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LEIA TAMBÉM A MIT NO TABLET
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TOM BRADY THE 4x4 6/12/17 6:32 PM
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EDITORIAL POR FERNANDO PAIVA, diretor editorial
Cem anos de inovação
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o Brasil ele era conhecido como “o marido da Gisele Bündchen”. No último 5 de fevereiro, no entanto, depois da partida no gramado do NRG Stadium, em Houston, Texas, ele mudou de patamar. Pela primeira
vez entre nós, um jogador de futebol americano teve o nome estampado nas manchetes, com todas as letras: “Tom Brady leva Patriots à sua 5a taça”. Nenhuma menção à modelo brasileira. Nem era mais preciso, como você descobrirá ao ler a nossa reportagem de capa. Fernando Fernandes, 36 anos, o grande nome mundial da MARCELO SPATAFORA
canoagem paraolímpica, é outro esportista que perfilamos.
Mitsubishi ASX 2018: agora bicombustível
Integrante do programa Atletas MIT, ele está lançando sua autobiografia. Nela, entre diversos feitos sobre a superação de limites, ele conta como “pedalou” com os braços 200 quilômetros em uma handbike no deserto de sal de Uyuni, na Bolívia, tendo como veículo de apoio seu Pajero Dakar. Por falar em Pajero, convém lembrar que, há exatamente 100 anos, a Mitsubishi era, já então, um dos maiores conglomerados industriais japoneses. Seu ramo principal: a navegação. Pois foi justamente sob o guarda-chuva da Mitsubishi Shipbuilding Company, um estaleiro, que o primeiro carro da marca entrou em circulação: o Model A, de 1917. Ele foi lançado para atender aos grandes empresários japoneses, classe que emergiu durante a Era Meiji, quando o país sofreu intensa modernização industrial. Nesta edição, saiba como a marca dos três diamantes manteve um pioneirismo constante na indústria automotiva. É o caso do novo Mitsubishi ASX 2018, que funciona agora com etanol ou gasolina, aumentando sua versatilidade de crossover. O motor mais potente e o câmbio CVT sequencial de seis marchas deixaram o carro ainda mais gostoso de pilotar. Overlanding ou overland é um termo australiano que designava originalmente a aventura de conduzir rebanhos por longos percursos. Hoje ele é feito de 4x4. Numa reportagem completa sobre o assunto, listamos quatro roteiros no Brasil para você fazer com seu Mitsubishi. Finalmente, prepare-se para uma viagem pelo país do cervejoduto. Sim, pois na Bélgica, a bela cidade de Bruges, famosa por seus canais e suas impecáveis construções medievais, ganhou um sistema para transportar cerveja através de dutos. Visitamos a terra que conta com mais de 1.500 variedades da bebida – e selecionamos as melhores para você.
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SUMÁRIO n junho 2017 n edição 63
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MUNDO URBANO
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MUNDO SEM FRONTEIRAS
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MUNDO 4X4
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22 Um século de inovações
48 The 4x4
76 O país do cervejoduto
Quando Tom Brady começou no
Nenhum outro no mundo leva a
Em 1917 chegava às ruas o primeiro
futebol americano, nada indicava que
cerveja tão a sério quanto a pequena
veículo Mitsubishi. Era o início de uma
se tornaria um dos maiores de todos
e orgulhosa Bélgica
trajetória plena de pioneirismos
os tempos. Mas ele foi à luta.
30 Colecionador de vitórias
E chegou lá
58 Dos bytes aos bilhões
Fernando Fernandes, 36 anos, o
Eles são brasileiros. E estão fazendo
grande nome mundial da canoagem
fortuna com aplicativos na internet
paraolímpica, lança sua autobiografia
40 Mensagem na garrafa
86 A jornada é o destino Conheça os aventureiros que percorrem o planeta dirigindo seus Mitsubishi 4x4. E não querem outra vida
68 Bicampeão
96 A modelo que virou água
O Mitsubishi ASX 2018 funciona
Flávia Eberhard, da série de televisão
Longe de ser só mais um famoso
agora com etanol ou gasolina.
Apneia, abandonou as passarelas ao
a produzir vinhos, Sting levou a sério
E mantém sua versatilidade de
descobrir o mergulho livre. E acabou
e o resultado já impressiona
crossover on e off-road
se tornando campeã sul-americana
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THE 4x4
Publicação da Custom Editora Ltda. Sob licença da HPE Automotores do Brasil S.A. CONSELHO EDITORIAL André Cheron, Fernando Julianelli, Fernando Paiva e Fernando Solano REDAÇÃO Diretor Editorial Fernando Paiva fernandopaiva@customeditora.com.br Diretor Editorial Adjunto Mario Ciccone mario@customeditora.com.br Redator-chefe Walterson Sardenberg Sº berg@customeditora.com.br Repórter Juliana Amato julianaamato@customeditora.com.br ARTE Diretor Ken Tanaka kentanaka@customeditora.com.br Editor Guilherme Freitas guilhermefreitas@customeditora.com.br Prepress Daniel Vasques danielvasques@customeditora.com.br Projeto Gráfico Ken Tanaka PRODUÇÃO EXECUTIVA E PESQUISA DE IMAGENS Raphael Alves raphaelalves@customeditora.com.br COLABORARAM NESTE NÚMERO Texto Alessandra Lariu, Julio Cruz Neto, Luciana Lancellotti, Luiz Guerrero, Luiz Maciel, Márcio Ishikawa, Paulo Mancha D’Amaro, Renato Góes, Rodrigo Cardoso, Sergio Crusco e Xavier Bartaburu Fotografia Lufe Gomes e Ricardo Beliel Mapa e Ilustração Luiz Martini, Nik Neves e Pedro Hamdan Tratamento de imagens Felipe Batistela Revisão Goretti Tenorio Capa Jim Davis/The Boston Globe/Getty Images
PUBLICIDADE E COMERCIAL Diretor Executivo André Cheron andrecheron@customeditora.com.br Diretor Comercial Oswaldo Otero Lara Filho (Buga) oswaldolara@customeditora.com.br Gerente de Publicidade e Novos Negócios Alessandra Calissi alessandra@customeditora.com.br Executivo de Negócios Northon Blair northonblair@customeditora.com.br Marcia Gomes marciagomes@customeditora.com.br REPRESENTANTES BBI Publicidade Interior de São Paulo Tel.: (11) 95302-5833 Tel.: (16) 98110-1320 / (16) 3329-9474 comercial@bbipublicidade.com.br GRP - Grupo de Representação Publicitária PR – Tel.: (41) 3023-8238 SC/RS – Tel.: (41) 3026-7451 adalberto@grpmidia.com.br CIN - Centro de Ideias e Negócios DF/RJ – Tels.: (61) 3034-3704 / (61) 3034-3038 paulo.cin@centrodeideiasenegocios.com.br DEPARTAMENTO FINANCEIRO-ADMINISTRATIVO Analista Financeira Carina Rodarte carina@customeditora.com.br Assistente Alessandro Ceron alessandroceron@customeditora.com.br Impressão e acabamento Log&Print Gráfica e Logística S.A. Tiragem 45.000 exemplares Custom Editora Ltda. Av. Nove de Julho, 5.593 - 90 andar - Jd. Paulista São Paulo (SP) - CEP 01407-200 Tel.: (11) 3708-9702 E-mail: mit.revista@customeditora.com.br ATENDIMENTO AO LEITOR atendimentoaoleitor@customeditora.com.br ou tel. (11) 3708-9702 MUDANÇA DE ENDEREÇO DO LEITOR Em caso de mudança de endereço, para receber sua MIT Revista regularmente, mande um e-mail com nome, novo endereço, CPF e número do chassi do veículo
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DENISE BOBADILHA
COLABORADORES
Paulo Mancha D’Amaro trabalhou
Quando era repórter na Rede Globo,
Com passagem por alguns dos
Luciana Lancellotti cobria política,
principais jornais e revistas, Luiz Maciel
Superinteressante, entre outras
economia e comportamento. Os fatos
assina duas reportagens. Uma delas
revistas. Fez mais de 40 reportagens
do jornalismo diário deram lugar à
conta a história de empreendedores
internacionais. Aproveitou as viagens
crítica de restaurantes para a Playboy e,
brasileiros que estão fazendo fortuna na
pelos Estados Unidos para aprofundar
mais tarde, ao jornalismo especializado
internet. A outra revela como a Bélgica
os conhecimentos do futebol americano
em vinhos, quando comandou a revista
se transformou num enclave dos fãs
– sua paixão desde que conheceu o
Wine.com.br. Autora do site Gourmet
de cerveja. Apreciador de vinhos e da
esporte, nos anos 1990. Desde 2012,
Viajante, a jornalista conta, nesta
boa mesa, Maciel não sentiu falta do
atua como comentarista dos canais
edição, por que os vinhos produzidos
fermentado de uvas na viagem pelo
ESPN. Escreveu a matéria de capa,
pelo roqueiro Sting (ex-Police) vêm
país. “As cervejas belgas acompanham
sobre Tom Brady.
dando muito o que falar.
qualquer prato à perfeição”, resume.
VICTOR AFFARO
em Época, Caminhos da Terra e
Rodrigo Cardoso terminou a
Jornalista dos melhores, ele é diretor
Lufe Gomes é fotógrafo e criador
conversa com a apneísta Flávia
de redação da revista Car and Driver
do projeto Life by Lufe, dedicado a
Eberhard pronto para se embrenhar
Brasil e sócio proprietário da Ali Studio
clicar casas criativas em vários países.
no fundo do mar. Reconsiderou,
— nome em homenagem a Muhammad
A ideia é registrar como as pessoas se
empolgado em encarar uma pelada
Ali. Luiz Guerrero curte motocicletas,
expressam por meio dos ambientes.
na várzea. O futebol sempre lhe
carros clássicos e esportivos, não
Para esta edição, Lufe fotografou a
deu alegrias, como o dia em que, no
necessariamente nessa ordem. Assina o
resportagem sobre os brasileiros que
intervalo de um jogo no Maracanã,
texto da seção “Clássicos”, sobre os 100
lucram com aplicativos na internet. Ele
seu ingresso foi sorteado e lhe rendeu
anos dos veículos Mitsubishi. Aliás, um
conta: “Aproveitei para conversar com
passagens para Paris. Em 22 anos de
dos carros inesquecíveis que guiou foi
cada um e abrir mais a cabeça para as
profissão, esteve em Veja e ISTOÉ.
um Mitsubishi Evo VII, em Interlagos.
infinitas possibilidades à nossa frente”. JUNHO 2017
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MUNDO URBANO O MELHOR DA VIDA NAS CIDADES
Parece metal. É só bambu entrelaçado
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O Japão na Paulista O centro cultural Japan House traz mais arte para a avenida em que tudo acontece POR SERGIO CRUSCO
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e você mora em São Paulo, é bem possível que fotos de uma sinuosa e gigantesca escultura tenham pulado na sua timeline. Lembrando um tornado, duas serpentes ou amantes abraçados, a obra de Chikuunsai IV Tanabe virou frisson nas redes. Pois bem, ela foi construída especialmente para a abertura da Japan House, em São Paulo. À primeira vista, Tanabe parece ter usado algum metal dourado. Mas é bambu. Cinco mil gravetos, sem qualquer amarração, apenas entrelaçados, constroem a imagem, instalada no piso superior da nova e simpática casa cultural de três andares que a cidade ganhou do governo japonês em maio, bem no comecinho (número 52) da avenida Paulista. A escultura faz parte da primeira
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exposição da Japan House, Bambu – Histórias de um Japão, patrocinada pela Mitsubishi Electric, entre outros apoiadores, e que reúne utensílios domésticos e a mais delicada arte forjada com o material. Vem mais por aí. Kengo Kuma, arquiteto responsável pelo projeto da própria Japan House paulistana e do estádio de Tóquio para a Olimpíada 2020, ganha sua mostra a partir de 17 de julho, com 16 maquetes de suas principais realizações. No final do mesmo mês, a exposição SUBTLE – Takeo Paper Show trará o valor do papel na cultura e na arte japonesas. Sob curadoria de Marcello Dantas, diretor de programação da casa, as exposições têm duração de cerca de dois meses. Boa razão para dar um pulo por lá de quando em vez (a entrada é franca), conferir as artes, tomar
chá ou café, fazer comprinhas de produtos nipônicos (do saquê ao artesanato em panos coloridos) ou consultar a biblioteca de 1.900 títulos, envolvendo temas como gastronomia, arquitetura, design e tecnologia. Na construção de 2.500 metros quadrados, há sempre um workshop, uma palestra, um seminário, com gente de vários saberes. Sem esquecer, claro, o pequeno e clean restaurante capitaneado pelo premiado chef Jun Sakamoto no andar superior. Programa não falta. E, se estiver flanando pelo mundo, em breve outras cidades ganharão o mesmo presente. Los Angeles e Londres serão as próximas a ter suas Japan Houses. Pois é, São Paulo foi a pioneira.
n www.japanhouse.jp/saopaulo
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MUNDO SEM FRONTEIRAS
O castelo da cidade: cercado por estantes
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ONDE O CONCRETO ENCONTRA A TERRA
No reino dos livros Hay-on-Wye, no País de Gales, tem só 1.200 habitantes. E 42 livrarias POR WALTERSON SARDENBERG Sº
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E
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la é a cidade com maior número de livrarias por habitante. Hay-on-Wye, no oeste do País de Gales, quase na fronteira com a Inglaterra e a 250 quilômetros de Londres, tem 42 sebos e 1.200 almas, numa região onde há mais ovelhas que gente. O próprio nome sinaliza uma vida estritamente rural: hay quer dizer feno e Wye é o nome do rio que corre na aldeia. O mais impressionante é que algumas das bookstores são do tamanho de supermercados. Existem sebos para historiadores. Outros para filósofos. Há aqueles especializados em século 18; e outros restritos a livros do século 19. Locais só de livros de ficção? Tem também. Assim como sebos só para fãs de literatura policial. Enfim, um acervo mais versátil do que o repertório do cantor Tom Jones – galês, por sinal. O número total de livros é incalculável. Só MIT REVISTA
o Hay Cinema Bookshop soma 250 mil volumes. Na livraria de Richard Booth, a maior da cidade, são outros 400 mil tomos, espalhados em três andares. O nome de Booth delimita o antes e depois de Hay-on-Wye. Em 1961, recém-formado em Oxford, ele herdou de um tio uma propriedade naquele fim de mundo. Pouco depois, inaugurava um sebo com mania de grandeza. Não se restringiu a comprar livros no Reino Unido. Os maiores lotes vieram de leilões em bibliotecas públicas e universidades dos Estados Unidos. Aos poucos, convenceu outros comerciantes a apostar na mesma modalidade de negócios para criar a identidade de “Cidade dos Livros”. Em primeiro de abril de 1977, ele bolou um factoide que virou notícia mundo afora. Aproveitando o fato de ter se instalado em um castelo – há mais castelos no País de Gales do que
na Escócia –, em cujos muros inseriu prateleiras de livros, Booth, bufão, proclamou-se rei de Hay-on-Wye e declarou a cidade um reino independente do Palácio de Buckingham. Não se furtou a posar com coroa e manto real. A brincadeira fez muito bem para a economia da cidade. Dez anos depois, Hay-on-Wye virou sede de uma feira de literatura que, desde então, reúne intelectuais de primeira linha e líderes poderosos, para palestras e debates. Entre eles, Bill Clinton que batizou a cidadezinha de “Woodstock dos livros”. O festival, realizado todos os anos, entre o final de maio e o começo de junho, atrai 80 mil visitantes e foi a assumida inspiração para a nossa Flip, a Festa Literária Internacional de Paraty. Aos 79 anos, o rei Richard Booth continua firme no trono. Longa vida a ele! n hay-on-wye.co.uk
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MUNDO 4X4
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POR UM PLANETA SEM ASFALTO
Orgulho nacional Queijo premiado da serra da Canastra chega a restaurantes estrelados de São Paulo POR LUCIANA LANCELLOTTI
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ente tranquila e sentidos aguçados são essenciais quando se cruza de 4x4 o Parque Nacional da Serra da Canastra, no sudoeste de Minas Gerais – lugar de muita estrada de terra esburacada. É ali que o veterinário Guilherme Ferreira traça um vaivém diário e intenso ao volante de sua Mitsubishi L 200 Triton Savana. Ele é a quinta geração a produzir o emblemático queijo Serra da Canastra, declarado Patrimônio Cultural e Imaterial Brasileiro pelo Iphan. Em 2015, Guilherme trouxe uma conquista inédita para o Brasil. Ganhou a medalha de prata no respeitado Mondial du Fromage de Tours, na França (categoria massa prensada, não cozida, de leite cru de vaca). A matéria-prima é o leite do gado da raça caracu, rústica e longeva, com sabor diferenciado. “Nossa produção é pequena, com apenas 50 vacas em lactação, e todas têm nome, como a Meia-Noite e a Savana”, revela Guilherme, morador da 14
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estância Capim Canastra, em São Roque de Minas. O coalho, italiano, é ingrediente importante no resultado final, um queijo de casca amarelo-ouro, semiduro, com textura muito macia e aroma intenso que lembra flor do campo. No paladar, mostra-se levemente ácido, com sal presente, mas brando, não agressivo. Da ordenha à venda para o consumidor final, o processo dura 22 dias. Tantas qualidades colocaram o queijo da estância Capim Canastra entre os ingredientes favoritos de chefs renomados de restaurantes paulistanos, como Rodrigo Oliveira, do Mocotó, Alex Atala, do D.O.M. e do Dalva e Dito, e Henrique Fogaça, do Jamile. A produção continua restrita – apenas 25 peças por dia – e, com o fornecimento para os restaurantes, a demanda aumentou ainda mais. Assim, é preciso encarar uma espera de pelo menos dez dias para adquirir o queijo-celebridade, colocado à venda em quatro formatos, de 300 gramas a oito
quilos, além das edições especiais. Enquanto isso, Guilherme continua circulando em sua Savana amarela. Quando entrou na concessionária para adquirir a cabine dupla, queria uma vermelha. “Mas o vendedor me ganhou na ideia”, conta. “Disse que o amarelo ajudaria a divulgar o queijo.” Pelo visto, acertou na mosca. n capimcanastra.com.br
Guilherme Ferreira e seu produto: sucesso na Europa
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PORTA-MALAS
A BAGAGEM DO VIAJANTE
POR XAVIER BARTABURU
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O lendário fotógrafo húngaro Robert Capa (1913-1954) equipado para saltar na Segunda Guerra Mundial
Se joga! O paraquedismo era só uma atividade militar. Virou um esporte adorado pelos mais atirados
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ão dá para voltar atrás. Pulou, já era. Quando se cai no vazio, só resta fazer as pazes com a gravidade. Parece coisa de louco, mas é justo esse instante de “insanidade” que milhares de pessoas buscam quando saltam de paraquedas. Por quê? “Porque a sensação é incrível”, resume Antonio de Laurentiz Júnior. Ele é responsável pela Skytec, empresa sediada em Boituva (SP), especializada na fabricação, venda e manutenção de equipamentos de paraquedismo. “O pico de adrenalina acontece logo antes do pulo”, explica. “Em queda livre, você já se jogou na piscina.” A busca pelo prazer é antiga. Os primeiros a se atirar no vazio foram acrobatas chineses, que há 2 mil anos pulavam de torres com uma espécie de guarda-chuva para divertir o imperador. No Ocidente, atribui-se a Leonardo da Vinci, no fim do século 15, o primeiro esboço de paraquedas. A invenção oficial, porém, data de 1783, quando o francês Louis-Sébastien Lenormand fez um salto público pioneiro, do alto do observa-
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tório de Montpellier. Desde então, a turma passou a buscar lugares cada vez mais altos, conforme as máquinas evoluíam: balões, aviões, cápsulas espaciais. O paraquedismo militar se revelou particularmente útil durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Inicialmente alemã, a modalidade também foi adotada pelos Aliados. Ela permitia despejar soldados do céu quando o inimigo menos esperasse – caso da operação Market Garden, em 1944, que lançou sobre a Holanda uma chuva de 20 mil paraquedistas. No Brasil, coube ao franco-argelino Charles Astor, em 1931, realizar as primeiras façanhas em São Paulo. Dez anos depois, ele coordenou o primeiro salto coletivo da América do Sul, com 12 integrantes, no Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro. A guerra teve impacto crucial no aperfeiçoamento das técnicas e do equipamento. Abriu caminho para um esporte mais seguro. Hoje, os iniciantes começam com o chamado salto duplo. Pula-se colado ao instrutor, responsável por todos
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os procedimentos. É o chamado salto de lazer, oferecido por centenas de operadoras. Nesse quesito, segundo Roberto “Sombra” Schleiffer, fundador da Escola Brasileira de Paraquedismo, em Boituva, o Brasil é privilegiado por natureza. “Um dos poucos lugares do mundo onde se pode saltar o ano todo, por causa do clima.” O salto duplo não exige experiência, apenas 15 minutos de
instrução. Para saltar sozinho, é obrigatório o curso AFF (Accelerated Free Fall). São 10 horas de aulas teóricas e sete saltos assistidos, que permitem ao paraquedista, agora certificado, se lançar de qualquer ponto do planeta. Ou fora dele: em 2012, o austríaco Felix Baumgarten fez o salto mais alto da história: 39 mil metros de altitude. Ou seja, da estratosfera. Para o paraquedismo atual, nem o céu é mais o limite.
No jargão dos esportistas, o paraquedas é chamado de velame. Ele pode ter três formatos: retangular, semielíptico (meio arredondado) e elíptico. “O formato interfere diretamente na performance”, explica Laurentiz, que se declara um rigger – espécie de mecânico de paraquedas. O retangular costuma ser usado por iniciantes, pois proporciona descida mais lenta. “Já o elíptico é o de alta performance, perfeito para manobras.” Todos são feitos de náilon, que pode ser de baixa ou zero porosidade.
Quanto menos poroso, mais estável. E mais fácil de manobrar, pois o ar não escapa com tanta facilidade. “Nos de zero porosidade, parece que você passou teflon, de tão liso”, compara. Importante lembrar que todo paraquedista leva sempre dois velames dobrados na mochila: o principal, perto da cintura, e o reserva, na altura da nuca. Se um falhar, sempre haverá o outro como garantia. Laurentiz destaca duas marcas: a neozelandesa Icarus Canopies e a americana Performance Designs.
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Descida macia
Retangular: um dos formatos do velame
Alarme aéreo Como saber a hora certa de acionar o equipamento? Basta ficar atento ao altímetro, aparelho que vai informando a altura em que você está enquanto cai. “No salto duplo, costuma ser 5 mil pés [ou 1,5 mil metros]”, afirma Roberto “Sombra” Schleiffer, durante anos diretor técnico da Federação Paulista de Paraquedismo. “No salto solo, dependendo da experiência, pode variar entre 4.500 e 2.500 pés [1.350 a 750 metros]”. O altímetro pode ser digital ou analógico. Outros preferem usar, dentro do capacete, o altímetro sonoro: programável, ele apita quando se chega à altitude desejada. Duas são as marcas preferidas pelos paraquedistas: a dinamarquesa Larsen & Brusgaard e a americana Alti-2.
Altímetro: ele informa a hora de abrir o paraquedas
E se falhar? Suponha que você, durante o salto, desmaie, passe mal ou fique tão entretido com a vista que se esqueça de abrir o velame. É aí que o DAA, sigla para Dispositivo de Acionamento Automático, entra em ação. O aparelhinho funciona como um detector da variação de pressão durante a descida. Se ele perceber que o paraquedas não abriu a determinada altitude, abre
automaticamente o reserva. “É como um airbag – está lá para salvar vidas”, afirma Laurentiz. As altitudes em que o DAA dispara, explica Sombra, são programadas de acordo com o nível de experiência. Em saltos duplos, o padrão é o paraquedas reserva abrir a 1.900 pés, ou cerca de 600 metros do solo. Todo o mercado é dominado pelas marcas Cypres e Vigil.
O DDA é o anjo da guarda do paraquedista
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FOTOS: DIVULGAÇÃO
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O macacão é escolhido conforme o peso do praticante
Vestido para voar “O macacão é a ferramenta de voo do paraquedista”, afirma Antonio de Laurentiz Júnior. E ele não diz isso para se autopromover, já que fabrica os modelos nacionais mais usados, da marca Zoomer Suit. É que a roupa faz realmente a diferença. “Pessoas mais leves devem usar um macacão de
tecido mais fino; as mais pesadas, de material que ofereça maior resistência ao ar, para que a queda não seja tão rápida”. Quem pesar menos de 70 quilos pode vestir um macacão de náilon convencional. Acima disso, é preciso de um forro de tactel ou de brim na frente. Isso não vale para o
salto duplo de lazer. Quem começar o curso, porém, terá de adquirir sua própria roupa, feita sob encomenda. “Você pode escolher também a cor”, diz. Além do Zoomer Suit, fabricado pela Skytec, é possível encontrar no Brasil os macacões americanos da Tony Suits.
Cuca fresca Não, você não pode usar um capacete de motoqueiro para pular – imagine o peso disso para quem está caindo a 200 quilômetros por hora. O capacete de paraquedismo é leve, pequeno. Serve para proteger a cabeça no caso de um tropeção na hora de aterrissar. Seu uso só é obrigatório para alunos em formação. Nos saltos duplos, é opcional. Os da marca Rawa são os mais prestigiados entre os nacionais. Dos estrangeiros, os da Cookie são a grande referência. O capacete só é obrigatório para alunos em formação
À prova de ciscos Em relação aos óculos, vale a mesma regra dos capacetes: apenas a proteção básica, para evitar danos na aterrissagem ou algum objeto estranho trazido pelo vento. Há inúmeras marcas e modelos. Todos leves e arredondados, precisam estar bem colados no rosto, sem frestas. 18
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Lugares para se conhecer de cima
Boituva (SP) é o maior centro da atividade no Brasil
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O pequeno Spot salva-vidas
n Boituva (SP) A 120 quilômetros de São Paulo, essa pequena cidade do interior se tornou o maior centro do esporte da América Latina. Não há nada de especial no céu da região – apenas a feliz circunstância de não ter sido invadida por aviões, helicópteros ou grandes edifícios. Todos os voos saem do Centro Nacional de Paraquedismo, uma área de 40 mil metros quadrados dotada de loja de equipamentos, lanchonetes e áreas para camping. Quinze clubes e escolas têm sede lá. n Resende (RJ) Aos pés do pico das Agulhas Negras, Resende assumiu o lugar antes ocu-
pado pela capital fluminense como o maior centro de paraquedismo do Rio de Janeiro. Enquanto à beira da baía de Guanabara o tráfego aéreo tornou os saltos impossíveis, aqui as únicas a disputar um lugar ao céu são as aves. E tome diversidade: existem mais de 370 espécies vivendo no Parque Nacional do Itatiaia, vizinho a Resende. n Juiz de Fora (MG) Possui um dos mais antigos clubes de paraquedismo do país, o Águias de Ouro, fundado em 1968. Esse e outro clube, o Asas do Ouro, fazem da área a de maior tradição em Minas Gerais, com possibilidade de saltos duplos ou cursos de iniciação. Visões da serra da Mantiqueira incluídas.
n João Pessoa (PB) Saltar com vista para o mar é a atração da capital paraibana, que divide com Maceió, em Alagoas, o posto de maior centro de paraquedismo no Nordeste. Os aviões decolam do aeroclube de João Pessoa, a 500 metros da praia. n Itaparica (BA) A ilha baiana em frente a Salvador é cenário de velames abertos há mais de 20 anos. E que cenário: do alto, você paira sobre a baía de Todos os Santos (a maior do Brasil), o Recôncavo e o Atlântico. É possível fazer saltos duplos e cursos para se iniciar na prática. JUNHO 2017
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Enclave dos esportes radicais, a Nova Zelândia também é um território de aventuras para os paraquedistas
n Paraná O estado é o maior núcleo de paraquedismo no sul do país, com saltos da ilha do Mel a Foz do Iguaçu, tanto duplos como em cursos de iniciação. Castro, pequena cidade a 160 quilômetros de Curitiba, próximo a Ponta Grossa, é a de maior tradição. Tem como atração extra o cânion do Guartelá, o mais longo do Brasil. n Santa Barbara (Califórnia, Estados Unidos) Além da oportunidade de saltar admirando o Pacífico e uma floresta de gigantescas sequoias, as operadoras locais oferecem os saltos mais altos da América do Norte, a 18 mil pés (5.500 metros) de altitude. Tão altos que é preciso levar oxigênio suplementar no avião antes de pular.
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n Interlaken (Suíça) Montanhas, geleiras, lagos, cachoeiras, vales, florestas de pinheiros, vilas e vacas pastando – tudo isso está incluído nos 5 minutos que separam o céu do chão nessa que é uma das paisagens mais perfeitas do mundo. Poucos lugares no planeta são tão cênicos quando vistos de cima quanto a região em torno desse vilarejo dos Alpes suíços. n Sevilha (Espanha) Ali é possível saltar da maior altura permitida em toda a Europa: 15 mil pés (ou 4.600 metros). Isso significa 1 minuto em queda livre, até atingir a velocidade de 200 quilômetros por hora. Mantenha a calma e aproveite a visão lá de cima, que alcança a costa do Mediterrâneo.
n Dubai (Emirados Árabes Unidos) Se a cidade é hoje a nova Meca do paraquedismo no Oriente Médio, isso se deve ao estímulo do príncipe local, ele próprio um paraquedista amador. Aqui, a graça é ver, do alto, as extravagâncias arquitetônicas que fizeram a fama do lugar, como arquipélagos artificiais e torres monumentais. n Nova Zelândia Obcecados pela adrenalina, os neozelandeses não poderiam deixar de fazer do céu de seu país também um território de aventuras. Pode-se saltar no país todo, mas os campeões são a cidade de Queenstown, vizinha de montanhas e fiordes, e o glaciar Fox, uma geleira de 13 quilômetros de extensão.
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CLÁSSICOS
LUGARES E OBJETOS QUE NASCERAM PARA SER ETERNOS
POR LUIZ GUERRERO
Um século de inovações Em 1917 chegava às ruas o primeiro veículo Mitsubishi. Era o início de uma trajetória plena de pioneirismos
Q
uando o Model A foi
Meiji, período em que o país passou
Iwasaki, a iniciativa de fabricar o
lançado, em 1917, há
por intensa modernização industrial.
automóvel. Koyata queria mais do
exatamente 100 anos,
Embora mais da metade da população
que um meio de transporte. Seu
a Mitsubishi era, já
ainda se dedicasse às atividades rurais,
objetivo era criar uma vitrine sobre
então, um dos maiores
a casta de industriais, comerciantes
rodas do poderio industrial japonês.
conglomerados
e banqueiros era crescente.
Com 3,83 metros de comprimento e
industriais japoneses.
sete lugares, o Model A consistia, na
Seu ramo principal: a navegação. Pois
da companhia foi o Model A. Tinha
prática, em uma peça de artesanato
foi justamente sob o guarda-chuva
eixo cardã para tracionar as rodas
construída dentro do estaleiro de Kobe.
da Mitsubishi Shipbuilding Company,
traseiras e sistema elétrico para
Sua arquitetura era ornamentada
um estaleiro, que o primeiro carro
acionar faróis, lanternas e iluminação
com madeira de hinoki, o cipreste
da marca entrou em circulação. O
interna. Esse automóvel inaugurou
branco, laqueado, e os bancos
Model A despontou 47 anos depois
a produção em série no Japão.
forrados com tecido nobre. Tinha
do surgimento da corporação. Foi
22
O veículo pioneiro sobre rodas
Atribui-se ao presidente da
estimados 35 cavalos de potência e
lançado para atender à elite japonesa,
companhia, Koyata Iwasaki, sobrinho
podia alcançar velocidade perto dos
uma classe que emergiu durante a Era
do fundador da Mitsubishi, Yataro
100 km/h. Por ser caro, mesmo para
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Na página anterior, Pajero Full 2017. Nesta, o Colt 600 disputa o GP japonês em 1964; Colt 500 1961; e o modelo A, de 1917
a elite, teve produção interrompida
das chaves do sucesso nos ralis (e
variante Evolution é, por certo, um
em 1922, depois de 22 unidades
nas ruas) do Lancer e do Pajero.
dos veículos mais lendários até hoje
construídas. Não se tem notícia se algum Tipo A original sobreviveu.
O término da Segunda Guerra
fabricados. Tais distinções o modelo
Mundial marcou o fim dos grandes
conquistou nas provas de rali, como
conglomerados japoneses, por ordem
se verá logo adiante. Surgiu em
mas a corporação manteve o propósito
dos Aliados. A Mitsubishi Heavy se
1973 como uma família de quatro
de fabricar automóveis, agora como
dividiu em três empresas, todas
integrantes (além dos sedãs de duas
braço da Mitsubishi Heavy Industries
empenhadas em desenvolver veículos.
e de quatro portas, havia o cupê
Motor and Car Business. Em 1937, a
Foi nesse período que surgiram o 500,
e a perua) para ocupar o espaço
MHI desenvolveu o PX33, um sedã
um carro popular, o Debonair, um
deixado pelo Colt no segmento de
para uso militar, cuja réplica foi exibida
automóvel de luxo, e o Colt, uma linha
compactos. Chegou com inovações
no mais recente Salão do Automóvel
de modelos de médio porte lançada
entre os modelos japoneses, como
de São Paulo. Era equipado com um
em 1963. E foi do Colt que surgiram
a coluna do volante com ajuste de
sistema que, mais tarde, tornaria
as bases para a criação do Lancer.
altura e a plataforma extremamente
O Lancer talvez seja o carro mais
rígida e, na prática, imune a torções
O Model A deixou de ser produzido,
célebres outros modelos da marca – a tração nas quatro rodas, uma
emblemático da Mitsubishi, e sua
da carroceria, qualidade que dava
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CLÁSSICOS
Lancer Evo John Easton: 100 unidades vendidas no Brasil
ao carro excepcional conforto de marcha. Vinha com três possibilidades de motor, o mais forte deles de 1,6 litro
Já na estreia no Campeonato Mundial de Rali, o Lancer venceu a prova. Sua versão da terceira geração, o Evolution, foi além: ganhou o título quatro vezes
Porsche 911 e o Lancia Fulvia depois de 5.200 quilômetros de disputa. Dois anos depois, repetiria a façanha. Obviamente os
e 92 cavalos. Foi a base desse motor, preparado
quatro anos seguintes. Mas já em
resultados nas pistas se
para render 100 cavalos, que despertou
1974 a Mitsubishi se deu conta de
refletiram nas vendas da versão de
a atenção do mundo para o Lancer:
que tinha um vencedor nas mãos. E
rua – e não apenas no Japão. O Lancer
instalado na versão GSR A73, o quatro
escalou o GSR A73 para voos mais
foi exportado (e também fabricado
cilindros mostrou fôlego suficiente
altos – o Campeonato Mundial de Rali.
sob diferentes nomes) para vários continentes. No Brasil, começou a ser
para dar os quatro primeiros lugares
24
para trás rivais como o
ao A73 no Southern Cross Rally,
Vencedor de ralis
uma difícil prova de cross-country
A estreia aconteceu em 1974 na
produzido em Catalão, Goiás, em 2012. O grande salto, no entanto, se daria
disputada na Austrália entre 1966 e
segunda prova da disputa, o East
na terceira geração do Lancer com o
1980, logo na estreia do modelo em
African Safari Rally, no Quênia, já
amadurecimento da versão Evolution,
competições internacionais. O Lancer
com vitória. Pilotado pelo queniano
criada em 1992 com o único objetivo de
dominaria a categoria ao longo dos
Joginder Singh, o Lancer deixou
conquistar o Mundial de Rali. O primeiro
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Em 1974 o queniano Joginder Singh venceu o East African Safari Rally com o Lancer GSR A73 preparado
Evo era equipado com suspensão
a elegância das station-wagons com a
pelas linhas mais limpas e pela
traseira independente, tração integral
praticidade dos utilitários esportivos.
espessa travessa da grade dianteira.
e motor de 250 cavalos. Em 1995, com
O primeiro da safra foi o RVR, lançado
Nos diferentes mercados, a montadora
as versões Evo II e III, a Mitsubishi foi
no Japão em 1991. A sigla RVR vem de
oferecia opções de motores de 2.0
vice no mundial de construtores. E
Recreation Vehicle Runner e o apelo
a 2.4 litros a gasolina ou a diesel. Foi
nos quatro anos seguintes, sempre
eram as jovens famílias que viviam a
esse modelo que introduziu o que
nas mãos do finlandês Tommi
fase próspera da economia japonesa.
a Mitsubishi patenteou como flap-
Makinen, levaria o título. A dinastia Evo
Deu certo: o automóvel teve grande
fold tailgate, uma solução simples,
duraria até 2016 com a Last Edition,
aceitação pelo generoso espaço
mas engenhosa, para facilitar as
série especial da décima evolução
interno e pela versatilidade. Era um
operações de carga e descarga do
do carro. No Brasil, foi produzida
veículo que servia tanto para a cidade
porta-malas: o segmento central do
a versão exclusiva John Easton
como para as viagens de lazer.
para-choque traseiro era integrado à tampa do bagageiro. O Airtrek continua
(engenheiro especializado britânico, tetracampeão do WRC que preparou a série, limitada a 100 unidades, com motor de 340 cavalos de potência). E aqui entramos em outro capítulo: o dos crossovers, veículos que reúnem
Linhas mais fluidas
sendo produzido no Japão, Rússia
A linhagem dos crossovers seguiu
e China, já na terceira geração. No
com o Airtrek. A fusão das palavras air e trek já apontava para essas características do modelo, marcado
Brasil, deu origem ao Outlander. O conceito do pioneiro RVR também serviu de base para outros
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MARCELO SPATAFORA
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ASX 2018: bicombustível
outros modelos, inclusive mais compactos. Entre as versões de crossovers da Mitsubishi, a mais desejada pelos
Os crossovers, já no início da década de 1990, uniram a elegância das stationwagons com a praticidade dos utilitários esportivos. O melhor de dois mundos
recortada por vincos. Surge a L200 A Mitsubishi soube capitalizar o investimento
jovens era o Hyper Sports
26
marcante e carroceria
nas provas de rali, o mais
Gear-R, equipado com
representou a transição para o Active
motor de quatro cilindros e 200
Smart Crossover. Ou seja, o ASX,
perfeito laboratório para qualquer
cavalos do Galant VR-4. A versão
como o modelo ficou conhecido no
fabricante. E aplicou o conhecimento
tinha duas portas, para-choques
Brasil e em outros mercados. Já
tirado das pistas em toda a sua linha,
pronunciados, aerofólio na traseira
em 2010, o veículo assumia plenas
incluindo a de veículos comerciais.
e rodas esportivas. A segunda
características de utilitário, com suas
geração desse veículo emblemático
linhas mais fluidas, grade frontal
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Foi com esse know-how que, em 1978, lançou a picape L200. O utilitário teve
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Mitsubishi: marca em evolução Mitsubishi é uma combinação das palavras mitsu e hishi. Mitsu significa três. Hishi significa castanha ou qualquer objeto que tenha a forma romboide, como um diamante lapidado. O japonês frequentemente transforma em “b” o som do “h” aspirado, quando este aparece no meio de uma palavra. Daí Mitsubishi, a marca dos três diamantes. Yataro Iwasaki (18351885), o fundador da antiga Mitsubishi no século 19, escolheu os três diamantes como emblema para sua empresa. Isso porque ele sintetizava as três folhas de agrião, dispostas em forma de hélice, do clã Tosa, o primeiro empregador de Yataro, às três folhas da castanheira, empilhadas e estilizadas, que eram o estandarte da família Iwasaki. Airtrek 2006
Outlander 2018
Iwasaki
Tosa
1875
A partir de 1964
grande aceitação em vários países, muito
características utilitárias. Recebeu
a L200, rebatizada de L200 Triton, como
em função da robustez e da manutenção
comodidades, sua caixa automática
uma das mais belas picapes disponíveis
simples. Vinha com seis opções de motor
foi ajustada para trabalhar com mais
no mercado. Esse veículo foi marcante
– do 1.6 a gasolina ao 2.5 a diesel, sempre
suavidade e a suspensão recalibrada para
para a história da Mitsubishi no Brasil.
com transmissão manual de quatro ou
o conforto. Cresceu em tamanho e em
Tornou-se não só um sucesso de vendas
cinco marchas – e podia contar com
sofisticação e ganhou versões esportivas
como também referência no segmento.
sistema de tração integral com reduzida.
para disputar provas regionais de rali. Em
Em 1986 chegaria a segunda geração,
2005, estreou no Dakar ainda disputado
que passaria a ser fabricada no Brasil 12
entre a Europa e o norte da África.
Pajero, o supercampeão Cinco anos antes do lançamento da L200, a Mitsubishi criou tendência
anos depois. A L200, por sinal, inaugurou
O desenho marcante surgido na
a fábrica de Catalão. Na terceira geração,
quarta geração, de 2006, obra do atual
ao apresentar no Salão de Tóquio
a picape ganhou requinte de veículo
chefe de design da empresa, Akinori
de 1973 o primeiro protótipo do
urbano sem, no entanto, perder suas
Nakanishi, hoje com 63 anos, consagrou
utilitário esportivo que receberia JUNHO 2017
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Robusta, bela e com manutenção simples, a picape L200 surgiu em 1978 e rapidamente se transformou em sucesso em diversos países
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Pajero Full 2017
Pajero 1985 no Dakar
Pajero HPE 2017
o nome de Pajero – mas que sairia
o suficiente para a instalação da
resistência e confiabilidade ao vencer
às ruas apenas em 1982, como um
terceira fileira de bancos. Em 1999,
12 vezes a competição off-road mais
dos primeiros veículos a reunir a
uma vez mais a marca antecipou
exigente do planeta, o Rally Dakar.
disposição para enfrentar terrenos
tendências e surpreendeu o mundo
Esse fato inédito, somado a outro, o de
difíceis com as comodidades de
com um Pajero desenhado pelos
sete vitórias consecutivas na mesma
um automóvel de passeio. O Pajero
estúdios Pininfarina, ainda mais
prova, acabou dando ao carro o status
surgiu como SUV de três portas
equipado com itens de conforto,
de verdadeira lenda viva no universo
e chassi curto, de 3,99 metros de
característica que seria mantida
4x4. Um feito que a Mitsubishi Motors
comprimento, mas logo evoluiu para
na geração seguinte do modelo.
sintetizou no conhecido slogan
a versão cinco portas e chassi longo
O Pajero consolidou sua fama de
“Pajero – The car, the legend”. JUNHO 2017
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QUAL O SEU MUNDO
PESSOAS QUE FAZEM A DIFERENÇA
POR JULIANA AMATO
FOTOS: DIVULGAÇÃO
O livro que narra sua vida tem o nome Inquebrável
Colecionador de vitórias Fernando Fernandes, 36 anos, o grande nome mundial da canoagem paraolímpica, lança sua autobiografia
E
le posou para as lentes de
criado na Vila Mariana, no entanto,
da Noruega, descer cachoeiras de 12
Mario Testino ao lado de Clau-
acabou por despertar sua verdadeira
metros em Minas Gerais, como fez para
dia Schiffer, Eva Herzigova e
vocação. Como atleta paraolímpico de
as séries Sobre Rodas, da Rede Globo, e
Naomi Campbell e fez parte
canoagem, conquistou os títulos de
Além dos Limites, do canal Off. Prestes
do elenco da segunda edição do reality
tricampeão sul-americano, bicampeão
a lançar a autobiografia Inquebrável,
show Big Brother Brasil. Mas a carreira
pan-americano, pentacampeão bra-
pela editora Paralela, Fernando, que faz
de Fernando Fernandes de Pádua, 36
sileiro, campeão da Copa do Mundo e
parte do programa Atletas MIT, ainda
anos, ganhou impulso mesmo quando
tetracampeão mundial. Acabou ficando
toca o instituto com seu nome para
se distanciou do mundo da moda. Em
de fora da estreia do seu esporte na
levar a crianças e jovens, com e sem de-
2002, enquanto comemorava o bom
mais recente Paraolimpíada e decidiu
ficiência, a chance de uma vida melhor
momento na carreira de modelo, ele
abandonar as competições de alta
a partir do esporte.
sofreu um acidente de automóvel e
velocidade por não concordar com o
precisou passar por uma cirurgia de
sistema de classificação.
descompressão da medula e fixação
É bem focado nos treinos. São seis
da coluna. O episódio o deixou em uma
aventuras incluem pedalar – com os
dias por semana com treinos de cano-
cadeira de rodas.
braços – 200 quilômetros em uma
agem durante a manhã, e musculação
handbike no deserto de sal de Uyuni,
à tarde. Nos fins de semana, procuro
na Bolívia, esquiar pelas montanhas
remar em alto-mar, em Santos, para ter
O que poderia ter sido uma barreira na vida desse paulistano nascido e 30
Mas não parou por aí. Suas novas
Como é o seu cotidiano?
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FOTOS: DIVULGAÇÃO/REPRODUÇÃO
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n 1. DISCO “Sou admirador do cantor americano Bill Withers. Adoro o som desse artista, que já fez um dueto com George Benson e dividiu vocais com Jimmy Buffett. Para mim, o melhor album dele é Bill Withers Live at Carnegie Hall.” n 2. SÉRIE “A série Pablo Escobar: O Senhor do Tráfico me prendeu do início ao fim. Conta a história do homem que comandou o cartel de Medellín e ganhou fama traficando drogas.” n 3. DOCUMENTÁRIO “Gostei muito do filme I Am Ali. Sou fã número 1 da história de Muhammad Ali, um dos melhores pugilistas da história.” n 4. LIVRO “Li com prazer Nunca Deixe de Tentar, de Michael Jordan. A obra revela a busca pela excelência que norteou a carreira dele. Mostra o quanto o talento precisa de dedicação para dar frutos.” n 5. APP “Depois do Spotify, passei a escutar música o tempo todo!” n 6. OBJETO “O meu caiaque. É ele que me dá liberdade.”
mais contato com a natureza e treinar a
Era uma necessidade. Eu preci-
Qual era a sua rotina de exercícios antes do acidente?
canoagem oceânica. Também costumo
sava me reencontrar e reconquistar
incluir reuniões de produção dos meus
aquela sensação de capacidade
desafios, viagens para palestras e visi-
que havia perdido. Com apenas três
hoje. A única diferença é que antes
tas ao meu instituto.
meses de lesão, vi que o processo
eu treinava boxe durante a manhã e
de reabilitação dentro dos padrões
musculação no período da tarde. E
seria muito lento pra mim. Percebi
nos fins de semana me dedicava a um
que teria de criar uma nova maneira
curso de paraquedismo.
Por que criar o Instituto Fernando Fernandes Life? Porque senti a necessidade de
Tão forte e intensa quanto a de
Você foi o melhor do mundo na
devolver à sociedade tudo aquilo que
de me testar, algo intenso e forte, que
dela havia recebido. Desde o início da
realmente exigisse do meu corpo e,
canoagem paraolímpica. E, justa-
minha lesão, entendi que poderia usar
sobretudo, da minha mente. E assim
mente quando a modalidade estreou
o esporte como ferramenta de força e
foi. Concluí e me reencontrei na vida.
na Olimpíada, ficou de fora. Por quê? A canoagem surgiu na minha
transformação na vida das pessoas.
Você procura se inteirar sobre
Qual foi a viagem da sua vida?
avanços da medicina e tecnologia
vida antes de se tornar um esporte
É bem difícil escolher uma só. Mas
para o tratamento de lesão medu-
paraolímpico. Escolhi a modalidade
a que fiz em busca da pororoca, no
lar? Conhece o trabalho do profes-
pelo prazer e pela liberdade que me
Amapá, foi especial. Além de estar
sor Miguel Nicolelis?
proporcionava. Ela virou o esporte de
completamente imerso na natureza
Na verdade, não preciso procu-
minha vida, e passei a disseminá-la não
após 16 horas de balsa saindo de Ma-
rar, pois as notícias chegam até nós
só no Brasil, mas pelo mundo todo. Três
capá, ainda tinha o desafio de conhe-
e o processo ainda é lento, apesar
meses depois do meu primeiro título
cer e enfrentar a força de uma onda
dos avanços. O trabalho do Nicolelis
mundial, a canoagem adaptada [como
devastadora no rio Araguari.
é muito bom, mas não é a solução.
era conhecida] passou a fazer parte
Não é isso que trará a cura da lesão
do ciclo paraolímpico, o que aumen-
medular.
tou o número de praticantes e tomou
Como disputou a São Silvestre apenas seis meses após o acidente?
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QUAL O SEU MUNDO No deserto de sal da Bolívia: “hipnotizado”
maiores proporções. Mas a organiza-
Qual é o lema da sua vida? Tem o trecho de uma música que é
dentro da canoagem. Mas ainda estou
classificação funcional [de acordo com
desenvolvendo um leme de mão, para
muito marcante. Procuro segui-lo em
o grau e tipo de deficiência de cada
dar a direção ao caiaque em águas
tudo que me proponho a fazer: “Se eu
praticante] foi incapaz de acompanhar
agitadas, via wi-fi, já que os lemes nor-
tivesse mais alma pra dar, eu daria. Isso
o crescimento do esporte. Infelizmente,
malmente são usados nos pés. O mar
pra mim é viver...”
por ter sido percursor nesse esporte,
é a representação máxima de liberda-
vivi os melhores e piores momentos
de na minha vida. É quando posso ir e
uma hora e meia na boca de uma
da paracanoagem e acabei “pagando a
vir sem nenhum obstáculo ou barreira
serpente no desfile da escola Portela
conta” dessa falta de profissionalismo
física que me impeça.
no mais recente Carnaval?
do esporte paraolímpico. Como foi atravessar o deserto de
Quem são seus heróis?
Como foi a experiência de passar
Incrível, pois nunca tinha visto o
Tenho profunda admiração por
Carnaval do Rio de Janeiro de perto,
alguns grandes atletas como Muham-
e muito menos tinha feito parte dele.
Uma das experiências mais
mad Ali e Ayrton Senna. E por persona-
Quando me vi a 10 metros do chão,
fantásticas da minha vida. Às vezes,
gens como Mahatma Ghandi e Nelson
dentro de uma canoa, na boca de
tinha dúvidas se eu estava realmente
Mandela. Meus heróis de verdade,
uma serpente, sendo um personagem
na Terra, pois o solo todo branco, sem
porém, vivem ao meu lado, estão no
daquele espetáculo e representando as
nenhum sinal de vida ao nosso redor,
meu dia a dia: minha mãe e meu pai.
raízes do meu esporte, foi mágico.
dava aquela sensação de êxtase. Fiquei
São pessoas comuns, que saem de
completamente hipnotizado por aquele
casa e procuram levar uma vida justa
Meu mundo é a curiosidade, é criar
visual incrível.
e positiva. Dão as mãos para aqueles
novas formas, novas maneiras, meu mun-
que estão precisando. Lutam por um
do é cinza, é marrom, é verde, é arriscado,
mundo melhor.
duro e completamente gratificante.
sal na Bolívia de handbike?
Você segue com os projetos de canoagem oceânica? 32
Sigo, sim. É o meu principal projeto
ção ainda deixava muito a desejar. A
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Qual é o seu mundo?
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PAINEL
OBJETOS DO DESEJO COM ALTA TECNOLOGIA
POR ALESSANDRA LARIU, de Nova York
Linha de frente FOTOS: DIVULGAÇÃO
Produtos com ideias novas para facilitar a sua vida
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MUNDO MITSUBISHI POR JULIANA AMATO
AS BOAS-NOVAS DA MARCA DOS TRÊS DIAMANTES PELO MUNDO
ILUSTRAÇÃO PEDRO HAMDAN
Festival de prêmios Quatro empresas do grupo dos três diamantes conquistam outra vez o prêmio Good Design Award
Criado no Japão em 1957, o Good Design Award é um dos mais respeitados prêmios de desenho industrial do planeta. E, como sempre costuma acontecer, as empresas do Mitsubishi Group ganharam o cobiçado selo vermelho e branco G Mark. Trata-se de um símbolo que atesta a qualidade dos produtos, depois de criteriosa avaliação pelo Japan Institute of Design Promotion. Veja quem foram as ganhadoras. SETEMBRO 2015
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MUNDO MITSUBISHI NIKON
O máximo para ver o mínimo Três qualidades são exigidas de um microscópio de primeira linha: potência, nitidez e tamanho compacto. Tudo isso foi conquistado pelos novos modelos Ts2 e Ts2R. Pudera. Os dois trazem uma marca tradicionalíssima no universo das lentes de precisão: Nikon. Eles foram projetados para facilitar ao máximo a vida de médicos, biólogos, farmacêuticos e outros profissionais que têm por ofício observar partículas diminutas. Equipados com lâmpadas de LED de alta intensidade, oferecem até imagens em 3-D. Mesmo os leigos podem se deleitar com a sensação de observar microorganismos em movimento, como se fossem uma animação da Pixar.
MITSUBISHI JISHO
As portas da tranquilidade Vez por outra os mais distraídos não se lembram se trancaram ou não a porta de casa. Tem gente que até volta para conferir. O aplicativo NinjaLock, baixado em celular, acabou com essa dúvida. Ele abre e fecha portas à distância. Mais: monitora quem entrou ou saiu – e quando. Fornece ainda um histórico diário, semanal ou mensal. Curiosidade: ele foi criado inicialmente para as imobiliárias, pois dispensa a presença de corretores nas visitas.
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MITSUBISHI HEAVY INDUSTRIES
Um trem levíssimo
O desafio era grande: aumentar a resistência de uma locomotiva de metrô e, ao menos tempo, diminuir seu peso. Missão para a experiente Mitsubishi Heavy Industries. O resultado foi a Série 2020, máquina com dupla camada de alumínio, mais segura que a versão anterior — e uma tonelada mais leve. A Série 2020 já fez sua estreia no Japão. Opera no AGT, sistema automatizado de trânsito urbano de Saitama, que atende 13 estações ao longo de 13 quilômetros. Em tempo: trata-se de uma locomotiva autônoma. Sem piloto.
MITSUBISHI ELETRIC
O ar-condicionado que pensa Que tal um aparelho de arcondicionado realmente inteligente? Assim é o Kirigamin. Um sensor infravermelho faz com que ele regule a temperatura conforme o número de pessoas no recinto. O modelo dispensa dutos, buracos na parede, economiza energia e dura mais que seus similares. Em matéria de bom design, o Kirigamin tem abas que escondem a grade frontal. Superbem bolado.
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MUNDO MITSUBISHI
Notícias verdes Contribuições para melhorar a vida no planeta. E sempre de olho no meio ambiente MITSUBISHI CORPORATION
Água pura na Jordânia Nada menos que 80% do território jordaniano é formado por deserto. Sol, vento e rios de água salobra fazem só aumentam o problema. Ma’an é uma pequena cidade que não conseguia fornecer água potável para os alunos de suas escolas públicas. Até que a Mitsubishi Corporation entrasse em ação. A empresa doou 60 purificadores domésticos para 38 escolas. Realizada no fim de 2016, a doação beneficia hoje 10 mil alunos da região.
KIRIN/MITSUBISHI ELETRIC
A lista da responsabilidade
Duas companhias do grupo Mitsubishi foram incluídas na lista
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regular de energia solar, eólica e de biogás, além de outras fontes
de bons exemplos da Carbon Disclosure Project (CDP), órgão
renováveis. Já a Mitsubishi Electric foi entrou na lista pela primei-
que mede e gerencia impactos ambientais: a Kirin e a Mitsubishi
ra vez. Tudo graças aos esforços para a redução de impacto nos
Electric. Trata-se do terceiro ano consecutivo em que a Kirin é
processos de produção com baixa emissão de carbono, e aos
reconhecida por seu compromisso de poupar energia e pelo uso
compromissos com as áreas de biodiversidade e reciclagem.
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COMBUSTÍVEL
BEBIDAS PARA ABASTECER A ALMA
POR LUCIANA LANCELLOTTI
Mensagem na garrafa Longe de ser apenas mais uma celebridade a aderir à moda de produzir vinhos, Sting levou o negócio a sério e o resultado já impressiona
T
odo ano chega o mês de abril e apaixonados por
do anonimato: o britânico Gordon Matthew Thomas Sumner,
vinhos italianos do planeta inteiro viajam para
66 anos, mais conhecido por Sting.
Verona, no norte da Itália. É nessa época que a cidade de Romeu e Julieta promove a Vinitaly, a
Trata-se de uma proeza, já que, perto dos produtores tradicionalíssimos de vinícolas centenárias, o winemaker
maior feira da vinicultura, já em sua 51ª edição. A abertura da
Sting é novato. Ele próprio admitiu ter dado seus primeiros
exposição é marcada por um banquete com os produtores
goles em bons vinhos tardiamente, pouco antes dos 30 anos
dos cem melhores vinhos italianos, selecionados pela revista
– e começou a produzi-los há apenas uma década.
americana Wine Spectator. No ano passado, estavam ali
O sonho de se tornar produtor de vinhos e de cultivar alimentos em suas próprias terras teve início em 1997,
Antinori, Sassicaia, Gaja e Frescobaldi. Entre eles, debutava
quando, junto com a mulher, a atriz e produtora de filmes
a vinícola Il Palagio, da Toscana, com seu robusto tinto
Trudie Styler, o ex-vocalista da banda The Police adquiriu,
biodinâmico Sister Moon 2011, desconhecido do grande
de um duque toscano, uma residência rural do século
público. Seu produtor, no entanto, está a milhares de hectares
16, próximo à cidadezinha medieval de Figline Val d’Arno.
FOTOS: DIVULGAÇÃO
reunidos rótulos produzidos por nomes aclamados, como
A residência do século 16, na Toscana, foi adquirida em 1997 pelo cantor e a mulher, a atriz e produtora de cinema Trudie Styler
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COMBUSTÍVEL “Quando cheguei, a primeira coisa que quis fazer foi
de Paolo Rossi, homônimo do craque da Azurra. Ele conhece
alimentar minha família”, disse o popstar durante um evento
o lugar como poucos. Nasceu ali. Seu pai, a propósito, geriu a
na cidade. Na época, a propriedade, Tenuta Il Palagio, a
Tenuta Il Palagio para o duque na década de 1930.
40 quilômetros de Florença, estava abandonada, o que não desestimulou o casal, que tratou de comprar, também, terras vizinhas, ampliando seus domínios para quase 370 hectares. Ali a dupla começou a produzir mel de acácia e azeite
Cantoria na adega O Sister Moon, com nome inspirado na canção homônima de Sting, foi o primeiro vinho produzido. Sua classificação,
de oliva extravirgem, sempre a partir de técnicas de cultivo
como IGT Toscano, o posiciona em uma categoria entre
orgânico, utilizando métodos tradicionais, sem pesticidas
os vinhos de mesa (Vini da Tavola) e os de denominação
ou monoculturas. “Escolhi práticas de agricultura que
de origem (DOC e DOCG). Trata-se de um supertoscano,
alimentassem a terra, e não que a esvaziassem”, afirmou
assim chamado por ser elaborado a partir de um blend de
o cantor para a emissora local RTV 38. Sting investiu,
uma casta natural da região com outras, nativas de terroirs
também, na produção de salames. E não demorou para que
diferentes. No caso, a italianíssima Sangiovese mescla-se
os produtos passassem a ser vendidos na própria loja da
com as bordalesas Merlot e Cabernet Sauvignon.
fazenda, bem como na emblemática Harrods, em Londres. Os vinhos só começaram a ser produzidos a partir da
Outros vinhos elaborados na propriedade de Sting seguiram a tradição e receberam nomes de canções, como o
safra de 2007, alçando o astro britânico para o time de
When We Dance e o inevitável Message in a Bottle. De forma
celebridades-winemakers, hoje composto, entre outros,
geral, os seis rótulos produzidos hoje por Sting focam na
pelo cineasta Francis Ford Coppola, o tenor Andrea Bocelli,
expressão das características do terroir local, sem sofrer com
o ex-casal Brad Pitt e Angelina Jolie, o ator francês Gérard
a competição natural entre os produtores da Toscana – não
Depardieu, a atriz Drew Barrymore e a cantora Madonna.
vamos esquecer que a região é reconhecida pela qualidade
Para tanto, Sting contou com o trabalho do respeitado
de seus tintos finos, liderados pela fama e pelo prestígio do
enólogo toscano Paolo Caciorgna, com experiência na França
Chianti Classico e do Brunello di Montalcino. Seja como for,
e na Califórnia, e a consultoria de Alan York, especialista
os rótulos do músico britânico contam com um diferencial de
reconhecido pelo trabalho com agricultura orgânica e
peso, que seus concorrentes, centenários, nunca alcançarão.
biodinâmica. A direção geral da propriedade passou às mãos
“Eu canto na adega”, contou o cantor numa entrevista em
Tenuta, il Palagio, a propriedade, fica a 40 quilômetros de Florença e aceita hóspedes
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Cannes. “Gosto de pensar que o vinho absorve a música.” Além de se preservar na produção de vinhos, méis,
de última geração, Sting recebe convidados como os expremiês britânicos David Cameron e Tony Blair e os cantores
azeites e salames, a Tenuta Il Palagio funciona hoje como
Bruce Springsteen e Madonna, entre outros notáveis. A
casa de veraneio do casal Sting e Trudie, e de seus seis
propriedade também passou a ser aberta ao público para o
filhos. A família se divide entre sete residências mundo afora,
agriturismo: seis casas estão disponíveis para hospedagem.
embora permaneça a maior parte do ano em Nova York. Na
Juntas, acomodam até 50 hóspedes. Uma taça cheia para
Toscana, entre 20 quartos, 200 hectares de vinhas, olivais,
os fãs do músico e, agora também, para os aficionados por
florestas e pastos, alguns lagos e um estúdio de gravação
supertoscanos.
Rótulos musicais Conheça os principais vinhos produzidos por Sting SISTER MOON 2011
com notas terrosas. Vai muito
de frutas vermelhas e especiarias
Com nome inspirado na canção
bem com receitas toscanas.
confirmam-se no paladar.
homônima, foi o primeiro IGT
CASINO DELLE VIE 2012
BEPPE ROSATO 2015
Toscano produzido na Tenuta Il
O nome é inspirado em uma das
O primeiro rosé produzido na
Palagio, na safra de 2007. É o único
casas da propriedade. Combinando
propriedade de Sting é um blend
da propriedade entre os Top 100 da
Sangiovese, Cabernet Sauvignon,
de Sangiovese, Colorino e Canaiolo,
Itália, de acordo com os críticos da
Cabernet Franc e Merlot, é fresco
bastante aromático, com notas
revista Wine Spectator. Sedoso e suave,
e elegante, com corpo médio e
de abacaxi e pêssego. Fresco no
apresenta taninos maduros e notas
taninos firmes e sedosos.
paladar, com boa persistência.
de chocolate, alcaçuz e amoras.
MESSAGE IN A BOTTLE 2013
MESSAGE IN A BOTTLE
WHEN WE DANCE 2013
O nome é inspirado em uma das
BIANCO 2015
Chianti fácil de beber, igualmente
canções mais populares compostas
Blend de Vermentino, Sauvignon Blanc
batizado com uma das canções
por Sting para o seu antigo grupo The
e Trebbiano, é delicado e floral, com
de Sting. Combina Sangiovese,
Police. Mescla Sangiovese, Syrah e
notas aromáticas cítricas, de abacaxi
Canaiolo e Colorino, e tem aromas
Merlot, e amadurece por 12 meses
e de banana. Fresco no paladar, tem
de frutas vermelhas e negras,
em carvalho francês. Os aromas
acidez agradável e final longo. JUNHO 2017
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MIT4FUN
EQUIPAMENTOS COM A MARCA DOS TRÊS DIAMANTES
Para dias de sol e de chuva Cinco produtos de primeiríssima linha
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MITPOINT
SHOPPING JK IGUATEMI
Lazer e saber
Mitsubishi cria espaço de experiências no Shopping JK Iguatemi em São Paulo
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ara celebrar os 100 anos da marca, a Mitsubishi
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esportes. Uma junção de lazer e saber. Com 700 metros quadrados de área,
a todos, e quem quiser poderá se divertir com uma partida de sinuca,
vai ganhar em breve um
o MitPoint se destaca pela arquitetura
por exemplo. Modelos clássicos e
espaço exclusivo em
minimalista remetendo ao “brand
carros de competição da marca irão
São Paulo. Trata-se do MitPoint no
experience” da marca. Poltronas e
se alternar no ambiente, sempre com
Shopping JK Iguatemi. A ideia é que os
sofás aconchegantes, bar completo
novidades. Não deixe de conhecer o
frequentadores se sintam acolhidos
e telões compõem a decoração. O
MitPoint – afinal, ele também é seu.
num local que, ao longo de um ano,
design do interior traz ainda obras
irá reunir exposição de automóveis,
de arte com painéis de LED e até um
MitPoint
palestras, festas e eventos sobre temas
auditório para palestras e encontros.
Shopping JK Iguatemi
diversos. Pensadores, empresários
A atmosfera do MitPoint será informal
Av. Presidente Juscelino
e atletas passarão por lá para falar
e descontraída, como numa reunião
Kubitschek, 2.041, Térreo
de carros, arte, culinária, filosofia e
em casa de amigos. O espaço é aberto
Vila Olímpia, São Paulo (SP)
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THE 4x4
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Quando Tom Brady começou no futebol americano, nada indicava que se tornaria um dos maiores de todos os tempos. Mas ele foi à luta. E chegou lá POR PAULO MANCHA D’AMARO
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epois que os árbitros apontaram o fim de jogo, às 21h25 do dia 5 de fevereiro passado, o gramado do NRG Stadium, em Houston, Texas, emanou manchetes não apenas para a terra do Tio Sam, mas também em direção a lugares do planeta que os americanos possivelmente nem conhecem. Aqui no Brasil, onde sempre foi chamado de “o marido da Gisele
Bündchen”, um jogador de futebol americano finalmente teve seu nome exibido com todas as letras na mídia. “Tom Brady lidera maior virada da história do Super Bowl e leva Patriots à 5ª taça”, dizia a manchete da Folha de S.Paulo. Sem nenhuma menção à nossa bela gaúcha. Não era mais necessário. A atuação assombrosa na partida, coalhada de recordes, tirou a equipe de Massachusetts de uma desvantagem de 25 pontos no começo do segundo tempo e a conduziu a uma vitória de 34 a 28 contra o poderoso Atlanta Falcons. É como se, naquela fatídica peleja do Brasil contra a Alemanha, na Copa de 2014, tivéssemos empreendido uma reação no segundo tempo e acabássemos ganhando por 8 a 7. O significado da atuação de Tom Brady no mais recente Super Bowl vai bem além das estatísticas que ele destroçou. Assim como a Alemanha da Copa do Mundo no Brasil, seu time fez desabar paradigmas e revelou como uma preparação determinada, inventiva e minuciosa é recompensada com o triunfo. Porque o “marido de Gisele” não é nenhum fenômeno da natureza (assim como não eram Thomas Müller, Manuel Neuer ou Toni Kroos no mundial de soccer três anos atrás). Mas, sim, um prodígio da capacidade humana de se reinventar. A prova de que se pode sair da condição de “azarão” para se tornar o melhor do planeta em sua modalidade. Para entender como isso aconteceu, é preciso voltar no tempo. Thomas Edward Patrick Brady Jr. nasceu numa típica família americana, na cidadezinha de San Mateo, Califórnia, em 3 de agosto de 1977. O pai, corretor de seguros, e a mãe, dona de casa, já tinham três filhas. O garoto cresceu vendo beisebol e futebol americano não só na TV, mas também no estádio. Apenas 20 minutos de carro separavam o lar de classe média da família Brady e o Candlestick Park, palco dos jogos do San Francisco 49ers – uma
© ALAMY STOCK PHOTO
das mais emblemáticas equipes da National Football League (NFL).
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O quarterback é líder até no momento de entrar em campo
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Com a bola toda numa partida contra o Miami Dolphins, grande rival
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“Ele não era o melhor atleta, mas, com certeza, o mais inteligente em campo” Ian Gold, ex-jogador, sobre as atuações de Brady no time da Universidade de Michigan
“Ele tem uma presença digna da nobreza. É como se você estivesse ao lado de JFK ou alguém do tipo” Christian Fauria, ex-jogador, colega de time de Brady durante quatro anos
“O garoto tem autoconfiança, uma personalidade incrível e a maturidade de um homem muito mais velho” Donald Trump, em 2002, ao dar uma carona em seu jato particular ao jovem Tom Brady
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Na época, a equipe californiana era capitaneada pelo quar-
quentando o banco de reservas. Chegou a cogitar o abando-
terback Joe Montana, tido por muitos como o “Pelé do futebol
no do esporte e fez até psicoterapia em 1997 para lidar com a
americano”. E foi numa das mais célebres partidas do craque,
frustração. Acabou tendo sua chance de virar titular em 1998
em 10 de janeiro de 1982, que o guri Tom Brady, com apenas
e a aproveitou, garantindo a posição pelos dois últimos anos
4 anos de idade, apaixonou-se pelo esporte da bola oval – e
de faculdade. O destino, contudo, lhe parecia cruel. Apesar de
nunca mais o deixou de lado.
angariar 20 vitórias em 25 jogos disputados no college foot-
Bom aluno, comportado e dedicado, Brady enveredou cedo pelos gramados e, na fase do high school (o ensino médio dos
ball, não chamou atenção da mídia nem dos treinadores de times profissionais.
Estados Unidos), ganhou um lugar na equipe principal da Ju-
Temendo não ter uma carreira esportiva, esmerou-se para
nípero Serra High, a pequena escola católica de San Mateo.
conquistar o diploma – e conseguiu: “Estudos gerais, com
“Ele era um branquelo meio lento”, reconheceu o próprio pai,
ênfase em negócios”. Em 1999, seu último ano de academia,
Thomas Brady Sr., em uma entrevista à NFL Network. Por isso,
tornou-se estagiário do então renomado banco de investi-
Tom sempre esteve no “pelotão inter-
mentos Merrill Lynch. O futuro parecia
mediário” quando o assunto era desem-
estar traçado para que o “branquelo
penho atlético. Apesar dos pesares, porém, o garoto grandalhão e desajeitado tinha determinação e, sobretudo, capacidade intelectual. A ponto de ganhar uma bolsa
“Não é nada pessoal, eu só acho ele irritante...” Jeanie Buss, empresária e proprietária do Los Angeles Lakers
de estudos para atletas na renomada Universidade de Michigan – a mesma que laureou o presidente americano Gerald Ford, o dramaturgo Arthur Miller e o neurocirurgião Ben Carson (que concorreu com Donald Trump pela candidatura a presidente pelo Partido Republicano em 2016). Em tempo: os cantores Iggy Pop e Madonna também estudaram lá – mas abandonaram as aulas antes de se
“Tom é o cara que chega cedo e vai embora tarde. Estuda os adversários no vídeo como se fosse um novato tentando aprender” Vince Wilfork, jogador, colega de time de Brady durante 11 anos
formarem. Aqui vale ressaltar: no futebol americano, os atletas profissionais – todos
gravatado de Wall Street. Grande ironia Não foi o que aconteceu. Recentemente, Brady achou seu currículo da época e o expôs no Twitter, como se fosse um troféu às avessas. E, de certa forma, o papel amarelado de 18 anos atrás é mesmo um prêmio àquilo que ele não se tornou. O Merrill Lynch quase veio à bancarrota em 2008, durante a grande crise financeira que abalou os EUA e o mundo. O ex-estagiário, porém, estava longe dali, trabalhando num dos raríssimos setores que não tiveram prejuízo durante aquele período: a National Football League.
eles – têm como berço as equipes universitárias. Não exis-
A chegada na maior liga esportiva dos EUA foi silenciosa.
tem categorias de base nos clubes. Por isso, o torneio anual
Aconteceu no dia 16 de abril de 2000, quando Tom Brady se
entre as 128 melhores faculdades dos EUA é quase tão ba-
viu selecionado pelo time do New England Patriots no draft
dalado quanto o campeonato profissional da NFL. E a Uni-
– a peneira anual em que os clubes da NFL buscam nova-
versidade de Michigan é uma das mais tradicionais e bem-
tos oriundos das universidades. Dos 254 atletas iniciantes
-sucedidas.
daquele ano, Tom Brady foi o escolhido de número 199. Ou
Em Michigan, Tom Brady dividia os dias entre os treinos pesados nos gramados e as aulas do curso de General Stu-
seja, para os treinadores das equipes profissionais, havia 198 jogadores mais valiosos que ele.
dies – uma graduação sem similar no Brasil, em que os alunos
Foi dessa forma, pra lá de discreta, que Tom Brady apare-
aprendem sociologia, filosofia, história, antropologia e outras
ceu para os primeiros treinos na equipe sediada em Massa-
disciplinas de humanidades. No final, podem se especializar
chusetts, na condição de quarto reserva. Durante o ano de
em administração, magistério, economia etc.
2000, praticamente não encostou na bola em jogos oficiais,
Na equipe de futebol americano, ele passou dois anos es-
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meio lento” se tornasse mais um en-
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mas se destacou nos treinos a ponto de, no início da tempo-
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Tom e a nossa Gisele se conheceram há dez anos. E logo se casaram
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rada seguinte, já figurar como o substituto imediato do então
sua conta bancária alçarem voos tão longos quanto as bolas
titular, o experiente Drew Bledsoe. Foi aí que uma das maio-
que ele lança em profundidade. Segundo a revista Forbes, foi
res ironias da história do esporte aconteceu. Logo na segunda
o 15º atleta mais bem pago do mundo em 2016. Faturou cerca
partida do campeonato de 2001, os Patriots enfrentariam o
de US$ 28 milhões entre salários e bônus, mais US$ 8 mi-
arqui-inimigo New York Jets, uma espécie de Fla-Flu da NFL.
lhões em contratos publicitários. Possui (que se saiba) uma
Durante a peleja, o titular Bledsoe levou uma pancada tão forte
enorme casa de US$ 4,5 milhões em Massachusetts e um
de um defensor adversário que foi parar no hospital, com uma
apartamento de andar inteiro em Manhattan, avaliado em
hemorragia interna. A torcida nova-iorquina vibrou, sem saber
singelos US$ 14 milhões.
que o então desconhecido reserva dos Patriots se transformaria num algoz de seu time pelos 16 anos seguintes. Desde o dia em que Tom Brady assumiu o posto de quar-
Apesar disso, na vida pessoal Tom é bastante recluso. “Fico muito mais à vontade jogando diante de 70 mil torcedores do que falando duas frases na frente da câmera”, assume o cra-
terback principal, o esquadrão da Nova
que, que costuma fugir dos repórteres
Inglaterra venceu o de Nova York nada
como se fossem defensores adversá-
menos que 24 vezes, com apenas oito derrotas. Em sete oportunidades, os Patriots foram ao Super Bowl, levando a taça de campeão em cinco ocasiões, enquanto o rival Jets chegou, no máximo, à fase semifinal do torneio.
“Brady nunca se deixa abalar pela pressão. Ele parece um garotinho numa loja de doces” Kurt Warner, comentarista, sobre a atuação do quarterback no Super Bowl
perfeita com o técnico do time, o sisudo Bill Belichick, que, ao longo de uma década e meia, devorou recordes e passou a figurar como um dos maiores quarterbacks de todos os tempos (para muitos, o maior, superando, inclusive, o seu próprio ídolo de infância, Joe Montana). É raríssimo ver, no esporte mundial, uma
“É o que os competidores fazem: batalham sempre, estejam ganhando ou perdendo por 30 a 0” Bill Belichick, técnico, em 2011, profetizando sobre a virada que Tom Brady conseguiria no Super Bowl seis anos depois
cionalista. Uma dessas raras ocasiões foi no final de 2006, quando conheceu a modelo brasileira Gisele Bündchen – então já separada de Leonardo DiCaprio. Um amigo comum fez-se de cupi-
apaixonou e firmou um namoro quase imediato, mesmo sabendo que a ex de Brady, a atriz Bridget Moynahan, estava grávida – o que rendeu manchetes de sobra aos tabloides. Da antiga relação, nasceu o menino John Edward, em agosto de 2007. Do relacionamento com nossa compatriota à luz Benjamin (2009) e Vivian (2012).
neçam por tanto tempo juntos numa mesma equipe.
tre o atleta e a supermodelo. O casal se
(que virou casamento em 2009), vieram
dupla de técnico e jogador que perma-
Graças a isso, o californiano é figurinha carimbada na pequena
Não foi sorte, isso é bem claro. A cada ano, no longo perío-
Horizontina, Rio Grande do Sul, terra natal do clã Bündchen,
do de seis meses entre um campeonato e outro, enquanto a
assim como no Rio de Janeiro, durante o Carnaval ou em even-
maioria dos atletas tira férias, viaja, grava comerciais, engor-
tos da companheira. Numa dessas ocasiões, em 2012, revelou
da ou se mete em encrencas, Tom Brady treina fundamentos
ao jornal O Estado de S. Paulo que a cultura tupiniquim já é
com especialistas. “Quando você é o líder do time, não existe
parte de seu cotidiano: “Minha mulher só fala português com
dia de folga”, diz ele sobre tal obsessão. E não descuida um
nossos filhos. Na nossa casa, as pessoas que tomam conta do
minuto de uma rígida e polêmica dieta, baseada 80% em ve-
lar são brasileiras, minha mulher meio que importou o Brasil
getais e 100% livre de leite, cafeína, açúcar, gordura e, obvia-
para lá”.
mente, produtos industrializados. Tamanha determinação fez também sua popularidade e
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dios aos paparazzi e à imprensa sensa-
do e armou um encontro às cegas en-
Acusação de trapaça Brady desenvolveu uma química tão
rios. Por isso, poucas vezes deu subsí-
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Nem os eventuais reveses empanaram o brilho do superquarterback nesses anos todos. Em 2008, logo no começo do
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Com a mulher e o filho mais velho do casal, Benjamin. A família tem casa em Boston, apartamento em Nova York e passa férias em Horizontina
campeonato, uma grave lesão no joelho fez muitos acredita-
por quatro partidas. A polêmica punição parece ter garantido
rem que seria o final de sua carreira. Mas não foi – e Tom vol-
mais gana de vitória ao veterano de 39 anos de idade. Num
tou atuando ainda melhor. Recentemente, em 2015, recebeu
momento da vida em que a maioria dos seus pares já calçou
críticas por não comparecer ao tradicional encontro dos ven-
os chinelos e foi ver os jogos pela TV, o enfant terrible atuou
cedores do Super Bowl com o presidente dos EUA – então o
em 15 partidas seguidas, com a vitalidade de um garoto de 20
democrata Barack Obama. Críticas essas que se ampliaram
anos. E com a sabedoria e o conhecimento tático de quem há
em 2016, quando a mídia americana ventilou um suposto
quase duas décadas domina os gramados na liga mais rica,
apoio do craque ao candidato republicano à presidência do
popular e promissora dos EUA. Nem sequer cogita se aposen-
país; afinal, Brady e Donald Trump são amigos de longa data.
tar: “Não quero acordar pela manhã e me sentir aborrecido;
Muito pior, no entanto, foi a acusação de trapaça com a qual
meu maior medo na vida é não ter o que fazer”. Também não
lidou nos últimos dois anos. Durante uma partida de playoffs
almeja a previsível carreira de técnico no futebol americano:
em 2015, disputada sob frio intenso, os árbitros perceberam
“Eu não seria um bom treinador; não tenho nenhuma paciên-
que as bolas usadas por Tom estavam ligeiramente mais mur-
cia para isso”.
chas do que o regulamento prevê. Um fato que pôde ajudar
Tem cumprido a promessa e bem: ganhou o último Super
o quarterback a segurar e lançar melhor a oval em condições
Bowl de forma magistral, digna de um filme de Hollywood. A
climáticas polares como as daquele dia.
senhora Bündchen que se cuide. Aos olhos do mundo, Tom Bra-
Nunca foi provado que o atleta tivesse feito algo ilegal, ain-
dy já deixou de ser apenas “o marido da Gisele”. Se continuar a
da que o trambique em si fosse flagrante. Após uma longa ba-
brindar o universo esportivo com milagres como o do último dia
talha na Justiça americana, o quarterback acabou suspenso
5 de fevereiro, pode acabar ficando mais famoso que ela.
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DOS BYTES
AOS BILHÕES
Eles são brasileiros. E estão fazendo fortuna com aplicativos na internet
O
POR LUIZ MACIEL
FOTOS LUFE GOMES
começo foi uma pedreira. Rodrigo e os amigos estudavam de manhã, faziam estágio à tarde e passavam a madrugada em claro para poder navegar na internet pagando
apenas um pulso de telefone, da meia-noite às 6 da manhã. “Dormíamos umas três horinhas só, depois do jantar”, conta. O ano era 1998, época da internet discada, movida a lenha, quando ainda era preciso ter uma linha telefônica exclusiva para se conectar – precariamente – ao mundo virtual. Eram quatro ao todo. Os futuros engenheiros Rodrigo Borges, Romero Rodrigues e Ronaldo Takahashi, então colegas na Politécnica da USP, e Mario Letelier, estudante de administração, ambas no campus do Butantã, em São Paulo. Cada um em sua casa, diante do computador, eles pesquisavam ideias para desenvolver um aplicativo que atraísse consumidores em número suficiente para transformá-los – quem sabe? – em empresários bem-sucedidos na área digital. Quando precisavam se reunir, costumavam ir a alguma unidade do Fran’s Café aberta até altas horas.
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Mario Letelier: um dos criadores do site Buscapé, vendido por US$ 342 milhões
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Decidiram apostar em um portal de comparação de preços, no qual os internautas pudessem encontrar as melhores ofertas de produtos variados, sem precisar ligar para as lojas. E acertaram na mosca. O site, que ganhou o nome de Buscapé, virou um fenômeno de audiência e recebeu, dois anos depois, um aporte de US$ 3 milhões de investidores. Com esse empurrão, o portal cresceu, atraiu novos investimentos e incorporou seu maior concorrente, o Bondfaro. Passou a receber, também, propostas de venda cada vez mais tentadoras. Até que, em 2009, o quarteto de fundadores finalmente aceitou o lance milionário do grupo de mídia sul-africano Naspers – US$ 342 milhões por 91% do site. Bingo! Na trilha do pessoal do Buscapé, muitos outros brasileiros estão buscando a independência financeira na internet – e um punhado deles fazendo fortuna de verdade. O mais famoso é o mineiro Mike Krieger que, em 2010, aos 24 anos, criou, em dupla com o americano Kevin Systrom, nada menos que o Instragam, hoje com 600 milhões de usuários. O aplicativo foi negociado com o Facebook dois anos depois, por US$ 1 bilhão. “Vendemos porque precisávamos de mais infraestrutura”, contou em entrevista à revista Época.“Eu passava 24 horas por dia programando.” Não que Krieger, formado em engenharia pela Universidade Stanford, não gostasse de programar. É o que continua fazendo no Instagram, justamente porque adora. Mas sem sacrifícios. O carioca Marco DeMello, criador do antivírus PSafe, segue os passos da turma do Buscapé e de Krieger. For-
O aplicativo antivírus PSafe, do carioca Marco DeMello, foi lançado há seis anos. Já vale nada menos que R$ 1 bilhão. E continua se valorizando mês a mês
mado em engenharia de computação, Marco primeiro construiu uma sólida carreira como desenvolvedor de sistemas no vale do Silício, na Califórnia, para depois voltar ao Brasil e fazer seu lance. “Trabalhei dez anos na Microsoft, diretamente com o Bill Gates”, conta. “Fui responsável pela integração do Hotmail na empresa e pela reestruturação da segurança do Windows.” Quando percebeu que poderia ir além, Marco pediu demissão, juntou forças com dois sócios americanos e voltou ao Brasil em 2011 para lançar seu aplicativo, o primeiro de segurança online e gratuito no país. Três investidores acreditaram no potencial do produto e injetaram US$ 15 milhões na startup, logo na largada. Tem que ser gratuito A PSafe subiu como um foguete. Depois de se popularizar entre usuários de Windows, migrou para os smartphones do sistema Android e lançou outros aplica-
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FOTO: RICARDO BELIEL
DeMello trabalhou dois anos diretamente com Bill Gates JUNHO 2017
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Depois de 12 anos no sistema bancário, Macedo é seu próprio patrão 62
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tivos mais potentes, alguns deles pagos. Atraiu duas novas rodadas de investimentos, de US$ 30 milhões cada uma, e em 2015 seu valor de mercado foi avaliado em R$ 1 bilhão. Nesse mesmo ano, abriu uma operação no México. No ano seguinte, nos Estados Unidos. No início de 2017, alcançou as marcas de 100 milhões de downloads e de 21 milhões de usuários ativos no Brasil. Nos EUA já são 3,5 milhões de usuários e a empresa espera fechar este ano com 5 milhões. Marco DeMello evita falar sobre o desempenho financeiro da PSafe, mas dá uma boa pista: “Nós crescemos 300% em 2015, 350% em 2016 e esperamos avançar mais 300% este ano”, revela. Enquanto não desponta uma proposta suficientemente polpuda para ele e os sócios partirem para outro negócio, os planos de expansão continuam – e bastante acelerados. “Nossa meta é ser a maior empresa de aplicativos de segurança para smartphones das Américas e Europa Ocidental”, anuncia. “Em 2018 queremos entrar na Inglaterra e na Alemanha.” As startups de sucesso na internet podem emplacar rapidamente ou levar mais tempo para atingir o objetivo. Mas todas seguem o mesmo roteiro, que sempre começa com uma boa ideia. O segundo passo fundamental é juntar sócios com talentos complementares e extremamente focados no projeto. A partir daí, é preciso desenvolver um aplicativo que seja gratuito e fácil de ser entendido, para atrair usuários e investidores. “Se o produto não for oferecido de graça no começo, o público não vem. E se não houver muita gente acessando o aplicativo, os investidores também não aparecem”, explica André Macedo, criador de uma ferramenta digital que
A primeira investida de André Macedo fracassou. Na segunda, um software de gestão financeira, ele acertou a mão. A empresa foi vendida por dezenas de milhões de dólares
ajuda pequenas empresas a controlar o fluxo de caixa. André trabalhou 12 anos na área de TI de bancos antes de partir para um empreendimento na internet. Na primeira tentativa, em 2010, falhou. “Criei um portal para compra e venda de carros usados, mas não consegui captar os anúncios esperados”, relembra. Em 2013, voltou à carga. Junto com três sócios, desenvolveu o aplicativo de gestão financeira ZeroPaper e submeteu a proposta à aceleradora 21212, que selecionava startups para apoiar com capital e orientação mercadológica. A parceria deu certo. Investidor anjo De olho num possível grande retorno do investimento lá na frente, a 21212 convocou cinco mentores para aprimorar o aplicativo da ZeroPaper e abriu algumas portas importantes. Uma delas foi classificar o projeto entre os três mais promissores da etapa paulista de um concurso internacional de empreendedorismo. O resultado chamou a atenção da Intuit, empresa americana detentora de vários
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aplicativos de gestão financeira, que procurava uma brecha para entrar no Brasil. Em 2015, quando atingiu meio milhão de usuários, a ZeroPaper acabou comprada pela Intuit. O valor do negócio não foi divulgado, mas sabe-se que ficou na casa das dezenas de milhões de dólares. Além da grana, os fundadores da ZeroPaper garantiram uma pequena participação na empresa e André virou CEO da operação brasileira da Intuit, com direito a incorporar mais ações à medida que vá crescendo o número de usuários dos aplicativos de gestão – e hoje eles já são mais de 2 milhões no Brasil. No mundo das startups tecnológicas de sucesso, é comum a troca de papéis: investidor vira dono, desenvolvedor vira CEO profissional, ex-dono vira apoiador de empresas nascentes (o chamado investidor anjo). O que ninguém cogita é deixar esse jogo milionário, depois de fazer o primeiro pé-de-meia. Voltemos ao exemplo dos pioneiros da Buscapé. Romero Rodrigues, o líder da turma, seguiu comandando o portal por mais seis anos, até 2015, quando saiu para se associar ao Redpoint eventures. Trata-se de um fundo do vale do Silício especializado em botar fichas em startups que já mostraram a que vieram, mas ainda dependem de investimento para voar mais alto. O Redpoint tem 25 startups brasileiras no seu portfólio. Basta que uma delas repita o desempenho do Buscapé para dar ao fundo um retorno muitas vezes maior do que todo o investimento feito nas 25 até agora. Na mesma trilha de Romero, Rodrigo Borges associou-se não a um, mas a dois fundos de investimentos, o Domo e o Koolen & Partners, este último liderado pelo holandês Kees Koolen, um Midas da internet. Koolen fundou o
Na empresa de Marcelo Blay vive-se o pleno emprego. Ela tem 400 funcionários e está contratando outros 200. Para isso, mudará para um prédio de seis andares
Booking.com, ganhou uma bolada com ele em 2005 e investiu no Uber quando o aplicativo de transporte urbano valia US$ 100 milhões – hoje vale US$ 70 bi, por baixo. No Brasil, a Koolen & Partners aposta nas startups Loggi (uma Uber de motos), Hotmart (cursos online) e Ubook (audiolivros), entre outras. Corretora online Ronaldo Takahashi, o terceiro engenheiro da Buscapé, fundou a aceleradora Move2, para ajudar quem tem uma boa ideia, mas ainda não sabe o que fazer com ela. Mario Letelier também virou investidor anjo. “Tenho uma participação de 10% a 15% em 20 startups”, diz. “Algumas vão fechar, a maioria vai encontrar um equilíbrio financeiro e duas ou três podem dar muito certo. É preciso apostar em várias para acertar.” Mario foi o que mais demorou para voltar ao ninho: passou um ano viajando pelo mundo, abriu uma empresa de organização de corridas na China – onde morou por um bom tempo – e finalmente encarou um período de reciclagem no vale do Silício antes de virar sócio e mentor de startups em 2013.
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Já ofereceram R$ 500 milhões pela empresa de Blay. Ele não quis
Com seu novo blazer Balmain cbv mnczbv mcb
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Abrir uma empresa ancorada na internet também pode ser a evolução natural de um negócio familiar, como aconteceu com Marcelo Blay, idealizador da Minuto Seguros. “Sou engenheiro mecânico, mas sempre trabalhei na área de seguros, porque meu avô foi o fundador da Porto Seguro”, relata. Marcelo queria abrir uma corretora online que não se limitasse a dar uma lista de preços aos internautas. Para não errar o tiro, contratou a consultoria McKinsey, que investigou as experiências de sucesso em outros países e elegeu dois diferenciais para implantar na empresa. “O primeiro é dar mais informações ao cliente para ele tomar uma decisão”, ensina. “As corretoras convencionais costumam comparar preços de três ou quatro seguradoras, enquanto nós temos 14 no radar. O segundo diferencial é o tratamento atencioso, com alguém de carne e osso para atender os telefonemas.” Por causa desse último item, a Minuto Seguros tem 400 funcionários e prepara-se para mudar para um prédio próprio de seis andares, no centro de São Paulo, onde espera alojar um total de 600 colaboradores até o final do ano. Marcelo diz já ter recusado proposta de R$ 500 milhões para vender seu negócio. A bola da vez Um caso menos comum é o do investidor anjo que vira empreendedor, como ocorreu com Frederico Lacerda, da aceleradora 21212. Entusiasmado com as pesquisas que sua mulher, Isabella Botelho, fazia na área de Recursos Humanos, Frederico fundou com ela a Pin People, uma startup que criou uma metodologia para a seleção de profissionais e retenção de talentos em empresas. Com base em questionários e
O caso do sorridente Frederico Lacerda é menos comum na área. Ele era investidor. Mas percebeu que podia ganhar muito com uma ideia própria. Foi à luta. E se deu muito bem
no cruzamento de dados, coletados inclusive em redes sociais, a Pin People traça perfis e atribui notas de compatibilidade entre os candidatos e os cargos oferecidos. Seu banco de dados, que cresce a cada consulta, já tem 40 mil nomes. “Nossa experiência mostra que candidatos com uma nota de compatibilidade alta têm mais chance de permanecer nas empresas e se tornar grandes profissionais”, diz Frederico. Ele cita estudos que mostram que um funcionário que não para no emprego dá ao contratante um prejuízo da ordem de 90% a 200% do salário anual do contratado. “Nos Estados Unidos, segundo o Gallup, a falta de engajamento no trabalho representa perdas de US$ 500 bilhões anuais para as empresas”, acrescenta. E, já que o assunto são bilhões, vale encerrar com dados que mostram como os aplicativos mobile são a bola da vez. O número de downloads em smartphones bateu novo recorde em 2016, alcançando 149,3 bilhões e movimentando US$ 61,8 bilhões, segundo a consultoria americana App Annie. E a previsão para 2017 é de 197 bilhões de downloads e US$ 82,2 bi de faturamento global. Para 2021, a consultoria aposta em 352,9 bilhões de downloads e US$ 139,1 bi de receita. Que tal?
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Com seu novo blazer aBalmain cbv mnczbv mcb
Lacerda criou, com a mulher, um aplicativo para a รกrea de Recursos Humanos
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MUNDO SEM FRONTEIRAS CARRO
O MITSUBISHI ASX 2018 FUNCIONA AGORA COM ETANOL OU GASOLINA. E MANTÉM SUA VERSATILIDADE DE CROSSOVER ON E OFF-ROAD POR MÁRCIO ISHIKAWA, DE JAGUARIÚNA FOTOS MARCELO SPATAFORA
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Na terra ou no asfalto, a versatilidade tĂpica de um crossover
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(ou mais), quem vai recusar? E, quando se fala
A
to estufa. Na versão 2WD, abastecido com gasolina,
de automóvel, a história não é diferente. Veja o
suas marcas são de 9,8 km/l na cidade e 12,6 km/l
caso do ASX, crossover produzido na fábrica da
na estrada. Comparada à versão 2017, trata-se de um
Mitsubishi Motors em Catalão (GO). Ele é a tradução perfeita
ganho no consumo de 4,2% e 17,8%, respectivamente.
desse conceito. Conhecido pela praticidade no dia a dia urba-
A versão 4x4 é impressionante: 10,1 km/l no uso urbano
no, mas com disposição de sobra para encarar uma boa trilha,
(+7,5%) e 12,3 km/l no rodoviário (+18,3%).
vida contemporânea demanda versatilidade. Afinal, se podemos ter o melhor de dois mundos
o Mitsubishi ASX chega à versão 2018 recheado de novidades. Debaixo do capô, o ASX agora carrega o novo motor bicom-
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PRAZER AO DIRIGIR
bustível 2.0 FFV, com bloco e cabeçote de alumínio ultraleve.
Mas há outros responsáveis por números tão excepcionais
Além de poder escolher entre etanol e gasolina na hora de
no consumo. O ASX 2018 conta agora com pneus verdes, de
abastecer, o motorista ainda ganhou potência e economia.
baixa resistência ao rolamento, e também com um novo câm-
Com etanol, o novo motor entrega 170 cavalos e 23 kgfm de
bio continuamente variável, que é 26% mais eficiente. Ou seja:
torque (com gasolina foram mantidas as ótimas marcas de
não só economiza combustível como oferece mais prazer ao
160 cavalos e 22 kgfm). Melhor ainda: o novo motor, mais efi-
pilotar. Em poucos minutos você constata que a oitava gera-
ciente e econômico, emite menos poluentes e gases do efei-
ção da transmissão CVT ficou muito mais esperta: basta en-
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Fácil de dirigir, ele funciona com seis relações de marcha predetermindas
(Intelligent & Innovative Vehicles Electronic Control System), exclusivo da Mitsubishi. Ele analisa se o motorista está dirigindo de forma mais esportiva ou econômica, cruza os dados com as condições de utilização e, a partir daí, define a variação das rotações. Tudo para otimizar a performance com economia de combustível. DESIGN ARROJADO costar o pé no acelerador que o motor reage de imediato. Uma delícia.
A reestilização deixou o visual do ASX ainda mais futurista, cheio de estilo e personalidade, com destaque para o design
Quem gosta de se sentir no controle da máquina conta com
do para-choque, agora com detalhes cromados que invadem
o sistema sequencial Sport Mode. Ele funciona com seis re-
os faróis. Compacto, o ASX 2018 facilita a vida nas manobras
lações de marcha predeterminadas e simula as trocas como
de estacionamento ou no trânsito apertado da metrópole. O
em um câmbio automático controlado por meio dos paddle
carro mantém ainda o visual robusto – uma característica re-
shifters atrás do volante. Em um trecho sinuoso de estrada,
forçada pela linha de ombro elevada e a boa distância da car-
são quilômetros de diversão garantida!
roceria em relação ao solo.
A transmissão ficou também mais silenciosa. Isso porque
Ao mesmo tempo, porém, ele passa longe do estereótipo
o câmbio CVT é gerenciado pelo sistema eletrônico INVECS III
de brutamontes. As linhas aerodinâmicas imprimem leveza, JUNHO 2017
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Para o novo ASX, tanto faz asfalto ou terra batida. Ele mantém a estabilidade e a segurança em qualquer terreno 72
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No renovado design, arrojado, os detalhes cromados invadem os faróis
graças aos suaves vincos laterais e à ligeira curvatura do teto e capô. Tanto que o coeficiente de arrasto aerodinâmico do veículo é de apenas 0,33. A versão 2018 ganhou novas rodas de aro 18 diamantadas, que conferem ainda mais elegância ao carro; enquanto a antena de teto do tipo barbatana de tubarão deu
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Elegante, o interior tem painel de instrumentos com marcadores de aro prateado, iluminação branca e tela LCD colorida de alto contraste
Nas versões com tração nas quatro rodas, o ASX ganhou um novo sistema multimídia: tela de 6,75 polegadas sensível ao toque, sistema operacional Apple CarPlay ou Android Auto, acionamento por comandos de voz, entradas USB e para iPod, áudio player MP3/WMA e vídeo player MP4/RMVB.
toque especial de esportividade. As versões 4WD, com tra-
Os bancos de couro têm um agradável formato anatômico
ção nas quatro rodas, receberam novas molduras esportivas
e os passageiros da versão 4WD topo de linha podem desfru-
nas caixas de roda.
tar do teto panorâmico Sky View. Seja numa manhã azul ou
Elegante, o interior tem painel de instrumentos com marca-
numa noite estrelada, ele permite ampla visão do céu e dá
dores de aro prateado, iluminação branca e tela LCD colorida
aquela sensação de liberdade quando se pega a estrada num
de alto contraste (computador de bordo com 12 funções). O
dia de tempo bom. E, já que tocamos no assunto, o porta-ma-
novo volante, mais requintado, traz acabamento cromado e
las ganhou 15% de espaço: leva agora 473 litros. E tem piso
black piano, com a inclusão dos comandos de voz e telefone.
rebaixado, verdadeira mão na roda na hora de carregar ou des-
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O novo volante, mais requintado, traz acabamento cromado e black piano, com a inclusão dos comandos de voz e telefone
carregar. Na parte central do banco traseiro, uma abertura no
o veículo se movimente para trás durante partidas em aclives,
encaixe do apoio de braço permite o acesso direto ao porta-
ou para frente, em declives), câmera de ré e sensores de esta-
-malas e a passagem de pequenos objetos.
cionamento. As versões com tração integral possuem alguns mimos ex-
SEGURANÇA E TECNOLOGIA
clusivos, como o destravamento das portas por aproximação,
A segurança foi outro fator que mereceu destaque na ver-
partida sem chave, sensores crepuscular e de chuva, sistema
são 2018 do ASX. Com nove airbags, ele recebeu nota máxima
Isofix de fixação de cadeirinhas infantis no banco traseiro,
em segurança e o selo Top Safety Pick Plus na avaliação do
aquecimento nos bancos dianteiros e ajustes elétricos para o
IIHS (Insurance Institute for Highway Safety), principal enti-
motorista. Além disso, o ASX 4WD possui sistema eletrônico
dade independente de segurança automotiva nos Estados
de seleção de tração. Há três modos: 2WD (tração em duas
Unidos.
rodas, indicada para uso urbano, com mais conforto e econo-
A partir da versão 2018, também os modelos 2WD conta-
mia de combustível); 4WD (tração nas quatro rodas, indicado
rão com controle de estabilidade e tração. Esse salva-vidas
para trechos sinuosos) e LOCK (assegura que a tração 4x4 fi-
eletrônico intervém ao detectar que o motorista está prestes
que engatada o tempo todo, proporcionando mais segurança
a perder a frente ou a traseira do veículo, impedindo que o
em pisos de pouca aderência). Ou seja: ao simples toque de
carro saia de sua trajetória na curva. Outros itens presentes
um botão no console central, você pode sair do escritório e
em todas as versões são: assistente de subidas (impede que
encarar com tranquilidade as estradas de terra. JUNHO 2017
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O PAÍS DO CERVEJODUTO NENHUM OUTRO NO MUNDO LEVA A CERVEJA TÃO A SÉRIO QUANTO A PEQUENA E ORGULHOSA BÉLGICA POR LUIZ MACIEL
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Bruges está no roteiro dos apreciadores de cerveja
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A
bela cidade belga de Bruges, fa-
seja o aperitivo, o prato principal ou a sobremesa servida num
mosa pelas impecáveis constru-
restaurante belga, sempre haverá ótimas opções de cervejas
ções medievais e pelos canais
locais para acompanhar cada etapa da refeição. O que inclui
que lhe deram o título de “Veneza
também os exemplares mais alcoólicos, indicados como di-
do Norte”, ganhou recentemente
gestivos, que fecham o repasto com a mesma classe de um
uma curiosa atração: o primei-
Porto ou um jerez.
ro cervejoduto do mundo. É isso
Há um pouco de tudo nas prateleiras de bares e lojas de
mesmo. Um sistema para trans-
bebida da Bélgica. Cervejas leves e refrescantes, como a popu-
portar cerveja através de dutos
lar pale ale, ou mais ácidas, como as lambic, feitas com lúpulo
subterrâneos, com o qual a tradi-
envelhecido e grande sortimento de leveduras. Cervejas de
cional cervejaria De Halve Maan passou a evitar a sacolejan-
trigo, claras e agradáveis, e aquelas aromatizadas com frutas
te viagem de caminhão entre a sua área de produção e a de
e especiarias, nas cores mais diversas. Cervejas bem suaves,
engarrafamento, pelas apertadas ruas de pedra de Bruges. O
como as que os monges trapistas preparam para consumo
ganho de tempo com essa inovação nem é tão grande, já que
próprio, com apenas 1% de álcool, ou com teor alcoólico mui-
a bebida desliza lentamente pelos tubos, levando 50 minutos
to mais alto, ao redor de 10%, vendidas por esses mesmos
para percorrer pouco mais de três quilômetros. Mas é uma
monges.
alternativa que simplifica muito o transporte e, sobretudo, dá
Ao contrário dos alemães, que desde 1516 seguem a Lei da
uma garantia adicional à qualidade do produto – o que bastou
Pureza baixada pelo duque da Baviera, segundo a qual a cerveja deve ser fabricada apenas com
para justificar a obra. Cerveja é coisa muito séria na Bélgica. O cervejoduto de Bruges só se materializou graças a um crowdfunding que levantou 300 mil euros entre os consumidores, um recorde no país. Em contrapartida, os parti-
Os alemães usam só água, malte, lúpulo e levedura nas cervejas. Já os belgas não são puristas. Daí o país ter mais de 1.500 variedades
cipantes dessa inédita vaquinha ganharam o direito de receber da cervejaria uma garrafa diária de 300 mililitros pelo resto da vida. Um bom negócio para todos.
gica sempre estimulou a experiência com outros ingredientes. “O uso de especiarias, por exemplo, vem desde a Idade Média”, conta o sommelier e professor de cursos de cervejaria René Aduan. “Daí para adicionar açúcar, frutas e testar leveduras e
novas maneiras de processar o malte e o lúpulo foi um passo.” À frente dessa experimentação sempre estiveram os mon-
Os belgas têm pela cerveja a mesma devoção que os vi-
ges beneditinos, empenhados em fermentar bebidas para se
zinhos franceses demonstram pelo vinho. Se os franceses
hidratar na Idade Média, diante da dificuldade de se encontrar
aprenderam a identificar as cepas de uva ideais para cada re-
água de boa qualidade com as frequentes epidemias de pes-
gião do país – ou para cada encosta de montanha, para ser
te. Segundo a lenda mais corrente, foi o bispo Arnold de Sois-
mais preciso –, e são capazes de produzir vinhos para har-
sons (1040-1087), baseado em Flandres, quem abriu os olhos
monizar com qualquer tipo de comida ou estado de espírito,
da população para as vantagens de tomar cerveja em vez de
os belgas não ficam atrás no seu apurado culto à cerveja. Ao
água, uma vez que os processos de fervura e fermentação ga-
longo de séculos de dedicação cervejeira, os belgas desenvol-
rantiam uma bebida livre de contaminação. “Do suor do ho-
veram estilos bastante originais da bebida (veja quadro), que
mem e do amor de Deus veio a cerveja ao mundo”, apregoava
deram origem às muitas variedades hoje disponíveis no país –
Arnold, que virou santo e padroeiro dos cervejeiros.
mais de 1.500, segundo estimativas oficiais. Não importa qual
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água, malte, lúpulo e levedura, a Bél-
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As abadias, naquela época, eram verdadeiros centros de
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DIVULGAÇÃO
A cervejaria da fábrica De Halve Maan, em Bruges
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A Grand Place de Bruxelas ĂŠ considerada, sem favor nenhum, uma das mais belas do mundo
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© WBT/ DENIS ERROYAUX
Abadia de Orval: aqui se produzem abençoadas cervejas
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pesquisa dedicados à agricultura, à pecuária e à produção de
hoje funciona o elegante restaurante Le Cygne, em cuja entra-
vinho ou cerveja. Enquanto o vinho era a bebida diária no sul
da há uma placa alusiva a essa curiosidade histórica.
da Europa, no norte do continente a opção natural dos mon-
Outro grande atrativo da Bélgica são seus chocolates ar-
ges foi fabricar cerveja, uma vez que o solo e o clima daquelas
tesanais, feitos com no mínimo 35% do melhor cacau e um
latitudes eram mais favoráveis ao cultivo de lúpulo e cereais
capricho de dar inveja aos suíços. Mas nada deixa os belgas
do que aos vinhedos.
mais orgulhosos do que a excelência da sua cerveja – reco-
Espremida entre a França, a Alemanha, a Holanda e a pe-
nhecida não só pelos apreciadores do mundo todo como tam-
quena Luxemburgo, a Bélgica é um país discreto, com área
bém pela Unesco, que em novembro de 2016 elevou a bebida
pouco maior que a de Alagoas. Duas das figuras mais céle-
nacional a Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, uma
bres do país, o herói adolescente Tintim e o detetive Hercule
honraria única. “É possível que a maior variedade de tipos de
Poirot, são personagens de ficção. Outros, como os pintores
cerveja seja produzida hoje nos Estados Unidos. Mas o país
Peter Paul Rubens e René Magritte, o cantor Jacques Brel e
que primeiro apostou na diversificação dessa bebida foi a Bél-
o ator Jean-Claude Van Damme, são frequentemente confun-
gica, sem dúvida alguma”, observa o sommelier René Aduan,
didos com franceses. O país não tem uma língua própria: fala
que frequentemente participa como jurado em degustações
flamengo na região de Flandres, que fica ao norte; francês na
internacionais de cerveja.
Valônia, ao sul, e alemão em alguns condados. Quem visita a
Não à toa, ficam na Bélgica seis dos 11 mosteiros benediti-
Bélgica, porém, encontra preciosidades que lamenta não ter
nos autorizados a fabricar cerveja no mundo – os restantes es-
descoberto antes, de tão boas.
tão na Holanda (dois deles), na Itália, na Áustria e nos Estados
A mais evidente é a beleza de suas cidades, com casario
Unidos. Eles formam um grupo de exceção dentro da Ordem
bem cuidado, trânsito ordeiro e praças magníficas – com des-
Trapista, que congrega 171 abadias no total, cujo lema “ora et
taque para a Grand Place de Bruxelas, rodeada de prédios
labora” abrange não só uma vida de recolhimento e oração, mas
seculares com fachadas revestidas de ouro. Essa praça, con-
também uma rotina de trabalho duro na produção de alimen-
siderada com justiça uma das mais belas do mundo, também
tos. Os seis mosteiros belgas da lista de exceção beneditina
é conhecida por ter sido o ponto de encontro favorito de Marx
também produzem pães, queijos e geleias muito apreciados
e Engels enquanto engendravam o Manifesto Comunista, di-
pelas comunidades ao redor. Mas são suas bebidas fermenta-
vulgado em 1847. O nome do modesto bar em que se reuniam
das que garantem a eles uma estabilidade econômica de fazer
perdeu-se com o tempo, se é que tinha um, mas em seu lugar
inveja às abadias comuns. Com as bênçãos, claro, de St Arnold.
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LAMBIC
WITBIER
FOTOS; DIVULGAÇÃO
TRAPISTAS
STRONG ALE
SAISON
RED ALE
APRECIE ESTA TRADIÇÃO As cervejas que não podem faltar numa degustação belga TRAPISTAS São as cervejas mais famosas do país, produzidas nos mosteiros Westmalle, Rochefort, Westvleteren, Achel, Orval e Chimay. Não seguem um estilo único, mas em geral são bastante frutadas. O teor alcoólico varia de acordo com as classificações Enkel (leve), Dubbel (médio), Trippel (forte) e Quadruppel (muito forte). LAMBIC É produzida com malte de cevada e de trigo, a partir de fermentação espontânea, ou seja, com os micro-organismos encontrados na atmosfera. Esses ingredientes, mais o lúpulo com três anos de envelhecimento, resultam numa cerveja
bem ácida e de pouco amargor. Com a adição de frutas, dá origem a diversos blends conhecidos como Gueuze, Fruit Lambic e Faro, entre outros. WITBIER Clássica cerveja de trigo, que pode ser aromatizada com laranja, limão e coentro. É uma opção leve e refrescante, bastante popular nos dias de calor. STRONG ALE Uma variedade bem interessante, de sabor complexo, com notas de abacaxi e maracujá. Passa por alta fermentação, o que lhe garante um teor alcoólico robusto, mas é fácil de beber e bastante apreciada pelos belgas. As
marcas mais populares são a Duvel e a Delirium Tremens. SAISON Típica da Valônia, é uma cerveja com uma pegada selvagem, terrosa, que ganha complexidade com a segunda fermentação na garrafa. A adição de especiarias propicia sabores bem peculiares. RED ALE O envelhecimento de oito a 18 meses em barris de carvalho reforça o seu tom de vermelho-escuro, puxando para o marrom. A oxidação após a fermentação a deixa bastante ácida, a ponto de lembrar um vinagre balsâmico. Para paladares educados.
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MUNDO SEM FRONTEIRAS BÉLGICA
AS CERVEJARIAS QUE ESTÃO NO MAPA Um roteiro pelo que o país tem de melhor
N
um país com tanta variedade
Bruxelas, comece o roteiro por Achel,
abadia mais receptiva ao visitante,
de cervejas, a maioria delas
na divisa com a Holanda, ao norte,
oferecendo inclusive a opção de
artesanais, é muito fácil se dar
que produz duas refrescantes bebidas
pernoite em sua pousada. As quatro
por satisfeito experimentando bares
douradas, com 5% e 8% de álcool –
cervejas com a marca do mosteiro
e cervejarias ao acaso, seja na capital
a abadia também vende pães, queijos
fazem uma união abençoada com os
belga ou em cidadezinhas perdidas
e copos especiais. Dali, aproveite
queijos também produzidos pelos
do interior. Alguns endereços, porém,
para visitar o mosteiro La Trappe,
monges. Bem perto fica o mosteiro de
são obrigatórios aos apreciadores
na Holanda, que fica a apenas 60
Rochefort, talvez o mais reservado
mais dedicados. Os mais óbvios e
quilômetros – organize-se para chegar
de todos, cujos monges não gostam
concorridos ficam na Grand Place de
antes das 14h, quando começa a visita
de ser chamados de cervejeiros – eles
Bruxelas ou nas suas imediações, como
guiada. A abadia holandesa fabrica
estão cervejeiros para continuar a
o centenário pub A La Mort Subite
oito tipos de cerveja, que podem ser
ser monges, dizem. Bem, estão assim
(alamortsubite.com), o Delirium Café
provadas num menu-degustação.
desde 1595, quando começaram a
(www.deliriumcafe.be) – citado no
fermentar cereais. Se não conseguir
Guinness por ter o cardápio de cerveja
ainda no norte da Bélgica, perto de
entrar na abadia, prove as cervejas
mais variado do mundo, com 3.162
Antuérpia, que é um mosteiro mais
produzidas ali nos restaurantes
rótulos – e o Moeder Lambic, cujo
reservado. Os monges locais não
da cidade de Rochefort. As mais
nome deixa claro sua especialidade.
incentivam as visitas às instalações, mas
especiais são as Quadruppel de 9,2%
às vezes abrem exceções – não custa
e 11,3% de álcool. A primeira tem
Maan (www.halvemaan.be) oferece
tentar. De qualquer maneira, deleite-se
cor de cobre-escuro e é encorpada,
bar, restaurante e visita guiada às suas
com as três cervejas muito especiais
com notas de figo, açúcar mascavo e
instalações, distribuídas pelos vários
produzidas ali, incluindo uma Trippel
coentro. A segunda, um pouco mais
andares de um predinho apertado, com
amarelo-ouro, com 9,5% de álcool e
clara e de sabor defumado, lembra
direito a foto do cervejoduto. Já para
aroma de lúpulo e banana madura.
figos, uvas-passas e anis.
provar outras cervejas belgas, o melhor
Em seguida, contornando o mapa da
lugar da cidade é o De Beer Wall,
Bélgica na direção sudoeste, vá para
a França, é o mosteiro de Orval, que
cervejaria com mais de 800 opções da
Westvleteren, a abadia que, segundo
foi destruído na Revolução Francesa
bebida. Tem vários ambientes, incluindo
muitos apreciadores, faz a melhor
e reconstruído nos anos 1920, graças
uma área ao ar livre, à beira de um
cerveja do mundo. Faça você o próprio
à renda da produção de cerveja. Sua
canal, onde é permitido fumar.
julgamento, provando a Blond cor de
especialidade é uma Blond amarga com
palha de final marcantemente amargo
6,5% de álcool e final que lembra cidra.
alugue um carro e reserve ao menos
e sua famosa Quadrupple em tom de
Se tiver curiosidade de experimentar
três dias na sua agenda de viagem,
ferrugem, com 10,2% de álcool, lúpulo
a suave Petit Orval, reservada aos
para poder apreciar a experiência com
pronunciado e notas de açúcar e cacau.
monges, vá ao pub vizinho Ange
Em Bruges, a fábrica De Halve
Para visitar os mosteiros trapistas,
calma e não rodar muitos quilômetros depois das degustações. A partir de 84
A próxima parada é Westmalle,
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Chimay, já no sul do país, pode não ser tão famosa, mas é a
A última escala, já na fronteira com
Garden, único posto de venda autorizado dessa variedade.
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NIK NEVES
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MUNDO 4x4 OVERLANDING
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A
J O R N A D A
É
O
D E S T I N O
Conheça os aventureiros que percorrem o planeta dirigindo seus Mitsubishi 4x4. E não querem outra vida POR JULIO CRUZ NETO
O salar de Uyuni, na Bolívia, foi um dos cenários das aventuras
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MUNDO 4x4 OVERLANDING
N
a hora de viajar, a maioria das pessoas escolhe o meio de transporte mais rápido para aproveitar melhor o destino. Mas muita gente considera o percurso tão importante quanto o lugar de chegada – ou até mais. Mesmo que o percurso seja demorado e cheio de obstáculos. Overlanding ou overland é um termo australiano que originalmente designava a aventura de conduzir rebanhos por longos percursos, a cavalo. Hoje, ele é feito de 4x4. Veja aqui cinco
adeptos da modalidade, quatro brasileiros e um indiano. Com espírito de aventura, planejamento e boa dose de improviso, eles desbravaram estradas e trilhas mundo afora.
FOTOS: ARQUIVO PESSOAL
NO DESERTO DE SAL
Edson, a mulher e os dois filhos no salar de Uyuni: 8.300 quilômetros na América do Sul
Peru. O de Edson e mais um rumaram
8.300 quilômetros rodados. A família
por dois filhos, Edson Bailune
para o deserto do Atacama, passando
compartilhou cenários incríveis e
deixou Petrópolis, na Serra
pelo salar de Uyuni. Logo estariam
voltou para casa com lembranças
Fluminense, em direção aos Andes,
apreciando uma das regiões mais exu-
inesquecíveis na memória e para
numa expedição composta por dez
berantes da América do Sul.
contar aos amigos. “Passamos pelas
O começo do trecho boliviano foi
lagunas todas, a região é maravilhosa”,
Corumbá (MS) e entrou na Bolívia.
atrapalhado. Edson seguiu coordenadas
conta. “Você pode olhar a foto que for,
Apenas 500 quilômetros separavam
incorretas e, já dentro da imensa
mas jamais terá uma ideia do que é
o grupo da primeira parada, em Santa
planície salgada de Uyuni, percorreu
ver aquilo pessoalmente, o colorido
Cruz de la Sierra. “Era um atoleiro
100 quilômetros inutilmente. Voltou
surreal das montanhas.” E finaliza: “Sou
brabo”, conta Edson, dono à época
tudo atrás e tentou abastecer, mas
experiente em viagens de aventura,
de um Mitsubishi Pajero Full GLS. “A
encontrou a bomba do posto quebrada.
mas essa foi a mais marcante”.
gente não conseguia passar dos 30
Mesmo assim
quilômetros por hora, mas o Pajero
seguiu viagem, de
seguiu firme.”
olho no ponteiro
carros. O comboio saiu do Brasil por
Ao sair de casa, a família
desperdício. O
adversas, com o veículo abastecido
tanque tinha a
de mantimentos, especialmente
quantidade exata.
desidratados e enlatados. “Ter comida e
Não podia errar o
água é fundamental”, ensina Edson. “O
caminho de novo.
estresse da fome e da sede atrapalha
E não errou.
muito: é isso que gera discussão e briga
Enfrentou
a bordo.” Para evitar problemas, só de
desafios, é
água, ele levou 60 litros.
verdade, mas
Chegando a Santa Cruz, o grupo se dividiu. Oito veículos seguiram para o 88
e evitando
estava preparada para situações
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venceu todos. No total, foram
MAPAS: LUIZ MARTINI
A
companhado pela mulher e
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O FILHO NO MUNDO REAL
C
aio é um garoto de sorte. Tem
combustível seria suficiente para che-
apenas 13 anos e já esteve no
gar ao posto seguinte. O garoto, então
Pantanal, nos Lençóis Mara-
com 10 anos, cumpriu a missão. Tam-
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© ISTOCK
Paulo e o filho Caio: nos confins da Amazônia
nhenses, na Serra Gaúcha, na Chapada
bém adorou dormir na barraca no meio
Diamantina, na Patagônia. Há três anos,
do mato, acordar à noite e apreciar o
encarou a rodovia Transamazônica. Era
céu estrelado. E mostrou disposição
uma expedição que começava e termi-
para um asseio pessoal bem diferente
nava em Porto Velho (RO). Por
do rotineiro. “O Caio achou estranho na
mas é muito fake. Tenho um amigo que
5 mil quilômetros, ele viajou numa
primeira vez em que soube que tomaria
leva o filho todo ano para lá. Daí pergun-
L200 Triton Savana, pilotada pelo pai,
banho no rio”, conta o pai. “Mas, na
to: ‘Já levou seu filho numa cachoeira
Paulo Kalassa, hoje com 43 anos.
segunda, já estava pulando sozinho
de verdade?’.”
Houve uma série de sustos, o que é inevitável numa região de infraestrutu-
na água.” Numa viagem
ra precária. Num dia de chuva, com a
overland, ressalta
pista de terra molhada, um dos carros
Paulo, o viajante
deslizou e desceu a ribanceira, coisa
tem de cuidar da
de 5 metros. Em outro ponto, o grupo
roupa, fazer comi-
foi obrigado a fretar uma balsa que
da, lavar a louça.
extorquiu R$ 1.500 de cada veículo. O
“São experiências
barqueiro disse que era perigoso atra-
únicas, por isso
vessar o carro junto com passageiros
viajo frequen-
da região, onde havia muitos assaltos.
temente com
Mas o grande barato da viagem
minha família”,
foi a convivência entre pai e o filho, o
conta. “Não tenho
compartilhamento de aprendizados.
nada contra a
Caio era o responsável por calcular se o
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MUNDO 4x4 OVERLANDING
LEITE DE CAMELA
Q
ao volante de seu Mitsubishi Pajero
trada, surpresas de todo tipo po-
2001, que na época já havia rodado
dem ocorrer. Quando o destino
200 mil (!) quilômetros. O carro, segun-
fez uma parada para descansar e tomar
são montanhas nevadas, então, pode-se
do ele, portou-se de modo impecável.
chá, uma tradição indiana. Mas a bebida
esperar doses extras de emoção. O fato
“Parecia que eu tinha acabado de tirá-lo
tinha um toque diferente. Na falta de
mais inusitado, porém, pode estar onde
da concessionária”, lembra-se. “Eu diria
leite industrializado, serviram leite fresco
menos se desconfia.
que o carro é à prova de balas, de tão
de camela. Tejas conta que alguns gosta-
confiável.”
ram. Outros, porém, como ele, acharam
Em fevereiro do ano passado, o
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da epopeia foi mesmo para o paladar.
uando um overlander cai na es-
Num ponto da viagem, a caravana
o gosto estranho, “meio azedo”. Deu
indiano Tejas Kothari, 39 anos, partiu
Quanto às rodovias, bem, a terra de
de Mumbai com um grupo de amigos
Ghandi não é exatamente um exemplo
vontade de jogar fora. Mas Tejas tomou
para uma viagem rumo ao norte do país,
de sociedade organizada. “Dirigir na
tudo. “Na nossa cultura, é indelicado
onde fica a parte sul da cordilheira do
Índia é sempre um desafio porque as leis
deixar comida ou bebida, mesmo que
Himalaia. Fizeram o percurso todo, de
de trânsito nem sempre são respeita-
você não goste”, explica. “E não gosta-
quase 2 mil quilômetros, em apenas 48
das, as estradas nem sempre são boas e
mos de desperdiçar, porque tem gente
horas. Cruzaram o deserto e passaram
as regras podem mudar de uma região
que morre de fome no nosso país.”
quatro dias curtindo a neve nas monta-
para outra”, afirma Tejas. Segundo ele,
nhas. De um dia para o outro, saíram de
não é bom transitar à noite porque mui-
uma temperatura de 40º C para - 8º C.
tos caminhoneiros dirigem na contra-
Era um grupo de seis carros. Tejas,
mão. O ideal é pesquisar bastante antes
em companhia de dois amigos, estava
de sair de casa. Agora, o grande desafio
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Tejas, o Pajero 2001 e o Himalaia: companheiros de aventura
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TESTEMUNHA OCULAR
F
ábio Simonetti gosta de explorar trilhas fora do comum. Já viajou até para as Guianas e o Suriname. Mas foi na Venezuela que o ponteiro da emoção subiu mais alto. A
viagem de 2015 das Expedições Acauã, projeto criado por um grupo de amigos, passaria por três países: Peru, Colômbia e Venezuela, cobrindo 14.500 quilômetros. Nos dois primeiros países, tudo correu bem. Mas na hora de entrar na Venezuela
Fábio com um militar venezuelano em dia de exército na rua em Caracas
com seu Mitsubishi Pajero TR4 a chapa esquentou. Primeiro, Fábio foi barrado na fronteira. Só conseguiu atravessar pagando propina, uma das várias pressões que ele diz ter sofrido “em nome da governabilidade do país”. Em território venezuelano, presenciou “filas enormes” nos supermercados e hotéis de luxo vazios “mesmo cobrando barato”, entre outros sinais do momento complicado que o país vive. Ao chegar em Caracas, a coisa piorou. A caminho do hotel, o grupo foi intimidado por dois motoqueiros vestidos de preto, que ficavam acelerando e aterrorizando. No quarto, Fábio ouviu barulhos estranhos vindos da rua. Desceu até a recepção e ficou sabendo que o então prefeito, Antonio Ledezma, havia acabado de ser preso. Exército na rua, clima de instabilidade. Era mais sensato deixar os carros estacionados no hotel. Fábio saiu para passear de táxi. Tentou conhecer o museu Simón Bolívar, mas estava fechado para reformas. Também não teve acesso ao Parlamento e a uma série de locais que gostaria de ter visitado. Teve de se contentar com o mausoléu de Hugo Chávez, onde recebeu um gibi do personagem Chavinho contando a história do ex-presidente. Apesar dos sustos e das limitações, Fábio queria mais. “A história passou pelas minhas mãos, mas eu deixei passar”, lamenta. “Queria ter ficado, conversado com as pessoas – a história da Venezuela estava sendo feita ali, naquele momento.”
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MUNDO 4x4 OVERLANDING
CAÇADOR DE RALIS em dormir. Foi conversar com
competir. Tem gente que vai
alguns argentinos e soube que
para acompanhar. Wagner
eles sairiam às 4h rumo a um local
de seguir por onde os competidores
exclusivo para assistir à corrida.
haviam passado. O piso, de areia,
Cipolla, 55 anos, não disputou o Dakar de 2011. Mas trafegou por 8.500
estava todo cavado, com fendas
quilômetros, uma parte deles em trilhas
comboio de 12 camionetes, seguindo
profundas causadas pelos pneus dos
pesadíssimas, com sua L200 Triton,
um trator cujo dono disse conhecer o
caminhões. “Saímos em grupos de três
ao lado do filho Guilherme Cipolla,
lugar. “Após duas horas de trilha travada,
veículos por uma trilha muito ruim por
20. “Eu faria tudo de novo”, diz.
chegamos em um ponto dentro de
uns 10 ou 12 quilômetros”, rememora
um rio seco no meio de uma grande
o overlander, que contou com a força
Tucumán e Jujuy, na Argentina. Era
savana.” Quando o sol surgiu, apareceu
do carro e o espírito de equipe. “Mas
meia-noite e a etapa do dia seguinte
um helicóptero da organização. Bom
conseguimos fazer o que gostamos
começaria às 7h. Wagner, embora
sinal. Às 7h, veio a primeira moto, que
de forma intensa”, resume Wagner,
exausto, estava mais interessado
passou a menos de 100 metros de
que responde assim sobre qual a sua
em encontrar o lugar dos sonhos
distância. “Assistimos à especial toda
melhor viagem: “A próxima”. Em tempo:
para acompanhar a prova do que
de forma privilegiada”, conta Wagner.
ele e o filho estarão no Dakar de 2018.
O grande desafio ocorreu entre
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Pontualmente às 4h, partiu num
Na hora de voltar, o grupo teve
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FOTOS: ARQUIVO PESSOAL
T
“Superou todas as expectativas.”
em gente que vai ao rali para
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Wagner, o filho e sua versรกtil L200 Triton
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A MODELO QUE VIROU ÁGUA FLÁVIA EBERHARD, APRESENTADORA DA SÉRIE DE TV APNEIA, ABANDONOU AS PASSARELAS AO DESCOBRIR O MERGULHO LIVRE. E ACABOU SE TORNANDO CAMPEÃ SUL-AMERICANA
A
POR RODRIGO CARDOSO
o assistir às chamadas para a primeira temporada de Apneia, série de TV sobre mergulho livre no canal Off, levada ao ar no ano passado, houve quem reclamasse com um muxoxo: “Lá vem a Globosat arrumar uma modelo, em vez de uma esportista, para comandar o programa. Por que não chamam uma mergulhadora de verdade?”.
De fato, a catarinense Flávia Eberhard, apresentadora da atração, é – ou foi – mo-
delo. Mais do que isso. Ganhou a vida como top model internacional por mais de 15 anos. Aos 40, pode se gabar de uma vitoriosa carreira de rara duração em uma profissão quase sempre curtíssima. Flávia já perdeu a conta do número de desfiles nas semanas de moda de Nova York, Paris e Londres. Ou da quantidade de capas e editoriais em revistas internacionais do porte de Vogue, Elle, Marie Claire, Eve e FürSie. Eis, porém, a ressalva: não se trata apenas de um rostinho bonito (e corpo idem, com 1,77 metro e 54 quilos), posando de mergulhadora. Longe disso. Flávia, que se prepara para comandar a segunda temporada de Apneia, não é uma impostora. Usa roupas de neoprene com a mesma desenvoltura com que desfilou – e ainda eventualmente desfila – com figurinos Chanel ou Versace.
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Aos 40 anos, ela mantém a silhueta de adolescente
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O embaixador do vinho italiano (com destaque para o Barbaresco) e a filha, Gaia
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MUNDO 4x4 PERFIL
Em casa, no passeio entre os tubarões-baleia
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No dia 28 de setembro de 2012, uma sexta-feira, ela des-
Com efeito, descer a 69 metros requer bem mais do que fô-
ceu no mar Vermelho, ao largo da costa de Dahab, no Egito, e
lego. “Tentei essa marca por dois anos até que desisti e resolvi
foi fundo. Fundo mesmo. Sem nadadeiras, utilizando apenas o
ir atrás de outros desafios”, admite a apneísta paranaense Ca-
ar dos pulmões, e recorrendo a um sistema de lastro preso a
rol Schrappe, 40 anos, que já registrou nove recordes brasi-
um cabo para submergir, chegou a 69 metros de profundida-
leiros e sul-americanos. O problema mais agudo é a pressão.
de. Voltou à tona com um balão. Naquele dia, bateu o recorde
À medida que o corpo humano desce, aumenta de maneira
brasileiro e o sul-americano da modalidade Imersão Livre não
brutal a força para impedi-lo de seguir adiante, como se o mar
só entre as mulheres – mas entre os marmanjos também.
quisesse, deliberadamente, expulsá-lo de seus domínios. As
Flávia atribui a façanha não apenas aos treinamentos diários
regiões mais afetadas do organismo são aquelas capazes de
e à forma física. Mas sobretudo à capacidade de meditação.
armazenar ar, como os pulmões e o sistema auricular. A 69
“Fazer ioga ajuda muito na apneia”, diz. “O mergulho livre é um
metros, a pressão se torna oito vezes maior do que na super-
esporte 70% psicológico; não dá para pensar na briga com o
fície, esmagando os pulmões e reduzindo cada um deles às
namorado, nas contas a pagar ou em qualquer outro compro-
dimensões de uma bola de pingue-pongue.
misso do dia a dia”, explica. “Isso pode provocar oscilação cardí-
Por essa e por outras, Carol Schrappe acredita que o canal
aca e prejudicar o mergulho – é hora de calar os pensamentos.”
Off tenha acertado ao optar por Flávia. “Além de se dedicar à
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apneia com afinco, ela conhece vários dos melhores pontos
primeira vez que praticou o esporte. “Era para ser um encontro
de mergulho no mundo e tinha disponibilidade para visitá-los.”
com tubarões”, recorda. Mas o mau tempo não deixou. O jeito
Para gravar os oito episódios da primeira temporada, Flávia
foi nadar com os golfinhos. “Uma maravilha”, ela rememora.
visitou Egito, México, Havaí, Portugal, Tonga, Bahamas e Guadalupe. Nada inédito para alguém tão viajada quanto ela. Alguém que também mergulha fundo na cultura local. “Sou das que comem gafanhoto, escorpião, cérebro de não-sei-o-quê”, brinca. Flávia começou a carreira de mo-
Naquele dia, aos 31 anos, Flávia se apaixonou de maneira ir-
Ela largou os desfiles e capas de revistas para viver em um lugarejo de beduínos no Egito. Só porque poderia mergulhar todos os dias no mar Vermelho
remediável pelo mergulho. Logo deu adeus às passarelas. Seu objetivo, dali em diante, seria turbinar o fôlego para permanecer o mais tempo possível embaixo d’água. Em 2008, ela começou uma série de cursos. Até se tornar a única instrutora de mer-
delo aos 17 anos, descoberta por um caça-talentos da Ford
gulho livre brasileira formada pelas três mais conceituadas
Models quando caminhava pela praia Mole, em Florianópolis.
credenciadoras da modalidade – International Association for
Em 2007, encontrava-se em Londres trabalhando quando lhe
the Development of Apnea (Aida), Scuba Schools Internatio-
acenaram com uma viagem para mergulhar nas Bahamas. Foi a
nal (SSI) e Apnea Total, na Tailândia. JUNHO 2017
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MUNDO 4x4 PERFIL
DO EGITO, FLÁVIA FOI MORAR EM UMA ILHOTA DA TAILÂNDIA, ONDE TODO SANTO DIA MEDITAVA COM UM MONGE. HOJE, PRATICA IOGA, O QUE A AJUDOU (E MUITO) A DOSAR O FÔLEGO NAS PROFUNDEZAS DO OCEANO
A cavalo na lida com o gado na Madeiral: tocando a vida em frente
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MUNDO 4x4 PERFIL
Em três editoriais de moda e na capa da revista Eve: beleza marcante, descoberta em um passeio pela praia Mole, em Florianópolis
Após a tríplice graduação, Flávia telefonou para o carioca Ricar-
por beduínos. “Era uma bagunça aquele deserto”, Flávia admite.
do Bahia – que entraria em 2010 para o Guinness ao permanecer
“Muito desconfortável. Havia muito lixo. E camelos no meio das
por 20 minutos e 21 segundos debaixo d’água em uma piscina,
ruas. Cansei de comer pepinos e pimentões verdes no acampa-
depois de respirar oxigênio puro. “A Flávia queria se inscrever no
mento dos nômades.” Certos dias, Flávia confessa, se perguntou
curso que faço aqui no Rio de Janeiro”, conta o instrutor. “De cara,
o que estaria fazendo naquele fim de mundo. Bastava um belo
me disse que pretendia conquistar um recorde brasileiro.” No começo, Bahia confessa que ficou ressabiado. Mas mudou totalmente quando percebeu o talento e o entusiasmo da aluna. “Passei a incentivá-la a participar de competições internacionais”, relembra. “Quando vi, ela tinha aberto mão de todo o conforto e até virado beduína.”
102
Morando agora no México, ela ganha muito menos do que nos tempos de modelo. Mas jamais se arrependeu da escolha. O homem que a descobriu para os desfiles garante: se quiser voltar, terá convites de grifes importantes
pôr do sol, no entanto, para repor o bom astral. “Eu pensava: não preciso de mais nada. Estou onde queria estar e fazendo o que me faz feliz.” Do Egito, Flávia seguiu para Koh Tao, na Tailândia, ilhota de somente 21 quilômetros quadrados, onde residem 1.500 pessoas. Ficou por lá dois anos. Todos os dias visitava um
Bahia refere-se aos dois anos e meio em que Flávia morou na
monge para aprender sobre o budismo e cumprir um ritual de
cidade de Dahab, no Egito, trabalhando como instrutora de mer-
meditação. Tornou-se taoísta. Hoje, depois de casar e descasar,
gulho e treinando todos os dias no mar Vermelho. Não era exa-
namorar um muçulmano e conviver com ateus, se diz “uma
tamente um lugar nos padrões da garota bem-nascida, filha de
pessoa espiritualizada”, embora não siga crença alguma. Seu
um médico e de uma dona de casa: um vilarejo pobre, habitado
estado civil? “Enrolada”, brinca. “Tenho um namorado, assim
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meio enrolado. Ele é uma negação em apneia e nem o levo mais
convites de grifes importantes”, afirma Marco Aurélio Casal del
aos mergulhos.”
Rey, diretor da Ford Models. Foi ele quem a descobriu em Flo-
Flávia mantém uma pequena escola de apneia no Egito, ou-
rianópolis. Segundo Del Rey, Flávia não chegou a ser new face.
tra na Tailândia e abriu recentemente uma filial na praia de Tu-
Pulou essa etapa. “Ela sempre foi perfeita”, diz. “Linda, chique
lum, próximo a Cancún. Chama-se FreeDive Mexico. Ela mora
e disciplinada, fez grandes editoriais de moda. Quando decidiu
em Tulum, numa casa repleta de objetos recolhidos em suas
parar, o mercado reagiu com um ‘como assim?’.”
andanças mundo afora. Nada muito arrumado. “Sou uma vir-
Flávia nunca pensou em voltar atrás. Sempre agiu com o
giniana desorganizada”, diz, rindo. Para pagar as contas, tam-
espírito livre da menina que cresceu entre garotos, andando de
bém ministra palestras, faz workshops, produz fotografias e
skate e descendo ladeiras em carrinhos de rolimã. “Nunca tive
vídeos subaquáticos – e vem participando do desenvolvimen-
uma boneca”, conta. Ainda em Londres, rompeu contratos ao
to da série Apneia, em parceria com o canal Off. “Estamos pro-
perceber que sua pele ou seus cabelos, maltratados pela água
curando locações em lugares de grande visibilidade submari-
marinha ou exposição ao sol, não iriam segurar o ensaio foto-
na para a segunda temporada do programa”, conta.
gráfico ou o desfile. Estava decidida a trocar as passarelas pelo
A soma dos afazeres não lhe confere rendimentos próximos
fundo do oceano. O principal incentivo veio do mestre das artes
aos que desfrutava na época em que tinha a beleza a serviço de
marciais Bruce Lee. Disse ele: “Não procure se adequar a uma
fotos e desfiles. “Hoje, gasto tudo o que ganho”, diz, sem querer
fôrma. Construa a sua e deixe-a expandir, como a água. Quan-
falar em cifras, a apneísta, que pretende lançar uma linha de
do você despeja água num copo, ela se torna o copo. Se você a
roupas para mergulho. “Se Flávia me falar, hoje, que quer vol-
entorna numa garrafa, ela se torna a garrafa. Seja água”. Flávia
tar a trabalhar com moda, amanhã mesmo haverá em seu colo
Eberhard tem uma certeza: “Debaixo d’água, eu me torno água”. JUNHO 2017
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FOTOS: TOM PAPP
POR RENATO GÓES
EXPERIENCE 4X4
Criado para surpreender Novo evento mistura passeio off-road com experiências culturais
O
de março em Minas Gerais, com largada
novidade para os apaixo-
em Nova Lima e chegada a Brumadinho.
José dos Campos (SP) e explorou a
nados pela marca dos três
Ao longo do trajeto, vales, rios e peque-
região do vale do Paraíba e da serra da
diamantes. É o Mitsubishi
nas cidades históricas. A parada final foi
Mantiqueira, com paisagens formidá-
Experience 4x4, um passeio off-road
no Instituto Inhotim, onde os participan-
veis e passagem pelas cidades de São
diferenciado. Ele reúne proprietários
tes apreciaram o maior centro de arte
Francisco Xavier e Campos do Jordão.
de Pajero, L200, Outlander e ASX que
contemporânea a céu aberto do mundo,
“Utilizamos nossa experiência em com-
querem aproveitar o potencial de suas
com obras de 85 artistas de 26 países.
petições e criamos trajetos divertidos
máquinas – e conhecer algumas das
106
A segunda etapa teve início em São
ano de 2017 traz mais uma
“No ano passado, participei do
para nossos clientes”, resume Fernando
cidades e paisagens mais belas do país.
Mitsubishi Motorsports em Tiradentes”,
Julianelli, diretor de marketing da Mitsu-
Os roteiros foram criados para surpreen-
conta Gabriela Diniz, de Belo Horizonte.
bishi Motors do Brasil.
der. Um deles, por exemplo, irá terminar
“Gostei tanto que, quando soube que
na Adventure Sports Fair. A filosofia do
haveria um passeio off-road, me inscrevi
Mitsubishi Experience 4x4 é reunir a fa-
na hora.” Também morador de BH, Gedair
mília, fazer amigos e dividir experiências
de Campos, dono de uma L200 Triton Sa-
– gastronômicas e culturais, inclusive.
vana, adorou Inhotim e o trajeto: “Foi um
A primeira etapa aconteceu em 26
caminho bem diferente, bonito demais”.
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UNIVERSO MITSUBISHI
EXPERIENCE 4X4
INHOTIM
Obras de grandes artistas brasileiros, como Adriana Varejão (à esquerda) e Tunga (acima), foram o ponto final de um dia de muita animação
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EXPERIENCE 4X4
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FOTOS: TOM PAPP
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Ao alto, uma visita à escultura do dinamarquês Olafur Elliason, fechando uma jornada que teve o congraçamento de várias famílias
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UNIVERSO MITSUBISHI
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RIBEIRÃO PRETO
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FOTOS: DAVID SANTOS JR.
POR RENATO GÓES
MOTORSPORTS
Os regulares são ótimos Mogi Guaçu, Ribeirão Preto e Salvador viram a largada dos feras da Nação 4x4
O
autódromo Velo Città, em Mogi
foram Igor Carvalho e Mauricio Barros
Ela começou numa manhã chuvosa em
Guaçu (SP), foi o ponto de
Alcantara, de Castro (PR). Já na Turismo
Salvador (BA). Na Master, a dupla Paulo
partida da temporada 2017 do
Light, o casal paulistano Sergio Antônio e
Roberto Goes e Jhonatan Ardigo foi a
mais importante rali de regu-
Adriana Maurano ficou no topo do pódio.
vencedora. “Nunca corri com tanta chuva”,
laridade do país. Garantindo adrenalina e
“Fizemos o curso de navegação 4x4 da
disse Paulo. Na Graduados, os campeões
muita diversão em família, o evento reuniu
Mitsubishi, e isso ajudou muito”, disse ela.
foram Victor Borba e Plácido Gonçalves,
350 veículos, que percorreram 200 quilô-
enquanto a Turismo acabou nas mãos de
metros de trilhas, a maioria entre canaviais
a segunda etapa. Também aqui não faltou
Antônio Modesto e Fábio Galindo. Na Turis-
e áreas de reflorestamento.
emoção. Na Master, os catarinenses Rob-
mo Light, os estreantes Marcos Martinez e
son Garcia e Marcos Panstein se sagraram
Ademar Rodrigues Neto ganharam.
Na recém-criada categoria Master (com as melhores duplas da Graduados), vence-
campeões. Na Graduados, Charles e Mar-
ram os mineiros Renato Martins e Enedir
celo Ritter foram os mais regulares. Igor
Júnior, de Belo Horizonte. “O que já era
Carvalho e Gilberto Marcowisz ganharam
bom ficou ainda melhor”, sintetizou o piloto.
na Turismo, e Luis Fernando Ferreira e
Na Graduados, a vitória coube a Fabio
Benedito Lopes, na Turismo Light.
Vernizi e Alexandre Martinez, de São Paulo, enquanto quem se deu bem na Turismo 110
A região de Ribeirão Preto (SP) acolheu
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Como já é tradição, o Mitsubishi Motorsports também teve sua versão Nordeste.
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MOTORSPORTS
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ADRIANO CARRAPATO
Piloto e navegadora: casal perfeito, numa prova com muita adrenalina
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MOTORSPORTS
RIBEIRÃO PRETO
FOTOS: DAVID SANTOS JR.
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TOM PAPP
TOM PAPP
Foi como a Nação 4x4 gosta: com areia, terra batida e lama. Emoção pura. Para depois fazer a festa no pódio, comemorando muito
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UNIVERSO MITSUBISHI
MOTORSPORTS
MOGI GUAÇU
ADRIANO CARRAPATO
ADRIANO CARRAPATO
O desafio era de 200 quilômetros de asfalto lisinho e, também, terreno acidentado
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MOTORSPORTS
MOGI GUAÇU
ADRIANO CARRAPATO
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DAVID SANTOS JR,
ADRIANO CARRAPATO
Pelo caminho, estradas cascas-grossas em meio a canaviais e áreas de reflorestamento. No final, relax – e festança
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SALVADOR
FOTOS: TOM PAPP
A previsão do tempo apontava chuva na Boa Terra. E, de fato, se confirmou – aumentando ainda mais a adrenalina dos participantes
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MOTORSPORTS
SALVADOR FOTOS: TOM PAPP
Homens e mulheres abriram sorrisos para aproveitar uma das especialidades da capital baiana: festejar
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www.mitsubishioutdoor.com.br FOTOS: CADU ROLIM
POR RENATO GÓES
OUTDOOR
Rapel e rapadura As provas estão cada vez mais divertidas. E ainda ensinam de artesanato a culinária
A
aventura está de volta com
River Stones, de Rio das Pedras (SP).
enfrentar um canyoning (rapel em
mais uma temporada do
“As tarefas foram bastante divertidas”,
cachoeira) de mais de 80 metros de
Mitsubishi Outdoor, o vi-
festejou Roberta Fantin. Quem venceu
queda. Na cerimônia de premiação, a
brante mix de off-road com
na categoria Extreme, restrita aos
equipe Divertidamente na Lama levou
esportes ao ar livre e tarefas culturais.
experientes, foi a Extreme Brewery,
o troféu da categoria Fun. “A prova da
A primeira etapa de 2017 começou em
de Ricardo Perrazetta. “Houve uma
rapadura foi muito legal”, comentou
Mogi Guaçu e se dirigiu para a região
sinergia muito boa”, explicou.
Alisson Bruno, um dos vencedores. Na
da pitoresca estância hidromineral de
Extreme, a equipe Absolut Lama levou
Águas da Prata (SP). Trekking de seis
a vez de Ribeirão Preto. A turma se
a melhor. “O rapel foi a minha parte
quilômetros por um trecho de serra,
aventurou pelos arredores das cida-
preferida, naquela cachoeira enorme
rapel na cachoeira Sétima Queda e
des paulistas de Cajuru, Cássia dos
e linda”, disse Daniel Leite, outro dos
até circuito de mountain bike por den-
Coqueiros, Santo Antônio da Alegria,
ganhadores.
tro de uma gruta foram algumas das
São Benedito das Areias e da minei-
provas esportivas. Entre as tarefas
ra Monte Santo de Minas. Um dos
culturais, destacou-se a confecção de
destaques foi a visita a um engenho
artesanato com folha de bananeira,
de açúcar, onde as equipes precisa-
cultura típica da região.
ram encontrar semelhanças entre os
Na categoria Fun, dedicada aos iniciantes, a vitória ficou com a equipe 120
Depois de Águas da Prata, chegou
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diferentes processos de fabricação
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PATROCINADORES: Petrobras, Itaú, Transzero, Pilkington, Clarion, Pirelli, Unirios, W. Truffi, Pronutri, Cisa Trading, Miolo e Made in Silk
de rapadura. Houve quem preferisse
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OUTDOOR
RIBEIRÃO PRETO
TOM PAPP
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Conhecer os processos de fabricação de rapadura e fazer rapel na cachoeira: tarefas para um dia movimentado na região da Califórnia brasileira
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CADU ROLIM
OUTDOOR
RIBEIRÃO PRETO
CADU ROLIM
UNIVERSO MITSUBISHI
As provas uniram esporte ao ar livre com desafios como aprender a debulhar a cana com pilão. Conhecimento e lazer – tudo a ver
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UNIVERSO MITSUBISHI
OUTDOOR
RIBEIRÃO PRETO
Antes de tudo, é preciso planejar a estratégia com toda paciência e cuidado. Só assim a equipe acabará lá em cima no pódio
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OUTDOOR
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FOTOS: CADU ROLIM
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Uma das tarefas foi decifrar a sinalização por bandeiras, com a ajuda de binóculos
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UNIVERSO MITSUBISHI
OUTDOOR
MOGI GUAÇU
FOTOS: TOM PAPP
Entre os programas, a prática do canyoning (uma modalidade de rapel) na cachoeira Sétima Queda. E uma parada, claro, para admirar o belo vale
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UNIVERSO MITSUBISHI
OUTDOOR
MOGI GUAÇU
Primeiro, combinar a estratégia. Depois, encarar a mountain bike pela mata. E, enfim, comemorar muito, que ninguém é de ferro. Nem a bike
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UNIVERSO MITSUBISHI
@nacaomitsubishi
MOGI GUAÇU
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RICARDO LEIZER
POR RENATO GÓES
CUP
Tudo junto e misturado Primeira prova de rallycross do Brasil une asfalto e terra no Velo Città
A
Mitsubishi Cup acaba de
L200 Triton ER, e Marcos Chueda e Luiz
navegador”, disse, elogiando o parceiro
completar sua maioridade.
Afonso Poli ganharam na Pajero TR4 ER.
Breno Resende.
E, para comemorar sua
Alessandro Cesar Tozoni e Gilze Araújo
(SP), cidade com longa tradição na
venceram mais uma vez na L200 Triton
Velo Città, em Mogi Guaçu, um evento
Mitsubishi Cup, que integra o calendário
ER, e Wagner Felippe Roncon e Joselito
inédito – a primeira prova de rallycross
da competição desde seu início. Sob
Vieira de Melo Junior foram os mais
do Brasil. Juntou o asfalto da pista de
um sol fortíssimo, pilotos e navegadores
rápidos na L200 Triton Sport RS. “Nos
alta velocidade ao circuito off-road num
tiveram de encarar dois trechos de 50
meus cinco anos de Mitsubishi Cup, este
mesmo autódromo. Um desafio duplo para
quilômetros (com longas retas e curvas
foi o dia mais rápido”, avaliou Ricardo
navegadores e pilotos das cinco categorias.
cegas), nos quais a terra seca e a poeira se
Feltre, piloto vencedor da categoria ASX
misturavam à lama.
RS. Seu navegador, Ivo Mayer, comemorou
18ª temporada, realizou no
A mais nova delas, a L200 Triton Sport RS, teve a vitória de Rodrigo Meinberg
128
Na sequência foi a vez de Jaguariúna
Na categoria Pajero TR4 ER, Claudemir
e Luis Felipe Eckel. “Nos adaptamos ao
Chueda e Luiz Afonso Torres Poli se deram
circuito já na primeira volta”, disse Rodrigo.
bem novamente. “Foi um pega muito
Na ASX RS, o topo do pódio coube a Vitor
disputado, que nos deu enorme prazer”,
José Muench e Jorge Adriano Peters,
afirmou Claudemir. O piloto vencedor
enquanto na L200 Triton ER Master,
na L200 Triton ER Master, Albano dos
Thiago Rizzo e Leonardo Magalhães saíram
Santos Parente, também elogiou o nível
vencedores. Alessandro Cesar Tozoni e
de competividade. “A prova exigiu muito
Gilze Araújo receberam a bandeirada na
– precisei ter total confiança no meu
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o aniversário no pódio: “Não poderia ter ganho presente melhor”. n Confira os resultados completos no tablet da MIT Revista ou no site www.mitsubishimotors.com.br
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FOTOS: VINICIUS MARTINS
MARCIO MACHADO
MARCIO MACHADO
MARCIO MACHADO
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CUP
MOGI GUAÇU
FOTOS: RICARDO LEIZER
TOM PAPP
FOTOS: RICARDO LEIZER
Potência e resistência foram colocadas à prova em um trajeto que envolveu trechos no asfalto e outros tantos na terra
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CUP
JAGUARIÚNA
RICARDO LEIZER
UNIVERSO MITSUBISHI
FOTOS: MARCIO MACHADO
O forte calor atrapalhou um pouco a performance de pilotos e navegadores em Jaguariúna. Mas nada que minasse os ânimos
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CUP
JAGUARIÚNA
RICARDO LEIZER
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MARCIO MACHADO
Aos 18 anos de vida, o evento está em seu auge, com provas muito técnicas e uma nova categoria
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ntes dos títulos do Lancer 1600 GSR em mundiais de ralis e da hegemonia do Pajero no Rally Dakar,
O Mitsubishi Colt F2000 utilizava um motor R39B de
a Mitsubishi já ostentava um troféu de destaque:
2 litros DOHC em linha, de 280 cavalos. A corrida teve 35
o Grande Prêmio do Japão de Fórmula 2000, em
voltas, completadas em pouco mais de uma hora. O enorme
1971, vencido com o Colt F2000, coroou uma década de
público de 75 mil espectadores delirou com os pilotos
investimento da marca dos três diamantes em monopostos.
japoneses, sobretudo quando o Colt F2000 Mitsubishi
A prova, realizada no circuito Monte Fuji, reuniu carros com até 2 mil cilindradas, entre eles bólidos como Lotus e
134
receberam a bandeirada em sexto e sétimo.
passava dos 290 quilômetros por hora. Apesar de continuar fornecendo o motor R39B para
Brabham. O japonês Kuniomi Nagamatsu venceu com o
outras equipes até a metade dos anos 1970, a Mitsubishi
Colt F2000, que também chegou em segundo nas mãos de
decidiu aposentar o Colt F2000 no auge, fazendo com que
Osamu Masuko. Outros dois modelos com motor Mitsubishi
ele sempre fosse lembrado como um campeão.
MIT REVISTA
JUNHO 2017
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