BIKE Magazine 197

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Bike n.º 197

Agosto 2013 l Mensal l PVP continente

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ISBN 5601753001303

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magazine

Testes Scott|Genius 740 Trek|4500 Disc TNT|+ 7 produtos

Corratec Opiate FY

Se tens kit de unhas e derivas entre o All Mountain e o Enduro, mete bem os olhos nesta Opiate

Novidades internacionais

77 www.bikemagazine.pt Northwave • Michelin • Met • BH • KTM • Scott • Specialized

O dia a dia de...

Filipa Peres


Novos modelos b Northwave 2014

um legado difícil de igualar

A Northwave apresentou a sua gama de vestuário e uma renovada coleção de calçado que aposta na leveza, nas cores garridas e num design demarcadamente italiano para se tentar distanciar da concorrência. Texto: Carlos Pinto Fotografias: Northwave e Carlos Pinto

A

Northwave entrou no mundo dos sapatos de BTT apenas em 1993 e cedo apareceu no mercado português onde teve de imediato bastante sucesso. A marca italiana cresceu rapidamente e aumentou o seu portfolio de produtos lançando uma linha de acessórios, tendo mais tarde alargado a distribuição com o lançamento de vestuário e óculos. Como marca italiana que é, o design é um dos pilares principais na conceção de qualquer sapato. Para além disso, o 18

fundador da Northwave – Gianni Piva – sempre esteve ligado ao setor do calçado, a principal indústria existente em Montebelluna, local de Veneza onde se situa o quartel general desta empresa. sapatos Extreme Tech MTB Os sapatos Extreme Tech (em cima) são os novos topo de gama e conjugam uma sola em carbono 3D Speedlight injetada no próprio chassis do sapato em TPU. As saliências da sola são em

borracha natural Vibram de dupla densidade, o que garante aderência mesmo em terrenos húmidos. O corte é anatómico baseado na tecnologia Biomap (tal como o vestuário de topo) e o topo do sapato, em material sintético, é leve e fácil de limpar. Este modelo é reforçado com proteções laterais e frontais micro-injetadas evitando ao máximo as costuras. Em termos de ajuste, conjuga o aperto SBS (micrométrico) e SLW (um rotor exclusivo da marca). A sola é em carbono unidirecional.


Como se produz um par de sapatos na Northwave? Passo 1 Primeiro fazem-se várias maquetes em computador após uma análise de mercado onde são tidos em conta padrões como as cores mais procuradas, o tipo de aperto, tipo de costura, encaixe, sola e volume do metatarso.

Passo 3 Segue-se uma nova aprovação e passa-se à fase da produção final. Se não houver falhas, faz-se a junção da parte superior com a sola (cujo aquecimento requer uma temperatura de cerca de 100ºC), utilizando duas camadas de uma cola especial.

Passo 2 Após ser escolhido o modelo final que seguirá para produção (e sua aprovação), é criado um protótipo em escala real. A parte superior é toda ela feita por uma máquina especial que recebe o desenho e características técnicas de um computador central. Esta máquina corta o tecido com uma precisão incrível. A sola é feita à parte em moldes específicos. Depois dos moldes feitos em gesso estarem prontos são inseridos num scanner em três dimensões de modo a ser feito um protótipo final que possa ser testado no terreno com materiais verdadeiros.

Passo 4 Os excessos de cola são retirados e a palmilha e os apertos (rotor, por exemplo) são inseridos e vistoriados por uma nova análise qualitativa.

A empresa aposta nas novas tecnologias e em novos compostos na coleção 2014

Passo 5 Antes da produção e mesmo durante, são selecionados alguns modelos de cada pack para analisar a sua resistência e durabilidade. Em regra, cada exemplar é testado durante 20.000 ciclos e se algum componente não cumprir os requisitos, não chega sequer ao mercado. Lembramos que a marca oferece dois anos de garantia. Os controlos de qualidade são feitos na sede da empresa em Itália bem como nas fábricas na China e no Vietname. 19


Novos modelos b BH Lynx 2014

27,5” com 150mm ou 29” com 120mm? São dois os “sabores” à escolha na gama 2014 da Lynx: o 29 ou o 27,5. Andámos com ambas, repetimos o mesmo circuito infinitas vezes (a propósito: não nos enjoámos) e não chegámos a nenhuma conclusão definitiva acerca de qual a melhor das duas. Nem nunca chegaremos porque têm propósitos diferentes e são para riders diferentes. Sabes do que falamos? Texto: Gonçalo Ramalho Fotografia: Andoni Epelde

F

omos até Barcelona conhecer duas das coqueluches da espanhola BH que estarão no catálogo do próximo ano: a Lynx 4.8 Carbon 29´´ e a Lynx 6 Carbon 27,5. Pela frente tínhamos uma serra calcária que incluía maioritariamente singletracks rápidos com curvas compactadas e um grau técnico mais do que suficiente para confirmar que o Dave Weagle continua a ter uma grande capacidade para desenhar sistemas de suspensão. Mas para já foquemo-nos no terreno de testes. A vegetação mediterrânica rasteira e densa fazia com que as linhas fossem sempre as mesmas, o que até foi bom no sentido em que o nosso corpo já conhecia cada pedra e cada raiz daquele circuito e permitiu comparar melhor as reações destas duas manas bascas. Com temperaturas acima dos 30 graus, o Isostar à descrição foi uma bênção mesmo antes de me agarrar a uma das 27,5” que me esperava. Enfiámo-nos por um estreito e serpenteante trilho relativamente fácil onde ainda não dava para perceber quais as sensações que

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transmitiam estas novas Lynx. Minutos depois, transformou-se numa serra de Aire à espanhola e a emoção começou. Pequenos drops, alguma pedra, divertidas lombas do tamanho XL e curvas cada vez mais rápidas… Um carrossel longo. De seguida, propuseram-me testar a 29er. Faríamos os mesmos trilhos. Aceitei, obviamente.

Lynx 4.8 Carbon A todo o terreno

A Lynx 29er é a mais versátil, oferece a máxima eficiência de pedalada e maior capacidade de absorção. A física não engana e o maior diâmetro tem as suas vantagens. O quase lendário Split Pivot dá-nos aqui 120mm de curso encaixados num quadro com uma cinemática seriamente dedicada às rodas grandes. A construção é 100% em carbono, monocoque no triângulo dianteiro e escoras superiores e inferiores, eliminando zonas críticas por

não haver pontos de união. Este quadro utiliza fibras de alto módulo, o que significa maior rigidez para o mesmo peso. O próprio balanceiro tem agora um desenho mais compacto – cerca de 18mm – e é mais rígido porque usa rolamentos de maior diâmetro. Mas a notícia choque vem do comprimento das escoras: 430 mm. Em que é que


isto contribui para a nossa felicidade? Torna-se altamente manobrável (para uma 29er) e reage atleticamente como poucas 29ers. Lembremo-nos que a Santa Cruz Tallboy, por exemplo, tem escoras com 444 mm. Isto deixa que lhe montemos pneus até 2.4 e qualquer combinação de cremalheiras (2x ou 3x). Dave Weagle confessou-nos que cerca de 70% do tempo aplicado no desenho deste quadro foi gasto na escora direita, a que faz a ligação vertical ao pivot. A geometria compacta torna-a estável e o pedaleiro relativamente baixo (320mm) ajudam à festa. Nota-se que mantém a mesma geometria quando curvamos ou aceleramos, vantagens do Split Pivot. Depois, o ângulo da direção relaxado (68,4º) ainda lhe dá mais estabilidade. A rigidez lateral é algo fundamental que não pode passar ao lado num quadro destes, e para tal gaba-se de ter uma direção integrada cónica em carbono – comum

aos quadros Lynx 6 e Ultimate – realizada 100% em carbono e sem nenhuma inserção de alumínio, para ser leve e mais resistente à torsão. A caixa do pedaleiro é mais larga, uma Pressfit 92, o que deixa ampliar o tubo diagonal e a ponte do amortecedor para minimizar as flexões entre triângulo dianteiro e traseiro. Tal como se esperava, vem com um eixo traseiro 142x12mm que aumenta a rigidez em 30% face ao 135x9mm. A verdade é que a transmissão da energia e a estabilidade do eixo traseiro não foram problema. Também o desviador dianteiro de montagem direta significa uma rigidez e precisão superiores na passagem de mudanças. Não lhe falta o travão traseiro do tipo Postmount e cabos a passarem pelo interior dos tubos. Nesta Lynx todos os pivots giram sobre rolamentos Enduro Bearing de elevada qualidade, especificamente concebidos para suportar altas cargas.

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Novos modelos

b KTM 2014

50 anos de história, 27,5 motivos para celebrar

A apresentação das novidades KTM para 2014 tinha um sabor especial pelo aniversário dos 50 anos da marca. E, para além disso, os austríacos estavam particularmente orgulhosos por apresentarem uma série de novas bicicletas onde se inclui a Scarp, Lycan LT, Aera, Ultra 1964 e eLycan. Texto: Gonçalo Ramalho Fotografias: KTM

A

palavra de ordem em 2014 na KTM relaciona-se com a tendência 27,5, já que a marca acredita que as rodas de 29 polegadas não são uma solução suficientemente abrangente e consensual para responder a todos os riders com as suas diferentes estaturas e prioridades. Várias gamas incorporam agora modelos com 27,5´´ cobrindo todos os segmentos desde a iniciação, passando pelas rígidas, suspensão total, plataformas de alumínio

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e de carbono. Percebemos bem porque é que estão tão excitados com este tamanho: os resultados este ano (2013) foram positivos e convenhamos que a Lycan 650 é uma super bicicleta de All Mountain. Aperceberam-se ainda do potencial das 27,5 e decidiram desenvolvê-lo o mais possível. A Lycan foi provavelmente a melhor “aluna” da marca e os austríacos designaram-na como a melhor entertainer de sempre da KTM. Nós concordamos…

Destaques Nas suspensões totais o destaque vai para a nova Scarp 27,5, disponível com quadro em carbono e alumínio, e para a Lycan 650 LT com 160mm na traseira. Mantém-se a Scarp 29, agora com uma estética diferente, e a Lycan 650 também com cores e padrões diferentes. Quanto às rígidas, os destaques vão para a Aera disponível em dois tamanhos - 27,5 e 29 – que é uma espécie de Myroon simplificada e mais económica. A Myroon passou


e-Bikes em grande As e-bikes continuam a crescer na Europa e a marca laranja não quer deixar fugir este segmento de mercado. Neste capítulo, a eLycan 27,5 vai receber o hipercompacto motor Panasonic e uma bateria de elevada autonomia. Para além disso, o painel de controlo Panasonic está mais evoluído e conta com gestão automática da potência e superior aproveitamento da bateria. 31


Novos modelos b Scott 2014

mudança de paradigma A pequena cidade suíça de Gstaad pretende tornarse num destino privilegiado para o BTT na Europa e conta com o apoio da Scott para desenvolver trilhos e infraestruturas. Para celebrar esta parceria, a marca suíça convidou-nos para testar a sua coleção de 2014 nesta pitoresca localidade. Texto: Pedro Pires Fotografia: Daniel Geiger/SCOTT

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Genius LT 700 Ângulo de direção: 66,3º Comprimento do Top Tube: 600 mm (M) Comprimento da escora: 439 mm Altura do pedaleiro: 346 mm

Scale 700 Ângulo de direção: 69º Ângulo do Selim: 73º Comprimento da escora: 427 mm Altura do pedaleiro: 307,5 mm Comprimento do Top Tube: 600 mm (M)

SPARK 700 Ângulo de direção: 68,3º Comprimento da escora: 433 mm Altura do pedaleiro: 330 mm Genius LT Mal cheguei a Gstaad tive um relance de uma Genius LT que circulava por ali. A coisa prometia, mas detalhes só no dia seguinte… Chegada a altura apropriada, pudemos contemplar com mais atenção a nova máquina de Enduro da Scott: 170 mm de curso, roda 27,5, carbono e 12,4 kg anunciados, só para resumir. O quadro baseia-se na mesma plataforma que a Genius e a Spark e pesa apenas 2450 g já com amortecedor. Neste campo, a Scott escolheu a Fox para renovar o conceito Nude e o desenho da suspensão traseira ficou a cargo do guru Peter Denk. Este modelo só estará disponível com rodas 27,5, o que demonstra bem o compromisso da marca suíça com este tamanho de roda. Com passagem interna de todos os cabos, o quadro tem todos os atributos da nova era: eixo de 12x142mm, direção cónica e até um

pequeno “chip”, junto à fixação do amortecedor, que se pode instalar de duas maneiras diferentes, afetando a altura do pedaleiro em 6mm e o ângulo de direção em 0,5º. Outra das apostas na geometria – comum aos outros novos modelos - foi o alongamento do tubo horizontal, para se poder instalar avanços mais curtos. Debaixo da escora inferior, uma pequena guia integrada garante que a corrente não sai do lugar. A lista de equipamento do modelo de topo, a Genius LT 700 Tuned, tem o nosso selo de aprovação: suspensão Fox com revestimento Kashima e bainhas de 34 mm com 170 mm de curso, pneus Schwalbe, nova transmissão Sram X01, travões XTR, espigão telescópico Rock Shox e outros luxos vão ao encontro das necessidades dos mais exigentes. O amortecedor é comandado através da patilha Twinloc, instalada no guiador, e oferece 135 mm de curso e bloqueio, para além dos 170 mm.

Estarão à venda três modelos da LT, um com quadro em carbono HMX, outro com triângulo dianteiro em carbono HMF e traseira de alumínio (2770 g de quadro) e ainda outro com estrutura integralmente fabricada em alumínio (2880 g de quadro). O modelo Genius de 150 mm de curso terá um peso de apenas 10,6 kg na versão de topo, havendo cinco versões com roda 27,5 e outras cinco com roda 29 e 130 mm na traseira. Nas montanhas à volta de Gstaad não conseguimos levar a Genius LT ao extremo, mas pudemos sentir a posição de condução equilibrada e o baixo peso nas subidas, bem como uma boa capacidade de transpor pedras, raízes e valas. Ficámos com vontade de a levar para Sintra… Scale 700 Para a batalha olímpica de Nino Schurter, a Scott preparou a máquina que pudesse levar o atleta o mais alto possível. Para isso concentrou-se no 35


Novos modelos b Specialized 2014

Mais arrumação, mais diversão! A estância de Copper Mountain, no Colorado, foi o local escolhido pela Specialized para a apresentação da sua nova gama. Novas Epic e Camber deram o mote para três dias de muita pedalada e trilhos de sonho. Texto: Pedro Pires Fotografia: Wil Matthews e Yuriy Tomas

Epic Um dos conceitos principais para a renovação da Epic foi o de que nem todos os betetistas que participam em provas de longa distância são atletas de alta competição, por isso o conforto e a estabilidade tiveram especial atenção, sempre sem se deixar de parte a performance. No redesenho do quadro de 2014 foi incluída a fixação de amortecedor integrado com o link que liga a escora superior ao quadro e as linhas são mais fluidas, sendo também de destacar as escoras inferiores de dimensões generosas. O amortecedor tem agora o pistão e o reservatório mais pequeno e as transições entre o bloqueio e os 95 mm de curso proporcionados pela traseira estão mais suaves. O quadro permite a passagem interna de até quatro cabos e mantém a mesma geometria 38

de 2013. Depois de observarem as maneiras mais bizarras de transporte de ferramentas e água durante as provas, os técnicos da Specialized desenvolveram o conceito SWAT (Storage, Water, Air, Tools), tornando possível acomodar no triângulo principal dois bidons e uma caixa com câmara-de-ar, desmontas e botija de CO2. Junto à fixação do amortecedor há ainda espaço para um pequeno kit de ferramentas e a tampa da direção aloja um quebracorrentes. Apesar de nem todos os modelos virem com o kit SWAT incluído, todas as Epic têm furações no quadro compatíveis com este sistema, incluindo o modelo Comp de alumínio, que também recebeu um desenho novo e pesa agora menos 400g. Mas a Specialized não quis só agradar aos guerreiros de fim-

de-semana, e para os que levam a competição mesmo a sério foi criada a Epic WC. Apesar de a estética ser semelhante à do modelo mais destinado às maratonas, a geometria é mais fechada (nova para 2014), as escoras são 10 mm mais curtas e não existe fixação para desviador dianteiro: há que ter pernas para andar apenas com um só prato. Neste modelo de topo foi também montado o novo pedaleiro com braço e aranha integrados, o que adicionado a outras peças de luxo mantém o peso perto dos 9,5kg. E se achas que a suspensão traseira é para meninos, podes sempre considerar a Stumpjumper HT SWorks, com um quadro de 1050g e compatibilidade com o SWAT. Houve qualquer coisa nas Epic que as tornaram na escolha para a maior parte dos trilhos que pudemos


percorrer nesta apresentação. Logo no primeiro contacto, a posição de condução e a geometria pareceram-nos acertadas e tanto a versão de maratonas como a WC deixaram-nos com saudades mal deixámos Copper Mountain. Num primeiro contacto, rolei com o Brain ligado e fiquei com a sensação de que estas bicicletas eram só para “prós”. Nas subidas, apenas as maiores irregularidades do terreno eram absorvidas e havia que ir depressa para se ter algum conforto. Mas a surpresa veio quando desliguei o Brain totalmente e continuei a ter uma traseira sem bombeio, mas com uma leitura irrepreensível do terreno. Nas subidas técnicas e descidas, parecia que levávamos uma pequena bicicleta de trail, mas com acelerações fulminantes,

S-works Epic WC Geometria mais agressiva, ausência de apoio para desviador dianteiro e escoras sobredimensionadas são o destaque

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teste

b Corratec Opiate FY

Texto: Gonçalo Ramalho Fotografia: Rui Botas Rider: Gonçalo Ramalho

Entre o All Mountain e Enduro

Ópio germânico Do All Mountain aos bike parks, a Opiate FY faz de tudo sem grande esforço. Bem equipada e com um comportamento fácil, o seu único ponto fraco – o peso – pode vir a ser corrigido.

S

e quisermos usar as designações comuns, podemos dizer que a Opiate se situa algures entre o Enduro e o All Mountain. E não é por acaso que vivemos dias de explosão nestas duas categorias, pois todos queremos curtir nos melhores trilhos, os mais técnicos e desafiantes, e para o fazermos precisamos de ter connosco uma ferramenta que nos facilite a vida o mais possível naquelas transições onde um drop gigante ou uma sequência de calhaus pontiagudos nos deixa com a pulsação acelerada. Se quisermos ser pragmáticos, estas bikes que fazem 150 mm e têm um ângulo mais do que descontraído na direção têm duas funções: a primeira é curtir à séria já que andamos mais rápido e fazemos coisas que não faríamos com uma bicla de 120 mm, a segunda é aumentar a segurança e confiança. A Corratec Opiate é uma destas ferramentas que nos dá injeções de adrenalina e nos deixa cada vez mais confiantes. A teoria é semelhante a outras rivais com estes cursos e estas geometrias: não se limitar a descer com grande confiança mas ter agilidade suficiente para fazer todas as subidas (se estiveres em forma), e ter a capacidade de se adaptar a qualquer terreno e desnível. Provas como a Megavalanche 48

desenvolveram e promoveram estas bikes, por cá já temos varias provas de Enduro/All Mountain, incluindo a Enduro Series, onde podes explorar ao máximo uma Opiate. Nós levámola para os trilhos de Sintra que conhecemos bem e têm nivel suficiente para esta alemã. Mas antes de vermos como é que as coisas correram vamos olhar para o equipamento que lhe montaram. Equipamento A pesar de ser bastante equilibrada em relação à seleção de equipamento, existe um ponto que merece ser revisto: a escolha dos discos. Os Avid Elixir 5 não convencem com a sua potência de travagem numa bike com 14,56 kg (sem pedais). É claro que preferíamos que o espigão telescópico fosse um Rock Shox Reverb com comando a partir do guiador - apesar do Pure Racing KS nos dar 125 mm de curso com infinitas posições intermédias - e que o amortecedor tivesse uma plataforma, mas não nos podemos esticar muito. A transmissão completa Shimano XT é um descanso (vai sendo cada vez menos vulgar uma pedaleira tripla nestas bikes), o DT Swiss M212 simplifica as coisas e mantém os ajustes nos mínimos necessários – tem apenas a regulação da recuperação e o

manípulo de bloqueio – para manter o peso nas 200 gramas, a Rock Shox Lyric RC2 com 160 mm é que não vem equipada com o Dual Position que deixa reduzir o curso em 30mm e com isso baixar a dianteira para as subidas. Uma excelente novidade é o reduzido curso do botão da compressão, que deixa quase bloqueá-la para as subidas. Antes mantínhamos a compressão no mesmo ponto para não termos de dar várias voltas ao botão, agora basta rodar ¼ de volta para não bombear quando não o queremos. A ZZYZX, fiel parceira de várias Corratec, cede aqui as rodas Attack AM que não se queixaram nem desalinharam, os cubos e o cockpit. O quadro Tal como a maioria dos quadros Corratec, esta Opiate tem umas formas fluidas e algumas soluções originais. Na frente temos uma direção cónica, lá em baixo um eixo pedaleiro 89,5 press fit, e a ligar os dois temos um tubo em forma de “S” alongado. A fixação do desviador dianteiro é direta e a furação ISCG3 torna também mais fácil instalar uma guia de corrente ou mesmo um pedaleiro Hammerschmidt. Utiliza um sistema flutuante (Full Float VPS) de pivot virtual, com o amortecedor


Bem visto

Equilíbrio dinâmico Transmissão completa XT Posição de condução

A melhorar

Peso algo elevado Escoras mais curtas Colocação da roda traseira

Corratec Opiate FY Suspensão: Rock Shox Lyric RC2 160 mm Amortecedor: DT Swiss M212 Travagem: Avid Elixir 5 200/180 mm Transmissão: Shimano XT 2.999€

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Reportagem 2ª Travessia Pousadas de Juventude

elixir da juventude A ideia inicial desta travessia surgiu da vontade de mostrar que é possível fazer-se umas férias ativas, divertidas e baratas, de norte a sul e de este a oeste de Portugal, usando a bicicleta como transporte e as Pousadas de Juventude como único alojamento. Texto e fotografias: Pedro Carvalho

A

experiência acumulada com a primeira Travessia permitiume evitar alguns erros cometidos o ano passado. Hoje sei que o caminho mais direto nem sempre é a melhor opção, porque o mapa de estradas não nos indica a altimetria. A única mochila que levei às costas chegava a rondar os 4 kg quando não levava provisões temporárias dentro dela. Não senti falta de nada, pelo contrário senti que poderia ter deixado para trás ainda mais umas coisitas. Quando me cruzava com outros viajantes ciclistas muito mais carregados do que eu sentia pena deles. Encontrei alguns no norte a fazerem o caminho de Santiago português. No total acabei por fazer 1.255 km totalmente em alcatrão, sem GPS, munido unicamente com um mapa de estradas, desatualizado por sinal, e mais uma vez sem qualquer problema mecânico, nem mesmo um furo. 11 etapas, muitas pousadas A primeira etapa entre Tróia e Almograve foi um pouco monótona, por já conhecer o caminho sobejamente e por não ter praticamente desnível. O segundo dia, entre Almograve e


Nem todas as Pousadas da Juventude têm um aspeto moderno...

A paisagem contemplou vários monumentos históricos e igrejas

Portimão, foi o mais fácil de todos, mesmo assim ainda fiz 100 km nesse dia. Já não ia a Portimão há alguns anos e achei a cidade cheia de vida e com um aspeto moderno e bonito. A etapa entre Portimão e Alcoutim foi a mais difícil de todas, pelo calor, pela distância (145 km) e pelo desnível. Podia ter optado por seguir pela N125 até V. R. Sto. António e depois subir para Alcoutim - seria um pouco mais longo mas com muito menos desnível. No entanto, decidi evitar o trânsito da N125 e atravessar todo o barrocal algarvio passando por Loulé, Barranco do Velho, Cachopo e Martim Longo. Já havia passado em Cachopo antes, mas só desta vez fiquei a conhecer a Fonte Férrea, local muito agradável que até tem uma piscina gratuita, onde aproveitei para tomar um banho. Praticamente sem sombras e com temperaturas superiores a 35 graus, a etapa ficou bem mais difícil. No final, contabilizei 7h10 em cima da bicicleta. A partir de Alcoutim, foi muito interessante notar como a paisagem se foi modificando conforme fui subindo pelo país até ao extremo norte, passando de uma aridez extrema no Alentejo a um verde luxuriante no Minho. A quarta etapa foi a mais curta, mas devido ao vento de frente nesse dia e algum desnível, principalmente na zona de Mértola, acabou por não ser das mais fáceis. A jornada do quinto dia começou de forma diferente, pois a primeira coisa que fiz foi dirigir-me à estação de comboios para apanhar o regional até Casa Branca. Achei por bem fazer estes primeiros 80 km de comboio porque a distância entre Beja e Abrantes ultrapassa os 200 km. Mesmo assim acabou por ser uma das tiradas mais longas,

com 140 km. Esta etapa foi uma das mais difíceis, apesar de ser bastante plana. Voltei a apanhar bastante vento de frente o que é sempre uma dificuldade acrescida para qualquer ciclista, principalmente quando se pedala sozinho. Na pousada de Abrantes tive o meu primeiro tratamento especial por parte da responsável da mesma, Sra. Ana Paula. Abastecimento natural Uma das coisas que mais me agradou nesta travessia foi a enorme quantidade e variedade de fruta que pude desfrutar gratuitamente à beira da estrada. Normalmente comia três a quatro variedades de fruta por dia e dava especial atenção aos figos por serem um produto ideal para o esforço físico. Mas o “menu” também podia incluir amoras, uvas, pêssegos, peras, maçãs e ameixas. Os marmelos eram aos montes, provei uma vez mas desisti de o voltar a fazer. Lamentei não ser ainda tempo de castanhas pois passei por inúmeros castanheiros carregadinhos.

Queres fazer esta travessia a solo ou com amigos? Lê o resto, ganha coragem e começa a preparar a logística Alguém me perguntou durante a travessia qual era a parte da etapa que eu mais apreciava. Agora posso dizer que era o momento da partida, por antecipar o que iria experienciar durante esse dia. Os últimos quilómetros do dia certamente também, mas principalmente a satisfação de alcançar o topo de uma longa subida e desfrutar da descida que invariavelmente se seguia, que idealmente deveria ser de bom piso, 75


Escola Nem sempre os trilhos são o único local onde podes potencializar a tua performance. Muitas vezes, uma ida ao ginásio é o ponto de partida de que necessitas para “dares o salto” no teu rendimento desportivo. Texto: Pedro Maia Fotografia: Direitos Reservados

O BTT no ginásio A flexibilidade dos músculos está intimamente ligada a treinos de força. Assim sendo, segue estes exercícios que te propomos e que podes facilmente executar, para melhorares o teu rendimento em cima da bicicleta!

O

corpo humano é composto por mais de 660 músculos e a possibilidade de serem mais fortes e flexíveis vai ter um papel determinante nas capacidades atléticas do betetista. Daí a vantagem de fazermos treinos de força, adaptados às várias fases da época, sobretudo nos atletas masculinos, acima dos 30-35 anos, e nas atletas femininas. Desenvolver a capacidade para produzir mais força, ao mesmo tempo que se mantém a mobilidade, vai ter uma importância determinante na velocidade com que se pedala, atrasando também o aparecimento da fadiga que tanto afeta a técnica. Permitirá igualmente baixar significativamente a suscetibilidade de lesão, e, ao mesmo tempo, minimizar desequilíbrios que possam existir entre os vários grupos musculares. nem tudo é igual Existem tantos programas de treino complementar como treinadores. Só que por vezes alguns desses treinos são irrealistas, uma vez que são tão complexos e ocupam tanto 86

tempo que se fossem cumpridos na totalidade deixavam muito pouco tempo disponível para o atleta se dedicar ao seu principal objetivo, que é pedalar. Muitas vezes, os programas vocacionados para acondicionar o betetista são desenhados segundo o modelo de treino de hipertrofia aplicado no Culturismo. O principal objetivo de um culturista é o desenvolvimento simétrico da massa muscular. Como tal, procura a hipertrofia, treinando os grupos musculares de uma forma mais isolada. Já o betetista irá usar os mesmos exercícios, mas com o intuito de os tornar mais adaptados à atividade e sem se preocupar tanto com a questão estética. Os exercícios prescritos têm um objetivo funcional, de forma a equilibrar e fortalecer as estruturas musculares e articulares, aumentando assim o rendimento na bicicleta, deixando para um plano secundário a hipertrofia muscular e a estética corporal. São usados exercícios básicos e multiarticulares, que simulam, de alguma forma, os padrões de movimento usados na bicicleta, assim como trabalham regiões que são

menos solicitadas na modalidade. A batalha contra o ego Estes exercícios têm como meta primordial demonstrar o tipo de esquema complementar à atividade ciclística. No fundo deves ser sensato e cumprir as indicações com rigor. Especialmente no início, procura auxílio junto de um técnico de exercício físico, de forma a potencializar os treinos e a diminuir o risco de lesão. Concentra-te no que estás a fazer e tenta chegar à fadiga muscular momentânea em cada série (é uma das caraterísticas dos exercícios anaeróbios), ou seja, se estiverem prescritas 12 repetições para um determinado exercício, a décima segunda será a última que conseguirás fazer mantendo uma postura correta na execução do movimento. Nesse sentido, nunca te esqueças de deixar o ego à porta do ginásio. Nunca sustenhas a respiração, e sincroniza-a com o movimento. Sê sensato, paciente e escuta o organismo, pois “ele”, melhor do que ninguém, saberá conceder-te o “feedback” mais adequado.


01 Agachamento Prescrição de treino 1 Agachamento:

3 séries (15-12-10 repetições)

2 Leg Curl na Fit Ball:

3 séries (15-20 repetições)

3 Extensões do tronco:

3 séries (15-20 repetições)

4 Oposição braço / perna:

3 séries (15-20 repetições)

5 Supino Plano:

3 séries (15-12-10 repetições)

6 Remada com halteres:

3 séries (15-12-10 repetições)

7 Puxador: 3 séries

(15-12-10 ou elevações na barra, as que forem possíveis).

Coloca os pés a uma distância similar àquela que utilizas nos momentos em que costumas pedalar. Coloca-te por debaixo da barra, fletindo os joelhos, e apoia-a na zona mais “carnuda” logo abaixo do pescoço (trapézio). Retira a barra dos suportes, e, sem te afastares muito, dá um pequeno passo para trás. Mantendo os joelhos alinhados com os dedos dos pés, faz uma flexão controlada dos joelhos e na região coxofemoral (como se te fosses sentar), desce sempre dentro do teu nível de “conforto”. A partir daí, executa o movimento inverso, fazendo a extensão do joelho. No final, volta a apoiar a barra com cuidado e recupera circulando. Inspira o ar na descida, expira na subida. Realiza o número de séries e de repetições prescrito.

Nota: Treinos a serem efetuados duas vezes por semana incluídos no treino de bicicleta de Core e de Equilíbrio Muscular já editados em números anteriores. Tem em atenção que as musculaturas necessitam de recuperar pelo menos 48 horas entre treinos e enquadra-os em dias menos intensos ou de descanso da bicicleta. Não te esqueças de consultar o teu médico assistente antes de começares este ou outro programa de exercícios.

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Atualidade

Perfil:

Nome: Filipa Gomes Peres Localidade: Porto Data de nascimento: 17/07/1993 Equipa: Clube Valongo Longusbike Comida favorita: Frango assado e Massa com atum Bebida favorita: Ice Tea

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o dia a dia de

Filipa Peres Filipa Peres foi campeã nacional de DH em 2012, precisamente como estreante na modalidade. Quem poderia imaginar que, logo no primeiro ano, esta atleta de Jovim conseguisse almejar o mais importante título nacional? Fomos conhecer melhor esta promissora downhiller que trabalha afincadamente com um único objetivo: grandes voos. Texto: Paulo Rema Fotografia: Luís Lopes

A

fórmula do sucesso? Uma dose equilibrada de perseverança e dois excelentes companheiros de treino: João Peres e Tiago Luís, que a ajudam a melhorar o seu desempenho. Depois do troféu conquistado – Campeonato Nacional -, e de alguma frustração por não ter

conseguido entrar na faculdade, Filipa Peres dedicará todo o ano de 2013 às suas duas principais metas: evoluir o mais possível na sua modalidade de eleição e melhorar a nota final para conseguir entrar, finalmente, na Faculdade de Desporto.

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