Ciclismo a fundo, N43

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ACOMPANHE-NOS NO

Relembramos os rostos do passado

DO PORTO E SPORTING

Bimestral I fevereiro / março 2016 Nº43 I PVP 3,95€ (continente)

PAULO MARTINS Conheça as travessuras do comentador de ciclismo

TREK

V O LT A ao Algarve Equipas Etapas Nomes sonantes Locais a não perder Historial da prova

MADONE 9.2 Testes PINARELLO DOGMA K8-S GIANT FASTROAD COMAX 2 ROSE PRO SL-2000 CERVÉLO S5 + 8 PRODUTOS SERÃO OS TRAVÕES DE DISCO O FUTURO? Chegámos a um veredito

COMPARÁMOS

COLETES

COMPETIÇÃO

Mostramos-lhe o calendário de provas e as equipas de elite

REPORTAGEM

Conheça a Academia Joaquim Agostinho

ISBN 5601753002225

SAÚDE

Evite as cãibras de uma vez por todas

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teste :: Trek Madone 9.2 AVALIAÇÃO Performance: 4,8 | Qualidade/Preço: 4,8 | Periféricos: 4,5 | Rodas: 4 | Global: 4,5

Preço:

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5.999�

Ciclismo a fundo


A nova rainha

das clássicas

"A derradeira bicicleta de competição”. É assim que é apresentada a nova gama Madone que ostenta um design arrojado e com um nível de integração sem igual. Texto: Sérgio Marques Fotos: João Carlos Oliveira Ciclista: Sérgio Marques

A

s bicicletas aerodinâmicas têm vindo a ganhar popularidade nos últimos anos e praticamente todas as marcas com alguma dimensão contam agora com as suas opções. A Trek adaptou a Madone, garantindo a leveza de um topo de gama – como a Émonda – e o design aerodinâmico da Speed Concept, a bicicleta de triatlo e contrarrelógio da marca, uma das mais céleres do mundo. Para além de poupar segundos preciosos, a nova Madone foi construída com outro pilar bastante preciso: melhorar o conforto. Mas isso iremos ver já a seguir.

flexão as vibrações e irregularidades da estrada. Aqui a grande dificuldade da sua introdução neste modelo foi a sua integração num quadro aerodinâmico com um tubo de selim cujo formato perfilado não permite grandes flexões. A Trek resolveu o problema construindo um espigão de selim com duas secções: a interior permite a flexão e a exterior visa manter a forma aerodinâmica, tudo isto conectado ao restante quadro com o eixo e rolamentos. O sistema funciona e de facto proporciona uma flexão vertical extra e o sistema surge completamente disfarçado e quase impercetível.

A ESSÊNCIA DA MADONE No quadro desta Madone salta à vista o alto nível de integração com os restantes componentes. Tudo foi pensado para a acoplagem de cabos, eixo pedaleiro, travões e rodas, privilegiando a fluidez da passagem do ar (evitando remoinhos) e conferindo uma estética limpa. No nosso caso testámos a versão com geometria H2, mais confortável a nível de altura da testa e construída com carbono OCLV 600, um pouco menos rígido do que o carbono usado na geometria H1 exclusivo para os topos de gama. Com formato e aparência maciça, os tubos em carbono derivam claramente da Speed Concept, a bicicleta mais rápido do construtor norte americano. As dimensões dos tubos deixam antever uma rigidez fantástica, todavía a Trek integrou perfeitamente neste quadro a tecnologia Isospeed – uma valência que foi introduzida inicialmente na Domane - que permite que o espigão de selim possa absorver através da sua

CABLAGEM DISFARÇADA A Trek desenvolveu um sistema que permite esconder a quase totalidade dos cabos da bicicleta. De facto, só o cabo de travão traseiro se consegue ver e também a curva natural do cabo de mudança traseiro, de resto apenas uma pequena janela na coluna de direção permite observar que a bicicleta tem cabos no seu interior. O guiador desenvolvido pela Bontrager - que tem variadíssimas configurações possíveis mas que obviamente por ser uma peça monobloco não permite personalizações futuras – foi concebido para perturbar o menos possível a deslocação do ar e para acomodar os cabos no seu interior e conduzi-los para o eixo de direção/forqueta. Por sua vez, a coluna de direção é "quadrada" com orifícios para os cabos em vez de redonda e em conjugação com os espaçadores também eles feitos especialmente para a Madone - permite conduzir a cablagem para o interior do quadro. O resultado

final é uma verdadeira delícia para os olhos. Visualmente tem uma das testas mais limpas que alguma vez vimos numa bicicleta de estrada e que faz inveja a muitos engenheiros que desenvolvem bicicletas de contrarrelógio. Ainda no que diz respeito à integração, os travões são construídos pela Bontrager e são de puxada central, produzidos especialmente para este modelo. O frontal está perfeitamente integrado, ao ponto de existir uma espécie de janela no quadro que abre para que o travão possa rodar livremente. Esta janela parece frágil, não tem qualquer função estrutural e é substituível, tudo isto para que o escoamento do ar possa ser o menos turbulento possível. Já o traseiro fica em posição superior, ao contrário do que a Trek já fez noutros modelos (em que o alojava junto ao eixo pedaleiro). A marca indica sem qualquer rodeio que não é a melhor posição aerodinamicamente falando mas torna o travão mais fácil de manter limpo e acessível ao mecânico e fica numa zona onde a flexão da roda não se nota tanto. Aqui reside, quanto a nós, a única e pequeníssima dúvida: se o restante quadro está estruturalmente pensado ao pormenor para que o aerodinamismo seja maximizado – construíram uma “janela” que se abre no travão dianteiro precisamente com esse intuito – então não existe razão para não o fazerem atrás. Se a aerodinâmica é um dos pontos pilares desta bike, o travão traseiro poderia estar alojado junto ao eixo. Mas isso já somos nós a opinar. Certamente os engenheiros pesaram os prós e os contras e deliberaram consoante essas variáveis.  fevereiro / março 2016

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:: guia

do comprador coletes

Proteja-se do frio

Peça fundamental em qualquer guarda-roupa de primavera, o colete é o melhor amigo do ciclista, com potencial de proteção contra a chuva, vento e frio. A Ciclismo a fundo testou algumas das alternativas no mercado nacional, escolhendo para si os melhores nas respetivas categorias. Texto: Ricardo José Gouveia e Carlos Pinto Fotos: Rui Botas e Arquivo

O

s ciclistas são mundialmente conhecidos pelo fascínio com a conjugação de peças de roupa para desafiar a meteorologia, e no armamento de cada um não existe peça mais versátil que um colete. Capaz de proteger o tronco do frio e da chuva, e facilmente arrumado num dos bolsos de trás, o colete tem os meses mais frios como época de eleição, e por isso mesmo a Ciclismo a fundo testou algumas das

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Ciclismo a fundo

melhores propostas no mercado nacional. Mas afinal, como escolher um colete? Para começar há que distinguir entre os vários tipos existentes no mercado. Dos ultraleves e compactos – ideais para a primavera – aos pesados e quentes – próprios para o inverno – os coletes distinguem-se antes de mais pelo tipo de tecido utilizado. De seguida temos coletes impermeáveis, ideais para os meses mais chuvosos, e ainda os que

oferecem proteção contra o vento, essencial para os meses mais frios e descidas mais rápidas. Outras características, tais como a respirabilidade ou visibilidade extra, tornam os coletes peças de vestuário verdadeiramente polivalentes e essenciais. Por fim, opções como a quantidade de bolsos oferecida ou tipo de fecho utilizado deverão ser tomadas em consideração antes da compra.


melhor conforto e

isolamento

Preço:

74,90 €

Preço:

NOTA:

59,99 €



Spiuk Team Men Posicionando-se como um colete térmico, o Spiuk Team Men utiliza uma membrana polivalente M2V Team na zona frontal e ombros, de modo a permitir suportar temperaturas entre os 5 e os 15 graus centígrados, enquanto nas costas utiliza tecido com tecnologia ErgodryWarm Dual para um melhor isolamento, manutenção térmica e respirabilidade. Incluídos estão detalhes de conforto tais como costuras planas e barra em silicone, refletora na cintura. Este é um dos coletes mais quentes em teste, de corte justo e anatómico, e é ideal para as saídas com tempo mais frio e seco, onde a manutenção da temperatura do tronco é essencial. Bastante práticos, os seus três bolsos traseiros são um acrescento bem-vindo, todavia é difícil de compactar, tendo em conta a gramagem do tecido utilizado. Gostamos particularmente da forma como este mantém a forma, seja qual for a posição adotada na bicicleta.

FICHA TÉCNICA

Peso: 218g Construção: Membrana M2V Team e ErgodryWarm Número de bolsos: 3 Refletor: Não Tamanhos: S a XXXL Cores: Preto Utilização: Tempo frio

NOTA:



Endura Equipe Race Gilet Conhecida pelas suas roupas técnicas, a marca escocesa Endura tem no colete Equipe Race um verdadeiro topo de gama. Bastante minimalista e facilmente arrumável num bolso traseiro, fabricado com tecido à prova de vento e chuva na zona anterior e com rede respirável na zona posterior, o colete Endura acrescenta detalhes de luxo como um bolso traseiro com isolamento e canal para auriculares, zona traseira inferior à prova de água, proteção do fecho em pele sintética e colarinho elástico. De corte justo, complementado pelo material elástico na zona dos ombros e laterais, o colete da Endura é um dos mais anatómicos em teste, colando-se ao corpo como uma segunda pele, o que por sua vez o torna também o mais aerodinâmico. A sua resistência ao vento e chuva é também uma das melhores em teste. Um colete pensado para os treinos de primavera, com olho na competição.

FICHA TÉCNICA

Peso: 104g Construção: Poliéster, nylon e elastano Número de bolsos: 1 Refletor: Não Tamanhos: S a XXL Cores: Preto e branco Utilização: Tempo frio e chuva

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indústria :: Técnica

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Travões de disco ou convencionais? Neste artigo vamos elucidá-lo acerca dos prós e contras dos vários tipos de travão disponíveis no mercado para que decida qual é a melhor opção para si. Texto: Carlos Almeida Pinto Fotos: Arquivo

H

oje em dia, a pressão da indústria e o crescente número de acidentes resultantes de travagens ineficazes (quer por condições climatéricas adversas, quer por falhas mecânicas) tem levado a UCI – a autoridade máxima no ciclismo profissional – a estudar a introdução dos travões de disco na alta competição. As vozes a favor e contra vêm de vários espectros, desde atletas profissionais, passando por comentadores desportivos,

engenheiros de marcas ligadas ao setor das bicicletas e mesmo simples curiosos. Ao longo dos últimos anos tivemos a oportunidade de testar inúmeras bicicletas com vários sistemas e como também editamos uma revista de BTT com mais de 20 anos, apercebemo-nos de que o que se está a passar no mundo do ciclismo, teve o mesmo cenário no mundo do BTT há cerca de 15 anos. Mas antes de darmos o nosso parecer, vamos analisar cada sistema existente. 

Travões de ferradura Este tipo de travões existe há gerações e pouco mudou até meados de 2012, quando foram mostrados ao público os primeiros travões de duplo pivot de montagem direta. Baseando-se num sistema por cabo, este tipo de travão é linear, a nova geração é bastante potente mas a sua eficácia depende do tipo de calço utilizado e do estado de conservação da zona de travagem no aro. Como grandes vantagens tem o preço, a facilidade de manutenção e o peso. As grandes desvantagens são a necessidade de manutenção frequente, a degradação rápida dos calços e o controlo dos aros (na zona de travagem). Para além disso, a travagem em rodas de carbono continua a ser o calcanhar de Aquiles deste sistema.

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reportagem :: As estrelas do FCP e do SCP

Rostos que

escreveram história São novidade esta época, mas velhos conhecidos do ciclismo português. FC Porto e Sporting CP estão de regresso ao pelotão nacional, imbuídos do espírito vencedor com que pedalaram ao longo de décadas. Mas porque as glórias dos emblemas são provenientes do talento inato dos que por lá passam, vamos conhecer alguns dos ciclistas que marcaram o passado destas equipas e também do desporto lusitano. Texto: Magda Ribeiro Fotos: Direitos Reservados, "Stadium”, Américo Raposo Júnior, Rui Botas, João Carlos Oliveira e Nuno Silva e Pinto

D

esde os idos anos 80 que Sporting Clube de Portugal e Futebol Clube do Porto não figuravam no pelotão profissional. Muitos foram os ciclistas que ao longo de décadas vestiram as cores daquelas equipas e nelas brilharam aquém e além-fronteiras. Referir todos aqueles que passaram pelos dois emblemas seria uma missão épica, e mesmo recordar os que no seu tempo foram vedetas revelar-se-ia um trabalho exaustivo. Deste modo, resolvemos selecionar sete exemplos de corredores por clube, que, fruto da sua aptidão natural e do seu empenho em cima da bicicleta, ajudaram a criar a verdadeira dimensão que hoje FCP e SCP granjeiam na história do ciclismo lusitano. FUTEBOL CLUBE DO PORTO Fernando Moreira

Foi o primeiro atleta dos “azuis e brancos” a vencer a Volta a Portugal. Chegou ao FC Porto em 1946 e logo nesse ano ganhou 11 etapas na prova! Não venceu a geral (foi 2.º classificado), mas abriu a porta para uma carreira memorável. Sétimo classificado no ano seguinte, o ciclista natural das margens do Rio Ferreira, em Sobrado, Valongo, arrebataria a Volta a Portugal na temporada de 1948. No seu pecúlio desportivo fazem parte a vitória na clássica Porto-Lisboa e também vários triunfos além-fronteiras. Dias dos Santos

Iniciou a sua carreira no Sporting, mas

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é um nome incontornável da equipa portuense. Natural de Fânzeres, onde nasceu a 23 junho de 1922, chegou ao FC Porto em 1946. Venceria a Volta a Portugal em 1949 e 1950, tornando-se no ciclista portista mais vitorioso de sempre na prova. Faleceria no Brasil, no ano de 1986. Foi no outro lado do Atlântico que deu por finda a sua carreira de ciclista, continuando ligado às duas rodas enquanto treinador e proprietário de uma oficina de bicicletas. Onofre Tavares

Nascido a 29 de agosto de 1927, em Gulpilhares, iniciou atividade em 1943 (Iniciado) e terminou em 1957. Não obstante o serviço militar o ter levado para o Benfica, o seu nome ficará sempre associado ao FC Porto. Sprinter de eleição, conquistou títulos de campeão nacional de fundo e foi tetra campeão nacional de velocidade. Na Volta a Portugal averbou 10 etapas (sempre pelo FCP). Em 1946 chegou a andar de camisola amarela na prova. Depois de deixar a modalidade foi técnico nos “dragões”. Fernando Moreira de Sá

Correu sempre com o emblema do dragão ao peito. Irmão de Luciano Sá (vencedor de duas edições da Porto-Lisboa), nasceu em Silva Escura, Maia, a 12 de agosto de 1928. Ingressou no FC Porto tinha então 17 anos. Duas vezes Campeão Nacional (como amador e como independente), o “locomotiva”, como era conhecido, triunfou na Volta

a Portugal de 1952 (foi ainda 3.º em 1950). Obteve resultados de relevo no estrangeiro, como é disso exemplo um 2.º lugar na Volta a São Paulo, no Brasil. Faleceu em 2014. Sousa Cardoso

Participou pela primeira vez na Volta a Portugal em 1957. Tinha então 21 anos. Natural da Lavandeira, S. João de Vêr (10 de janeiro de 1937), José de Sousa Cardoso vestiu toda a carreira a camisola listada de azul e branco. No ano seguinte faria 2.º lugar na prova. Em 1959 venceria uma etapa na Volta a Espanha e no ano seguinte conquistaria a Volta a Portugal. Participou ainda no Tour e na Volta a França do Futuro, onde alcançou o 10.º lugar. Foi mais tarde treinador do FC Porto. Mário Silva

Iniciou-se como popular no FC Porto em 1959. No ano seguinte foi selecionado para participar nos Jogos Olímpicos. Já em 1961 - primeira época enquanto profissional -, marca presença na Volta a Portugal… e ganha (seria ainda 3.º em 1965 e 1969). Durante a sua carreira averbou inúmeros títulos na estrada e na pista. Marcou presença na Volta a Espanha, Campeonatos do Mundo e na Volta à França do Futuro. Natural do Baixo Vouga, onde nasceu a 5 de Outubro de 1939, finalizou a carreira em 1970. Manuel Zeferino

Nasceu em 1960 em Navais, Póvoa de 


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Os dois clubes rivais tiveram grandes disputas sobre rodas. Aliás, houve décadas em que o ciclismo foi tão popular como o futebol

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7 1 Fernando Moreira 2 Dias dos Santos 3 Onofre Tavares 4 Fernando Moreira de Sá 5 Sousa Cardoso

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6 Mário Silva 7 Manuel Zeferino fevereiro / março 2016

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