Mit revista 65

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M I T R E V I S T A 6 5 J U N H O 2 0 1 8

leia tambĂŠm a mit no tablet

Reed Hastings Mr. netflix







Editorial por fernando paiva, diretor editorial

Drive your ambition

P

ersiga o seu sonho. Não desista. Confie no seu taco. Não se deixe abalar. Persevere. Não largue o osso. Siga seu instinto. Tenha fé. Quantas vezes você já ouviu isso? Inúmeras, certamente. São expressões bem brasileiras

que sintetizam à perfeição um jeito de encarar a vida. E que também traduzem o novo conceito de comunicação global da Mitsubishi Motors: Drive Your Ambition. Uma ambition que nada tem a ver com ganância por poder ou riqueza. Com passar por cima dos outros. Com o velho adágio de que os fins justificam os meios. Nada disso. Está mais para a bem-humorada e irreverente turnê Blond Ambition, feita por Eclipse Cross: com muito espaço interno e tecnologia de sobra, ele chega às concessionárias no segundo semestre

Madonna nos anos 1990 para divulgar seu álbum Like a Prayer. Uma ambition que tem tudo a ver com a perseverança da Atleta MIT Maya Gabeira. Ao tentar surfar uma onda gigante em Nazaré, Portugal, ela levou um caldo que quase a matou. Maya ficou inconsciente, foi salva pelo colega Carlos Burle. Mas não se intimidou. Superou o medo. Treinou até conseguir pegar, na mesma praia de Nazaré, a maior onda do mundo – 24 metros de altura, um recorde mundial. Uma ambition que levou o americano Reed Hastings, nossa capa, a fundar a Netflix, empresa que revolucionou o entretenimento e a cultura – e que produz hoje as melhores séries do planeta. A mesma ambition que fez a inglesa Gertrude Bell, no começo do século passado, largar riqueza, conforto e uma vida previsível de dondoca pela aventura, a política e a convivência com os povos do Oriente Médio. Aquela ambition de quem não se contenta com as pistas de esqui normais e sai em busca da neve imaculada a mais de 3 mil metros de altitude, com o auxílio do helicóptero – o heliskiing. Totalmente reformulada, esta edição marca uma nova fase da MIT Revista. Esperamos que você goste e, principalmente, se inspire. Drive your ambition!

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Mit revista

junho 2018





sumário n junho 2018 n edição 65

Toque para ir as matérias

10

40

56

66

76

88

92

40 Mais perto do céu

66 Eclipse Cross

92 Trabalhar e brindar

Como alçar às mais perfeitas pistas

Com muita tecnologia, o espaçoso

Coworking é um espaço comum

de esqui do mundo? De helicóptero.

SUV da Mitsubishi chega no segundo

de várias empresas. Um lugar em

Conheça o heli-esqui

semestre às concessionárias

que é possível faturar e se divertir

48 Água do mar

76 Sem ninguém

98 Rainha do deserto

A aquavit chega a atravessar duas

O fotógrafo Cristiano Xavier descarta

Gertrude Bell era uma rica herdeira.

vezes de navio a linha do Equador

o ser humano em favor da natureza

Mas largou o berço de ouro para

para ser considerada de qualidade

em seus belíssimos retratos

estudar e desbravar o Oriente Médio

56 A man with a plan

88 Surfista voador

104 Barra leve

A história de Reed Hastings,

Yago Dora, o novo nome na elite do

Produzir alimentos e ideias orgânicas

que revolucionou a indústria

esporte, desafia a gravidade

é o que faz o empresário vegano

do entretenimento com a Netflix

com espetaculares manobras aéreas

Leandro Farkuh, da bi02

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dri v e y o u r am b iti o n

Publicação da Custom Editora Ltda. Sob licença da HPE Automotores do Brasil S.A. CONSELHO EDITORIAL André Cheron, Fernando Julianelli, Fernando Paiva e Fernando Solano REDAÇÃO Diretor Editorial Fernando Paiva fernandopaiva@customeditora.com.br Diretor Editorial Adjunto Mario Ciccone mario@customeditora.com.br Redator-chefe Walterson Sardenberg Sº berg@customeditora.com.br ARTE Diretor Marcelo Rainho Prepress Daniel Vasques danielvasques@customeditora.com.br Projeto Gráfico Ken Tanaka e Marcelo Rainho PRODUÇÃO EXECUTIVA E PESQUISA DE IMAGENS Raphael Alves raphaelalves@customeditora.com.br COLABORARAM NESTE NÚMERO Texto Alceu Toledo Junior, Alessandra Lariu, Daniel Japiassu, Ethel Leon, Gonçalo Junior, Julio Cruz Neto, Luciana Pareja Norbiato, Luiz Maciel,Marcello Borges, Ricardo Prado, Sergio Crusco e Xavier Bartaburu Fotografia Cristiano Xavier, Marcelo Spatafora e Rodrigo Marques Ilustração Pedro Hamdan Tratamento de imagens Daniel Vasques e Felipe Batistela Revisão Goretti Tenorio Capa Bryce Duffy/Corbis via Getty Images

PUBLICIDADE E COMERCIAL Diretor Executivo André Cheron andrecheron@customeditora.com.br Diretor Comercial Oswaldo Otero Lara Filho (Buga) oswaldolara@customeditora.com.br Executivos de Negócios Northon Blair northonblair@customeditora.com.br Marcia Gomes marciagomes@customeditora.com.br REPRESENTANTES GRP - Grupo de Representação Publicitária PR – Tel.: (41) 3023-8238 SC/RS – Tel.: (41) 3026-7451 adalberto@grpmidia.com.br CIN - Centro de Ideias e Negócios DF/RJ – Tels.: (61) 3034-3704 / (61) 3034-3038 paulo.cin@centrodeideiasenegocios.com.br DEPARTAMENTO FINANCEIRO-ADMINISTRATIVO Analista Financeira Carina Rodarte carina@customeditora.com.br Assistente Alessandro Ceron alessandroceron@customeditora.com.br Impressão e acabamento Log&Print Gráfica e Logística S.A. Tiragem 45.000 exemplares Custom Editora Ltda. Av. Nove de Julho, 5.593 - 90 andar - Jd. Paulista São Paulo (SP) - CEP 01407-200 Tel.: (11) 3708-9702 E-mail: mit.revista@customeditora.com.br ATENDIMENTO AO LEITOR atendimentoaoleitor@customeditora.com.br ou tel. (11) 3708-9702 MUDANÇA DE ENDEREÇO DO LEITOR Em caso de mudança de endereço, para receber sua MIT Revista regularmente, mande um e-mail com nome, novo endereço, CPF e número do chassi do veículo

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COLABORADORES

De origem basca, nascido em

Depois de quase duas décadas

econômico pela Fundação Cásper

Montevidéu, no Uruguai, mas criado

escrevendo para professores

Líbero, em São Paulo, Daniel Japiassu

em São Paulo, Xavier Bartaburu é

(Nova Escola, Carta na Escola,

passou por diversas redações,

escritor, jornalista, fotógrafo, pianista e

Fundamental) ou aventureiros (Náutica,

contando Estado de S. Paulo, Folha

diretor musical do grupo Nhambuzim,

Horizonte), Ricardo Prado embarcou

de S.Paulo, Gazeta Mercantil e IstoÉ,

que incursiona pelo universo de

na, segundo ele, “insensata nau dos

entre outras. Na verdade, seu mestrado

João Guimarães Rosa. Tem mais

roteiristas”. No mês em que iniciou

começou na revista CartaCapital, onde

de 20 livros publicados, o último

um novo ciclo de vida em território

escreveu vários perfis de personagens

deles, Sacracidade, sobre a busca do

desconhecido, a bela Paraty, coube-lhe

do mundo corporativo. Para esta

sagrado no centro de São Paulo. Nesta

a tarefa de escrever sobre Gertrude Bell,

edição fez a matéria de capa, sobre o

edição, escreveu sobre a emocionante

para quem desvendar sozinha um novo

americano Reed Hastings.

modalidade do heli-esqui.

lugar era pura aventura.

Cristiano Xavier, mineiro de Belo

Sergio Crusco, que teceu para este

A partir desta edição, MIT Revista

Horizonte, percorreu alguns dos lugares

número o perfil do empresário Leandro

conta com a direção de arte de um

mais recônditos do planeta, muitas vezes

Farkuh, tem longo trajeto na imprensa

profissional com quase duas décadas

submetendo-se a temperaturas

brasileira. Escreve sobretudo sobre

de serviços prestados a alguns dos

extremas. Ele sabe que são os ossos

gastronomia, bebidas e cultura. Aliás,

melhores órgãos de imprensa do Brasil.

do ofício. Fotógrafo especializado em

o seu divertido e informativo blogue

O versátil Marcelo Rainho, paulistano

natureza, trabalha com a paciência e a

dringue.com apresenta um blend desses

da Aclimação, também coordena a

meticulosidade de um dentista – sua

três assuntos, que este paulistano fã de

Casa Select, espaço de cursos e cultura

profissão anterior, por sinal. Algumas de

cantoras de jazz e assíduo colaborador

contemporânea da revista seLecT,

suas melhores fotografias estão nesta

de MIT Revista costuma burilar com um

em São Paulo. Mais: ele publica o roteiro

edição, em um ensaio memorável.

texto saboroso e bem-humorado.

@arteculturasp no Instagram.

Christian Parente

Pós-graduado em jornalismo

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DRIVEYOURAMBITION ESTILO

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GASTRONOMIA

|

VIAGEM

Zaha Hadid

e a explosão do espaço Dois anos após a morte da arquiteta, vários de seus projetos tomam forma definitiva. Como o maior átrio do mundo Por Sergio Crusco

A

dmirar uma obra da arquiteta Zaha Hadid (1950-2016), nascida em Bagdá e naturalizada inglesa, é sempre uma experiência prazerosa e desconcertante.

“Abstrato” é a melhor definição de seu traço, caso do magnífico complexo aquático inaugurado em 2012 para os Jogos Olímpicos de Londres. Enquanto isso, outras monumentais abstrações de Zaha começam a tomar forma definitiva graças ao trabalho de seu exsócio, o inglês Patrik Schumacher. É o caso do arranhacéu Leeza SOHO, a ser concluído agora em Pequim. O átrio do edifício, o terceiro que Zaha desenhou para a empresa chinesa SOHO, é inaugurado com status de recorde. É o maior do mundo, com 190 metros de altura, e alonga-se pelos 46 pavimentos do prédio de forma retorcida, como uma serpente ou um véu de fumaça. Um típico traço da arquiteta, que buscava na diagonal (não gostava de riscar ângulos de 90 graus) a “explosão que reforma o espaço”. Outro dos mais de 15 desenhos deixados por Zaha, concluído no ano passado, é o prédio residencial à beira da High Line nova-iorquina, com apartamentos curvilíneos de 523 a 657 metros quadrados. Algumas unidades estão à disposição para aluguel, que começa na faixa dos US$ 15 mil por mês. Se preferir os ares cariocas, o único trabalho de Zaha na América do Sul também está prometido para ser entregue em 2018. O hotel Casa Atlântica, na praia de Copacabana, com 11 andares e linhas que lembram o desenho dos Jetsons ou uma escultura de Maria Martins, é um empreendimento de Omar “Catito” Peres.

Leeza Soho by Zaha Hadid Architects/Render by MIR

|

ARQUITETURA

|

C U LT U R A


50 anos sem Luther King Ele foi assassinado num motel. Meio século depois, o lugar – hoje, um museu – homenageia o ativista negro Por Walterson Sardenberg Sº

F

az meio século. No dia 4 de abril de 1968, o

em 1991, no Museu Nacional dos Direitos Civis, sob a

pastor e ativista negro Martin Luther King

chancela do Instituto Smithsonian.

— ganhador do Nobel da Paz quatro anos

americanos por melhores condições de vida e igualdade

quartos) motel Lorraine, em Memphis, no Tennessee.

perante a lei, desde que o primeiro escravo pisou

Conversava na sacada com outro pastor, Jesse

naquelas terras, em 1619. O acervo vai de roupas de

Jackson, quando foi assassinado com um tiro de rifle no rosto. O autor do disparo, James Earl Ray, segregacionista, estava em um prédio em frente. O quarto de MLK ainda está como ele o deixou em vida. Há uma caixa aberta de leite e uma xícara de café pela metade. A sala onde ocorreu o disparo também

16

Ali está a emocionante história da luta dos negros

antes — estava hospedado no pequeno (16

Na porta do quarto onde ele se hospedava, o carro de Martin Luther King permanece estacionado

Martin Luther King a objetos pessoais de Barack Obama, e inclui cartas de inconformados pais brancos nos anos 1950, quando as escolas começaram a ser integradas. Reformado em 2016 ao custo de US$ 27,5 milhões, o museu está tinindo. E promove, neste ano histórico, exposições, jantares e shows em honra a Luther King,

permanece como naquele dia. No mais, tanto o motel

que morreu aos 39 sem terminar seu café, mas deixando

quando o prédio em frente foram transformados,

um inestimável legado. civilrightsmuseum.org

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fotos: istock, wikimedia commons, the National Civil Rights Museum


A capital dos ursos polares A cidade de Churchill, no Canadá, tem tantos moradores quanto esses gigantes do gelo

Por Ricardo Prado

C

hurchill, no Canadá, tem 899

época para ver esses grandes

carnívoro do planeta vibrou como

habitantes. E entre 900 e 1.000

animais em ação.

uma criança no documentário

do Canadian Wildlife Service. Ou

veículos que deslizam sobre a neve.

seja, um urso por habitante.

Ou em visitas guiadas a pé, o que

ursos polares, segundo um estudo

Os passeios podem ser feitos em

In the Wild (PBS, 2001), que apresenta ao lado da mulher. Mas é bom não demorar:

permite observar outros animais,

o aquecimento global vem

ancestral do ex-primeiro-ministro

como castores, furões, raposas,

diminuindo a cada inverno a área

britânico, a “capital mundial do

alces e, eventualmente, algum urso.

desses mamíferos. Segundo o

urso polar” se tornou um posto de

Há também a opção de navegar

WWF – World Wildlife Fund, em

observação da vida selvagem do

em barcos infláveis. Mas a melhor

2017 a superfície congelada do

Ártico. Em especial, de seu mais

maneira é reservar um jantar em um

Ártico apresentou sua segunda

vistoso predador, que entre outubro

dos lodges avançados, onde apenas

maior redução da história: 1,1

e novembro regressa da tundra para

uma tela nos separa das feras. Quem

milhão de quilômetros quadrados

a superfície congelada da baía de

foi, adorou. Um deles, o ator Ewan

a menos... para o urso caçar.

Hudson à caça de focas. É a melhor

McGregor, ao ver de perto o maior

everythingchurchill.com

Batizada em homenagem a um


O bar de Wes Anderson

S

e você for a Milão, anote: bar Luce, um projeto do cineasta Wes Anderson, aquele de Os Excêntricos Tenenbaums e

Grande Hotel Budapeste. Parece um set de filmagem. Até os garçons têm rostos angulosos, que lembram personagens dos filmes excêntricos do diretor. É o “bar mais instagramável do mundo”, na definição do jornalista brasileiro Chico Felitti. O Luce, instalado dentro da Fundação Prada, preserva elementos arquitetônicos da construção original, como o teto, que recria a cobertura de vidro da galeria Vittorio Emanuele. Uma atmosfera pomposa em contraste com o mobiliário de fórmica, bastante popular, e as formas geométricas do piso. Tudo a ver com as confeitarias dos anos 1950 e a estética do cinema italiano da década seguinte, que Anderson reverencia. A comida é simples e bela. Há bolos coloridos, sodas em diversos sabores e sanduíches, um deles de figo com rúcula e queijo pecorino. O cliente pode ocupar por horas uma poltrona e ler um livro, ou, se preferir, jogar fliperama. Wes Anderson concorda que o lugar daria um bom set de filmagem, mas acha que funciona melhor ainda como um refúgio para escrever um roteiro. “Tentei fazer um bar onde eu gostaria de passar minhas tardes não ficcionais”, diz o cineasta. Fica a dica. (Julio Cruz Neto) fondazioneprada.org/barluce

Um misto de pompa e descontração no botequim projetado por Wes Anderson

Jantar no Adriático

O

s brasileiros estão descobrindo o sul da Itália. É uma região mais pobre, tanto que se usa o termo cucina povera para

designar sua culinária. Mas o raio gourmetizador já chegou ali. Por exemplo: tomou conta de uma caverna inteira no município de Polignano al Mare, perto de Bari, cidade costeira no mar Adriático, na região da Apúlia. Dentro dela funciona o restaurante Grotta Palazzese, que propicia uma experiência sensorial única. A vista faz brilhar, e eventualmente marear, os olhos. O som das ondas bate na rocha e reverbera no interior, enchendo os ouvidos. Dois toques: 1) se dinheiro não for problema e você quer se sentar para comer num lugar inesquecível, não deixe de ir; 2) se você se irrita com lugares onde a nota do glamour pode ser maior que a do sabor, apenas visite para um drinque. Para minimizar os riscos de congelar nesse local aberto e à beira-mar, recomenda-se evitar os meses de dezembro a março. Tente fazer uma reserva pouco antes do pôr do sol, para Grotta Palazzese: perfeito para o verão europeu

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curtir o lugar sob luz natural. (JCN)


Escocês legítimo O Museu V&A, em Dundee, especializado em design, é uma maravilha arquitetônica Por ethel leon

D

estilarias de uísque, o lago

Peça de resistência da nova fase

tornou ponto de visitação pela ousada

Ness (e seu monstro) e uma

urbana, o museu tem 8 mil metros

arquitetura de Frank Gehry. Kuma tornou-

sucessão de castelos. A

quadrados em forma de transatlântico.

se uma das estrelas da arquitetura

Escócia acrescenta às suas

A estrutura de concreto é revestida por

internacional – é de sua autoria a Japan

atrações turísticas a primeira filial do

2.500 painéis de pedras talhadas de

House em São Paulo, em que o arquiteto

museu londrino Victoria & Albert (V&A),

modo irregular, lembrando as formações

reverencia a arquitetura moderna

especializado em artes decorativas e

rochosas da região. Seu conteúdo será

brasileira e as qualidades centenárias da

design, num projeto do arquiteto japonês

de grande coleção de design escocês,

construção nipônica.

Kengo Kuma. O imponente edifício abrirá

exposições da matriz londrina e mostras

em 15 de setembro no porto de Dundee,

de tradicionais saberes das Terras Altas,

comparação com a matriz de Londres.

que está em processo de renovação,

as Highlands, como o bordado ayrshire.

Seu projeto promete se transformar em

privilegiando o chamado waterfront

A escolha do V&A pelo arquiteto

O V&A de Dundee não fará feio na

cartão-postal, capaz de fazer frente à mais verde planície das Highlands ou às mais

— a exemplo de tantas cidades que

Kengo Kuma revela vontade de impor-se

desobstruíram o contato com as águas

como destino turístico, do mesmo modo

celebradas destilarias de single malt.

que as bordeiam.

que o Museu Guggenheim de Bilbao se

vandadundee.org

fotos: getty e divulgação

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No trânsito, a vida vem primeiro.

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Cinco safáris na Noruega

A

Noruega não abre mão dos seus sonhos. Sempre foi assim. Graças ao seu empenho político voltado para a vida cotidiana, os noruegueses desfrutam há tempos do primeiríssimo lugar no ranking de desenvolvimento humano da ONU – enquanto o Brasil se contenta com a 79ª posição. Pouco maior que o Maranhão, o país tem na capital – Oslo – o ponto de partida para atrações surpreendentes. Caso dos cinco safáris destas páginas.

1

Nham, nham… Embora seja o maior produtor mundial de bacalhau, a Noruega não dá tanta bola para esse peixe. Prefere o arenque. Ou peixes fluviais, como os da região de Røros, no interior do país, onde vêm se destacando os safáris gastronômicos. O programa é percorrer restaurantes

2

O boi que veio do frio

de tradicional culinária nórdica. E também fazendas que não apenas fornecem

Ele surgiu há 2 milhões de anos e seu

como servem pratos a partir de produtos

nome oficial é boi-almiscarado, devido ao

frescos. Se você aprecia torta de amora

odor de almíscar. Mas, a rigor, o Ox (como

ou framboesa, anote: vai provar as me-

é chamado nas internas) está mais para

lhores da sua vida.

caprino do que para bovino. Com seu felpudo casaco de peles natural, o bicho aguenta até 40ºC negativos. E não é tão grande como poderia parecer: são 400 quilos compactados em 2,5 metros de comprimento. Vê-lo solto na natureza, em manadas no parque nacional de Dovrefjell, é uma experiência inesquecível.

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Tudo por um clique Esteja com o celular ou a câmera sempre a postos. É que há poucas paisagens nórdicas que não mereçam um clique. Bom exemplo é a selvagem ilha de Magerøya. Ali, safáris fotográficos guiados levam o visitante a passeios de até quatro horas – com muito conforto. Tudo para registrar imagens dramáticas, como a retilínea geometria do cabo Norte e seus penhascos que parecem esculpidos a talhadeira.

5

Acelera!!! Muita gente vai a Svalbard, no norte, para curtir o chamado Sol da Meia-Noite, que entre abril e fim de agosto simplesmente não se põe na região. Marcado por planícies intermináveis, o lugar também é perfeito para pilotar snowmobiles, as motos de neve para uma ou duas pessoas. Além da emo-

3

Viagem ao passado

ção da velocidade, ela permite a pesca sobre a superfície congelada dos lagos.

Quem habitava a Noruega há 150 milhões de anos? É fácil descobrir. Basta embarcar em Svalbard para uma navegação até Deltaneset. As montanhas locais abrigam fósseis de animais pré-históricos, descobertos e estudados por equipes do Museu de História Natural de Oslo. Uma viagem ao nosso mais longínquo passado.

Fotos: istock e divulgação

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Work in progress Em The Long Run, a inovação nas artes visuais não é vista como golpe de mestre, mas esforço continuado Por Luciana Pareja Norbiato

M 26

useus e galerias não costu-

Cara Manes, curadora assistente, subverteu

mam ajudar na hora de ex-

essa lógica em The Long Run. A exposição

por os trabalhos de artistas

pinçou do acervo do museu obras de Frank

plásticos. Numa retrospec-

Stella, Gertrude Goldschmidt, Louise Bour-

tiva, selecionam só as obras lapidares, que

geois, Georgia O’Keefe, Roy Lichtenstein

tornaram o artista famoso. A concepção

e Joan Mitchell. A ideia é mostrar de que

de arte moderna como uma série linear de

forma a inovação em suas trajetórias não

movimentos sucessivos no tempo, em que

foi um lance de dados, mas o resultado do

cada inovação supera a anterior, leva a esse

desenvolvimento contínuo e da pesquisa de

formato expositivo. Mas o Departamento de

toda uma vida, pela exibição de grupos mais

Pintura e Escultura do MoMA, nas figuras

amplos de trabalhos de diferentes épocas.

de Paulina Pobocha, curadora associada, e

Em cartaz até 4 de novembro. moma.org

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Interior with Mobile, de Roy Lichtenstein (acima)


fotografia e pintura abstrata

P

ela primeira vez, uma grande exposição investiga os caminhos cruzados entre a

fotografia e a arte abstrata. Em Shape of Light, obras produzidas desde a década de 1910 por nomes como Man Ray, Wassily Kandinsky e Aleksandr Rodchenko dialogam com trabalhos recentes, como os realizados especialmente para a exposição pelos artistas Antony Cairns, Maya Rochat e Daisuke Yokota. A mostra da Tate Modern, em Londres, evidencia como a experimentação em fotografia influenciou a abstração em outros suportes e foi influenciada por ela. Até 14 de outubro. tate.org.uk Swinging, de Wassily Kandinsky

LUTA DE MULHERES

D

urante a proliferação dos regimes autoritários na América Latina, as

mulheres usaram a arte para expressar sua revolta. Depois de passar pelo Hammer Museum e pelo Brooklyn Museum (EUA), a exposição Mulheres Radicais chega ao Brasil com a pesquisa sobre o ativismo artístico feminino entre as décadas de 1960 e 1980 patrocinada pela Getty Foundation. Nomes como as brasileiras Lygia Clark e Vera Chaves Barcellos e a cubana Ana Mendieta figuram entre as selecionadas. De 18 de agosto a 19 de novembro. pinacoteca.org.br Epidermic Scapes, de Vera Chaves Barcellos

Fotos: divulgaçã0, cortesia Galeria Bolsa de Arte

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PILOTE SEU DESTINO

“A coisa mais difícil é a decisão de agir. O resto é apenas tenacidade.”

no rumo do desejo Perseverantes, dedicados, eles jamais abriram mão de seus sonhos. E por isso foram nossos protagonistas 28

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Amelia Earhart Aviadora americana

N

o começo do século 20, Amelia era uma mulher de verdade – mas parecia de mentira, compara-

da às contemporâneas. Feminista, não acreditava em monogamia. Casou-se e continuou usando o nome de solteira. Em 1920, aos 23 anos, pilotou pela primeira vez um avião. Descobriu-se. Numa época em que a aviação era 99% masculina, bateu nove recordes. Foi a primeira mulher a cruzar o Atlântico sozinha. Tentou outra proeza inédita. Em 1937, desapareceu sobre o Pacífico. Pretendia dar a volta ao mundo em solitário. Fotos: reprodução mit revista


“Eu me sinto rejuvenescido pela chance de deixar um legado – algo que fique, que permaneça.”

João Carlos Martins Músico brasileiro

D

esde muito jovem um dos maiores pianistas eruditos do Brasil, João Carlos Martins teve a

carreira interrompida por causa do braço direito. Primeiro, pela lesão por esforço repetitivo. Depois, rompeu um nervo essencial para pianistas. Por fim, teve o braço paralisado depois de um assalto. Parecia o fim. Aos 63 anos, começou a estudar regência. E se reinventou como maestro. Dos maiores.

Quentin Tarantino Cineasta americano

O

pai abandonou a família pouco antes de ele nascer. Rebelde na adolescência,

chegou a ir para a cadeia por causa de 3 mil dólares em multas por estacionamento proibido. Seu emprego não parecia ter futuro – balconista numa locadora de vídeos em Los Angeles. Mas ele aproveitou para ver todos os filmes que podia. O resto? Cara, coragem e muita ousadia. Até virar Quentin Tarantino. junho 2018

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Maria Esther Bueno Tenista brasileira

E

m 1958, quando Maria Esther desceu em Londres para disputar o seu primeiro Grand Slam, tinha apenas 18 anos.

Mal falava inglês. Ressabiada, entrou no metrô. Ao ver a placa “Wimbledon”, arrepiou-se. “Me arrepio até hoje.” Venceu 19 torneios de Grand Slam, três vezes na grama de Wimbledon. Foi a número um do mundo por três anos. Esteve no top ten entre 1958 e 1968. O tênis trouxe-lhe a glória – e também muito sacrifício. Passou por 15 cirurgias. Ficou sete anos sem jogar. Um médico chegou a lhe dizer que jamais movimentaria de novo a mão direita. Errou feio. Maria Esther tem a honra de ser a maior tenista do Brasil (incluindo os homens) de todos os tempos.

“Eu tinha 18 anos, mas sabia que tinha de jogar o meu jogo. Sempre foi assim: meu desafio era comigo mesma, nada a ver com o adversário ou com o público.”

Maya Gabeira Surfista

N

o dia 28 de outubro de 2013, Maya Gabeira levou um trompaço. Despencou da prancha ao tentar descer uma mon-

tanha d’água em Nazaré, Portugal. Lutou durante nove minutos até perder a consciência. Quase morreu. Foi salva por seu colega, o brasileiro Carlos Burle. Mas nem assim desistiu. Asmática desde criança, foi quatro vezes campeã mundial das ondas gigantes – e a primeira mulher a surfar no mar bravio do Alasca, com temperaturas próximas de zero. Cinco anos depois, em janeiro de 2018, Maya voltou a Nazaré. Esperou durante quatro horas na água gelada. Desceu uma onda de 80 pés (24 metros) de altura, que parece ser a maior já surfada no mundo. O recorde anterior é do americano Garrett McNamara – 23,8 metros. Confirmada a façanha, Maya deve entrar para o Guinness.

“Sofri um certo preconceito por ser mulher e muito nova no meio dos big riders. Acredito que abri caminho para outras atletas como eu.” 30

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junho 2018

Fotos: reprodução mit revista


Sebastião Salgado Fotógrafo brasileiro

P

ode alguém, perto dos 30 anos, largar um bom emprengo de economista na Organização In-

ternacional do Café (OIC), em Paris, pela repentina e incerta descoberta do fotojornalismo? Pois foi o que aconteceu com o mineiro Sebastião Salgado. Ele começou a fotografar sem compromisso, com a câmera da mulher. Depois, montou um laboratório em casa. Pediu demissão na OIC e se jogou no mundo. Percorreu da Sibéria à Etiópia, mais de 120 países. Publicou livros, ganhou prêmios. Feliz, enfim, por ter seguido seu sonho.

“Minha fotografia não é militância nem profissão. É minha vida. O desejo de fotografar me leva sempre a partir de novo.”

Fernando Fernandes Atleta paraolímpico

U

m estúpido acidente em 2012. E o atlético modelo Fernando Fernandes se viu relegado a uma

cadeira de rodas. Mas não esmoreceu. Continuou pedalando, esquiando e descendo cachoeiras. Atravessou o deserto da Bolívia de handbike. Fez bonito sobretudo na canoagem paraolímpica – onde obteve quatro títulos mundiais. Persistente, lançou sua autobiografia, Inquebrável (Companhia das Letras). Mais: criou um instituto que leva o seu nome, destinado a abrir alternativa para deficientes físicos que, como ele, pretendem encarar a vida sem medo.

“Percebi que teria de criar uma nova maneira de me testar, algo intenso e forte, que realmente exigisse do meu corpo e, sobretudo, de minha mente. E assim foi. Eu me reencontrei na vida.” junho 2018

Mit revista

31


painel

objetos do desejo com alta tecnologia

por Alessandra Lariu, de Nova York

Portão de embarque Gadgets para facilitar a sua viagem

1

2

3

n 1. Admiráveis óculos novos

cria alarmes. Funciona em inglês, francês,

fotos com até 52 megapixels, muito

Os óculos VR Magic Leap, dotados de

alemão e japonês. Em breve, vai falar

mais nítidas do que as de qualquer celular.

computador externo e controle de mão, vão

português. store.google.com/us

Tem mais. Ela oferece 16 lentes diferentes (cinco de 35 mm, cinco de 70 mm e seis

além da realidade virtual. Mais avançados, criam a chamada “realidade mista” ou

n 3. CANTIL MULTIúSO

de 150 mm). Parte delas pode ser usada

“realidade aumentada”. Com eles você cria

A alemã VSSL é respeitada pela eficácia

ao mesmo tempo, em combinação.

até uma TV virtual na parede. Que fica lá até

de seus produtos e pelo design limpo.

light.co/camera

você decidir mudá-la de lugar. magicleap.com

Seus equipamentos outdoor são todos cilíndricos. Como esse cantil-lanterna

n 5. PULSO TECHNO

n 2. Mordomo digital

que, de quebra, ainda traz bússola e kit de

Feita de couro e aço, a NiftyX parece

Parece só uma pequena caixa acústica

primeiros socorros. vsslgear.com

uma pulseira comum. #SQN. Funciona

redonda, acionável pelo celular. O Google

32

como cabo para recarregar celulares

Home Mini, no entanto, é uma espécie

n 4. Câmera com 16 lentes

com sistema Android e iPhone (SB-C,

de mordomo digital. Via comando de voz,

Parece um smartphone. Não é. A câmera

micro USB e lightning) e também

ele faz pesquisas, programa lembretes e

fotográfica Light L 16, criada na Califórnia, faz

como bateria. thegadgetflow.com

Mit revista

junho 2018


n 6. MALA-PATINETE

TRTL, bem mais ergonômico. Seu suporte

do tamanho de um cartão de crédito.

Arrastar bagagem, mesmo com rodinhas,

flexível acomoda perfeitamente o peso

Iainsinclair.com

não é tarefa fácil nos grandes aeroportos.

da cabeça. Discreto e elegante, ainda

Pensando nisso, a suíça Micro-Mobility

fica escondido dentro de um cachecol.

n 9. ROUPA A VÁCUO

lançou o Micro Kickboard, patinete com

trtltravel.com

Você exagerou, comprou muita

mala ou vice-versa. Pode ser levado na

roupa e a mala não fecha? Simples.

cabine e jamais vai deixar você perder a

n 8. CARTÃO QUE CORTA

Use o Vago, um minúsculo

conexão. microkickboard.com

Em 1964, o britânico Iain Sinclair

compressor de tecidos, fabricado

criou uma empresa que se notabilizou

em Cingapura. Basta pôr a roupa

n 7. Travesseiro-cachecol

rapidamente pelos objetos

num saco especial (vendido separado)

O velho travesseirinho em “U” usado nas

ultracompactos – e que lhe garantiram

que ele diminui pela metade

viagens aéreas parece estar com os dias

diversos prêmios de design. Bom

o volume delas. Funciona com um

contados. Acaba de ser superado pelo

exemplo é o Cardsharp, canivete retrátil

carregador USB. Vago.com.sg

8

4

6

5

Fotos: divulgação

7

9

junho 2018

Mit revista

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Mit4fun

equipamentos com a marca dos três diamantes

Inverno quente Encare o frio muito bem equipado

1 2

3

5

4

n 1. Bicicleta MTB Leve e veloz, aro 29. Perfeita para curtir a estação do frio em longos passeios. Tem quadro de alumínio e câmbio traseiro Shimano Altus com 24 velocidades. O freio, hidráulico, também é Shimano. n 2. Óculos Bold Modelo unissex e próprio para todas as idades. A armação é de madeira levíssima, legalizada pelo Ibama e revestida por resina impermeável e resistente. Tem lentes fabricadas

pela Carl Zeiss Vision, com 100% de proteção contra raios ultravioleta. n 3. Carteira Mitsubishi Confeccionada em couro genuíno, vem com o logo da marca dos três diamantes impresso em baixo-relevo. Oferece quatro compartimentos para cartão e seis divisórias para documentos. As medidas são 11 cm por 9 cm. n 4. Jaquetas MIT O inverno não implica reclusão. Basta estar bem agasalhado. A jaqueta

Sponsor MIT (a da esquerda) é confeccionada com nylon fino, mas tem enchimento de manta acrílica e forro de poliéster. Já a jaqueta Pesada MIT produzida com tecido ripsto, traz forro com matelassê, também de poliéster. n 5. Botas Adventure Este modelo feminino tem cano alto de couro Nobuck. Os detalhes de acabamento são primorosos, seja na utilização da camurça ou na palmilha supermacia de Eva Gel. O solado Carajás é feito com borracha de alta resistência.

Os produtos desta página estão disponíveis nas concessionárias e também no site mitshop.com.br /mit4fun 34

Mit revista

junho 2018


MUNDO MITSUBISHI

as boas-novas da marca dos três diamantes pelo mundo

por walterson sardenberg Sº ilustrações pedro hamdan

O futuro é agora As empresas da Mitsubishi Corporation adiantam o dia de amanhã com muita tecnologia

Grupo NYK

Blue Jay, o navio do ano Conquistar o título de “Navio do Ano”, concedido pela insuspeita Japan Society of Naval Architects and Ocean Engineers (Jasnaoe), em um mercado tão disputado quanto o japonês, é uma façanha e tanto. Por isso mesmo, o Grupo NYK comemora o prêmio mais recente, concedido ao cargueiro Blue Jay, construído nos estaleiros da empresa. O navio se destaca sobretudo pela economia na emissão de gases proporcionada pelos seus motores. Outra característica que chamou a atenção dos jurados foi a diminuição das dimensões da casa de máquinas, aumentando assim o espaço para o armazenamento de carga. Detalhe: o Grupo NYK mereceu, no passado, a premiação da Jasnaoe com o navio de cruzeiro Crystal Harmony (1990), o transportador de carvão Soyo (2013) e o rebocador Sakigake (2016), entre outros. setembro 2015

Mit revista

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mundo mitsubishi

Mitsubishi Heavy Industries

O robô que se garante Cada vez mais os trabalhos de alto risco estão ficando a cargo de robôs – e não de seres humanos. O que é salutar, claro. A Mitsubishi Heavy Industries, em conjunto com o Chiba Institute of Technology, já havia demonstrado até onde pode chegar essa tecnologia, com o robô inteligente Sakura 2. O novo robô, ainda sem batismo, desenvolvido em programa financiado em parte pelo governo do Japão, vai além. Ele pode operar de forma autônoma e pelo tempo que for necessário – graças ao autocarregamento – nas mais perigosas ocupações. Por exemplo: exploração de minas, consertos em plataformas marítimas e manutenções de alto risco. A maior novidade: a engenhoca não explode nem oferece qualquer ameaça de explosão ao ambiente.

Tokio Marine & Nichido Life Insurance

Roupa muito econômica

Há uma maneira muito saudável no Japão de pagar menos por um plano de saúde. Para isso, é preciso, antes de tudo, usar uma traje especial, concebido por encomenda da Tokio Marine Holdings & Nichido Life Insurance. A roupa inclui sensores que informam por um aplicativo a quantas andam os exercícios físicos de quem a veste. Não é preciso correr. Basta caminhar com disciplina e frequência. As informações registradas pelos sensores são enviadas à companhia de seguros, que, dessa maneira, pode avaliar a dedicação do cliente à própria saúde e, por conseguinte, abater preços. O traje, que rendeu ao seu criador um prêmio de Good Design, serve, sobretudo, para que o usuário gerencie seu estilo de vida, em termos de exercício, dieta e sono. 36

Mit revista

setembro 2015


Mitsubishi Electric Corporation

O telão dos telões Em março, a Mitsubishi Electric Corporation comemorou mais um prêmio: o IEEE Milestone, atribuído pelo Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos, com sede em Piscataway, Nova Jersey, nos Estados Unidos. A instituição entregou o laurel ao criador da série de telões Diamond Vision, instalados em alguns dos maiores e melhores estádios esportivos do planeta. O primeiro desses monumentais sistemas de exibição em cores ao ar livre da Mitsubishi Electric entrou em ação no Dodger Stadium de Los Angeles, no ano de 1980. De lá para cá, a empresa fabricou e instalou perto de outras 2 mil unidades. A maior é a do hipódromo Meydan, em Dubai, nos Emirados Árabes.

jX Nippon Oil & Gas Exploration Corporation

Busca de gás na Malásia Por intermédio de uma subsidiária local, desde 28 de maio de 2017 a JX Nippon Oil & Gas Exploration Corporation vem produzindo gás natural ao largo de Layang, na Malásia. Nessa empreitada no oceano Pacífico, a empresa tem 75% de participação. A Petronas, petrolífera nacional da Malásia, é sua parceira com os 25% restantes. A plataforma está instalada sete quilômetros a leste do campo de gás Helang. O gás natural dos dois campos é transferido por meio de condutores submarinos para terra firme em Bintulu, em área também parcialmente de propriedade da JX Nippon Oil & Gas Exploration Corporation. Após a liquefação, o produto, vendido como GNL, chega aos clientes, incluindo compradores no Japão. A produção inicial do campo de Layang é estimada em cerca de 12 mil barris por dia. setembro 2015

Mit revista

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mundo mitsubishi

Mitsubishi Electric Corporation

Escada rolante em espiral O Kuwait, na Ásia Ocidental, decidiu ampliar ainda mais, e pela quarta vez, seu shopping center The Avenues, agora com mais de 800 lojas. Desta feita, ergueu um átrio de magazines de alto luxo, batizado de Prestige. Para isso, contratou a Mitsubishi Electric Corporation, que se incumbiu de produzir nada menos que 69 elevadores (que transportam de 14 a 27 passageiros) e 64 escadas rolantes. No total, são 133 unidades. O que mais impressiona no conjunto são as duas escadas rolantes em espiral – tecnologia exclusiva da empresa –, erguidas lado a lado, acrescentando ainda mais elegância e imponência arquitetônica ao Prestige. 38

Mit revista

setembro 2015


setembro 2015

Mit revista

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PORTA-MALAS

a bagagem do viajante

por xavier bartaburu

Mais perto do céu Como chegar às mais perfeitas pistas de esqui do mundo? De helicóptero. Conheça o heli-esqui

P

ode-se subir uma montanha de várias

do Ártico, Gmoser esquadrinhou as montanhas da

maneiras: a pé, de teleférico, de carro,

Colúmbia Britânica em busca dos melhores pontos

com equipamento de escalada – e até

para apresentar aos clientes. Não à toa, sua empre-

de helicóptero. Não é a mais barata,

sa, a Canadian Mountain Holidays, é hoje a maior

mas é certamente a mais rápida. E também a mais interessante. Principalmente se você estiver cansado das velhas e batidas pistas de esqui.

40

Mit revista

operadora de heli-esqui do mundo. Ok, o heli-esqui não é para qualquer um. Primeiro pelo preço: um dia de descidas no Canadá custa

O heli-esqui, esqui com ajuda de helicóptero,

em torno de mil dólares. O mais comum, porém, é

leva a um tipo especial de neve: aquela virgem,

comprar um pacote de altitude: por 10 mil dólares,

imaculada. Fofa e seca na medida certa. Intocada

a operadora garante 100 mil pés (cerca de 33 mil

por outros esportistas. O prazer de pousar num

metros) verticais em uma semana de heli-esqui. Se

cume inóspito, aonde nem estradas nem ski lifts

você esquiar menos, recebe o dinheiro equivalente.

chegam, não tem preço. À sua frente, uma pista só

Se esquiar mais, paga o adicional. A hospedagem

sua – que você pode dividir com os amigos. “A beleza

em lodges de luxo, acessíveis via helicóptero, está

da modalidade é poder praticá-la em qualquer lugar,

inclusa no preço.

da Sibéria ao Paquistão”, diz Eduardo Gaz, fundador

E aqui entra outro requisito: a habilidade do

da Ski Brasil, agência de turismo especializada.

esquiador. É preciso experiência. Se você está

“Basta ter o terreno adequado.”

acostumado com pistas pretas – as mais técnicas

Em meados dos anos 1950 alguns pioneiros

–, não terá problema. Descidas de heli-esqui con­

no Alasca e no Canadá começaram a voar de

templam desníveis verticais que chegam aos

helicóptero para áreas remotas nas montanhas,

2.500 metros. É preciso ainda estar preparado

dando outra utilidade aos aparelhos além das

para situações mais tensas, como avalanches – um

operações de resgate. Descobriram neve que

risco real contra o qual as operadoras se cercam

humano algum jamais havia pisado ou esquiado.

dos mais minuciosos cuidados. “Em primeiro lugar,

Nascia assim uma nova modalidade esportiva: o

você sempre esquia com um guia”, explica Eduardo

heliskiing ou heli-esqui.

Gaz. Além disso, cada esquiador se informa dos

Na década seguinte, Hans Gmoser, um austríaco

protocolos básicos de segurança – e ainda recebe

radicado no Canadá, passou a explorar comercial-

equipamento de sobrevivência. Parece assustador.

mente a aventura. Com empenho de garimpeiro

Mas Eduardo esclarece: “Nunca precisei usar”.

junho 2018


No topo: desembarque na melhor neve do paneta

Foto: istock

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Mit revista

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O modelo H145 da Airbus: perfeito para o heli-esqui

Campeões de altitude O helicóptero ideal deve estar apto a pousar em todo tipo de terreno e suportar as mais severas condições de clima, inclusive em grandes altitudes. Os que melhor se saem nessas situações são veículos leves e ágeis, com grande facilidade de manobras, capazes de deslizar suavemente pelo céu mesmo sob uma tempestade. Dois fabricantes se destacam nesse mercado: a Bell, cujos aparelhos costumam ser usados nas práticas de heli-esqui no Canadá e no Chile, e a Airbus Helicopter (antes Eurocopter), cujo modelo de ponta é o A-Star, o único helicóptero comercial a ter pousado no cume do Everest. bellflight.com, airbus.com/helicopters 42

Mit revista

junho 2018


Pisando firme Botas são tão importantes quanto esquis. Pés bem ajustados conseguirão transmitir com mais precisão e segu-

Máquinas de flutuar

rança as ordens que o corpo dá. Assim, é preciso levar em conta peso, altura e nível de experiência na hora de

Nem todo esqui é capaz de

escolhê-las. Todas são feitas de plás-

Mantenha-se aquecido

desbravar as ladeiras inex-

tico rígido por fora com forro flexível

Uma das vantagens do heli-esqui é

ploradas a partir do topo das

por dentro. Ele envolve os pés com

que você não passa frio quando está

montanhas. A neve ali costuma

conforto, calor e sustentação. Ato-

subindo a montanha, ao contrário do

ser do tipo powder (pó, em in-

mic e Salomon são as marcas mais

que acontece no teleférico. No en-

glês) – fina, fofa e seca em que um

tradicionais. Não é necessário usar

tanto, uma vez lá em cima, é preciso

esquiador pode afundar até o peito,

botas especiais para esquiar sobre a

estar preparado para suportar a bai-

pois não é tratada como nas pistas

neve virgem, mas esquiadores mais

xa temperatura e o vento. Um casaco

normais. Ela requer um esqui mais

experientes preferem as mais rígidas,

de Gore-tex sobre camadas de rou-

largo, superior a 100 milímetros na área

com maior capacidade de manobra.

pas de material sintético vai deixá-lo

atomic.com, salomon.com

seco, quente – e confortável. A The

sob os pés, o que facilita as manobras na hora da descida. “Ele flutua melhor nessa

North Face produz casacos de esqui

neve”, diz Eduardo Gaz. Por se tratar de

há mais de 50 anos. Melhor: são fá-

modelo muito específico, as operadoras

ceis de serem encontrados no Brasil.

têm sempre um par à disposição dos

thenorthface.com.br

clientes, para diversos pesos e alturas. São dezenas as marcas que fabricam esquis desse tipo. Entre as mais represen-

Para salvar vidas

tativas estão a Black Crows e a Atomic.

Todo esquiador de neve powder tam-

black-crows.com, atomic.com

bém leva na mochila um probe e uma pá. O primeiro é um bastão dobrável

Nas ondas do rádio

para atingir as camadas mais profundas da neve no caso de avalanche.

Em áreas sujeitas a avalanches, é cru-

Cabeça dura

cial que todo esquiador leve consigo um

Capacetes não são obrigatórios, mas

pelo transceiver, é preciso saber onde

transceiver-receiver, aparelhinho que

altamente recomendados nas áreas re-

ela está exatamente. Daí o probe.

emite e capta ondas de rádio durante

motas acessadas pelos helicópteros. É

Uma vez encontrada, é preciso tirá-la

a descida. Isso permite que ele seja en-

importante que o forro proteja do frio e

dali. “Não dá para tirar o cara com a

contrada rapidamente no caso de uma

absorva o suor. E o casco não deve co-

mão”, lembra Eduardo. Por isso a pá:

avalanche. Todos os esquiadores de

brir as orelhas – você precisa ouvir bem

compacta, em geral feita de alumínio

alta montanha utilizam o aparelho.

as instruções do guia. smithoptics.com

e leve de carregar.

Fotos: divulgação

Depois do sinal que a pessoa emite

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Mit revista

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PORTA-MALAS

a bagagem do viajante

O ATLAS DA NEVE INTOCADA

Nova Zelândia

Canadá

concentram todas as atividades de aven-

Queenstown e Wanaka, no extremo sul do arquipélago,

Tempestades que sopram

tura criadas pelas mentes mais adrena-

do Pacífico se transformam

das. Entre elas o heli-esqui. Nas duas

na neve que cobre as montanhas

cidades a hospedagem fica bem próxima

Colúmbia, maciço canadense vizinho

dos Alpes do Sul, a mais alta cadeia de

às Rochosas. O mar está próximo,

montanhas do país. Assim, dá para fazer

mas distante o suficiente para que as

de quatro a oito descidas em um único

temperaturas se mantenham baixas ao

dia, no esquema bate e volta. São cerca

longo do inverno e impeçam a neve de

de 15 topos disponíveis, com variados

derreter. O berço do heli-esqui concentra

níveis de dificuldade – o ponto de maior

cerca de 15 mil quilômetros quadrados –

altitude tem 2.600 metros. heliski.co.nz

quase metade da Suíça – de um tapete branco e macio que chega a alcançar

Opções mais modestas de heli-esqui,

até 4 metros de espessura. Fevereiro

mas não menos interessantes, podem ser

Japão

é a melhor época. Pode-se contratar

encontradas nos resorts de Valle Nevado

um passeio de um dia a partir do resort

e Portillo. Ali, as descidas são feitas ape-

beriano, a ilha de Hokkaido é a

de Whistler ou hospedar-se em um dos

nas pela manhã, já que o risco de avalan-

mais setentrional do arquipélago japo-

muitos lodges de luxo que se escondem

ches é maior à tarde. O melhor período:

nês. A neve ali chega a criar espessas

nos vales, quase tão remotos quanto os

entre setembro e novembro. nomads.cl,

capas de até 20 centímetros de altura.

cumes aos quais o helicóptero leva os

vallenevado.com, skiportillo.com

A temporada vai de dezembro a março,

Dona de um inverno quase si-

esquiadores. O representante oficial da

mas janeiro é o melhor mês. Os helicóp-

Canadian Mountain Holidays no Brasil é

teros partem todos os dias do resort de

a Skibrasil. skibrasil.com.br

Chile Trata-se do único lugar em que

Suíça

Niseko rumo às encostas do vulcão ShiriUm bom lugar para ser apre-

betsu-Dake, de 1.100 metros de altitude.

sentado ao heli-esqui são os Al-

hokkaidobackcountryclub.com

pes europeus, onde você pode desfrutar

é possível praticar heli-esqui a

da infra de alguns dos resorts mais bem

partir de um barco. Isso mesmo: o he-

equipados do mundo. Zermatt é um de-

licóptero decola de um navio ancorado

les. O lugar está cercado por 38 monta-

na costa da Patagônia rumo às neves vir-

nhas com mais de 4 mil metros de altitu-

gens dos Andes. É a proposta da Nomads

de, quase todas acessíveis por helicópte-

of the Seas, que oferece esse serviço aos

ro, repletas de encostas da mais branca

esquiadores a bordo de seus cruzeiros.

e fofa neve. Os desníveis verticais podem ultrapassar os 2 mil metros. Tudo isso com a visão do Matterhorn na paisagem. Março é o mês ideal: o tempo está mais firme e a neve já assentou. air-zermatt.ch

Ilha de Hokkaido: o lugar ideal para o esporte no Japão

Fotos: istock

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Mit revista

Junho 2018


combustível

bebidas para abastecer a alma

por Marcello Borges

água do mar

Destilado preferido dos escandinavos, a aquavit chega a atravessar duas vezes de navio a linha do Equador para ser considerada de qualidade

V

á a um bar na Dinamarca. Peça uma aquavit. O barman retirará um copo do freezer. Depois, a garrafa gelada com a bebida. Servirá em um shot até a borda

do copo. E aguardará sua reação. Quanto a você, leve o copo à boca. Olhe nos olhos de sua companhia – ou, na falta dela, nos olhos do barman. Murmure um “skol!”. E mande a bebida goela abaixo.

Nas propagandas da Linie, marca norueguesa, o fabricante costuma imprimir o roteiro marítimo que o destilado cumpriu

Esse ritual vem sendo cada vez mais apreciado por quem gosta de destilados – principalmente os fãs de gim. A bebida criada na Suécia e estendida aos vizinhos Dinamarca e Noruega jamais deixou de marcar ponto nas mesas dos bebedores hardcore. O fotógrafo David Drew Zingg (1923-2000), americano radicado no Brasil a partir de 1959 e personagem folclórico da noite paulistana, tinha uma teoria sobre tantos retratos de reis e rainhas nas paredes dos países escandinavos. “Eles têm uma função”, dizia. “Quando começam a piscar para você depois de muita aquavit – é hora de ir embora.” Desde o século 16 a popularidade da bebiba é enorme. Tanto que o rei dinamarquês Cristiano 4º (1577-1648), grande bebedor, se aproveitou dela para abastecer os cofres da corte: foi o primeiro a taxá-la.

Fotos: divulgação

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Mit revista

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O rei Cristiano 4º taxou a bebida. O fotógrafo David Zingg usava retratos dos nobres para testar o estado etílico

A palavra aquavit vem do latim aqua vitae, “água da vida”. Em gaélico se diz uisge beatha – a origem do nosso bom e velho uísque. Os franceses tam-

a cor de muitas AQUAVITS é a mesma da água. Transparente. Mas também existem as amareladas. Ficam assim por causa do estágio na madeira

bém usam uma expressão similar, eau de vie, para se referir a seus destilados de fruta, como conhaque, armanhaque e poire. O parentesco direto da aquavit, no entanto, é com o gim. Basta trocar o zimbro do gim pelo cominho e pelo endro. A vodca é outra da mesma família, embora não receba a adição de ervas. Outro fato em comum: todas têm teor alcoólico em torno de 40%.

50

Os escandinavos gostam de beber

bebida no barril. Até que um dia restou

aquavit como parceira da cerveja. Tam-

um pouquinho. Alguém foi provar e no-

bém na companhia do smørrebrød,

tou que ela havia melhorado bastante.

sanduíche aberto, em geral de salmão

Graças a dois fatores, descobriu-se: a

defumado. Ou ainda com o lauto smor-

mudança de temperatura (o navio havia

gasbord, bufê com diversos pratos frios

descido ao hemisfério sul e voltado) e a

e quentes, a maioria de frutos do mar.

maresia. A partir dali, para ser conside-

Alguns, como nosso barman do pri-

rada uma aquavit de qualidade, a bebida

meiro parágrafo, servem a aquavit tira-

precisa atravessar de barco a linha do

da do freezer, mas os puristas, sobre-

Equador e retornar à Escandinávia. As

tudo da Noruega, consideram isso um

melhores fazem a viagem duas vezes. A

absurdo. Frithjof Nicolaysen, vice-pre-

aquavit da marca Linie – sim, a palavra

sidente de assuntos corporativos da

vem de “linha” –, produzida pela Arcus,

Arcus, destilaria de Oslo, comenta: “A

chega a trazer no rótulo o nome da em-

bebida vai até a Austrália e volta para

barcação e as datas da viagem.

envelhecer e você a põe no congela-

As aquavits dinamarquesas e suecas

dor?!! Meu Deus, isso é um sacrilégio”.

não costumam passar por madeira. Por

E aqui cabe uma explicação. Mari-

isso, são transparentes como água. Fa-

nheiros noruegueses costumavam le-

zem jus a outra expressão com que são

var aquavit nas viagens. Jamais sobrava

tratadas as bebidas de elevado teor al-

Mit revista

Junho 2018


Galeões de bandeira norueguesa são outro bem sacado e charmoso argumento de vendas da fabricante Arcus para as suas melhores aquavits

coólico – “água ardente” ou aguarden-

No Brasil são poucos os rótulos dis-

te. Ou seja, não só uma água que pega

poníveis. A mais encontrada é a Aal-

fogo, mas que faz arder a boca, graças

borg Taffel dinamarquesa, com notas

à sensação pseudotérmica. Já a aqua-

de laranja ao lado do cominho e bom

vit com estadia em barril ganha um tom

corpo na boca. A marca foi criada por

amarelado. Quanto maior o tempo na

Isidor Henius, considerado o pioneiro

madeira, mais intensa a cor.

da moderna aquavit. Uma garrafa cus-

A matéria-prima varia conforme o

De volta da Austrália, Marujos da Noruega descobriram que a bebida que sobrara havia melhorado muito. era uma ótima reação química

ta o equivalente a 50 dólares.

país. Os noruegueses usam a batata,

A Linie norueguesa já teve importa-

enquanto dinamarqueses e suecos

ção regular, sempre destacando no ró-

valem-se de grãos. Depois do processo

tulo o fato de ter amadurecido no mar

de destilação, a aguardente é saboriza-

em barris de carvalho que antes abri-

da com ervas e especiarias, tal como

garam jerez, atravessando “duas vezes

ocorre com o gim. Mas, enquanto o gim

o Equador”. Merece visita, se encontra-

vale-se sobretudo do zimbro, a aquavit

da. Se for viajar, procure a sueca Skåne,

tem no cominho – usado como remédio

nome da província onde se fabricam

para indigestão – seu aroma central. E

boas vodcas e os caminhões Scania. É

endro, funcho, coentro, cravo, cardamo-

uma aquavit suave, equilibrada e com

mo, anis-estrelado, pimenta-malagueta

teor alcoólico de 38%, levemente mais

como coadjuvantes.

baixo do que a média. Skaal!

Fotos: wikimedia commons, instituto moreira salles e divulgação

junho 2018

Mit revista

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clássicos

lugares e objetos que nasceram para ser eternos

por Gonçalo Junior foto marcelo spatafora

Raridade: um avião-foguete Mitsubishi J8M da Segunda Guerra Mundial

O mundo é pequeno As réplicas em miniatura da americana Revell fascinam o planeta há várias gerações

V

empresas maiores. Passou a produzir

A Segunda Guerra Mundial

pequenos móveis para casinhas de

Em 1953 a empresa lançava uma réplica

estava para terminar. Três anos

boneca. Depois, moldou trens de

do USS Missouri, o célebre encouraçado

antes, os Estados Unidos haviam

brinquedo – os populares HO, na escala

onde o Japão assinou sua rendição em

abandonado sua neutralidade frente ao

1:87. Além de locomotivas e vagões, os

1945. Os modelos Revell da Marinha

conflito. Foi depois do ataque japonês à

kits incluíam estações de passageiros,

americana eram tão detalhados que, em

base aeronaval de Pearl Harbor, no Havaí,

pontes, automóveis. E paisagens:

1960, no auge da Guerra Fria, descobriu-

em 7 de dezembro de 1941 – “uma data que

fazendas, casas de subúrbio, fábricas.

se um segredo: o serviço de espionagem

permanecerá na infâmia”, discursou o então

Nos anos 1950, foi a vez de calhambeques

soviético, a KGB, comprara inúmeros kits

presidente Franklin Delano Roosevelt no

populares, daqueles de dar corda, com

para treinar seus agentes na identificação

dia seguinte. Naquele 1945, porém, Lewis

disparador de plástico. Baseavam-se

dos navios do inimigo. A marca aproveitou

Glaser, um nova-iorquino do Brooklyn, criou

na tradicional marca inglesa Gowland

ainda a guerra da Coreia (1950-1953)

uma marca que faria a alegria de gerações

Brothers. Uma vez acionados, disparavam

para lançar seus primeiros aviões:

no mundo todo – Revell.

pelo chão, com o motorista se movendo

Lockheed F-94 Starfire, Grumman F9F

para cima e para baixo. Na caixa, em

Panther e Vought F7U Cutlass – apesar da

um material novo. Fundara em 1943

cores brilhantes, o logo Revell inspirado

péssima fama de “caixão voador” deste

a Precision Specialties, fabricante de

na bandeira americana e o dístico

último, responsável pela morte de quatro

diversos produtos encomendados por

“Made in Hollywood”.

pilotos de teste e de 21 da Marinha.

Glaser entendia de plástico, à época

52

Da terra para o mar, bastou um pulo.

enice, Califórnia, 1945.

Mit revista

junho 2018


O filme ajudou a vender mais de 2 milhões de kits do Titanic. Embaixo, caixa com o caça Nakajima Hayate

O negócio disparou. Veio a linha de veleiros e navios mercantes, sempre fiel aos detalhes técnicos e com refinado acabamento. Em pouco tempo a empresa exportava para vários países – o Brasil foi um dos primeiros. Em 1956, ganhou uma filial na Alemanha. O auge aconteceu na década de 1980, numa média de mais de 100 modelos lançados por ano. Em 1986, a Odyssey Partners, dona da concorrente Monogram, comprou a Revell. A empresa ganhou novo fôlego. Em 1995, foram vendidos mais de 5 milhões de kits, sobretudo de aviões. Nove anos depois, a subsidiária alemã se separou

mísseis e naves espaciais, vendidos em

escolaridade acima da média.

da companhia-mãe. Por causa do filme

mais de 60 países. Lidera o mercado

“É um hobby que vai além do lazer”,

de James Cameron, de 1997, um dos

mundial. Suas concorrentes são as

diz Álvaro Caropreso, responsável

maiores sucessos da Revell naquela

japonesas Tamiya e Hasegawa; a

pela comunicação da Aeromodelli,

década foi o do transatlântico Titanic:

coreana Academy; a inglesa Airfix; e as

importadora exclusiva da Revell

mais de 2 milhões de kits vendidos.

chinesas Trumpeter e HobbyBoss.

no país desde 1991. “Agrega cultura,

Hoje, a Revell tem mais de 7 mil

Estima-se que no Brasil existam 200

espírito de trabalho em grupo e

modelos em catálogo. São aviões,

mil praticantes de plastimodelismo,

habilidade manual.” E um prazer enorme

navios, helicópteros, carros, foguetes,

com idades entre 14 a 70 anos e

ao fim do trabalho de montagem. junho 2018

Mit revista

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A ficha de cada um Em cada modelo Revell, um universo de história e histórias por fernando paiva

Triplano Fokker Dr.I

Supermarine Spitfire

Messerschmitt Bf-109

Foi no comando desse caça alemão da

Único caça aliado a operar durante toda a

Ele leva o título de caça mais fabricado de

Primeira Guerra Mundial (1914-1918) que

guerra, fabricado entre 1938 e 1948, é tido

todos os tempos: 33.984 unidades. Formou

Manfred von Richtofen, o lendário Barão

como o herói da batalha da Inglaterra, nas

a espinha dorsal da Luftwaffe durante a Se-

Vermelho, obteve suas últimas 19 vitórias

mãos dos pilotos da RAF. Spitfire significa

gunda Guerra Mundial (1939-1945) e deu

(de um total de 80) antes de ser morto em

“cuspidor de fogo”. Mas também designa-

muito trabalho aos Spitfire na batalha da

combate. Equipado com duas metralhado-

va à época as mulheres de temperamento

Inglaterra. Com ele, o ás Erich Hartmann

ras Spandau de 7,62 mm e um motor de

explosivo. Nada mais adequado para quem

abateu 352 aviões – um recorde jamais

110 HP, tinha velocidade máxima de 193

carregava oito metralhadoras Browning

quebrado. Equipado com um motorzão V12

km/h. Extremamente manobrável, chega-

.303 ou dois canhões Hispano de 20 mm

invertido e trem de pouso retrátil, chegava

va aos 3 mil metros de altitude em 6 minu-

mais quatro metralhadoras. A versão aci-

aos 684 km/h a 7.400 metros de altitude. O

tos, uma façanha à época.

ma, Mk V, tinha motor Merlin de 1.230 HP.

protótipo voou pela primeira vez em 1935.

Mitsubishi A6M Zero

Ilyushin Il-2 Sturmovik

P-51 Mustang

Credita-se a ele um total de 1.590 aero-

Pilotos o chamavam pelo diminutivo

Há uma cena inesquecível em Império do

naves americanas abatidas sobre o teatro

“Ilyusha”. Para a infantaria, era “O Cor-

Sol, de Steven Spielberg: o rasante dos

de operações do Pacífico. Principal caça

cunda” ou “Tanque Voador”, devido à blin-

P-51 sobre o campo de prisioneiros, avi-

da Marinha japonesa durante a Segunda

dagem espessa e ao armamento pesado.

sando ao garoto Jim (Christian Bale) que

Guerra, sua manobrabilidade, autonomia

Avião de ataque ao solo, aterrou os ale-

o fim da guerra estava próximo. Apesar

(3.100 km sem reabastecer) e velocidade

mães na frente russa. Levava dois canhões

disso, esse caça americano atuou mais na

de subida (15,7 m/seg) fizeram do Zero um

de 30 mm, duas metralhadoras de 7,62

Europa, protegendo os bombardeiros alia-

inimigo temível. Tudo isso tinha um preço:

mm, uma de 12,7 mm (operada pelo arti-

dos. Dono de uma silhueta elegante, arma-

a ausência de blindagem para o piloto e

lheiro na traseira) – mais oito foguetes ou

do com seis metralhadoras Browning .50,

os tanques de combustível. Com ele, o ás

600 kg de bombas. Com seu sucessor, o

ele deixava alemães e japoneses de cabelo

nipônico Hiroyoshi Nishizawa derrubou 87

Ilyushin Il-10, foi o avião militar mais produ-

em pé – derrubou nada menos que 4.950

aviões americanos.

zido da história: 42.330 unidades.

aeronaves inimigas.


Tiger

T-34/85

Com 63 toneladas, canhão de 88 mm, tripulação

O T-34/76, tanque soviético padrão na Segunda

de cinco homens, blindagem de até 120 mm e

Guerra, equipado com canhão de 76 mm, era in-

capaz de cruzar rios de 4 metros de profundida-

vencível. Até os alemães estrearem o Panther e o

de, o Tiger estabeleceu um novo marco na guerra

Tiger, bem mais pesados, armados e blindados. A

entre blindados. Surgiu em 1942 para enfrentar

resposta russa foi o T-34/85. Com canhão de 85

o T-34/76 e literalmente espalhou o terror entre

mm, munição de alta velocidade e blindagem re-

os aliados. O motor era um V12 a gasolina de 694

forçada, pesava 32 toneladas. O motor diesel de

HP. Devido ao peso, não passava dos 38 km/h.

520 HP o levava a uma velocidade de 52 km/h.

AH-64 Apache

DHC-6 Twin Otter

O americano Apache é o rei dos helicópte-

Boa parte dos filmes de aventura ambien-

ros de ataque. Piloto e artilheiro dispõem do

tados no Canadá ou no Alasca tem como

melhor em tecnologia de combate noturno

coadjuvante o De Havilland Twin Otter, não

ou sob as mais severas condições meteoro-

importa a estação do ano nem o trem de

lógicas. O Apache tem canhão automático de

pouso: pneus, flutuadores ou esquis. Versá-

30 mm e dispara mísseis Hellfire ou Hydra.

til, equipado com dois turboélices de 625 HP

Entrou em serviço no Exército em 1986 e já

cada, ele é usado desde 1965 em missões de

lutou no Afeganistão, no Kosovo e no Iraque.

transporte, reconhecimento ou salvamento.

Traineira do mar do Norte

Millenium Falcon

Da Terranova à Noruega, elas trabalham dia

Esse cargueiro interestelar foi visto pela pri-

e noite contra o relógio, durante a estação

meira vez em Guerra nas Estrelas (1977), tri-

de pesca no tempestuoso mar do Norte.

pulado pelos contrabandistas Han Solo (Har-

Numa viagem de três semanas, apenas uma

rison Ford) e seu imediato, o peludo wookiee

é voltada à pesca. As demais são dedicadas

Chewbacca (Peter Mayhew). Sua aparição

a esquadrinhar o oceano atrás dos grandes

mais recente aconteceu em Os Últimos Jedi,

cardumes. A rede é sempre puxada do lado

no ano passado. Mesmo caindo aos pedaços,

direito (boreste) do barco.

é a nave mais veloz da galáxia.

Mitsubishi Pajero Evolution Piloto e navegador, o japonês Hiroshi Masuoka e o alemão Andreas Schulz venceram o 26o Rally Dakar em 2003, no carro 203. Foi a oitava vitória da marca (que ganharia outras quatro vezes) e a terceira consecutiva. O percurso de 5.216 quilômetros cobriu de Marselha, França, a Sharm El Sheikh, Egito.

Mitsubishi Eclipse O cupê esportivo da marca dos três diamantes marcou época entre 1989 e 2011, quando foi descontinuado. Que o diga o modelo 1995 – o primeiro carro utilizado na série Velozes e Furiosos (2001) pelo protagonista Brian O’Conner, vivido pelo ator Paul Walker. No filme seguinte, o escolhido foi um Eclipse Spyder.

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CAPA

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A man with a plan

A história de Reed Hastings é um caso raro de filme melhor que o trailer: a Netflix revolucionou a indústria do entretenimento. Sua grande ambição, porém, continua a mesma: investir em educação de qualidade para todos Por Daniel Japiassu

Fotos:Art Foto: divulgação Streiber / AUGUST

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Reed Hastings tem um sonho recorrente. Ao som de tambores ancestrais e rodeado por jovens com roupas coloridas, ele rabisca, em um quadro-negro que mais parece uma tela de TV, equações que começam sempre com a letra ‘n’. Foto: abril / germano ludeRs


“A matemática está em todos os lugares – e isso me fascina desde garoto”, ele diz. Nascido em Boston, Massachusetts, Hastings fez faculdade de matemática no prestigioso Bowdoin College, no vizinho estado do Maine, em 1983. Pensava em se tornar fuzileiro naval. Passou o verão daquele ano treinando no quartel-general dos marines em Quantico, na Virgínia. Mas mudou de ideia. Entrou para o Peace Corps – serviço voluntário civil. Em vez de dar tiros de AR-15 nos outros, foi ensinar matemática na então Suazilândia, no sul da África, onde passou dois anos e meio. “Foi uma aventura que me tocou demais: mudou a minha vida”, conta. “Quando você aprende a viajar de carona pela África, com dez dólares no bolso, perde o medo de começar qualquer negócio.” Hastings sempre ambicionou participar de projetos que transformassem o mundo. E não estamos falando da Netflix. Para entender um pouco mais sobre como ele recriou a indústria da TV em todo o planeta, é preciso colocar pipoca no micro-ondas, se ajeitar no sofá e apertar o PLAY.

Houston, we have a problem “É preciso entender que o mundo é feito de pessoas: você precisa conversar, aprender com elas.” O clichê faz todo o sentido no caso de Hastings. Ele adora falar sobre seu primeiro emprego – vendedor de aspiradores de pó. Ele acabara de voltar da África e entrara na respeitada universidade Stanford, na Califórnia. Mesmo assim, trancou matrícula no curso de inteligência artificial. “Enlouqueceu”, disseram os amigos. Nada. “Eu adorava aquilo”, ele diz. Bater de porta em porta, conversar com tudo quanto é tipo de gente era, segundo ele, um maravilhoso exercício de empatia. “Além do mais, os aspiradores eram ótimos!”, brinca. Hastings adora contar uma boa história. E a Netflix nada mais é que um infinito repositório delas. A começar por aquela que explica a origem da empresa. Hastings conta que teve a ideia de fundar a Netflix depois de precisar pagar uma multa de US$ 40 pelo atraso de vários meses na devolução à locadora de uma fita VHS de Apollo 13 – que, aliás, havia perdido. Lenda urbana? “Olha, é uma história divertida, que prende a atenção das pessoas”, declarou ele quando a empresa abriu capital em maio de 2002. Como as ações da Netflix valorizaram 14.000% desde então (a empresa vale hoje mais de US$ 100 billhões), o “causo” da multa pelo atraso é o que menos importa. Só para comparar, a Amazon no mesmo período viu seus papéis valorizarem “apenas” 6.000%; e a Apple registrou “meros” 12.000%. O investimento previsto para 2018 é de US$ 8 bilhões – um aumento de 33,3% em relação a 2017. A verdade tem mais a ver com sorte do que com juízo. A Netflix jamais atingiria o turn over se as pesadas fitas VHS tivessem se mantido como principal mídia de vídeo por mais dois ou três anos. No momento em que as coisas pareciam sem saída para a recém-fundada companhia, um novo astro apareceu: o levíssimo, finíssimo e (quase) flexível DVD. junho 2018

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O mecanismo Hastings não gosta de polêmicas. É matemático full time e absolutamente low profile. Escolhe as palavras com cuidado

São 120 milhões de assinantes. Antes que você termine de ler esta reportagem, aliás, o número terá crescido alguns milhares

e jamais se deixou levar pelas tentações megalomaníacas que costumam destruir carreiras. Tanto cuidado com a vida pessoal, porém, não encontra eco nas salas de reunião onde, semanalmente, sua equipe escolhe os projetos que se tornarão filmes ou séries by Netflix.

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E as provas disso são muitas: La Casa de Papel, Troia, Narcos,

Ali, o que importa é, como ele já disse, o hook da história! Sim,

Stranger Things, Orange Is the New Black, The Crown, 13 Rea-

o gancho que captura os assinantes logo nos primeiros minutos,

sons Why, Black Mirror, House of Cards, 3%, O Mecanismo. Em

que fazem a alegria das redes sociais – que, consequentemente,

2018 as séries originais da Netflix chegarão a 700. É sua produ-

geram mais interesse e mais assinantes. Ou seja, na hora de de-

ção em massa, bem como a de filmes originais, que explicam

cidir o que fará parte da família Netflix, não há espaço para certos

120 milhões de assinantes mundo afora. Antes que você termi-

pudores pequeno-burgueses ou politicamente corretos.

ne este texto, aliás, o número já terá crescido alguns milhares.

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Selton Mello em O Mecanismo e Wagner Moura em Narcos: o Brasil sempre esteve na mira

Brazil, o filme Hoje, a Netflix está disponível em quase 200 países. Seu cardápio contempla 1.569 títulos de TV e 4.010 de cinema – 3.308 deles disponíveis no Brasil. Neste 2018, a marca deve bater a meta de mil títulos originais – entre séries, filmes de ficção e documentários. Poucos sabem, porém, da importância do Brasil para que nosso herói começasse a conquista do mundo. Hastings escolheu o país para ser o primeiro mercado da Net­flix fora da América do Norte. E tirou daqui uma série de informações valiosas para a implementação do serviço around the world. Tentativa e erro, já ouviu falar? “Gosto de errar”, aliás, é uma de suas frases célebres. Outra? “O erro nos ensina mais do que o acerto.” Ávido leitor de biografias, o matemático é discípulo de Einstein. “Quem nunca cometeu um erro jamais tentou nada de novo”, ensinava o físico alemão. Vamos combinar: no começo da operação brasileira, em 2011, o acervo à disposição dos assinantes não era mesmo grande coisa. Muita gente reclamava das legendas – que insistiam em vir “quebradas” ou simplesmente não vir. Sem falar na questão do pagamento online, que registrava diversos problemas. Enfim, tudo o que não pode acontecer num serviço baseado em streaming – ou conexão em tempo integral. Cometidos no laboratório Brasil, A série 3%: a primeira produção brasileira da Netflix

Fotos: divulgação

esses erros foram corrigidos. Melhor para o resto do mundo. junho 2018

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Kevin Spacey em House of Cards: um dos títulos campeões

Todos os homens do presidente À diferença de algumas lendas da tecnologia moderna, como Steve Jobs, Jeff Bezos e Larry Page, Reed Hastings é conside-

“O bom gerente entende os seus subordinados, não tenta controlá-los” é um de seus dogmas repetidos na Netflix

rado um gentleman como patrão. Jamais levanta a voz e faz questão de ser 100% didático nas reuniões – até porque tem verdadeiro horror delas. Mas, claro: tanta generosidade tem preço. Como um professor à moda antiga, é do tipo que toma notas antes e depois

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de conversar com seu board – sim, ele faz a própria ata... e

Hastings fala e faz. Lidera pelo exemplo. Antes de fundar

cobra resultados de cada item (para o bem ou para o mal), ao

a Netflix, criou, com o amigo de universidade Raymond Peck

estilo das boas e velhas chamadas orais.

e de Mark Box (da tecnologia de Harvard), a Pure Software,

Nos corredores da Netflix, é comum ouvir funcionários a re-

empresa de ferramentas para desenvolvedores. Corria o ano

petir alguns dogmas do chefe. 1) “O bom gerente entende seus

de 1991, e o aluno brilhante já demonstrava que o tino para os

subordinados, não tenta controlá-los.” 2) “Se hoje você não es-

negócios só encontrava paralelo em seu amor pela matemáti-

tiver pronto para fazer clientes felizes, nossa empresa avançar

ca. Quatro anos depois, a Pure Software fazia IPO na Nasdaq.

ou economizar alguns tostões, nem venha para o escritório.”

Em 1997, a companhia era comprada pela Rational Software

3) “Aprenda o valor do foco.” 4) “É melhor fazer um produto

por US$ 750 milhões. Hastings conseguia, aos 36 anos, capital

bom do que dois medíocres.” 5) “Tomar decisões inteligentes

mais que suficiente para botar de pé a Netflix. E também para

é uma das coisas mais gratificantes que existem.”

ampliar de maneira formidável sua grande paixão, a filantropia.

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O sol é para todos Hasting acredita, como muitos de nós, que só há uma maneira realmente eficaz de se criar um mundo melhor: levar ensino de qualidade a todos os cantos e investir nos talentos, não importa de onde venham. Não surpreende, portanto, que dedique tanto tempo (“Embora tenha menos do que gostaria”) e dinheiro (mais de US$ 20 milhões até agora) ao desenvolvimento de projetos de ensino fundamental e universitário em diversos países. Pode-se dizer até que esse seja seu hobby, já que ele não tem nenhum. No início do ano passado, Hastings – cuja fortuna pessoal é estimada pela Forbes em mais de US$ 1,8 bilhão – e a mulher, Patricia Ann Quillin (com quem tem dois filhos), resolveram turbinar suas ambições também no campo da filantropia. E lançaram o Hastings Fund, com um aporte inicial de US$ 100 milhões. A família sempre foi apaixonada por educação e muito atuante (ambos são signatários do The Giving Pledge, de Warren Buffett). O novo fundo, porém, que vai subsidiar bolsas universitárias a alunos carentes com potencial, representa um compromisso de longo alcance. Paralelamente, o casal continuará a trabalhar em prol da reforma do ensino fundamental nos Estados Unidos. “Não adianta investir somente em uma das pontas”, diz Hastings. “Ou o sistema funciona do começo ao fim ou qualquer soma destinada a ele será um desperdício.” No fim de 2017 ele doou US$ 5 milhões ao Bowdoin College, onde fez matemática, para financiar o desenvolvimento de um novo programa educacional – o Thrive. Com a palavra, o próprio empresário: “Ele visa transformar substancialmente a experiência universitária e melhorar o índice de graduação [formaturas] de estudantes de baixa renda e daqueles alunos historicamente sub-representados nas universidades”. Hoje, Hastings faz parte do conselho de diversas organizações educacionais americanas, incluindo DreamBox Learning, KIPP e Pahara. Também é membro do board do Facebook,

Séries para todos os públicos: Stranger Things (para geeks), Dear White People (sobre questões raciais) e 13 Reasons Why (dramas adolescentes)

convidado pessoalmente por Mark Zuckerberg. Ali ele responde por ações no campo da educação – mesma função que desempenhou entre 2007 e 2012 no conselho da Microsoft, de seu grande amigo Bill Gates. Aos 57 anos, com mais de 30 dedicados à filantropia e ao empreendedorismo, Hastings sabe que, para que um projeto tenha chances reais de dar certo, só há uma fórmula: “Ser brutalmente honesto no curto prazo e muito confiante no longo prazo”. Mais ainda: “E entre os dois, só há lugar para o trabalho duro”. Fotos: divulgação

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A sensação do momento: a série La Casa de Papel, rodada na Espanha com elenco local. O assunto? Um grande roubo na Casa da Moeda

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De volta para o futuro? No começo deste ano, uma notícia veiculada por dezenas de veículos on e offline, aqui e alhures, dava conta do inte-

“Empresas dificilmente morrem por agir rápido demais. Mas desaparecem por não se mexer na hora certa”

resse da Apple pela companhia de Hastings. O chefão estava de férias com a família – ele faz questão de sair seis semanas por ano do ambiente Netflix “para não se contaminar com o dia a dia” – quando seu celular, um iPhone 10, começou a tocar sem piedade. Fake news? Difícil dizer... A Apple negou, veementemen-

em novos títulos e novas temporadas. A gigante Amazon? Outros US$ 4 bilhões.

te, qualquer tratativa. Porém, o anúncio, em maio de 2018,

Se Hastings está preocupado? Da última vez em que res-

de que a companhia capitaneada por Tim Cook estava vol-

pondeu a perguntas sobre isso estava visitando o campus do

tando suas antenas para o mercado de TV on demand aju-

Bowdoin College, no Maine, para conversar sobre o programa

dou a amplificar os rumores.

Thrive. Desejou boa sorte à Apple na empreitada – até por-

De acordo com o Wall Street Journal, a Apple pretende

que ela está bastante atrasada em relação aos competidores

investir pouco mais de US$ 1 bilhão na produção de séries

já estabelecidos. Mais: se disse assinante do serviço de stre-

para sua plataforma de streaming, com estreia prevista

aming da HBO. E sapecou: “Empresas dificilmente morrem

para o segundo semestre. Pode parecer muito, mas não é.

por agir rápido demais; mas quase sempre desaparecem por

A líder Netflix investe, anualmente, cerca de US$ 7 bilhões

não se mexer na hora certa”.

Fotos: divulgação

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carro

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vire a pĂĄgina e saiba tudo sobre ele junho 2018

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Eclipse. Eis um nome reverenciado por fãs de Mitsubishi em todo o mundo. E, para felicidade geral da nação, ele está de volta ao Brasil. Não mais sob a forma de um cupê esportivo, mas agora na configuração de um SUV. Lançado no fim de 2017, o Mitsubishi Eclipse Cross chegará neste segundo semestre ao Brasil, importado do Japão.

Integralmente desenvolvido pela marca dos três diamantes, se posiciona entre o ASX e o Outlander. “Ele veio para conviver com os dois modelos, dando aos nossos clientes mais uma opção de produto”, explica o diretor de marketing Fernando Julianelli. “Chega com um motor de alta eficiência energética e alta performance, muita tecnologia e tração integral.” Esportividade no design é a única ligação da novidade com o cupê fabricado entre 1989 e 2011 (e que teve cerca de 1 milhão de unidades produzidas). As linhas do carro transpiram personalidade, dinamismo e, a um só tempo, robustez. Logo de cara, a grade Dynamic Shield traduz a linguagem da Mitsubishi, com área central preta e detalhes cromados. Um elemento incomum – que desperta atenção – é a travessa que une as lanternas traseiras. A peça incorpora a luz de posição e a terceira

luz de freio em LED, divide o vidro de trás e se integra visualmente ao vistoso aerofólio, numa harmônica extensão do teto. A linha de cintura é alta e um pronunciado vinco dá velocidade às laterais. Visto de lado, o Eclipse Cross sugere o contorno de um SUV cupê. Essa sensação é reforçada pelo caimento suave do teto, pela inclinação das colunas dianteiras e pelas rodas diamantadas de 18 polegadas. A dianteira é agressiva e o que se sobressai são os afilados faróis interligados pela grade horizontal onde é aplicado o logo dos três diamantes. Uma moldura na cor metálica ornamenta as fendas que abrigam as luzes de longo alcance. “É um conjunto singular para um SUV”, afirma Julianelli. “E vai fazer o carro se destacar entre os concorrentes.” Os 2,67 metros de distância entre-eixos já dariam ao Eclipse Cross excelentes valores de espaço interno para os passageiros. Mas uma engenhosa solução amplia o bem-estar de quem viaja no banco traseiro: ele corre sobre trilhos e pode ser deslocado em até 20 centímetros. Ainda possibilita oito opções regulagens de inclinação do encosto. Com isso, além de abrir espaço para as pernas, também se pode ampliar (ou reduzir) o volume do porta-malas, a O motor turbo 1.5: mais leve e ainda mais eficiente

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depender da necessidade. Com os bancos na posição normal, a


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A ergonomia é um dos pontos altos do eclipse cross, um carro que acomoda pessoas de 1,90 metro de altura com todo o conforto possível

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capacidade é de 448 litros. Outra solução que visa o aconchego

motorista. E já que estamos falando de segurança, anote: o carro

de quem viaja atrás é a elevação do ponto de ancoragem do banco

dispõe de faróis com acendimento e regulagem de altura automáti-

em relação aos bancos dianteiros. Um carro que leva ocupantes

cos; monitoramento de pontos cegos; aviso de saída de faixa de ro-

de 1,90 metro de altura com todo o conforto possível.

lagem; sistema de aceleração involuntária e frenagem autônoma.

Materiais de acabamento de qualidade e encaixados com ca-

A suspensão é independente nas quatro rodas e o sistema 4WD

pricho compõem o arranjo interno. A ergonomia é um dos pon-

de tração integral sob demanda garante estabilidade e segurança

tos altos do Eclipse Cross. O que se destaca no painel, moldado

em todo tipo de terreno. O completo sistema AWC, sigla para All-

com material macio, agradável ao toque, é a tela touch da central

-Wheel Control, controle de tração, monitora o comportamento

multimídia. Ela incorpora o sistema de navegação, câmera de ré,

dinâmico do Eclipse Cross em qualquer situação de rodagem – re-

som e as conexões com smartphones, além de diversos aplicati-

tas, curvas e nas frenagens em pisos de baixa aderência, inclusive.

vos. No centro do cluster, uma tela exibe dados do computador

É tão inteligente que distribui, em milissegundos, o torque mais

de bordo, incluindo o monitor de pressão dos pneus.

conveniente a cada uma das rodas individualmente. Ele atua em

A grande novidade, porém, corre por conta de outra tela. Acríli-

conjunto com o controle ativo de tração e estabilidade (ASTC), com

ca e praticamente invisível, ela fica na altura do ângulo de visão do

o ABS dos freios e com o controle de distribuição de torque (AYC).

motorista e projeta informações importantes para a condução do

Outro destaque do Eclipse Cross é o novíssimo motor turbo

veículo com segurança. O head-up display evita que se tire os olhos

1.5 de quatro cilindros com dupla injeção, direta e indireta, visan-

da estrada. Já o piloto automático adaptativo mantém o Eclipse

do economia de combustível, baixas emissões e conforto. Cons-

Cross a distância segura do veículo à frente – sem intervenção do

truído integralmente em alumínio e materiais internos de peso

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No painel, destaca-se a tela touch da central multimídia. Ela incorpora navegação, câmera de ré, som e conexões com o celular e aplicativos

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Visto de lado, o Eclipse faz lembrar um cupê. Suas linhas unem esportividade, robustez e muita elegância 72

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Apresentado em outubro no Salão de Tóquio, o Eclipse Cross já ganhou um dos mais importantes prêmios de design do mundo

reduzido, ele se enquadra dentro da tendência, perseguida por todos os fabricantes, de downsizing. Ou seja: maior eficiência com menor capacidade cúbica. Os valores de potência e de torque mostram isso: são 163 cavalos (a 5.500 rpm) e 25,4 kgfm desde 2.000 rpm, o que proporciona um perfeito conjunto de peso x potência. A transmissão que gerencia o conjunto é a CVT, continuamente variável, com seletor para trocas manuais por Os faróis dianteiros afilados e a grade Dynamic Shield reforçam o aspecto agressivo deste SUV. O teto solar panorâmico é um dos opcionais

meio de aletas na coluna de direção e que simulam oito marchas. O conjunto mecânico, a propósito, foi altamente elogiado pelos jornalistas que dirigiram o carro nas primeiras avaliações feitas na Europa e nos Estados Unidos, onde o Eclipse Cross já está sendo vendido. Apresentado pela primeira vez no Japão em outubro do ano passado, no Salão do Automóvel de Tóquio, ele foi aclamado como um dos principais destaques da mostra. Mais do que isso, o Eclipse Cross já começa a colecionar prêmios: foi o grande vencedor do Good Design do Museu Athenaeum de Arquitetura e Design de Chicago, a mais prestigiada premiação do gênero no mundo.

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ENSAIO

INVERNO NA TORRE. “A ideia era fotografar as Torres del Paine, na Patagônia chilena, refletidas em uma plácida lagoa no inverno. Mas o Sol demorou a abrir. Só às 7h da manhã seus raios chegaram a uma ponta de uma das torres. Aproveitei e cliquei.” 76

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sem ninguĂŠm O fotĂłgrafo Cristiano Xavier descarta o ser humano em favor da natureza por Walterson Sardenberg SÂş junho 2018

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C

ristiano Xavier, 44 anos, resolveu, aos 27, jogar uma sólida profissão às favas ao descobrir uma paixão: a fotografia de natureza. Mineiro de Belo Horzonte, ele seguiu, de início, a carreira do pai. Estudou odontologia. Uma vez formado, sentiu a necessidade de aprender fotografia técnica para registrar dentes e gengivas. Autodidata, enfurnou-se nos livros.

Gostou tanto que passou a levar a câmera em suas caminhadas e trilhas de fim de semana, hobby ainda de infância. Foi quando notou que sua genuína vocação estava longe do consultório, na fotografia ao ar livre. Xavier ainda fez pós-graduação em odontologia. “Mas na metade do curso já sabia que não iria mais trabalhar como dentista”, confessa. Guardou o diploma. Resoluto, bandeou-se para os Estados Unidos, onde estudou fotografia na Flórida, no Palm Beach Photographic Centre. Para garantir o orçamento, trabalhava em uma marina. “Alugava barcos para turistas”, conta. De volta a BH, deixou o consultório para o pai – e logo montou um estúdio fotográfico. Passou a fazer retratos e fotos de produtos para a indústria. Ainda não era bem o que queria. Bom mesmo era curtir sua câmera e lentes nos fins de semana e nas férias, para clicar rios, mares, montanhas, savanas, caatingas, cerrados, geleiras, florestas. A natureza, enfim. Seguiu mundo afora em busca desse encantamento, muitas vezes a bordo de seu Mitsubishi ASX. Só conseguiu bancar o projeto ao montar há cinco anos a OneLapse, agência que leva fotógrafos amadores em viagens de aprendizado. Finalmente, o desejo conformado em realidade pelas próprias mãos. Xavier acaba de lançar um livro monumental, Magna (Editora Vento Leste), com fotos tiradas em lugares tão diferentes entre si quanto as gélidas praias da Islândia e o tórrido deserto de Namib, na Namíbia. Não há um só ser humano nesses cliques, que diversas vezes exigiram embrenhar-se dias a fio em lugares sem qualquer estrutura de acomodação. “O livro é um convite à contemplação dessa coisa grandiosa que é a natureza”, suspira. “A imagem me é oferecida qual uma recompensa. Cada fotografia deste livro guarda essa emoção.” O fotógrafo está feliz. O seu sorriso pleno é o sorriso de um homem perseverante, que correu atrás do sonho sem medo de trocar as obturações pelo obturador.

Xavier (no alto) rodou o mundo em busca de imagens impactantes, como a das árvores calcinadas por um incêndio no parque nacional Torres del Paine, na Patagônia chilena

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GELO NO MAR. “Fotografei numa praia de areias negras, vulcânicas, no inverno da Islândia. Os blocos de gelo se desprendem da geleira e caem na laguna Jökulsárion, e dali seguem para o mar. O clique foi feito em velocidade baixa, na volta das ondas.” junho 2018

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NA TERRA DO BIGFOOT. “A maior biomassa do planeta não está na Amazônia, como se supõe, mas nesta floresta primária do estado de Washington, no noroeste dos EUA. Repare na extrema quantidade de líquens e musgos. O lugar é tão lendário que, dizem, mora aqui o Pé Grande. Fiz esta foto depois de enfrentar três dias de chuva, atolando as pernas até a altura das coxas.” junho 2018

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POR CIMA DOS LENÇÓIS “Foto aérea. Eu sobrevoava Lençóis Maranhenses depois de dias de muita chuva. A curva é de uma duna, contornando a pequena lagoa verde. As manchas no branco são a exposição da areia mais profunda. Este clique ganhou o prêmio de 2017 Landscape Photographer of the Year, de uma associação de fotografia da Austrália.”


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A PRIMEIRA LUZ. “O deserto de Namib, na Namíbia, tem as maiores dunas do planeta. Chegam a 300 metros de altura. Fiz esta foto por volta das 5h30, captando a primeira luz do Sol na crista de uma duna.”

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ESPORTE

O surfista voador Yago Dora, o novo nome na elite do esporte, desafia a gravidade com espetaculares manobras aéreas Por Alceu Toledo Junior

N

o ano passado, o site da Liga Mundial de Surfe (WSL), a Fifa da modalidade, anunciou: “Uma estrela nasceu

no Rio”. Àquela altura, Yago Dora, então com 21 anos, ainda estava na divisão de acesso do esporte. A convite, participou apenas de uma prova no calendário do campeonato principal. Foi em Saquarema. Ali, no Rio de Janeiro, disse a que veio: derrotou três campeões mundiais

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– John Florence, Gabriel Medina e Mick

Brazilian Storm – Tempestade Brasilei-

Fanning – e subiu ao pódio na terceira

ra, como a graúda fração de conterrâ-

colocação da etapa brasileira, resulta-

neos vem sendo chamada ainda antes

do surpreendente para um novato. O

dos títulos mundiais de Gabriel Medina

mesmo site da WSL bradou: “Yago Dora

(2014) e Adriano de Souza, o Mineiri-

chegou!”. Nada mais certeiro.

nho (2015) – quer se aprimorar a cada

O curitibano Yago, criado em Floria-

onda. “Para mim, mais importante do

nópolis (SC), o mais novo integrante

que qualquer título é tentar elevar ain-

do time de Atletas MIT, iniciou 2018 já

da mais o nível do surfe”, diz o garoto

na elite do surfe. Passou a engrossar o

que aprendeu a andar de skate bem

contingente de 11 brasileiros na sele-

antes de surfar – suas habilidades no

ção de 32 surfistas eleitos, depois de

asfalto podem ser conferidas no curta

conquistar a vaga com uma quinta co-

Pitted Goat, disponível do YouTube.

locação no qualifying. Deu-se bem, de

A rigor, até os 11 anos, Yago não pen-

novo, em Saquarema, conquistando a

sava em levar a sério o skate e tampou-

quinta colocação, mesmo padecendo

co o surfe, que começava a praticar.

de uma gripe forte. A nova promessa da

Quando criança, nem gostava de surfar. junho 2018

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O pai de Yago é Leandro Dora, que treina o filho e também o campeão mundial Mineirinho. mas cada um tem o seu próprio estilo

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Seu negócio era o futebol. “Não cheguei

a incomodar. “O Adriano [Mineirinho]

a um nível alto, mas passava o dia inteiro

tem o seu próprio estilo de trabalhar. Na

dentro de uma quadra treinando”, relem-

maioria das vezes, é diferente do meu”,

bra. “Hoje, admito que é bem melhor trei-

pondera Yago. “Por isso, meu pai deixa

nar na praia”, emenda, brincalhão.

a gente livre para usar nossas próprias

Quem conhecia Yago de perto pode-

estratégias quando vamos nos encon-

ria até estranhar esse apego à bola de

trar numa bateria.” E, já que o assunto

futebol, em vez das pranchas. Afinal, ele

é estilo, vale lembrar que a principal

sempre foi muito ligado ao pai, Leandro

especialidade de Yago são as mano-

Dora, o Grilo, um homem desde sempre

bras aéreas, quando o surfista imprime

enfronhado no surfe – de início como

velocidade para decolar e pousar na

esportista (o primeiro brasileiro a ganhar

base da onda sem cair, o que o coloca

o prêmio Wave of the Winter), depois

no mesmo patamar de outros jovens

como proprietário da grife de surfwear

especialistas nessas acrobacias, como

Cruel Maniac e, finalmente, como o bem-

os americanos Conner Coffin e Griffin

-sucedido treinador de Mineirinho no

Colapinto (um de seus preferidos) e do

ano do título mundial. Leandro, porém,

japonês Kanoa Igarashi. A habilidade

jamais quis posar de “paizão incentiva-

com que ele se projeta no ar, como se

dor”. Se Yago preferia o futebol, OK, sem

estivesse voando, atraiu o olhar embe-

problemas. “Meu pai soube como agir”,

vecido da imprensa especializada e, em

diz Yago. “Não forçou a barra. Comecei a

especial, do mercado surfwear. Daí que

surfar por diversão e isso me ajudou mui-

o jovem curitibano tenha estrelado di-

to. Fez com que eu amasse o surfe.”

versos curtas promovidos por patroci-

Hoje, Leandro é não apenas o treina-

nadores. Entre eles, Psychic Migrations

dor de Mineirinho, como o do próprio

e Nobody Surfs – ambos também en-

filho, uma intersecção que não chega

contráveis no YouTube.


“Antes de pensar em me tornar

das passadas. Seu disco preferido, por

muito tempo para isso neste ano de es-

competidor, ouvi muito meu pai falan-

exemplo, é o álbum Morrison Hotel, lan-

treia”, conforma-se. “Mas quero me pla-

do sobre a técnica de surfe”, diz Yago,

çado pelo grupo americano The Doors

nejar. Primeiro, uma viagem pelo litoral

que aponta entre seus surfistas preferi-

em 1970. Quando não tem onda em Flo-

do Brasil. Depois, outra pela Europa.”

dos Dane Reynolds, Filipe Toledo, John

rianópolis, onde continua morando, sai

O World Tour do surfe tem provas em

Florence e Chippa Wilson. “Carrego

pelas calçadas de skate. “Se não fosse

praias com ondas gigantescas e bas-

isso comigo e sempre me importei em

surfista, seria skatista ou músico.” Ou-

tante perigosas. Duas delas: Pipeline

mostrar um surfe agradável de assistir,

tra de suas curtições são as surftrips,

(na ilha de Oahu, no Havaí) e Teahupo’o

mas de maneira natural, sem parecer

quando reúne os amigos, acomoda as

(na ilha do Taiti, na Polinésia Francesa).

robótico.” Yago também sempre se pre-

pranchas na sua Mitsubishi L200 Tri-

Como Yago lida com isso? “Claro que

ocupou em manter a imagem de um

ton Sport e sai viajando sem pressa,

sinto medo de algumas ondas”, admi-

surfista afável e muito bem-educado

de praia em praia. “Não tem sobrado

te. “Mas tenho treinado bastante nesse

no trato com os fãs e a imprensa. Da

tipo de mar e me sinto cada vez mais à

mesma maneira, procura demonstrar

vontade em situações de risco.” Qual é

práticas saudáveis e iniciativas susten-

o segredo? “Ter muita calma e respirar

táveis. “No nível em que o esporte está hoje, não existe mais espaço para um surfista doidão, que não cuida da saúde”, avalia. “O circuito vai cuspir caras assim para fora muito rapidamente.” Fora do mar, entre os amigos, Yago é um garotão tranquilo. Sem namorada no momento – ao menos segundo a sua página no Facebook –, gosta de tocar os hits de Cássia Eller no violão. Aliás, é muito ligado ao rock de déca-

fora do mar, ele gosta de tocar os hits de Cássia Eller no violão. Aliás, adora o rock de décadas atrás, como os da banda the doors

fundo”, resume. Yago Dora encara a temporada de 2018 como a de adaptação ao circuito. Pode-se esperar ainda mais dele no ano que vem. E tenha a certeza: Yago será uma das maiores esperanças de medalha para o Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020, na primeira vez em que o surfe estará incluído na disputa. Vai chegar lá voando. Não há ondas grandes demais para ele. junho 2018

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economia criativa

Não, eles não estão em um bar qualquer. Este fica dentro de um coworking, um espaço profissional compartilhado. Um lugar, enfim, em que é possível

Trabalhar

brindar

faturar por Luiz Maciel

fotos marcelo spatafora junho 2018

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iago Bispo, publicitário que nunca criou um slogan mas tem 24 anos de experiência no mercado financeiro, tomou a decisão da vida em novembro de 2017. Com dois sócios, ele decidiu apostar todas as fichas num negócio que muita gente ainda hoje não entende direito: a compra e venda de moedas virtuais, como o bitcoin. Bispo levou o laptop e a cabeça fervilhante de ideias para um espaço de trabalho compartilhado – um coworking, no jargão corporativo – recém-instalado na avenida Paulista, em São Paulo. Seis meses depois, ele passou a comandar uma equipe de 38 pessoas na Nerdcoins. Bispo convocou a São Paulo os sócios cariocas para dar conta do volume de negócios, e sua nascente corretora já gerou outras duas empresas inovadoras. Um fundo de investimentos de risco e uma operadora de blockchains: blocos de moedas virtuais criptografados que viajam o mundo em segundos e podem ser convertidos em

O lazer tem papel fundamental nessas novas estações de trabalho. Até mesmo para conquistar clientes

cédulas convencionais ao chegar nos destinos. A maioria dos clientes de Bispo foi conquistada ali mesmo, direta ou indiretamente. Aconteceu depois de sucessivas roda-

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das de café, chá, água saborizada ou chope – servidos à vonta-

em fase inicial de carreira. O coworking, porém, vai muito além.

de – com os demais inquilinos do pedaço. Sete interlocutores

Junta num mesmo lugar profissionais, em geral jovens e deci-

mais antenados viraram seus funcionários. “Para uma startup

didos a ganhar o mercado com a faca nos dentes, atraídos pela

como a nossa, não há lugar melhor do que um coworking para

possibilidade de conviver diretamente com potenciais clientes,

conhecer gente nova, trocar cartões, arejar as ideias e turbinar

amigos e – por que não? – amores.

os negócios”, diz. Ele projeta ter 100 colaboradores até o fim do

Além disso, não se trata de um escritório qualquer. O co-

ano e chegar a 150 em 2019. “Acho que um time desse tamanho

working é antes de tudo um ambiente sedutor, com design mo-

é o ideal – e dá para acomodar todos aqui.”

derno e mobiliário de bom gosto espalhado por lounges, varandas

A ideia de reunir trabalhadores autônomos e empresas de

e salões que estimulam o contato entre as pessoas. A internet

áreas diferentes num mesmo espaço não é exatamente nova –

sem fio é poderosa e ninguém precisa se preocupar com a conta

consultórios instalados na mesma ala de um prédio, por exem-

de luz, a taxa de condomínio ou a faxina – tudo está embutido na

plo, podem dividir as despesas com secretárias, copeiras e faxi-

tarifa de aluguel. Para animar as conversas há sempre um bar.

neiras e recomendar os serviços uns dos outros. É uma fórmula

Item impensável nas repartições tradicionais, mas fundamental

interessante que continua valendo, sobretudo para quem está

num coworking, onde trabalho e diversão estão sempre conec-

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arquivo pessoal


Ao lado, os três sócios da Nerdcoins, empresa que já gerou outras duas: Rafael Medeiros, Tiago Bispo e Alberto Azevedo. Abaixo, o espaço de convivência e lazer da WeWork, em São Paulo

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Dois executivos com motivos de sobra para sorrir: Bruna Lofego tornou-se consultora no ramo e Lucas Mendes dirige a WeWork no Brasil

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tados. Na Europa e nos Estados Unidos esses espaços oferecem academia, degustação de vinhos e de margaritas. Apenas uma questão de tempo para que cheguem igualmente ao Brasil. CRESCIMENTO ACELERADO O cara que transformou o escritório compartilhado num centro de convivência e criatividade é Adam Neumann, irrequieto israe-

2

lense de 39 anos que hoje mora em Nova York, casado com uma prima da atriz Gwyneth Paltrow. Neumann levou um tempo para decolar em sua trajetória de vida bastante peculiar. Serviu como oficial da Marinha de Israel por cinco anos e abandonou a carreira militar para ser empresário da irmã, modelo em Nova York. Depois, vendeu calçados femininos e roupas infantis, sem sucesso. Só acertou a mão quando se uniu ao milionário Miguel McKelvey para fundar o WeWork em 2010, inspirado na experiência comunitária do kibutz onde foi criado pela mãe solteira em Israel. Avaliado hoje em US$ 21 bilhões, o WeWork é a terceira startup mais valiosa do mundo – só perde para o Uber e o Airbnb – e dobra de tamanho a cada ano. Fechou 2017 com 175 mil clientes individuais e espera chegar ao final deste ano

3

wework no mundo A arquitetura da empresa chama a atenção tanto no escritório da Filadélfia (1) quanto nos de Seul (2) e Paris (3)

com 400 mil – distribuídos por 400 prédios de 87 cidades em 27 países. E Neumann, claro, entrou para o rol das cem pessoas mais influentes do mundo da revista Time. O crescimento acelerado dos últimos anos se deve ao inte-

Horizonte”, anuncia Lucas Mendes, o diretor da companhia. O

resse que grandes empresas despertaram por esse novo am-

mercado brasileiro já estava em expansão antes da chegada

biente de trabalho. Algumas enviaram filiais inteiras para os

do gigante americano, mas ainda não investia no alto padrão

coworkings, outras começaram deslocando os departamen-

de design e no clima comunitário oferecidos pelos espaços do

tos de criação ou marketing. GE, HSBC, Dell, Mastercard, Mi-

WeWork. A tendência é que a empresa de Adam Neumann es-

crosoft, Pinterest, Red Bull, Samsung e Spotify são alguns dos

timule o surgimento de concorrentes à altura também aqui –

clientes do WeWork. No Brasil, a consultoria de recrutamento

a grife Spaces, comprada recentemente pela rede de business

Cia de Talentos levou seus 150 funcionários para o coworking

centers Regus, é uma candidata, com seus coworkings.

do WeWork na torre do Shopping JK, em São Paulo. No país, o WeWork inaugurou seu primeiro espaço em julho

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ESPAÇOS COM VIDA

de 2017, mas já se posiciona como líder de mercado, com cinco

Uma das pioneiras entre nós, a administradora de empresas Bru-

empreendimentos em São Paulo e dois no Rio. “Até o final do

na Lofego, fundadora da rede de coworkings CWK, abriu seu pri-

ano teremos 15 endereços e vamos expandir a rede para Belo

meiro endereço em Belo Horizonte em 2010. Hoje sua empresa

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fotos: arquivo pessoal, divulgação


AMoluptur, quissin venimpe rovidebis volorempori velecatiur sitem re volore eturere pudit, quam, consequi omnis magnis aut quiatem volupta temodignimo officim inihilit, ullaudam, corro te

Em 2017, o Brasil chegou a 810 coworkings, o dobro do ano anterior, e movimentou R$ 82 milhões. Nada mau

tem cinco espaços compartilhados, voltados para companhias

O designer gaúcho Fernando Aguirre, fundador em 2011 do

mais formais, interessadas em reduzir os custos fixos de aluguel

coworking Coletivo 202 em Porto Alegre, é outro que enxergou

sem perder a produtividade. Ela pretende criar outros cinco até o

um nicho no segmento. Aguirre criou o Coworking Brasil, um

fim do ano. À medida que o mercado cresce, a tendência é pela

portal de divulgação do mercado de espaços compartilhados

especialização dos serviços nos espaços compartilhados, anali-

e de orientação para novos empreendedores. Um serviço rele-

sa Bruna. “O coworking veio para ficar, não pode mais ser consi-

vante do portal é o censo que ele realiza anualmente. O último

derado modinha”, afirma. “Vejo esse crescimento de forma po-

deles, fechado em fevereiro de 2017, informa que o número de

sitiva: quanto maior a concorrência, mais sofisticados serão os

coworkings no Brasil havia chegado a 810 (mais que o dobro

serviços oferecidos, e os valores tendem a cair.”

do ano anterior), somando 56 mil estações de trabalho e mo-

Além de ampliar sua própria rede de coworkings, Bruna enxergou outra oportunidade no interesse crescente por esse

vimentando R$ 82 milhões. “O censo deste ano chegará acima de mil espaços compartilhados”, acredita.

tipo de ambiente de trabalho no Brasil – virou consultora no

Curiosamente, a crise imobiliária, que nos últimos anos deixou

ramo. “Quem entrar nesse segmento sem a informação ne-

vários prédios vazios nas capitais brasileiras, acabou estimulan-

cessária corre o risco de fechar as portas logo”, afirma. “O co-

do o surgimento de coworkings. “Alguns proprietários acharam

working precisa de um plano estruturado, uma gestão adequa-

que seria uma boa ideia transformar os espaços encalhados em

da. É fundamental estudar o mercado e buscar inovar, estar

coworkings”, observa Aguirre. Ele diz não se tratar apenas de ofe-

sempre um passo à frente da concorrência.” No ano passado,

recer um espaço compartilhado: é preciso equipá-lo muito bem

ela faturou R$ 500 mil em serviços de consultoria.

e colocar vida dentro dele. “Quem não fez assim não prosperou.” junho 2018

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PERFIL GErtrude bell

RAINHA do deserto

Rica, bonita e culta, Gertrude Bell tinha tudo para ser mais uma moça casadoira. Mas preferiu as viagens, as aventuras, a política e os riscos do Oriente Médio Por Ricardo Prado

A

foto tornou-se famosa tão logo circulou pelos principais jornais da Europa e do Estados Unidos, em março de 1921. Perfilado com seus dromedários, um grupo de oficiais e políticos do Império Britânico posa diante da esfinge e das pirâmides de Gizé, numa pausa nas reuniões da Conferência do Cairo. Lidera o grupo um jovem político em ascensão, recém-nomeado secretário de Estado para as colônias do Reino Unido: Winston Churchill. De chapéu-panamá e óculos escu-

ros, ele está ao lado de uma mulher, a única a ter assento e voz na conferência: Gertrude Bell. Nunca ouviu falar nela? Nada mais provável. Mas saiba que nessa foto, aos 53 anos, a

Dama do Deserto vivia, no Egito, seu momento de maior reconhecimento. Naqueles anos, logo após a Primeira Guerra Mundial, nenhum ocidental conhecia tão bem quanto ela os meandros da política no Oriente Médio, a geografia local, os usos e costumes e as possíveis, ou impossíveis, alianças tribais. Fluente em árabe e turco, além de dominar o alemão e o italiano, 98

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Em 1921, no Cairo, entre Churchill (de รณculos escuros) e Lawrence da Arรกbia

Foto: Gertrude Bell Archive, Newcastle University e getty

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Graduada em Oxford em história contemporânea, a bela filha de um rico industrial britânico não pensava em se casar. Preferiu se envolver no Oriente Médio, onde sofria com o assédio de poderosos que a queriam em seus haréns

Hugh Bell incentivava as jornadas da filha. Na outra foto, Gertrude com Lawrence da Arábia

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Gertrude graduou-se em história contemporânea

senhados por ela, em 1919, quando trabalhava como

em Oxford. Arqueóloga com um passado de impor-

secretária oriental do serviço britânico em Bagdá.

tantes descobertas, tornou-se a mais reconhecida alpinista do seu tempo. Destemida a ponto de via-

contra o voto feminino

jar em caravanas apenas acompanhada de seu fiel

Na mesma foto de 1921, também ao lado de Bell,

ajudante Fattouh e alguns poucos serviçais e dro-

aparece T. E. Lawrence, na época já bastante famo-

medários, tomou para si um importante papel na

so, tornado Lawrence da Arábia. O oficial inglês, au-

Conferência do Cairo.

tor do livro Os Sete Pilares da Sabedoria, havia sido

Tendo se relacionado com xiitas e sunitas,

tema de uma reportagem e um filme do jornalista

Gertrude via os últimos como mais bem instru-

Lowell Thomas que o elevaram à categoria de herói

ídos e menos suscetíveis ao fundamentalismo

do Império Britânico após a revolta árabe (1916-

religioso do que os primeiros. Portanto, apesar

1918) contra o Império Otomano. O mito de Lawren-

de minoritários, mais preparados para assumir a

ce da Arábia se consolidaria décadas mais tarde,

direção do novo país, o Iraque. Por isso, durante a

nos anos 1960, com a superprodução hollywoodia-

conferência que definiu a geopolítica do Oriente

na dirigida por David Lean. Já a riquíssima biografia

Médio depois do fim do Império Otomano, Ger-

de Gertrude Bell precisaria esperar até 2015 por um

trude defendeu os sunitas como principais alia-

filme. E que lástima! Dirigido pelo cineasta alemão

dos britânicos na região, posição também toma-

Werner Herzog, em uma de suas produções menos

da por Lawrence da Arábia.

“herzoguianas”, A Rainha do Deserto é um amontoado

Terminada a Conferência do Cairo, ela ainda enca-

de clichês. Um filme desnecessário, com uma gla-

raria outro trabalho gigantesco: a criação do Museu

mourosa Nicole Kidman vivendo uma heroína do

Arqueológico do Iraque. Aliás, Gertrude não apenas

deserto um bocado improvável.

ajudou a criar o museu que abriga incontáveis tesou-

A história mais bem contada sobre Gertrude Bell

ros da Babilônia, como auxiliou a traçar as fronteiras

surgiria no ano seguinte, com o documentário Letters

do próprio país. Os limites do Iraque teriam sido de-

from Baghdad (2016), que traz uma bela edição da co-


piosa correspondência que Gertrude trocou com seu pai e sua madrasta, a quem chamava de “mãe”, e com seus dois amantes, ambos casados. Duas biografias sobre a Dama do Deserto lançadas na última década por Georgina Howell (2006) e Janet Wallach (2015), e o meticuloso trabalho de catalogação de sua obra pela Universidade de Newcastle (gertrudebell.ncl. ac.uk) permitiram uma visão mais panorâmica dessa grande mulher, muito adiante do seu tempo. Paradoxalmente, ela se colocou contra o voto feminino, por entender que as mulheres precisavam antes de uma educação melhor para exercerem bem esse direito. Rica e culta, aventureira e curiosa em relação à história dos povos árabes, fascinada pela arqueologia, infeliz no amor (só se envolveu com homens casados), Gertrude Bell viveu uma das trajetórias

O rei Faisal 1º do Iraque (de barba) e os integrantes da Conferência do Cairo. Gertrude era a única mulher

mais singulares que uma mulher poderia ter tido no início do século passado. Aos poucos, seu prestígio, antes restrito aos árabes, que a chamavam de al-Khatun (algo como “a grande dama”), ultrapassaria as areias dos desertos do país que ela ajudou a criar. “Too Oxfordy” para casar Gertrude Bell nasceu em 14 de julho de 1868 em Durham, no nordeste da Inglaterra. Filha de um rico Fotos: Gertrude Bell Archive, Newcastle University e wikimedia commons

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Entre suas façanhas estão a descoberta da Cidade Perdida de Ptolomeu e o fato de ter sobrevivido a um acidente ao escalar uma montanha suíça, quando ficou nada menos que 48 horas pendurada apenas por uma corda

O grupo que comandou em Bersiba, nas ruínas de sua mais importante descoberta arqueológica

industrial do ramo siderúrgico, Sir Hugh Bell, com

1892, em sua primeira viagem ao Oriente Médio.

quem teria uma relação próxima ao longo de toda

Tinha 24 anos e durante a estadia se empenhou

sua vida, ficou órfã aos 3 anos. Quatro anos depois

em aprender o persa e o árabe, além de descrever

da morte de Mary Shield Bell, seu pai se casaria de

o que via em um diário que resultaria em seu pri-

novo. Florence Bell era autora de histórias infantis e

meiro livro, Persian Pictures.

criou uma grande afinidade com a jovem enteada.

nos anos seguintes, intercaladas com expedições

giada permitiram a Gertrude uma independência

de alpinismo na Suíça. Vigorosa, até completar 36

rara para mulheres da época. Graduou-se em histó-

anos Gertrude Bell cruzaria seis vezes a região, vi-

ria contemporânea em Oxford com distinção. Consi-

sitando a Turquia, a Palestina e a Síria. Também re-

derada “too Oxfordy” pelos pretendentes que havia

alizou expedições arriscadas às terras dominadas

em Durham, não mirava um marido, mas um lugar

pelos drusos e à cidade de Ha’il, até então nunca

bem longe dali: a Mesopotâmia, o berço da civiliza-

explorada por uma mulher ocidental e dominada

ção, àquela época quase inacessível aos ocidentais.

pelo clã liderado por Abdul Aziz ibn Saud, futuro

A influência e afluência da família Bell a aju-

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Outras viagens ao Oriente Médio aconteceriam

A riqueza familiar e uma condição social privile-

monarca da Arábia Saudita.

dariam nesse projeto de conhecer as Arábias,

Essa ativa década de Gertrude Bell também in-

bancado pelo pai. Um tio, Sir Frank Lascelles, era

cluiu dezenas de jornadas nos Alpes suíços. Há, in-

embaixador britânico em Teerã, capital da Pér-

clusive, um deles batizado de Gertrudspitze por ter

sia, e para lá foi a jovem historiadora, em maio de

sido ela a primeira a escalá-lo. Em 1901, quase mor-


reu em razão de sua audácia. Sofreu um acidente na tentativa de ascensão inédita do monte Finsteraarhorn. Ficou pendurada apenas por uma corda, com seus dois guias, por intermináveis 48 horas. Mas Gertrude não se rendia. Depois do acidente, esperava-se que se recolhesse ao papel reservado às damas aristocráticas. Isso não ocorreu. Virginia Woolf, uma fã Cada vez mais interessada em arqueologia, ela ajudou a financiar e trabalhou nas escavações de Binbirkilise, na Turquia, lideradas pelo historiador Sir William Ramsay. Em 1907, descobriu nas margens do rio Eufrates um importante sítio arqueológico, Mumbaia, provavelmente a antiga cidade de Bersiba descrita por Ptolomeu. Essa é considerada a principal descoberta feita por Bell na região com a qual cada vez mais sentia identidade. O fato de ser uma mulher ocidental, sem marido a protegê-la, em um país árabe trazia inconvenientes. Feminina, de traços delicados, ela não abria mão de se vestir como uma autêntica dama inglesa, e fazia questão de levar em suas travessias diversos chapéus, sapatos forrados de salto

Filme e livro sobre Gertrude. E uma compilação de seus escritos

e vestidos vitorianos nada confortáveis para o calor de quase 50oC do deserto, além de um jogo de porcelana. Suas saias eram divididas como se fossem calças, para que pudesse cavalgar. Sofreu diversas tentativas de anexação a haréns, mas graças à fluência na língua e ao conhecimento da cultura local, saiu ilesa das abordagens, nem sempre cavalheirescas. Por outro lado, tinha acesso à casa das mulheres, o que lhe permitia uma visão mais abrangente da sociedade árabe. E era “amiga do rei”, a partir de 1921, tornando-se uma influente conselheira de Faisal 1º, o primeiro governante do Iraque, a quem convenceria finan-

em um país novo e instável, ela passou a recor-

ciar o museu que tinha em mente.

rer a pílulas para dormir. Até o dia 12 de julho de

A morte de Gertrude Bell, aos 57 anos, per-

1926, quando foi encontrada morta por sua fiel

manece sujeita a interpretações. Com a saúde

ajudante doméstica, Marie, encerrando uma vida

debilitada e um possível diagnóstico de câncer

cheia de aventuras. A ponto de Virginia Woolf, a

nos pulmões decorrente do seu feroz tabagismo,

grande escritora, sua contemporânea, se sentir

deprimida com a guerra colonial que seu país

diminuída diante dela, como declarou: “Gertrude

travava para manter o controle político sobre o

é uma mulher magistral que tem todo o mundo

Iraque, enfrentando a decadência financeira da

na palma da mão, e faz com que você se sinta um

família e os desafios de tentar criar um museu

tanto ineficiente”.

Fotos: Gertrude Bell Archive, Newcastle University e divulgação

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Barra leve Perfil

Produzir alimentos e ideias orgânicas em busca de um mundo realmente sustentável – é isso o que faz Leandro Farkuh, da bi02 Por Sergio Crusco retratos Rodrigo Marques

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A primeira fábrica de barras de cereal da família faliu. Mas Leandro insistiu, apesar da descrença do pai

E

le adora se embrenhar em lugares bem distantes das grandes cidades, levando funcionários e atletas em longas expedições. Não se trata de puro lazer. Mas de

missão de vida, em prol da natureza. Nada é comum na história do empresário paulistano Leandro Farkuh, 38 anos, vegano convicto. Ele começou a trabalhar aos 15, na fábrica de barras de cereal do pai e do irmão. Viu o sonho empreendedor familiar ruir rapidamente. “O mercado para as barrinhas não existia, e o negócio não prosperou”, conta. Depois de três anos, o pai fechou o negócio. A vocação para a indústria de alimentos, no entanto, fora ouvida. Aos 18 anos, enquanto se formava em economia, Leandro bateu na porta de outra empresa recém-aberta, desta vez fabricante de biscoitos. Foi admitido como auxiliar administrativo. Logo subiu a gerente de produção. Uma carreira de assalariado tão meteórica quanto curta: depois de um ano, a firma também cerrava as portas. De estalo, Leandro chamou André Machado, amigo de infância e colega de faculdade, para ajudá-lo a comprar a fábrica. Juntos, tomaram a frente do negócio e assumiram as dívidas da empresa, que até hoje atende pela razão social de Renk’s Industrial Ltda. Em vez de biscoitos, Leandro resolveu teimar: voltou a produzir barrinhas de cereal. “Meu pai e meu irmão disseram, irônicos: ‘Parabéns! Com 19 anos você tem mais é que quebrar a cara mesmo’”, relembra. Havia ali, porém, um faro fino. O mercado para as barrinhas, afinal, havia crescido um bocado. Ganhou o varejo no despontar do milênio, mostrando que o empresário teenager estava no caminho certo. Leandro desenvolveu mais de 300 sabores para grandes supermercados. Ainda assim, seguia fazendo algo em que, no fundo, não acreditava. Não eram aquelas barrinhas que sonhava produzir. “Nossa geração pegou a revolução industrial dos corantes, dos aromas, das imitações”, ele conta. “Quanto não comemos de biscoitos recheados e de pirulitos artificiais sem apelo saudável nenhum?”, pergunta. “A indústria estava voltada para vender essas sensações crocantes.” Em suma: fazer o alimento parecer aquilo que não é, pensando apenas no retorno financeiro a curto prazo.

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Leandro em dois momentos: on the road sobre o skate (ao lado) e na parede de escalada na fábrica da biO2

Em 2005, ele virou a própria mesa com o lançamento da biO2, marca de produtos orgânicos saborosos, nutritivos – e livres de corantes e conservantes. “No começo foi difícil colocar as nossas barrinhas no mercado”, afirma o sócio André Machado. “Principalmente pela questão do preço. Era difícil fazer o varejista entender por que o nosso produto era mais caro.” Na época, diga-se, poucos sabiam o que era orgânico. “Mas o Leandro estava na frente, com olhos no futuro – e hoje a marca é referência.” As previsões de Leandro tinham base no seu próprio desejo de consumir alimentos melhores e na observação dos mercados europeu e americano, nos quais a tendência orgânica já era fato. A facilidade de transportar as barrinhas para aventuras no mar, no ar ou na terra era outro ponto de apoio da sua estratégia. Desde o início, a marca mirou os esportistas de modalidades outdoor. Hoje, além das barras, há 14 linhas de produtos veganos, livres de qualquer insumo de origem animal, inclusive o mel. São shakes e sucos proteicos, mixes de castanhas, sementes e frutos, chás e até água de coco em pó. “Sei que o vegetarianismo e o veganismo agora são cool, descolados”, comenta Leandro. “Mas enxergo nisso mais do que uma moda.” A seu ver, trata-se junho 2018

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As expedições da bi02 pelo brasil adentro têm sentido educacional e ecológico. e também muita adrenalina

de uma atitude inteligente, tomada por um contingente respeitável nas principais capitais do mundo. “Sobretudo entre o público feminino, que representa 70% do nosso consumidor, e gente de até 40 anos”, aponta. “É um sinal de que as pessoas estão mudando.” A mudança de hábitos alimentares, segundo o empresário, leva a uma conscientização ambiental e, por tabela, à preservação da natureza. “A maior causa de impacto ambiental é a alimentação, é a pecuária e a agricultura que abastece essa pecuária”, avalia. “Hoje mais de 80% do milho e da soja produzidos no Brasil são destinados à alimentação animal.” Leandro vai fundo: “Ser orgânico, para nós, não é apelo de vendas. É obrigação. É não contaminar o meio ambiente com agrotóxicos, ser sustentável não apenas financeiramente”. A conquista da América Ele identifica o seu consumidor como alguém que não está apenas preocupado com a saúde e aprendeu a ler os rótulos dos produtos industrializados. “Vejo uma grande indústria degradando a natureza e abatendo os animais de maneira desumana”, diz. “Aceitava-se isso até pouco tempo. Mas existem outros caminhos. É possível fazer nossa passagem aqui deixando um legado de coisas boas. Para os seres humanos, para a natureza e para os animais.” Leandro prefere não revelar números e cifras que medem seu sucesso, mas usa a gíria do surfe, esporte que pratica desde a adolescência, para explicá-lo. “Hoje o pessoal me diz: ‘Que legal, você está no lip da onda orgânica’. Respondo que esperei esse swell há bastante tempo, demorou uns dez anos.” O próximo passo é a conquista do território americano, ambição que ele não enxerga como desmedida. Acredita ter o sabor de brasilidade de seus produtos como trunfo. Já conseguiu até uma base de distribuição instalada em San Diego, na Califórnia. No ambiente de trabalho, o chefe pratica o que prega. Instalada num galpão na zona sul de São Paulo, a equipe de comunicação da biO2 tira seus momentos para treinar numa parede de escalada, meditar, praticar ioga ou imaginar as próximas soluções longe dali. De preferência, em contato com a natureza, em giros mais ou menos longos pelo Brasil. 108

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O contato direto com as comunidades dos mais longínquos lugares do país é um dos objetivos das jornadas da equipe


Durante uma reunião, Leandro Farkuh teve o insight de reunir, numa série de expedições, o que considera os três pilares da marca: a alimentação saudável, os esportes ao ar livre e a preservação do meio ambiente. O canoísta Pedro Oliva, que participava do encontro, foi naquele momento eleito o capitão da série biO2 Expedition, que já teve quatro edições. Primeiro, Amazônia. Depois, Foz do Iguaçu. Seguiram-se Ceará e Delta do Parnaíba. Por fim, as chapadas Diamantina e dos Veadeiros. Para o projeto, foi reunido um time de atletas vegetarianos e veganos, funcionários, cinegrafistas e uma nutricionista. Ela cuida da alimentação da equipe a partir de um trailer-cozinha e dá palestras. Além dos dez esportistas de diferentes modalidades que carregam a filosofia biO2, há sempre a preocupação de envolver atletas locais, comunidades e agricultores. A era das expedições As expedições não se prestam apenas para saciar o ímpeto aventureiro de Leandro e seus companheiros ou promover a marca. Não, elas têm sentido educacional e ecológico. “Estamos focados num projeto maior que é a disseminação do conceito das agroflorestas, que regeneram o solo devastado, trazem de volta a biodiversidade e geram renda para o povo local”, explica Pedro Oliva, também conhecido como “o louco da cachoeira”, por vencer quedas-d’água de até 40 metros remando seu caiaque. A bordo de carros Mitsubishi ASX a equipe tem rodado parques nacionais de preservação (“O pouco que sobrou e ainda querem destruir”). Até chegar aos parques e aos destinos, é preciso atravessar um cenário monótono e desolador pelo interior do Brasil. “É triste dirigir por três horas sem ver nada além de uma Pranchas, jet skis e capacetes fazem parte da bagagem das expedições da bi02

gigantesca plantação de soja”, diz Pedro Oliva. As mais de 500 horas de filmagem das viagens, que têm alguns teasers postados no YouTube, estão sendo editadas em um documentário de 50 minutos que deve despontar a partir de outubro. O material também estará disponível em formato de série. Assim será possível conferir mais detalhes de aventuras como a navegação de três dias pelo delta do rio Parnaíba, no Piauí e no Maranhão. Ali, os atletas ficaram 300 quilômetros distantes dos carros, comunicando-se com a base por satélite. Para Leandro, foi o ponto alto de todas as expedições. A equipe acampou nas ilhas fluviais. Durante o dia, o barato era velejar e enfrentar grandes ondas com o kitesurf. “Vivemos as experiências mais intensas e puras”, suspira. “Deu emoção, deu saudade da família, deu medo, deu sede, pois não havia água doce ao redor e precisávamos controlar nossa provisão.” Só não deu fome. “Tínhamos as barrinhas sempre na bagagem.” junho 2018

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universo

mitsubishi No asfalto ou na terra, a marca dos trĂŞs diamantes tem a diversĂŁo certa para vocĂŞ

Fotos: tom papp, cadu rolim e david santos jr.

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universo mitsubishi

experience 4x4

BROTAS

Toque para ver o vídeo

Fim de semana diferente Iniciado no ano passado, o circuito de passeios continua a mil

O

surgimento do circuito de passeios Mitsubishi Experience 4x4, em 2017, foi muito bem recebido. A Mitsubishi Motors percebeu que havia mais um público a ser atendido por seu calendário de eventos: gente decidida a colocar seu veículo em trajetos off-road – mas sem dar bola para competição. Sair de carro em grupo, com a família ou os amigos, apenas pelo prazer da aventura e de conhecer diversos lugares diferentes. “É um evento para levar todo mundo”, explica Fernando Julianelli, diretor de marketing da Mitsubishi Motors. “Uma maneira de passear com toda a família por paisagens muito bonitas, com paradas para experiências @nacaomitsubishi

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@mundomit

gastronômicas que mostram um pouco da cultura da região. Tudo isso aproveitando a tração nas quatro rodas dos veículos da nossa marca.” A primeira etapa da Mitsubishi Experience 4x4 de 2018 aconteceu nos dias 7 e 8 de abril, cobrindo um trajeto de 70 quilômetros que começou em Jaú, a 300 quilômetros de São Paulo. Dali a turma partiu para Dois Córregos e Torrinha, antes de chegar a Brotas. Embora o fim de semana tenha sido ensolarado, o grupo enfrentou muita de lama. Também houve a travessia de plantações de cana-de-açúcar e cruzamento de riachos. Para unir ainda mais os participantes, aconteceu um alegre almoço em Brotas.

CALENDÁRIO 2018* 7-8 de julho: Passos (MG) 25-26 de agosto: Vitória (ES) 20-21 de outubro: Fortaleza (CE) 1º-2 de dezembro: Ribeirão Preto (SP) (*): datas sujeitas a alteração Inscreva seu Mitsubishi 4x4 das linhas ASX, L200, Outlander e Pajero pelo mitsubishimotors.com.br. n Confira os resultados completos no tablet da MIT Revista ou no site www.mitsubishimotors.com.br

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fotos: vinicius ferraz/ mitsubishi


Muita lama na estrada e comida caipira no almoço. Quem foi a Brotas se divertiu a valer

Toque para ver o vídeo Toque para ver o vídeo

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universo mitsubishi

motorsports

MOGI GUAçU

Toque para ver o vídeo

Aqui o relógio manda No rali de regularidade, é preciso rodar no tempo certo

S

e você pensa em pisar fundo,

tornou uma grande família”, disseram. “Mas,

esqueça. Só existe um segredo no

após a largada, a gente só pensa em vencer.”

categorias, divididas em Sudeste/Sul e

Mitsubishi Motorsports, o mais

Entre os laureados do dia, Carlos Duarte e

Nordeste, contadas todas as provas, receberão

importante rali de regularidade do

Fernando Lopes ganharam na Turismo Light,

estadias nos melhores resorts, hotéis e

país: percorrer o trajeto no tempo estipulado.

enquanto o casal Gustavo de Amorim-Debora

pousadas do país. O prêmio tem a chancela

No lugar da velocidade, requisita-se rigor

Bonatti levou a Turismo, fato que se repetiu em

de excelência do Circuito Elegante. Eis a lista

nas quatro categorias: Master, Graduados,

Ponta Grossa (PR), segunda etapa do ano.

– Master Sudeste: Capim do Mato, Serra da

Turismo e Turismo Light.

No Paraná, boa parte do trajeto se deu

Cipó (MG); Graduados Sudeste: Morada dos

acima dos mil metros de altitude, num cenário

Canyons, Praia Grande (SC); Turismo Sudeste:

não possa ser feito com alegria, porém. Na

belíssimo que contemplou até a travessia de

Fazenda Santa Vitória, Queluz (SP); Master

etapa de estreia em Mogi Guaçu (SP), a turma

uma pedreira. Vindos de cidades diferentes,

Nordeste: Nannai, Muro Alto (PE); Graduados

começou cedinho, às 7h30, para enfrentar

Charles e Marcelo Ritter, pai e filho, se uniram

Nordeste: BobZ, Cajueiro da Praia (PI); Turismo

uma mistura de lama com poeira braba.

para vencer na Graduados. “Saio de Porto

Nordeste: Bahia Bonita, Trancoso (BA).

Sim, choveu e fez sol. Na categoria Master,

Alegre, encontro meu pai em Florianópolis e

Bruno Ferreira e Matheus Mazzei levaram a

participamos de todas as etapas”, explicou

melhor, percorrendo as estradinhas vicinais.

Marcelo. Na Master deu Olair Fagundes e

“A navegação foi difícil, mas nos divertimos”,

Jhonatan Ardigo. Já na Turismo Light, venceu o

vibrou Matheus. Na Graduados, deu Fábio

casal Ricardo e Daniela Lopes, que comemorava

Vernizi e Orestes Baccheti: “Isso aqui já se

em clima romântico 30 anos juntos.

Difícil não é, mas exige empenho. Nada que

@nacaomitsubishi

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Em 2018, os vencedores das principais

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@mundomit

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fotos: marcelo machado de melo


Choveu e fez sol em Mogi. DaĂ­ o desafio duplo: lama e poeira no mesmo dia

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motorsports MOGI GUAรงU

A frota reunida antes de partir rumo aos desafios da nova temporada

Muita l

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Fotos: marcelo machado de melo


motorsports Ponta grossa

Caminhos tortuosos na paisagem tĂ­pica do ParanĂĄ com suas araucĂĄrias

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dezembro 2017

Fotos: ricardo leizer e tom papp fotos:


Toque para ver o vĂ­deo

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motorsports Ponta Grossa

Uma L200 em ação. No final do ano, os campeões hospesdagens como prêmio

O pódio da categoria Turismo. Depois de muito tempo ligados no relógio, a hora de esquecer os ponteiros. E comemorar

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fotos: ricardo leizer e tom papp


anuncio


universo mitsubishi

outdoor

Mogi Guaçu

A animação das equipes se prolongou na hora do espumante. De quebra, a chance de jogar tênis com Kirmayr

Toque para ver o vídeo

Cada vez mais divertido O rali multitarefa teve até partida de tênis com Carlos Alberto Kirmayr

A

s equipes que disputam

crianças –, de modo a unir não só amigos

recurso inédito, o Plus Code – aplicativo

categoria Extreme, do

como famílias. O formato de cada etapa

do Google que auxilia na localização.

Mitsubishi Outdoor, estão cada

engloba sempre um trecho off-road, aliado

vez mais ajustadas. Daí que

a disputas poliesportivas e, de quebra,

incorporada à disputa em Ponta Grossa,

algumas despontam como destaques,

tarefas inesperadas, muitas vezes culturais.

que teve trechos de mountain bike,

caso da Absolut Lama. O grupo venceu não

Em Mogi Guaçu, o roteiro teve trilha de

trekking e, ainda, a visita a um sítio

apenas a derradeira etapa do ano passado.

bicicleta, trekking, rapel em cachoeira e,

arqueológico inexplorado. Na categoria

Ganhou também as duas primeiras da

ainda, o desafio de rebater oito bolas com

Fun, quem subiu ao pódio foi a equipe

atual temporada, sediadas na região de

um astro: Carlos Alberto Kirmayr, tenista

Zagreb: “A nova tecnologia de

Mogi Guaçu (SP) e Ponta Grossa (PR).

que chegou a 28 finais de torneios da ATP,

navegação que agora faz parte da

“Começamos a disputar ainda em 2011

nos anos 1970 e na década seguinte.

prova ajudou muito; fez a diferença”,

e esse é o nosso diferencial”, diz Marcelo Bernardi, um dos líderes da Absolut Lama.

mãos da equipe Bomba Bala. Que, por

“Mas, antes de tudo, entramos para

sinal, não é tão novata assim. “Estamos

nos divertir em grupo: esse é o espírito

nos entrosando bem“, comemora Carlos

dessa competição.”

Raul Caldas, chefe do time, destacando

De fato, o Mitsubishi Outdoor foi criado,

o planejamento do grupo. Para facilitar

há 15 anos, para acolher a participação

ainda mais as operações, os participantes

de gente de todas as idades – incluindo

do Mitsubishi Outdoor dispuseram de um

Mitsubishi Outdoor

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Na categoria Fun a vitória acabou nas

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@MitOutdoor

A novidade tecnológica foi

disse o líder da turma, Alberto. n Confira os resultados completos no tablet da MIT Revista ou no site www.mitsubishimotors.com.br

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fotos: cadu rolim e david santos jr.


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outdoor Mogi Guaçu

Trajeto off-road, trekking, bike e rapel em cachoeira: diversas atividades para a turma, no interior de SĂŁo Paulo

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fotos: tom papp, cadu rolim e david santos jr.


outdoor PONTA GROSSA

Belas paisagens paranaenses e até mesmo a visita a um sítio arqueológico

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outdoor Ponta Grossa

Muita atividade física, sim. Mas também muita diversão. No final, a premiação virou uma festa e tanto

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fotos: tom papp


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junho 2018

Mit revista

127


universo mitsubishi

Cup

Mogi Guaçu

Toque para ver o vídeo

Na lama e no asfalto Rallycross vira tendência e abre temporada de 2018

N

o ano passado, em sua 18ª

ASX RS, Eder Benito, que correu com o

tempo fechou, com chuva forte, em um

edição, a Mitsubishi Cup, rali

navegador Fernando Abe, fez eco:

percurso que chegou aos 100 quilômetros.

cross-country de velocidade,

“A mudança entre asfalto, grama e terra é

O piso escorregadio exigiu u bocado.

inovou com as provas de

um grande desafio”.

“Ainda assim, tivemos trechos de muita

rallycross. Ou seja, juntou o off-road do

aceleração”, comentou Vilson Silva,

autódromo Velo Città. Deu tão certo que a

a Thiago Rizzo e Leonardo Magalhães

navegador campeão na ASX RS, ao lado

modalidade foi incorporada já na primeira

na L200 Triton Sport SR e à dupla Élcio

do piloto Edson Nole.

etapa de temporada 2018, em Mogi Guaçu

Bardelli Júnior e Idalo Bosse na ASX RS

(SP). Foram duas provas cross-country e,

Master. Já Marcelo Fiuza e Joseane Koerich

Juliano Diene e Gunnar Dums (L200

para finalizar, uma de rallycross, para as

subiram ao pódio na L200 Triton ER – e

Triton ER Master), Ricardo Feltre e

cinco categorias: L200 Triton Sport RS,

não só em Mogi Guaçu. Também levaram

Ivo Meyer (ASX RS Master) e Thiago

L200 Triton ER Master, L200 Triton ER,

a melhor na segunda etapa, disputada em

Rizzo da Silva e Leonardo Magalhães

ASX RS Master e ASX RS.

Magda, cidadezinha do noroeste paulista.

(L200 Triton Sport RS).

Havia chovido muito no dia anterior

celebrou Joseane. “E nos divertindo cada

pedras no meio do caminho – ao pé da

vez mais também.” surpreendeu em Magda, onde, na véspera

ganhador, em dupla com Gunnar Dums,

da prova, houve um desfile dos carros

na L200 Triton ER Master. Vencedor na

dos competidores no centro da cidade. O

Mit revista

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@mundomit

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Em geral quente e seco, o clima

a diversão”, comemorou Juliano Diener,

@nacaomitsubishi

Nas outras categorias venceram

“Estamos nos entrosando cada vez mais”,

e, além da lama, as duplas encontraram letra. “Para quem gosta de 4x4, essa é

128

Nas demais categorias, a vitória coube

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Fotos: ricardo leizer e marcelo machado melo


Nuvens carregadas no cĂŠu, asfalto molhado e lama. A turma do 4x4 gosta assim

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Cup Mogi Guaçu

ricardo leizer

No autódromo Velo Città, velocidade à beça e festa no pódio. Já em Magda, as chuvas complicaram um pouco. Ainda assim, não faltou diversão

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Fotos: marcio machado e tom papp


Cup MAGDA

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Cup MAGDA

Terrenos longe do asfalto e muita emoção

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A cidade pediu e a Mitsubishi Cup atendeu: teve até desfile de carros no centro de Magda

No pódio, em ano de Copa do Mundo, a reprodução do gesto imortal de Bellini, Mauro Ramos de Oliveira, Dunga e Cafu

Fotos: tom papp

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retrovisor Por Walterson Sardenberg Sº

DEBONAIR

F

1964

oi para servir aos próprios executivos do grupo

105 cavalos. O Debonair honrava o nome – em francês

Mitsubishi que a marca desenvolveu o inesquecível

significa elegante, charmoso. O carro foi apresentado

Debonair. Eles precisavam de um sedã de alto luxo

no 10º Salão do Automóvel do Japão (atual Tokyo Motor

para se locomover Japão afora naquele vertiginoso

Show), em outubro de 1963. No ano seguinte, também em

início dos anos 1960. Convidado para o projeto, o engenheiro

outubro, já trafegava pelas ruas de Tóquio durante os Jogos

americano Hans Bretzner dedicou-se de corpo e alma.

Olímpicos de Verão. As pessoas faziam fila para comprar os

Chegou a ir várias vezes ao distrito têxtil de Nishijin,

modelos usados. Em 1969, sua venda foi liberada ao público.

em Quioto, só para escolher o tecido dos estofamentos. O resultado? Um clássico instantâneo, com motor 2.0 de 6 cilindros em linha, dupla carburação e

134

Mit revista

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Detalhe: as linhas elegantes do Debonair se mantiveram muito semelhantes durante 22 anos – de 1964 a 1986. O carro foi produzido até 1999.

Foto: divulgação




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