta e apresentadora de TV, versava sobre as lições de se trafegar fora da zona de conforto. “Aprendemos o quanto a vida é delicada e rápida e que ela pode acabar a qualquer minuto. Portanto, aprendemos a vivê-la sem desperdiçá-la”, dizia um trecho do texto postado por ela abaixo da foto. Bela aos 35 anos, havia encarado um raro 3x4, para evidenciar o esforço feito, em maio passado, para se tornar a primeira sul-americana a escalar o Everest pelas faces norte e sul. O alpinismo é uma das mais de duas dezenas de atividades esportivas ao ar livre já praticadas por Karina, bicampeã brasileira de wakeboard, piloto de helicóptero e mergulhadora profissional. Este ano, a atleta encarou mergulhos fantásticos em praias paradisíacas de Belize, “um país desconhecido comparado às outras estrelas do Caribe”, como ela detalhou abaixo de uma foto em que aparece nadando ao lado de uma arraia. Seus 134 mil seguidores, puderam acompanhar essa viagem, que tratou muito melhor sua pele, como fica evidenciado no post de 6 de setembro. Assim ela descreveu sua foto: “O homem que não tem olhos abertos para o misterioso passará a vida sem ver nada. Um banho de cachoeira pra relaxar o corpo e ativar a mente na Maya King Waterfall”.
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Monte Aconcรกgua, na Argentina
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Médico globe-trotter @thiago.lopez 125.000 seguidores Uma coisa é certa: 125 mil pessoas não podem estar erradas. Esse é o número que acompanha as aventuras do médico-viajante carioca Thiago Lopez, 33 anos. O mar cristalino da Grécia ou as inesquecíveis montanhas da Itália são apenas algumas imagens que integram seu acervo no Insta, onde ele diz querer mostrar apenas “o lado bom da vida”. Curiosidade: Thiago não publica nada enquanto viaja. Só posta depois de voltar ao Rio de Janeiro. “É uma questão de saber usufruir o tempo”, diz. “Quando estou viajando, procuro aproveitar a experiência ao máximo – por isso, minhas postagens jamais são em tempo real.” Thiago encara o seu hobby como uma missão. Quer incentivar as pessoas a saírem de casa, aproveitarem a imensidão do mundo. “Percebo que muita gente se sente estimulada a conhecer outros lugares depois de ver minhas postagens”, afirma o anestesiologista. “Recebo com frequência mensagens de agradecimento por esse tipo de inspiração.” Para ele, sentir a alegria das pessoas não tem preço. E logo ele notou a grande repercussão de suas fotos – quando começaram a aparecer em galerias importantes como @beautifuldestinations e @wonderful_places. A
fotos: arquivo pessoal
partir daí surgiram convites espontâneos para publicações em blogs e revistas especializadas.
Spiaggia dei Conigli, em Lampesa, na Sicília, Itália
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Em um tubo na Polinésia Francesa
fotos: arquivo pessoal
sobre as águas @patoteixeira 76.000 seguidores O big rider Everaldo Teixeira, um dos mais importantes do Brasil, não perde a conta das peripécias vividas por ele sempre com a prancha de surfe a tiracolo. Pato, como é conhecido, conta que, há 24 anos, vai ao Havaí, à Indonésia, há 20; ao Chile, 23; e ao Peru, 26. “Uma vez por ano bato ponto em algum desses lugares”, diz o catarinense de 42 anos. Dez anos atrás, porém, o nascimento de sua filha Isabelle Nalu – fruto do casamento com a jornalista Fabiana Nigol – fez suas andanças pelo planeta se transformarem em programa de família – e de TV. Assim nasceu Nalu pelo Mundo, originalmente levado ao ar pelo Multishow e, hoje, readaptado para o Canal OFF como Nalu a Bordo. Por meio dele, é possível ver Fabiana dar aulas em inglês a Nalu – nome de origem havaiana cujo significado é onda –, enquanto Pato faz um catamarã deslizar pelas águas do Pacífico até Fiji ou rasga um tubo sobre a prancha. Já o Instagram do surfista invade outras praias. “Não necessariamente posto uma onda que eu ou um amigo surfou. Revelo momentos em família, ações praticadas pela minha filha e minha mulher”, conta ele, fanático pelo Insta Stories. Essa é a ferramenta mais sensacional, de acordo com Pato, já inventada no mundo virtual. “Graças ao Stories, fico mais próximo da vida real de pessoas que admiro e não conheço, como o Neymar, por exemplo. Até poucos anos, eu só ficava sabendo algo da vida dele via assessoria de imprensa ou em partidas de futebol.” dezembro 2017
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divulgação
Roça hi g
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i gh-tech A nova revolução tecnológica acontece no campo, com startups que ajudam o Brasil a colher a maior safra da sua história Por luiz maciel
Drones da Horus Aeronaves em ação
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fotos divulgação
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ão é o caso de virar as costas para São
nos últimos anos e estão entre as mais promissoras. No final
Pedro e deixar de agradecer as chuvas
de 2016, uma pesquisa da ABStartups apontava a existência
que ele manda. Nem de desprezar a ex-
no país de cerca de 70 agritechs – como são conhecidas. “Hoje
periência no trato da terra, passada de
esse número já é duas ou três vezes maior”, estima Schiessl,
pai para filho com tanto orgulho. Mas
entusiasmado com os resultados.
foi-se o tempo em que os produtores
O SP Ventures é um dos fundos de investimento que fazem
rurais ficavam no seu mundinho, des-
apostas altas nas agritechs. “O agronegócio é o mercado que
confiados de qualquer novidade. Hoje eles também estão se
oferece mais oportunidades às startups, por ser muito volu-
valendo, cada vez mais, de recursos da mais fina tecnologia
moso e sólido”, avalia o sócio-fundador do SP Ventures, Fran-
para explorar melhor o potencial de suas propriedades – e,
cisco Jardim, referindo-se ao fato de o Brasil ser um campeão
com isso, evitar desperdícios e turbinar lucros.
na produção e exportação de commodities agrícolas. Com dez
“A maioria deles está conectada à internet e 25% usam
anos de atividade no mercado de risco, Jardim e os sócios fo-
alguma ferramenta digital na lavoura”, diz Maikon Schies-
ram pouco a pouco concentrando seu portfólio de investimen-
sl, coordenador de agronegócio da Associação Brasileira de
to em agritechs. Hoje elas já são 14 de um total de 20 startups
Startups (ABStartups), que dá suporte a essas pequenas em-
nas quais têm participação acionária.
presas formadas a partir de uma ideia inovadora de negócio. Nem sempre as startups são acolhidas pelo mercado – a
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MAPAS DE RECOMENDAÇÕES
maioria delas fecha em menos de um ano. As sobreviventes,
E o que fazem as agritechs brasileiras? “Coletam dados
no entanto, atraem investidores com a mesma avidez de mos-
para agricultores e pecuaristas atuarem com precisão nas
cas brigando por um pote de mel. Algumas viram grandes ca-
mais diferentes etapas da produção”, explica Schiessl. “Aces-
ses, como o Uber e o Airbnb. E um bom naco delas vai muito
síveis por um smartphone, esses dados podem identificar as
bem com receitas anuais de milhões de dólares. No Brasil, as
carências do solo antes de fazer a adubação, corrigir o fluxo da
startups voltadas para o agronegócio viraram uma tendência
irrigação para não faltar nem sobrar água, calcular o número
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A Agrosmart desenvolveu um sistema digital de irrigação. Já o software da Aegro monitora custos
de reses que podem ser bem alimentadas numa determinada
va para os demais. Foi quando sugeri aos meus dois sócios
área de pastagem e conhecer os locais exatos que precisam
criar um modelo de irrigação inteligente, que evitasse o des-
de defensivos nas plantações.”
perdício.” Os sócios toparam e a Agrosmart nasceu em 2015, com capital inicial de R$ 80 mil.
Dedicada a projetos de irrigação, a Agrosmart é outra apoiada pela SP Ventures que vai muito bem, obrigada. “Monitoramos lavouras por meio de sensores e imagens de satélite, interpretando em tempo real as necessidades de irrigação”, conta Mariana Vasconcellos, 26 anos, fundadora da empresa. “Com esse sistema, é possível economizar 60% da água e 40% da energia usadas nesse processo. Além de aumentar em até 15% a produtividade.” Mariana, que até três anos atrás
Facilitou muito. Acionando o celular, o agricultor descobre que áreas requerem adubação ou mais irrigação e que lugares exatos precisam de defensivos nas plantações
tinha uma consultoria especialista em análises ambientais para empresas de petróleo e gás,
Com outros R$ 300 mil, obtidos por meio de um programa do governo e de uma aceleradora, a empresa pesquisou sensores em Israel, Estados Unidos e Alemanha para desenvolver um sistema digital de irrigação que hoje é considerado o mais avançado da América Latina. Depois de receber uma terceira injeção de investimentos da SP Ventures, a Agrosmart prepara-se para captar mais recursos e dar um salto internacional – México, EUA, Israel e Quênia. No Brasil, monitora cerca
de 80 mil hectares de plantações.
mudou de área por um problema familiar. “Meu pai, fazendeiro
Ajudar proprietários rurais a reconhecer – e superar – os
de milho e gado no sul de Minas, sofria com a crise hídrica da
gargalos que os impedem de ganhar mais dinheiro é o objetivo
época”, conta. “O córrego que abastecia a região não estava
da Aegro. “É comum encontrar fazendeiros com bons índices
dando conta. Se um vizinho puxava a água para si, não sobra-
de produtividade na lavoura, mas que vivem com dificuldades
Isabella Taveres, ex-modelo
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mundo 4x4 agronegócio
financeiras”, observa o gaúcho Pedro Dusso, 30 anos. Ele e dois
Aos 40 anos, Leonardo Menegatti, formado pela Escola Su-
colegas do curso de computação da UFRGS desenvolveram
perior de Agronomia Luiz de Queiroz-USP de Piracicaba (SP),
um software no qual os clientes podem visualizar os custos re-
era consultor de agronomia por 12 anos antes de criar em 2015
ais das atividades produtivas em cada talhão da propriedade e
a InCeres, startup focada no aumento da produtividade agrícola
fazer projeções de resultados – no campo e na conta bancária.
por meio de uma série de ferramentas digitais – a chamada agricultura de precisão. “Com base em
O ponto de partida da Aegro foi uma planilha Excel que um consultor de agronomia costumava preparar para meia dúzia de produtores de arroz do Rio Grande do Sul. “Deixamos de lado o Excel e criamos uma plataforma mais abrangente e muito mais fácil de ser acessada pelo produtor, que agora pode acompanhar todas as operações da fazenda pelo celular e perceber o quanto custa cada uma”, explica Dusso. “Comparando com os investimentos e resultados da safra anterior, ele fica sabendo onde está
A Horus Aeronaves fabrica um drone com autonomia de 2 horas e capaz de mapear uma área de 5 mil hectares fazendo fotos com ótima resolução. Melhor: ele cabe em uma maleta
imagens de satélite, análises de solo e dados climáticos, nossa plataforma produz mapas de recomendações para as culturas de cada parcela da propriedade”, explica. CARTOGRAFIA DIGITAL A plataforma da InCeres indica ainda as quantidades ideais de sementes, corretivos de solo, fertilizantes e defensivos para cada área. A InCeres já nasceu forte, com R$ 1 milhão de capital próprio, queimando etapas. Há pouco, recebeu um
gastando bem e onde está gastando mal”, completa. As propriedades monitoradas pela Aegro, cujo
aporte de R$ 2,5 milhões para vendas e marketing. Sua clien-
decano é o consultor de agronomia Valmir Menezes, 65 anos,
tela fixa é de cerca de 400 produtores rurais e 50 consultores.
já somam 700 mil hectares de culturas diversas, com destaque
Junto com três colegas da Universidade Federal de Santa
para as de grãos e cereais. Em janeiro de 2017 recebeu um apor-
Catarina, Fabricio Hertz, 30 anos, investiu na cartografia digital,
te de R$ 2,5 milhões de investidores.
amparada pelo sensoriamento remoto por drones, para atender
O ‘Vale do Silício’ caipira
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cinco novas startups foram selecionadas – de um total de 400 candidatas – para ser aceleradas pelo Pulse e ganharem assento nesse espaço de inovação, ao lado de outras seis que já ganharam mercado e estão em pleno voo – a InCeres é uma delas. As novatas são Agribela (que propõe controle biológico de uma praga da cana), Aimirim (que tem projeto de inteligência artificial para a agroindústria), Bart Digital (que desenvolveu um mecanismo mais ágil para o barter, financia-
Pulse: um hub de inovação
mento agrícola pago com a entrega de produto), Perfect Flight (que tem um programa mais certeiro de aplicação aérea de insumo) e Speclab (que faz análises de solo rápidas e de baixo custo). Duas nasceram em Londrina (PR) e as demais em Uberlândia (MG), São João da Boa Vista (SP) e Sumaré (SP). Mas todas esperam decolar a partir de Piracicaba para se juntar às agritechs que estão ajudando o Brasil a continuar sendo um campeão na produção de commodities agrícolas. fotos: divulgação
Característica comum das maioria das agritechs é estarem baseadas na região de Piracicaba, já conhecida como o “Vale do Silício” brasileiro quando o assunto é o agronegócio. Não por acaso a Raízen, maior produtora de açúcar e etanol do país, tem sede na cidade e acaba de inaugurar no Parque Tecnológico de Piracicaba o Pulse, um “hub de inovação” destinado a acolher e fazer circular ideias e projetos tanto de agritechs consolidadas como daquelas em formação que mostrem bom potencial. “Nosso objetivo é estimular ideias para observar tendências, experimentar e aprender com falhas para evoluir”, afirma Fábio Mota, diretor de tecnologia da informação da empresa. Inaugurado em agosto passado, o Pulse quer fazer a ponte entre a criatividade empreendedora, investidores e universidades. O SP Ventures e o fundo argentino Nxtp.Labs aderiram ao projeto logo no início. Em setembro,
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Leonardo Menegatti, da InCeres, e imagens da lavoura: agricultura de precisão
à demanda da agricultura de precisão. A Horus Aeronaves atua em duas frentes: fornece um software para a interpretação de imagens aéreas e fabrica os drones que captam essas imagens. “Com o nosso programa, o produtor pode identificar os pontos da propriedade afetados por doenças e direcionar o tratamento apenas para eles”, afirma. “Ou fazer sequências de fotos para ver a evolução da lavoura e perceber as áreas de menor rendimento que precisam de adubo. Ou, ainda, calcular o número de reses que podem ser bem alimentadas em um pasto.” Nas imagens da Horus, os tons de verde atestam plantas saudáveis, com boa quantidade de biomassa, enquanto os amarelos denunciam algum tipo de estresse (praga, doença), e a coloração vermelha indica falta de vegetação. A startup fabrica três modelos de drones, que custam cerca de metade do valor de equipamentos similares importados. O mais em conta, capaz de mapear uma área de 2 mil hectares em uma hora, sai por R$ 70 mil. O mais avançado, com autonomia de duas horas, pode cobrir até 5 mil hectares em um sobrevoo e produz fotos com melhor resolução – sai por R$ 150 mil. Ambos decolam por catapulta e, a partir daí, movimentam-se de modo automático, de acordo com a programação feita previamente. Pousam em qualquer clareira com 20 metros de comprimento e cabem numa maleta.
Agro é o melhor negócio A recessão e o baixo-astral que tomou conta do país nos últimos anos poupou ao menos um setor: o agronegócio, que engloba a agricultura, a pecuária e toda a cadeia produtiva ligada às atividades rurais, da fabricação de tratores à venda de fertilizantes. Esse ramo da economia também é o principal responsável pelo leve crescimento que o Brasil deverá ter em 2017, depois de oito trimestres seguidos de números negativos. © istock Enquanto fábricas fechavam e o desemprego avançava, o agronegócio aumentou a sua participação no PIB brasileiro de 21% para 23%. Em 2016, respondeu por 46% das exportações, com vendas externas que somaram US$ 85 bilhões. E manteve o país na liderança da exportação de soja, carne, café e laranja. A introdução de novas tecnologias no campo, vital para o crescimento nas últimas duas décadas, tem tudo para assegurar o desenvolvimento do agronegócio num ritmo maior do que o dos demais setores da economia. Em setembro, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou que a atual safra de grãos deve fechar 2017 com uma produção recorde de 240 milhões de toneladas, 30% maior do que a de 2016.
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financeiras”, observa o gaúcho Pedro Dusso, 30 anos. Ele e dois
Aos 40 anos, Leonardo Menegatti, formado pela Escola Su-
colegas do curso de computação da UFRGS desenvolveram
perior de Agronomia Luiz de Queiroz-USP de Piracicaba (SP),
um software no qual os clientes podem visualizar os custos re-
era consultor de agronomia por 12 anos antes de criar em 2015
ais das atividades produtivas em cada talhão da propriedade e
a InCeres, startup focada no aumento da produtividade agrícola
fazer projeções de resultados – no campo e na conta bancária.
por meio de uma série de ferramentas digitais – a chamada agricultura de precisão. “Com base em
O ponto de partida da Aegro foi uma planilha Excel que um consultor de agronomia costumava preparar para meia dúzia de produtores de arroz do Rio Grande do Sul. “Deixamos de lado o Excel e criamos uma plataforma mais abrangente e muito mais fácil de ser acessada pelo produtor, que agora pode acompanhar todas as operações da fazenda pelo celular e perceber o quanto custa cada uma”, explica Dusso. “Comparando com os investimentos e resultados da safra anterior, ele fica sabendo onde está
A Horus Aeronaves fabrica um drone com autonomia de 2 horas e capaz de mapear uma área de 5 mil hectares fazendo fotos com ótima resolução. Melhor: ele cabe em uma maleta
imagens de satélite, análises de solo e dados climáticos, nossa plataforma produz mapas de recomendações para as culturas de cada parcela da propriedade”, explica. CARTOGRAFIA DIGITAL A plataforma da InCeres indica ainda as quantidades ideais de sementes, corretivos de solo, fertilizantes e defensivos para cada área. A InCeres já nasceu forte, com R$ 1 milhão de capital próprio, queimando etapas. Há pouco, recebeu um
gastando bem e onde está gastando mal”, completa. As propriedades monitoradas pela Aegro, cujo
aporte de R$ 2,5 milhões para vendas e marketing. Sua clien-
decano é o consultor de agronomia Valmir Menezes, 65 anos,
tela fixa é de cerca de 400 produtores rurais e 50 consultores.
já somam 700 mil hectares de culturas diversas, com destaque
Junto com três colegas da Universidade Federal de Santa
para as de grãos e cereais. Em janeiro de 2017 recebeu um apor-
Catarina, Fabricio Hertz, 30 anos, investiu na cartografia digital,
te de R$ 2,5 milhões de investidores.
amparada pelo sensoriamento remoto por drones, para atender
O ‘Vale do Silício’ caipira
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cinco novas startups foram selecionadas – de um total de 400 candidatas – para ser aceleradas pelo Pulse e ganharem assento nesse espaço de inovação, ao lado de outras seis que já ganharam mercado e estão em pleno voo – a InCeres é uma delas. As novatas são Agribela (que propõe controle biológico de uma praga da cana), Aimirim (que tem projeto de inteligência artificial para a agroindústria), Bart Digital (que desenvolveu um mecanismo mais ágil para o barter, financia-
Pulse: um hub de inovação
mento agrícola pago com a entrega de produto), Perfect Flight (que tem um programa mais certeiro de aplicação aérea de insumo) e Speclab (que faz análises de solo rápidas e de baixo custo). Duas nasceram em Londrina (PR) e as demais em Uberlândia (MG), São João da Boa Vista (SP) e Sumaré (SP). Mas todas esperam decolar a partir de Piracicaba para se juntar às agritechs que estão ajudando o Brasil a continuar sendo um campeão na produção de commodities agrícolas. fotos: divulgação
Característica comum das maioria das agritechs é estarem baseadas na região de Piracicaba, já conhecida como o “Vale do Silício” brasileiro quando o assunto é o agronegócio. Não por acaso a Raízen, maior produtora de açúcar e etanol do país, tem sede na cidade e acaba de inaugurar no Parque Tecnológico de Piracicaba o Pulse, um “hub de inovação” destinado a acolher e fazer circular ideias e projetos tanto de agritechs consolidadas como daquelas em formação que mostrem bom potencial. “Nosso objetivo é estimular ideias para observar tendências, experimentar e aprender com falhas para evoluir”, afirma Fábio Mota, diretor de tecnologia da informação da empresa. Inaugurado em agosto passado, o Pulse quer fazer a ponte entre a criatividade empreendedora, investidores e universidades. O SP Ventures e o fundo argentino Nxtp.Labs aderiram ao projeto logo no início. Em setembro,
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s mundo 4x4 carro
L200 Triton sport
H p E
Ela chega de grade nova, com rodas diamantadas e novo sistema multimĂdia. saiba como a picape mais desejada do brasil alcançou o state of the art por fernando paiva
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Fotos Marcelo spatafora
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Frente e rodas renovadas: identidade visual marcante
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mundo 4x4 carro
U
m “S”, acredite, pode fazer toda a
toque de elegância, ela proporciona excelente performance em
diferença. Principalmente
quando
termos de refrigeração do motor. Que, por falar nele, continua o
adicionado a uma marca lendária do
confiável MIVEC quatro cilindros turbodiesel, feito de alumínio – a
on e do off-road brasileiros. Estamos
Triton, aliás, foi a primeira picape do mundo a utilizar o material.
falando da nova versão oferecida na
Com 190 cavalos de potência e parrudos 44 kgfm de torque, ele
rede de concessionárias Mitsubishi:
assegura força de sobra para ultrapassagens seguras no asfalto e
a L200 Triton Sport HPE S. O modelo
para vencer, mesmo carregada, lama e areião no fora de estrada.
2018 estará à venda em todo o país
Tudo isso ficou ainda mais fácil com as novas rodas da Triton
com três grandes novidades: duas na área do design, a outra
Sport HPE S. Sabe aquela polegada a mais que – a exemplo do
no campo da tecnologia.
“S” – faz toda a diferença? Pois. Com acabamento diamanta-
Vamos começar pela frente. A nova grade frontal deu à picape uma identidade visual marcante. Ano-Novo, cara nova. Além do 106
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do, elas têm agora 17 polegadas de diâmetro que acrescentam mais um toque de sofisticação à cabine dupla.
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As rodas, diamantadas, têm agora 17 polegadas de diâmetro. E o motor turbodiesel gera 190 cavalos de potência e 44 kgfm de torque dezembro 2017
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mundo sem fronteiras carro
Tudo novo: logo, design das rodas e sistema compatível com as plataformas Android e Apple
Hora de entrar na cabine. Logo de início dá para notar o
o dissipador de água. Ao atravessar um trecho alagado na ci-
novo sistema multimídia wide. Um avanço em termos de
dade, num dia de chuva forte – ou cruzar um riacho no campo
tecnologia embarcada, ele se destaca pela tela de 7 polega-
–, os defletores evitam que a água suba para os para-brisas,
das capacitiva e pela conexão Car Play e Android Auto – ela
deixando-os sempre limpo.
permite uma conexão direta com a maioria dos modelos de smartphones. O sistema de áudio streaming é de última geração, os comandos de áudio e piloto automático estão sempre à mão, integrados no volante, e o GPS pode ser utilizado mesmo sem conexão com a internet. Com um nível absoluto de tratamento acústico, o carro ostenta o silêncio interno de um sedã de luxo. Mesmo na pior das estradas de chão,
O nível do tratamento acústico é tamanho que, mesmo em estradas esburacadas, o carro ostenta o silêncio interno igual ao dos melhores sedãs de luxo
você consegue ouvir música clássica baixinho – feito admirável para qualquer picape. Os bancos são
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A caixa de câmbio, automática e de cinco velocidades, além do tradicional Drive, pode ser usada no sistema sequencial (Sports Mode), no console, ou acionada pelos paddle shifters, as borboletas da coluna de direção. A tração 4x4 é acionada eletronicamente e o R/D Lock, bloqueio do diferencial traseiro, transmite o torque do motor para as duas rodas de trás com a mesma intensidade – independentemente da aderência. Uma ferramenta a mais na hora de superar as dificuldades mais severas do off-road.
de couro. O campo de visão, graças ao desenho do capô e das
No quesito segurança, a L200 Triton Sport HPE S mantém
palhetas do limpador, tem os pontos cegos minimizados. Ou-
a tradição da marca dos três diamantes. Conta com nove air-
tro item indispensável para quem vive no asfalto e na terra é
bags, enquanto o assistente de parada em rampas evita que o
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O desenho da traseira chama atenção, a exemplo da nova e elegante grade frontal
E caso seus hobbies incluam pesca, lazer náutico ou equitação, fique tranquilo. A nova L200 Triton Sport HPE S vem equipada com TSA – assistente de estabilidade para trailers. Trata-se de um sistema que carro recue ou avance em locais inclinados. O ASC – controle
monitora de modo contínuo o movimento do carro, em especial
ativo de estabilidade – funciona quando o motorista erra ao
os laterais. Ao menor sinal de perda de estabilidade, as rodas
entrar naquela curva mais fechada. De modo automático e in-
dianteiras são freadas individualmente, estabilizando o conjun-
dependente, age na potência do motor e sobre o freio de cada
to veículo-trailer. Ou seja: você pode rebocar seu barco, seu jet
roda, mantendo a trajetória correta.
ski ou seus cavalos sem qualquer preocupação. dezembro 2017
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cadu rolim marcelo machado mello
tom papp
tom papp
marcelo machado mello
cadu rolim
adriano carrapato
marcelo machado mello
universo
mitsubishi No asfalto ou na terra, a marca dos trĂŞs diamantes tem a diversĂŁo certa para vocĂŞ
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universo mitsubishi @nacaomitsubishi
experience 4x4
@mundomit
www.mitsubishimotors.com.br fotos: ricardo leizer
A experiência veio para ficar. O circuito de passeios teve tamanha adesão que já está confirmada a segunda temporada
É 4x4 na veia Dunas, vales e matas. Uma experiência completa para quem gosta de aventura
E
ste foi o ano de estreia do Experience 4x4, o circuito de passeios off-road pelo Brasil adentro, sem competição – mas nem por isso menos atraente. O saldo é dos mais positivos. O Experience 4x4 tirava gente de todas as idades da cama em sábados pela manhã. E quase todo mundo torcia para chover. Assim, a emoção seria ainda maior. O novo evento da Mitsubishi Motors do Brasil ganhou fãs sobretudo pela sinergia entre participantes, suas famílias, a organização e as máquinas. A marca dos três diamantes utilizou toda a sua experiência de competições off-road para organizar, a cada data, um
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trajeto ao mesmo tempo desafiador e agradável. Os participantes tiveram à sua disposição as linhas de veículo 4x4 ASX, L200, Outlander e Pajero. No segundo semestre, o Experience 4x4 instigou o espírito de aventura em Natal (RN), Caxias do Sul (RS), Natal (RN) e Itatiaia (SP), com uma etapa na Adventure Sports Fair, em São Paulo. Pelo caminho, dunas, belas trilhas, estradas de terra e muita lama. O objetivo principal: não ser radical demais, a fim de garantir que as famílias participem e desfrutem da gastronomia e da cultura locais. “É um evento para levar todo mundo”, entusiasma-se Fernando Julianelli, diretor de marketing da Mitsubishi
Motors. “Não há restrição de idade. É para a família toda rodar por lugares incríveis e aproveitar tudo aquilo que os veículos da Mitsubishi são capazes de oferecer.” Os participantes do primeiro ano do Experience 4x4 já têm uma certeza absoluta: vale a pena reservar ao menos um fim de semana, no calendário de 2018, para descobrir o Brasil a bordo de um Mitsubishi. n Confira os resultados completos no tablet da MIT Revista ou no site www.mitsubishimotors.com.br
patrocinadores: Axalta, Pirelli, BTG Pactual, Clarion e Made in Silk.
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universo mitsubishi @nacaomitsubishi
lancer day/fun day
@mundomit
www.mitsubishimotors.com.br
Para os fãs de raiz Apaixonados por veículos Mitsubishi aceleram no autódromo Velo Città
U
m dia cheio de competições no autódromo Velo Città não poderia ser completo sem a participação dos MitsuFans. Sim, o fã-clube que reúne apaixonados pela Mitsubishi Motors. O grupo participou de dois eventos no encerramento da temporada 2017. O primeiro foi o Lancer Day, um track day para uma disputa entre proprietários de Lancer Evolution. O outro, o Fun Day, uma competição de regularidade para Lancer, ASX e Outlander. Os pilotos percorrem o traçado de acordo com médias já estabelecidas. “Esse já é o sexto evento que realizamos aqui”, comenta Marçal Brentel, um dos organizadores do MitsuFans. “Somos amantes da marca desde os anos 1990 e nos tornamos uma grande família com gasolina nas veias.”
ricardo leizer
n Confira os resultados completos no tablet da MIT Revista ou no site www.mitsubishimotors.com.br
cadu rolim
No Lancer Day e no Fun Day, a mesma alegria de comandar um carro da marca dos três diamantes
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universo mitsubishi @mundomit
www.mitsubishimotors.com.br
fotos: adriano carrapato
@nacaomitsubishi
motorsports
De olho no cronômetro As etapas finais cruzaram o Brasil com muita disputa entre os integrantes da Nação 4x4
A
Fortaleza (CE) e Campos do Jordão
o autódromo Velo Città,
(SP), antes da final em Mogi Guaçu. Na
no Nordeste e no Sudeste. Quer dizer,
em Mogi Guaçu, foram um
etapa sergipana, a Nação 4x4 dirigiu 180
o título foi justo”. Na Graduados, deu
gran finale para a tempora-
quilômetros pelo norte daquele estado,
Glauber Fontoura entre os pilotos e Ale-
da 2017 do Mitsubishi Motorsports, o
passando por Barra dos Coqueiros,
xandro da Silva entre os navegadores. “É
mais importante rali de regularidade do
Pirambu, Rosário do Catete e Carmópo-
ótimo ganhar o Oscar da regularidade do
Brasil – disputado entre proprietários
lis. Já em Fortaleza, depois da largada
Brasil”, comemorou Glauber. Na Turismo,
de ASX, Pajero e L200. As categorias da
na praia do Futuro, boa parte da disputa
o piloto Igor Carvalho e o navegador Gil-
competição definiram os campeões no
ocorreu na areia fofa. Na região de Cam-
berto Marcowisz, campeões, elogiaram
último final de semana de novembro no
pos do Jordão, o trajeto cruzou cinco
a resistência de seu Pajero Full. “É um
interior paulista.
municípios com um desafio adicional:
carro indestrutível”, resumiu Igor.
Pode-se dizer que foi um campeonato de abrangência nacional. Afinal, houve
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Ardigo, estava eufórico: “Vencemos
s belas paisagens que cercam
altitudes acima de 1.800 metros. Em Mogi Guaçu, os bólidos percor-
provas em seis estados da federação. As
reram 180 quilômetros, divididos entre
disputas mais recentes levaram pilotos
o autódromo e a mata nativa em torno
e navegadores a Aracaju (SE), Curiti-
dele. Paulo Góes, piloto campeão da
ba (PR), São José do Rio Preto (SP),
Master, ao lado do navegador Jonathan
Mit revista
n Confira os resultados completos no tablet da MIT Revista ou no site www.mitsubishimotors.com.br patrocinadores: Mapfre, Petrobras, Itaú, Transzero, Clarion, Pirelli, Unirios, W. Truffi, STP, Pilkington, Sideral, Mit Consórcio, ADX, Miolo e Made in Silk.
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universo mitsubishi
experience 4x4
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A rudimentar ponte sobre um rio, em Mogi Guaรงu (SP), foi um dos desafios de uma confraria que, ao longo do ano, circulou em seis estados brasileiros
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universo mitsubishi
motorsports
ricardo leizer
fotos: adriano carrapato
ricardo leizer
O objetivo é levar as famílias para as paisagens típicas de cada região brasileira. Como a disputa entre as araucárias do Paraná, em Curitiba
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fotos: adriano carrapato
ricardo leizer
Em SĂŁo JosĂŠ do Rio Preto, no oeste paulista, os competidores enfrentaram a travessia de um riacho, alĂŠm de muito calor. No final, muita festa
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universo mitsubishi
motorsports ricardo leizer
adriano carrapato
marcio machado
Muita lama nas alturas em Campos do Jordão (SP). A cidade, conhecida pelo frio, teve uma comemoração quentíssima no pódio
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fotos: tom papp
Aracaju foi uma das etapas mais animadas do circuito. E teve celebração pernambucana – com bandeira e tudo – na hora de receber os troféus
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motorsports
fotos: tom papp
universo mitsubishi
Em Fortaleza (CE), muita areia pelo trajeto, em um dia luminoso. Um dos lugares mais bonitos por onde a nação 4x4 desfilou
Campeões da temporada n Master: Paulo Góes (p) e Jonathan Ardigo (n) n Graduados: Glauber Fontoura (p) e Alexandro da Silva (n) n Turismo: Igor Carvalho (p) e Gilberto Marcowisz Jr (n)
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universo mitsubishi @MitOutdoor
www.mitsubishioutdoor.com.br fotos: cadu rolim
Mitsubishi Outdoor
outdoor
Aventura no limite Provas off-road recheadas de muita diversão com rapel, escalada, trilha de bicicleta e até visita a fazenda de morangos
O
Mitsubishi Outdoor é a
semestre, o Outdoor passou por Penha
ficou para a equipe Tração 4x4, que
única competição no Brasil
(SC), Curitiba (PR), Campos do Jordão
se conheceu na véspera. “Adoramos
que reúne off-road, esportes
(SP) e Mogi Guaçu (SP). Sempre com
o Mitsubishi Outdoor”, suspirou Raul
radicais e tarefas culturais
muita emoção. Na região de Campos
Curti Tassinari. “Não conseguimos
com o perfil de gincana. Uma disputa
do Jordão, as equipes peregrinaram
parar de vir.” Já na Extreme, quem subiu
que se propõe, antes de tudo,
entre São Bento do Sapucaí, Cambuí,
no alto do pódio foi a turma da Absolut
a distribuir conhecimentos, demonstrar
Gonçalves, Camanducaia e Monte Ver-
Lama, igualmente entusiasmada. “A
na prática o poderio dos veículos 4x4 e
de. Houve cachoeira, escalada, trilha de
equipe está junta há mais de um ano e
divertir – e muito! – grupos heterogê-
bike, o indispensável trecho 4x4 e uma
cada um sabe exatamente o que fazer”,
neos. Um programa muito família,
visita a uma fazenda para aprender
explicava Marcelo Bolzan, um dos inte-
em que as crianças também são muito
sobre o delicado plantio de morangos.
grantes do time vencedor.
bem-vindas. Distribuídas, como sempre, em duas
122
A última etapa do ano foi disputada nas belas paisagens de Jacutinga (MG).
categorias – Fun (para iniciantes) e
As equipes de até dez pessoas distri-
Extreme (para os mais experientes) –,
buídas em até dois carros exploraram
as provas de 2017 levaram as equipes a
trilhas 4x4, vivenciaram trekking no
grandes aventuras em lugares incríveis
leito de um rio, passeio de bike e até
do território nacional. No segundo
uma tirolesa. Na categoria Fun, a vitória
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tom papp tom papp
Provas no meio da mata, rapel e passeios contemplativos fazem parte de um modelo de competição sem par no Brasil
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universo mitsubishi
outdoor
fotos: tom papp
tom papp
Na região catarinense de Penha, uma das atividades que mais entusiasmaram as crianças foi o rapel. Menos radical – mas muito divertido
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tom papp
fotos: cadu rolim
O trekking na regiĂŁo paranaense de Curitiba desbravou uma ĂĄrea de belos paredĂľes. Um dos muitos atrativos do Outdoor
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outdoor
david santos jr.
fotos: tom papp
universo mitsubishi
O biĂłlogo e aventureiro Richard Rasmussen, o escalador Felipe Camargo e a multiatleta Karina Oliani participaram de uma etapa do rali de estratĂŠgia
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universo mitsubishi @nacaomitsubishi
Cup
@mundomit
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fotos: marcelo machado melo
Sem limites Rallycross, prova noturna e time attack esquentaram (e como!) a disputa da temporada 2017
T
eve de tudo na Mitsubishi
Votuporanga (SP). Sem contar outro
para fazer o melhor tempo em pistas
Cup, o grande rali cross-
desafio: um autódromo de terra em
paralelas. “A Mitsubishi proporcionou
country de velocidade, em
Cordeirópolis (SP). Por fim, todas
ótimas surpresas”, disse Marcos
sua 17ª temporada. Os
as categorias chegaram ao circuito
Chueda, campeão, com Luiz Afonso Poli,
participantes de cinco categorias –
Velo Città, em Mogi Guaçu (SP),
na categoria Pajero TR4 ER.
L200 Triton Sport RS, L200 Triton
para a finalíssima, ainda sem uma
ER, L200 Triton ER Master, ASX RS e
dupla campeã. E encontraram duas
2018. “Ouvimos a opinião das duplas e
Pajero TR4 ER – encararam desafios
novidades.
vamos repetir as novidades que deram
inéditos, inclusive uma corrida noturna
certo, como rallycross, prova noturna
de 35 quilômetros, em Indaiatuba
que os veículos dividem a disputa entre
e time attack”, antecipa Fernando
(SP). “Foi muito desafiador”, ressaltou
a irretocável pista de asfalto e partes
Julianelli, diretor de marketing da
Jorge Adriano Peters, navegador de
contíguas de terra. “Era uma curva em
Mitsubishi Motors.
um ASX RS. “A prova vai ficar marcada
cima da outra em terreno escorregadio.
na história da Mitsubishi Cup.” Desta
Prova difícil e com muito calor”, avaliou
vez, os pilotos tiveram de confiar na
o piloto Rodrigo Meinberg, campeão
iluminação dos faróis – e, claro, nos
da L200 Triton Sport RS em dupla
navegadores.
com Luís Felipe Eckel. Outra novidade
Os concorrentes também enfrentaram 100 quilômetros em 128
A começar pelo rallycross, prova em
Sete provas estão confirmadas para
Mit revista
foi o time attack. Funciona assim: dois
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carros largam ao mesmo tempo na terra
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adriano carrapato
marcio machado cadu rolim
Novidades como o rallycross (ao lado) tornaram a disputa ainda mais renhida
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universo mitsubishi
Cup
fotos: Ricardo leizer
fotos: cadu rolim
ricardo leizer
A primeira prova noturna, em 17 anos de competição, ocorreu na cidade de Indaiatuba, a 104 quilômetros de São Paulo
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ricardo leizer
fotos: tom papp
Um espumante gelado marcou, para os vencedores, o final de uma temporada com muita poeira e terrenos casca-grossa
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universo mitsubishi
Cup
ricardo leizer
As novidades deste ano foram aprovadíssimas. E se repetirão em 2018
adriano carrapato
Campeões da temporada n L200 Triton Sport RS: André Miranda (p) e Alison Pedroso (n) n L200 Triton ER: Alessandro Tozoni (p) e Gilze Araújo (n) n L200 Triton ER Master: Thiago Rizzo (p) e Leonardo Magalhães (n) n ASX RS: Vitor Muench (p) e Ivo Mayer (n) n Pajero TR4 ER: Marcos Chueda (p) e Luiz Afonso Poli (n)
Calendário 2018* MIT CUP 1ª etapa: 24 de março – Velo Città – Mogi Guaçu (SP) 2ª etapa: 19 de maio – A definir 3ª etapa: 16 de junho – Magda (SP) 4ª etapa: 29 de setembro – Cordeirópolis (SP) 5ª e 6ª etapas: 20 de outubro – Indaiatuba (SP) 7ª etapa: 24 de novembro – Velo Città – Mogi Guaçu (SP)
MITSUBISHI MOTORSPORTS / OUTDOOR 1ª etapa - 24 de março – Velo Città – Mogi Guaçu (SP) 2ª etapa - 28 de abril 3ª etapa - 26 de maio – Nordeste (Somente Motorsports) 4ª etapa - 16 de junho 5ª etapa - 4 de agosto – Nordeste (Somente Motorsports) 6ª etapa - 1º de setembro 7ª etapa - 6 de outubro 8ª etapa - 27 de outubro – Nordeste (Somente Motorsports) 9ª etapa - 24 de novembro – Velo Città – Mogi Guaçu (SP)
* Datas e locais sujeitos a alterações. 132
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mit parceria
O estande da Mitsubishi Motors no efervescente evento paulistano
Aventura indoor A Adventure Sports Fair reuniu em São Paulo todos os mundos do universo 4x4
E
spírito de aventura é o que
o desafio que todo 4x4 gosta de
atrações inéditas em 2017. Destaque
move a Adventure Sports
enfrentar. “O legal do passeio é que
para o simulador de surf indoor,
Fair há 18 edições. A cada
tem muita diversão”, garante Fernando
equipamento que movimenta a água
ano o maior evento de
Julianelli, diretor de marketing da
a 36 km/h, no sentido contrário ao
esportes e turismo de aventura no país
Mitsubishi Motors.“Como não é uma
surfista. Também estavam disponíveis
movimenta um mercado crescente
competição, a única preocupação
circuito de arvorismo, parede de
entre os brasileiros. Desta vez, o SP
dos visitantes é aproveitar ao máximo
escalada, piscina de remada e pista
Expo, em São Paulo, não serviu apenas
o roteiro.”
de snowboard. Na área de turismo, Argentina, Peru
como palco desse evento. Também foi
Por fim, o combio conheceu o
a chegada exclusiva para mais de 100
estande da Mitsubishi na Adventure
e vários estados brasileiros montaram
participantes do passeio Mitsubishi
Sports Fair, onde lá estavam o novo
estandes e destaque. E o ciclo de
Experience 4x4 em 28 e 29 de outubro.
ASX Flex e a picape L200 Triton Sport.
palestras foi dos mais completos,
Entre os atletas MIT que encamparam o
com o melhor de cicloturismo,
Paranapiacaba (SP), distrito que que
evento, marcaram presença o canoísta
montanhismo, trekking, trail running e
fica no coração da serra do Mar e
Fernando Fernandes, a aventureira
mergulho. Com o sucesso do evento
pertence a Santo André. A bordo de
Karina Oliani, o escalador Felipe
deste ano, a edição de 2018 já está
modelos da marca dos três diamantes,
Camargo e o biólogo e aventureiro
no forno com um novo mundo de
os participantes passaram por trechos
Richard Rasmussen.
descobertas.
Na ocasião, a turma saiu de
mais densos da mata atlântica, com
A Adventure Sports Fair trouxe
adventurefair.com.br dezembro 2017
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retrovisor
um olhar para o passado
divulgação
por Mario ciccone
Mitsubishi 500
1961
D
aos veículos nacionais. Em 1959, no decorrer do Salão do
de 594 cc e 25 cavalos. Para mostrar que era mais ágil e re-
Automóvel de Tóquio, a Shin Mitsubishi Heavy Industries
sistente, o novo Mitsubishi 500 foi homologado para compe-
apresentou seu primeiro modelo em série depois do conflito:
tir. Em 1962, disputou e venceu o GP de Macau, na categoria
o simpático Modelo 500.
até 750 cc. Mais: conquistou os quatro primeiros lugares.
epois da derrota em 1945 na Segunda Guerra
e o motor eram traseiros, com câmbio manual de três mar-
Mundial, o Japão respirou fundo e passou do
chas. O chassis, um monocoque leve e resistente. Transpor-
trauma à reconstrução. O Ministério da Indústria
tava até quatro pessoas e chegava aos 100 km/h.
e Comércio implantou um plano de incentivo
Simples, eficiente, o carro tinha motor de dois cilindros e 493 cc, com potência de 21 cavalos a 5.000 rpm. A tração
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O sucesso levou à versão Super DeLuxe, em 1961: motor
Foram 60 voltas emocionantes num circuito de rua com mais de 6 quilômetros de extensão – e que até hoje é utilizado.
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