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Alguma coisa está fora da ordem

locais, ou políticos e suas campanhas. Quando dizemos: "nós somos a universidade", nos legitimamos num primeiro momento. No segundo, o que nos legitima é o trabalho realizado e as relações de confiança e cumplicidade estabelecidas. Fica tudo mais simples. E para a academia também é importante essa ponte com uma grande parcela da população que desconhece e não tem qualquer acesso às escolas de 3° grau.

Embora exista a clareza de que é um fator decisivo as cooperativas populares nascerem no seio das universidades, também é decisivo, no momento em que tudo isso acontece, uma conjuntura extremamente favorável. Ousamos afirmar que não são as propostas que são brilhantes, e sim o tempo em que elas se apresentam. Todas essas idéias vêm de encontro a um problema maior. Não é a primeira ação de uma universidade na comunidade. Não é a primeira ação em universidade que reúne excluídos e que se investe em capacitação. A conjuntura é favorável porque o grau de violência e de exclusão provocam novas leituras do quadro social. Há claramente, por parte do poder instituído, uma tolerância para que coisas ocorram nesse rumo. Há locação efetiva de recurso e de pessoas. Parte do êxito desse projeto deve-se, portanto, ao momento em que foi deflagrado, embora não se descarte, indiscutivelmente, a competência, a coragem, a garra, e muitos outros motivos. Mas não acreditamos que na década de 70 ele tivesse o mesmo sucesso.

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E é exatamente essa conjuntura favorável que viabiliza e imprime, com cores fortes, o caráter estrutural do projeto. Sua força tem origem na forma como demonstra a possibilidade de trabalhar com setores historicamente alijados tanto do mercado informal quando do formal. Toda a discussão que se trava em torno do cooperativismo popular hoje aponta para soluções ou levanta a discussão de questões estruturais.

Aqui a gente aprende ganhando, além de dar oportunidade de emprego pra galera que assim não fica ai à toa. Estamos querendo agora o crescimento do mercado. Hoje a gente ainda é peixe pequeno, mas um dia vamos chegar lá em cima.

Fátima cooperativada

`at» Não existem duas sociedades. Todos vivemos no mesmo território e nos relacionamos. A diferença está na forma como nos inserimos. Não existem duas cidades, dois estados, duas economias. Existe uma única cidade, cuja forma de inserção é extremamente diferenciada. Não temos espaços como uma aldeia indígena, com leis e vínculos próprios. Na cidade todos se relacionam. O narcotráfico não vende para favelado. Seu mercado é fora da favela. Pode não ser a melhor, mas há uma relação. A polícia que entra na favela é uma polícia do Estado. Há uma relação, só que é desfavorável. O que se busca é modificar essas relações. Foi com essa proposta que, em linhas gerais, pensamos a Incubadora de Cooperativas. A Coppe - Coordena-ção de Programas de PósGraduação em Engenharia foi o seu berço, especialmente pelo alto grau de autonomia dentro da estrutura da UFRJ, além de uma dinâmica bastante razoável na construção de parcerias e convênios. A Incubadora de Cooperativas é um projeto novo dentro da- quela estrutura universitária, mas não 1 é a Única ação neste sentido. Muitas outras equipes desenvolvem trabalhos 1 que têm como principal marca a preocupação social.

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