Ciclismo a Fundo N41

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GRANDE ENTREVISTA

Bimestral I outubro / novembro 2015 Nº41 I PVP 3,95€ (continente)

NOVIDADES DESVENDAMOS AS NOVAS COLEÇÕES

TESTES

2016

J ó n i B ra n d ã o HISTÓRIA

MÍTICA SUBIDA AO ALTO DA SENHORA DA GRAÇA

CANYON ENDURACE AL 7.0 BOARDMAN SLS 9.0 RODAS MAVIC COSMIC 40 ELITE LUZ SPECIALIZED FLUX EXPERT RODAS VISION METRON 81 CLINCHER COLETE LOUIS GARNEAU NOVA

EXCLUSIVO TESTÁMOS OS NOVOS MODELOS SPECIALIZED BH ROSE

ISBN 5601753002225 00041

SUBIDA À GLÓRIA

Ricardo Marinheiro repetiu a vitória nesta clássica

TELEVISÃO

Fomos conhecer os comentadores de ciclismo da TVI24

TREINO

Aprenda a treinar com Kettlebells

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atualidade :: Eurobike 2015

Disco power Numa altura em que a indústria das bicicletas aguarda ansiosamente por uma resposta por parte da UCI relativamente à autorização – ou não - da utilização de travões de disco em alta competição, a Feira Eurobike serviu de montra das principais novidades para 2016. E que novidades! Texto: Carlos Almeida Pinto Fotos: João Carlos Oliveira

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entrada em grande da Sram no mundo das transmissões eletrónicas e sem fios, o lançamento de um grupo hidráulico por parte da Rotor e o alargamento do segmento Gravel (bicicletas polivalentes

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2016 vai ser um ano de grandes novidades no mundo das duas rodas sem motor

que tanto podem ser usadas em asfalto como em terrenos de terra batida) são apenas algumas das novidades que 2016 nos reserva. Conheça melhor o que chegará ao mercado português em breve.


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Abus

A gama de rodas foi alargada para os travões de disco e chama-se precisamente Discus. Segundo o que apurámos estará disponível em três versões: Pro, Team e Limited. Estas rodas possuem aros com 25mm de largura, construídos em fibra de carbono (exceto o modelo Pro que é em alumínio) e estarão disponíveis com perfil de 35 e 60mm. As Discus estão preparadas tanto para o sistema de apertos rápidos como para o sistema de eixo passante. Por sua vez a gama Orbis foi melhorada.

Este novo capacete, o Youn1 tem uma luz traseira para que os petizes estejam sempre bem visíveis no meio urbano e uma proteção da nuca mais alongada, como ditam as regras de segurança mais recentes.

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A Aerolight continua a ser das bicicletas mais bonitas do certame, com o seu quadro perfilado, totalmente aerodinâmico, com travões v-brake e uma montagem muito bem escolhida.

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Bell

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Parabéns à Bell por apostar numa nova coleção totalmente feminina (estrada, XC, enduro e freeride).

Os óculos Summit são uma das principais novidades para 2016 e têm um sistema que facilita mudar as lentes (traz três lentes de origem). Cada cor é igual na lente e armação (há oito diferentes), sendo estes óculos totalmente personalizáveis. Os Summit têm tratamento hidrófobo e anti embaciamento. outubro / novembro 2015

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treino :: A magia dos Kettlebells

O dobro do resultado em metade do tempo A falta de tempo leva muitos ciclistas a abandonarem os treinos complementares à atividade que tanto gostam. Nas últimas edições temos apresentado soluções práticas e económicas de acondicionar o nosso corpo. Neste artigo vamos abordar o uso de uma peça de equipamento centenária, cuja simplicidade não espelha os resultados que se podem alcançar com ela. Texto: Pedro Maia Fotos: Pedro Lopes

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seu nome é Kettlebell. Tem uma forma de bala de canhão com pegas e foi desenvolvido e utilizado pelos homens fortes russos nos princípios do século XVIII, como forma de aumentarem a sua força estrutural, o equilíbrio, a flexibilidade e a endurance de um modo seguro e rápido. Mais tarde - mais concretamente em 1948 -, devido aos seus excelentes resultados, foi adotado como peça de equipamento pelas forças militares russas de elite. Hoje em dia a sua utilização está a ficar generalizada e o seu uso estende-se não só ao treino atlético como também ao fitness em geral. A CIÊNCIA POR DETRÁS DOS KETTLEBELLS Nos últimos estudos, patrocinados pelo American Council on Exercise (ACE), foram elaborados protocolos para analisar as verdadeiras vantagens em termos de custos energéticos e intensidade de esforço, com uso deste tipo de equipamento. Após os mais variados testes, e seguindo protocolos assentes sobre bases científicas credíveis, conseguiram-se várias respostas positivas. A que, talvez, nos interesse mais foi a conclusão alcançada nos treinos com 20 minutos de duração, onde a média de consumo calórico foi superior a 270 calorias (sem contar com o número de calorias consumidas pós-exercício, devido ao trabalho anaeróbico - efeito “after-burner” -, onde o metabolismo continua acelerado e por isso continua a consumir energia). Ou seja, o treino com os Kettlebells tem uma intensidade alta, baseada nas comparações com pesquisas anteriores, centradas no treino com pesos livres e máquinas de exercício.

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A resposta da pulsação cardíaca e do VO2 Máximo durante os movimentos básicos com os Kettlebells demonstra que se consegue fazer um treino de alta intensidade, comparável com uma rotina convencional de treino com resistências. Além disto, o esquema de treino com os Kettlebells facilmente cumpre as recomendações do Colégio Americano de Medicina Desportiva (ACSM) no que diz respeito à melhoria na capacidade aeróbica. O Kettlebell permite movimentos complexos que ativam todos os grupos musculares, tornando-o num aparelho de treino extremamente eficaz. Os músculos são obrigados a trabalhar em sinergia através de todos os planos de movimento e ao mesmo tempo tendem a manter o equilíbrio e o controle. É também uma das melhores ferramentas para desenvolver os cinco componentes da boa forma física: a força, a flexibilidade, a composição corporal, a resistência muscular e a resistência cardiovascular. De início, o seu aspeto pode ser um pouco “tosco” e intimidante, mas com a prática e aperfeiçoamento das técnicas depressa tornará os seus treinos desafiantes e divertidos. Não quer isto dizer que esta é uma modalidade que vem substituir todas as outras! Pode - e deve - antes servir como variação ou ser utilizada em conjunto (ou só por si) quando o tempo escasseia. No entanto, tenha presente que se queremos usar este programa devemos concentrarmo-nos no objetivo principal, que é o complemento para o ciclismo (seja ele dentro ou fora de estrada) e, ao mesmo tempo, diluirmos as limitações que esta modalidade só por si tem.


Propriedades A forma do Kettlebell permite que haja uma transição entre movimentos mais fácil e fluída. O ideal será que seja uma esfera quase perfeita com uma base plana e uma pega mais larga do que a largura da mão:

Como deve ser um Kettlebell

1. Grossura da pega: Deve permitir que coloque o seu polegar por cima da ponta do seu dedo indicador, numa posição gestual de “OK”. 2. Altura da pega: Quando estiver a segurar no Kettlebell ao nível do peito este deve ficar apoiado no antebraço e não no pulso. 3. Largura da pega: Para permitir transições suaves a pega não deve ser apertada de encontro à mão, nem ficar demasiadamente larga.

Estilos Existem alguns estilos diferentes e, devido à sua crescente popularidade, os fabricantes estão a torná-los mais apelativos, colorindo-os, e revestindo a parte esférica com borracha, de forma a proteger dos impactos com o chão.

Como escolher um Kettlebell Nível de força Senhora Iniciante/Intermédia Avançada Homem Iniciante/Intermédio Avançado Avançado muito forte

Começar com 8 kg 12 kg 16 kg 20 kg 24 kg

Cargas recomendadas 8, 12, 16 kg 12, 16, 20 kg 16, 20, 24 kg 20, 24, 32 kg 24, 32, 40 kg

NOTA: Estas cargas são só indicativas. Se não forem as adequadas, o participante deve procurar executar os exercícios com aquelas que a sua capacidade permita.

Como estabilizar o tronco

Consegue-se ativando os músculos do core, que rodeiam e protegem a sua coluna vertebral, durante os movimentos de levantamento. Para o conseguir, pense no core como um cilindro que vai “espremer” à roda da sua coluna. À medida que vai contraindo este cilindro muscular, todos os lados unir-se-ão, criando uma força de compressão de suporte. Abdominais: Contraia-os como se estivesse à espera de levar um murro no estômago. Diafragma: Inspire, canalizando o ar para a base do esterno. Extensores da coluna: Mantenha a curvatura lombar na sua posição neutra, ligeiramente arqueada. Glúteos (nádegas): Eleve-os, contraindo-os. Expiração: Empurre o ar contra os lábios, como se fosse assobiar.

EXERCÍCIOS:

1. Peso morto (incide mais sobre glúteos, quadricípites, e costas) Mantenha os pés com a distância da largura das ancas e coloque um Kettlebell (KB) de cada lado. Active o seu core e mantenha durante todo o movimento. Conserve os ombros afastados dos ouvidos. Inicie o movimento fletindo os joelhos e empurrando as ancas para trás, como se fosse sentar. Segure os KB com firmeza. Mantendo a postura, levante-se até à posição em pé, expirando. Inspire e ao mesmo tempo volte a se “sentar”. Faça o n.º de repetições recomendado. outubro / novembro 2015

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grande entrevista J贸ni Brand茫o

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"Estou preparado

para ser chefe de fila” Segundo classificado na mais recente edição da Volta a Portugal, e nome cada vez mais consolidado no pelotão nacional, Jóni Brandão mostra-se pronto para abraçar novos patamares. Diz-se apto para vestir a pele de líder e lutar de forma desabrida pela vitória na Volta a Portugal ou, quem sabe, para dar o salto para o pelotão internacional, outra das suas principais metas de vida. Texto: Fernando Lebre Fotos: João Carlos Oliveira

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óni Brandão foi nosso cicerone na visita que realizámos a Santa Maria da Feira, terra natal do ciclista da Efapel. Na conversa que travámos com o corredor nortenho, deparamo-nos com alguém que sabe o que quer e que tem os seus objetivos desportivos bem trilhados na mente. Não sabe ainda o que o futuro próximo lhe reserva, mas em Portugal só admite ficar fazendo uso do estatuto de líder, algo que, a acontecer, lhe poderá ajudar a abrir as portas para concretizar outros dois grandes sonhos: ingressar no pelotão internacional e representar Portugal numa edição do Campeonato do Mundo.

conseguido vencer a prova? Fiquei muito contente, pois não é fácil conquistar uma posição de tanto relevo numa competição como a Volta a Portugal. Foi um resultado com um sabor especial, mas claro que fica sempre um sentimento agridoce. Por um lado fico feliz pelo 2.º lugar, mas por outro obviamente que queria ganhar a Volta. Não tenho motivos para estar frustrado. Tudo me correu bem, mas vencer só pode vencer um e o Gustavo Veloso, assim como toda a equipa da W52/Quinta da Lixa, estiveram muito bem. Quando assim é, nada há a dizer a não ser dar os parabéns. 

O 2.º lugar que alcançaste na Volta a Portugal traduziu-se numa sensação de grande alegria ou, pelo contrário, de alguma frustração por não teres

“O título de Campeão Nacional foi a maior vitória da minha carreira”

MÁQUINA DO TEMPO mes

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É um cidadão ner-vo-so, essa criatura diaRealiza 5 de a primeira É um cidadão ner-vo-so,Vence essa criatura dia 5 de mes corrida a Volta M 50 aio de 1989 sentada à sua secretária inserida na no calendário da M 50 aio de 1989 sentada à sua secretária doemprego Futurona baixa 100 lisboeta. Tem 31 anos, um emprego Associação de Ciclismobaixa do Porto 100 lisboeta. Tem a31Portugal anos, um

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reportagem :: Granfondo Skyroad Aldeias do Xisto

Superação pessoal Um evento como o Granfondo Skyroad Aldeias do Xisto atrai ciclistas de todos os tipos, com objetivos sempre distintos. Mas nunca deixa de ser uma prova de superação pessoal, onde cada um dá o seu melhor e no fim ganham todos. Texto: Ricardo José Gouveia Imagem: Organização

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diferença que um ano, e uma preparação adequada, fazem é assombrosa. Recordo como se tivesse sido hoje, subir a Serra da Lousã por Castanheira de Pêra, durante a edição de 2014 do Skyroad Aldeias do Xisto e na altura os 12 quilómetros levaram uma eternidade a passar. Hoje, equipado com armas semelhantes, mas muito mais bem preparado, dou por mim a puxar um pequeno e aguerrido grupo, lutando contra o cansaço mas ainda pleno de vigor. Caracterizados como provas de superação pessoal, onde o importante é participar, desfrutar das magníficas paisagens e partilhar do espírito ciclista, os Granfondos prometem ano após ano percursos majestáticos, cenários deslumbrantes e organizações profissionais e empenhadas em tratar cada ciclista como um verdadeiro atleta. Em troca, cada um tem por obrigação preparar-se fisicamente para as agruras das distâncias pequena (mediofondo) e grande (granfondo), que variam entre os 100 e os 160 quilómetros em extensão, respetivamente. Para os espíritos mais competitivos, a crono-

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Ao longo do percurso foram-se formando "gruppetos" com ritmos de andamento diferenciados

metragem encarrega-se de separar os vencedores dos vencidos, com a certeza que chegar ao fim é sempre considerado uma vitória. Assinalado no calendário como um dos derradeiros Granfondos do ano, o Skyroad Aldeias do Xisto levou-me a repensar toda a preparação do ano. Com a prova de 2014 pelas costas, e as memórias do sofrimento que problemas alimentares me trouxeram durante todo o percurso, fixei como objetivo ultrapassar a marca que havia feito no passado, inscrito na equipa Ciclismo a fundo. Uma forma de superação pessoal, com o cronómetro como companhia.

A comunidade local voltou a apoiar o evento, mas notámos a presença de menos staff do que nas edições anteriores Os abastecimentos incluem tudo aquilo que um ciclista precisa

A MAIS BELA DAS SERRAS Abrangendo os concelhos de Lousã, Góis, Castanheira de Pêra, Miranda do Corvo e Figueiró dos Vinhos, a serra da Lousã classifica-se como uma das mais belas de Portugal, e o que perde em altitude para a Serra da Estrela, ganha em beleza natural. Caracterizado pela densa vegetação, pontuada pelo carvalho português, sobreiro, medronheiro, pinheiro bravo, acácia e eucalipto, o sistema montanhoso surpreende pelas escarpas nuas de xisto que vão espreitando ao virar da esquina, como que lembrando a dureza da terra, e pelas pendentes ora suaves e prolongadas, ora empinadas e curtas. Aproveitando o relevo natural da serra, os organizadores do Skyroad Aldeias do Xisto desenharam dois percursos de Granfondo e Mediofondo praticamente distintos entre si, onde as principais dificuldades seriam as distâncias de 168 e 95 quilómetros, e o acumulado vertical de cerca de 4100 e 2000 metros, respetivamente. A manutenção dos percursos estreados em anos anteriores – parte da estratégia dos homens liderados por António Queiróz – permitia aferir a evolução de cada um, num cenário deslumbrante. Mas de resto, como o próprio Queiróz nos confirmou, para 2016 poderão ocorrer alterações ao percurso. Temperamental como sempre, a serra da Lousã voltou a desafiar a organiza-  outubro / novembro 2015

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