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V111.2 - Tendências

ao longo do trabalho, embora importantes do ponto de vista analítico e prático, não devem, entretanto, nos impedir de valorizar adequadamente o significado da participação das empresas estatais na Campanha Contra a Fome, e reconhecer neste envolvimento um dos fatores principais do seu êxito. Esta mesma valorização deve se estender, por sua vez, ao trabalho realizado pelos funcionários destas empresas, outro fator essencial para o sucesso da campanha, consubstanciado nas ações de caráter emergencial desenvolvidas, visando minorar os efeitos imediatos da fome e da miséria a curto prazo.

IX - NOTAS

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- A diferença no tratamento das reuniões da 1' e da 2' fases dos trabalhos do "Comitê", deve-se à minha presença nas reuniões desta Ultima fase o que permitiu um maior detalhamento da temática e das discussões travadas em cada uma dela; já os dadds acerca da primeira fase foram obtidos a partir de alguns documentos e com base em entrevista com o Secretário Executivo do "Comitê".

- O que pode ter como efeito, antecipado ou não, a acumulação do que o sociólogo francês Pierre Bourdieu conceitualizou como "capital social", envolvendo elementos como reputação, prestígio, autoridade, competência, etc.. A respeito, consultar, "O Campo Científico", in, "Pierre Bourdieu", coleção "Grandes Cientistas Sociais", n° 39, Ed. Ática, organizado por Renato Ortiz.

- O Secretário Executivo do Comitê, André Spitz, propõe chamá-la de "solidariedade jurídica" em contraposição à solidariedade individual ou de grupos, e não de "solidariedade institucional", pois, na sua opinião, este tipo de comportamento não e exercido, ainda, pela instituição, isto é, a participação na campanha não foi suficiente para criar uma nova cultura, ou modificar aquela existente, no que se refere a intervenções na área da assistência social, definindo, por exemplo, um lugar específico na estrutura da empresa para este tipo de trabalho; assim, a solidariedade das empresas estatais estaria sendo exercida por pessoas com posições juridicamente definidas na hierarquia e que, por sua sensibilidade e interesse na questão, mobilizam recursos da instituição para fins de solidariedade ou filantropia. Neste sentido, só se poderia falar de solidariedade institucional quando modificações estruturais orientadas a este tipo de atividade ocorressem nas empresas estatais. Entretanto, prefiro manter a definição de solidariedade institucional por acreditar que os recursos utilizados por estas pessoas são da instituição e só nesta medida é que representantes juridicamente autorizados podem participar de campanhas envolvendo um comportamento solidário.

- Não podemos afirmar, evidentemente, que tais preocupações políticas estiveram ausentes das reuniões que conformaram a primeira etapa da atuação do "Comitê" na campanha; entretanto, minha presença nas reuniões da segunda fase contribuiu muito para a percepção desta característica dos debates ali travados.

- A respeito do tema da ação coletiva, consultar, Olson, Mancur - The Logic of Collective Action, Harvard University Press, 1965; acerca do tema do "dilema do prisioneiro", ver o "Apêndice sobre jogos" do capítulo 2 do livro de Wanderley Guilherme dos Santos - Razões da Desordem, Ed. Rocco, 1993; sobre a questão do "jogo do altruismo", consultar o artigo de Elster, Jon - Marxismo, Funcionalismo e Teoria dos Jogos, in, Revista Lua Nova, n°17, 1989.

- De forma direta ou indireta, o Governo Federai - assim como os outros níveis de governo - sempre apoiou ações de solidariedade, de assitência social ou de filantropia realizadas por diferentes setores da sociedade brasileira, como o as ONGs, os diversos tipos de associações e entidades da sociedade civil, e as várias denominações religiosas como o demonstra o texto de Leil ah Landim - Para Além do Mercado e do Estado? Filantropia e Cidadania no Brasil, editado pelo Núcleo de Pesquisa do ISER, 1993.

- O conceito de poliarquia formulado pelo cientista político norteamericano Robert Dahl, e amplamente utilizado por Wanderley Guilherme dos Santos para analisar o processo político recente no Brasil; a respeito, consultar W .G. dos Santos, op. cit., em especial o capítulo III, Fronteiras do Estado Mínimo.

(8) - Uma análise detalhada tanto da bibliografia acerca da relação entre pobreza e democracia, assim como das características do processo que desemboca nos atuais índices de desigualdade social no Brasil, com suas implicações para a con-solidação democrática no país, pode ser encontrada no artigo de Elisa P. Reis e Zairo B. Cheibub - Pobreza, Desigualdade e Consolidação Democrática, in, Revista DADOS, volume 36, n°2, 1993.

X - BIBLIOGRAFIA CITADA

- Bourdieu, Pierre - "O Campo Científico", in, Pierre Bourdieu, Coleção Grandes Cientistas Sociais, org. Renato Ortiz, Ed. Ática, 1983.

- Elster, Jon. - "Marxismo, Funcionalismo e Teoria dos Jogos", in, Revista Lua Nova. São Paulo. n.17, 1989.

- Landim, Leilah - Para Além do Mercado e do Estado? Filantropia e Cidadania no Brasil, ISER - Núcleo de Pesquisa, Rio de Janeiro, 1993.

- Olson, Mancur - The Logic of Collective Action, Harvard University Press, Londres, 1965.

- Reis, Elisa P. e Cheibub, Zairo B. - "Pobreza, Desigualdade e Consolidação Democrática", in, Revista DADOS, Vol. 36, n°2, 1993.

- Santos, Wanderley Guilherme dos. - Razões da Desordem, Rio de Janeiro. Ed. Rocco. 1993.

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