Ciclismo a fundo N47

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Bimestral I outubro / novembro 2016 Nº47 I PVP 3,95€ (continente)

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Análise às competições nacionais e internacionais

REPORTAGEM

Skyroad aldeias do Xisto e Porto Granfondo

Veja aqui o vídeo

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SUPERSIX EVO RED ETAP

ISBN 5601753002225

CANNONDALE

00047

2017


show room Site - www.specialized.com

Mudança de paradigma Fomos testar no mítico percurso da prova Paris-Roubaix um protótipo que esteve durante meses no segredo dos deuses. Desvendamos-lhe agora o que a Specialized reservou para si e que verá a luz do dia dentro de dias. Texto: Carlos Almeida Pinto Fotos: Breaktrough Media/Specialized

A

primeira boa notícia é que a nova coleção da Specialized sofreu uma redução de preços. A segunda é que há modelos totalmente renovados, novas cores e no geral um decréscimo dos pesos. Vamos por partes: ROUBAIX O panorama alterou-se radicalmente. Esqueça tudo o que leu até agora acerca da Roubaix pois nada mais se aplica. E dizemos isto porque a marca criou do zero a nova versão desta bicicleta

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icónica. Isso é visível tanto pela ausência das inserções Zertz, como pela geometria, e ainda pelo amortecedor dianteiro colocado na zona da testa. E porque é que os engenheiros da marca decidiram remodelar por completo este modelo? Porque continuavam a sentir que faltava suavidade, sobretudo para provas em pavé. O slogan deste modelo não engana: “suavidade é velocidade”. Não podíamos concordar mais. No fundo, pretende-se aportar mais conforto a esta bicicleta para que os ciclistas – amadores ou profissionais – pedalem durante mais tempo

e com mais afinco. É como em tudo na vida: se nos sentimos confortáveis a correr, corremos mais quilómetros. Por outro lado, se sentimos dores nos joelhos e articulações, reduzimos o passo e, eventualmente, paramos. E esta mudança de paradigma foi acompanhada com a cooperação uma vez mais da McLaren que forneceu a sua alta capacidade de monitorização de variáveis e análise computacional para ajudar a identificar virtualmente os pontos mais críticos e débeis da antiga Roubaix e definir onde seria necessário apostar. A telemetria inicial deu lugar a testes no terreno com ciclistas profissionais e em túneis de vento. A título de exemplo, foi possível verificar que o eixo axial da roda dianteira tem um impacto muito grande na distribuição das vibrações. Já na parte traseira da bicicleta, chegou-se à conclusão que o selim bem como o espigão de selim influencia muito mais do que se sabia até à data a condução


Este é o quadro mais leve alguma vez feito pela Specialized e rompe drasticamente com a filosofia do anterior Roubaix

da bicicleta. Deste modo os engenheiros criaram o Future Shock Control, um novo sistema tecnológico na Roubaix que se baseia numa mola com 20 mm de curso na zona da caixa de direção/testa que dissipa as vibrações provenientes do eixo dianteiro, bem como os ressaltos. Este sistema de amortecimento é funcional, e de resposta rápida e, segundo os engenheiros da Specialized, ao pedalar em pé ou a sprintar o sistema não se move, eliminando assim a perda da transmissão da potência de pedalada. Já na parte traseira da bicicleta, o espigão de selim flete lateralmente e não no sentido vertical. É também por este motivo que o espigão é mais comprido do que os tradicionais e também porque o aperto está colocado numa zona mais abaixo do que o normal. Como curiosidade, a forqueta passa a ser a mesma da versão Tarmac (pois perde as inserções Zertz), sendo ligeiramente mais alta na zona da bifurcação, mas a zona da testa é mais curta face ao modelo antigo. Esta nova bicicleta traz eixos passantes de 12 mm (142x12 e 100x12). Ao nível dos periféricos, e por se tratar de uma bicicleta que visa o conforto, mas sem perder a veia competitiva, pode acomodar pneus até 32 C, uma autêntica

estreia neste modelo. O guiador é o mesmo da Venge, mas a cinemática está mais próxima da Tarmac. Relativamente ao peso, o quadro na versão S-Works pesa 900 gramas, enquanto a cartridge de amortecimento ronda os 295g. Relativamente ao peso total, a versão S-Works no tamanho que usei (o 56, que corresponde a um Large) apontou 7.2 kg. Em 2017 a coleção incluirá cinco versões da Roubaix e ainda cinco da Ruby (a versão feminina deste modelo que, para além de uma geometria específica para mulheres, possui componentes idealizados e direcionados para o sexo feminino, especialmente os selins, os avanços e guiadores de dimensões mais compactas). Relativamente às molas da caixa de direção, existirão três que possuem, obviamente, resistências diferentes. Segundo estudos que a marca realizou, a maioria dos utilizadores irá usar a mesma mola intermédia. Todavia, e caso seja necessário alterar, o processo de substituição da mola é rápido (não demora mais do que cinco minutos), bastando retirar a tampa da caixa de direção. Preço: a partir de 1.830 euros (versão SL4) outubro / novembro 2016

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grande entrevista Rui Vinhas

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Ano em cheio

O ano de 2016 revelou-se de grande felicidade para Rui Vinhas, herói improvável da Volta a Portugal que, num ápice, saltou para as bocas do mundo. Contudo, a vitória mais festejada pelo ciclista da W52/FC Porto surgiu fora da estrada, com o nascimento do seu primeiro filho Pedro poucos dias antes desta entrevista ter lugar. Texto: Fernando Lebre Fotos: João Fonseca e W52/FC Porto/Porto Canal

C

hama-se Pedro, nasceu de boa saúde com 3.320 kg e é o primeiro filho de Rui Vinhas. A sua chegada ao mundo foi mesmo um agradável motivo para que a nossa entrevista com o vencedor da Volta a Portugal tivesse de ser reagendada. O ciclista da W52/FC Porto apelida o primogénito como a maior vitória da sua vida, mas também profissionalmente vive momentos de felicidade, dividindo-se em entrevistas e homenagens após o surpreendente triunfo na “Grandíssima”. Embora sonhe um dia experimentar a magia do WorldTour, em 2017 pretende continuar a vestir a camisola da W52/FC Porto e promete não se coibir a continuar a abraçar o papel de gregário quando a essa missão for chamado. Contudo,

garante, sempre que a oportunidade surgir lá estará para lutar por vitórias. Como te sentes após a vitória na Volta a Portugal e o que mudou no teu dia-a-dia na sequência deste triunfo? Ter vencido a Volta é uma sensação inesquecível. O meu dia-a-dia é agora mais ocupado com entrevistas e sou mais vezes abordado na rua por pessoas que me querem felicitar. Isso é algo de bastante gratificante. Quando é que começaste a acreditar que poderias realmente ganhar a Volta a Portugal? Comecei a sentir que poderia vencer quando faltavam cerca de 15

quilómetros para a chegada à Praça do Comércio, em Lisboa, no dia do contrarrelógio final. Como é que se tornou a tua relação com o Gustavo Veloso a partir do momento em que alcançaste a camisola amarela? Está exatamente igual à que existia antes da Volta a Portugal. Senti todo o apoio por parte dele, assim como de toda a equipa para que eu conseguisse manter a camisola amarela. 

«Tendo possibilidade, lutarei por mais vitórias»

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competição

:: Skyroad Aldeias do Xisto

Um paraíso do ciclismo

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O Skyroad Aldeias do Xisto teve como novidade para a sua 5ª edição algumas alterações do percurso, tendo os participantes no Granfondo percorrido cerca de 35 km novos e os do Mediofondo cerca de 20. E este ano fomos brindados com muito sol, numa jornada digna de uma etapa das grandes Voltas. Texto: Rodrigo Baltazar Fotos: Agnelo Quelhas

À

s 8h30 foi dada a partida junto à Nave de Exposições da Lousã para os 1100 participantes, oriundos de sete países, se lançarem à aventura por estradas de beleza ímpar, para completarem os 166 km com 3300m de acumulado vertical na prova “grande” e para o desafio mais curto de 108 km e 2025m de subida. O trajeto passou pela Lousã, Góis, Pampilhosa da Serra, Pedrogão Grande e Castanheira de Pera. Compensando a chuva que caiu em 2015, este ano previa-se que os termómetros subissem acima dos 30 graus fazendo com que este fosse mais um aspeto a ter em conta a juntar ao acumulado do percurso. A primeira dificuldade do dia partilhada por ambas as provas estava situada ao quilómetro 22 e os 13,3 quilómetros a 4,3% da Portela das Cabeçadas reduziram ainda mais o gigante pelotão que já vinha dividido em vários grupos, apesar do ritmo ainda ser um pouco controlado. No final desta primeira subida, aos 35 km, era feita a divisão das duas distâncias do dia. A passagem pela Barragem, que vai dos 583 metros aos 766 metros de altitude, é sempre um ponto alto e momento de beleza dos 166 km, com inclinações que variam dos 2,5% até aos picos máximos de 21%. Os ciclistas são “alimentados” pelos tambores tocados em plena subida da Lousã fazendo esquecer, por segundos, o esforço submetido. Sem dar descanso às pernas, a terceira dificuldade chegava ao quilómetro 88 à passagem por Pampilhosa da Serra. Esta subida de 5,7 km e de 6,7% de pendente média terminava a 742 metros de altitude numa decrescente inclinação que começa com 9,3% no seu início indo até

aos 5,2% do último quilómetro - aqui o andamento começava a ficar um pouco desconfortável, o calor aumentava e o cansaço começava a sentir-se. A quarta subida tinha uma inclinação média de apenas 3,5% e 10,2 km de extensão e os ciclistas do Granfondo (dos 114 aos 124 km) e Mediofondo (dos 56 aos 66 km) partilhavam novamente o mesmo traçado. Desde os 318 metros de altitude da Mega Fundeira, à passagem na Picha aos 504 metros até aos 676 metros de altitude onde terminava esta 2ª categoria, que de fácil não tinha nada, é um parte-pernas constante. Cuidadosamente colocado, parámos no abastecimento à entrada da última ascensão para abastecer de água e refrescar um pouco. O calor rodava os 30 graus e garantir a hidratação era crucial para o que nos esperava. Aqui foi onde perdemos o grupo que nos acompanhou toda a prova. A subida de Castanheira de Pera, catalogada de segunda categoria e a última deste Skyroad Aldeias do Xisto, leva-nos ao ponto mais alto do dia – 985 metros. Os 144 km e os 87 km, Granfondo e Mediofondo respetivamente, são o culminar para quem conseguiu colocar a sua preparação física à prova e completar na totalidade o desafio a que se propôs. Após passar no alto e último ponto cronometrado temos uma descida de mais de 20 km onde, sem a pressão da contagem do tempo, podemos disfrutar totalmente da beleza de algumas das Aldeias do Xisto e uma que nos salta realmente à vista é o Candal. Há também bonitos miradouros que alguns dos ciclistas aproveitaram para tirar fotografias para registar a lindíssima panorâmica da Lousã. No fim e em conversa com outros ciclistas a opinião era consen-  outubro / novembro 2016

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treino :: Trem inferior

O bastão mágico O

Com tantos aparelhos “mágicos”, começando com a bola e agora o bastão, até parece que falamos de magia. Apesar da Libertação Miofascial (LMF) ajudar a diminuir as tensões musculares como se de magia se tratasse, tudo o que aqui abordámos e abordaremos não é truque, assenta sobre bases científicas fundamentadas e experimentadas com ótimos resultados. Texto: Pedro Maia Fotos: Rui Botas

GRID STK é como um rolo GRID, mas num bastão. Tem a grande vantagem de o podermos utilizar na posição de pé ou sentado o que, em certos casos, é bem mais confortável e prático.

È à prova de água, fácil de limpar e muito resistente. Existe em duas versões com duas densidades: o GRID STK de cor laranja e o extra firme GRID STK X de cor preta e que promove uma massagem mais profunda.

ESPECIFICAÇÕES: O seu tamanho é muito conveniente, sendo perfeito para a utilização no ginásio, local de trabalho ou em viagem. Tal como o Rolo GRID, tem uma superfície patenteada em 3 dimensões que atuam como uma réplica da mão de um massagista. Pegas ergonómicas, de borracha flexível muito cómodas e com uma forma que fazem a mímica de uma bola de massagem.

O facto de o podermos utilizar na posição de sentado e/ou em pé é extremamente cómodo e rápido o que faz com que se possa utilizar em qualquer sítio e em qualquer altura. O princípio de utilização é muito idêntico ao usado com o rolo GRID, mas sobre isso falaremos mais concretamente durante a descrição dos exercícios. Realço de que neste contexto, não existe nenhuma técnica que substitua as mãos de um terapeuta ou massagista profissional. No entanto, quer por falta

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de tempo, por questões financeiras ou outras, o uso do GRID STK é um meio excelente para minimizar o desconforto e as dores provocadas pelos treinos diários, graças à sua capacidade de fazer diminuir a tensão causada pelo trauma, posturas menos adequadas ou por algum processo inflamatório.

Agradecimento A Ciclismo a fundo agradece à Gimnica a cedência das suas instalações localizadas no Cacém-Park-Armazém 14, Estrada de Paço de Arcos 88-88A, em Agualva-Cacém, para a realização da sessão de fotos que ilustra este artigo.


Os exercícios LMF DOS MÚSCULOS DA PERNA. GASTROCNÉMIO e SÓLEOS Sente-se numa cadeira ou banco. Vamos dividir a área a “libertar” em duas zonas, pois desta forma a progressão é mais fácil. A zona 1 começa no tornozelo até meio da perna, atuando sobre o sóleo. A zona dois do meio da perna até ao joelho, alcançando a região do Gastrocnémio. Com o pé bem apoiado no chão e com a musculatura totalmente descontraída, segure no GRID STK com as palmas da mão voltadas para cima e aplique o máximo de pressão de encontro à musculatura, ao mesmo tempo, role lentamente o STK 4 vezes para cima e para baixo. Se encontrar algum ponto de tensão, pare e exerça um pouco mais de pressão. Termine na posição superior e faça 4 movimentos de pivô para mobilizar os tecidos. Depois, repita o mesmo processo agora na zona 2 sobre o Gastrocnémio.

LMF DOS MÚSCULOS DA PERNA. CANELA – TIBIAL ANTERIOR Devido ao tamanho da musculatura, vamos só abranger uma zona concentrando-nos na região “carnuda” da Canela (Tibial Anterior). Com o pé descontraído seguramos no GRID STK com as palmas da mão voltadas para baixo. Exercendo bastante pressão, lentamente rolamos 4 vezes o STK para cima e para baixo. Depois paramos a meio e realizamos 4 movimentos de pivô.

LMF DOS MÚSCULOS DA PERNA. ZONA LATERAL DA PERNA FIBULAR LONGO E CURTO O processo é idêntico ao da LMF para os músculos Gémeos, só que aqui as palmas das mãos estão voltadas para baixo e claro o GRID STK coloca-se na região lateral da perna que também é dividida em duas zonas. Os movimentos e técnicas são os mesmos. LMF DOS MÚSCULOS DA COXA. QUADRICÍPITES Na posição sentada, vamos dividir a coxa em duas zonas, do joelho até ao centro da região muscular e do centro até às ancas. Segure no GRID STK com as palmas das mãos voltadas para baixo e, fazendo pressão para baixo, role lentamente o STK até chegar a meio da coxa. Repita 4 vezes nos dois sentidos. Depois ao centro da coxa continue a fazer pressão para baixo e faça mais 4 pivôs.

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