BIKE Magazine N. 228

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REPORTAGEM

Hans Rey na Guatemala

De vulcão em vulcão HANS REY E TOM OEHLER FORAM DESCOBRIR OS TRILHOS DA GUATEMALA, E PELO CAMINHO APROVEITARAM PARA VER COMO ESTAVAM OS SEUS “AFILHADOS”. PEDALAR POR BOAS CAUSAS É SEMPRE DE LOUVAR! Texto: Hans Rey Imagem: Stefan Voitl

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m jovem de 18 anos, o Kevin, encontra-se numa esquina poeirenta de uma rua dos arredores de Antigua, na Guatemala. Há dois anos recebeu uma bicicleta do projeto Wheels 4 Life através da Escuela Proyecto La Esperanza, que foi fundada e é gerida no Reino Unido. Esta escola tem um excelente programa educativo para pessoas extremamente pobres da zona de Antigua. O Kevin salta para trás da nossa pickup e guia-nos até à sua humilde casa, uma construção de tijolo com porta de metal e sem água canalizada. O seu quarto é mínimo e ao lado da sua cama armazena alguns pertences, que consistem principalmente em roupas, material escolar, troféus de futebol e a sua mais amada posse:

a bicicleta. Graças a este veículo pode deslocar-se para a escola de forma mais rápida e ser mais pontual, já que a sua família não consegue pagar o quetzal (13 cêntimos) para a tarifa do autocarro. Kevin está agora a estudar na universidade para construir uma plataforma para um futuro melhor. A sua paixão é o futebol, mas pedala na sua bicicleta por subidas, descidas e tráfego com vacas durante 10 km como um estafeta de Nova Iorque. Fico a pensar se não me ultrapassaria... O fotógrafo austríaco Stefan Voitl abordou-me para me perguntar se queria juntar-me a ele e ao atleta de Trial Tom Oehler numa aventura de bicicleta, ao mesmo tempo que se incorporava uma visita ao projeto Wheels 4 Life. Falaram-me do seu objetivo de trazer para casa uma coleção de


fotografias que iriam exibir para angariar fundos para mais um projeto Wheels 4 Life.

Sempre em altitude Encontrámo-nos na cidade de Guatemala, onde nos juntámos ao guia local, o Matt, da empresa “Oldtown Outfitters”. Tinha sugerido uma travessia de cabana em cabana nas terras altas, acima dos 3000m. Todos tínhamos bicicletas de suspensão total, exceto o Matt, que tinha uma rígida. Durante os primeiros dias fomos presenteados com voltas na zona da cidade de Antigua, que é rodeada de diversos vulcões fumegantes.

Também pedalámos no primeiro Bike Park da Guatemala – El Zur. Depois de uma turbulenta viagem de carrinha somos deixados a meio caminho do topo do vulcão de Agua, para embarcar numa descida de 20km pela floresta húmida, sobre um solo vulcânico. Uns dias depois fomos até Todos os Santos, na base da cadeia montanhosa de Cuchumantanes. O objetivo era pedalar todo o caminho através de Laguna Madalena e Chortiz até à vila de Acul Quiche em três dias, dormindo em cabanas e comendo com as famílias locais. Os trilhos, quando existiam, eram técnicos e lentos. Tínhamos

de empurrar e “trialar” com frequência, mas por entre quintas remotas e pastores errantes, raramente estávamos sozinhos, apesar de longe da civilização. Quando chegámos à pequena povoação de Laguna Magdalena os locais ficaram surpreendidos por nos verem aparecer pela encosta agreste de bicicleta. A aldeia deve o nome à bela lagoa e queda de água perto da cabana onde ficamos. Mal o Sol se pôs, tive de vestir toda a roupa que tinha. Sem eletricidade nem fogo, tínhamos de nos fiar nos cobertores. Depois de uma ronda de dados e uma garrafa do licor local, fomos dormir, ainda antes das 21h.

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REPORTAGEM

EMANUEL

PEREIRA POMBO

Nome completo: Emanuel Pereira Pombo Data de nascimento: 16/06/1987 Hobbies: Andar de mota (Enduro e motocross) Género de leitura favorito: “As Sete Leis Espirituais do Sucesso” , de DeepakChopra Música predileta: Radioactive, dos Imagine Dragons Superstição: Quando estou no gate para sair, coloco os meus goggles 30 segundos antes da partida. Dá-me conforto e confiança. Alcunha: “Pombinho”

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“PERSEGUI UM SONHO

E ALCANCEI-O” É IMPOSSÍVEL FALAR DE DOWNHILL EM PORTUGAL SEM DE IMEDIATO NOS VIR À CABEÇA O NOME DE EMANUEL POMBO. APESAR DO MUITO QUE JÁ CONQUISTOU AO LONGO DA CARREIRA, O TITULADO BETETISTA CONTINUA A APRESENTAR A MESMA AMBIÇÃO DE SEMPRE E NÃO SE CANSA DE PERSEGUIR A SIMBIOSE PERFEITA ENTRE ELE, A PISTA E A SUA BIKE! [texto] Fernando Lebre[imagem] João Carlos Oliveira e arquivo

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Escola PARA O COMUM PRATICANTE DE BTT, MESMO A NÍVEL AMADOR, EXISTE SEMPRE A AMBIÇÃO DE REALIZAR UMA TRAVESSIA. ESTE MÊS VAMOS ABORDAR ESTE TEMA E MOSTRAR TODOS OS PARÂMETROS QUE DEVEM SER TIDOS EM CONTA PARA TE PREPARARES PARA UM EVENTO DESTE TIPO. [texto] Tiago Aragão [imagem] Arquivo

TREINO PARA UMA TRAVESSIA

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BTT


O PONTO DE PARTIDA

Na perspetiva do atleta, independentemente de encarar a prova com maior ou menor ambição competitiva, é lógico que este deve encarar a mesma com capacidade física para a finalizar com qualidade e sem um impacto físico demasiado abrupto para o organismo. Assim, mais do que a simples decisão de inscrição na prova, devemos olhar a mesma no tempo, de forma a conseguir delinear todo o processo de treino que possibilitará chegar à competição minimamente preparado para o desafio.

1.1. O perfil Um aspeto que devemos desde logo estudar é o perfil gráfico, verificando o desnível acumulado, o quanto as etapas são ou não rolantes, bem como verificar a exigência técnica do percurso. Tudo deve ser analisado não só com base nos dados fornecidos pelas organizações, mas também através da recolha de opinião de atletas mais experientes que já tenham realizado a prova. Muitos inscrevem-se em determinadas competições mais por uma questão de motivação, descurando a racionalidade. É claro que devemos colocar emoção em tudo na vida, pois é um dos condimentos que mais nos faz vibrar, principalmente quando desfrutamos das nossas “montadas”, porém, quando o desafio é demasiado exigente em relação às nossas capacidades, a deceção pode ser bastante mais “dolorosa” do que podemos imaginar. 1.2. A extensão Outra dimensão da prova que devemos estudar é a sua extensão. Quer ao nível da quilometragem total, como diária, tendo em consideração por quantos dias se estenderá a mesma. Tal como em outras modalidades, a partir de um determinado momento do nosso percurso desportivo e com o crescimento da nossa experiência é natural procurar desafios maiores, contudo, devemos ter em atenção a proporção da distância a percorrer, e o que normalmente

conseguimos treinar, de modo a que não fiquemos perante um desafio demasiado ambicioso para as nossas possibilidades. 1.3. Data O momento em que o evento se desenrolará no contexto anual deverá também ser ponderado. Naturalmente, as provas mais longas em termos de dias e com maior peso de quilometragem diária deverão ser preferenciais para o verão e outono, pois permitirão que tenhamos mais tempo para preparar as mesmas, devido não só à limitação temporal (horário de inverno) que poderá em muitos casos limitar a capacidade de treino de atletas amadores com uma vida profissional normal, bem como a possibilidade de enfrentarmos um inverno mais rigoroso que, além de tornar os dias pequenos, nos pode presentear com várias semanas em que o treino “outdoor” fique bastante condicionado, ou mesmo impossibilitado. Para optar por uma prova que se desenrole na primavera, por exemplo, devemos acautelar a nossa capacidade de treino durante o inverno, e mesmo ponderar passar horas a fio em treino “indoor” (rolos ou bicicleta estática). 1.4. Meios Devemos olhar também para os recursos materiais disponíveis para levar a cabo a preparação. Isto para podermos salvaguardar qualquer contratempo que impossibilite de

executar algum treino, e permitir que possamos ter um plano B de forma a não condicionar o processo. Para além disso, poderá surgir a necessidade de dividir os treinos entre a bicicleta de BTT e de estrada - quer por imposição do plano de treino a seguir, quer pela facilidade que possamos ter em treinar mais na estrada, quer por um problema técnico que possa surgir e que nos obrigue a optar pela outra bicicleta, não abortando qualquer treino. A par disto, e no seguimento dos problemas meteorológicos que poderão impossibilitar uma saída para treinar, se tivermos à disposição uns rolos de treino, conseguimos também superar essa condicionante e levar a cabo o treino previsto. Estes são os recursos primordiais, havendo outros que são também importantes em todo o processo e que aumentam o nível de qualidade do nosso treino, como o GPS/ciclocomputador, sensores de cadência/velocidade, monitor da frequência cardíaca, potenciómetro, entre outros. 1.5. Mãos à obra! Dedica entre 4 a 6 meses à preparação da prova. Este período pode ser mais ou menos extenso, consoante o nível de prontidão física, experiência e exigência do percurso competitivo. Definir o que fazer em cada mês/ semana de treino permite que se cometam menos erros de planificação. Este documento ajudará a elaborar um programa de treino básico que cada um poderá adaptar à sua realidade. bikemagazine 85


COMPETIÇÃO

COSTA BLANCA

ORGULHO LUSO TALENTO, GARRA E QUERER. TIAGO FERREIRA E DAVID ROSA EVIDENCIARAM TODAS ESTAS QUALIDADES PARA ESCREVEREM MAIS UMA PÁGINA DE GLÓRIA DO BTT NACIONAL OFERECENDO À SELEÇÃO NACIONAL A VITÓRIA NA COSTA BLANCA BIKE RACE. A DUPLA LUSA DEIXOU PATENTE A SUA SUPERIORIDADE VENCENDO DUAS DAS QUATRO ETAPAS DA CORRIDA ESPANHOLA. [texto] Fernando Lebre [Fotografia] Armin M. Küstenbrück, UVP-FPC

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POR TERRAS ESPANHOLAS, TIAGO FERREIRA E DAVID ROSA VOLTARAM A ESCREVER UMA PÁGINA DOURADA DO BTT NACIONAL OBTENDO UMA IMPORTANTE VITÓRIA AO SERVIÇO DA SELEÇÃO NACIONAL/ LIBERTY SEGUROS

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o ponto de vista

competitivo, o BTT nacional vive uma era desportiva de agradável fulgor com a existência de um conjunto de betetistas nacionais que demonstra talento e capacidade para ombrear com os melhores do panorama internacional. Tiago Ferreira e David Rosa fazem, inquestionavelmente, parte desse naipe de talentosos atletas. Como dupla, e ao serviço da Seleção Nacional/Liberty Seguros, voltaram a dar uma enorme alegria aos adeptos lusos ao conquistarem a vitória na Costa Blanca Bike Race competição que decorreu por terras espanholas entre os dias 28 e 31 de janeiro. Contudo, antes de

chegar a tão ansiada bonança, os tempos foram de tempestade com a competição espanhola a iniciar-se de forma atribulada em virtude de os resultados da etapa inaugural, que ligou Benidorm a La Núcia, terem sido anulados devido a atos de vandalismo que alteraram a sinalização do percurso, colocando consequentemente em causa a verdade desportiva. Em virtude dos percalços existentes no primeiro dia pode dizer-se que a competição, propriamente dita, só começou a rolar à segunda etapa, por intermédio de uma jornada de 43 quilómetros em redor de Finestrat ganha pela dupla checa constituída por Jan Skarnitzl e Matous Ulman (SRAM Mitas Trek/Ceska Sporitelna Accolade). Logo neste dia, Tiago

Ferreira e David Rosa deram mostras de que estavam na corrida com aspirações à vitória final alcançando o segundo lugar da tirada e deixando excelentes indicações para o que faltava ainda correr. Em plano de destaque estariam igualmente Mário Costa e Ricardo Marinheiro (Seleção Nacional/Liberty Seguros2), a outra equipa portuguesa presente na competição e que finalizou no quarto posto as contas desta etapa.

Ferreira e Rosa: reis em Espanha

Com o terceiro dia de competição, chegava igualmente a tirada rainha desta edição da Costa Blanca Bike Race com os pretendentes ao triunfo final a terem perfeita noção de que a sua sorte passava, bikemagazine 91


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