Ciclismo a Fundo 30

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Conheça o ponto de vista dos importadores sobre 2013 e o que aspiram em 2014

Nesta edição mostramos-lhe uma coleção gigantesca de bidons, a Haute Route e o Granfondo de Roma

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Festival bike

ISBN 5601753002225

Travões de disco revolucionam a vencedora do Paris-Roubaix

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Roubaix SL4 Sport Sram Disc


entrevista :: Rui Costa Apoteótica! Assim foi a receção a Rui Costa no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, aquando do seu regresso ao país, pouco tempo depois de ter vencido o Mundial. Com um olhar que espelhava as cores do arco-íris que agora ostenta, o ciclista foi alvo de todas as atenções por parte dos Media e dos muitos fãs que se deslocaram até lá. A Ciclismo a fundo não faltou ao evento e dá-lhe agora conta das primeiras palavras ditas em solo luso pelo novíssimo Campeão do Mundo! Texto: José Paulo Silva e Magda Ribeiro Fotos: José Paulo Silva/ Momento Certo

“É um ano para nunca mais esquecer" 18

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dmirado com a dimensão do acolhimento dos portugueses no seu regresso à pátria, mas já ciente da grandiosidade do feito obtido por terras transalpinas. Apesar de ter alcançado um dos maiores êxitos do ciclismo nacional (porventura o maior), Rui Costa mostrou não estar “deslumbrado” com a vitória alcançada e promete que são muitos os objetivos que ainda acalenta na carreira. Prestes a iniciar um novo desafio na sua vida desportiva – em 2014 estará ao serviço da Lampre/Merida –, o corredor lusitano demonstra que a obtenção da medalha de ouro “apenas” concedeu um pouco mais de brilho ao caminho que ainda pretende calcorrear.

O que muda o facto de se tornar Campeão Mundial? Normalmente, o pelotão concede um pouco mais de respeito ao portador desta camisola. O significado

Contava com uma receção apoteótica como aquela de que foi alvo na chegada ao Porto? Já esperava uma boa receção mas realmente observar tanta gente que ali estava por mim foi algo de verdadeiramente extraordinário. Fiquei super feliz. É uma alegria enorme. O dia 29 de setembro ficará para sempre marcado na sua carreira e no desporto português? Sim, sem dúvida. A vitória no Mundial foi não só minha como também dos meus companheiros Tiago Machado e André Cardoso, assim como de todo o staff técnico. Todo o grupo em si foi vencedor. Qual é o significado de usar, durante um ano, a camisola arco-íris? É algo novo para mim. Quase todos os corredores sonham um dia poder vestir esta camisola. Conseguir concretizar esse objetivo aos 26 anos foi um sonho tornado realidade.

Qual o significado de um título mundial para Portugal? Na minha opinião, esta conquista foi positiva não só para o ciclismo nacional como também para o país em si. Desejo que este triunfo resulte num aumento de jovens praticantes, já que eles poderão ser os futuros campeões. Nesta receção que tive notei que os mais novos tinham um brilho especial no olhar, por terem um Campeão do Mundo no seu país. Temos de acarinhar os jovens ciclistas e trabalhar com eles para que, um dia, eles se tornem nos futuros “Rui Costa”. Este título poderá dar mais visibilidade ao ciclismo por parte da Comunicação Social generalista? Espero que este título mundial possa dar um outro interesse ao ciclismo por parte dos Media. Acho que esta modalidade merece mais protagonismo. Um ano… para recordar! Este foi um ano de sonho? Sim, é um ano para nunca mais esquecer. Sei que vai ser complicado igualar os resultados que obtive, mas não vou baixar os braços. Vou continuar a trabalhar para que 2014 seja um ano tão bom quanto este.

Foi a melhor temporada da sua carreira? Sem dúvida. Consegui renovar o título na Volta à Suíça, ganhar duas etapas na Volta a França, fui Campeão Nacional e o título mundial foi a cereja no topo do bolo. Novo ano, novas metas? No próximo ano vai envergar as cores da equipa Lampre/Merida. O que vai mudar? Saio de um grupo onde estive praticamente seis anos e vou passar para uma outra equipa, agora italiana. Apesar de não ser muito diferente de uma espanhola, terá as suas especificidades. Penso que me vou adaptar da melhor forma a este novo conjunto. Ser chefe de fila numa nova equipa vai alterar as suas metas para a próxima temporada? Não, os meus objetivos serão muito idênticos aos que foram este ano, apesar de estar numa nova estrutura. Poderá lutar por uma medalha olímpica a médio prazo? Para já não penso nos Jogos Olímpicos. Neste momento, estou mais focado nos resultados que conquistei este ano. Irei, nos próximos tempos, refletir não só nas vitórias que consegui em 2013, como também no sofrimento porque passei no decurso do trabalho que realizei. Ainda assim acredito que com o aproximar dos Jogos Olímpicos irei pensar de forma diferente.

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atualidade :: Festival Bike

A grande montra Entre os dias 18 e 20 de outubro, o CNEMA, em Santarém, voltou a encher-se de vida para dar forma à 10.ª edição do Festival Bike, maior feira de bicicletas levada a cabo no nosso país e um marco onde todos os que orbitam na indústria do sector fazem questão de marcar presença. Texto: Fernando Lebre Fotografia: Luís Duarte

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ano de 2013 ainda não finalizou, mas é já 2014 que vai dominando a mente de quem faz da indústria das bicicletas o seu modo de vida. Na cidade escalabitana testemunhámos o poderio do Festival Bike, certame que,

uma vez mais, voltou a dar uma excelente “prova de vida”. Conversámos com os expositores e pedimos-lhe uma retrospetiva do ano que agora finda, assim como as suas ânsias e metas para o período de 365 dias que se apresta a nascer.


Bicimax Altis

Fernando Oliveira

“O grupo Altis opera há mais de 60 anos no mercado. Comercializamos marcas como a Silverback, que denota uma enorme modernidade nos seus conceitos de conceção. Neste momento encontramo-nos a exportar para Angola, que começa a tornar-se num mercado muito interessante para nós. Desejo que em 2014 esta parceria se acentue e dê ainda mais frutos. De entre as nossas marcas de componentes destaco a alemã Casco. É um produto europeu, que para além de atuar no mundo do ciclismo, fornece igualmente forças de segurança, podendo ainda ser encontrado na atividade equestre. É um fabricante fantástico e de uma qualidade a toda a prova”.

Ricardo Figueiredo

“O destaque da Trek para o novo ano é a ‘democratização’ da plataforma Project One. Até ao momento, apenas era possível fazer uma personalização de bicicletas de gama alta e o que a Trek se propõe agora é estender este projeto a outras gamas mais baixas, alargando assim o leque de oportunidades para o consumidor final. Esta é uma plataforma muito popular ao nível das vendas, permitindo customizar as bicicletas desde a pintura até aos mais diversos componentes a um preço extremamente acessível. Com esta estratégia, vamos ao encontro de um conceito ‘crie você mesmo’, e que se encontra cada vez mais em voga”.

Rui Amador

Berria Bikes

Recém-chegada ao nosso mercado, esta marca deu que falar em Santarém. Fê-lo não só pela pujança denotada nos modelos expostos, nomeadamente ao nível da múltipla variedade de cores, mas também pela promoção de um bem apetrechado museu, onde foi possível vislumbrar algumas peças históricas que ajudaram a escrever alguns dos mais importantes episódios do ciclismo mundial. Embora a Berria viva ainda um “Ano 0” no nosso país, a viagem no tempo proporcionada por aquele fabricante permitiu sentir o pulso à enorme paixão pela modalidade que emana das gentes daquela marca.

Biciway

“Esta é uma máquina de ‘vending’ direcionada para a bicicleta e que pode assumir-se como um ‘funcionário’ de loja, que está virado para a rua e disponível 24 h por dia. Pretendemos que esta máquina possua no mínimo 70% de produtos diretamente ligados ao ciclismo e que permitam ao utilizador de bicicleta adquirir o produto que mais necessitar a qualquer hora do dia ou da noite. Nesta máquina podemos encontrar tudo aquilo que a loja quiser vender, desde bebidas energéticas, água, pequenos componentes, câmaras de ar, luzes, etc. Possui equipamento antivandalismo, e, para, além disso, pode ainda ser rentabilizada enquanto expositor de publicidade”.

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reportagem :: Haute Route 2013

Sonhar não custa‌ pedalar, sim

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Como é estarmos por dentro de uma prova de nível profissional sem sermos o Rui Costa? Esta é a história do único português que fez a Iron Ride, uma prova com 1600 km incluindo mais de 40.000m de subidas. E sobreviveu para contar… Texto: Nuno Henrique Luz Fotografias: Manu Molle

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magine que não é o Rui Costa. (Se é, parabéns pelo Campeonato do Mundo). Imagine que não sendo o Rui Costa gostava de saber o que é sê-lo por uns dias e ter uma ideia do que é estar por dentro de uma prova de escalão profissional. Isto é, uma competiçãocom um pelotão internacional, um percurso cheio de história com subidas lendárias, por exemplo nos Alpes ou nos Pirinéus, e de um modo geral a impressão de estar a viver uma experiência rara, daquelas com que o comum dos mortais ciclistas só fantasia. Uma prova com escolta policial permanente, estradas desimpedidas e trânsito automóvel cortado em cada povoação pelo caminho.

E motas para trás e para frente, algumas com os placards eletrónicos que no Tour dão aos homens da fuga o tempo de avanço que ainda têm para o pelotão, e aqui dão ao pelotão os tempos-limite e os alertas de segurança. Uma prova onde até a assistência mecânica é garantida pelas mesmíssimas carrinhas amarelas da Mavic (e, por vezes, pelos mesmos mecânicos; um deles é português, o António) que vemos na televisão durante as etapas do Tour. Onde no final há um exército de 30 massagistas para tratarem de pôr de novo em condições normais de funcionamento as pernas desfeitas pelas dificuldades do dia. E, como se não bastasse, ainda temos à disposição (gratuitamente, tal como

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competição

:: Granfondo Sky Road Aldeias do Xisto

Moda que veio para ficar!

Um conceito bem conseguido, uma fórmula de sucesso e uma moda que definitivamente parece ter vindo para ficar e que corre o sério “risco” de se multiplicar nos próximos anos. Assim se pode definir, em traços gerais, o panorama dos Granfondos no nosso país. O Granfondo Sky Road Aldeias do Xisto serviu de “pedra de toque” e a segunda edição deste evento voltou a traduzir-se num enorme sucesso. Texto: Fernando Lebre Fotografias: Agnelo Quelhas

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epois de no ano transato se ter traduzido numa iniciativa de enorme sucesso, a Lousã voltou a vestir, no dia 12 de outubro, o seu “fato de gala” para receber com pompa e circunstância a segunda edição do Granfondo Sky Road Aldeias do Xisto, iniciativa a cargo da empresa Ultra Spirit e que, uma vez mais, voltou a traduzir-se num êxito de proporções assinaláveis. Uma jornada de excelente promoção para a bicicleta, à qual não faltou uma causa solidária em prol da Associação de Pais e Amigos das Crianças com Cancro (ACREDITAR), que foi apoiada por diversas figuras mediáticas. Evento vocacionado para todos os pra-


Tiago Machado e Vítor Gamito foram duas das caras mais conhecidas a participar nesta segunda edição

bem organizado secretariado, que recebia condignamente os participantes e onde os elementos do staff respondiam às dúvidas colocadas pelos inscritos. Em simultâneo, e tirando partido de um espaço cada vez mais concorrido, os patrocinadores do evento aproveitavam a ocasião para erigir stands promocionais, onde davam a conhecer os seus produtos. Em paralelo, os diálogos cruzados tinham muitas vezes um denominador comum, anunciando uma vitória que transitava de “boca em boca”: a fasquia dos mil participantes (dos quais 40 de nacionalidade estrangeira) estava alcançada! A hora de jantar aproximava-se e aos poucos o astro rei ia despedindo-se, prometendo voltar para brilhar no dia seguinte, isto a fazer fé nas previsões meteorológicas que acabariam por se confirmar.

ticantes de ciclismo e cicloturismo, a edição 2013 do Sky Road começou a ganhar vida ainda no decurso do dia 11 de outubro. Era sexta-feira e o final de tarde solarengo, com uma temperatura amena, acentuava ainda mais a beleza paisagística da região centro. Na estrada rumo à Lousã, multiplicavam-se as viaturas automóveis que no seu tejadilho carregavam reluzentes bicicletas, deixando antever com facilidade, mesmo aos transeuntes menos atentos, qual seria o seu destino final. À semelhança do que já houvera ocorrido na edição inaugural, o hotel Meliá Palácio da Lousã serviu como primeiro centro de operações, ali estando instalado um

“Tête-à-tête” com os Media Era tempo de dar início a uma concorrida conferência de imprensa, onde para além de membros da comunicação social, representantes da organização e dos cinco municípios envolvidos no itinerário da prova, se aliaram outros nomes de peso do desporto português. Foi neste período que estivemos à conversa com o vencedor da Volta a Portugal 2000, Vítor Gamito, uma das cabeças de cartaz daquele evento: “Este ano decidi aventurar-me pelo Granfondo, pois esta é uma corrida que se enquadra no meu plano de preparação para a Brasil Ride. Para conseguir ter um bom desempenho nas competições de BTT é benéfico realizar uma boa preparação com bicicletas de estrada. A vertente solidária desta ini-

ciativa é outras das razões porque marco presença. Penso que o conceito do Sky Road é já um sucesso em diversos países da Europa e realmente fazia falta em Portugal existir uma competição deste calibre. O percurso é bastante seletivo e com uma paisagem lindíssima”, referiu aquela glória do nosso ciclismo, que anunciou, entretanto, a vontade de voltar a competir na Volta a Portugal. No contato direto com os Media estiveram algumas figuras de vulto dos mais diversos quadrantes, enquanto na plateia nomes como a betetista Celina Carpinteiro, ou os ciclistas Joni Brandão, Telmo Pinão e Sérgio Sousa, entre outros, abrilhantavam ainda mais a cerimónia. O alpinista Ângelo Felgueiras representou, na mesa de honra, os atletas do Team Acreditar: “Dou os meus parabéns à organização pela coragem e perseverança de colocar este projeto de pé. A Associação Acreditar foi a causa que me fez estar aqui. Espero que a colaboração prestada por mim e pelos demais atletas que compõem o Team Acreditar incentive aqueles que passam por um momento difícil, e que sirva para dar visibilidade ao grande exemplo de civismo e cidadania que esta entidade personifica”. Presença notada foi igualmente a do Presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC) Delmino Pereira. Numa altura em que o turismo desportivo começa a ganhar um papel crescente no seio da nossa economia, o líder federativo enalteceu as potencialidades deste evento também a esse nível: “Desde o primeiro dia que considerei o Granfondo  dezembro 2013 / janeiro 2014

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