Ciclismo a Fundo N.40

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GRANDE ENTREVISTA

Geraint Thomas e Américo Silva Bimestral I agosto / setembro 2015 Nº40 I PVP 3,95€ (continente)

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EXCLUSIVO

TUDO SOBRE AS NOVIDADES

2016

SCOTT / KTM / CANNONDALE GIANT / CANYON / CUBE FOCUS / CORRATEC / MERCKX

77ª Volta a Portugal em Bicicleta

MERIDA

REACTO TEAM

TESTÁMOS A BICICLETA DE RUI COSTA COMPETIÇÃO

Conheça as etapas e as maiores dificuldades da Volta a Espanha

REPORTAGENS

O Gerês Granfondo e o Sky Road Serra da Estrela marcaram os meses de junho e julho

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Etapas / Altimetrias / Eventos paralelos / Comentários de Joaquim Gomes e Paulo Martins

Ve ja a q ui o ví d e o HISTÓRIA

Relembramos as peripécias da primeira Volta a Portugal em Bicicleta


apresentação

:: Giant 2016

Rompendo

as barreiras O maior construtor mundial, a Giant, não quer ficar atrás na luta contra o peso, e foi com isso em mente que lançou a nova geração da gama TCR, bem como novos selins e rodas ultraleves. Texto: Carlos Almeida Pinto Fotos: Sterling Lorence

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Nesta apresentação tivemos a oportunidade de subir a serra Tramuntana e o mítico pico de Puigmajor

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nquanto metade do país apanhava banhos de sol em Portugal, a Ciclismo a fundo foi até Palma de Maiorca conhecer as novidades da Giant para 2016. Na calha, este construtor taiwanês tinha a renovada TCR Advanced, o topo de gama desta marca. A TCR existe em três montagens diferentes, a Advanced, a Advanced Pro e a mais leve – e cara – Advanced SL. Todas partilham o mesmo design em termos de quadro, mas a versão SL possui um tipo de carbono de alto módulo mais exclusivo. O construtor taiwanês orgulha-se de afirmar que a construção manual consolida o cuidado que a marca tem perante cada quadro, conferindo-lhe personalidade, rigor e detalhe de construção. Cada formato, junção ou camada de carbono foi estrategicamente pensada com o objetivo de manter um rácio peso/ rigidez otimizado. POR QUE MOTIVO REDESENHARAM A GAMA TCR? O objetivo era claro: num mundo cada vez mais competitivo, e sendo a gama TCR a mais exclusiva e orientada para a performance (lembramos que a TCR é utilizada pela equipa Giant/Alpecin), era necessário aligeirar ainda mais e puxar pelos galões, exigindo mais rigidez aos engenheiros. E tal foi feito. Vamos aos números. Este TCR é 12% mais leve do que a geração anterior. Para além disso, a forqueta sofreu uma redução de 30g tendo também sido realinhado o ponto de acoplamento da parte inferior dos rolamentos da caixa de direção. 2016 significa um passo importante para esta marca, pois aposta forte na redução de zonas estratégicas do quadro, com destaque

Que bicicleta extraordinária. A TCR está mais leve, mais rígida e com um desempenho ao nível do World Tour para o tubo horizontal, espigão de selim e escoras. O eixo pedaleiro Powercore foi também refinado com a clara intenção de desbastar excesso de material – leia-se, carbono – no interior, sem prejudicar a rigidez – algo que é vital numa bicicleta que privilegia a performance – e, para além disso, face ao modelo antigo a nova Giant TCR Advanced sofreu uma cura de emagrecimento no seu característico espigão de selim integrado, denominado Variant. Atrás, as escoras compactas garantem uma agilidade fora do normal, e a cablagem interna implica externamente uma imagem mais limpa. Tudo isto num conjunto quadro/forqueta em fibra de carbono de última geração. COMO É QUE SE COMPORTA NA ESTRADA? Tivemos a oportunidade de testar a topo de gama SL nas estradas de Palma de Maiorca. No primeiro dia uma curta volta de pouco mais de 50 km e composta por estradas secundárias com piso aceitável, passando por uma secção de pavê em mau estado e terminando num troço de terra batida serviu de entrada para o segundo dia, uma volta mais longa de 120 km com

Novas rodas

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Giant já produz rodas há alguns anos, mas todas elas eram de gama média e média/baixa. Agora chegou a vez do lançamento de uma linha de rodas de alta gama em carbono viradas para a performance. Também aqui o objetivo foi o de apresentar soluções superleves e rígidas. Estas novas rodas possuem uma tecnologia revolucionária chamada Dynamic Balanced Lacing, que implica uma tensão dos raios otimizada, tornando o aro mais rígido. Na prática, os raios têm diferentes torques de aperto e quando as rodas estão em movimento, essa tensão é balanceada entre os raios que sofrem cargas positivas, face aos que recebem cargas negativas (as diferentes tensões são aplicadas porque há ângulos que aportam mais carga de alavancagem do que outros). Testámos a versão SLR 0 (cujo peso se cifra nos 1331g) em Maiorca e ficámos impressionados com a leveza, rigidez, inércia e capacidade de travagem, mesmo com temperaturas acima dos 35 graus. Estas rodas para pneu são compatíveis com o sistema tubeless, o que é sem dúvida uma excelente notícia, pois é o futuro no que às rodas/pneus de estrada diz respeito. A gama de rodas para 2016 possui seis modelos, incluindo três aerodinâmicos, que vão dos 1335g até aos 1860g.  agosto / setembro 2015

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reportagem :: Gerês Granfondo Cycling Road

Chuva, muros e muita animação Com cerca de 1500 inscritos à partida, a edição desde ano do Gerês Granfondo Cycling Road voltou a demonstrar a vitalidade do formato, mas também a força que os Granfondos vão tendo em Portugal. Texto: Ricardo José Gouveia Fotos: Miro Cerqueira, Eduardo Campos, Laureano Freixo e Tiago Ferreira

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O mau tempo abateu-se sobre a Serra do Gerês de forma impiedosa, mas nada fez demover a maioria dos participantes que foram brindados com paisagens de cortar a respiração

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reportagem :: Regras de condução na estrada

As regras

de ouro

Respeitar para exigir o direito a ser respeitado. Este é um conceito que deverá estar sempre presente na mente de um ciclista na hora de sair para a estrada, sendo imperioso que tanto os utilizadores de bicicleta, como os automobilistas, estejam cientes dos seus direitos e deveres na partilha da via pública. Recordamos algumas dessas regras de ouro. Texto: Fernando Lebre Fotos: Fotolia

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antos de nós ciclistas ficamos, muitas vezes, inquietos nos momentos que antecedem a saída para a estrada, por temermos um encontro imediato com um veículo motorizado que venha colocar em causa a nossa integridade física. Aqueles que agora nos leem e que habitam em grandes centros urbanos e, consequentemente, em zonas com uma maior densidade de tráfego, sentem particularmente na pele esta ansiedade redobrada. Recorrer a preces para apelar à ajuda divina e acumular amuletos para atrair a proteção da boa sorte são práticas comummente utilizadas. Nada temos contra as mesmas, bem pelo contrário, mas é necessário a aplicação de um outro ingrediente

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primordial para que esta se torne definitivamente numa fórmula de sucesso: o bom senso. No momento de sair de casa para dar início a uma boa sessão de pedaladas, este nunca deve ficar no recato do lar, mas sim acompanhar-nos como inseparável parceiro de viagem, refletindo-se no respeito, no trato com todos aqueles que connosco partilham a via, assim como no conhecimento adequado das regras de circulação. UM NOVO PARADIGMA As primeiras horas de 2014 assinalaram o início de uma nova realidade em Portugal na relação entre bicicletas, peões e veículos motorizados, com a entrada em vigor do novo Código da Estrada. Este

documento veio permitir que os velocípedes passassem a gozar de um estatuto equiparado ao dos veículos motorizados, numa clara intenção do legislador em seguir a tendência já vigente em diversos países do panorama europeu, e no qual o ciclista é encarado como um utilizador de pleno direito do espaço rodoviário. Esta alteração conduziu a mudanças de monta em hábitos que se haviam tornado rotineiros com o passar dos anos. Uma das mais relevantes é o facto de os ciclistas terem deixado de ter a obrigatoriedade de conceder prioridade aos veículos motorizados em cruzamentos ou entroncamentos, cenário verificado até então. Deste modo, e em caso de não existir sinalização em


Este artigo conta com o apoio:

Cada vez há mais ciclovias mas a nova legislação permite a circulação de bicicletas na via pública equiparando-as a um automóvel

contrário, na cedência de passagem tem prioridade quem se apresenta pela direita, mesmo tratando-se de uma bicicleta (não existindo assim distinções entre os veículos motorizados e velocípedes). Deste modo, as bicicletas passaram a gozar de um papel de igualdade com um veículo motorizado no que à disciplina do trânsito diz respeito. Já nas rotundas, a revisão legislativa passou a determinar que o condutor de um velocípede deve ocupar a via de trânsito mais à direita, sem prejuízo de facultar a saída dos condutores que assim o desejem. De realçar também que sempre que assim o desejarem, as crianças até aos dez anos podem andar de bicicleta nos passeios, desde que não ponham em perigo ou

perturbem os peões, sendo, neste caso específico, equiparadas ao trânsito de peões e não de automóveis. UM TEMA A PONDERAR Uma das questões que continua a causar mais celeuma no debate da relação entre veículos motorizados e velocípedes em plena via pública é a não obrigatoriedade que estes últimos têm em possuir um seguro de responsabilidade civil. Embora por norma os acidentes que envolvem bicicletas ocorram a velocidades reduzidas, e, desse modo, os mesmos reúnam menores índices de perigosidade, não é incomum existirem danos materiais a lamentar. Se a responsabilidade do sinistro for imputada ao condutor

de um veículo motorizado, a empresa seguradora do respetivo veículo terá a seu cargo o ressarcimento dos custos resultantes do incidente. Se, pelo contrário, a responsabilidade for do ciclista, e o mesmo não for possuidor de seguro de responsabilidade civil, caber-lhe-á arcar, a título individual, com os custos inerentes à reparação do ou dos demais veículos acidentados, assim como os tratamentos médicos de que tenham de ser alvo os peões ou condutores dos restantes veículos envolvidos no acidente. Perante estes dados, cabe a cada ciclista tomar a decisão se no seu caso específico acha conveniente, ou não, subscrever um seguro de responsabilidade civil.  agosto / setembro 2015

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competição

:: Antevisão da 77.ª Volta a Portugal

Aí está ela! Tem uma idade respeitável mas procura renovar-se a cada ano que passa. Falamos, claro está, da Volta a Portugal/Liberty Seguros, prova que promete, uma vez mais, galvanizar os adeptos lusos com escaldantes duelos encetados do primeiro ao último dia. Está preparado para ver as máquinas a rolar pelo asfalto já no dia 29? Texto: Magda Ribeiro e Fernando Lebre Fotos: Luís Duarte, João Carlos Oliveira e Podium

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ara quem aprecia numerologia, o sete é um dos números que mais salta à vista. São sete os dias da semana, sete as maravilhas do mundo antigo, sete os pecados mortais, sete as pragas do Egipto, sete as notas musicais, sete as cores do arco-íris, sete os mares, sete as colinas de Lisboa… Seguindo esta ordem de ideias, também a Volta a Portugal/Liberty Seguros, que ocorrerá entre os dias 29 de julho e 9 de agosto, fica marcada este ano por este número repleto de simbologia... e logo a dobrar! Isto porque tem lugar a 77.ª edição da mais importante corrida por etapas a nível nacional, cuja primeira edição foi em 1927. À semelhança do que tem acontecido nos últimos anos, a prova contemplará 11 dias de competição (um prólogo e dez etapas) e ainda uma jornada de descanso. Com a partida a ser dada em Viseu, e a chegada a ocorrer na capital portuguesa, o pelotão, composto por cerca de 150 ciclistas, terá pela frente um trajeto de 1.551,7 quilómetros. Com tiradas para todos os gostos, mas nas quais a montanha terá maior peso, resta saber quem levará a melhor e irá juntar o seu nome à notável galeria de vencedores da competição. SEMPRE A MONTANHA... Ainda não é este ano que a Volta a Portugal/Liberty Seguros regressa às regiões mais a sul do país. No entanto, retorna o nordeste transmontano, que há algum tempo se encontrava arredado do mapa da prova. Em relação ao trajeto em si, a corrida inicia-se na urbe de Viriato com um prólogo de seis quilómetros, que terá o condão de estabelecer as primeiras diferenças na geral, mas que acima de tudo irá permitir conhecer qual o ciclista que irá vestir a camisola amarela número um. Há duas etapas que saltam à vista de quem aprecia a “hora das decisões”. Uma delas é a 4.ª, na qual será possível assistir à já mítica escalada à Senhora da Graça (em Mondim de Basto). A outra é a 7.ª, que surge logo após o dia de descanso e que culmina na Torre. Partindo de Condeixa-a-Nova, município que faz a estreia absoluta na prova, a tirada apresenta, ainda assim, uma novidade relativamente aos últimos anos: recupera a vertente Covilhã Penhas da Saúde - Seia (Torre).

Apesar das dificuldades inerentes a estas duas jornadas, certo é que haverá ainda outras etapas que poderão estabelecer diferenças no que diz respeito às contas da geral, como é o caso da 2.ª, que irá finalizar na Serra do Larouco (contagem de montanha de 1.ª categoria) ou da 5.ª, com a subida ao Monte de Santa Luzia, em Viana do Castelo. Ainda que a Volta a Portugal/Liberty Seguros esteja particularmente vocacionada para todos aqueles que fazem da montanha o seu terreno de eleição, os aspirantes a vencedores não poderão descurar o contrarrelógio individual ao penúltimo dia, entre a Praia do Pedrógão e Leiria. Em Lisboa encerra-se a competição, com um circuito final, que fecha com chave de ouro a 77.ª edição da prova, sob o epiteto do 7: serão sete quilómetros percorridos por…sete vezes, claro está! AS HOMENAGENS A corrida deste ano tem a particularidade de homenagear duas figuras de primeira linha da modalidade. São elas Peixoto Alves e Francisco Araújo. O primeiro será evocado à 5.ª etapa, quando a caravana sair da freguesia de Palmeira. Natural de Soutelo, Vila Verde, o antigo corredor minhoto – que se iniciou como popular no FC Porto e que terminou a carreira no SL Benfica – foi o vencedor da Volta a Portugal de 1965, precisamente há meio século. Para além desta conquista, Peixoto Alves finalizou por três vezes a

A Academia da Volta Procurando criar uma maior interatividade do ciclismo com o público mais jovem, uma equipa de professores e monitores especializados na modalidade irá visitar escolas situadas nas localidades por onde o pelotão da Volta a Portugal/Liberty Seguros vai passar. Um conjunto de palestras e workshops servirão para divulgar as vantagens de uma vida saudável através da prática desportiva. Do mesmo modo, nos momentos que antecedem as partidas de cada uma das etapas serão realizados pequenos workshops teóricos e práticos.

“Grandíssima” no pódio (foi 2.º em 1962 e 1966, assim como 3.º em 1963), tendo marcado presença em três edições da Volta a Espanha e em dois Campeonatos do Mundo. Do mesmo modo, também o histórico mecânico de Joaquim Agostinho será homenageado nesta edição, aquando da 10.ª e última etapa, disputada entre Vila Franca de Xira e Lisboa. O momento simbólico ocorrerá na passagem por Sacavém, de onde é natural Francisco Araújo, que chegou a ser considerado o melhor mecânico do mundo pelo L`Equipe nos anos de 82 e 83. Tendo começado a exercer o ofício aos 13 anos, esteve ao serviço de várias equipas de ciclismo nacionais como o Sporting, Águias Clock, Coelima, Olhanense ou Ruquita Feirense. No estrangeiro acompanhou Agostinho  na sua carreira internacional. agosto / setembro 2015

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