MIT Revista 66

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MALALA o dom da palavra

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Editorial por fernando paiva, diretor editorial

PAJERO SPORT, A NEW LEGEND

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rive your Ambition, o lema da Mitsubishi Motors, tem tudo a ver com a personagem de capa. O slogan pode ser traduzido por “persiga o seu sonho”. A ativista Malala Yousafzai é a encarnação dessa atitude. Quando sua vila no Paquistão foi ocupada pelo Talibã, que proibiu as mulheres de estudar, ela não esmoreceu. Continuou indo à escola. Aos 15 anos, tentaram calá-la com um tiro no rosto. Malala conseguiu se recuperar – e continuou sua luta pela educação, contra o obscurantismo. Tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Prêmio Nobel da Paz. Outro excelente exemplo dessa postura é a do velejador Jorge Zarif. Ainda adolescente, ele perdeu o pai, também velejador; e dos melhores. Abalado, poderia ter desistido do esporte. Mas não. Resistiu. Treinou muito. Ganhou quatro títulos mundiais e tornou-se seriíssimo candidato a medalhista nos próximos Jogos Olímpicos, em Tóquio. A capital japonesa, por falar nela, é tema de um inspirado ensaio fotográfico assinado por Marcelo Spatafora com texto de Renato Modernell. O escritor fala de algo que poucos imaginam: Tóquio, com seus 37 milhões de habitantes, é uma cidade supersilenciosa. Supersilencioso também é o novo Pajero Sport, uma das grandes atrações da Mitsubishi Motors no Salão do Automóvel de São Paulo. O carro chega às concessionárias em março de 2019. Dono de uma performance invejável, com tecnologia intuitiva capaz de “pensar” e agir antes mesmo que o motorista perceba, ele vem se juntar, no portfólio da marca, a um antecessor mitológico, o Pajero Full. E, se este último faz justiça ao slogan “The Car, The Legend”, o Pajero Sport 2019 tem motivos de sobra para ser “A New Legend”. Confira em nossa reportagem exclusiva. 10

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sumário

n dezembro 2018 n edição 66

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90

40 Muito acima das ondas

68 A new legend

O foilboard revolucionou o surfe.

O Pajero Sport chega em março,

96 O capitão sem tripulantes

Suas pranchas voam sem tocar

combinando a tradição e a robustez

Há 120 anos, Joshua Slocum

na superfície da água

do 4x4 com a mais alta tecnologia

se tornava o primeiro a dar a volta

48 Doce amargor

76 Vela no DNA

Os bitters eram remédios quando

Jorge Zarif tem nada menos que

102 Sertão de diamantes

surgiram, no século 19. Hoje viraram

quatro títulos mundiais. Ele é da terceira

A Mitsubishi Motors Brasil domina

a bebida da moda

geração de grandes iatistas

a maior competição off-road do Brasil

52 O dom da palavra

80 A capital do silêncio

Mais jovem ganhadora do Prêmio Nobel,

São 37 milhões de moradores

a ativista paquistanesa Malala transforma

e o mínimo de ruído urbano. Tóquio

sua vida em inspiração para as mulheres

é mesmo uma metrópole única

62 Yes, nós temos unicórnios

90 Fogo e poesia

O Brasil reúne cinco startups que,

Ou como o argentino Francis Mallmann

em tempo recorde, passaram a valer

transformou a “culinária bruta” dos

mais de US$ 1 bilhão

pampas em obra de arte

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ao mundo sozinho num veleiro

com 70% dos carros inscritos

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dri v e y o u r am b iti o n

Publicação da Custom Editora Ltda. Sob licença da HPE Automotores do Brasil S.A. CONSELHO EDITORIAL André Cheron, Fernando Julianelli, Fernando Paiva e Fernando Solano REDAÇÃO Diretor Editorial Fernando Paiva fernandopaiva@customeditora.com.br Diretor Editorial Adjunto Mario Ciccone mario@customeditora.com.br Redator-chefe Walterson Sardenberg Sº berg@customeditora.com.br ARTE Diretor Marcelo Rainho Prepress Daniel Vasques danielvasques@customeditora.com.br Projeto Gráfico Ken Tanaka e Marcelo Rainho PRODUÇÃO EXECUTIVA E PESQUISA DE IMAGENS Raphael Alves raphaelalves@customeditora.com.br COLABORARAM NESTE NÚMERO Texto Alessandra Lariu, Daniel Silveira, Gilberto Ungaretti, Glauco Lucena, Lígia Nogueira, Luiz Maciel, Luiz Patriani, Mauro Marcelo Alves, Renato Modernell, Ricardo Prado, Sergio Crusco e Ubiratan Leal Fotografia Marcelo Spatafora Ilustração Cássio Bittencourt e Pedro Hamdan Tratamento de imagens Daniel Vasques e Marcelo Arguelles Revisão Goretti Tenorio Capa Antonio Olmos/Eyevine via Glow Images

COMERCIAL, PUBLICIDADE E NOVOS NEGÓCIOS Diretor Executivo André Cheron andrecheron@customeditora.com.br Diretor Comercial Ricardo Battistini battistini@customeditora.com.br Gerentes de Contas e Novos Negócios Andrea Ballario andreaballario@customeditora.com.br Marcia Gomes marciagomes@customeditora.com.br Marilu Neme marilu@customeditora.com.br Northon Blair northonblair@customeditora.com.br REPRESENTANTES GRP - Grupo de Representação Publicitária PR – Tel.: (41) 3023-8238 SC/RS – Tel.: (41) 3026-7451 adalberto@grpmidia.com.br CIN - Centro de Ideias e Negócios DF/RJ – Tels.: (61) 3034-3704 / (61) 3034-3038 paulo.cin@centrodeideiasenegocios.com.br DEPARTAMENTO FINANCEIRO-ADMINISTRATIVO Analista Financeira Carina Rodarte carina@customeditora.com.br Assistente Alessandro Ceron alessandroceron@customeditora.com.br Impressão e acabamento Log&Print Gráfica e Logística S.A. Tiragem 45.000 exemplares Custom Editora Ltda. Av. Nove de Julho, 5.593 - 90 andar - Jd. Paulista São Paulo (SP) - CEP 01407-200 Tel.: (11) 3708-9702 E-mail: mit.revista@customeditora.com.br ATENDIMENTO AO LEITOR atendimentoaoleitor@customeditora.com.br ou tel. (11) 3708-9702 MUDANÇA DE ENDEREÇO DO LEITOR Em caso de mudança de endereço, para receber sua MIT Revista regularmente, mande um e-mail com nome, novo endereço, CPF e número do chassi do veículo

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COLABORADORES

Se há um fotógrafo de fato versátil nes-

Ele é jornalista, escritor, chef de cozinha

ou na vida real, histórias de mulheres

te país, seu nome é Marcelo Spatafora.

e consultor nas áreas de gastronomia, vi-

fortes estão entre as maiores paixões de

Spata, como é conhecido pelos muitos

nhos e viagens. Membro da confraria dos

Lígia Nogueira. A jornalista paulistana

amigos, passou uma longa temporada

Enófilos do Alentejo, publicou, entre ou-

também ama viajar, beber café e inven-

clicando moda casa em um dos maio-

tros, os livros Vinhos – A Arte da França,

tar moda – criou a grife Vereda, marca de

res estúdios de Milão. De lá para cá, este

Vinho do Porto, Muito Prazer e O Espírito

joias feitas com pedras brutas, selecio-

exaltado colecionador de memorabilia

da Cachaça. Mauro Marcelo Alves, por-

nadas e montadas por ela mesma. Entre

dos Beatles, craque tanto em luz natural

tanto, é a pessoa certa para tecer o perfil

um e outro romance de Elena Ferrante,

quanto artificial, fotografou automóveis,

de um dos chefs mais peculiares dos dias

escritora de identidade polêmica, Lígia

viagens, decoração – o que desse e vies-

correntes, o argentino Francis Mallman,

escreveu o perfil da ativista paquistanesa

se. É o responsável pelo revelador ensaio

homem dividido entre o grand monde e

Malala, capa deste número.

sobre Tóquio desta edição.

a solidão patagônica.

Quando era editor da revista Náutica, Ri-

Jornalista com mestrado em administra-

Dos seus 63 anos de vida, o paulistano

cardo Prado descobriu a incrível histó-

ção de negócios, Glauco Lucena come-

Gilberto Ungaretti passou os últimos

ria do marujo Joshua Slocum, o primeiro

çou na editoria geral do Jornal da Tarde,

39 em redações. Começou na Folha de

homem a dar a volta ao mundo em um

lá se vão 29 anos. Pouco depois, estava

S.Paulo e, depois, dedicou-se a revistas,

veleiro sem nenhum outro tripulante.

no caderno especializado em automó-

como Ele& Ela e Manchete. Em boa par-

Romancista de primeira linha, o jornalis-

veis do vespertino. A partir daí, este in-

te dessa trajetória, Giba trabalhou em

ta – que também editou a revista Nova

veterado torcedor do Palmeiras sempre

publicações sobre barcos, em especial

Escola – escreve agora esta saga, quan-

atuou nos principais veículos da impren-

as mais conhecidas: Náutica e Offshore.

do se completam 120 anos da façanha

sa automotiva, incluindo a Autoesporte e

Veio daí seu conhecimento sobre vela,

de Slocum. O texto, primoroso, decerto

a AutoBuzz, sua própria agência. Assina

que o autorizou a escrever o perfil do

será do agrado do caro leitor.

o texto sobre o Pajero Sport 2009.

campeão Jorge Zarif.

olga vlahou

Seja na música, na literatura, no cinema

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DRIVEYOURAMBITION ESTILO

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GASTRONOMIA

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VIAGEM

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ARQUITETURA

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C U LT U R A

Uma ilha para oito Eis o número máximo de hóspedes em Dolphin Island, exclusivíssimo resort das ilhas Fiji

K

eith Richards caiu de cabeça nas ilhas Fiji.

60 mil metros quadrados, batizada por causa dos

Depois de desabar de uma árvore, viu-se

muitos golfinhos ao largo da costa, transformou-se

obrigado a uma pequena cirurgia. Acidentes

em um resort de natureza exuberante com apenas

do gênero, no entanto, são raros no idílico

quatro suítes que garantem absoluta privacidade.

arquipélago do Pacífico Sul, embora a queda de po­

No total, Dolphin acomoda apenas oito hóspedes por

derosos, no sentido político, revele-se frequente – fo­

vez. Crianças não são admitidas.

ram quatro golpes de Estado em menos de 20 anos.

A ilhota é procurada sobretudo por casais em lua de mel

Não à toa, quem mais frequenta o lugar são casais

Fiji se destaca no mapa do turismo em virtude de

em lua de mel. Eles têm à disposição piscina de

ilhas exclusivas, protegidas por barreiras de co­rais

fundo infinito, barcos a vela, caiaques, equipamento

e cercadas por piscinas naturais de águas trans­

de mergulho, funcionários de extrema cortesia, spa,

parentes. Assim ocorre com Dolphin Island, a 20

refeições preparadas em fornos subterrâneos, pocket

minutos de barco do aeroporto internacional de Nadi,

shows de música fijiana e, claro, todo o romantismo

a segunda maior cidade do país. A ilhota de apenas

dos Mares do Sul. dolphinislandfiji.com dezembro 2018

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É goooooool!!! O futebol se transformou em tema de vários museus. Confira os principais que não são clubistas

O

Museu do Futebol, em São Paulo, surgiu em 2008 como uma grande sacada. O espaço expunha, por meio de diferentes recursos e mídias, tudo o que significa

o futebol para o brasileiro. Antes, quase todos os museus do “nobre esporte bretão” eram ligados a clubes ou estádios, contando uma história específica. Dez anos depois, o que se encontra debaixo das arquibancadas do estádio do Pacaembu não é mais algo inédito. O esporte mais popular do planeta ganhou exposições em diversos lugares, com diferentes faces. Selecionamos cinco para quem quer conhecer tudo o que a bola criou ao ser chutada.

Deutsches Fussballmuseum

I

dealizado logo após a Copa de 2006, realizada em solo alemão, o museu so-

Museu do Futebol

É

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freu atrasos no projeto e foi inaugurado apenas nove anos depois. Isso acabou

referência em museus de futebol. Qualquer

tendo um lado positivo. O espaço foi

amante do esporte que vem a São Paulo acaba

aberto no embalo da comemoração do

indo ao estádio do Pacaembu se deslumbrar com as

título da Alemanha na Copa de 2014,

salas interativas, os vídeos com a vibração da torcida

incluindo os 7 a 1 lembrados com tanta

projetados nas costas das arquibancadas ou mesmo

dor pelos brasileiros. A exposição conta

ver a camisa que Pelé usou na final da Copa de 1970.

com os troféus das quatro Copas con-

O espaço ainda recebe vários eventos (de torneios

quistadas pelos alemães, além do ôni-

de futebol de botão e reunião de colecionadores de

bus usado pela seleção no Mundial de

camisa a exibições de documentários e debates),

2014 e muita área interativa. Houve um

exposições temporárias e conta com um acervo de

cuidado especial em criar atrações vol-

publicações para pesquisa histórica.

tadas às crianças.

Local São Paulo

Local Dortmund, Alemanha

Inaugurado em 2008

Inaugurado em 2015

museudofutebol.org.br

fussballmuseum.de

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The National Football Museum

A

berto em 2001 na cidade de Preston, foi reinaugurado em Manchester em 2012 para

buscar mais público e patrocínio. E faz jus à condição de museu do país onde o esporte surgiu. Há artigos históricos como o primeiro livro de regras e uma camisa do primeiro jogo entre seleções (Inglaterra 0x0 Escócia). Mostra ainda de que modo a modalidade cresceu no mundo, apresentando clubes, grandes jogadores, estádios, competições, técnicos e até brinquedos inspirados no futebol. E, claro, há espaço até para os ingleses admirarem a própria tragédia, com a exposição da camisa usada nos dois gols mais famosos que a seleção da Inglaterra já sofreu: o gol mais bonito da história das Copas e o gol de mão, ambos marcados por Maradona nas quartas de final da Copa de 1986. Local Manchester, Inglaterra Inaugurado em 2012 nationalfootballmuseum.com

Museo del Fútbol

L

ocalizado embaixo da tribuna do estádio Centenário, é uma instituição à antiga. Não há alas

multimídia nem elementos interativos. A exposi-

Museu da Seleção Brasileira

A

ção consiste principalmente em fotos, vídeos de momentos marcantes do futebol uruguaio e artefatos históricos. Seja como for, o conteúdo vale a

CBF criou esse espaço para a Copa de

visita: além de conhecer o estádio em si, é possí-

2014, mas a baixa repercussão tem sido

vel ver a camisa celeste que Obdulio Varela usou

desproporcional à qualidade de seu acervo.

no Maracanazo, a vitória do Uruguai sobre o Brasil

No local estão os troféus conquistado pela se-

na decisão da Copa de 1950, bem como bandei-

leção brasileira, além de camisas históricas,

ras e camisas das campanhas vitoriosas no Mun-

bolas antigas, áudios e vídeos de momentos

dial de 1930 e nos Jogos Olímpicos de 1924 e 28.

marcantes da equipe e instalações interati-

Ainda há áreas reservadas para as glórias dos clu-

vas. O museu está localizado na sede da con-

bes locais, sobretudo Peñarol e Nacional, ambos

federação, na Barra da Tijuca.

tricampeões do mundo.

Local Rio de Janeiro

Local Montevidéu, Uruguai

Inaugurado em 2014

Inaugurado em 1975

museuselecaobrasileira.com.br

estadiocentenario.com.uy dezembro 2018

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Pedra do Capacete: um dos impressionantes matacĂľes

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Roliúde nordestina Insólitas formações rochosas, no interior da Paraíba, atraem cineastas Por Walterson Sardenberg Sº

A

estupenda paisagem de Monument Valley é presença recorrente nos westerns. Em especial, naqueles do diretor John Ford (1894-1973). De fato, as colossais formações vermelhas de

arenito, que irrompem no deserto do estado americano de Utah, aparecem em dúzias de filmes. Guardadas as devidas proporções, também acolhemos um Monument Valley no cinema brasileiro: o Lajedo de Pai Mateus. Mais de uma dezena de longas-metragens tiveram sequências rodadas no insólito cenário natural de mais de cem pedras gigantes e arredondadas – os matacões, no jargão dos geólogos –, dispostas em um terreno elevado de 1,5 quilômetro quadrado. O Lajedo de Pai Mateus fica no interior da Paraíba, a 203 quilômetros de João Pessoa, e, ao que tudo leva crer, virou set de filmagem pela primeira vez há exatos 20 anos, quando o carioca Júlio Bressane rodou ali São Jerônimo. De lá para cá, outros cineastas trouxeram suas câmeras: Guel Arraes (O Auto da Compadecida, 2000), Marcelo Gomes (Cinema, Aspirinas e Urubus, 2006), Caio Soh (Por Trás do Céu, 2016) e Eliézer Rolim (Beiço de Estrada, 2017). A Rede Globo aproveitou e gravou ali, ainda este ano, a série Onde Nascem os Fortes. Os matacões paraibanos podem chegar a mais de 4 metros de altura. Muitos pesam em torno de 45 toneladas. Existem como tal há 500 milhões de anos. Alguns têm inscrições rupestres atribuídas aos índios cariris, que ali viveram 12 mil anos atrás. Estão acomodados nas cercanias da cidade de Cabaceiras (5 mil moradores), autointitulada “Roliúde Nordestina”. Tal como aconteceu com Monument Valley, há quem elabore teorias esotéricas sobre o lajedo, que deve seu nome ao ermitão Pai Mateus, um curandeiro que viveu entre as pedras no século 18. Da mesma maneira, o lugar também já atraiu o turismo, ainda que incipiente. Para visitá-lo é preciso pagar uma taxa e chegar acompanhado de um guia do Hotel Fazenda Pai Mateus. Explica-se. Tanto o hotel quanto o sítio arqueológico pertencem ao mesmo dono. Sim, o Lajedo de Pai Mateus é particular. Alguns diriam particularíssimo. paimateus.com.br

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ON THE ROAD por Mario Ciccone

A vida começa aos sessenta A bordo de um ASX, o casal Marli e Ivo Dittrichi busca aventura pelo país e não perde eventos da Mitsubishi

C

omo curtir a aposentadoria? Aventura é a resposta de Marli e Ivo Dittrichi. Com o seu Mitsubishi ASX, o casal incorporou o lema “4x4: viva bem D60

a 100” – e caiu na estrada. Marli e Ivo querem conhecer o Brasil e curtem provas do rali Mitsubishi Motorsports e do Experience 4x4.

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Ivo, 60 anos, nasceu em São José do Cedro (SC).

depois de 41 anos de sala de aula, e quero aproveitar

Marli, 61, é de Crissiumal (RS). Ambos descendentes

a vida”, conta Marli. Eles têm duas filhas, que já os

de alemães. Eles tomam chimarrão, falam alemão

acompanharam em suas viagens.

em casa e cada um torce para um rival gaúcho. Ele,

A vida de aventureiros do casal Dittrichi não é uma

pelo Internacional. Ela, para o Grêmio. “Mas não bri-

história recente. As famílias plantavam mandioca, ar-

gamos por isso”, explicam. O casal tem mais de 40

roz, feijão e milho para subsistência. A agricultura não

anos de magistério. Marli é formada em pedagogia

deu grandes alternativas. E eles foram estudar. Come-

com especialização em supervisão escolar. Ivo, em

çaram a carreira lecionando em escolas rurais. “Era

letras, com doutorado em linguística e pós-doutora-

estrada de chão batido. Quando chovia, virava sabão”,

do em retórica e argumentação. “Estou aposentada

conta Ivo, que ainda não tinha um 4x4.

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Ela tem 61 anos. Ele, 60. Juntos, atravessam até rios como no Experience 4x4, em João Pessoa

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O filmUga. Et everias volent. Quo iduntio nseniae voluptae necupta nobisimi, od

Em 2Ga. Beaque culparum quis quam qui tem seq to maio iuus

da Canastra e São José dos Campos. A maior peripécia? A região de Caxias do Sul. “Passamos por um temporal de granizo em uma estrada de terra”, lembra Ivo. “Fomos costeando os cânions. Dava medo. Mas o carro se mostrou muito confiável.” Entre ralis de regularidade e etapas do Experience 4x4, resolveram encarar 5 mil quilômetros de ida e volta a Goiás. Na jornada seguinte, atravessaram o Rio Grande do Sul rumo a Montevidéu e Colônia do Sacramento, no Uruguai. Em oito dias, percorreram 3 mil quilômetros. Depois de 65 mil quilômetros em três anos, resolveram trocar de carro. Em 2018, optaram por outro ASX. “A nova versão ganhou mais espaço”, comenta Ivo. “Tem mais profundidade no porta-malas.” Marli dirige só no asfalto. “Mas quero me aventurar no off-road.” Com o carro novo, o casal mal parou em casa neste Depois da poeira nas estradas, uma parada na praia

Eles se casaram em 1982. Em vez de festa, foram

ano. Contando apenas a viagem para o Nordeste, per-

visitar as extintas Sete Quedas, que desapareceram

correu 8.485 quilômetros. A dupla saiu de Itapoá (SC)

na construção da usina de Itaipu. Nada de 4x4, apenas

e passou por Belo Horizonte e Diamantina, em Minas

um carrinho popular. Em 1989, a família se mudou para

Gerais. Depois cortou o sertão da Bahia e chegou a Pe-

Foz do Iguaçu, onde ainda mora. “Desde aquela época,

trolina (PE), João Pessoa (PB) e Juazeiro do Norte (CE).

vivíamos na estrada, com poeira e barro”, diz ele. “So-

No final de outubro, Ivo e Marli participaram do Expe-

nhava: vou comprar um Mitsubishi.”

rience 4x4, em João Pessoa, e do Motorsports, em Sal-

Em 2015, enfim adquiriram um carro da marca dos

vador. Competiram, também, na final do Motorsports,

três diamantes. Era um ASX, que não demorou mui-

em Mogi Guaçu, em que não faltaram chuva, lamaçal

to para começar a ganhar as estradas. O destino foi

e trilhas escorregadias. “Foi um desafio intenso de pi-

a casa de um primo no Rio Grande do Sul. “Pegamos

lotagem e navegação”, relata Ivo, empolgado. Antes de

um barro danado”, conta Ivo. Não pararam mais. No

o ano terminar, ainda emendaram com o Experience

ano passado, os primeiros marcadores do mapa fo-

4x4, em Ribeirão Preto (SP). Para os Dittrichi, a melhor

ram espetados em Mogi Guaçu, Brumadinho, Serra

viagem com o ASX é sempre a próxima. dezembro 2018

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PILOTE SEU DESTINO

Corrida atrás do sonho Eles viraram capa da MIT Revista não apenas pelo talento. Mas também pela coragem e ousadia de buscar suas ambições 28

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Bea Feitler Diretora de arte brasileira

A

os 21 anos, Bea Feitler entrou na enxuta redação da histórica revista Senhor, no Rio de Ja-

neiro, para trabalhar no departamento de arte. Era só uma garota talentosa, reservada – e muito decidida. Uma década mais tarde, recebia em Nova York o prêmio de designer do ano. Em NY, a carioca de Ipanema fez e aconteceu. Foi coeditora da Harper’s Bazaar, onde conviveu com fotógrafos como Richard Avedon, Helmut Newton e Annie Leibovitz. Comandou a arte da revolucionária revista Ms. Dirigiu. Ilustrou. Desenhou. Fez até a direção de arte do disco Black & Blue (1975) dos Rolling Stones. Sabe-se lá onde Bea Feitler estaria hoje, não fosse o câncer que a matou com apenas 44 anos. Fotos: reprodução mit revista

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Tom Brady Esportista americano

Q

uem vê Tom Brady, pentacampeão do Super Bowl, ao lado da mulher, Gisele

Bündchen, pode até pensar que a vida sempre sorriu para ele. #SQN. Desajeitado, Brady

batalhou muito para se tornar o maior astro dos New England Patriots – e do futebol americano. Na universidade, esquentou o banco dos reservas por dois longos anos. Pensou em largar tudo. Em 1998, chamou atenção dos times profissionais – mas nada. Virou bancário. Em 2000, surgiu a chance de jogar no time titular – e Tom Brady nunca mais saiu. O segredo? Dedicação extrema. Nos seis meses de entressafra entre um campeonato e outro, enquanto muitos descansam, ele treina e corrige eventuais deficiências. Um obstinado.

“Quando você é o líder do time, não existe dia de folga.”

Jack O’Neill Atleta e empresário americano

O

homem que criou a primeira loja de surfe em 1952 e inventou a roupa de neoprene foi paupérrimo.

Não tinha sequer sapatos para ir à escola. Aos 9 anos, começou a trabalhar como jornaleiro. Seus seis irmãos também davam duro para ajudar a família. Aos 11, Jack O’Neill pegou sua primeira onda, na Califórnia. Pioneiro, ganhou fama internacional por suas criações. Não parou de surfar nem mesmo quando perdeu o olho direito em 1973. Transformou o tapa-olho em sua marca registrada. Teve seis filhos e viveu até os 94.

“Passei a divulgar as roupas em feiras náuticas com meus filhos. Se poucos sabiam o que era uma prancha, imagine então roupa de neoprene!” dezembro 2018

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Annie Leibovitz Fotógrafa americana

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ilha de um tenente da Força Aérea americana, passou a infância em várias bases militares. Morou até

nas Filipinas, onde seu pai serviu durante a Guerra do Vietnã. Como criar raízes vivendo assim? Aos 18 anos, mudou-se para a casa de uma tia. Era 1967. A cidade: Berkeley, na Califórnia. A época e o lugar certos, no olho do furacão da contracultura. Começou a fotografar para a revista Rolling Stone. Logo seus portraits

chamaram atenção. Como muitos de sua geração, baqueou com o excesso de drogas. Mas resistiu. Tornou-se a autora de retratos antológicos, como o de John Lennon despido sobre Yoko, vestida. Ou o de Demi Moore grávida e nua. Superou o fim do sonho e da era analógica. E também o câncer fatal de sua companheira, a escritora Susan Sontag. E ainda o preconceito por ser mãe homossexual de três filhas. Seu olhar é um documento da resistência. E do nosso tempo.

“Se você não consegue ouvir críticas, então é melhor não perder tempo tentando fazer algo novo ou interessante.”

Ariano Suassuna Escritor brasileiro

F

alar em superação é falar em Ariano Suassuna. Sua longa obra, afinal, pode ser vista,

antes de tudo, como a superação de duas forças que muitos consideram antagônicas: as culturas erudita e popular. Nas mãos compridas do espigado paraibano criado no Recife, uma e outra se integram com habilidade, delicadeza e destreza. A um só tempo, os textos – e desenhos – de Suassuna são de um rigor absoluto; mas também capazes de cair no gosto do homem comum. Caso da peça teatral O Auto da Compadecida, que, filmada por Guel Arraes, levou mais de 2 milhões de brasileiros ao cinema. Em 2008, aos 81 anos, seis antes de morrer, pela primeira vez admitiu em público a superação de seu maior drama: perdoou, em entrevista para a MIT Revista, o pistoleiro que matou seu pai quando ele era só um garoto de 3 anos. 30

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Jeff Bezos

Empresário americano

E

m 2013, um repórter conseguiu achar Ted Jorgensen, um senhor de 69 anos que consertava

bicicletas na Califórnia. Perguntou-lhe se era o pai de alguém chamado Jeffrey. “Sim”, admitiu Ted. “Ele ainda está vivo?” Jorgensen não sabia. Mas Jeffrey, ou melhor, Jeff não só estava vivo como havia se tornado bilionário. Abandonado pelo pai com 1 ano e meio, o menino foi adotado aos 4 pelo segundo marido de sua mãe, o cubano Miguel Bezos. Sua vida como se vê não começou nada fácil. O menino frágil com um olho maior que o outro correu atrás. Começou cursando física. Trocou por ciência da computação. Um dia pensou que bom seria se os livros pudessem surgir em sua sala “num passe de mágica”. E inventou a loja virtual Amazon. Aos 54 anos, casado há 24, Jeff Bezos é o pai mais amoroso da América para os quatro filhos.

Isabel Allende Escritora chilena

C

hilena nascida no Peru, onde seu pai servia como diplomata, ela cultiva uma frondosa carreira literá-

ria. São 20 romances, dois livros de contos, quatro peças teatrais e um volume de memórias. Assim como as histórias que escreve, sua vida também teve dolorosas reviravoltas. Pouco depois dos 30 anos, viu-se forçada a deixar Santiago: o golpe militar vitimou seu primo-irmão, o presidente Salvador Allende. Ao longo de 13 anos, Isabel viveu na Venezuela com o primeiro marido e os dois filhos, sempre temendo as ações clandestinas dos inimigos do primo. Em 1983, já separada, uniu-se a um advogado americano e foi morar nos EUA. Ali, aos 50 anos, perdeu a filha Paula, de 28. O sofrimento intenso não impediu Isabel Allende de continuar sua obra, ao mesmo tempo espiritualista e feminista. E libertária.

“O feminismo não alcançou seus objetivos, mas deu início a uma revolução que não tem como ser interrompida.” Fotos: reprodução mit revista

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painel

objetos do desejo com alta tecnologia

por Alessandra Lariu, de Nova York

2

1

3

Boas férias! Eles são uma verdadeira mão na roda na hora de viajar

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n 1. Prancha elétrica

n 2. Fiscal de protetor

n 3. Adeus, insetos

Mesmo em regiões de águas abrigadas dá

Como saber se a superfície da pele está

Acampar pode ser desagradável em lu-

para surfar. Se você tem uma prancha mo-

de fato protegida depois de passar prote-

gares com muitos insetos. Mas não para

torizada Ravik, bem entendido. Criada por

tor solar? Simples. O SunScreenr mostra.

quem usa roupas da NoBu.gs. Elas vêm

designers suecos, é construída em fibra de

Trata-se de um pequeno dispositivo que,

tratadas com Permetrina, inseticida que

carbono, garantindo a leveza: pesa 35 qui-

acoplado à entrada USB do smartphone,

impede picadas de mosquitos, carrapa-

los, distribuídos em 179 cm por 61 cm.

revela em detalhes na tela as partes da

tos, formigas, pulgas e demais insetos,

Abastecida por um motor elétrico de lítio,

epiderme ainda desprotegidas da ação

embora seja inofensiva e sem cheiro. O

acelera de 0 a 50 km/h em apenas 4 segun-

dos raios UV. Por enquanto disponível

material,

dos e pode chegar a 30 nós (56 km/h). Au-

apenas para o sistema Android. Em breve,

para o Exército americano, é eficiente até

tonomia de 40 minutos. awakeboards.com

também para o iPhone. sunscreenr.com

70 lavadas. nobugsclothing.com

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originalmente

desenvolvido

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4

5

6

n 4. CASA COM RODAS

gem interna da cabine da picape para o

cou as palavras no próprio braço ou, por

A Mitsubishi é a sua casa. Isso pode ser

trailer. A L200 Triton Sport tem o sistema

exemplo, no painel do carro ou nos je-

dito da L200 Triton Sport Duaron, desen-

de tração mais moderno e versátil do

ans. O mecanismo de rastreamento óp-

volvida em parceria com a Duaron, espe-

mercado, com opções de 4x2 e 4x4 para

tico 3D da Phree mede com precisão

cializada na produção de trailers e mo-

diferentes tipos de terreno e situações.

cada movimento seu e envia tinta digital

torhomes. Apresentado no Salão do

Mas a suspensão foi reforçada para su-

por Bluetooth. otmtech.com

Automóvel de São Paulo, o veículo cha-

portar a estrutura do mortorhome.

mou atenção. Com o carro parado, o teto

camperduaron.com.br/mitsubishi

se expande por meio de controle remoto.

n 6. Durma bem Encontrar a posição para acomodar a cabe-

Tem banheiro, cozinha e quarto equipa-

n 5. Caneta vale-tudo

ça em viagens de ônibus ou avião nem sem-

dos, com infraestrutura para energia e

Com a caneta virtual Phree dá para es-

pre é fácil. O travesseiro Cori ajuda. A rigor,

água. Inclui cama de casal, geladeira de

crever ou desenhar em qualquer super-

são dois pequenos travesseiros ajustáveis a

80 litros, ducha, toldos traseiro e lateral,

fície e ver o resultado imediatamente no

um cinturão. Compacto e ergonômico, pode

dois sofás com mesa removível e passa-

celular ou tablet. Tanto faz se você rabis-

ser lavado na máquina. coritraveller.com dezembro 2018

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Mit4fun

equipamentos com a marca dos três diamantes

Relax total É hora de mandar o estresse para longe e aproveitar o verão

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3

n 1. CUCA FRESCA O fã da marca leva o logo na cabeça – ao pé da letra. Assim ocorre com o novo boné institucional. Feito de brim, com estampa frontal e fechamento com fivela de metal. n 2. PÉS LIVRES O verão está pedindo passagem. Na praia, na piscina ou em casa, a escolha certa são os chinelos Red MIT Full feminino e Black DYA masculino. Confeccionados em PVC,

levam estampa corrida na sola e logotipo da Mitsubishi na tira. São os mais indicados para relaxar na estação do Sol. n 3. ÁGUA PORTÁTIL Hidratação nunca é demais, você sabe. Para levar água bem gelada, uma boa pedida é o squeeze MIT. Com capacidade de 600 ml, a peça é de PVC fosco e vem com tampa e filtro de inox, e alça de silicone. Disponível nas cores vermelho e preto fosco.

5

n 4. BOA COMPANHIA Vai para a trilha? Leve tudo o que precisa na mochila MIT. Tem bastante espaço e traz a marca Mitsubishi com muito estilo. É feita de tecido Oxford na cor preta e com detalhes vermelhos. Tem, ainda, bolso na frente com zíper e bolso pequeno na alça. n 5. CARRO LIMPINHO O MIT Full é um porta-lixo desenhado para uso nos veículos Mitsubishi. É produzido com neoprene em estampa cinza.

Os produtos desta página estão disponíveis nas concessionárias e também no site mitshop.com.br /mit4fun 34

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MIT HI-TECH

as boas-novas da marca dos três diamantes pelo mundo

por walterson sardenberg Sº ilustrações pedro hamdan

Outras fontes A utilização de energias renováveis é uma das forças da marca dos três diamantes na busca por um planeta melhor

Mitsubishi Fuso Truck and Bus Corporation

Totalmente elétrico O primeiro caminhão leve totalmente elétrico fabricado em série chama-se eCanter. É produzido pela Mitsubishi Fuso Truck and Bus Corporation e já pode ser visto rodando no Japão, na Europa e nos Estados Unidos. Movido por um conjunto de seis baterias de íon lítio, tem força de 430 V. Isso lhe proporciona uma autonomia de 100 quilômetros e capacidade de carga de 2 a 3 toneladas – a depender da escolha da caçamba. No ano que vem, os 1,4 milhão de moradores da cidade de Kawasaki, no Japão, poderão conferir os resultados da frota de caminhões de lixo formada por eCanters. Eles oferecerão emissão zero de poluentes e trituração de dejetos silenciosa. Outras prefeituras devem seguir o exemplo. setembro 2015

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MIT HI-TECH

Nikon Vision Company

Tacada certa O bom golfista reconhece a necessidade de um telêmetro. É essencial. Trata-se de um aparelho eletrônico que mede a distância entre a bola e os buracos. Facilita um bocado o cálculo da força a ser empregada em cada tacada. O Coolshot Série 80 é um telêmetro a laser de absoluta precisão. Não à toa, utiliza um sistema óptico Nikon, o que por si só já lhe confere excelência e durabilidade. Seu visor adapta-se de modo automático à luz ambiente, permitindo ao Série 80 ser o mais eficiente do segmento. E também o mais rápido. O tempo de resposta da medição é de incrível 0,3 segundo. Em tempo: pode ser utilizado em qualquer época do ano, pois é à prova d’água, totalmente estanque.

AGC Glass Products

O som do vidro

Parece ficção científica. Mas quem visitou a Semana de Design de Milão, a mais famosa exposição do setor, neste ano, entre 17 e 21 de abril, constatou o milagre com os próprios olhos e ouvidos. Em parceria com o arquiteto japonês Motosuke Mandai, a AGC Glass Products, empresa do grupo Mitsubishi, montou uma inusitada instalação de geométricos pedaços de vidro dispostos por um amplo ambiente. O mais surpreendente: esses vidros são, na realidade, alto-falantes de rara qualidade sonora, formando um conjunto poderoso unido num sistema sem fios. Cada um deles emitia um som da natureza, de maneira a fazer cada visitante se sentir caminhando em meio a um bosque frondoso. A instalação foi uma das campeãs de frequência no decorrer da concorrida mostra italiana. 36

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Mitsubishi Heavy Industries Engineering

Transporte urbano de primeira A cidade de Manila, capital das Filipinas, tem dois problemas graves de trânsito: severa poluição do ar e recorrentes congestionamentos, a despeito do horário. Para ajudar nas duas questões, a Mitsubishi Corporation acaba de instalar, por encomenda da Manila Light Rail Transit, a nova linha de metrô de superfície, com emissão zero de poluentes. São 20 quilômetros de trilhos, que facilitarão a vida de milhares de pessoas. Projeto semelhante foi comandado pela Mitsubishi Heavy Industries Engineering (MHIENG) ao inserir no aeroporto internacional de Tampa, na Flórida, Estados Unidos, um trem de superfície com 12 vagões. A MHIENG é simplesmente o maior fabricante mundial de veículos do gênero. Trens semelhantes, produzidos pela empresa, funcionam nos aeroportos de Dubai, Singapura e Hong Kong, entre outros.

Mitsubishi UFJ Lease & Finance Company Limited

Bons ventos Na Europa, vem se acelerando a introdução de energias renováveis. O momento é favorável a investimentos no setor. Por isso mesmo, a Mitsubishi UFJ Lease & Finance Company Limited acaba de adquirir uma participação acionária na companhia irlandesa Evalair Limited, especializada em energia eólica. Com sede em Cork, segunda maior cidade da Irlanda (perde apenas para Dublin), a empresa está na vanguarda da utilização dos ventos como recurso energético. setembro 2015

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MIT HI-TECH

Mitsubishi Kakoki Kaisha

Hidrogênio no tanque do seu carro Uma das novidades da indústria automobilística é o carro movido a hidrogênio, também conhecido por FCV – fuel-cell vehicle, ou veículo acionado por célula de combustão. O combustível, no caso, tem inúmeras vantagens, a começar pela ausência de poluição. Outros predicados do automóvel a hidrogênio são a autonomia mais longa que a do carro elétrico e um tempo de carregamento mais curto. O funcionamento se deve ao resultado do contato do hidrogênio com o ar. Desse encontro resulta uma carga elétrica. É ela quem aciona o motor, também elétrico. Ciente dos benefícios desse combustível, o Grupo Mitsubishi criou uma nova empresa, a Mitsubishi Kakoki Kaisha. Deve-se a ela o desenvolvimento de uma unidade compacta de produção de hidrogênio. Outra das atividades da recéminaugurada MKK é a concepção de postos de carregamento, uma parceria com a companhia dinamarquesa Nel ASA. 38

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PORTA-MALAS

a bagagem do viajante

por Luís Patriani

Muito acima das ondas O foilboard revolucionou o surfe. Suas pranchas voam sem tocar na superfície da água

O

foilboard chegou com tudo e promete revolucionar o esporte. Os surfistas não deslizam sobre as águas. Eles voam. De quebra, o foilboard se adapta a todos os

tipos de ondas – das mínimas às grandes vagas de 20 pés – e atinge velocidades muito superiores às de qualquer prancha convencional. Ou seja, não tem dia

sem mar. Melhor: dá para surfar até em represas.

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A primeira utilização moderna do hidrofólio

Ao contrário do que se possa imaginar, a origem

se deveu, em 1975, ao lendário velejador francês

dessa intrigante tecnologia vem do passado remo-

Eric Tabarly. Na esteira dos barcos voadores, a

to. O hidrofólio foi patenteado em 1869 pelo francês

ideia migrou para o esqui aquático e, apenas na

Emmanuel Denis Farcot e, meio século depois, de-

dobrada do milênio, foi parar nas pranchas de

senvolvido pelo célebre Alexander Graham Bell. O

surfe. Detalhe: naquela época era necessário

princípio básico é a hidrodinâmica. A prancha tem

usar pesadas botas, tal a instabilidade das pran-

uma extensão submersa muito longa, chamada de

chas de então. Além disso, o surfista precisava,

mastro. Chega a 90 centímetros. Na base dela há

de início, ser rebocado por uma lancha ou jet ski.

uma superfície perpendicular dotada de dois foils

Não à toa, o pioneiro foi o havaiano Laird Hamil-

horizontais, semelhantes a asas de um avião e, por

ton, o pai do surfe rebocado.

isso mesmo, conhecido por fuselagem. A diferença

“Comecei a praticar em 2001, um ano depois

de pressão entre as faces superior e inferior dessas

que Hamilton surpreendeu o mundo ao aparecer

asas favorece uma força de baixo para cima, erguen-

na ilha de Maui, no Havaí, planando com uma

do a prancha. A partir daí, tendo uma área de atrito

prancha sobre o oceano”, conta Everaldo “Pato”

menor com a água e, portanto, menos arrasto, a ve-

Teixeira, surfista profissional de ondas grandes.

locidade aumenta. Dessa maneira, a pressão de bai-

O foilboard, no entanto, não vingou à época, em

xo para cima também avança, elevando a prancha

virtude da necessidade das botas e do reboque.

ainda mais para fora do mar.

A evolução do equipamento, com quilhas dota-

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Foto: divulgação

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Dá para surfar até sem ondas – o que muda tudo

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De início, o surfista precisava ser rebocado por um jet ski. Não mais

das de asas maiores, mais espessas e mais leves, libertou o esporte desses entraves. “Não é mais preciso ter um jet ski para a prancha ganhar velocidade. Você pode conectar uma onda na outra por horas a fio usando a força do vento e sem a ajuda de ninguém”, entusiasma-se Pato Teixeira, um dos poucos surfistas brasileiros capazes de pegar ondas grandes com o uso do foil. “Fiquei entusiasmado quando senti a estabilidade e a flutuação que os foils tinham adquirido e como eles permitiam surfar ondulações tão pequenas e com tanta qualidade. É revolucionário.” Assim como Pato, o big rider Carlos Burle foi tragado pela força inovadora do foilsurf. “É um novo universo que se abre”, celebra. “Agora posso explorar o mar de formas completamente diferentes.” Segundo o fato de não requerer mais ondas Como chegar às mais perfeitas pistas de esquiBurle, do mundo? muda tudo no esporte. Ele resume: “O atrito é bem De helicóptero. Conheça o heli-esqui menor, não tem barulho. E você está flutuando rapidamente. É como um balé. Apaixonante!”. dezembro 2018

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Pé na tábua Versatilidade é a palavra-chave na hora de escolher uma prancha de foilboard. Para os iniciantes a dica são os modelos de 6 pés (1,82 m) de comprimento. Eles dão mais estabilidade e facilitam na hora da remada. Os surfistas experientes, por sua vez, podem optar pelas chamadas miniboards, de

Ligando pranchas e asas

4 pés (1,21 m). Favorecem a agilidade

O mastro, produzido em fibra de carbo-

dos movimentos. “A falta de arrasto

no, faz a ligação da prancha com as asas

É necessário ter muito cuidado com o

associada ao baixo peso do material

do “avião” submerso. Os mais curtos (60

equipamento de foilboard para não se

dá sustentação e muita velocidade”,

e 70 cm) são indicados para iniciantes

machucar. A quilha pode se projetar para

diz

conhecido

por serem mais fáceis de controlar. Na

cima do surfista na hora do tombo. É pre-

como King, primeiro fabricante a pro-

King Boards custam entre R$ 1.900 e

ciso aprender a cair longe de seu alcance.

duzir material de foil no país.

R$ 2.000. Quanto maior o mastro, as ma-

Cuidado indispensável

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Alexandre

Tavares,

Além disso, capacetes são fundamentais

A SlingShot é a maior fornecedora

nobras são mais difíceis e perigosas. Mas

para proteger a cabeça e garantir alta

de foilboard no exterior. Uma prancha

a ação ganha em amplitude de movimen-

absorção de impacto. As melhores mar-

de 5 pés (1,52 m) custa em torno de

tos. Sobretudo nas curvas, evitando que

cas são Maori Extreme e Black Diamond,

US$ 1.000. Na brasileira King Boards, o

as quilhas saiam da agua com facilidade

produzidas com resinas de alta resistên-

valor médio das pranchas, sejam desti-

em grandes ondulações. Os mastros de

cia e espumas de poliestireno expandido.

nadas aos inexperientes ou a profissio-

90 cm custam entre R$ 2.450 e R$ 2.735

kanui.com.br; Arcoeflecha.com.br;

nais, é de R$ 1.800. Kingboards.com.br;

na King Boards. Kingboards.com.br;

Decathlon.com.br

Slingshotsports.com; Gofoil.com

Slingshotsports.com; Gofoil.com

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Bagagem segura A prancha de foilboard tem mais encaixes do que uma convencional. Por isso, sua conservação e manutenção exigem mais cuidados. Recomenda-se lavar com água doce, logo após o uso. Outra dica: evite pancadas durante o transporte. Ao escolher a capa, busque uma marca que ofereça proteção contra raios solares.

Nas asas do foil

Ela também deve ter espumas nas tampas e laterais, costuras firmes de nylon

A revolução começou pela mudança dos

antimaresia e alças externas ajustáveis.

materiais da fuselagem. Sai de cena o

Maori Extreme e Wet Dreams são refe-

alumínio e entra a fibra de carbono. “As

rências. Comsurf.com.br; kanui.com.br

asas atuais são maiores e mais espessas”, informa Everaldo Teixeira. “Perdem um pouco de velocidade, mas o ganho em estabilidade é fantástico.” O surfista catarinense aponta também a evolução dos equipamentos na busca de ondas grandes. “Nesse caso, os foils de carbono

Proteção contra o frio

são mais rígidos, eficientes e diminuem

A não ser que você esteja em águas

muito a vibração”, diz.

tropicais, permanecer por muitas ho-

No exterior, a Go Foil é um dos forne-

ras no mar requer roupas especiais de

cedores recomendados. O pacote de

neoprene para evitar quadros de hipo-

fuselagem (duas asas dianteiras e duas

termia. As indicadas são aquelas com

asas de calda) mais três tipos de mastro

acabamento de 3/2 mm de espessu-

custa US$ 1.749 dólares. Na King Boards,

ra nas mangas, ombros e axilas. As

as peças podem ser vendidas avulsas. A

marcas mais procuradas por surfistas

asa dianteira de fibra de carbono sai por

experientes são Mormaii e Seasub.

R$ 790. A asa traseira, por R$ 415. King-

kanui.com.br; Arcoeflecha.com.br;

boards.com.br; Slingshotsports.com

Decathlon.com.br

Os points do foilboard Guarujá (SP)

Rio de Janeiro (RJ)

As praias da enseada do litoral sul de

Indicada pelo surfista Carlos Burle,

O Havaí é o berço do foilboard. E tam-

São Paulo são umas das mais procura-

a praia da Macumba, no litoral sul da

bém seu epicentro mundial. A ilha de

das, embora o esporte ainda seja pouco

capital fluminense, é excelente para

Maui, segunda maior do arquipélago,

praticado no país. Um dos motivos de o

fazer foilboard no chamado outside.

revela-se uma das mais procuradas.

Guarujá ser o point são as ondas de ca-

Leia-se fora da zona de arrebentação.

nal, que demoram a quebrar e permitem surfar nas ondulações por mais tempo.

São Paulo (SP) No Brasil, a represa do Guarapiranga, na zona sul da cidade, foi o primeiro palco do foilboard no país, no início do século 21. O uso do foil por ali também é difundido no kitesurf, windsurfe e wakeboard.

Florianópolis (SC) Nascido na paradisíaca Floripa, capital de Santa Catarina e do surfe no Sul do Brasil, o big rider Everaldo “Pato” Teixeira começou a treinar na praia da Joaquina, um dos cartões-postais da cidade. Anos depois, tornou-se um dos principais expoentes do foilboard em ondas grandes do mundo.

Havaí (EUA)

San Francisco (EUA) Assim como o Havaí, a costa da Califórnia, nos Estados Uwnidos, é um dos lugares mais procurados pelos foilboarders. Palco de uma prova de vela da America’s Cup em que o recorde mundial de velocidade foi batido com o uso de um hidrofólio, a baía de San Francisco transformou-se em uma das referências de sua prática. dezembro 2018

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combustível bebidas para abastecer a alma

DOCE AMARGOR Os bitters já foram remédios. Hoje viraram a bebida da moda por Walterson Sardenberg So

A

perol, prosecco, club soda e laranja. Eis a fór-

mais difíceis de encontrar. A Angostura, por exemplo,

mula do Spritz, o refrescante drinque que virou

vem de Trindade e Tobago, no Caribe.

moda no Brasil. Na realidade, o coquetel não tem nada de novo. É uma herança dos soldados

O ALEMÃO QUE VIROU BRASILEIRO

húngaros na fronteira com a Itália nos anos finais da Pri-

Aperitivos ou aromáticos, eles têm origem semelhante.

meira Guerra Mundial (1914-1918). Eles adicionaram água

Surgiram a partir do século 19 como tônicos para uso me-

ao vinho produzido no Vêneto, região do norte italiano, que

dicinal. A depender do poder de persuasão do vendedor,

consideraram demasiado forte. À receita foram se soman-

serviam como vermífugos, curavam desconfortos gás-

do outras bebidas. Sobretudo, um amaro, com preferência

tricos e até aliviavam cólicas menstruais. Uma panaceia.

pelo Aperol [pronuncia-se á-perol], lançado em 1912.

Ainda hoje é comum escutar que o Cynar, outro bitter de

Italianos são mestres em amaros. Ou seja, em bebidas

origem italiana, faz bem para o fígado, em virtude de um

alcoólicas com sabor amargo. Entre as mais célebres pro-

de seus ingredientes principais, a alcachofra. Como se al-

duzidas por eles estão, por ordem alfabética, Aperol, Aver-

guma bebida alcoólica fosse uma bênção hepática.

na, Campari, Fernet e Select. Na Alemanha, os amaros são conhecidos por bitters. Como, aliás, no planeta em geral.

Essa aptidão para remédio dos bitters deve-se ao fato de a particularíssima fórmula de cada um açambarcar uma

Dos alemães, Underberg é o rótulo mais difundido

profusa variedade de raízes, ervas, frutos, caules, semen-

além das fronteiras, seguido pelo Jägermeister. Talvez

tes, flores e cascas de árvores maceradas. No Jägermeis-

pela dificuldade de dizer o nome dos demais, contando

ter combinam-se 56 ingredientes; no Campari, mais de 60;

aí Kuemmerling e Stonsdorfer. Só bartenders com ouvido

em alguns fernets, mais de 80. Vale tudo: quinino, ruibarbo,

absoluto entendem o pedido de uma terceira dose feita

louro, gengibre, genciana, noz-moscada – uma farmácia

por um bebedor pouco versado no idioma de Goethe.

inteira de especiarias. “Os bitters são sempre destilados,

Seja como for, vale a ressalva: os bitters não são exclu-

porque algumas das raízes utilizadas exigem álcool mais

sividade dos italianos e alemães. Um dos mais antigos,

potente para extrair suas propriedades”, explica Rafael Ma-

por sinal, o Becherovka, é produzido desde 1807 na região

riachi, mixologista da Pernod-Ricard e do Club do Barman.

onde hoje está fincada a República Checa. Há bebidas

Mesmo sem qualquer base científica, bebidas do gênero

assim criadas em toda a Europa, da Espanha (Calisay) à

são recomendadas pelos empíricos para curar aquele fe-

Dinamarca (Gammel Dansk). Sem esquecer aquelas co-

nômeno que retrata tanto mares ensandecidos quanto

nhecidas por bitters aromáticos.

manhãs insanas: a ressaca. As receitas mais comuns para

Essas são infusões concentradas, envasadas em frascos menores e produzidas para imprimir um toque

esse mal indicam Fernet Branca com refrigerante de cola, Underberg com soda, e Campari diluído em água tônica.

especial nos coquetéis. “Bastam somente algumas go-

Uma curiosidade. O lugar do mundo em que mais se

tas, como se fossem uma pimenta forte. É o caso da An-

bebe Fernet Branca com Coca-Cola é a Argentina, único

gostura no drinque Manhattan”, ensina Zeca Meirelles,

país fora da Itália em que se produz o bitter dessa mar-

físico e professor de mixologia da ProDrinks, em São

ca. Tudo começou com os imigrantes italianos. Pegou.

Paulo. Mais uma diferença: os bitters aromáticos são

Há quem filosofe, lembrando o apego argentino à faceta

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O Spritz: perfeito para este verĂŁo

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amarga da vida, do qual o tango seria sintoma. Seja qual for o motivo, o país vizinho consome 13 milhões de litros ao ano. A marca preferida? O Fernet Branca, que não tem a cor do nome. Como quase todo bitter — o escarlate Campari constitui exceção —, a Branca é preta. O batismo resulta do sobrenome do criador da fórmula, o milanês Bernardino Branca, que lançou a alquimia em 1845. No Brasil, um dos raros fãs famosos da bebida é Chico Buarque. Entre os entusiastas do Underberg por aqui estão

Os bitters aromáticos (ao alto) vêm em garrafas pequenas e são ótimos para borrifar nos drinques. Mas não têm a fama do Campari, que foi difundido por grandes artistas como o futurista Fortunato Depero

O Jägermeister está entre os aperitivos prediletos dos alemães

o humorista Jaguar e o navegador Amyr Klink. Amyr

50

tem tal apreço pelo bitter que deixou uma garrafa

o status da bebida, fazendo jus à sua origem. Na Itália, o

perto da estação brasileira na Antártica, para algum

Campari sempre foi identificado com a sofisticação, em

eventual visitante. Criada em Rheinberg por Hubert

cartazes produzidos por estupendos desenhistas e pin-

Underberg no ano de 1846, a bebida começou a ser

tores. Criado por Gaspare Campari em 1860, o bitter deu

exportada para o Brasil ainda no século 19. Em 1932,

nome ao café instalado na deslumbrante Galeria Vittorio

o neto do fundador, Paul Underberg, mudou-se para

Emanuele, em Milão, e ainda hoje na ativa.

o Rio de Janeiro e passou a produzir o bitter no bairro

O Campari era o único bitter a integrar a lista ofi-

da Tijuca. Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-

cial de 77 drinques da International Bartenders Asso-

1945), viu-se obrigado a mudar a fórmula pela dificul-

ciation (IBA). Ele desponta como ingrediente em três

dade de importar ervas. A partir daí, as relações com a

coquetéis da entidade: Americano, Negroni e Garibal-

fábrica original não foram as mesmas. Já no século 21,

di. Mas a associação incluiu recentemente o Spritz,

o bitter nacional trocou o nome para Brasilberg.

com Aperol. A utilização de bitters em drinques, de

Quanto ao Campari, por incrível que pareça aos olhos

qualquer maneira, é cada vez maior. “Sabendo fazer,

das novas gerações, foi lançado por aqui como uma be-

criam-se coquetéis muito bem equilibrados, pois as

bida popularesca. Na transmissões de futebol na TV, nos

bebidas adocicadas atenuam o amargor dos bitters”,

anos 1960, o locutor Geraldo José de Almeida bradava:

diz Rick Anson, professor de mixologia da Faculdade

“Quando chego em casa, minha patroa já sabe”. E prosse-

das Américas, em São Paulo, e da Universidade São

guia, se esgoelando: “Saluuuuute, Campari!”. Uma bem-

Judas, em Santos. Ele lembra: “Na França, toma-se o

-sucedida estratégia de marketing restabeleceu no Brasil

Suzy, mescla de Amer-Picon com champanhe”.

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O DOM DA PALAVRA Mais jovem ganhadora do Prêmio Nobel, a ativista paquistanesa Malala transforma sua história de vida em inspiração na luta pela liberdade das mulheres por Lígia Nogueira

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Foto: getty

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K

halida foi vendida como esposa para

um homem idoso que costumava lhe dar surras. Um dia ela conseguiu fugir com as três filhas, mas seus pais a rejeitaram, porque uma mulher que abandona o marido é considerada uma vergonha em seu país. Sima foi envenenada pelos próprios pais, quando tinha 15 anos, por ter se apaixonado e flertado com um homem. Malala foi baleada pelo Talibã por querer ir à escola, mas decidiu não se calar. Aprendeu cedo que não interessa a língua que você fale – o importante são as palavras que você escolhe para se expressar. “Tenho orgulho de ser pachtum, mas às vezes penso que nosso código de conduta tem muito a dizer, sobretudo no que se refere ao tratamento dispensado às mulheres”, conta a paquistanesa Malala You-

Sua autobiografia tornou-se best-seller em inúmeros idiomas

safzai na autobiografia Eu Sou Malala, escrita em parceria com a jornalista britânica Christina Lamb. 54

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Em Mossul, no Iraque, em julho de 2017, no dia em que completou 20 anos

A história da estudante que ouvia Justin Bieber e gostava de fazer bonecos de neve no jardim de casa em Mingora, no vale do Swat, um lugar descrito como paradisíaco, repleto de montanhas, cachoeiras e lagos de águas cristalinas no norte do Paquistão, ficou conhecida mundialmente em 2012. Malala tinha 15 anos quando,

Com o pai, Ziaddin, dono de uma escola – e que sempre a incentivou a ser livre

perseguida por extremistas religiosos, foi atingida por um disparo que perfurou seu rosto ao lado do olho esquerdo. A bala percorreu 45 centímetros em direção ao ombro e fez com que ela tivesse de passar por quatro hospitais e uma série de cirurgias para reconstituição das áreas afetadas. “Venho de um país criado à meia-noite. Quando quase morri,

Recrutados nos campos de refugiados como membros da re-

era meio-dia”, escreve Malala, cuja trajetória rápida e não por

sistência, jovens afegãos começaram a ser treinados para com-

isso menos impressionante se confunde com a gênese do Pa-

bater o Exército Vermelho em nome do islã, dando corpo a uma

quistão, fundado em 1947 como a primeira nação muçulmana

organização que ficaria conhecida como Talibã.

do mundo quando a Índia se tornou independente do domínio

Embora Muhammad Ali Jinnah, fundador do Paquistão,

britânico. A etnia pachtum é um povo orgulhoso, composto de

dissesse que a terceira força mais poderosa do mundo era a

muitas tribos e diversos idiomas, dividido entre o Paquistão e o

das mulheres (depois da espada e da caneta), a liberdade das

Afeganistão. Segue um tradicional código de comportamento

paquistanesas foi cerceada durante o regime do general Zia ul-

chamado pachtunwali, que obriga os habitantes a oferecer hos-

-Haq, que deu um golpe militar em 1977 e permaneceu no po-

pitalidade a todos e segundo o qual o valor mais importante é

der por uma década. Com a morte dele, em 1988, ocorreram

a honra. Tem tantas disputas internas que a palavra do idioma

eleições, vencidas por Benazir Bhutto, primeira mulher a se

pachtum para “primo” – tarbur – é ironicamente a mesma usa-

tornar primeira-ministra no Paquistão e a primeira, em todo o

da para “inimigo”. Quando ocorreu a invasão soviética ao Afe-

mundo islâmico, a participar de um governo.

ganistão, em 1979, o Paquistão recebeu milhões de refugiados

Os anos seguintes foram marcados por conflitos com os

afegãos e passou a obter apoio financeiro dos Estados Unidos.

militares, golpes de estado e alternâncias de poder em um con-

Fotos: Divulgação, reprodução companhia das letras, Malin Fezehai for Malala Fund

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Quando Benazir Bhutto, ex-primeira-ministra, foi morta, Malala ouviu o coração perguntar: “Por que não lutar pelas mulheres?”

texto em que os Talibãs ganhavam cada vez mais controle e estendiam sua influência no vale do Swat. O extremismo religioso ditava as regras e Benazir Bhutto, tida como uma das poucas vozes dissonantes, foi assassinada em 2007 com a explosão de um homem-bomba ao lado do carro em que se encontrava. Malala conta que, ao saber da morte de Benazir, seu coração perguntou: “Por que você não luta pelos direitos das mulheres?”. Em fins de 2008, cerca de 400 instituições de ensino haviam

Acima, Benazir Bhutto, uma referência. À direita, numa biblioteca. Abaixo, recebendo o Nobel da Paz em Oslo; e posando com a mãe, o pai e os dois irmãos

sido destruídas pelo Talibã e o que havia sobrado delas não poderia ser frequentado pelas meninas: as autoridades anunciavam por meio da rádio local que a partir do ano seguinte elas não deveriam mais ir à escola. A estudante que crescera lendo Ana Karênina, de Leon Tolstói, e os romances de Jane Austen – entre uma partida de críquete com os irmãos e um filme da saga Crepúsculo com as amigas, como qualquer criança normal – e que fora praticamente criada nas dependências da escola fundada por seu pai não podia aceitar o rumos dos acontecimentos. Nem os ataques de drones americanos nem os soldados armados com fuzis AK-47, no entanto, impediram que ela se pronunciasse. “Tenho um pai sem medo que me dá apoio. Ele me disse que sou uma criança e por isso tenho o direito de falar”, conta Malala, que foi classificada como “jovem brilhante” por um jornalista em uma reportagem sobre a catástrofe que estava ocorrendo no Swat. A garota comunicativa e que nunca perdeu o gosto por fazer piadas com suas colegas, um de seus passatempos favoritos na escola, chamou a atenção do New York Times. O jornal produziu um documentário so56

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bre ela (Class Dismissed in Swat Valley). Já a BBC a convidou para escrever um blog sob o pseudônimo de Gul Makai, que significa “centáurea azul”, nome de uma flor e de uma heroína do folclore pachtum. O pai de Malala desempenhou um papel fundamental ao incentivá-la desde criança a ser livre. “O mais impressionante na história dela e de sua família é a busca incessante pela liberdade”, analisa Alessandra Esteche, tradutora da edição juvenil da biografia da paquistanesa no Brasil. Para ela, sua luta vai além da questão da educação. “Ela se manifesta também na ousadia de seguir sendo quem somos mesmo diante de uma opressão inimaginável. E acreditar que nossa voz tem poder ainda que tentem nos silenciar de todas as formas.” A adolescente já havia retornado à vida escolar quando recebeu do governo paquistanês o Prêmio Nacional da Paz em uma cerimônia na residência oficial do primeiro-ministro, Fotos: getty, alamy

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A senIpsapiendis rectori onsequa ssumenda saperist, suntios apienimusam

Gilani, em 2011. Àquela altura Malala estava acostumada a encontrar políticos e já tinha planos de criar uma fundação educacional. “Não fiquei nervosa”, conta. “Eu sabia que ele não ia levar minhas reinvindicações a sério, por isso não

Na Casa Branca, recepcionada por Malia, Michelle e Barack Obama. E na Nigéria com o líder local Kashim Shettima

pressionei muito. Pensei: um dia serei política e eu mesma vou fazer as coisas.” “Embora festejada em todo o mundo por sua eloquência, inteligência e bravura, Malala é muito difamada no Paquistão”, ressalta a escritora Fatima Bhutto em artigo publicado no jornal inglês The Guardian sobre a mais jovem da história a ser laureada com o Nobel da Paz, recebido em 2014, aos 17 anos. Isso porque, mesmo depois do atentado, a estudante nunca deixou de criticar abertamente o Talibã e se posicionar contra a guerra dos Estados Unidos, a política da CIA de financiar mo58

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Ela é muito difamada no Paquistão. Até por ter aparecido usando jeans. Ainda assim, continua criticando abertamente o Talibã Malala entrega à Elizabeth 2ª seu livro. E recebe de Bono prêmio da Anistia Internacional

vimentos jihadistas, a violência e os sequestros realizados pelos militares paquistaneses. No ano passado, as redes sociais foram à loucura por causa da circulação de uma foto em que a paquistanesa veste calças jeans e botas de salto, ato considerado ofensivo pelos religiosos radicais. A inspiração, felizmente, é mais poderosa do que a maledicência. A ativista, que descobriu na Inglaterra a paixão por pizza e que não dispensa os fones de ouvido com músicas de Katy Perry, criou o Fundo Malala para promover a educação de meninas no mundo e desde então vem investindo em países da África e da Ásia. Em 2018, ela decidiu apoiar três iniciativas lideradas por brasileiras em sua primeira incursão na América Latina. “Ela tem uma força inacreditável, não precisa berrar para defender seu ponto de vista; é de uma gentileza, de uma delicadeza sem fim”, elogia Dagmar Rivieri, fundadora da ONG Casa do Zezinho, ao descrever a jovem de apenas 1,50 metro de altura com quem conversou em julho de 2018. As duas trocaram ideias sobre o trabalho que a organização desenvolve com jovens e crianças em situação de alta vulnerabilidade social no bairro do Capão Redondo, em São Paulo, e Malala se mostrou bem interessada. “Estamos também em uma zona de guerra. Tanto no país dela quanto aqui, é sempre o pobre quem morre. Daí a importância de ensinar os jovens a ter pensamento crítico”, diz Dagmar.

Fotos: getty, alamy

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Malala mora agora na Inglaterra. Mas sua voz ecoa em grupos de garotas mundo afora. “Juntas seremos unidas”, resume a ativista

Hoje, aos 21 anos, Malala está no segundo ano do curso de filosofia, política e economia em Oxford, no Reino Unido, para onde se mudou depois do atentado. A vida universitária é uma grande transformação para qualquer estudante, e com ela não é diferente. Nenhum prato servido no refeitório chega aos pés do frango e do arroz preparados por sua mãe, e isso ainda a faz sentir saudades de casa e de seus dois irmãos mais novos. Equilibrar estudos e vida social é um desafio. “Vou ao quarto de um amigo ou eles vêm ao meu para conversar depois do jantar; quando nos damos conta, já são 3 da manhã!”,

Adolescentes do mundo inteiro se sentem mais seguras com Malala, que este ano fez conferências em Nova York e comemorou o 21º aniversário no Pão de Açúcar, com o projeto social Na Ponta dos Pés

contou ela à Vogue britânica. SALVADOR, RECIFE E SÃO PAULO

evento. Ela diz que a jovem é “extremamente madura para a ida-

Apesar de tudo, Malala tenta levar uma vida normal. Em fren-

de” e que as duas estão conversando para promover, ao lado de

te ao computador, não resiste a ver fotos de suas celebridades

outras organizações, projetos conjuntos no Brasil.

favoritas, como o jogador de tênis Roger Federer e o ator Brad

As ativistas brasileiras selecionadas pelo Fundo Malala já

Pitt, conforme mostra uma cena do documentário He Named

trabalham em projetos que contarão com apoio internacional.

Me Malala. As partidas de críquete também foram retomadas

Ana Paula Lima, coordenadora da Associação Nacional de Ação

e às vezes ela vai ao cinema. E ainda telefona para sua melhor

Indigenista (Anaí), com sede em Salvador, Sylvia Siqueira Cam-

amiga, Moniba, no Paquistão, para se inteirar das fofocas.

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pos, do Movimento Infantojuvenil de Reivindicação (Mirim), de

Entre uma aula e outra, viaja pelo mundo promovendo pales-

Recife, e Denise Carreira, coordenadora da Ação Educativa, de

tras sobre o poder transformador das mulheres, como a que mi-

São Paulo, participaram de encontros com a jovem para pôr

nistrou na capital paulista, com a presença de 800 convidados.

ideias em prática por meio da Rede Gulmakai.

“Garantir que as meninas tenham acesso à escola e possam ficar

Ana Paula está liderando um estudo para mapear a situação

nela até o final é essencial para que a gente tenha uma sociedade

da educação de meninas indígenas na Bahia. “Mais do que nú-

mais justa”, diz Ana Lucia Villela, fundadora do Instituto Alana e

meros, pretendemos obter informações qualitativas que nos per-

membro do conselho de administração do Itaú, patrocinador do

mitam entender os motivos que fazem com que muitas dessas

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meninas estejam fora da escola e, desse modo, buscar com elas os meios para a superação”, diz. Depois do trabalho de formação, 60 meninas serão selecionadas para participar ativamente das decisões em seu ambiente escolar e em suas comunidades, tornando-se, assim, multiplicadoras da filosofia da paquistanesa. Denise, também indicada pela fundação como defensora dos direitos à educação das meninas e mulheres, reforça a importância das discussões de gênero em um contexto de crescimento acelerado de grupos fundamentalistas. “Firmamos um compromisso com a atuação pela retomada de políticas públicas que foram descontinuadas em decorrência da ação desses grupos, presentes em vários países e agora com mais força no Brasil.” É a voz de Malala ecoando em diferentes idiomas, em nome das garotas que enfrentaram a injustiça e foram silenciadas. Como ela costuma dizer: “Juntas seremos ouvidas”. Fotos: getty, agência brasil, Malin Fezehai for Malala Fund

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Tecnologia

os m e t s ó n , s Ye

unicórnios ó O BRASIL reúne cinco startups que, em tempo recorde, passaram a valer mais de US$ 1 bilhão por Luiz Maciel

O

unicórnio, aquele cavalo branco dotado de um único chifre pontiagudo, nunca existiu. Está, portanto, na mesma categoria da sereia e do dra-

gão, seres fantásticos igualmente reverenciados pelo imaginário popular. Desde 2013, porém, o unicórnio ganhou tintas reais ao ser usado para

estimativa Quantos unicórnios há mundo afora? Nem tantos quanto o título do livro do especialista Felipe Matos. Em outubro de 2018, eles eram 281

identificar empresas de tecnologia que, embora nascessem nanicas no Vale do Silício, na Califórnia, alcançavam em poucos anos um valor acima de US$ 1 bilhão. Algo que parecia tão impensável quanto topar com o mitológico ser numa esquina. Quem cunhou a expressão foi a investidora americana Aileen Lee, num artigo no The New York Times – e o apelido pegou. Na época, havia

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no mundo apenas 39 startups que se encaixavam

Assim como o valor atribuído aos unicórnios, a

nesse figurino, incluindo o Google, que hoje faz

lista de quantos existem no mundo é vaga. Um bom

parte da holding Alphabet, citada como o unicór-

palpite é que já superaram a casa das três cente-

nio mais valorizado do planeta, cotado em cen-

nas, considerando as startups que atingiram a cifra

tenas de bilhões de dólares. As cifras que circu-

mágica de US$ 1 bilhão, mas preferem continuar

lam no mundo dos unicórnios, e das startups em

crescendo na moita – na contabilidade da consul-

geral, estão longe de ser precisas. “Essas avalia-

toria americana CB Insights, elas seriam 281 em

ções podem variar muito, porque são baseadas

outubro de 2018. O Brasil, que até 2017 não tinha

no potencial de mercado e na expectativa de lu-

nenhum representante entre os unicórnios, neste

cro futuro”, explica Igor Piquet, diretor da seção

ano passou a ter pelo menos cinco, identificados

brasileira da Endeavor, organização de apoio a

pelos investimentos que conseguiram atrair.

empreendedores presente em 32 países. “Não

O primeiro a despontar foi o aplicativo de trans-

levam em conta o rendimento atual da empresa.”

portes 99, que em janeiro de 2018 foi comprado

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em alta O colombiano David Vélez, do banco digital Nubank, unicórnio brasileiro com 5 milhões de clientes

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pela chinesa Didi Chuxing – que, diga-se, já era só-

aplicar a regra de três para concluir que 100% da

cia minoritária da companhia – numa operação de

empresa passaram imediatamente a valer US$ 4

US$ 600 milhões. Naquele mesmo mês, a empre-

bilhões. “Não estávamos precisando fazer caixa,

sa de pagamentos PagSeguro, filhote que virou

mas simplesmente não podíamos deixar passar a

a unidade mais lucrativa do portal UOL, fez uma

oportunidade de ter a Tencent conosco”, afirmou

oferta pública de ações (IPO) na bolsa Nasdaq, em

na ocasião o CEO do Nubank, David Vélez. “Será

Nova York, e captou US$ 2,6 bilhões.

um grande parceiro para nos ajudar com sua tec-

Em outubro, foram as fintechs – startups fi-

nologia na área financeira.”

nanceiras – Nubank e Brex que entraram para o

Já a Brex, uma operadora de cartão de crédito

clube. O Nubank, banco digital com 5 milhões de

criada pelos brasileiros Henrique Dubugras e Pedro

clientes, que oferece cartão de crédito sem ta­

Franceschi, ambos com 22 anos de idade e egres-

xa de anuidade, vendeu 5% de suas cotas por

sos da universidade de Stanford, alcançou o status

US$ 200 milhões para a chinesa Tencent – basta

de unicórnio ao ser turbinada por US$ 125 milhões

Fotos: dedoc, divulgação

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dinamismo Os mesmos empreendedores que criaram a 99 (e a venderam aos chineses) apostam agora na Yellow

vindos de dois fundos de investimento. O cartão da Brex, veja só, foi desenhado exatamente para atender startups em estágio inicial no mercado americano. O mais recente unicórnio brasileiro é a Stone Pagamentos, concorrente da PagSeguro. Em final de outubro, ela fez uma oferta pública inical de ações em Nova York e captou US$ 1,5 bilhão. Num mundo globalizado, é difícil também determinar a nacionalidade dos unicórnios. “Não considero a Brex brasileira. Ela nasceu, cresceu e está totalmente direcionada ao mercado americano”, opina Felipe Matos, fundador da aceleradora Startup Farm e autor do livro 10.000 Startups. De acordo com ele, a startup de entregas Rappi, embora de origem colombiana, seria mais brasileira do que a Brex, por exemplo, por ter conseguido boa parte de sua expansão no nosso mercado. Assim como o Nubank, criado pelo também colombiano David Vélez, é brasileiro da gema. E a

No final do ano passado, o Brasil tinha

99, ainda que controlada pelos chineses, continua brasileira por continuar operando só aqui.

(imobiliária virtual), o Guia Bolso (consultoria financeira e plataforma de crédito), a Méliuz (que

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SOBE E DESCE

oferece cupons de desconto em lojas virtuais), a

“Na verdade, essa classificação não tem a me-

Hot Mart (cursos online) e a Ebanx (que emite bo-

nor importância”, pondera Matos. “O fato é que a

letos para compras na internet).

presença cada vez maior dos chamados unicór-

Segundo a Associação Brasileira de Startups,

nios é sinal de amadurecimento do ecossistema

havia no país 6.326 dessas empresas promissoras

financeiro mundial. Acredito que veremos muitas

no final de 2017. Elas teriam recebido, de acordo

novas empresas brasileiras chegando a esse pata-

com a Associação Latino-Americana de Venture

mar nos próximos anos.” Entre os candidatos bra-

Capital, US$ 860 milhões de investimentos ao

sileiros a entrar no clube dos unicórnios, ele cita

longo desse ano, uma quantia três vezes maior do

a Movile (dos aplicativos iFood, PlayKids e vários

que a captada em 2016. As chamadas acelerado-

outros), a Creditas (fintech de empréstimos bara-

ras, que ajudam as startups a encontrar os men-

tos), a Loggi (central de motoboys) e até a estre-

tores mais adequados ao seu tipo de negócio – e,

ante Yellow (de compartilhamento de bicicletas,

principalmente, os investidores interessados –,

fundada pelos felizardos que venderam a 99).

eram cerca de 40 no país em julho de 2016, infor-

A lista de startups promissoras de Igor Piquet,

ma o Centro de Private Equity da FGV, a Fundação

da Endeavor, inclui a Dr Consulta (rede de aten-

Getúlio Vargas. Embora essas sejam as estimati-

dimento ambulatorial de baixo custo), a Viva Real

vas mais recentes, é fácil concluir que todas elas

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na fila A rede de atendimento ambulatorial Dr Consulta é séria candidata a entrar na lista

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6.326 startups promissoras. Quantas delas vĂŁo virar unicĂłrnios?

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Nem Apple nem Amazon sĂŁo unicĂłrnios. Cresceram devagar

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disputa A Stone Pagamentos (acima) é o mais recente unicórnio brasileiro. A Movile (ao lado), dos aplicativos iFood e PlayKids, segue no páreo

já estão superadas, dada a dinâmica do mercado

está tirando o sono de seus controladores. Assim,

nos últimos 12 meses.

o topo da lista de unicórnios é ocupado pela Al-

Nem todas as startups são bem-sucedidas,

phabet (Google), cotada em mais de US$ 800 bi-

no entanto. Longe disso. “De cada grupo de dez,

lhões, seguida pelo Facebook e pela Tencent, que

apenas uma vai dar muito dinheiro”, nota Igor Pi-

disputam cabeça a cabeça o segundo lugar, am-

quet. “Mas o lucro dessa única startup de sucesso

bas valendo acima de US$ 500 bilhões.

compensará amplamente, para o investidor, as

A ascensão vertiginosa da Tencent, que entrou

duas empresas que ficaram no zero a zero e as

no mercado brasileiro com o Nubank e tem bala

se­te que faliram.” Essa volatilidade no mundo das

para muito mais investimentos aqui, é um sinal

startups – para cada uma que vai à bancarrota

claro de que os chineses ameaçam tirar dos Esta-

surgem mais duas, num processo contínuo – é

dos Unidos o título de pátria dos unicórnios. Além

um obstáculo a mais na busca por um panorama

dela, estão entre os dez maiores da lista da CB In-

atual desse mercado. É como a estrela que obser-

sights as chinesas Alibaba (gigante do e-commer-

vamos no céu: na verdade, o que chega até nos é

ce), a Ant Financial (empresa de meios de paga-

um sinal luminoso emitido alguns anos-luz antes,

mento, ligada à Alibaba), a já citada Didi Chuxing

e por isso talvez nem exista mais.

e a Xiaomi (produtos eletrônicos).

NA FRENTE, A ALPHABET

ter superado o valor de mercado do Facebook, foi

A Apple e a Amazon, as primeiras empresas do

criada em 1998 com um projeto explicitamente

mundo a ser avaliadas em mais de US$ 1 trilhão

ambicioso – seu nome é uma referência aos 10

– atingiram a marca em 2018 –, não são conside-

cents de dólar que, desde o início, queria angariar

radas unicórnios, embora tenham nascido peque-

de cada chinês. Pois conseguiu muito mais. Com

nas e crescido à base de tecnologias inovadoras.

dinheiro de sobra, está observando com atenção

Acontece que levaram mais de dez anos para che-

as startups brasileiras e pode ajudar mais algu-

garem a valer US$ 1 bilhão, fato que decerto não

mas a virarem unicórnios.

A Tencent, que muitos especialistas garantem

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Ele chega no início do primeiro semestre às concessionárias Mitsubishi, combinando a tradição e a robustez do 4x4 com a mais alta tecnologia para sete ocupantes por glauco lucena

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No mercado atual, povoado de SUVs dos mais variados tamanhos e estilos, poucas fabricantes podem se dizer tão especialistas no assunto como a Mitsubishi Motors.

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Muito antes dessa moda, a marca dos três diaman-

“O Pajero Sport é um SUV completo, sinônimo

tes já produzia seus veículos off-road e os validava

do pioneirismo e ousadia da Mitsubishi Motors”,

no desafiador Rally Dakar, onde o Pajero prevaleceu

ressalta o diretor de planejamento Reinaldo Mura-

nas últimas décadas com 12 campeonatos conquis-

tori. “Traz elegância, um ótimo espaço interno e se-

tados. Todo esse DNA está presente no novo Mitsu-

gurança aliados à tecnologia – para rodar nas cida-

bishi Pajero Sport, que acaba de desembarcar no

des ou despertar o espírito outdoor, já que é capaz

Brasil com um estilo arrojado e inconfundível.

de encarar grandes aventuras no fora de estrada”.

Dentro do portfólio da empresa, o Pajero

Itens como piloto automático adaptativo, alerta

Sport vai conviver com o Pajero Full – ícone

de colisão com frenagem automática, detector de

mundial celebrizado pelo slogan “The Car, The

ponto cego, tecnologia intuitiva MiTEC e freio au-

Legend”. Combinada a essa tradição de robus-

tônomo somam-se a um interior luxuoso e ao mais

tez em qualquer terreno, o modelo impressiona

avançado sistema de tração 4x4 da categoria. A ver-

pelo nível de tecnologia embarcada, a serviço da

são 2019 do Mitsubishi Pajero Sport não abre mão

segurança, conectividade e conforto para até

de versatilidade e da força que sempre marcaram

sete ocupantes. Em outras palavras, rodar com

sua trajetória. Em sua terceira geração, ele esbanja

a família ou os amigos em qualquer terreno nun-

luxo, tecnologia, segurança, conforto, espaço e estilo

ca foi tão confiável e confortável como no novo

contemporâneo. Muito mais do que um SUV, o Paje-

Pajero Sport – “A New Legend”.

ro Sport carrega a tradição vitoriosa da Mitsubishi

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O visual é robusto e desafiador. A tecnologia de última geração garante segurança e conforto

Motors dentro e fora das competições, num pacote de tecnologia capaz de atender aos mais exigentes dos consumidores. Visual robusto O novo Pajero Sport chega em versão única, com sete lugares, teto solar e o avançado sistema 4x4 com transmissão Super Select II [veja quadro explicativo]. O motor é o poderoso MIVEC 2.4 turbo diesel, com injeção direta, que entrega 190 cavalos de potência e torque máximo de 43,9 mkgf. O bloco de alumínio tem 16 válvulas, duplo comando e uma nova central eletrônica. Aliado à transmissão automática de oito marchas, proporciona boa eficiência energética, aceleração vigorosa e todo o torque disponível a partir de baixas rotações. O visual robusto, de aspecto desafiador, impressiona ao primeiro olhar. As linhas elegantes da carroceria contribuem para a aerodinâmica do carro, o que se traduz em estabilidade, baixo nível de ruído e economia de combustível. Bom exemplo é o rack de teto (na cor prata) integrado à carroceria. Já o visual dianteiro ostenta o Dynamic Shield, marca registrada dos novos SUVs da Mitsubishi, em que os elementos cromadezembro 2018

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o piloto automático adaptativo freia e acelera o carro sem intervenção do motorista dos contrastam com a grade inferior na cor preta. Os faróis de LED têm regulagem automática de altura, lavador e integração das luzes diurnas e de neblina. Rebatidos automaticamente quando o veículo é trancado, os espelhos retrovisores externos, elétricos, exibem elegantes piscas em LED. O friso da linha de cintura e as maçanetas cromadas dão um toque especial ao SUV, bem como as rodas de liga leve aro 18, diamantadas, com pneus off-road 265/60. Estribos laterais complementam o design e ajudam na tarefa de embarcar e desembarcar. A traseira é marcada por lanternas de LED, para-barro e aerofólio. Uma verdadeira nave O interior é baseado no conceito de design confortável, esportivo e funcional. O console central alto em Black Piano, com detalhes cromados, envolve toda a parte dianteira, reunindo recursos como seletor de tração, de escolha do piso e freio de estacionamento eletrônico. Saídas de ar-condicionado de duas zonas estão estrategicamente posicionadas nas três fileiras de bancos. O sistema multimídia tem tela de 7 polegadas, com Android Auto e Apple Car Play, áudio streaming de última geração e conexão WiFi, que permite o acesso a aplicativos como Waze e os de música. Amplo, o porta-malas tem capacidade para 571 litros. Com os bancos da segunda fileira rebatidos, salta para impressionantes 1.731 litros, graças ao assoalho totalmente plano. Os bancos são de couro – os dianteiros com ajuste elétrico. O novo volante multifuncional agrega vários comandos: áudio, voz, telefone, piloto automático, computador de bordo e limitador de velocidade. Além disso, borboletas na coluna de direção permitem que o motorista se divirta trocando as oito marchas a seu gosto. Tecnologia total O novo Pajero Sport tem diversos recursos que deixam o dia a dia mais prático, seguro e confortável, com destaque para o piloto automático adaptativo (ACC). Basta programar a velocidade que, por meio de sensores e radares, o veículo freia e acelera sem a intervenção do motorista, fazendo a leitura da velocidade do veículo que vai à frente. Ele trabalha em parceria com o FCM, sistema de 72

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O sistema de tecnologia intuitiva faz com que o carro ‘pense’ e aja sem que o motorista perceba frenagem autônoma que atua para evitar ou minimizar os efeitos de uma possível colisão.

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Para quem possa se intimidar com o porte e o peso do novo Pajero Sport, vale lembrar que ele tem

Outros itens de segurança passiva importantes

um invejável raio de giro de apenas 5,6 metros, o que

são o alerta de ponto cego (BSW), prevenção de

garante tranquilidade nas manobras em espaços

aceleração involuntária (UMS) e nada menos que 11

mais curtos. Sim, há o lado bruto, mas com todas

airbags: dois dianteiros, dois laterais, seis de corti-

as facilidades para tornar a condução agradável em

na (inclusive para a terceira fileira de bancos) e um

qualquer situação. O melhor exemplo é o sistema

para o joelho do motorista. Para quem usa a força

MiTEC – Mitsubishi Motors Intuitive Technology,

do Pajero Sport com reboques, há o sistema TSA,

conjunto de recursos de última geração, com siste-

que estabiliza o conjunto quando o fenômeno do

mas e sensores espalhados por todo o carro. Eles

serpenteamento for detectado. Por tudo isso, mais

trabalham para guiar, proteger, alertar, conectar e

os reforços estruturais da carroceria, o SUV obteve 5

até entreter, “pensando” e agindo sem que o moto-

estrelas nos testes internacionais de colisão.

rista perceba. “E la nave va”, como diria Fellini.

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À esquerda, detalhes de um interior luxuoso. Acima, o Pajero Sport prova que não escolhe terreno

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Para todos os tipos de off-road

C

omo legítimo SUV raiz com motor diesel, o novo Pajero Sport

4HLc Para terreno acidentado com superfícies de baixa aderência.

tem suspensão reforçada, e essa robustez vem acompanhada

4LLc Para subidas ou descidas íngremes, rochas, areia e lama.

das mais modernas tecnologias de assistência eletrônica a serviço do uso fora de estrada: Super Select II 4WD, controle de descida de

O Pajero Sport conta ainda com o exclusivo Off-Road Mode,

montanha (HDC), de partida em rampa (HSA), além dos obrigatórios

com quatro opções de ajuste: Gravel (cascalho), Mud/Snow

controles de estabilidade e tração. Garantia de tranquilidade para pas-

(lama/neve), Sand (areia) e Rock (rocha). Elas adaptam a tração

seios de fim de semana e expedições em terrenos de difícil acesso.

para pisos escorregadios ou com pedriscos e rochas, alterando a

A nova central 4WD-II apresenta quatro modos de operação,

potência do motor, ajustes de transmissão, sistema de freios, tra-

incluindo a reduzida. Por meio do seletor no console central, o

ção e estabilidade. No quadro de instrumentos, o motorista pode

motorista pode facilmente optar pelo melhor ajuste, dependendo

visualizar como cada roda está atuando.

do local e das características do piso:

Em situações extremas, o bloqueio do diferencial do eixo tra-

2H Para o asfalto, privilegia a economia de combustível, com

seiro, acionado por um botão, age quando as rodas ficam sus-

desempenho suave.

pensas – em valetas transversais ou terrenos com erosões. A

4H Ideal em estradas e pisos irregulares, inclusive asfalto,

aptidão off-road fica evidente nos excelentes ângulos de inclina-

serras e chuva. Alterna automaticamente a tração entre

ção lateral (45º), de entrada (30º), de saída (24,2º) e de subida

os eixos dianteiro e traseiro.

de rampa (23,1º).

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Na raia: a depender da forรงa dos ventos previstos, ele se esforรงa para pesar mais ou menos. Dos 86 aos 102 quilos

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Vela no DNA JORGE ZARIF Tem quatro títulos mundiais. Ele é da terceira geração de grandes iatistas

Por Gilberto Ungaretti

O

velejador Jorginho Zarif, como é conhecido, contraria frontalmente o diminutivo de seu nome. Ele mede 1,91 metro. Pela estatura, poderia muito bem ter escolhido ser goleiro,

jogador de vôlei ou nadador. Por sinal, até os 15 anos, viveu um dilema entre a piscina e os barcos. Filho de uma ótima nadadora do Flamengo, o paulistano Jorginho participava da equipe juvenil de natação do Esporte Clube Pinheiros, em São Paulo, onde ganhou um apelido revelador. “Eles me chamavam de Cielinho”, conta o taludo velejador, de 26 anos, fã do grande campeão Cesar Cielo. “Acho que era mais pelo meu tamanho do que pela técnica na piscina”, ressalva, brincalhão. Se o esporte preferido da mãe o influenciou na infância, a vela, que também já praticava desde garoto, no Yacht Club Paulista, na represa de Guarapiranga, tornou-se a escolha do adolescente. Nada mau: velejando na classe Finn, Jorginho foi nove vezes campeão brasileiro, três vezes campeão do mundo (duas delas na categoria júnior) e já liderou o ranking internacional. Achou muito? Ele não. No mês de outubro, como quem vai ali e já volta, o novo atleta Mitsubishi disputou o Mundial de outra classe, a Star, que, infelizmente para os brasileiros, deixou de ser olímpica. Resultado: dividindo o barco com Guilherme de Almeida, consagrou-se campeão mundial de novo. Em dezembro, mais uma vez na Star e agora em dupla com Pedro Trouche, venceu o concorrido título da Star Sailors League. Entre os participantes, havia 21 medalhas olímpicas e mais de 40 títulos mundiais. Sua primeira grande conquista lá fora como profissional, em 2013, já havia entrado para a história. O Brasil não vencia o mundial de Finn – classe de alta técnica e velocidade em barcos de 15 pés (4,58 metros) dezembro 2018

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Muito treino para o próximo Mundial de Finn, que será em janeiro, em Miami

de comprimento – havia 41 anos quando Jorginho levantou a taça em 2013, na Estônia. Tinha então 20 anos e cumpria a sua primeira temporada na categoria principal, depois de um bicampeonato mundial como júnior. Ainda naquele ano, ganhou o

na última olimpíada, chegou em quarto lugar. Nas próximas, tem tudo para conquistar uma medalha. é o que diz Torben Grael

título de atleta do ano do Comitê Olímpico Brasileiro, vencendo o ginasta Arthur Zanetti e o próprio Cesar Cielo, seu ídolo na adolescência. UM VELEIRO LENDÁRIO

Finn e representou o Brasil nos Jogos Olímpicos

“O Jorginho tem luz própria”, celebra o megavele-

de 1984 e 1988. Sempre com um sorriso estam-

jador Torben Grael, coordenador técnico da equipe

pado debaixo dos espessos bigodes. “Eles são o

brasileira de vela. “Nos Jogos Olímpicos do Rio de

meu alicerce”, resume Jorginho. “Meu avô nasceu

Janeiro, chegou num bom quarto lugar. Agora, mais

na Síria e chegou aqui em 1939, pouco antes da

maduro, tem tudo para conquistar uma medalha na

Segunda Guerra Mundial.”

Olimpíada do Japão”, diz Torben. Outro gigante da

Em São Paulo, “seu” João se estabeleceu como

vela, Robert Scheidt, faz coro: “Com 23 anos, ele já

comerciante e, em seguida, na vela de oceano. Até fa-

tinha duas participações olímpicas e um título mun-

lecer, em 2005, participou das principais regatas oce-

dial. Com um bom planejamento e trabalho, suas

ânicas no Brasil, quase sempre a bordo do veleiro hoje

melhores performances ainda estão por vir”.

lendário, que comprou na Argentina, o Áries, onde

Jorginho tem a quem puxar. Seu avô João Za-

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muita gente boa começou. Amyr Klink, por exemplo.

rif foi velejador – e dos bons, famoso pelo rígido

O velho João Zarif iniciou a dinastia. Seu filho Guga

senso de disciplina. Seu pai, Jorge Zarif Netto, o

continuou. Um trauma na família poderia ter inter-

Guga, sagrou-se nove vezes campeão brasileiro de

rompido a linhagem. Guga morreu aos 50 anos. Infar-

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de musculação; de 45 a 90 minutos de pedaladas. Sem contar o tempo na água. “O Finn tem uma vela muito grande, com mais de 10 metros quadrados, além de uma retranca enorme”, explica. “O velejador dessa classe precisa ser pesado”, conta Jorginho, que, no momento, está com 96 quilos, mas costuma mudar de figurino, de acordo com a regata que tem pela frente. “Às vezes, fico com 86 quilos. Outras, pulo para 90. Já cheguei a pesar 102 quilos.” Tudo depende do tipo de vento na competição. “Na Olimpíada de Londres, a previsão era de ventos muito fortes”, relembra. “Cheguei ao barco pesando 100 quilos.” Já em regatas em que prevalecem os ventos fracos, a pedida é outra. “O ideal são 88 quilos.” Fora da raia, a única transgressão a que se permite é a fuga para alguma balada, a cada dois meses. “Senão a gente enlouquece”, pondera. “Mas bebo o mínimo.” Outro programa é ir ao estádio da Vila Belmiro. “O Santos é o meu time de coração.” Além disso, gosta Muito bem cercado. Com seus fãs Robert Scheidt e Torben Grael. E levantando a taça de Star, com o proeiro Guilherme de Almeida

to fulminante. Apesar do sofrimento, Jorginho perma-

de basquete, futebol americano e tênis. “Acompanho

neceu na vela. “Meu pai foi meu ídolo”, conta. “Se não

a NBA, a NFL e os jogos de Grand Slam”, diz. O resto é

fosse por ele, eu não estaria velejando.” Por conselho

rotina. Espartana rotina. Não dá tempo nem mesmo

do pai, Jorginho continua estudando. Cursa o último

de ter namorada fixa – ainda que o relacionamento

semestre de administração de empresas na Faap, em

mais recente tenha durado quatro anos. “Não tem

São Paulo. O problema: em alguns anos, passa mais

como manter um namoro sério”, conforma-se. “Mo-

tempo fora do país do que aqui. “Chego a morar mais

rando seis meses por ano fora do Brasil, é impossível.”

de seis meses no exterior”, calcula. “Sou um nômade.”

Paciência. Por conta da falta de tempo, Jorginho,

Em setembro último, esteve no Japão para um

nas viagens ao exterior, limita-se a um circuito bási-

evento-teste dos próximos Jogos Olímpicos. No

co: do hotel para a raia e dali para o aeroporto. “Estou

mês seguinte, bandeou-se para Maryland, EUA,

acostumado a essa vida”, diz. “Tenho uma cabeça boa

onde ganhou o Mundial de Star. Quando não está

para isso.” O próximo compromisso importante pela

viajando, exercita-se três horas por dia, cinco dias

classe Finn será o Mundial em janeiro próximo, em

por semana, na academia de seu treinador Luigi

Miami. Jorginho está otimista. Torben e Scheidt têm

Turisco. O programa: de uma hora a 90 minutos

razão. Ainda vamos ouvir falar muito sobre ele. dezembro 2018

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TÓQUI

A C A P I TA L D O S I L Ê N C I O São 37 milhões de moradores E o mínimo de ruído URBANO POR RENATO MODERNELL

P

Fotos marcelo spatafora

essoas cosmopolitas, que circulam pelos quatro cantos da Terra, adoram Tóquio. Entre as cidades globais, esta é a cereja do bolo. A mais limpa e segura de todas. Isso parece um milagre, se olhamos os números. Com 37 milhões de habitantes, a área metropolitana de Tóquio é a mais densamente povoada do planeta. São 14 mil habitantes por quilômetro quadrado, o dobro de São Paulo. E não é uma cidade convencional, que se expande a partir do núcleo. Tóquio (que significa “capital do leste” em japonês) resulta da aglomeração de 23 bairros e 39 povoações, cada qual com seus respectivos dirigentes e assembleias. Não era para funcionar, e funciona que é uma maravilha. Tudo e todos parecem cumprir sua função e respeitar o seu limite. O céu de Tóquio abriga, desde 2012, a mais alta torre de TV do planeta. Com 634 metros de altura, a Tokyo Sky Tree é uma espécie de muralha da China vertical. Mas esse prodígio da engenharia moderna não faz sombra aos mosteiros budistas, com seus telhados recurvos e esse tesouro que ainda será uma commodity: o silêncio. Os cidadãos, aqui, são especialistas em silêncio. Dá para ouvir o sinal progressivo (um canto de pássaro) que informa aos pedestres o momento certo de atravessar a rua. Só então os saltos dos sapatos das mulheres começam a crepitar no asfalto. Nada de buzinas, freadas, gritos, ruídos de celulares. O pedestre jamais atravessa com o sinal fechado, nem se a rua estiver deserta. E quando a multidão se entrelaça em vários fluxos no cruzamento de Shibuya, ninguém tromba, nin-

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guém corre, ninguém perde o ritmo, como em uma orquestra regida por Seiji Ozawa. Os cidadãos, aqui, são especialistas em civilidade. E também são especialistas em higiene. Andam com máscaras para não disseminar doenças. Não jogam lixo na rua. É como se o chão da cidade fosse tão respeitável quanto o espaço mais íntimo (antes, sagrado) de um lar japonês, aquele cômodo coberto por tatames onde só se entra sem sapatos. Ninguém tem preguiça de esfregar os vidros para obter neles a transparência máxima, seja nas lentes dos óculos, seja nos mostruários do comércio. Em Ginza, o bairro das compras de luxo e da culinária gourmet, as vitrines parecem expostas a céu aberto. Nas estações de trens e metrô (algumas mistas, babilônicas), não se vê nem mesmo um toco de cigarro entre os dormentes dos trilhos. Sobre eles, as composições circulam pontualmente em horários fixados às vezes com frações de minuto. Os cidadãos, aqui, são especialistas também em cortesia. Não medem esforços para ajudar o forasteiro, mesmo sem dominar o inglês. Isso, aliás, não deixa de ser curioso, visto que estamos em um ambiente transnacional. Tóquio conta com a terceira bolsa de valores mais importante do mundo, famosas indústrias de eletrônicos e o insuperável mercado de peixes Tsukiji, que vende 400 espécies de inúmeras procedências. Aqui dá para se comunicar por gestos, sorrisos e um cordial arigatô (obrigado). Há umas 20 maneiras de se pronunciar essa palavra, com diferentes sentidos. Mas esqueça isso. Não tente entender o Japão. Apenas curta.

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FESTA SUBTERRÂNEA. O metrô de Tóquio, com suas funcionárias sorridentes, é o quinto maior do globo. Tem 328 quilômetros de extensão (o de São Paulo soma 96 quilômetros). À esquerda, a tradi­ção dos quimonos e uma garota harajuku, a tribo urbana que se veste como numa festa a fantasia

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UMA OUTRA ORDEM. A perene busca do silêncio contrasta com uma estética que se pode chamar de berrante, seja na densidade dos cartazes ou até no desenho dos sorvetes, sempre reinventando a geometria

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CIDADE TRANSNACIONAL. As influências ocidentais vão da cantora loura de jazz às cervejas Asahi e aos arranha-céus de aço e vidro. Os tênis, no entanto, ainda ficam de fora quando se entra num ambiente mais íntimo

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LUZ PRÓPRIA. Os táxis são amarelos, como os de Nova York. O Hard Rock Cafe é parecido com dezenas de outros. Mas o distrito de Roppongi tem luz própria, em seu estilo boêmio e cool. Inigualável

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Perfil

Fogo e poesia Ou como o argentino Francis Mallmann transformou a “culinĂĄria brutaâ€? dos pampas em obra de arte Por Mauro Marcelo Alves

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O artista aos 62 anos: vida marcada por fogo, fumaça, carne, sal e vinho

E

le pega a grande caneca presa na extremidade de um cabo longo. Em seguida, derrama o conteúdo sobre a carne aberta do cordeiro estendido na estaca fincada

na neve da Patagônia. Chuá! A carne logo é banhada com a salmoura. Eis aí um gesto teatral, típico de quem é teatral naquilo que faz: o chef argentino Francis Mallmann. Ele adora cozinhar na clareira de uma floresta mas, dependendo da oferta, leva as labaredas para Miami ou para a Provença francesa. Rude e sensível ao mesmo tempo, adora dizer que pratica uma “cozinha bruta” – detesta os fru-frus de

Mallmann costuma comandar o espetáculo em almoços e jantares no campo. Além disso, orienta restaurantes na Argentina, Uruguai, Chile, Estados Unidos, França e Brasil

menus degustação. E, aos 62 anos, vai levando uma vida marcada por fogo, fumaça, carne, sal e vinho. Seu lugar de estima é La Isla, no lago La Plata, sul da Patagônia argentina, de acesso demorado e difícil, mas com uma provisão permanente de grandes produtos gastronômicos para si e os raros convidados. Ali ele pensa, caça, estuda projetos, lê seus livros de poesia (tem 4 mil), come e bebe como o rei Mallmann e recebe as mulheres de sua vida, para as quais nunca escondeu, como preveniu o escritor George Bernard Shaw, que “a fidelidade não é mais natural ao homem do que a jaula ao tigre”. Uma vez ao ano, na Páscoa, tenta reunir os seis filhos de quatro mulheres para imolar o cordeiro dito de Deus. Mas não estamos aqui para tratar da vida pessoal do inquieto chef, embora ela pareça ter a mesma chama que arde na parrilla. Natural de Acassuso, na província de Buenos Aires, Mallmann cresceu em Bariloche, no norte da Patagônia, para onde o pai, 92

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Enquanto o mundo o consagra, ele se refugia numa ilha dentro de um lago no sul da Patagônia. é onde gosta de ficar, longe de tudo um físico eminente, foi enviado pelo governo. Rebel-

espírito irrequieto permitiu. Foi quando começou a

de desde sempre, levava um travesseiro para a es-

ler livros de receitas da grande cozinha francesa e

cola e dormia profundamente durante as aulas. Ado-

decidiu que era hora de arrumar as malas. Destino:

lescente, usava calças rosa, botas de salto (“Meu pai

Paris. Encantou-se com a cultura gaulesa e, já coe-

pensou que eu era gay”) e era fanático pela música

rente com as estripulias amorosas que viria a pro-

de Neil Young, Joni Mitchell e Bob Dylan.

tagonizar, gostou, em especial, da maneira como os

Batatas e carne na brasa: sempre no cardápio

franceses levam a vida. “E o amor? As mulheres são AS BATATAS DO VENCEDOR

tão infiéis... adoro isso.” A partir de 1976 e pelos 20

Não admira que, com apenas 16 anos, ele tenha

anos seguintes estagiou e trabalhou em cozinhas

abandonado a família e seguido para a Califórnia

estreladas de chefs renomados como Roger Vergé,

hippie. Em San Francisco, comprou um carrinho

Raymond Oliver e Alain Senderens.

esportivo por US$ 723 e passou a percorrer a costa

Foi quando aconteceu algo que transformaria

californiana, se empanturrando de música e traba-

mais uma vez o seu jeito de encarar a profissão –

lhando como carpinteiro. Curiosamente para a épo-

agora definitivamente. Como revela em seu livro Siete

ca, nunca usou drogas, garante. “E até hoje nem sei

Fuegos, Mallmann foi convidado a integrar uma equi-

bem por quê”, afirma. “Me sinto drogado o dia todo

pe de chefs estelares para um jantar de gala da Aca-

com aquilo que faço – do que mais preciso?”

démie Internationale de la Gastronomie, com sede

Mallmann jamais havia pensado em se tornar

na França. O evento, no entanto, seria em Frankfurt,

cozinheiro, mas conheceu uma garota, Cecília, com

Alemanha. “Eu estava na companhia de superstars

quem montou um restaurante de breve existência.

europeus, como Alain Ducasse, Ferran Adrià e Frédy

Logo o casal seguiu para a Argentina. Ali, inaugu-

Girardet”, conta. Girardet, suíço, é um dos “três co-

rou outro restaurante, que durou o tempo que seu

zinheiros do século 20” segundo o guia GaultMillau,

Fotos: getty, divulgação

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Por duas décadas, trabalhou na França, sob a tutela de chefs famosos. Aí teve um insight e decidiu voltar À Argentina e às raízes Nos pampas, ao ar livre: o personagem em seu habitat

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junto com Paul Bocuse e Joël Robuchon. “E eu era o

são, de rápido sucesso com suas tiradas incomuns

primeiro chef do Novo Mundo a ser convidado.”

e sarcásticas, e com artigos em jornais nos quais

Pensou, pensou e veio o estalo. Fazer o que apren-

a gastronomia fazia cama e mesa com o erotismo.

dera na escola francesa, “com seus molhos de fan-

Francis Mallmann, definitivamente, era agora perso-

tasia e os ingredientes minuciosamente empilhados

nagem de si próprio, papel iniciado com o insolente

como um dos penteados de Maria Antonieta?” Não,

banquete de batatas que lhe rendeu o Grand Prix de

a herança andina bateu forte e ele despachou um

Cozinha da academia naquele ano.

assistente para o Peru, que voltou com meia tonela-

Vieram outros restaurantes. Mallmann passou

da de batatas de diferentes variedades. Atônitos, os

a ser conhecido fora das fronteiras argentinas e,

exigentes comensais viram desfilar em seus pratos

livre como um gaucho nos pampas, metia a colher

nada menos de nove versões com o tubérculo – e o

onde pediam que a enfiassem. Assim, tornou-se um

sucesso da ousadia permitiu a Mallmann ter a exa-

crítico virulento dos novos movimentos culinários,

ta confiança para encarar sua verdadeira cozinha.

como a gastronomia molecular. “Não me importo

“Para me inspirar, voltei-me aos métodos da frontei-

com quem fica bravo com minhas opiniões”, disse

ra, dos gauchos e, antes deles, dos índios”, escreveu.

quando lhe pediram para comentar os menus de-

Com isso, o fogo da Patagônia, perto do qual cres-

gustação que se transformavam em maratonas,

ceu, voltou forte aos seus instintos. Enfim, aos 40

onde a conversa tinha de ser interrompida a cada

anos de vida, e depois das duas décadas de regime

novo prato. “A única razão para comer e beber é a de

militarista dentro das cozinhas francesas, ele deci-

termos uma conversação melhor”, completou.

diu voltar. Começou a dar cursos em Buenos Aires e

Ele quase nunca aceita participar de festivais gas-

logo abriu um restaurante no bairro de Palermo. Mas

tronômicos para os quais é convidado. Por não gos-

ficou conhecido mesmo com um talk-show na televi-

tar de ser considerado um chef de cozinha moderno

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prefere, com certeza, a descrição feita pelo jornal francês Le Figaro, que iniciou com ele uma série de artigos dedicados a cozinheiros radicais que subvertem a visão corrente da alta cozinha: “No menu de hoje, um vulcão argentino que cativou o fogo”. Vulcão? Mallmann sempre solta uma fumacinha quando algo ou alguém não lhe agrada, como confessou no documentário Chef’s Table, da Netflix, que o mostra banhando o cordeiro com salmoura. Mas quando gosta de uma pessoa é pra valer. “Meu relacionamento profissional com ele sempre foi ótimo”, diz Belarmino Iglesias Filho, das churrascarias Rubaiyat, que o trouxe para a inauguração do Figueira, em São Paulo, e segue suas orientações. “É um gênio dos sete fogos, à frente do seu tempo”, diz Iglesias. “No começo as pessoas não entendiam quando um legume vinha meio queimado. Mas sua comida se impôs e a melhor prova disso são os 20 anos de sucesso do Figueira Rubaiyat.” PARIS VOLTOU AOS PLANOS Hoje, o mallmannismo está presente no Patagonia Sur, em Buenos Aires; no 1884, em Mendoza; no Orégano, também em Mendoza, este em parceria com sua atual companheira, Vanina Chimeno; no Siete Fuegos do The Vines Resort & Spa no vale de Tunuyán, província de Mendoza; no Fuegos de Apalta, em Santa Cruz, Chile; no Garzón, na pequena vila de mesmo nome e outro nas dependências da Bodega Garzón, em Maldonado, ambos no Uruguai; no Los Fuegos, em Miami, e, mais recentemente, no Restaurant Francis Mallmann, dentro do vanguardista Château La Coste, em Le Puy-Sainte-Réparade, na Provença, que além de vinícola é um museu de arte contemporânea a céu fechado e aberto. Parece muito para quem aprecia mesmo é ficar isolado em sua ilha, com apenas o chiado de um rádio por satélite e de onde não quer nem saber se ocorre algum problema nos restaurantes (“Se os chefs e ge-

Cozinha de risco

rentes aceitam a função, devem ser capazes de resol-

Fogo indomável e labaredas malcriadas

ver tudo”, diz, à la gaucha). Mas não consegue perder

Quando se cansou dos rigores da cozinha francesa e seus ingredien-

a inquietação e, perguntado há pouco numa entrevis-

tes “empilhados como um penteado de Maria Antonieta”, Francis

ta coletiva se continua a ter planos, revelou: “Antes de

Mallmann assumiu o risco de voltar no tempo e ao fogo primitivo

morrer, quero abrir um restaurante em Paris”.

para imprimir sua marca culinária. Quando comi em alguns de seus

Na Cidade Luz servirá a pièce de résistance de

restaurantes, percebi que sua busca pelos métodos da fronteira, dos

sua fama: o ojo de bife com molho chimichurri, ba-

gauchos e dos índios traz riscos próprios a essa escolha. O fogo é in-

tatas cortadas ao estilo dominó, tomate assado e

domável e não raras vezes carnes e legumes recebem uma labareda

salada de rúcula. Será outro retorno em sua vida e

malcriada. Sem contar o Figueira Rubaiyat, em São Paulo, comi duas

ao país que ama particularmente, processo já inicia-

vezes no 1884, em Mendoza, com resultados desiguais; uma ok em

do no restaurante do Château La Coste. “Não tenho

Garzón e a mais feliz de todas no Siete Fuegos dentro do condomínio

medo de nada”, ele afirma. “Se devo recomeçar, pos-

The Vines, no vale de Tunuyán, onde empanadas e legumes com a

so fazê-lo não importa onde. Os piores inimigos do

crosta queimada eram deliciosos e necessários ao entendimento da

homem são o medo e a rotina. Eles nos paralisam.”

cozinha bruta de Mallmann. (Mauro Marcelo Alves) dezembro 2018

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Joshua Slocum a bordo do Spray

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Aventura

O capitĂŁo sem tripulantes HĂĄ 120 anos, o americano Joshua Slocum, inspirador de Amyr Klink, se tornava a primeira pessoa a dar a volta ao mundo sozinho em um veleiro. Mesmo enfrentando tempestades e ataques de piratas Por Ricardo Prado

dezembro 2018

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Foram três anos e dois meses de viagem, que começou com uma travessia dos Estados Unidos aos Açores

E

m 1892 um experiente capitão da ma-

primeiros navios alimentados a carvão, em poucos

rinha mercante lutava contra o destino.

anos os veleiros se tornariam economicamente in-

Aos 48 anos – 34 deles vividos a bordo de

viáveis para a navegação comercial. Por isso, o ca-

veleiros –, o americano, nascido no Cana-

pitão não conseguia mais encontrar trabalho.

dá, Joshua Slocum vivia um momento de amargor

A virada que transformaria o experiente, mas

e incerteza. Havia começado como marujo raso e

decadente, marujo em uma lenda do mundo náu-

chegara ao comando de um grande navio cargueiro

tico surgiu quando Slocum reencontrou em Bos-

de três mastros. Gostava das embarcações que se

ton, na Costa Leste, um velho conhecido. Era o

moviam levadas apenas pela força do vento. Dessa

capitão de um barco baleeiro, que lhe prometeu

forma, fizera diversas viagens para a Europa, Ásia e

um veleiro de presente. “Mas precisa de alguns re-

América do Sul. Mas o final do século 19 trazia em

paros”, alertou. No dia seguinte, ao chegar ao pas-

seu bojo uma grande mudança tecnológica. Uma

to onde jazia o que restara de um sloop (veleiro

revolução movida a vapor. Desde o surgimento dos

de um único mastro) chamado Spray, desolou-se

Os principais pontos de parada do Spray

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Boston

Acores Açores

24 de abril de 1895: Slocum parte a bordo do Spray para sua viagem de volta ao mundo

24 de julho de 1895: primeira tempestade, logo após a saída de Horta

Mit revista

Rio de Janeiro

Estreito de Magalhães

Ilha de Juan Fernandez

Samoa

24 de outubro de 1895: tentativa inútil de receber o pagamento de uma dívida do Ministério da Marinha pelo transporte de um navio torpedeiro durante a rebelião naval de 1893

11 de fevereiro de 1896: início da passagem pela Terra do Fogo, com risco de naufrágio, duas tentativas de invasão e uma tempestade na

26 de abril de 1896: chegada à ilha que abrigou Alexander Selkirk, o náufrago cuja história serviu de inspiração ao clássico Robinson Crusoé, de Daniel Defoe

16 de julho de 1896: depois de 72 dias sem avistar porto, uma parada para conhecer a viúva de Robert Louis Stevenson, o escritor preferido de Slocum

saída do estreito

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Slocum ganhou o veleiro de presente. Mas, quando foi conhecê-lo, desolou-se, tal o estado de abandono do barco

com o estado de abandono da embarcação de 37 pés (11,2 metros) de comprimento e 9 toneladas. “Descobri que meu amigo me fizera uma piada”, contaria Slocum no livro Velejando Solitário ao Redor do Mundo, publicado dois anos após seu retorno da viagem histórica. Foram necessários 13 meses de trabalho árduo para reconstruir o Spray. Mas essa era a segunda especialidade do capitão, que sempre dedicara muita atenção aos serviços de reparos nas embarcações. Por fim, no dia 24 de abril de 1895 um renovado Spray içou âncora do porto de Boston. Slocum tinha 51 anos. Levava menos de US$ 50 no bolso, provisões para alguns meses, uma espingarda e alguns cartuchos para se prevenir do ataque de piratas. Também carregava um plano audacioso: cruzar o Atlântico em direção à Europa e depois seguir rumo à Terra do Fogo, cruzar a imensidão do oceano Pacífico, atingir a Oceania, alcançar o oceano Índico, contornar o Cabo da

agir um marinheiro experiente diante do mar,

Boa Esperança e cruzar mais uma vez o Atlântico

além de uma boa dose de sagacidade para lidar

para voltar de onde partia (veja mapa).

com situações inesperadas. Por exemplo: como manter o rumo da embarcação e conseguir dor-

Piloto automático e piloto imaginário

mir por algumas horas em uma época em que

Três anos e dois meses depois de sair, em 27 de

ninguém sonhava com piloto automático? A solu-

junho de 1898, Slocum se tornaria a primeira ce-

ção seria tão engenhosa quanto simples. Slocum

lebridade do mundo da vela. Celebridade conquis-

definia o rumo e amarrava com firmeza o leme na

tada com humildade e perseverança, como deve

posição. Antes de se entregar ao sono, no entanto,

Ilhas Maurício 16 de setembro de 1896: parada para manutenção, feita gratuitamente pelas autoridades locais

Sydney 9 de maio de 1897: início da perigosa travessia pela Grande Barreira de Corais, onde por pouco o Spray não encalha em um recife

mapa: cassio bittencourt; Fotos: getty, fotoarena

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Embora tivesse pouca escolaridade, Slocum gostava de ler a bordo. E escreveu um livro saboroso sobre sua jornada

Cabo da Boa Esperanca Esperança

Ilha de Santa Helena

Tobago, Caribe

Newport, Estados Unidos

27 de dezembro de 1897: o Spray volta a navegar em águas atlânticas, etapa final da viagem

31 de março de 1897: conferências e uma polêmica cabra a bordo, despejada na parada seguinte pelo velejador, depois de comer o mapa das Índias Ocidentais

18 de maio de 1898: “Hoje à noite, na latitude de 7º13’ Norte, pela primeira vez em quase três anos, eu vi a Estrela Polar”, escreveu o capitão em seu diário

27 de junho de 1898: Joshua Slocum torna-se o primeiro velejador solitário a dar a volta ao mundo

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barcação foi ao mar. Nesse barco, construído com mão de obra local no litoral de Santa Catarina, Slocum embarcou com a família para a viagem de volta aos EUA. Navegou 5.500 milhas sem grandes incidentes. A aventura seria contada em seu primeiro livro, A Viagem do Liberdade, publicado com recursos próprios e que não gerou repercussão alguma. Algo muito diferente aconteceria com o segundo livro do capitão. Viajando Solitário ao Redor do Mundo se tornou best-seller tão logo foi lançada, em 1900, a primeira edição de 5 mil exemplares. Virou leitura obrigatória para aficionados da vela, influenciando sucessivas gerações de navegadores, do britânico Robert Knox-Johnston (primeiro velejador a fazer a volta ao mundo sem escalas, em 1968) ao brasileiro Amyr Klink (que em 1984 realizou a travessia solitária do Atlântico em um barco a remo). Uma viagem nunca feita antes Não era para menos. O livro narra, de modo saboroso, o desafio de sair de Boston sozinho a bordo do Spray e regressar ao mesmo lugar depois de dar a volta no planeta. “‘Tome cuidado, tenha cuidado’, falei alto para meu barco, que vogava silenciosamente, como num conto de fadas, através da baía”, contaria o capitão, nas páginas iniciais do seu livro clássico, admiravelmente bem escrito para quem teve apenas dois anos de escolaridade. Por onde atracava, o Spray e seu único tripulante A reforma do Spray exigiu 13 meses de trabalho. Por fim, o veleiro resistiu bem

fazia questão de “passar o comando” da embar-

chamavam atenção. Era o que Slocum mais queria.

cação para seu tripulante imaginário, um suposto

O mais usual era o veleiro despertar um interesse

piloto da Pinta, a mais rápida das caravelas que

espontâneo e imediato onde aportasse. Em poucos

trouxeram Colombo às Américas.

dias a autoridade local se apressava em providen-

Experiência em construir barcos Slocum já ti-

ciar um local para uma palestra do ilustre visitante.

nha, e a ocasião surgiu da pior forma, no Brasil.

Por essas apresentações, Slocum invariavelmente

Em 1886, aos 42 anos, após perder seu veleiro de

recebia algum tipo de pagamento, na maioria das

carga Aquidneck para um banco de areia na cos-

vezes produtos in natura, indispensáveis para man-

ta brasileira, o capitão estava quebrado financei-

ter a saúde e o bom humor. O cardápio a bordo

ramente. Sem navio e tendo se desfeito da carga

consistia, na prática, em batatas, bacalhau salgado

que levava para pagar os marinheiros, precisou

e biscoitos, feitos duas ou três vezes por semana

construir com a madeira que restou do naufrágio

por ele mesmo. Além, é claro, do peixe fresco que

um barco para voltar aos Estados Unidos com sua

simplesmente voava para o convés. “A cada manhã,

família. Naquela época, Slocum viajava com sua

exceto quando a lua estava muito clara, eu recolhia

primeira mulher, e prima, Henrietta, e dois filhos

uma abundante pescaria, simplesmente catando-

ainda pequenos. O resultado foi um veleiro de for-

-os perto da borda. Não havia necessidade de car-

mas exóticas, que lembrava uma embarcação ja-

ne em conserva”, relataria o escrivão-cozinheiro.

ponesa com seu mastro único de junco, mas que navegou muito bem.

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Mit revista

Tachinhas contra piratas

Chamava-se Liberdade, assim mesmo em por-

O fato de navegar sozinho era o que mais surpree-

tuguês, em homenagem à abolição dos escravos

endia a todos que acolhiam o forasteiro. Sobretudo

no Brasil, assinada no mesmo dia em que a em-

os marinheiros. Eles sempre cercavam o capitão

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para completar a volta ao mundo, o capitão navegou 46 mil milhas náuticas. ou 85.192 quilômetros

com perguntas, conselhos, cartas náuticas e presentes. Alguns seriam de grande valia, como uma caixinha contendo tachas de tapeceiro, presente de um velho marujo austríaco. O ancião vivia em Punta Arenas, na Terra do Fogo, uma região de travessia de extremo perigo, tanto pelo alto risco de naufrágio quanto por ser habitada por gente truculenta que emboscava as embarcações. Para se prevenir de uma invasão noturna a bordo, que de fato aconteceria, Slocum seguiu os conselhos do velho marujo e espalhou as tachinhas pelo convés viradas para cima. Os piratas fueguinos foram surpreendidos pelo truque e se jogaram no mar, entre berros de dor e tiros de advertência. Com esse ardil o velejador solitário sobreviveu ao seu segundo ataque corsário – o primeiro acontecera no começo da viagem, na região das ilhas Canárias, quando o Spray se viu perseguido por uma embarcação de mouros que por pouco não encerra a viagem. O que salvou o capitão foi uma manobra errada dos piratas em um mar bastante agitado. Se havia os que queriam tirar proveito da aparente fragilidade de um único homem a bordo, na maioria

maiores incidentes, a viagem que o projetaria na história das grandes aventuras oceânicas se encerrou em 27 de junho de 1898.

dos lugares Slocum era recebido com boas-vindas.

Havia percorrido 46 mil milhas (85.192 quilô-

Assim ocorreu em diversas ilhas da Polinésia, na

metros) sem motor nem rádio, nem qualquer for-

Austrália e na ilha de Santa Helena. Houve quem de-

ma de patrocínio, em uma viagem movida a vento

sejasse apoiar no anonimato a aventura do capitão.

e paixão por navegar.

Como certa admiradora da Tasmânia, onde o Spray

Com o que ganhou em suas conferências e os

esteve em fevereiro de 1897. Ela mandou entregar-lhe

direitos autorais do livro, Joshua Slocum comprou

esta mensagem: “Uma senhora envia ao Sr. Slocum a

sua primeira casa em terra firme. Por três anos

nota de cinco libras, aqui inclusa, como testemunho

bem que tentou firmar raízes, criando um pomar

de sua admiração por sua bravura em atravessar o

e cultivando lúpulo em West Tirbury, Massachus-

vasto oceano em um barco tão pequeno, sozinho, e

setts. Mas o chamado do mar foi mais forte. Em

sem nenhuma simpatia humana para ajudá-lo quan-

1905 o agora célebre marinheiro-escritor partiria

do os perigos o ameaçavam. Boa sorte”.

de novo para uma viagem às Índias Ocidentais.

Joshua Slocum contou mesmo com o bom

Voltou no ano seguinte, mas não ficou muito tem-

au­ gúrio invocado pela admiradora secreta, es-

po em terra firme. Surgiu-lhe a ideia de explorar os

capando poucos meses depois de um naufrágio

rios da Amazônia, mais um projeto audacioso. Só

noturno durante a perigosa travessia da Grande

que desta nova viagem solitária o velho marinhei-

Barreira de Corais, na costa da Austrália. Depois

ro, então com 65 anos, jamais regressaria.

seguiu atravessando o oceano Índico e o cabo da Boa Esperança. Continuou pelo Atlântico e, sem

Na ilha de Santa Helena, ele embarcou uma cabra. Arrependeu-se. O caprino comeu um de seus mapas

Desapareceu junto ao seu inseparável veleiro Spray na imensidão do mar que sempre foi sua terra firme. dezembro 2018

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rally dos sertões por Daniel Silveira

2018

Sertão de diamantes Patrocinadora do Rally dos Sertões há 16 anos, a Mitsubishi Motors Brasil domina a maior competição off-road do Brasil com 70% dos carros inscritos

Q

motos para cumprir os 3.500 quilômetros entre

a competir na Mitsubishi Cup Nordeste e depois na Sudeste. “O Ser-

Campos do Jordão, região serrana de São Paulo, e

tões é o sonho de todos que fazemos rali, dá para dizer que é o ápice

as praias de Natal, no Rio Grande do Norte. Um ano depois, a

da carreira, a nossa Fórmula 1”, compara. Segundo ele, a Mitsubishi

Mitsubishi Motors reforçava seu perfil 4x4 incentivando o uso

Cup cria um círculo de amizades – e uma coisa leva à outra. “Ficar

off-road de seus carros com o rali de regularidade Mitsubishi

com a Mitsubishi também foi uma escolha natural, seja pelo incenti-

Motorsports, nascido em 1994 como um passeio fora de es-

vo da marca ao esporte, seja pela confiabilidade dos veículos.”

uando foi dada a largada do primeiro Rally dos

É o caso do piloto Nadimir Oliveira, campeão do Sertões 2018 na

Sertões, em 1993, a competição reuniu apenas 34

categoria Super Production com uma L200 Triton ER. Ele começou

trada para os proprietários de Pajero e L200. Em 1996, o Ser-

102

tões passou a contar também com veículos 4x4 – e a partir de

Incentivos

então foi uma questão de tempo para que a marca dos três

Há 16 anos, a Mitsubishi intensificou sua participação no Ser-

diamantes se destacasse.

tões como patrocinadora. Desde então passou a ser o carro

Prova do reconhecimento dessa importância aconteceu na

oficial, com o qual são feitos o levantamento e a logística da

edição deste ano de 2018, quando a etapa de Goiânia do Mitsu-

competição. Atualmente, são cerca de 50 picapes L200 Triton

bishi Motorsports foi simultânea à primeira especial do Sertões.

usadas não somente para pesquisar o percurso, como também

Mais: os participantes do Motorsports ainda tiveram descontos

para o transporte da organização, equipe médica, jornalistas etc.

na inscrição para o maior rali do Brasil. “Quem começa no off-ro-

Segundo a Dunas Race, 70% dos carros do Rally dos Sertões

ad sempre sonha com o Sertões, e essa parceria com a organi-

são Mitsubishi. Referência em termos de 4x4, seus modelos são

zadora Dunas Race tornou isso ainda mais fácil”, explica Fernan-

considerados robustos e tecnológicos, ideais para longas provas

do Julianelli, diretor de marketing da Mitsubishi Motors Brasil.

off-road. Além disso, a Mitsubishi oferece preços diferenciados em

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1997

2003

2007

2009

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2006

2008

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2013

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2015

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ao longo das

26 Edições,

A MIT

CONQUISTOU

11 títulos 2018 peças e serviços, e ainda um caminhão de componentes que acompanha todo o rali. “Isso facilita demais a logística da equipe e gera uma redução significativa nos custos – não precisamos levar uma grande quantidade de peças de reserva”, explica Nadimir, que compete ao lado do navegador Ricardo Silva pela equipe Mainha Racing. Uma das novidades da edição 2018 foi a criação do MIT Point, um espaço exclusivo em todas as paradas da competição para pilotos, navegadores, familiares e imprensa. A ideia era ter uma área de convivência, com integração e entrevistas, de modo a utilizar o Sertões como uma oportunidade para oferecer diferentes experiências – e potencializar o relacionamento com os clientes. Piloto aos 19 Outro caso em que a participação nos ralis da Mitsubishi levou ao Sertões é o do piloto Elcio Bardeli. Ele estreou na categoria Pajero TR4 Light da Cup em 2009, com apenas 19 anos. “Desde os 11 eu já navegava para o meu pai nas provas de regularidade, como a Transparaná. Acabamos indo correr na Cup em 2006 e desde então só parei em 2016 para fazer um intercâmbio.” A paixão de Elcio pelos ralis não foi esquecida durante o período em que estudou fora do país. Tanto que em 2017 foi a vez de

O Sertões jácruzou 18 Estados

em 251 etapas,

11 capitais e 119 cidades No grid 2018,

A MIT Teve 34 carros

no rally e forneceu 55

veículos de apoio

adquirir um ASX RS para a Mitsubishi Cup. Já em 2018, na sua estreia no Sertões, Elcio optou por comprar mais um ASX RS e levou os dois para a competição. “Era para o caso de quebra de

José Carlos da Silva. Há dez anos competindo em provas desse

alguma peça que não tivéssemos na equipe ou que porventura

tipo Brasil afora, Silva se revela um fã incondicional da marca dos

faltasse no caminhão da Mitsubishi.” No fim, as peças do cami-

três diamantes. “Uso o Pajero Full desde o começo, primeiro um

nhão da marca foram suficientes e o piloto se sagrou campeão

a gasolina e depois um a diesel”, conta. “O Pajero é um carro per-

da categoria Production T2, ao lado do navegador Luiz Poli.

feito, que oferece o conforto ideal para esse tipo de competição.” Para o piloto, o caminhão de peças faz toda a diferença e

Três Sertões com o mesmo carro

é uma motivação a mais para dirigir um Mitsubishi nos Ser-

O domínio da Mitsubishi no Sertões também aparece na compe-

tões. “Fiz os três últimos Sertões com o Pajero a diesel, sem

tição de Regularidade, na qual a prova não é exatamente contra

problemas. Já indiquei para vários amigos, sempre vou ter

o tempo. Mesmo assim, o apoio da fábrica é fundamental para a

um Mit na garagem”, elogia. “E no ano que vem vou para a

escolha do carro, como conta o campeão da categoria Master,

quarta participação com o mesmo Pajero!” dezembro 2018

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adriano carrapato 106

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universo

mitsubishi No asfalto ou na terra, a marca dos trĂŞs diamantes tem a diversĂŁo certa para vocĂŞ

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universo mitsubishi

motorsports

MOGI GUAçU

Disputa nacional Provas em sete estados tornam a diversão ainda mais abrangente

A

temporada de 2018 marcou a 24ª

abrangência que contempla do cerrado ao

edição do mais importante rali de

litoral, passando pelo agreste nordestino.

com a chancela de excelência do Circuito

regularidade do país. No Mitsubishi

“Regularidade é mão, treino”, explicou a

Elegante, são estadias nos melhores resorts,

Motorsports é indispensável do­

navegadora Minae Miyauti na etapa de Joinville.

hotéis e pousadas do Brasil. No caso dos ga­

mi­nar a direção. Mas, acima de tudo, exige-se

“É bacana, pois não é porque você errou que já

nhadores do campeonato Nordeste: Nannai,

percorrer o trajeto no tempo estipulado – o

perdeu. Todo mundo tem chance.”

Porto de Galinhas (PE) – categoria Master; BobZ, Cajueiro da Praia (PI) – categoria Gra­

que, neste evento muito democrático, requer

Como vem ocorrendo, o resultado do Mo­

mais atenção do que experiência. Foi o que

torsports foi dividido entre aqueles que dis­

duados; Bahia Bonita, Trancoso (BA) – cate­

procuraram fazer as duplas de competidores

putaram as três provas do Nordeste e a clas­

goria Turismo. Na classificação geral: Capim do

divididas em quatro categorias: Master (para

sificação geral, nacional. (Veja quem foram

Mato, Serra do Cipó (MG) – categoria Master;

os experts), Graduados (os mais experientes),

os campeões no quadro final.) Na geral, Olair

Morada dos Canyons, Praia Grande (SC) – ca­

Turismo (aqueles com experiência interme­diá­

Fagundes (p) e Jhonatan Ardigo (n) subiram

tegoria Graduados; Hotel Fazenda Santa Vitó­

ria) e Turismo Light (novatos).

ao topo do pódio na Master. “Chegamos em

ria, Queluz (SP) – categoria Turismo.

Quem quisesse poderia se inscrever nas

Mogi Guaçu com apenas um ponto de dife­

nove etapas, distribuídas em sete estados da

rença e nos demos bem”, celebrou Olair. Já

federação. Tudo começou em Mogi Guaçu

na Graduados deu Fábio Vernizi (p) e Orestes

(SP), seguindo depois para Ponta Grossa

Bacchetti Jr (n). ”Nosso entrosamento foi

(PR), Gravatá (PE), Maceió (AL), Goiânia

determinante”, disse Fábio. A festa continuou

(GO), Campos do Jordão (SP), Joinville (SC),

com a coroação de Patrick Celeski (p) e Feli­

Salvador (BA) e, de novo, Mogi Guaçu. Uma

pe Pachewsky (n) na Turismo.

@nacaomitsubishi

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Os prêmios para as duplas vencedoras,

Mit revista

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Fotos: adriano carrapato, cadu rolim, ricardo leizer, tom papp

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motorsports mogi guaรงu

Muita lama pelo caminho, antes do merecido e consagrador champanhe do pรณdio

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motorsports Salvador

Muito sol e muita festa: como costuma ocorrer na capital baiana

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motorsports JOINVILlE

Nas veredas do Sul, araucárias e um cavaleiro. No final, a celebração

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motorsports

GOiÂnia e campos do jordão

NĂŁo faltou poeira nas estradinhas

Gente de todas as idades participou das etapas no Centro-Oeste e no Sudeste

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motorsports Maceió e gravatá

MACEIO/GRAVATA

Seja em Alagoas ou Pernambuco, dias de comemoração. E muito sol

CAMPEÕES DA TEMPoRADA: CLASSIFICAÇÃO GERAL n Master: Olair Fagundes (p) e Jhonatan Ardigo (n) n Graduados: Fábio Vernizi (p) e Orestes Bacchetti Jr. (n) n Turismo: Patrick Celeski (p) e Felipe Pachewsky (n) Campeões da temporada Nordeste n Master: Paulo Coelho (p) e Renan Felix (n) – Prêmio: viagem para o Nannai Resort & Spa, em Porto de Galinhas (PE) n Graduados: Ciro Juca de Oliveira (p) e Luan Duarte (n) – Prêmio: estadia no BobZ Boutique Resort, em Cajueiro da Praia (PI) n Turismo: Ronaldo Regis (p) e Edinaldo Torres Júnior – Prêmio: hospedagem na Pousada Bahia Bonita, em Trancoso (BA)

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bebOMe O univers

a crise De 2019

as Um dos acionist m.br, da Wine.co ário o empres revela o brinde a fazer que adorari

• PRATOS

Edição 33 | junho 2018 • rogerio salume

19

29/05/2018 22:40

Edição 33 junho 2018

FALA, MORONGO!

Por LAwrENcE

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2018 | Edição 34 SETEMBRO

Investir na produção de conteúdo próprio é promover um encontro da sua marca com o seu público.

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12/11/2018

EDIÇÃO

#02

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edição 05 • verão 2016

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Miami e o melhor de

06/08/15 23:00

E MAIS:

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VERAO 2016_REV_28JUL

Esqui, decoradores e o estilo de Marcella Tranchesi

Quando sua marca vai começar a produzir branded content?

D E Z E M B RO 2016

U M A

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Brazilian

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O m e l h O r d e S a n ta C ata r i n a e d O m u n d O

SAUDÁVEL É COMER DE TUDO

Para ter qualidade de vida e até para manter um peso adequado, é preciso variar os ingredientes e esquecer muitas restrições. A ciência explica o porquê

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universo mitsubishi

outdoor

Mogi Guaçu

Parque de diversões O rali multitarefas foi criado para que as pessoas pudessem brincar, festejar, aprender e se integrar

O

principal objetivo dos ralis

em contato com a natureza, cercado de

Pelo caminho, o grupo conheceu uma

Mitsubishi sempre foi pro-

gente querida e conhecer novos amigos é

usina hidrelétrica construída em 1898,

mover o congraçamento de

muito legal”, comentou, em Campos do Jor-

pertinho da cachoeira das Antas.

familiares e amigos. Por isso

dão, Shirley Barbosa, de uma equipe com

A ação social Mitsubishi Pró-Brasil

mesmo, a marca dos três diamantes

nome simbólico: New Friends. Já o inician-

arrecada, na hora da inscrição de todos os

criou, há 15 anos, o Mitsubishi Outdo-

te Marcos Lira de Souza, na equipe Tintas

ralis Mitsubishi, alimentos não perecíveis

or. Funciona assim: dois veículos 4x4

Brasil, gostou tanto da etapa de Joinville

e artigos de higiene encaminhados a

com até dez participantes formam uma

que garantiu: “Vou voltar, com certeza”.

instituições do terceiro setor em todo o

equipe, desafiada a cumprir um trajeto

Entre as tarefas da nova temporada,

país. Durante o ano de 2018, 46 toneladas

off-road, entremeado por outras ativi-

os participantes tiveram que fotografar

de alimentos foram arrecadadas e mais

dades, sejam elas esportivas (trekking,

animais nos arredores de Goiânia, atra-

9.740 itens de higine pessoal.

bike, rapel) ou culturais (trabalhos ma-

vessar um rio com stand-up paddle ou

nuais, dança, culinária). Sem esquecer

caiaque nas cercanias de Campos do

visitas a lugares históricos.

Jordão e praticar mountain bike com

A programação 2018 contemplou ro-

vista para uma cachoeira nas proximida-

teiros em Mogi Guaçu (SP), Ponta Grossa

des de Joinville. Na etapa final, percorre-

(PR), Goiânia (GO), Campos do Jordão

ram nada menos que cinco municípios

(SP), Joinville (SC) e, mais uma vez, Mogi

paulistas e um mineiro antes de retornar

Guaçu. Não faltou diversão. “Poder estar

a Mogi Guaçu, onde houve muita festa.

Mitsubishi Outdoor

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Mit revista

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@MitOutdoor

n Confira os resultados completos no tablet da MIT Revista ou no site www.mitsubishimotors.com.br

patrocinadores: Mapfre, Banco Itaú, Cisa Trading, Clarion, Lubrax / Petrobras, Pilkington, Pirelli, Pronutri, Transzero, Unirios e W.Truffi Blindados.

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Fotos: cadu rolim, david santos jr, ricardo leizer, tom papp

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Depois da ponte estreita e da lama, um trecho a ser cumprido de bike

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outdoor JOINVIlLE

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Entre uma e outra atividade, o momento de consultar as planilhas e escolher a melhor estratĂŠgia

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outdoor

campos de jordĂŁo

No programa, rapel e caiaque em plena serra da Mantiqueira

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outdoor GOIĂ‚NIA

Clima seco e muita diversĂŁo no cerrado

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Entre as atividades um pouco de tudo o que já foi feito até aqui

Prova extrema No Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira, prova comemora 15 anos de Outdoor

T

eve de tudo na comemoração dos

O visual foi outro ponto alto. As cacho-

de alimentos naturais e orgânicos que,

15 anos do Mitsubishi Outdoor. Ba-

eiras Arapongas e Dito Salu e as cavernas

inclusive, distribuiu barrinhas de cereais.

tizada de Extreme, a etapa especial

Lambari, Dito Salu e do Diabo formam um

No comando de duas picapes L200, a

cruzou 11 cidades do sul do esta-

cenário privilegiado nesse santuário da

Promed Rally foi a grande vencedora depois

do de São Paulo, na região do Petar (Parque

mata Atlântica. “Foi perfeito comemorar

de 20 horas de disputa. Com a palavra, os

Estadual Turístico do Alto Ribeira). O nome

a importância da data promovendo uma

campeões. “Foi radical demais. Valeu a

Extreme não foi escolhido por acaso. Ao lon-

prova inédita e que, com certeza, ficará na

pena e queremos mais provas como esta”,

go de dois dias (16 e 17 de junho), a turma

história da competição”, disse Fernando Ju-

comemorou Felipe Passos Rios, do time da

encarou um off-road casca-grossa por ter-

lianelli, diretor de marketing da Mitsubishi

Promed Rally. “Viramos a noite acampando.

renos especialmente difíceis – terra, barro e

Motors. “O Mitsubishi Outdoor une a famí-

É muito diferente do que a gente faz

areia. Fora do carro, também não teve refres-

lia e amigos em busca da melhor estraté-

normalmente”, acrescentou o parceiro Júlio

co. A programação contou com canoagem,

gia, do contato com a natureza e da prática

Lopez. Que venham mais desafios extremos!

bike, corrida, rapel, travessia em cavernas e

de esportes de aventura.”

trekking. Nas atividades culturais, os partici-

Quinze equipes foram convidadas para

pantes aprenderam, por exemplo, técnicas de

o Mitsubishi Outdoor Extreme. Lá estavam

sobrevivência. “Tentamos colocar uma pitada

os 13 times mais assíduos nos últimos

de tudo o que fizemos no Outdoor até hoje”,

dois anos, além de uma equipe da própria

conta Fernando Gualberto, diretor de prova.

Mitsubishi e outra da BiO2, a marca parceira

patrocinadores: Banco Itaú, Cisa Trading, Clarion, Lubrax / Petrobras, Pilkington, Pirelli, Pronutri, Transzero, Unirios e W. Truffi Blindados.

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universo mitsubishi

Cup

Mogi Guaçu

Cardápio variadíssimo Frio, calor, poeira e lama. Teve de tudo na temporada 2018

A

s sete etapas da Mitsubishi

Oliveira, vencedor, ao lado no navegador

Triton ER Master. Para complicar ainda

Cup 2018 deixaram algo bem

Vinícius Luís Marcon, na ASX RS. “Só de-

mais, os corredores percorreram o autó-

claro: o evento surpreende a

pois da quarta prova, em Cordeirópolis,

dromo Valdemar Fragnani no sentido in-

cada ano. E a cada prova. Ja-

conseguimos disparar na pontuação.”

verso ao que haviam treinado.

mais se pode esperar por uma repetição.

Em Ponta Grossa, além do frio, a Na-

Em Indaiatuba (SP), onde a caravana

Se na terceira etapa, disputada em Ponta

ção 4x4 teve de enfrentar 92 quilôme-

off-road estacionou a seguir para a quin-

Grossa (PR), a dificuldade foi o frio inten-

tros em meio a plantações de soja. O

ta e sexta etapas, a injeção de adrenalina

so, o principal desafio a se contornar na

piso mudava constantemente. Pontes

foi a sucessão de largadas, na sexta-fei-

sétima e derradeira competição, em Mogi

em profusão e saltos nas curvas de nível

ra, no sábado e no domingo. Sem esque-

Guaçu (SP), era bem outro: muita lama.

fizeram a adrenalina aumentar.

cer a prova noturna – novidade da Cup

As fortes chuvas da madrugada casti-

Ao contrário de Ponta Grossa, o clima

iniciada na temporada anterior. “Ao final

garam o terreno. Isso tornou ainda mais

em Cordeirópolis esteve quente. Em to-

estávamos todos muito felizes”, lembrou

acirrados os “pegas” entre os competi-

dos os sentidos da palavra. A turma en-

a piloto Amanda Castro.

dores das cinco categorias – L200 Triton

carou muita lama. Depois, com o terreno

Sport RS, L200 Triton ER Master, L200

seco, os desafios passaram a ser outros.

Triton ER, ASX RS Master e ASX RS.

“Enfrentamos lama, terra e cascalho. Foi

“Foi um campeonato muito emocio-

uma prova completa”, disse Juliano Jorge

nante”, resumiu o piloto Flávio Pereira de

Diener, vencedor daquela feita na L200

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@mundomit

patrocinadores: A Mitsubishi Cup tem patrocínio de Mapfre, Axalta, Clarion, Lubrax / Petrobras, Pirelli, Transzero, Unirios e W. Truffi Blindados.

www.mitsubishimotors.com.br

Fotos: cadu rolim, marcelo machado de melo, ricardo leizer

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A única certeza dos competidores é que o terreno, seco ou enlameado, será um desafio

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CUP

Saltos e mais saltos atĂŠ o pulo final: para o topo do pĂłdio

Indaiatuba e cordeirĂłpolis

ricardo leizer

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Estradinhas acidentadas exigiram a ação constante da tração dupla

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CUP

ponta grossa

ricardo leizer

Por onde passa, a Cup seduz o pĂşblico

adriano carrapato

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Nova categoria

P

ara 2019, a Mitsubishi Cup terá uma nova categoria: a L200 Triton Sport R. Extremamente confiável, o

veículo foi desenvolvido em parceria com a Spinelli Racing. “Já rodamos 1.600 quilômetros, o equivalente a duas temporadas da Mitsubishi Cup, e não tivemos de fazer nenhuma substituição de peças, com exceção daquelas de desgaste natural, como freios e filtro”, conta Guilherme Spinelli, diretor da Spinelli Racing. Com mais de 600 carros de corrida produzidos para todos os tipos de provas, a Mitsubishi Motors é a única montadora brasileira a oferecer a seus clientes esse serviço, a preços especiais. patrocinadores: Mapfre, Axalta, Clarion, Lubrax / Petrobras, Pirelli, Transzero, Unirios e W. Truffi Blindados.

Campeões da temporada 2018 n L200 Triton Sport RS: Ivan Machado Terni (p) e João Luís Stal (n) n L200 Triton ER Master: Juliano Diener (p) e Gunnar Dums (n) n L200 Triton ER: Marcelo Fiuza (p) Joseane Koerich (n) n ASX RS Master: Elcio Bardeli Júnior (p) e Ivo Mayer (n) n ASX RS: Emerson Destro (p) e Sérgio Avallone (n)

Calendário 2019* ETAPAS MIT CUP 1ª: 27/4: Velo Cittá – Mogi Guaçu (SP) 2ª: 25/5: Haras Leão – Ribeirão Preto (SP) 3ª: 29/6: Haras Patente – Jaguariúna (SP) 4ª: 3/8: Indaiatuba (SP) ou Ponta Grossa (PR) 5ª: 28/9: Cordeirópolis (SP) 6ª: 19/10: Magda (SP) 7ª: 23/11: Velo Cittá – Mogi Guaçu (SP) * Datas e locais sujeitos a alterações.

ETAPAS MITSUBISHI MOTORSPORTS / OUTDOOR 1ª: 22 e 23/3: Santana do Parnaíba (SP) – só Motorsports 2ª: 5 e 6/4: Curitiba (PR) 3ª: 3 e 4/5: Fortaleza (CE) – só Motorsports 4ª: 24 e 25/5: Tiradentes (MG) – só Motorsports 5ª: 7 e 8/6: Penedo (RJ) – só Outdoor 6ª: 26 e 27/7: Aracaju (SE) – só Motorsports 7ª: 13 e 14/9: Catalão (GO) – só Motorsports 8ª: 4 e 5/10: Campos do Jordão (SP) 9ª: 1 e 2/11: Maceió (AL) – só Motorsports 10ª: 22 e 23/11: Mogi Guaçu (AP) dezembro 2018

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universo mitsubishi

experience 4x4

João Pessoa

Pelo caminho, trechos casca grossa

Festa fora da estrada Em seu segundo ano, os passeios 4x4 se firmaram como um programão

O

4x4

sionárias da marca, os passeios terminam

ao mesmo tempo, proporcionar aos partici-

nasceu com o pé direito. Em

num animado almoço em restaurantes que,

pantes uma experiência off-road com seus

sua estreia no ano passado,

além da comida de qualidade, primam pela

Pajero, L200 Triton, ASX e Outlander.

o novo evento da marca dos

beleza natural em seu entorno.

Mitsubishi

Experience

três diamantes conquistou de cara um

“Nossa ideia foi proporcionar um pro-

quem prefira chuva, para tornar o fora de

público interessado em conhecer lugares

grama inesquecível para todos os partici-

estrada ainda mais emocionante –, a pro-

diferentes, vivenciar experiências gastro-

pantes”, explica Fernando Julianelli, diretor

gramação sempre termina em um animado

nômicas, fazer amigos – e, claro, se diver-

de marketing da Mitsubishi Motors. “No

almoço de congraçamento. Sempre, tam-

tir com a família. Tudo sem se preocupar

Experience, não há qualquer restrição de

bém, as taxas de inscrição acabam reverti-

com o relógio. Isso tornou possível estabe-

idade, as crianças podem participar.” Não há,

das integralmente em prol do Instituto Ingo

lecer um amplo roteiro para 2018, do Sul

igualmente, comprometimento com vitória.

Hoffmann, em Campinas (SP), que atua no

ao Nordeste do país.

“Todos podem se divertir em seus veículos

auxílio às crianças com câncer.

Foi assim, desta vez, nas regiões de Bro-

4x4, sem nenhuma preocupação.”

tas (SP), Caxias do Sul (RS), Passos (MG),

De fato, o Mitsubishi Experience 4x4 não

Petrópolis (RJ), João Pessoa (PA) e Ribeirão

é uma competição. Tampouco pode ser visto

Preto (SP). Ou seja, da altitude das serras da

como um passeio comum de fim de semana.

Canastra e Fluminense ao litoral paraibano.

Afinal, os trajetos, escolhidos a dedo, costu-

Realizados sempre num sábado e num do-

mam ir além dos 70 quilômetros de distân-

mingo consecutivos, com saída de conces-

cia. O objetivo é percorrer belas paisagens e,

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Seja em dia de sol ou de chuva – e há

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No ano que vem tem mais. Pode aguardar. Inscrições e mais informações no site www.mitsubishimotors.com.br patrocinadores: Axalta, BTG Pactual, Pirelli e Clarion.

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Fotos: helora moraes, vinicius ferraz

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experience 4x4 PetrÓpolis

Depois de estradas desafiadoras, muito lazer e uma animada refeição

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experience 4x4 PASSOS

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Belas paisagens e um programĂŁo para toda a famĂ­lia

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experience 4x4 CAXIAS do sul

Frio, sim. Mas um intenso congraçamento no Sul do país

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Mit PARCERIA

Original is the new black Lançamento internacional, a linha Collezione da Pirelli foi projetada para modelos clássicos

O

s pneus da linha Collezione causam sur­

“A linha Collezione é formada por produtos de nicho,

presa logo à primeira vista. Brilhando de

voltados para um público extremamente exigente”, diz

tão novos, parecem ter sido lançados vá­

Fabio Magliano, gerente de produto Car e Motorsports

rias décadas atrás. Basta olhar o design,

da Pirelli para a América Latina. “Utilizamos toda nossa

absolutamente vintage. A ideia é essa mesmo: relançar

expertise no motorsport e no segmento high value para

pneus com as características visuais do passado. Eis,

desenvolver produtos que mantenham as característi­

porém, a grande diferença: eles são produzidos com

cas originais do veículo, entregando o mesmo desem­

as tecnologias mais modernas. Portanto, se o desenho

penho e segurança dos nossos pneus mais modernos.”

das bandas de rodagem é idêntico ao original, itens

Nos anos 1950, a fabricante italiana já produzia pneus

como segurança, sustentabilidade e performance são

radiais capazes de suportar velocidades de até 180

de última geração nos produtos da linha Collezione.

km/h. No final da década seguinte, a tecnologia “Cintura­

A saber: Cinturato CA67, Cinturato CN72, Cinturato

to”, das cintas de aço, permitiu subir o patamar para 210

CN36, Cinturato CN12 e Cinturato P5.

km/h. “A nova coleção é um resgate da herança da Pirelli

A ideia tem fácil explicação. A linha Collezione, co­

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e dos principais produtos que ela colocou no mercado”,

mo o nome antecipa, visa atender aos donos de au­

lembra Magliano. “Cada um deles marcou a sua época.”

tomóveis clássicos de coleção. Daí o design original

Não por acaso, os pneus “Cinturato” são peças fun­

desses pneus, os mesmos da época, compatíveis com

damentais também nas disputas do universo motors­

veículos que saíram de fábrica ainda nos anos 1950 ou

ports. Até porque a Pirelli acredita que vitórias ficam

nas duas décadas seguintes.

para a história. pirelli.com.br

Mit revista

Os novos pneus são um resgaste dos celebrados Cinturato

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Na pista da solidariedade Instituto Ingo Hoffmann abriga crianças carentes com câncer

E

m sua extensa galeria de conquistas, o piloto Ingo Hoff­ mann tem um orgulho especial pelo seu legado fora das pistas. Trata-se do instituto que leva seu nome e acolhe crianças em tratamento de câncer em Campinas (SP). A

ideia de atuar no terceiro setor surgiu em 2003. Na ocasião, uma parceria da Mitsubishi Motors com Ingo distribuiu 52 toneladas de cestas básicas no Rally dos Sertões. No ano seguinte, foram 72 to­ neladas entregues à população carente no roteiro da competição.

A vila em Campinas (SP) já acolheu 1.200 crianças

Com o sucesso do projeto, Ingo criou o instituto. “Minha esposa e eu conversamos com a dra. Silvia Brandalise, do Centro Infantil

cam hospedadas durante o tratamento no instituto. Se estiverem

Boldrini, hospital referência na América Latina no tratamento do

internadas no hospital, seus pais ficam no instituto recebendo ali­

câncer infantil”, conta. “Ela nos ofereceu o terreno vizinho ao do

mentação e apoio psicológico. Antes da criação do instituto, essas

hospital, em Campinas.” A instituição começou a abrigar as famílias

famílias dormiam na recepção do próprio hospital.

em abril de 2007. Ali foram construídos 30 chalés, que já acolheram

As famílias não pagam um tostão sequer. Por essa gratuidade,

1.200 crianças desde então. Contando os familiares, o número sobe

a instituição depende de mantenedores e de doadores. “É possível

para 3.600 pessoas. Além das moradias, há refeitório, brinquedote­

fazer doações não identificadas”, informa o piloto. Por meio de in­

ca e sala de ginástica. “Queremos que as famílias permaneçam ao

centivos fiscais, empresas podem utilizar até 2% do lucro opera­

lado das crianças, em um momento tão difícil”, diz Ingo.

cional. Outra opção é a Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), que

“A casa proporciona aos familiares tranquilidade e segurança

permite às pessoas jurídicas deduzirem 4% do imposto devido. Já

por estar bem próxima ao hospital”, lembra Maria de Lourdes de

as pessoas físicas podem deduzir até 6%. As contribuições podem

Rezende Borges, assistente social do Centro Infantil Boldrini. “O

ser feitas via cartão de crédito ou depósito na conta do instituto. A

projeto teve resultados louváveis.” O instituto não recebe verba estatal. Crianças de todo o Brasil são enviadas pelo SUS para tratamentos no hospital Boldrini e fi­

sua doação pode fazer a diferença na vida dessas crianças.

ingohoffmann.org.br; Instagram: @institutoingohoffmann; facebook/instituto-ingo-hoffmann; Tel. (19) 3287-8000/5834 dezembro 2018

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Mit revista

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retrovisor Por MARIO CICCONE

SILVER PIGEON, 1962

E

ra o período de reconstrução do Japão após a Se-

Pigeon, o segundo modelo foi apresentado, antes de tudo, ao prín-

gunda Guerra Mundial. A população clamava, entre

cipe do Japão, Akihito, que se tornaria o imperador. Uma honra.

tantas necessidades, por um meio de transporte

O modelo acima é o de 1962. O motor era maior, de 192 cc

ágil e econômico. Uma scooter seria o ideal. Nesse

e quatro tempos. O veículo chegava a 70 km/h, levava uma

contexto, a Mitsubishi Heavy Industries criou, em 1946, na sua

única pessoa e, na traseira, tinha um compartimento de baga-

fábrica em Nagoya, o Silver Pigeon. O nome é uma referência à

gem. Perfeito para o uso urbano.

pomba, símbolo da paz.

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O Silver Pigeon foi produzido até 1963. Em 18 anos, foram

O primeiro modelo, o C-10, foi produzido com rodas e outros

vendidas 463 mil unidades. Chegou a ter 45% do mercado do-

acessórios reciclados de aviões. Tinha um motor de 112 cc com 1,5

méstico de scooters e se tornou um dos grandes sucessos da

cavalo, refrigerado a ar. Numa confirmação do sucesso do Silver

indústria japonesa do pós-guerra.

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ilustração: cássio bittencourt

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