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Bimestral I dezembro / janeiro 2016 Nº42 I PVP 3,95€ (continente)
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AS «ESTÓRIAS» DA ÚNICA CICLISTA PORTUGUESA OLÍMPICA
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FOCUS
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ISBN 5601753002225
COMPETIÇÃO
Estivemos na Volta a Angola e na Volta a Portugal da BrigRR
AVENTURA
Apresentamos-lhe Bormio, um dos locais de luxo para treinar
TREINO
Exercícios básicos para aumentar o rendimento
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reportagem :: 1.ª Volta a Portugal em Bicicleta da BrigRR
Os ciclistas Hernâni Brôco e Jóni Brandão e os ex-profissionais Cândido Barbosa e Nuno Ribeiro apadrinharam, no passado mês de setembro, a edição inaugural da Volta a Portugal em Bicicleta da BrigRR (Brigada de Reação Rápida), que ligou as oito unidades de escalão regimento que constituem a estrutura territorial da BrigRR, dispersas de norte a sul do território nacional. Texto: Magda Ribeiro Fotos: Serrano Rosa
Pedalar, pedalar!… U
m pelotão constituído por vinte e oito ciclistas, em representação das oito Unidades Regimentais e do Quartel-General da BrigRR, deu forma à 1.ª Volta a Portugal em Bicicleta da BrigRR, que decorreu entre os dias 15 e 19 de setembro. Envergando um equipamento de ciclismo exclusivo a este evento de cariz não competitivo, as quase três dezenas de militares pedalaram por um traçado com uma extensão de mais de 500 quilómetros, dividido por quatro etapas.
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Ciclismo a fundo
UMA LIGAÇÃO UMBILICAL Desde há muito que o exército possui um vínculo forte às duas rodas não motorizadas. Os mais apaixonados pela modalidade certamente se recordarão que na pioneira Volta a Portugal em Bicicleta (1927), para além da categoria de Fortes e Fracos havia uma de Militares, a qual integrou dois participantes: um pertencente à Companhia de Saúde e outro aos Telegrafistas. Associado a isto, esteve ainda o facto de o percurso da prova ter sido desenhado em função do apoio logístico prestado pelos regi-
mentos militares da época. Ainda assim, a ligação histórica entre o ciclismo nacional e o exército português remonta ao período entre o final do século XIX e o início do século XX. “No tempo da União Velocipédica Portuguesa, iniciou-se propaganda da realização das primeiras provas de velocipedia militar nos batalhões de caçadores do exército português”, pode ler-se no livro “UVP-FPC, Cem anos de Ciclismo”. Já durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o Exército Português iniciou a utilização experimental de
unidades ciclistas em combate, em França, e em 1926 os mesmos pioneiros do Corpo Expedicionário Português constituíram, na cidade de Estremoz, a primeira unidade militar de ciclistas do Exército Português: o Batalhão de Ciclistas N.º 1. O CERNE DA PROVA O mote para a realização de uma Volta a Portugal por parte da Brigada de Reação Rápida inseriu-se no âmbito das atividades complementares às comemorações do 100.º aniversário da Primeira Guerra Mundial, do 10.º aniversário da Brigada de Reação Rápida (BrigRR) e ainda do 308.º aniversário do Regimento de Cavalaria 3 (RC 3). Visando homenagear os pioneiros do ciclismo militar em Portugal, a prova foi apresentada no dia dois de setem-
bro, no Auditório do Centro Cultural de Vila Nova da Barquinha. Na cerimónia marcaram presença diversas entidades civis e militares, autarcas, empresários e personalidades do meio velocipédico nacional, nomeadamente, o Presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo, Delmino Pereira, o Diretor da Volta a Portugal em Bicicleta, Joaquim Gomes e também os ciclistas profissionais Hugo Sabido, Jóni Brandão, Edgar Pinto, assim como o ex-ciclista e atual Presidente da Associação Portuguesa de Ciclistas Profissionais, Joaquim Andrade. A dar as boas vindas estiveram Fernando Freire, anfitrião e Presidente do Município de Vila Nova da Barquinha, o Comandante da BrigRR, Major-General Carlos Perestrelo, e o Tenente-Coronel João Lopes.
AS PRIMEIRAS PEDALADAS A etapa inaugural da prova, agendada para o dia 15 de setembro e que ligou Lamego a Aveiro, contou com a presença de Jóni Brandão, 2.º classificado na 77.ª edição da Volta a Portugal em Bicicleta, e o mais recente vencedor do Troféu “Espírito de Sacrifício”. O tiro de partida, previsto para ocorrer no Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, acabaria por ser dado junto ao Centro Multiusos de Lamego, devido às condições meteorológicas locais fortemente adversas. Presentes estiveram ainda o Presidente da Autarquia, Francisco Lopes e o Bispo da Diocese de Lamego, D. António Couto. Não obstante a vontade férrea de pedalar neste desafio, certo é que o mesmo teve o seu términus bem cedo. Após terem sido percorridos os primeiros quilómetros dentro da cidade de Lamego, a tirada acabaria por ser neutralizada devido à forte chuva e ao vento intenso. Para receber os ciclistas em Aveiro estiveram presentes, entre outras individualidades, o Presidente da Câmara Municipal, Ribau Esteves, e Delmino Pereira. Seguiu-se um almoço oferecido pela Escola de Formação em Turismo de Aveiro. A viagem para Leiria acabaria por ocorrer a bordo do autocarro da equipa de ciclismo da LA Alumínios/Antarte. No dia seguinte, a chuva voltou a fazer companhia ao pelotão, que saiu da Praça Rodrigues Lobo, no centro da cidade de Leiria, rumo à cidade de Tomar. À dezembro 2015 / janeiro 2016
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aventura
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Ciclismo a fundo
:: Bormio
A primavera está de volta Comece o novo ano ciclístico em Bormio
Situado na região da Lombardia, na Itália, e fazendo fronteira com a Suíça, Bormio é o local perfeito para quem pretende desafiar-se aos comandos de uma bicicleta. Quer saber porquê? Descubra nas linhas que se seguem... Texto: Sandra Henoch Tradução e adaptação: Magda Ribeiro e Ricardo Ribeiro Foto: Markus Greber
B
em no coração dos alpes italianos, Bormio, com os seus 4,100 habitantes, está situado no centro do Parque Nacional de Stelvio. A região, também chamada de “Magnífica Terra”, é ao longo do ano a Meca para os fãs do “outdoor”. Atletas de inverno, provenientes de todas as partes do mundo, conhecem Bormio especialmente pela Taça do Mundo FIS de Esqui, que lá teve lugar por diversas ocasiões. Mas também no verão, o extraordinário clima ameno torna-se no cenário perfeito para atletas, e a paisagem, no centro de enormes montanhas como o Ortles-Cevedale e Cima Piazzi, é particularmente conhecida por ciclistas de estrada. Bormio - com a sua localização central, possui excelentes infraestruturas, com cerca de 3.500 quartos, hotéis “bike friendly”, guias turísticos e distintas lojas de bicicletas - é um ponto ideal de partida para conquistar subidas repletas
de história, como o Stelvio, Gavia e o Passo Mortirolo. Fontes termais naturais e deliciosos pratos locais ajudam na recuperação rápida em dias de treino intensivo. OS “PASSOS” E OS ROTEIROS À VOLTA DE BORMIO Dificuldade média O Passo de Gavia Se a altitude da subida (1.400m) não lhe retira o fôlego, então as paisagens de glaciares, ao longo do Passo de Gavia, certamente o irão fazer. Cada curva fechada permitir-lhe-á ver a seguinte nesta sua aventura de ciclismo de estrada alpina. O Passo de Gavia atinge uma altitude de 2.652m e é frequentemente o ponto mais alto do famoso Giro de Itália. Este Passo não tem tanta inclinação como os seus famosos vizinhos – o Mortirolo e o Stelvio -, mas as suas características pitorescas permitem-lhe ganhar popu laridade a cada ano que passa. dezembro 2015 / janeiro 2016
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reportagem :: As subidas mais ic贸nicas
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Ciclismo a fundo
Plano
Para quem anda de bicicleta, as subidas são o condimento essencial para o desfrute da volta. Por isso, escolhemos algumas das nossas subidas preferidas, de acordo com a sua dificuldade, inclinação e categoria. Para conquistar a solo ou em grupo. Texto: Ricardo José Gouveia Fotos: Arquivo
INCLINADO
C
ondimentos essenciais das provas de ciclismo, as subidas distinguem os percursos acessíveis dos mais difíceis, e as etapas “rolantes” das de montanha. Separando as águas entre profissionais, as subidas podem ser conquistadas pelos amadores, procurando aquilatar a forma física mas também a partilha do esforço com lendas do desporto, nos cenários onde algumas das mais épicas batalhas foram travadas. Hoje, graças às novas tecnologias tais como os ciclocomputadores e aparelhos de GPS, é possível mapear o percurso que cada um de nós faz em cima da bicicleta, recolhendo
importantes dados de segmentos específicos, que podem ser partilhados entre ciclistas em populares sites tais como o Strava (www. strava.com), MapMyRide (www.mapmyride. com) ou o Garmin Connect (https://connect. garmin.com). Mas afinal, o que é que torna uma subida épica ou clássica? Será só o gradiente de inclinação médio, a extensão ou o cenário que a rodeia? Ou será a combinação de todas estas características? Na Ciclismo a fundo fomos à procura de algumas das melhores subidas mundiais, testadas em grandes voltas ou provas internacionais, sem esquecer uma clássica da “nossa” Volta
a Portugal. Das mais longas às mais inclinadas, passando pelas mais belas ou as subidas em cujas típicas condições meteorológicas as tornam verdadeiramente imprevisíveis, escolhemos dez percursos a não perder. Representantes das grandes voltas, escolhemos para o “Giro” o Passo dello Stelvio, o Monte Zoncolan, o Etna e a formação austríaca do Grossglockner, enquanto do “Tour” escolhemos o Col Du Tourmalet, o Mont Ventoux e o Alpe d'Huez. Da vizinha “Vuelta” optámos pelas subidas de Puerto de Ancares e Alto de L'Angliru. A subida à Torre foi a nossa escolhida para representar a Volta a Portugal. dezembro 2015 / janeiro 2016
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treino :: O ginásio na pré-época
Mantenha-o
SIMPLES
Depois de uma série de abordagens ao treino complementar para o ciclismo feitas de uma forma prática e económica dentro ou fora de casa, vamos aproveitar este momento do calendário para incluirmos um programa de treino em ginásio muito simples, com exercícios básicos e um único propósito: o de aumentar as capacidades e o rendimento em cima da bicicleta. Texto: Pedro Maia Fotos: Rui Botas
Q
uando se trata de uma forma de treino complementar, o local onde se pratica é sempre muito relativo. Isto aplica-se sobretudo num contexto que tem como principal objetivo melhorar as capacidades físicas do ciclista quando pedala e não aumentar enormemente as massas musculares e a força (características essas necessárias para outros tipos de desportos). De acordo com o Princípio da Especificidade, as adaptações fisiológicas do nosso organismo são específicas às exigências que lhe são colocadas. Por outras palavras, se se quiser tornar num ciclista melhor, terá que passar a maior parte do seu tempo a pedalar e não a levantar pesos. Mesmo a treinar num ginásio, a nossa abordagem terá sempre como principal objetivo tornar o processo de treino com sobrecargas pouco complicado, de maneira a treinarmos o mínimo possível da forma mais eficaz, para não drenarmos do nosso organismo a energia necessária para a atividade principal. Vamos utilizar exercícios básicos, multiarticulares e funcionais, de forma a criarmos uma adaptação anatómica e, ao mesmo tempo, um suporte muscular e articular, que permita aumentar o rendimento na estrada e nos trilhos. Os benefícios fisiológicos do treino de força para os atletas de endurance estão mais que comprovados. Um treino de força bem estruturado vai fazer com que se recrutem mais fibras musculares durante movimentos específicos. Como resultado, quanto mais “músculo”
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Ciclismo a fundo
utilizarmos para executar uma tarefa, com mais facilidade a executaremos. Também existe uma diminuição na quantidade de ácido láctico acumulado, uma vez que é eliminado mais rapidamente. Isso faz com que as musculaturas fiquem habituadas a trabalhar em intensidades maiores, tornando o nosso organismo mais eficiente na utilização de energia. Do mesmo modo, contribui para um aumento do Limiar do Lactato, permitindo ao ciclista pedalar mais tempo com menor fadiga. Para além disto, como vamos conseguir utilizar mais fibras musculares vamos aumentar o número de mitocôndrias, fazendo com que as células se dividam mais rapidamente para suprirem essas fibras com a energia de que necessitam, neste caso a glucose. Este aspeto também vai fazer com que o metabolismo fique mais acelerado, algo essencial para manter a composição corporal mais equilibrada. Vamos então colocar estes conceitos em prática, fazendo os exercícios prescritos de uma forma consistente. Ao longo do tempo constataremos uma melhoria nas performances. A prescrição compreende dois treinos semanais com objetivos diferentes. Um requer uma carga menor, mas o uso de movimentos mais explosivos, que vão recrutar mais fibras musculares (Esquema 1). O outro incidirá sobre movimentos mais lentos, mas com cargas maiores, de forma a aumentar a massa muscular (sem receio de se tornar um culturista) (Esquema 2).
Nota: A Ciclismo a fundo agradece à Gimnica a cedência do espaço, assim como do material para a realização da sessão de fotos que ilustra este artigo.
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