Revista Práxis - Edição Jun/2020

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EXPEDIENTE

Editorial

Diretor Geral Robson Ramos de Aguiar CONSAD – Conselho Superior de Administração

Titulares: Valdecir Barreros (Presidente); Aires Ademir Leal Clavel (VicePresidente); Esther Lopes (Secretária); Marcos Gomes Torres; José Erasmo Alves de Melo; Renato Wanderley de Souza Lima; Jorge Pereira da Silva; Andrea Rodrigues da Motta Sampaio; Cassiano Kuchenbecker Rosing; Luciana Campos de Oliveira Dias. Membros Suplentes: Eva Regina Pereira Ramão; Josué Gonzaga de Menezes Reitor Marcos Wesley da Silva

Coordenador de Pesquisa e PósGraduação Stricto Sensu Edgar Zanini Timm Conselho Editorial Presidente: Marcos Wesley da Silva

Vice-Presidente: Edgar Zanini Timm

Conselho: Caroline Dani; Jose Clovis de Azevedo; Marlis Morosini Polidori Assistente Editorial: Ágata Cristina Silveira Pamplona Editor executivo: Nogueira Tavares.

Sergio

Marcus

Conselho Editorial da Revista Práxis Editoras: Valéria Deluca Soares e Maristela de Oliveira Franco

Coordenadora do curso de Publicidade e Propaganda: Profa. Dra. Valéria Deluca Soares Editora Universitária Metodista IPA Rua Cel. Joaquim Pedro Salgado, 80 Prédio A – Sala A001 – Rio Branco Capa e Projeto Gráfico: Alessandro Davila Diagramação: Juliane Lucca

Multiverso Comunicação Integrada Rua Cel. Joaquim Pedro Salgado, 80 Sala13, Praça de Alimentação – Rio Branco multiverso@ipa.metodista.br multiversoipa.metodistadosul.edu.br

“As notícias não são nada boas.” “Os mercados estão em crise.” “A economia vai demorar muito para se recuperar.” “Muitas empresas estão demitindo e até mesmo fechando suas portas.” “Vivemos uma crise sem precedentes!” Como enfrentar um cenário tão dramático e pessimista? A resposta pode ser curta e direta: com muito trabalho e buscando novas alternativas para conquistar os consumidores. Resiliência e criatividade são características nobres e muito peculiares dos comunicadores, em especial dos publicitários. A pandemia trouxe uma outra condição e novas prioridades para a sociedade, seja nos relacionamentos, nas formas de produção ou nas maneiras de se comunicar. Para entender este cenário tão turbulento e distante do que se estava acostumado é preciso saber ler cenários. A Revista Práxis traz interessantes exercícios de observação e leitura dos movimentos no âmbito da Publicidade. Para compreender nossas escolhas e definir novos rumos para a Publicidade e a Propaganda, podemos ter como ponto de partida, nossas práticas. São conteúdos com esta característica que reunimos nesta edição. Buscamos, através de pesquisas de campo, de entrevistas com profissionais que estão em atividade e no que já foi estudado por pesquisadores em Comunicação, informações que podem servir de ponto de partida para novos comportamentos, decisões e posicionamentos. Claro que também apresentamos ‘exercícios de criatividade’. Uma pesquisa de marketing e o portifólio de uma campanha ilustram o fazer publicitário. Ao colocar em prática, conhecimentos no campo do atendimento, do planejamento e da criação, testamos possibilidades e nossos limites. Ao final, somos capazes de avaliar e discutir novas alternativas. E, é assim... observando, analisando e exercitando que a área da Publicidade e da Propaganda é capaz de manter-se viva, alerta, competitiva e indispensável para este ‘novo’ que se apresenta. Esperamos estar contribuindo. Boa leitura! As Editoras


SUMÁRIO ARTIGOS

PERSONA: CONSTRUÇÃO E MANUTENÇÃO DA FERRAMENTA NA ESTRATÉGIA DE MARKETING DE CONTEÚDO PRODUÇÃO GRÁFICA: AS TRANSFORMAÇÕES DO EM PARALELO AS NOVAS MÍDIAS

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IMPRESSO

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ANÚNCIOS DE FACEBOOK: OS CRITÉRIOS CONSIDERADOS PELO MEDIA BUYERS PARA CRIAÇÃO DE CONTEÚDO

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PESQUISA DE MARKETING QUINTANDA

PROJETO DE COMUNICAÇÃO MINIMALISTA SHOP

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AR

TI

GOS


PERSONA: CONSTRUÇÃO E MANUTENÇÃO DA FERRAMENTA NA ESTRATÉGIA DE MARKETING DE CONTEÚDO Ana Flávia Flores dos Santos1 Profa. Dra. Valéria Deluca Soares de Carvalho2

INTRODUÇÃO

A

evolução da publicidade permite gerar relacionamento com o cliente, engajando e medindo as etapas que envolvem a audiência. No entanto, para tal, faz-se necessário gerar conteúdo do qual o públicoalvo realmente deseja, com propósito e que vá ao encontro dos ideais e posicionamento da marca. Devido aos grandes avanços tecnológicos e às mudanças comportamentais gerados pela expansão do marketing digital, que iniciou através da popularização do uso da internet, dos computadores e dos dispositivos móveis, chega-se ao momento atual, onde o digital e o conteúdo fazem parte do dia a dia da sociedade globalizada. As redes sociais são o retrato de tal transformação e a plataforma Google se tornou a principal ferramenta de busca de informação e de conteúdo.

pela internet.4 O marketing digital é vantajoso visto que em 2018, o investimento em publicidade online cresceu mais de 25%5, o que provavelmente continuará a aumentar por possibilitar medir todas as etapas do relacionamento com o cliente. Todavia, os consumidores não buscam mais anúncios apenas se baseando em preço e promoção, por não gerarem engajamento e relacionamento com o cliente. Por outro viés, os vídeos ao vivo se intensificaram e aumentaram a relevância dos influenciadores digitais, pois o consumidor se vê através de semelhanças, como personalidade, hobbies, sentimentos e desejos. Além disso, geram um relacionamento de troca, onde a audiência passa a ser parte do conteúdo.

Em pesquisa realizada pela Connected Life , em 2018, com mais de 60 mil consumidores em 50 países, cerca de sete a cada dez brasileiros (68%) realizam pesquisas online antes de efetuar a compra em lojas físicas, enquanto 74% preferem comprar

O marketing de conteúdo é projetado para esse consumidor que está interessado no que a marca tem a oferecer e utiliza ferramentas para alcançar os objetivos. Assim a persona é um elemento crucial, que necessita de pesquisa, coleta de dados e informações úteis e detalhadas, não se trata de hipóteses. Ela que será o avatar da marca, sendo o gerador de relacionamento com o target e deve ser

1 Graduanda em Publicidade e Propaganda, no Centro Universitário Metodista - IPA. Email para contato: anaah.florees@gmail.com 2 Professora do Centro Universitário Metodista – IPA Email: valeria.deluca@ipa.metodista.br 3 Connected Life é o estudo de referência anual da Kantar TNS sobre comportamentos digitais e atitudes de consumidores em todo o mundo.

4 Disponível em: <https://exame.abril.com.br/ negocios/dino/757-das-pessoas-pesquisam-precoson-line-antes-de-fazer-uma-compra-segundolevantamento/< Acesso em: 03/05/2019 às 15h10min. 5 Disponível em: <www.conversion.com.br/ marketing-digital/> Acesso em 14.04.2019; às 22h59min

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adequado com o posicionamento da marca para conquistar fãs e não apenas clientes. A persona como estratégia, é a projeção de uma pessoa com identidade e problemas reais, que torna a conexão mais humana e empática. Nas agências de publicidade e propaganda, o profissional a utiliza na estratégia do marketing de conteúdo, buscando atrair o consumidor através da maneira que a mesma comunica, costumes, valores e causas, criando laços e relacionamento. Assim, o objetivo geral deste estudo é analisar como a persona é utilizada na construção de marca e estratégia no marketing de conteúdo. São os objetivos específicos: analisar o processo de criação de uma persona, verificando os fatores que influenciam a construção e utilização da persona nas estratégias de marketing de conteúdo e o resultado de uma brand persona na criação e manutenção de relacionamento com o consumidor. Estudar marketing de conteúdo, especificamente o papel da persona, é de grande importância para entender o comportamento do consumidor, definindo o público-alvo ao qual o conteúdo deve ser centrado para traçar estratégias que resultem em satisfação de desejos e necessidades para tal. Outro fator de grande importância é que facilita a linguagem utilizada pela empresa, passando a conversar de forma adequada com quem realmente interessa para a marca. Por se tratar de uma personificação do cliente ideal que tem preferências, auxilia em outras ações, como a definição de qual rede social receberá mais investimento, quais palavras-chaves são as mais apropriadas para mecanismos de buscas. O que é agregador tanto para o pesquisador quanto para o mercado de comunicação. Este estudo possibilita ainda entender os processos de estratégias e quais influências a persona exerce na construção de relacionamento marca versus consumidor. Para a academia, o estudo deste tema serve para demonstrar que os alunos estão atualizados com o mercado e buscando conhecimento para uma boa formação

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profissional e assim contribuir com o campo da ciência e possivelmente ser uma janela para que outras pessoas possam se interessar pelo estudo. METODOLOGIA Para cumprir os objetivos propostos, a metodologia utilizada é de natureza exploratória que conforme Gil (1987, p. 41), “têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses.” E descritiva, que “têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis” (GIL, 1987, p.42). A abordagem adotada é qualitativa. Para Duarte (2005), ela explora um assunto a partir de informações, percepções e experiências e assim se utiliza para analisá-las de forma estruturada. As técnicas de coleta de dados aplicadas são as pesquisas documental e bibliográfica e a realização de entrevista com três profissionais da área da Publicidade e Propaganda. Gil (1987, p. 44) descreve a pesquisa bibliográfica, ela é “base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”. A pesquisa documental, por sua vez, assemelha-se com a bibliográfica, porém, “as fontes são muito mais diversificadas e dispersas” (GIL, 1987, p. 46), não se tratando apenas de base teórica. No que diz respeito a entrevista, trata-se de uma conversação entre duas pessoas, mas de maneira metódica, buscando verbalizar as informações necessárias, sendo um instrumento que proporciona maior assertividade em se tratando de algumas áreas no campo da pesquisa (GIL, 2010). Para a técnica de apresentação, optou-se pela análise de conteúdo, que é


Com esse novo consumidor em mente, a comunicação busca por diferentes abordagens para atraí-lo.

“um conjunto de técnicas de análise das comunicações” (BARDIN, 2011, p. 37), sendo adaptável a um vasto campo de aplicação e assim possibilita a interpretação empírica. A ERA DOS DADOS E A TENDÊNCIA DE INCLUSÃO A era dos dados deixa clara a transição do tradicional e linear ao digital. Lied (2011, p. 18) conceitua marketing como “uma ação ou um negócio para promover ou vender produtos e serviços”. Para Kotler (2000, p. 30), é “o processo social por meio do qual pessoas e grupos de pessoas satisfazem desejos e necessidades com a criação, oferta e livre negociação de produtos e serviços de valor com outros”. Acrescentado a performance no contexto da Internet, chega-se ao marketing digital. O marketing digital surgiu como um meio de ações para viabilizar de forma mais segmentada os métodos de comunicação, onde através da internet, conquista-se, novos caminhos para a divulgação de produtos e serviços, criado oportunidades para a conquista de mais clientes, assim como aumentar a rede de relacionamentos (SEGURA, 2009). A comunicação do marketing digital possibilita estratégias ágeis, utilizando plataformas e redes sociais. Kotler (2017) denota que em nível macro, a estrutura de poder está migrando da hegemonia para multilateral e em nível micro, as pessoas estão adotando a inclusão social, sendo um dos fatores causados pelo impacto das redes sociais no mundo. Logo, a sociedade está migrando para uma colaboração global, como se nota através da utilização de serviços como o Uber6 e Airbnb7. 6 É um app para solicitar viagens rápidas e confiáveis em apenas alguns minutos, disponível 24 horas por dia. 7 É uma empresa americana de corretagem de serviços de hospitalidade e mercado online, onde existe a comunicação entre turistas do mundo inteiro e donos de imóveis.

Existem duas linhas de abordagem ao que se chama de marketing de conteúdo. Rez (2016) as nominou como a Escola de Cleverland e a Escola de Boston. A primeira nasceu junto ao Content Marketing Institute (CMI)8 e a segunda dos fundadores da Hubspot69, que cunharam o termo Inbound Marketing. Este termo nomeia uma metodologia de marketing integrado, que busca captar o cliente de maneira não invasiva ou interruptiva. Funciona como um funil de venda, onde as ferramentas de marketing digital têm como objetivo atrair um leitor ou um espectador estranho à marca, transformando-o em visitante e convertendo-o em lead10. Com isso, aproxima-se desse lead para que ele se torne um cliente, encantando e fazendo dele um promotor da marca. (CRUZ; RIBEIRO, 2016) A Content Marketing Institute conceitua marketing de conteúdo como “a técnica que cria e distribui conteúdo de valor, relevante e consistente, para atrair e engajar uma audiência claramente definida, com o objetivo de encaminhar o cliente a tomar alguma ação que gere lucro”11. De maneira mais clara “[...] é o oposto de anúncio, e isso significa engajar os clientes com um conteúdo que eles realmente desejam [...]. É atingir exatamente a audiência que se deseja e não atirar para 8 É a principal organização global de treinamento em marketing de conteúdo, ensina marcas corporativas a atrair e reter clientes por meio de narrativas multicanais convincentes. Realizadora do Content Marketing World, e ContentTECH Summit os maiores eventos focado em marketing de conteúdo. 9 Brian Halligan e Dharmesh Shah cunharam o termo baseados nas principais estratégias do marketing integrado, que já haviam sido apresentadas na década de 1990 por Stanley Schultz. A dupla fundou a empresa Hubspot, que passou a disseminar o método. Mais tarde, eles criaram a Hubspot Academy para oferecer certificações sobre o assunto. 10 Lead, em Marketing Digital, é um potencial consumidor de uma marca que demonstrou interesse em consumir o seu produto ou serviço 11 Disponivel em:> https://contentmarketinginstitute. com/what-is-content-marketing/< Acesso em: 20/04/2019 às 20h08min.

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todos os lados” (KEITH BLANCHARD apud REZ, 2016, p. 02). Portanto, trata-se de entender quais os desejos e necessidades do consumidor e através dessas informações, desenvolver o conteúdo que espontaneamente fará com que as pessoas se engajem com as marcas. Um fato importante que Rez (2016) ressalta é que o marketing de conteúdo não está restrito ao online visto que deve englobar qualquer canal de comunicação que caiba para engajar e atrair o target. MARKETING CENTRADO NO SER HUMANO O marketing de Conteúdo requer uma estratégia, que consiste em planejar, criar entregar e gerenciar o conteúdo ao públicoalvo. Halvorson (2011) conceitua a estratégia de conteúdo como um plano de ação do qual é bem construído, articulado e possível de ser executado. Seu objetivo é atingir as metas de negócios, através do conteúdo oferecido. Para atingi-las, deve-se trabalhar no planejamento sem pular etapas do processo. Kotler (2017) cita os oito passos que um profissional deve seguir. O primeiro é a fixação de metas, ou seja, o que se quer atingir com a campanha de marketing de conteúdo, seguida do mapeamento do público, as concepções e planejamento do conteúdo, criação do conteúdo, distribuição do conteúdo, ampliação do conteúdo, avaliação e melhoria do marketing de conteúdo. Saber o que e para quem está falando é primordial, em razão de que ao se concentrar em um único indivíduo a capacidade de criar conteúdo e distribuí-lo no canal ideal, é significativamente mais efetivo. Isto porque os consumidores passam por etapas até chegar a tomada de decisão de compra. “Consumidores são pessoas que compram bens e serviços para si mesmas ou para outros, e não para revendê-los ou usá-los como insumos” (CHURCHILL, 2005, p. 146). Todo processo de compra passa antes pelo reconhecimento de uma necessidade. Pode ser através de sensações internas, como fome ou estímulos externos, como um convite para algum aniversário ou um anúncio. O impulso para atendê-la é chamado motivação.

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O comportamento do consumidor é um paradoxo, segundo Kotler (2010), pois ele muda na globalização e por isso, o marketing 3.0 precisa captar as tendências. Dessa forma hoje o comportamento do consumidor é colaborativo, pois definem as tendências através das ações dos consumidores. Em Marketing 4.0 Kotler (2017) denota que o relacionamento entre marcas e consumidores devem ser horizontais, isto é, uma ideia de aproximação para criação de confiança. “os consumidores deveriam ser considerados colegas e amigos da marca. E a marca deveria revelar seu caráter autêntico e ser honesta sobre seu verdadeiro valor” (KOTLER, 2017, p. 27). Dessa forma, percebe-se a importância da persona na estratégia de marketing de conteúdo, para gerar e manter esse relacionamento honesto e de proximidade entre a marca e seu consumidor. PERSONA Para mapear os públicos assim como na segmentação tradicional, os princípios do marketing de conteúdo são os mesmos. Podem ser geográficos, demográficos, psicográficos e comportamentais. Kotler (2017 p. 154) destaca que “o principal parâmetro costuma ser comportamental”, porque é mais eficaz para compreender o que interessa a determinada subcultura. Sendo assim, pode-se definir público-alvo como uma parcela da sociedade consumidora para quem uma marca direciona as ações de marketing dos seus produtos ou serviços. É um grupo de pessoas que têm um mesmo grau de escolaridade, objetivos, interesses. O target abrange o público de maneira mais ampla, por isso o marketing de conteúdo utiliza a persona ou brand persona, definida como uma descrição semifictícia do cliente ideal de forma mais humanizada e personalizada. A brand persona trata da comunicação de uma


seja, o caráter exposto, necessário para sua adaptação às determinações do meio social.

marca\empresa. Melo e Abelheira (2015, p. 67) definem persona como “uma ferramenta de empatia”. O que a psicologia analítica define Como um segmento, mais ou menos arbitrário, da psique coletiva, desenvolvido com grande esforço e aparentando ser uma individualidade, mas constituindo apenas um compromisso entre o indivíduo e a sociedade, uma máscara superficial a ser removida para que o self, em toda sua exuberância, pudesse se revelar e, a consciência, se ampliar. (JUNG apud FREITAS,2005, p. 46/47)

Brand é uma expressão inglesa que significa marca, de forma clara e simplificada a American Marketing:(AMA) conceitua o termo marca como um nome, símbolo ou uma combinação com a função de identificar bens ou serviços de um vendedor os diferenciando dos concorrentes. Sendo assim, uma brand persona é a representação da marca ou empresa. Para Rez (2016), a persona possibilita identificar critérios e avaliar as informações para elaborar uma estratégia de marketing e decisões. O que conversa com a análise de Freitas (2005, p. 47): “A persona sempre tem um caráter múltiplo, pois necessitamos de várias máscaras para viver, em certo grau, e assim ela colabora para a apreensão e expressão da multiplicidade do self”, possuindo assim, grande potencial criativo. Ela é muitas vezes, utilizada junto à jornada do usuário, que também é uma ferramenta estratégica para aprofundar a experiência do consumidor o que permite uma marca adotar mais de uma persona como sua representante para traçar as possíveis soluções para tal produto e/ou marca. Por isso, Jung (2000) a classifica como um arquétipo, pois associase ao comportamento do indivíduo frente ao mundo exterior. Comportamento que indica o modo qual cada sujeito se revela, ou

Pazmino (2015, p. 108 apud SENNA; FILHO, 2016, p. 47) retrata personas como “pessoas imaginárias - podem ajudar o designer no desenvolvimento de produtos, principalmente para enxergar o que o público gostaria de usar”. O que se enquadra na utilização da mesma na estratégia de marketing de conteúdo que busca assim como o designer pensar no seu público. Em Design Thinking e Thinking Design, Melo e Abelheira (2015) apontam duas abordagens de criação de persona. A data driven que é utilizado dados reais do target, procurando padrões e traços comuns que serão sobrepujados. A outra linha de construção seria baseada no uso da intuição, sem inferência ou base de pesquisa, somente a ficção, esta é conhecida como ad hoc. Para Rez (2016, p. 82), “a construção da persona precisa estar fundamentada em dados analíticos, e nunca em palpites.” por esse motivo, sugerea utilização do Google Analitycs12 porém, ressalta que a melhor maneira é conversando com o seu público. O processo de criação de uma persona pode ser realizado através de uma pesquisa, definindo o problema e objetivos. Tendo assim, diversos métodos e abordagens, como questionários entrevistas, observação, grupo focal, levantamento, experimentação, entre outros. Podendo ser qualitativa ou quantitativa. Há também ferramentas online para auxiliar nesta construção como o Google Keyword Planner13, Übersuggest14, Survey Mokey15, Google Forms16, Sua pesquisa17, redes sociais,

12 O Google Analytics é a melhor ferramenta gratuita para ajudar otimizar campanhas de marketing ou gerar insights assertivos é analisar como o usuário se comporta em seu site, de acordo com o objetivo planejado. 13 Uma ferramenta gratuita que ajuda a encontrar as palavras mais buscadas de um determinado público. 14 Ferramenta de sugestão de palavras-chave. 15 Plataforma de permite criar questionários e enviar por e-mails. 16 Um modelo básico de formulário do google. 17 Plataforma de criação e envio de formulários.

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grupos de interesse, e-Bit, Secundados, IBGE. Utiliza-se conforme a necessidade da pesquisa e adaptação de cada profissional. O primeiro passo é entender o cliente, para em seguida traçar os perfis de consumidores para dessa forma, visualizar a persona ou personas detalhadamente. É primordial entender o dia a dia, as responsabilidades, necessidades, em outras palavras tudo sobre a mesma. Dessa forma, tem-se material necessário para realizar a análise. Com base na análise, Rez (2016) concorda que será possível compreender quais possíveis barreiras de conexão existem entre a persona e a marca. Assim, busca-se eliminar as barreiras no planejamento de estratégia de marketing. É de grande valia levar em consideração os diferentes tipos de stakholders18 se utilizará e em quais cenários elas estão inseridas. Com a persona criada e a estratégia de marketing de conteúdo colocada em prática, fazse necessário acompanhar o relacionamento gerado entre ela e o consumidor. Ele dependerá do envolvimento gerado através das ações dessa marca, que precisa estar atenta aos interesses do seu consumidor e proporcionar engajamento, através de interação da persona com o target. Como Melo e Abelheira (2015) descrevem, o relacionamento consiste na integração do meio digital e o tradicional, viabilizando que o consumidor nutra empatia para então confiar nas ações da marca. Por isso, a persona é um agente primordial nesta relação e deve ser condizente com o posicionamento da marca e sendo uma via de humanização das marcas frente ao digital e as novas oportunidades de mercado. ANÁLISE DE CONTEÚDO Para melhor compreensão de como ocorre na prática a criação de uma persona e a sua manutenção, foi utilizado a análise de

18 significa público estratégico e descreve uma pessoa ou grupo que tem interesse em uma empresa, negócio ou indústria, podendo ou não ter feito um investimento neles. Em inglês stake significa interesse, participação, risco. Holder significa aquele que possui.

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conteúdo, método empírico de interpretação, como Bardin esclarece a análise de conteúdo busca visualizar as mensagens que transmite através de uma situação apesar das inferências variáveis. A técnica de entrevista, de abordagem qualitativa, visa se utilizar de material verbal. Para o estudo deste caso foi realizada uma entrevista com três profissionais que trabalham na criação das personas e seu relacionamento com o consumidor. A primeira entrevistada que estará sendo referido como entrevistado A, é Tainá Pires, 28 anos bacharel em Moda, mas atua como social media há cinco anos. A segunda entrevistada, que será citada como B, é Ana Paula Moreira, que atua com o planejamento, criação e mensuração de estratégias de comunicação digital. O terceiro entrevistado que será referido a seguir como C, é Ariel Martins, graduando de Publicidade e Propaganda, que atualmente trabalha como social media. As entrevistas aconteceram através de ligações e áudios de whatsapp. As categorias descritas são, era dos dados, novo consumidor, persona e manutenção. Categoria 1: Era dos Dados O primeiro tema abordado foi viver hoje na era dos dados, como o marketing digital trouxe mudanças na profissão de comunicadores. O entrevistado (A) acredita que ocorreram muitas mudanças e que estas contribuem para que o profissional seja mais assertivo no planejamento, criações e construções de conceitos, sendo um gerador de oportunidades.Onde a capacidade do consumidor, e suas necessidade são possíveis de ser identificadas através dos dados. O entrevistado B observa que as agências de comunicação e marketing eram divididas entre o “on” é “off”, mas que o digital trouxe a necessidade imprescindível que o “on” e o


Categoria 2: Novo consumidor

“off” sejam vistos como complementares, citando que possivelmente quase todas as jornadas de compras hoje, tem pelo menos um “pezinho” no digital. O entrevistado C complementa o quanto tudo virou instantâneo, os feedbacks das redes sociais possibilitam uma resposta mais rápida do consumidor e consequentemente um impacto maior sobre as marca. O que conversa com Las Casas(2010), de que é o usuário quem escolhe com qual mensagem deseja interagir. Em se tratando de marketing digital, as estratégias se diversificaram, foi lhes questionados sobre as concepções diante ao marketing de conteúdo. Para o entrevistado A o marketing de conteúdo chama atenção pela capacidade de exercitar a empatia das marcas e de quem faz e pensa nas mesmas, ressalta a importância das marcas e corporações estejam alinhadas a execução em seus planejamentos. Sendo um desafio para o profissional que cria o conteúdo, buscando ser relevante e através da empatia gerar relacionamento entre marca e consumidor. Para o entrevistado B, como profissional de comunicação digital, o marketing de conteúdo é de um valor imenso. Pois acredita ser a forma mais generosa de se fazer marketing hoje em dia. Mas frisa que “não fica só no altruísmo é um gerador de autoridade e presença de marca”. O que o entrevistado C, adiciona como uma ferramenta muito importante para fidelizar o consumidor, pois distribui conteúdo relevante, sendo empático com o seu público, assim como aproximando o consumidor, sanando dúvidas através do sac, por exemplo. Sendo um fato que Marc Gobé evidenciou de que, os anúncios não são o final da comunicação. Mas na realidade, são apenas o início do diálogo com o público.

Tendo um novo consumidor em mente, pelo fato de a sociedade estar migrando para uma colaboração global, como modelo a utilização de serviços como o Uber e Airbnb, o entrevistado A visualiza como sendo fruto da empatia causada pelo marketing de conteúdo, onde é pensado facilitadores para a vida das pessoas, acreditado que a melhor abordagem para atraí-los é entender as necessidades e agir a partir disso. Em contrapartida, para o entrevistado B, depende muito do produto que se quer oferecer, pois ao mesmo tempo em que existe esse movimento coletivo, há também um movimento muito individual ligado ao autoconhecimento. Hoje tem-se mais liberdade para testar quem se quer ser. Portanto, a coletividade moderna passa pela individualidade. Não há como fazer um bem coletivo se o individuo não se conhece. Por isso, “uma das melhores formas de atrair essas pessoas é entender suas dores profundamente e falando com elas de forma cada vez mais personalizada.” Como Ann Handlet expôs, a empatia é o que você faz para os seus clientes. O entrevistado C, acrescenta a importância de reinventar-se sendo uma das melhores abordagens e cita o uso da persona. Categoria 3: Persona Ao dialogar sobre persona, foi lhes questionado sobre a base conceitual do uso da persona na publicidade. Os entrevistados não citaram a base conceitual, decorrente da psicologia Junguiana, para se compreender a psique. Mas o entrevistado A abordou a importância de se conhecer e criar uma persona para identificar melhor qual conteúdo se faz necessário criar, tendo uma visão expandida da própria marca. O que vai ao encontro com a percepção do entrevistado C. É salientado pelo entrevistado B que nenhum trabalho de comunicação deve se começar sem se ter uma persona em mente, pois pode-se conhecer o comportamento do público-alvo de uma forma generalizada, mas só se vai descobrir os anseios dessas pessoas

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se conseguir se colocar no lugar delas. Aí tem-se uma comunicação visceral. Ideia essa, que dialoga com Freitas, que a persona, se utilizado todo o seu potencial, favorece à elaboração simbólica. A persona sendo uma ferramenta adotada para criar relacionamento com o consumidor, para o entrevistado A, a construção de uma boa persona se dá através de uma pesquisa, uma conversa com o consumidores, questionários, leads, conversa com os vendedores e o suporte, que tem mais contato direto com o consumidor final. Mas, caso não se tenha essas informações se realiza uma pesquisa indireta, de observação de mercado e comportamento, assim como também através das redes sociais.

as vantagens são inúmeras. Citou como experiência uma marca que existia há mais de 15 anos e não tinha uma persona. “Criei duas e depois disso tudo clareou”. Era uma empresa de calçados e a criação das personas refletiu desde a modelagem criativa dos produtos, na distribuição das coleções e nas estratégias de comunicação. Como acréscimo o entrevistado C citou a importância da persona a construção de auditoria, e de realmente conhecer seu público através do estudo e construção da persona.

A entrevistada B usou a metáfora de uma sopa de letrinhas para descrever como funciona essa construção, onde se tem um saco cheio de letrinhas soltas (um monte de informação). Estudando bastante esse público e até os próprios clientes/consumidores, começa a reconhecer padrões que vão ajudar nas construção da persona. Então, se constrói uma pessoa aparentemente real. Que tem nome, profissão, estado civil, escolaridade, gostos musicais, estilo de se vestir, problemas e desejos. Importante também dar um rosto pra essa persona. O entrevista C, acrescentou uma conversa com o social media, que acompanha essa relação entre o consumidor e a marca, citando também a importância de se ter um objetivo, a mapear, criando um roteiro para nortear essa coleta de informações.

Sobre as desvantagens de não utilizar personas, o entrevistado A aponta como um tiro no escuro, o que explica a entrevistada B como ser uma forma de jogar dinheiro fora. Pois “quando não se sabe pra quem se comunica, comunica-se pra todo mundo e isso é caro e tem baixíssimo resultado”, sendo o mesmo pensamento do entrevistado C. O que corrobora com Rez, que indica que ao se utilizar personas envia-se a mensagem certa para as pessoas certas.

Discorre com Turchi que cita no período de construção da persona devem ser revistos conceitos, princípios, verificando se ela transmite sua essência. Diante disso, ambos entrevistados acreditam que tudo é válido de experimentação, pois o marketing digital está em constante mudança como destacou o entrevistado C. O entrevistado A citou o fator dedicação na execução da persona. No que diz respeito a vantagem que uma marca tem em utilizar persona, a entrevistada A menciona o conteúdo como sendo assertivo para o público. Na visão da entrevistada B,

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Ao pensar em brand persona, bem posicionada e que mantém um relacionamento consistente com o seu consumidor hoje no Brasil a entrevistada A, indica que várias marcas se destacam, como exemplo Nubank, Starbucks, Magazine Luiza, que sabem se comunicar com seus consumidores e acabam se tornando marcas lovers que o usuário se identifica e que conversam com seu público e consequentemente atrai outros públicos. Para o entrevistado B, a Melissa se destaca por apesar de ser nascida no mesmo berço que outras marcas como Rider, Grendha e Zaxy, ela conhece muito bem sua persona e por isso consegue descolar a marca dessas outras. Um bom exemplo é a relação do custo dos produtos versus todo o universo inspiracional que a marca entrega às consumidoras. Uma sandália da Melissa, que quando fala-se por um viés industrial, tem custos semelhantes a


uma sandália da Zaxy, é comercializado por 2 ou 3 vezes mais. E tem público. Porque a Melissa sabe muito bem pra quem está vendendo. Já para o entrevistado C, a Lú, da Magazine Luiza é o melhor exemplo, que se posiciona muito bem e interage de maneira inteligente e pontual. Categoria 4: Manutenção Como citado anteriormente a manutenção do relacionamento da persona com o consumidor é resultado de estratégias e ações. Como foi apresentado por Spadin e Quincoses, que conquistar o público, mantendo um diálogo e temáticas que aproxime os consumidores e que torne possível a criação de vínculo, para que se tornem fiéis a marca necessitam sentirse acolhidos, reconhecidos e ouvidos. A entrevistada A cita a importância do SAC diário, para ter o contato direto com o consumidor e ter as percepções do que funciona e do que não funciona com o seu público, sempre respondendo ao consumidor da forma mais humana possível. Para a entrevistada B, tudo é uma questão de experimentação, por isso, procura revisitar as personas de 6 em 6 meses. Visto que é importante mantê-las sempre atualizadas. Também é importante verificar se os leads e clientes que está se atraindo são semelhantes às personas. Se não forem, é necessário revisar as personas e as estratégias. O que o entrevistado C, acredita ser válido, assim como manter o relacionamento com o consumidor, mostrar a marca como interessada no público, contando histórias através de seu conteúdo. INFERÊNCIAS DAS PESQUISADORAS É possível identificar como as agências de Publicidade e Propaganda, utilizam a Persona na estratégia no marketing de conteúdo. Pensando em atingir os públicos e assim identificar seus consumidores, através

do marketing digital, especificamente se utilizando de conteúdo e reconhecimento para os atrair. O profissional busca tornar a imagem da marca mais humanizada e gerar um relacionamento com o consumidor, como foi apresentado por Kotler, isso em decorrência da globalização que o digital gerou. Analisando como a persona é utilizada na construção de marca e estratégia na comunicação digital, pode-se verificar através das referências teóricas e posicionamentos dos entrevistados, que tanto na prática, quanto na teoria se faz necessário entender o cliente, ter material suficiente para traçar os perfis de consumidores, logo visualizar a(s) persona(s) detalhadamente. As personas exigem grande concentração e estudo acerca de identificar quem são seus verdadeiros consumidores, por isso a necessidade de identificar um padrão entre uma soma de informações. Pode se perceber que a persona, como ferramenta de estratégia de marketing de conteúdo, é além de um gerador de relacionamento, um mapeador, que além de identificar o perfil de cliente ideal, possibilita mapear as falhas da marca, como posicionamento, produtos e seu relacionamento, através do acompanhamento da mesma, das interações com o público e a verificação do sac. A influência da persona na construção de marca fica latente na era dos dados, pois o consumidor quer se sentir representado pelo posicionamento da marca, precisa se identificar com os ideais da mesma, sendo essa, a principal contribuição da persona na construção de marca. CONCLUSÃO A partir da identificação de uma constante mutação na geração de conteúdo e relacionamento entre marca e consumidor, no que diz respeito a comunicação das marcas e a forma que o profissional de propaganda atua, este estudo possibilitou identificar como o marketing de conteúdo se utilizado da ferramenta persona, tendo um papel importante na comunicação das marcas.

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Através de uma metodologia de natureza exploratória e abordagem qualitativa foi permissivo a alcançar os objetivos inicialmente traçados, de analisar como uma persona é utilizada na construção de marca e estratégia de conteúdo, bem como o seu processo de criação, os fatores que influenciam na sua criação e o resultado de uma boa construção da mesma.

DUARTE, Jorge; BARROS, Antonio. Métodos e técnicas de pesquisa em comunicação. Ed. 2. ed., Ano 2008.

Isso devido, a entrevista realizada com profissionais que atuam na sua construção e manutenção de personas, as quais corresponderam a base teórica construída pela pesquisadora. Em que a persona é utilizada como ferramenta de geração de conteúdo, relacionamento com o público além de mensuradora de resultados e exercita grande esforço do profissional.

FREITAS, L. V. (2005). Grupos Vivenciais Sob Uma Perspectiva Junguiana. Psicologia USP, 16 (3), 45-69. Disponível em > http:// www.scielo.br/pdf/pusp/v16n3/v16n3a04.

A dificuldade encontrada foi por se tratar de uma temática considerada nova e assim, não encontrar uma gama diversa de referenciais teóricos acerca deste assunto. Dessa maneira, foi necessário extrair o máximo do material encontrado. Fator esse, que demonstra a importância desta pesquisa no que refere-se a outros estudos do tema abordado para que num futuro próximo seja estudado como a utilização da persona influenciou na construção e geração das novas formas de consumo na hipermodernidade.

GOMES, Diego; RIBAS, Juliana. Content Trends: Tendências do Marketing de Conteúdo. Minas Gerais: Rock Content, 2016.

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PRODUÇÃO GRÁFICA: AS TRANSFORMAÇÕES DO IMPRESSO EM PARALELO AS NOVAS MÍDIAS Andressa Aparecida Knipoff Carrion1 Prof. Dra. Valéria Deluca Soares de Carvalho2

INTRODUÇÃO

E

ste artigo se concentra nas tendências para área de produção gráfica em agências de publicidade e propaganda, na cidade de Porto Alegre/RS. Destaca-se que há aproximadamente mais de 60 agências no município, conforme registros do Sinapro RS3. O departamento de produção é responsável pelo acompanhamento de diferentes materiais impressos, dando forma final às ideias vindas dos setores de planejamento e criação. Os produtores podem vir a trabalhar com produção eletrônica (RTVC: rádio, televisão e cinema) ou produção gráfica (diversos tipos de impressão). Contam com a colaboração e especialização de parceiros e fornecedores, de diferentes segmentos como: produtoras de áudio/vídeo, gráficas, programadores, ilustradores, empresas de comunicação visual, eventos, brindes e entre outros, que contribuem para materializar os projetos propostos pela agência. A materialização das ideias abrange diversos setores e atividades técnicas, combinados de forma a planejar, desenvolver, 1 Acadêmica do curso de Publicidade e Propaganda com ênfase em marketing do Centro Universitário Metodista IPA. Atua como Produtora Gráfica na agência de Comunicação Bistrô. Email para contato: andressa.carrion@gmail.com 2 Doutora e Mestre em Comunicação Social. Jornalista. Professora do Centro Universitário Metodista IPA. Orientadora deste artigo. Email para contato: valeria. deluca@ipa.metodista.br 3 SINAPRO. Associados. Disponível em: <http:// www.sinaprors.com.br/associados/> Acesso em: 08 set. 2018.

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produzir e transmitir mensagens de caráter comercial. Estudos e pesquisas mostram que a mídia impressa ainda é o principal recurso de marketing das empresas e consome pelo menos 50% do orçamento global de comunicação. Mesmo com a concorrência da internet, o papel ainda é uma mídia presente. O consumo anual, no Brasil, é de 55kg por habitante. Apesar do impacto causado pelas novas mídias, como a Internet e as TVs por assinatura, que possibilitam maior acesso à informação, ainda existem oportunidades para expansão das peças gráficas em diversos segmentos. Um exemplo é o setor de embalagens que tem crescido, acompanhando o crescimento do PIB. Materiais de PDV (pontos de vendas), impressão em novos materiais como pisos, painéis e acessórios de automóveis, circuitos e componentes eletrônicos, tecidos e roupas crescem a ritmo de dois dígitos.4 Partindo do impacto entre o ambiente impresso e digital, nota-se que apesar do crescimento e consumo simultâneo de mídias (digital e papel), os novos meios de comunicação não parecem tomar o espaço dos tradicionais. A quarta edição da pesquisa Impacto nas Mídias, realizada pelo Grupo Máquina, em 2014, aponta que apesar das redes sociais estarem presentes na rotina de 96% dos executivos brasileiros, é na imprensa tradicional que eles buscam informações 4 GRAFICO. Guia. Disponível em: https://www. guiadografico.com.br/artigos/o-futuro-da-industriagrafica. Acesso em: 07 set. 2018.


com mais segurança. As mídias digitais são confiáveis para apenas 7% dos empresários, enquanto 81% avalia que os jornais impressos têm credibilidade elevada.5 Logo, percebe-se que as mídias de massa, ou seja, tradicionais como: rádio, jornal e televisão não vão ser extintas. Nota-se uma transformação destes canais para o ambiente digital, a chamada convergência de mídia. Diante disto, este artigo tem como objetivo geral, verificar as tendências para área de produção gráfica nas agências de publicidade de Porto Alegre frente às novas mídias. Como objetivos específicos, propõe-se apresentar as atividades desenvolvidas na área, identificar como as novas mídias influenciam este setor e projetar uma análise do cenário atual e para os próximos anos. Para a pesquisadora, em processo de formação acadêmica e atuante na área de produção gráfica, este ensaio contribui para aprimorar sua formação e desenvolver um perfil de trabalho capaz de se adaptar às múltiplas tarefas frente às novas mídias na área de Comunicação. Pode ainda, proporcionar às empresas de comunicação, uma compreensão atual do ofício do produtor gráfico e seus anseios diante das modificações de trabalho. Também, pretende-se alcançar fornecedores e produtoras que atuam em conjunto com este profissional, onde através deste artigo possam compreender as tendências que convergem ao seu ambiente de trabalho. METODOLOGIA Como procedimento metodológico para este estudo, escolheu-se a pesquisa exploratória a fim de explorar a área e realizar 5 PESQUISA. Maquina. Disponível em: http://www. maquinapesquisa.com.br/portfolio-item/redessociais-sao-utilizadas-por-96-dos-executivos/. Acesso em: 08 set. 2018.

a troca de conhecimentos. De acordo com Gil (2002, p. 41), “tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a tomá-lo mais explícito ou a constituir hipóteses”. Assim será possível se aprofundar em relação ao tema e ao problema. A abordagem utilizada é a qualitativa, tendo como objetivo apresentar opiniões e informações, afim de transmitir “o aprimoramento de ideias ou descoberta de intuições” (GIL, 2002, p. 41). A coleta de dados será feita através de pesquisa documental e bibliográfica, com os autores relacionados à área de publicidade com foco na agência, produção gráfica e convergência de mídia. Também serão realizadas entrevistas, em uma amostra não probabilística por intencionalidade com três profissionais da área de produção gráfica. Este método de pesquisa permite a possibilidade de trabalhar de forma flexível a análise. Logo, a pauta das entrevistas será aplicada de forma presencial e com a gravação de áudio, possibilitando diálogo e tendo como intuito ampliar a familiaridade junto ao tema e transcrever melhorias, ações e os pontos viáveis para descoberta e ou resolução do problema de pesquisa. Para os dados coletados, tem-se como técnica de apresentação, análise e interpretação dos dados, a análise de conteúdo. Ela permite a construção de inferências a partir da relação entre os dados teóricos e de campo, buscando assim novas informações e conteúdos para serem transmitidos. AGÊNCIA DE PUBLICIDADE: MEDIADORA DOS PROCESSOS

A

A Agência de Publicidade e Propaganda é uma empresa especializada em criar alternativas de cunho publicitário, focada na venda de um produto ou marca, capaz de resolver problemas específicos de comunicação para diferentes clientes. Segundo Sampaio (2003), é a organização especializada na arte e na técnica da propaganda, reunindo profissionais de diversas áreas. Ela também é entendida como forma de comercialização de ideias

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que integram diversas lógicas de consumo. Segundo a Lei 4.680/65 que regulamenta a profissão “considera-se propaganda qualquer forma remunerada de difusão de ideias, mercadorias produtos ou serviços, por parte de um anunciante identificado”. A principal função da agência é assessorar os projetos de comunicação de um cliente, sua marca ou produto. Proporcionando troca de experiências, desenvolver e adquirir tecnologia específica na prestação de serviços para anunciantes em diferentes setores. É responsável pela realização, execução e coordenação do trabalho junto às produtoras e fornecedores, ou seja, “tudo ligado à comunicação mercadológica, inclusive propaganda” (SANT’ANNA et al., 2010, p. 301 apud CHRISTOFOLI, 2012, p. 38). Com isto, a propaganda publicitária em casos simples pode ser feita diretamente entre empresa e/ou anunciante, e em casos complexos, como divulgação de novos produtos ou novo posicionamento que envolve um conhecimento e planejamento específicos, se faz necessário o intermédio das agências. Este processo é acompanhado por parceiros e fornecedores especializados, que encarregam-se da preparação física das mensagens publicitárias, como comerciais para televisão, spots ou jingles para o rádio, ou então anúncios de internet, jornal ou revista (SAMPAIO, 2003). Ao se tratar dos setores que compõem as organizações, habitualmente “a estrutura de uma agência é formada pelas áreas de atendimento, planejamento, criação, mídia, produção gráfica e eletrônica e, como em qualquer empresa, a equipe administrativa/ financeira” (CARVALHO; CHRISTOFOLI, 2015, p. 94). Estas trabalham em equipes e de forma colaborativa com os demais setores auxiliando no desenvolvimento de diferentes estratégias para comunicação dos clientes que fazem parte da organização. Segundo a ARP (Associação Riograndense de Propaganda), o setor publicitário se mantêm “porque profissionais de diferentes gerações convivem juntos, e os mais jovens absorvem os ensinamentos dos mais experientes, numa

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troca que gera novas ideias” (2002 apud CARVALHO; CHRISTOFOLI, 2015 p. 8). Isto é importante para o desenvolvimento dos setores de comunicação. E, com isto pode-se observar que a estrutura de uma agência é diversificada, tanto de profissionais como de setores que ela compõe. Contudo, para Sampaio (2003), a estrutura básica da agência deve compor essencialmente as três principais etapas de trabalho que presta: o atendimento/ planejamento, a criação e a mídia. E, inclui-se para as agências de grande porte, com maior número de cliente as áreas de pesquisa, produção gráfica e eletrônica (som e imagem). Em ambos os casos, há a necessidade de uma área administrativa/financeira. Cada área citada, pode ser constituída por equipes de diferentes quantidades, algumas em menor escala outras com muitas pessoas, que auxiliam no dia a dia das tarefas. Como ressalta Sampaio (2003), existem casos em que uma agência possui diversas pessoas cuidando exclusivamente de um único tipo de tarefa (produção gráfica, por exemplo) até a situação em que uma só pessoa realiza todas as tarefas da área. Assim, os modelos das organizações se diferenciam por estrutura/porte, número de clientes e o tipo de segmento de cada um que ela atende, ou seja, a demanda que possui. De acordo com Sampaio (2003), o atendimento e o planejamento é o setor que presta assistência e monitoramento aos clientes, proporcionando relacionamento entre agência-cliente, é também responsável pelo planejamento da comunicação publicitária em conjunto com as demais áreas. A criação atua a partir do planejamento estabelecido, sua função é desenvolver ideias para serem transformadas em slogans, temas publicitários, anúncios, comerciais de rádio, peças para televisão, cinema, cartazes e


outras mensagens de cunho publicitário. E a mídia é responsável pela veiculação adequada das mensagens publicitárias, auxiliando nas principais decisões relativas aos meios de comunicação, formatos, valores e mensagens a serem utilizadas. Sampaio (2003) aponta que uma agência de estrutura média definida, possui um número maior de profissionais em cada setor essencial, já uma agência grande possui sua estrutura sofisticada, com departamentos essencialmente organizados e às vezes até subdivididos, como é o caso do setor de Produção. Conforme o autor, a produção gráfica e eletrônica é a responsável pela produção e preparação dos arquivos para serem veiculados, impressos. Tem a capacidade de dar forma física às mensagens selecionadas pela mídia e preparadas pela equipe de criação. Para Suriani (2008 apud MORO, 2012, p. 173), a “produção gráfica é a capacidade de materializar uma ideia criativa, estando em contato com formas, cores, estilos, materiais e tendências, em um layout–conceito aplicado a um desenho”. Dessa maneira, também é responsável pela qualidade final dos materiais, sejam impressos ou eletrônicos, indicando possíveis métodos de impressão, definições de tipo de papel e acabamentos, lida com a preparação dos arquivos, levantamento dos custos, escolha de fornecedores e realiza o acompanhamento da materialização até a entrega final no cliente. Sampaio (2003, p. 67) descreve departamento de produção gráfica:

o

A produção gráfica prepara os anúncios para jornais e revistas, cartazes e outros materiais gráficos. Encaminha e supervisiona a diagramação final dos textos, artes, ilustrações e fotografias que são feitas no estúdio da agência ou por bureaux gráficos externos. Cuida da

execução da pré-impressão (escaneamento em alta definição, tratamento de imagens, prova digital para correções, fotolitos e provas em cromalin) e, em alguns casos, da própria impressão; tarefas que são realizadas geralmente pelos fornecedores (SAMPAIO, 2003, p. 67).

O fato do profissional do século XXI ainda viabilizar produções impressas junto aos meios de comunicação para os clientes, demonstra os benefícios que a computação gráfica trouxe e ainda traz aos ambientes criativos. Para Sampaio (2003, p. 67), o uso dos computadores “tem agilizado e facilitado muito as tarefas dos profissionais de Produção Gráfica, que vem tendo sua função bastante modificada em relação ao esquema tradicional, passando agora a funcionar simultaneamente como consultores da criação e mídia”. E, mesmo diante da constante adaptação das diferentes mídias eletrônicas que permeiam a rotina do produtor, pode-se notar que o uso dos materiais impressos como, livros, folhetos, cartazes, pôsteres, jornais e cadernos continuam sendo fortemente valorizados. Pois, de acordo Bann (2012, p.6) os anunciantes preferem páginas impressas onde possam tocar, sem ter receio de que elas venham a ser desligadas como a televisão. O impresso é portátil, reciclável, não necessita de uma fonte de eletricidade, não trava nem têm falhas de sistema. ARTES GRÁFICAS: TRANSFORMAÇÕES

UM

SETOR

DE

A fim de compreender o desenvolvimento das transformações das artes gráficas, verifica-se o seu auge na década de 80 e o início dos métodos de impressão no século VI na China, a partir de blocos de madeira entalhados (BANN, 2012). O papel e a tinta são matérias-primas do processo de impressão, constantemente aprimoradas ao longo dos anos. A fim de divulgar e distribuir informações por meio da letra impressa, que inicialmente eram escritas a mão com pergaminho, pena e tinta. Logo mais, letras entintadas para serem posicionadas e gravadas.

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Bann (2012) relata sobre a revolução da impressão a partir de Johannes Gutenberg com a criação de uma prensa simples de madeira, onde tipos móveis (caracteres esculpidos utilizados como moldes/formas) eram montados linha por linha e entintados com almofadas, para formar uma página; depois eram reutilizados para novas impressões. Este processo “substituiu as tábuas xilográficas por tipos móveis com caracteres gravados” e ficou conhecido como impressão tipográfica. Onde “as letras, os números e os sinais de pontuação são chamados de caracteres e cada um deles representa o que nós conhecemos como tipo” (HOELTZ, 2001 p. 3). A folha de papel, previamente umedecida era colocada por cima e um torno de madeira era girado fazendo pressão sobre a tábua contra o papel para se imprimir. O maior exemplo que se tem de produção física com os tipos móveis é a Bíblia de Gutenberg de 1456, composta por 42 linhas. Com o passar do tempo, seguiu-se uma rápida inovação nos projetos das prensas que começavam a ser fabricadas com ferro, a vapor e com mecanismos de alavanca, espalhando-se pela Europa, Inglaterra e chegando na América em 1638, através do impressor Stephen Daye (1594-1668). A primeira prensa rotativa (com bobinas de papel) foi introduzida nos Estados Unidos em 1865, por William Bullok e mais tarde seria adaptada para o processo de impressão offset, sendo ele o mais utilizado do século XX. Contudo, as artes gráficas e as composições manuais têm seu auge a partir da invenção da prensa, ela facilitou e possibilitou a “reprodutibilidade da escrita em cópias geradas a partir de uma matriz” (SANTAELLA, 2005, p. 09), ou seja, reprodução de cópias em quantidades. Logo, evolui para o sistema linotipo, que segundo Collaro (2000), é o processo mais conhecido na composição mecânica de textos a quente, inventada por Ottmar Mergenthaler, em 1890 na Alemanha, onde viria a revolucionar e impulsionar o setor na preparação de textos. Para Bann (2012), este processo possibilitou resolver os problemas que os copistas tinham

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com a lentidão dos processos de composição manual. Em 1891, surgia o sistema de monotipo, inventado por Tolbert Lanston, com o intuito de facilitar a correção de letras individuais na montagem dos tipos. De acordo com Bann (2012, p. 11), a monotipo possibilitou “correções na composição”. Tais correções “podiam ser feitas à mão, enquanto a composição da linotipo, a linha inteira precisava ser diagramada novamente”. Estas duas máquinas revolucionaram o crescimento da indústria gráfica e continuaram em uso comercial até 1980, quando a fotocomposição e, mais tarde a composição digital se mostraram mais viáveis economicamente (BANN, 2012, p. 11). Inúmeras foram as tentativas de se reproduzir e aprimorar os processos de impressão que começavam a acontecer. E, assim os processos de impressão foram totalmente analógicos e manuais, até o surgimento dos computadores. Foi a fotocomposição que ajudou a estabelecer os métodos offset como o principal processo de impressão, substituindo a impressão tipográfica. As impressoras offset tornaram-se rápidas e sofisticadas em pouco tempo e resultaram nas impressoras rotativas (que imprimem a partir de bobinas de papel em vez de folhas). O advento dos computadores, ocorreu nos anos de 1980 e 1990, proporcionando o avanço das tecnologias de impressão, nos escritórios de trabalho. Assim como os métodos de impressão se modificaram ao longo dos anos, o uso dos PCs (computador pessoal) e dos equipamentos de computação eletrônica, também alcançaram modificações nos métodos de editoração e diagramação. Para Bann (2012, p. 14), “o principal acontecimento na impressão, nos últimos anos, foi o uso da editoração eletrônica para a composição e impressão de materiais comerciais”. Desse modo, as composições de


acabam sendo insubstituíveis na execução de determinados trabalhos. Por isso, vários foram os sistemas de pré-impressão, produção e pós-produção elaborados para o melhor funcionamento e adaptação da profissão. imagens começaram a ser feitas diretamente em programas específicos, permitindo uma comunicação rápida das informações e transmissões de arquivos em longas distâncias. E, mesmo com a popularização dos computadores e todos os processos de industrialização, conforme ressaltou Collaro (2000), estes processos acabaram sofrendo radicais transformações. E, com as artes gráficas não foi diferente, coube aos profissionais se reinventarem e se adaptarem às novas ferramentas de trabalho, tornandose “mais do que simples operadores de computadores pessoais, tendo como bagagem profissional todo o conceito de artes gráficas oriundos de antigas experiências pelo método convencional” (COLLARO, 2000, p. 34). O profissional de produção gráfica, segundo Bann (2012, p. 06), “tem tintas nas veias” e traz consigo toda trajetória de um operador gráfico para o cotidiano das empresas de comunicação. Seu trabalho se encontrava basicamente nas gráficas, local onde era feita toda preparação e impressão de materiais para comunicação e divulgação de informações. Com o passar dos tempos, tornou-se o responsável pela compreensão das técnicas e encaminhamento dos pedidos junto às equipes de impressão. No entanto, foi com a chegada dos softwares de design gráfico que este profissional passou a exercer funções nas agências de publicidade, auxiliando os diretores de arte com a préimpressão e acompanhamento gráfico das peças (MONTEIRO, 2008). Desta forma, adquiriu o aprimoramento das técnicas de preparação, produção, acabamentos e entrega final. Segundo Collaro (2000, p. 24), “apesar da grande evolução tecnológica dos últimos anos, o produtor gráfico deve ter conhecimento deles, pois alguns tipos e serviços gráficos exigem a intervenção de processos considerados ultrapassados”, que

As produções a serem materializadas podem vir a ser gráfica/impressa, virtual/ digital como um vídeo, animação ou materiais de áudio para o rádio. Ainda assim, tem-se “o campo publicitário constituído por diversos atores, agências de propaganda, veículos de comunicação, gráfica, produtores, agências web e empresas de pesquisa de mercado” (CARVALHO; CHRISTOFOLI, 2015 p. 2). O que possibilita que o produtor tenha capacidade de reproduzir da melhor forma diversas atividades. Nestes tempos de grande interação tecnológica e compreensão do mundo digital, deve apresentar indicações do tipo de material adequado, papel ou plataforma, formatos, acabamentos, fornecedores, logística, valores e conhecer os modos de finalização dos arquivos para o envio à gráfica, com marcas de corte, sangrias ou as produtoras e veículos de divulgação. Do contrário, conforme apresenta Bann (2012, p. 58), “uma escolha incorreta do formato de arquivo pode causar inúmeros problemas em todo o ciclo de produção gráfica e, portanto, resultar em prejuízos”. Contudo, para evitar tais problemas seja com o material impresso ou digital, realiza-se uma análise de fornecedores e de custo-benefício de até três empresas, para uma entrega assertiva e de qualidade. Afinal, “o verdadeiro segredo para a compra de produtos e serviços gráficos bem-sucedida é o desenvolvimento de uma boa relação com a gráfica que pode ser construída pela fidelidade” (BANN, 2012, p. 160). Além de ter um bom relacionamento com seus fornecedores, deve ter conhecimento técnico sobre o funcionamento da gráfica ou produtora em que irá confiar a produção do seu pedido. Por vezes, também acaba fazendo, papel de atendimento, quando dialoga com os fornecedores e, se necessário, com o cliente, visando a explicar da melhor maneira como será o material pelo qual a equipe da agência planejou e criou para materialização.

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CONVERGINDO PARA O FUTURO Por muitos anos, os principais veículos/ mídias de comunicação tomaram conta do dia a dia dos produtores e das equipes de mídia, veiculações no rádio, comerciais de televisão, grandes tiragens de folders, catálogos e revistas. Ao analisar o futuro das novas mídias no ambiente off-line e online, verificam-se mudanças que ocorrem a todo momento que afetam os meios pelo qual a comunicação perpassa. Então, nota-se que este cenário vem sendo modificado com o uso cada vez da internet banda larga nos computadores pessoais/empresariais e smartphones, possibilitando o surgimento e desenvolvimento de novas mídias, “forçando a impressão a lutar para manter sua fatia no mercado de comunicação global” (BANN, 2012, p. 20). Toma-se como exemplo os jornais que reduziram seus formatos de forma impressa diariamente para periódicos quinzenalmente ou mensalmente, alguns continuam veiculando de forma impressa, enquanto outros migraram completamente para o ambiente virtual, na internet. O rádio atualmente, também pode ser escutado a longas distâncias de forma online nas plataformas digitais e a televisão está completamente, se não quase conectada em determinados programas com a internet, permitindo interatividade dos telespectadores de forma online, comentando instantaneamente suas opiniões e conteúdo. Com isto, pode-se dizer que se vive a convergência de diferentes mídias, uma revolução modificando o cotidiano da sociedade. As empresas e consumidores são afetados sem perceber nas simples ações, ao deixarem de lado, ao escolherem facilidades e respostas rápidas as suas necessidades. Sobre esta revolução do digital, Jenkins (2009, p. 33) indica que “cada vez mais, líderes da indústria midiática estão retomando a convergência como uma forma de encontrar sentido, num momento de confusas transformações. A convergência é, nesse sentido um conceito antigo assumindo novos significados”. Consequentemente, a produção gráfica nas agências de publicidade e nos veículos

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de comunicação enfrentam juntos esta revolução, que não se sabe com exatidão no que se tornará, mas se tem a percepção de que novas tecnologias estão suprimindo setores e outras áreas estão sendo reajustadas, diante das possibilidades e estratégias de mercado. No processo da revolução digital, acredita-se que as transformações, chamadas de convergência irão “tomar rumos que, não obstante as diferenças, dirijam-se para a ocupação de territórios comuns, nos quais as diferenças se roçam sem perder seus contornos próprios” (SANTAELLA, 2005, p. 07). E, continuaram a ocupar o mesmo local, porém, de forma diferente, onde o conteúdo pode mudar e o público venha ser alterado, o que influenciará um determinado nicho ou segmento de mercado. Assim, como visto ao longo dos anos, “palavras impressas não eliminaram as palavras faladas. O cinema não eliminou o teatro. A televisão não eliminou o rádio”. (JENKINS, 2009, p. 41) Estas mídias se adaptaram e começaram a conviver entre si, de forma a agregar e modificar suas operações quando necessário. Com relação aos métodos de impressão utilizados em meio à conectividade com diferentes meios, Bann (2012, p. 20) ressalta que “a impressão tem muitos concorrentes” e indica que “as mesmas mídias que supostamente aniquilaram a impressão na verdade a fortalecem”. A tecnologia tende a afetar tanto o ambiente online quanto o offline, conforme indicam os autores, Kotler, Kartajaya e Setiawan (2017, p. 39): “tudo indica que os mundos online e off-line acabarão coexistindo e convergindo [...] tornando possível a derradeira convergência”, sendo que esta proporciona experiência ao usuário. Contudo, para o produtor, o impacto da tecnologia muitas vezes se torna um aliado nas tarefas, mas em outras ocasiões proporcionam


de trabalho, buscando flexibilidade nas ações e em busca de novas opções de materiais, produtos ou serviços que estejam atrelados à conectividade, proporcionando experiência ao cliente final. experiências que beneficiam uma equipe ou um grupo de clientes. E, embora exista uma quantidade de empresas online que tenham conquistado uma fatia significativa do mercado nos últimos anos, não se acredita elas irão substituir por completo as empresas off-line. (KOTLER, KARTAJAYA, SETIAWAN, 2017, p. 37) Percebe-se um aumento de interação no ambiente digital e isto possibilita às empresas e clientes, em diferentes ambientes se adequarem frente às tecnologias, sem esquecer as antigas. Para Bann (2012, p. 06), os “avanços das tecnologias de informação e impressão, nos últimos 20 anos, reforçaram a posição da impressão, tornando-a mais acessível, rápida, barata e com melhor qualidade”. Possibilita-se, assim, que o impresso esteja presente nos meios de divulgação rápida, onde ele possa levar o consumidor a conferir mais informações e interagir com a marca por exemplo, no ambiente digital. Afinal, empresas, clientes e consumidores de modo geral, leem pela internet, livros e jornais, compram e pagam suas contas online, interagem com amigos facilmente no ambiente digital. E, com isto, tem-se um aumento significativo das relações e interações, “Uma pesquisa do Google revela que 90% de nossas interações com a mídia passaram a ser facilitadas por telas: de smartphone, tablets, laptop e televisão” (KOTLER, KARTAJAYA, SETIAWAN, 2017, p. 36). Tem-se então, um ambiente caracterizado pela tecnologia, interação e envolvimento que precisa ser explorado. Jenkis (2009, p. 38), em uma análise sobre o ambiente digital, destaca que “novas tecnologias midiáticas permitiram que o mesmo conteúdo fluísse por vários canais diferentes e assumissem formas distintas no ponto de percepção”. Por isso, acredita-se em um mundo cada vez mais conectado, onde os profissionais/empresas saibam adequar e aprimorar sua rotina, organizando os fluxos

Um ponto forte de adaptações no mercado publicitário é a tendência em proporcionar uma experiência, tornar o cliente parte da ação publicitária, tendo por exemplo o desenvolvimento de um produto ou brinde agregando a personalização, isto, gera envolvimento dos clientes com a marca. Bem como afirmam Kotler, Kartajaya e Setiawan (2017, p. 67), “a cocriação também permite aos clientes customizar e personalizar produtos e serviços, criando assim proposições de valor superior”. A marca deseja ser reconhecida e valorizada, a personalização faz com que o consumidor almeje adquirir o produto ou serviço designado. Cabe ao profissional de produção reconhecer as novas mídias, pois “estamos numa era de transição, marcada por decisões táticas e consequências inesperadas, sinais confusos e interesses conflitantes” (JENKIS, 2009, p. 38). E, toda e qualquer decisão deve ser direcionada para o públicoalvo a fim de suprir uma necessidade préestabelecida pelo cliente. A intenção de Kotler, Kartajaya e Setiawan (2017, p. 88) é que a influência externa atinja os consumidores e estes sejam impulsionados ao ambiente digital, onde as mídias possam conversar e interagir entre si, sendo direcionadas com estratégias de produção e mídia, a fim de proporcionar fortemente a recomendação da marca a outros. Contudo, a produção gráfica nas agências tem evoluído e isto, se deve às possibilidades que a internet trouxe às organizações, cabe aos profissionais “buscar combinar o melhor dos dois mundos: o imediatismo dos canais online e a intimidade dos canais off-line” (KOTLER, KARTAJAYA, SETIAWAN, 2017, p. 179). Desta maneira, o profissional percorre os dois ambientes com suas tarefas e esperam uma experiência contínua e uniforme, tendo uma personalidade autêntica, que o levará a estar atendo às mudanças ao seu redor, possibilitando futuras adaptações na profissão.

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PRODUÇÃO: EXPLORADO

UM

SEGMENTO

A

SER

Para compor a análise de conteúdo que segundo Bardin (1977 apud SILVA 2015, p. 2), ressalta a importância do rigor na sua utilização, demonstrando a necessidade de ultrapassar as incertezas e descobrir o que é questionado. Escolheu-se três produtores gráficos, atuantes em diferentes agências no mercado publicitário da cidade de Porto Alegre. Foram elaboradas um total de quatorze perguntas sobre o tema produção gráfica, abordando questões a respeito da área, dia a dia na profissão, tendências para o futuro, relação entre parceiros e fornecedores, questionamento sobre novas mídias e sustentabilidade do papel. Para melhor entendimento e sigilo dos participantes, eles serão nomeados de forma descritiva como, profissional 1 (P1), profissional 2 (P2) e profissional 3 (P3)⁶.

Conforme Carvalho e Christofoli (2014, p.6) mencionam, a estrutura de uma agência pode ser formada de um modelo tradicional com os setores base já mencionados ou então organizada por projetos ou em equipes de trabalho. Diante disto, foi realizado inicialmente, um levantamento de dados para compreensão da rotina de trabalho e as atividades dos entrevistados, questionando dados sobre equipe, projetos (Jobs) e a principal atuação deles no local onde trabalham. Para assim, identificar se existe algum padrão ou formato de equipes na organização.

6 Profissional 1 (P1). Atua na área deste 2008. Trabalhou durante dois anos seguidos em uma agência, parando para desenvolver um trabalho artístico durante um ano na sua formação de origem, a dança. E, antes de retornar para o mercado publicitário decidiu experimentar a rotina de uma gráfica, trabalhando por um ano no setor comercial, onde adquiriu proximidade com os departamentos e processos. Em 2013 retornou para o ambiente criativo em uma agência onde está até hoje, atuando na área de produção gráfica. Contudo, vendo as necessidades e mudanças pela qual a sua empresa passava, decidiu se especializar em um tecnólogo de marketing. Profissional 2 (P2). Atua com produção gráfica há vinte e sete anos, começou a trabalhar com artes gráficas e em seguida com pré-impressão, logo quando entrou na faculdade. Passou pela transição dos processos gráficos do analógico para o digital, trabalhando diretamente em uma gráfica e quando a mesma fechou abriu um escritório de produção gráfica, por volta de 2001, onde passou a atender as agência de publicidade. Sua formação inicial é a Publicidade e Propaganda, mas se especializou em geração de conteúdo com foco em criação e hoje além de gestor de um escritório de produção gráfica, também é docente e coordenador de cursos sobre o assunto, produção gráfica.

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Profissional 3 (P3). Possui vinte e dois anos de profissão, é graduado em Comunicação Social com ênfase em Publicidade e Propaganda. Antes de ser produtora dentro de agência de comunicação, começou sua carreira como fornecedor, onde aprendeu na prática, todos os processos de produção principalmente na parte de comunicação visual. Enquanto fornecedora, buscou se especializar com cursos de extensão na área de produção e comunicação.


Quadro: ATIVIDADES Questionamento

EQUIPE

JOBS

ATUAÇÃO

Profissional 1

Profissional 2

Profissional 3

Equipe de seis Equipe remota, dois produtores gráficos, redatores e dois divididos por núcleos diretores de criação. de clientes e tipos de Atua sozinho no projetos. planejamento das estratégias.

Equipe de três produtores gráficos e mais dois produtores eletrônicos. Atuam em equipe para solução dos projetos

São divididos em uma pauta de trabalho, por tipo de clientes (segmento) e necessidade de produção para cada núcleo de serviço.

São divididos por demanda e fluxo de pedido, realiza o penso de cada material e faz a distribuição para a equipe necessária.

São divididos em uma pauta de trabalho. Acontecem simultaneamente entre orçamentos e produções efetivadas.

Apenas produção gráfica, deixando as produções eletrônicas, digital e eventos para os setores específicos.

Realiza muito da parte de digital e produções eletrônicas no dia a dia, deixando pouco espaço para o gráfico/ impresso.

No momento apenas com produção gráfica, mas já atuou com RTVC, digital, PDV e eventos.

Fonte: Elaborado pela autora

A partir da análise do quadro da atividade, percebe-se que (P1) trabalha em uma equipe formada por seis produtores, divididos por núcleos de clientes e por projetos de trabalho. O (P3) também atua em equipe, porém menor, tendo três colegas mas, não só da parte gráfica, bem como produtores eletrônicos. Já o (P2) atua de forma remota com profissionais de diferentes áreas, redação e criação. Estando muitas vezes sozinho para planejar e desenvolver ideias, enquanto (P1) e (P3) atuam em equipes focadas em demandas apenas de produção, compartilhando informações do fluxo de trabalho. Percebe-se que o (P2) atua em um ambiente menor e diversificado com as demandas de trabalho. Com relação as divisões dos trabalhos e demandas do dia a dia, o profissional 1 e 2 trabalham com divisão da pauta de

trabalho de forma online em um sistema, ou seja, recebem as demandas dos colegas de atendimento com determinações de prazo e datas de entrega. Isso facilita a organização do fluxo de trabalhos do dia e da semana. No entanto, o profissional 3, visto que atua inicialmente sozinho realiza a organização e divisão de acordo com o solicitado pelo cliente e assim distribui para sua equipe quando necessário de forma online. Para uma rápida análise da atuação dos processos, percebe-se que o profissional 1 realiza apenas produções gráficas, deixando as demais como eletrônica e digital para os setores específicos que existem em sua empresa, onde acabam por chamar estes núcleos de produção como: Produção Criativa. O profissional 3 também atua apenas com produção gráfica, mas já trabalhou com

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produções para rádio, televisão, cinema, mídia digital, ponto de venda e eventos. E, o profissional 2 realiza atualmente, de forma diversificada, produções impressas quando necessário, mas atualmente mais produções digitais e eletrônicas, deixando pouco espaço para o ambiente gráfico/impresso. Além disto, analisa-se de acordo com Jenkis (2009), que se vive em uma era de transições marcada por decisões e consequências, que demonstram interesses que podem ser confusos e até mesmo conflitantes. Por isso, a verificação da atuação, o relacionamento entre equipes e as divisões do fluxo de trabalho são significativas para conhecer cada profissional e entender suas relações trabalho com a área pesquisada. Na compreensão de que os ambientes online e off-line estão convergindo e possibilitando novas relações de trabalho, cita-se Santaella (2005) ao dizer que estes ambientes irão dirigir-se à ocupação de territórios comuns, nos quais as diferenças se estreitam sem perder seus contornos próprios. Percebe-se como reflexo o fato dos profissionais indicarem na entrevista que já notam no seu dia a dia, a presença das mídias digitais influenciando suas rotinas. Com relação ao papel da agência de publicidade diante dos novos modelos de mercado, foi questionado aos produtores quais as perspectivas deste ambiente. Para o profissional 1, “o reflexo do crescimento do ambiente digital é visível no dia a dia da agência”, sendo um setor dinâmico e de processos rápidos. O mesmo destaca que “as agências grandes estão buscando identificar a melhor forma de trabalhar neste ambiente”. Pois, muitas vezes, uma peça virtual proporciona maior agilidade na entrega final do material, porque não necessita todo o perfeccionismo e conferência, como um material a ser impresso. O profissional 2, acredita que “as grandes agências vão se manter no modelo tradicional, pois empresas de grande porte procuram por grandes empresas”. Acredita tenham uma estrutura diferente para o futuro com presença física, onde exista a possibilidade de realizar tarefas

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de forma remota, cada um no seu escritório ou em um coworking7. Mas por um bom tempo ainda vão manter o modelo tradicional. Analisa que os processos de “on e off estarão juntos, integrado com as redes digitais”, não existindo mais o modo de se trabalhar sozinho, mas sim em rede. E, o profissional 3, de forma sucinta destaca que a agência é mediadora dos processos entre clientes, fornecedores e veículos, com grandes chances de negociação até com as novas empresas. Identifica que “hoje em dia, as agências precisam ser muito mais estratégicas para abranger todos os setores” e assim, agregar novos conteúdos e conhecimentos no seu dia a dia. Sabendo que todo o processo de reprodução de um impresso, passa por uma análise de custo-benefício com três fornecedores, ao serem questionados sobre a posição dos parceiros e ou fornecedores junto as suas atividades, foi identificado que deve existir um relacionamento de credibilidade e confiança. O que de acordo com Bann (2012), é o segredo para uma entrega final bemsucedida, a boa relação entre ambos. Além do bom relacionamento, foi constatado nas entrevistas que existem diferenças entre quem é o parceiro e aqueles que são os fornecedores. Como citado por Bann (2012), o produtor por vezes, acaba realizando o papel de atendimento ao dialogar e conhecer quem são aqueles com que pode contar. De acordo com (P2), os parceiros são aqueles que estão lado a lado, buscando melhores soluções para oferecer ao cliente junto a equipe. E “os fornecedores serão 7 Coworking é uma nova forma de pensar o ambiente de trabalho. Seguindo as tendências do freelancing e das start-ups, os coworkings reúnem diariamente milhares de pessoas a fim de trabalhar em um ambiente inspirador. Disponível em: <https:// coworkingbrasil.org/como-funciona-coworking/> Acesso em: 27.nov. 2018.


aqueles que apenas fornecem algum tipo de produto ou serviço, sem se comprometer e se envolver com o projeto no todo, como por exemplo plataformas de serviço, como: Facebook, Instagram, Wix, parceiros de brindes”. Em contraponto (P1) aponta que todos aqueles cadastrados na sua empresa, são de alguma forma fornecedores pois prestam serviços e alguns destes se destacam na relação mútua, no prazo de entrega ou conseguem executar com capricho determinadas produções, tornam-se então parceiros. “Por serem aqueles que não falham com as entregas e se erram buscam alternativas para solucionar e resolver”. Por sua vez, (P3) destaca que não deveria existir tal diferença, pois durante o acompanhamento dos trabalhos, “sentimos confiança em determinados profissionais, formando assim essa parceria de trabalho”. Indica ainda que esta parceria começa quando é iniciado o processo de trabalho, em que os mesmos tendem a acrescentar com ideias e sugestões para resolver possíveis problemas. E, para ele, os fornecedores apenas orçam e entregam e quando surgem problemas devolvem para a agência. Ao se tratar das estratégias desenvolvidas, seja em equipe ou com os fornecedores, ambos os profissionais concordam que é importante planejar tais alternativas para propor soluções assertivas. Reforçando o que Bann (2012) destaca quanto à escolha incorreta de formatos, identificando que isto pode causar inúmeros problemas em todo ciclo da produção e até mesmo resultar em prejuízos. Para não transformar os projetos em problemas tanto para o cliente como para a agência, o profissional 3 por exemplo, indica que o ideal é que o setor de produção gráfica esteja presente no início do planejamento de campanha, para ver a viabilidade das ideias e o que se espera juntamente da verba disponível.

Para o profissional 1, o fato de se trabalhar em equipes é um diferencial, que permite a análise correta com o atendimento e com o cliente para assim alinhar todas as expectativas e sanar dúvidas. O mesmo reforça que “quando o cliente tem um processo organizado com relação a prazos, datas e atividades, normalmente é feito o pedido de orçamento sem necessitar envolver muitas vezes, o atendimento”. Porém, também exemplifica casos onde os clientes têm urgência e não possuem um cronograma organizado, fazendo com que o processo atrasar diante das dificuldades. Já o profissional 2, por trabalhar em uma empresa menor e de forma remota na maioria das vezes, conclui que acaba elaborando sozinho as estratégias diretamente com o cliente para assim demandar à redação e criação as atividades necessárias, mas não hesita em conversar e informar a equipe. Com isto, sobre o momento de planejar soluções e alternativas, o entendem assim como Carvalho e Christofoli (2015, p. 92), que “o campo publicitário é constituído por diversos atores”. E de “diferentes gerações, [...] numa troca que gera novas ideias” (ARP 2002 apud CARVALHO; CHRISTOFOLI, 2015 p. 8). Contudo, sabe-se que os processos de impressão acabaram sofrendo transformações. De acordo com Collaro (2000), com as artes gráfica não foi diferente, coube aos profissionais se reinventarem e se adaptarem às transformações. Desta forma, os entrevistados acreditam que o papel não irá se extinguir tão cedo, tendo seu uso para diferentes atividades comerciais e apresentações específicas aos clientes, como afirma Bann (2012), ao destacar que os anunciantes preferem o contato direto com o impresso, sem ter receio de que os conteúdos online venham desativados. Entende-se que as pessoas valorizam um documento ou apresentação impressa, materializada a ponto de encher os olhos, admirar e levar a convencer quando necessário. Afinal, como explica Bann (2012), o impresso é portátil, reciclável, não necessita de uma fonte de eletricidade, bem como não apresenta falhas.

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Com relação a sustentabilidade, para (P1), ainda é um processo que as mudanças caminham lentamente. E, destaca que “as gráficas deveriam levantar essa bandeira com força e intensidade”, para demonstrarem que se preocupam. Já (P2) indica que o papel é mais ecológico para reciclagem do que por exemplo as telas de celular, que são trocadas anualmente. Ele acredita ainda que o futuro estético e conceitual do papel terá uma vida longa. Principalmente com os materiais de apresentação de empresas, livros técnicos e periódicos. Porém, (P3) defende que estão sendo impostas limitações ao uso desta matériaprima e que hoje em dia, as gráficas não se preocupam com este tema, pois este fator encarece o trabalho e o mesmo fica como segundo plano. Este modo de pensar do (P3) vem de encontro do que o (P1) apontou na conversa, que muitas vezes cabe ao cliente optar por matéria-prima ecológica e com empresas que pensem positivamente junto ao meio ambiente. Os entrevistados apontaram que algumas empresas gráficas não se empenham para viabilizar e se comprometer com este assunto. (P1) reforça que se partisse das gráficas tal comportamento, “não ficaríamos a mercê dos clientes, uma vez que todo o mercado caminhasse desta forma, teremos 75% do problema resolvido”. Além disso, o (P2) indica que o “papel mesmo com acabamentos ainda é mais ecológico do que as tecnologias que temos hoje, que não têm ainda um destino ideal na reciclagem”, como por exemplo as telas de celular, que contém diversos componentes químicos. Ainda assim, é muito forte a utilidade do papel principalmente, quando é necessário defender uma ideia, e então nada melhor do que se ter o resultado impresso, como sinalizou (P1). “Na produção somos muito do contato físico, falar com as pessoas, sermos bons negociadores, bons formalizadores de documentos, onde se possa apresentar ao cliente o que realmente ele vai pagar, sem levantar dúvidas”. Para os autores Kotler, Kartajaya e Setiawan (2017) as mídias expostas no online

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e off-line irão convergir para se unirem, ou como cita Santaella (2005), as diferenças se roçam, ou seja, se misturam em territórios comuns, mas sem perder a essência. Com isto, os entrevistados apontam o que vem como possíveis tendências para o futuro do setor de produção gráfica nas agências. O profissional 1 relata que o novo produtor, vai precisar trabalhar com diferentes mídias, como a manipulação de imagem, saber fechar um arquivo. Agrupar em si características de um outro profissional dentro da profissão, permitindo se tornar um cara digital. Para ele, existirá a união de duas profissões e esta será com a arte final, sendo também um profissional de conteúdo, que entenda do digital e saiba aplicar e divulgar no off-line também. O profissional 2 acredita que irá existir um novo modelo, fundamentado na impressão digital, por demandas específicas, quando e se houver necessidade. Pois atualmente, desenvolve um número maior de projetos digitais e eletrônicos do que impressos. Observa que as demandas de trabalho acabarão se modificando e as necessidade de produção se tornarão cada vez menor. Logo, para ele, acabará existindo um profissional capaz de se diversificar e atender outras demandas. Por sua vez, o profissional 3 acredita que o setor não será extinto, mas será remodelado, pois “o conhecimento técnico de cores e imagens que se possui, auxiliam os demais setores de uma empresa de comunicação”. Explica que será um setor cada vez mais híbrido e conectado com as novas tendências, porque “não existirá mais produtor gráfico ou eletrônico, existirá o produtor, que fará acontecer qualquer ideia, seja ela off ou on”. Por fim, com relação ao ambiente digital além de acreditarem que a mudança e a conversão estão próximas, o profissional (P1) destaca que o digital não substitui o experimento que


é receber e contemplar uma peça gráfica, poder tocar, abrir o material que se ajudou a planejar. Assim, ambos percebem que o futuro está próximo e que a conversão já está acontecendo nos ambientes de trabalho. No digital, o (P1) indica que tudo acontece rapidamente e os jovens de hoje estão atentos às novas modalidades, cabendo ao produtor se especializar e buscar este mercado tão amplo e diversificado, para não ficar desatualizado. Para (P2), o impresso “traz credibilidade e profissionalismo”, apresentando também “uma relação milenar que o ser humano tem com a escrita no suporte físico”. Assim, o (P3) identifica que o novo profissional de produção terá em suas mãos uma grande diversidade de projetos a serem viabilizados nos ambientes online e off-line. O que segundo Kotler, Kartajaya, Setiawan (2017) possibilitará combinar o melhor as duas possibilidades, o imediatismo dos canais online e a intimidade dos canais off-line. INFERÊNCIAS DA PESQUISADORA Foi possível observar o ambiente de produção gráfica, sobre o olhar dos profissionais e compará-los com os autores que sinalizam as mudanças no cotidiano da profissão frente às novas mídias digitais. Com a pesquisa, aponta-se a convergência como principal influenciador para a transformação das artes impressas. Com esta pesquisa as possíveis tendências para o setor de produção gráfica foram identificadas, tanto para as empresas prestadoras de serviço, como agências de pequeno, médio e grande porte. Destacase que o envolvimento dos profissionais na totalidade da profissão, precisam se reinventar através do diálogo, das trocas de conhecimento e assim, adaptar-se às possibilidades de uma transformação no mercado publicitário.

Neste ambiente, os profissionais de criação e finalização precisam estar diretamente envolvidos no processo, possibilitando uma produção criativa e colaborativa, com troca de experiências e assim, agregando novas tarefas nesta correlação dos ambientes. Eles tendem a se unir e formar equipes capazes de propor soluções que agreguem de forma eficaz o impresso e o digital. Sendo este um início de possíveis transformações, a partir das entrevistas foi possível identificar que as tecnologias tendem a agregar valor e solidificar as relações através do diálogo entre equipes, clientes e prestadores de serviço. Contudo, a impressão tentará manter as suas raízes por muito tempo, mas será valorizada pelos seus diferenciais, como os fatores ecológico, personalizado e físico, o que pode abrir novos caminhos e oportunidades na profissão. Afinal, o profissional que souber compreender as tendências, dialogar com elas no ambiente on/off e assim aplicá-las terá destaque em relação aos demais. CONCLUSÃO A palavra impressa não extingui a palavra falada e por conta disto, a produção gráfica tende a se reinventar sem ser extinguida. Como ocorreu com o uso da editoração eletrônica, no auge dos anos 80 solidificando a profissão gráfica e abrindo as portas para as artes digitais. Com isto, as artes gráficas sempre souberam se reinventar para manter sua fatia no mercado econômico, favorecendo a indústria de embalagens, pontos de venda em hipermercados, divulgação de mídia externa, peças exclusivas, papelarias para empresas, entre outros. Pois, entende-se que um documento impresso tem o seu valor e transmite confiança e credibilidade para quem os recebe. Falar de produção impressa no século XXI é considerado como algo antigo, comprar livros impressos, vender e divulgar através do papel é visto como algo tão fora da realidade e do dia a dia em que se está inserido. Por isso, são poucos os jovens profissionais que se

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propõem a falar deste tema, todavia, avaliar o mercado publicitário é preciso compreender o que está por vir. O mercado publicitário perpassa por transformações que exigem que os profissionais saibam acompanhar e evoluir seus métodos e atividades devido ao fato, do ambiente digital estar presente nas relações cotidianas. Com isto, a pesquisa bibliográfica deste artigo se propôs a apresentar a agência de publicidade e suas atividades, com ênfase no profissional gráfico, para uma análise mercadológica das possíveis tendências para esta profissão a partir das novas mídias. Diante da análise dos autores e com a pesquisa realizada com profissionais da área de produção gráfica, identificou-se padrões e mudanças na profissão, respondendo ao objetivo geral da pesquisa. Foi possível responder aos objetivos através de uma pesquisa exploratória e qualitativa. Sobre o primeiro objetivo, apresentar as atividades desenvolvidas, descobriu-se que os profissionais atuam em equipes direta ou indiretamente, nos setores de produção gráfica, eletrônica ou digital. Identificou-se como as novas mídias influenciam o setor e notou-se que o ambiente digital e grande parte das novas tecnologias, querem que o impresso fique de fora, porém não é possível serem executados ou materializados sem a presença do mesmo. Mesmo diante dos fatores ecológicos, o impresso foi apontado como uma peça mais sustentável do que aparelhos tecnológicos. Realizou-se ainda, uma análise do cenário para os próximos anos. As respostas dos entrevistados apontam para mudanças como, uma produção focada no conteúdo tornando o on/off em um único ambiente e o reconhecimento do setor de produção como um setor criativo onde ideias e soluções possam ser executadas, proporcionando resultados focados na materialização de projetos que envolvam o lado sentimental do consumidor e agregue na sua rotina plataformas digitais. Isto valida que a convergência de mídia já está presente e modificando o modo como

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os profissionais se relacionam e produzem conteúdo. Acredita-se, com o estudo, que as agências irão manter o modelo tradicional por alguns anos. Mesmo com a ascensão de empresas menores, focadas em demandas e serviços específicos, elas tendem a existir e sobreviver se souberem se reinventar. Isto serve também, para novos modelos de trabalho na produção gráfica, onde supostamente as tendências do digital e as novas tecnologias podem ao invés de aniquilar fortalecer o setor. Este modo de pensar dos produtores aponta para um novo rumo profissão e com isto não fora identificado dificuldades para executar este estudo, uma vez que é de grande interesse para a pesquisadora e o mesmo necessita ser explorado e estudado por demais profissionais da área ou interessados por compreender o ambiente on/off. Sugerese como estudos futuros a conversão das mídias e indica-se uma análise de plataformas e tecnologias com a impressão 3D, sendo uma nova forma de materialização de ideias que neste artigo não foi mencionada, mas que possibilitará grande transformações as ideais impressas. REFERÊNCIAS BANN, David. Novo manual de produção gráfica. Porto Alegre: Bookman, 2012. CAREGNATO, Rita Catalina Aquino. Pesquisa qualitativa: análise de discurso versus análise de conteúdo, Porto Alegre, 2006. CARVALHO, Cristiane Mafacioli; CHRISTÓFOLI, Márcia Pillon. O campo publicitário, a agência e a noção de aceleração do tempo: questões iniciais para pensar novos modelos e negócios na prática do mercado publicitário. Sessões do Imaginário, Porto Alegre, v. 20, n. 34, 2015. p. 91-99.


CARVALHO, Cristiane Mafacioli; CHRISTÓFOLI, Márcia Pillon. Da força das mídias ao poder do conteúdo: revisão de modelos de negócio na publicidade E-Compós, Brasília, v. 18, n. 3, 2015.

COLLARO, Antônio Celso. Projeto gráfico: teoria e prática da diagramação. São Paulo, 2000. CHRISTOFOLI, Márcia Pillon. O olhar publicitário sobre a hipótese de newsmaking. INTRATEXTOS, Rio de Janeiro, v.4, n.1, p. 37-52, 2012. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002. JENKIS, Henry. Cultura da Convergência. São Paulo: Aleph, 2009. KOTLER, Philip; KARTAJAYA, Hermawan; SETIAWAN, Iwan. Marketing 4.0: do tradicional ao digital, Rio de Janeiro: Sextante, 2017. MONTEIRO, Maria Borges. O Trabalho do Produtor Gráfico na Agência de Publicidade. Brasília/DF, 2008. MORO, Simone Dal. A função do produtor gráfico em agências de publicidade e propaganda: Análise das agências de Joaçaba e Herval d’Oeste: Unoesc & Ciência. ACSA, Joaçaba, v. 3, n. 2, p. 171-182, jul/dez 2012. SANTAELLA, Lucia. Por que as comunicações e as artes estão convergindo, São Paulo:Paulus, 2005. SAMPAIO, Rafael. Propaganda de AaZ: Como Usar a Propaganda Para Construir Marcas e Empresas De Sucesso. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. SINDICATO DOS PUBLICITÁRIOS. Acesso em 27. Nov 2018. Disponível em: http:// www.sindicatopublicitariossp.com.br/web/ download/decreto_576901.pdf

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ANÚNCIOS DE FACEBOOK: OS CRITÉRIOS CONSIDERADOS PELO MEDIA BUYERS PARA CRIAÇÃO DE CONTEÚDO Michelle da Rosa Machado1 Prof. Dra. Valéria Deluca Soares de Carvalho2

INTRODUÇÃO

O

s consumidores são influenciados por diversas mensagens publicitárias diariamente, por isso registrá-las é muito mais difícil. Frases como “O aniversário é nosso, mas o presente é seu!”, “Qualidade que você confia!”, “Clique aqui”, “Vem correndo”, “Ligue já!”, são expressões invisíveis que são absorvidas sem perceber. São palavraschave para identificação de venda, ou seja, é necessário ter mais criatividade e técnica, para que manchetes tenham mais destaque do que outras. Muitas empresas estão utilizando portais ou redes sociais, como o Facebook, para divulgar anúncios patrocinados, surgindo então a carreira de Media Buyer, função descrita como um ‘comprador de espaço’. São responsáveis por criar anúncios que se elevem acima do ruído das propagandas, e assim monitorar as flutuações de popularidade da publicação, até cair a visibilidade da corporação. A redação publicitária é fundamental para criar e redigir esses anúncios, de maneira que se destaquem entre outras propagandas, para que tenha um aumento nas vendas. Em virtude de seu caráter persuasivo e pelo fato de alcançar as grandes massas, o texto publicitário exerce influência e poder sobre o público. 1 Acadêmica no curso de Publicidade e Propaganda, no Centro Universitário Metodista IPA. 2 Doutora em Comunicação Social. Professora do Centro Universitário Metodista IPA. Orientadora na elaboração deste artigo.

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Portanto, esse trabalho aborda o desenvolvimento de anúncios persuasivos, seja adotando métodos alternativos na redação e no visual gráfico da campanha, como também abrangendo a estratégia de monitoramento, para melhor análise do anúncio publicado. A pesquisa disserta sobre critérios que os Mídia Buyers aplicam para impulsionar suas publicações no Facebook. Assim como em mídias offline, as redes sociais já estão abertas para a publicidade e livre concorrência. Portanto, chamar a atenção do cliente perante tantas opções, está cada vez mais difícil, mesmo assim é considerada uma plataforma barata, fácil veiculação e que gera muitos dados necessários para planejar uma estratégia de anúncio. Existem vários artifícios ao criar uma postagem paga, mas saber qual a mais eficaz nesse tipo de plataforma é a questão. O consumidor pode se atrair mais por vídeos ou imagem, fotos amadoras ou profissionais e através dos gatilhos mentais em manchetes. Com isso, chega-se à seguinte pergunta norteadora: quais são os critérios que os profissionais Media Buyers utilizam para impulsionar as publicações? A hipótese formulada inicialmente, abrange duas estratégias: (1) conhecer o público-alvo, através de uma pesquisa de mercado, para que os consumidores segmentados tenham maior interesse sobre o produto; (2) e produzir anúncios sensacionalistas, cujo objetivo é alcançar um maior público.


Um dos problemas que as empresas enfrentam é não saber quem é o consumidor alvo, qual é a delimitação da faixa etária ou até mesmo o gênero que mais se interessa pelo produto/serviço. Para coletar os dados, o ideal é desenvolver uma pesquisa de mercado, processo que consiste na definição do problema e na análise de informações. O uso de anúncios sensacionalistas pode ser benéfico para anúncios patrocinados, pois isso gera clicks3 e leads4 para a matéria, apesar de ser negativo para a produção de conteúdo, afinal muitas notícias falsas (fake news) são veiculados através de manchetes sensacionalistas. O Facebook está propondo meios de controlar tais matérias. Em declaração oficial, a própria plataforma de mídia social esclarece que aqueles que “compartilham conteúdo, que violam repetidamente as diretrizes de conteúdo e monetização, compartilham o clickbait5 ou o sensacionalismo, ou postam informações erradas e falsas notícias podem ser inelegíveis ou podem perder sua elegibilidade para rentabilizar6.” Entretanto, a estratégia sensacionalista ainda é empregada no mercado de marketing digital, por ser uma postura de comunicação em massa, em que eventos e histórias são ampliados e vendidos de maneira exagerada, para aumentar a audiência. Uma das motivações para o desenvolvimento da pesquisa é identificar melhores maneiras de investir na mídia online, 3 Quantidade de acessos que o anúncio tem, assim como a contagem total de cliques no link. 4 Registro numérico de pessoas físicas ou jurídicas que fazem cadastro no site da marca, demonstrando interesse no produto ou serviço 5 São manchetes de conteúdo pejorativo, que visam chamar a atenção e curiosidade do leitor para gerar cliques, mesmo que a noticia seja falsa ou não tenha o assunto anunciado inicialmente. 6 Citação retirada por uma declaração oficial, da rede social Facebook

já que empresas começam sua comunicação no mercado neste âmbito, por ser um meio de baixo custo. Outro tópico importante é o auxílio de profissionais nessa área de atuação, que apesar de terem prática na carreira, ainda utilizam ferramentas empíricas para realizar suas estratégias publicitárias. Assim, este trabalho tem como objetivo conhecer os critérios considerados pelos Media Buyers, para que um anúncio patrocinado tenha destaque na rede social Facebook, gerando mais vendas para a empresa em questão. Para ter maior aprofundamento do assunto tratado, como alternativa metodológica foram entrevistados três profissionais da área de Social Media, assim como os principais pontos que devem constituir um anúncio, por exemplo, estudo da redação publicitária para a criação de manchetes, pesquisa sobre a psicologia das cores e a sua influência, a escolha da fotografia ou vídeo, além dos principais meios estratégicos que devem ser analisados ao patrocinar. REFERENCIAL TEÓRICO Para melhor conhecimento sobre a pesquisa, foram entrevistados dois profissionais atuantes na área estudada, com o objetivo de propiciar melhor detalhamento sobre a opinião destes no mercado atual, sendo possível fazer uma análise entre a teoria e a prática, e suas divergências. Foram entrevistados os media buyers Daniel Oliveira e Leonardo Peas, participantes operacionais na área do marketing digital na empresa de e-commerce ContactaMax e o analista de mídia Pedro Barroso, atuante na UniExplorer, agência de turismo gaúcha. Para que haja melhor organização na pesquisa, os referidos entrevistados serão nomeados como entrevistado 1, entrevistado 2 e entrevistado 3, respectivamente nessa ordem em que foram nomeados. CONHECENDO AS PESSOAS ATRÁS DO MONITOR A internet cresceu e se tornou acessível para a maior parte da população brasileira. Analisando os dados obtidos pelo Ibope em

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1998, José Pinho (2000) disserta sobre a pesquisa de um questionário divulgado durante cinco semanas por cerca de 50 mil internautas, no período inicial do milênio, considerando que neste intervalo não havia redes sociais. De acordo com essa pesquisa, naquela época havia uma estimativa de crescimento de 40 vezes mais usuários a cada três anos, entretanto de 10 homens, 3 eram mulheres, mesmo que a população brasileira seja predominantemente feminina e a faixa etária da pesquisa variava de 20 a 29 anos. O consumo digital aumentou de uma maneira abrupta, fazendo aparecer dados completamente diferentes aos de 18 anos atrás. Em 2016, a proporção de mulheres conectadas foi maior que a de homens: 65,5% delas tinham acesso, enquanto o índice para eles era de 63,8% No mesmo ano, o Brasil registrou 116 milhões de pessoas conectadas à internet, cuja faixa etária é medida aproximadamente com 64,7% da população acima dos 10 anos, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Pesquisa por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad C). Jovens entre 18 e 24 anos apresentaram maior taxa de conexão (85%), já os brasileiros com mais de 60 anos, apresentavam índice de 25%7. De acordo com o IBOPE Media, os dados revelam que a presença dos mais jovens na internet cresceu de 50% de 2003 para 2013, saltando de 35% para 85%. O consumo de outros meios de comunicação também é expressivo entre os mais novos, sendo que 92% assistem TV e 68% escutam rádio, caracterizando o jovem como principal indivíduo em mudanças de consumo da mídia. A pesquisa aponta ainda, que 61% dos jovens consomem mais de um meio de comunicação simultaneamente, nas mais variadas combinações, isso se deve ao grande facilitador de conexão e a rápida adesão 7 Brasil tem 116 milhões de pessoas conectadas a internet, diz IBGE. G1, 21 de fev de 2018. Disponível em: <https://g1.globo.com/economia/tecnologia/ n o t i c i a / b ra s i l - t e m - 1 1 6 - m i l h o e s - d e - p e s s o a s conectadas-a-internet-diz-ibge.ghtml> Acesso em: 15 de junho de 2018, 18:24

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das plataformas, formando até mesmo a construção de relacionamentos virtuais. Ao todo, 17% desses jovens vivem nas principais regiões metropolitanas brasileiras, tendo acesso a pelo menos um tablet, sendo que 47% têm smartphone, 93% tem acesso as redes sociais e 66% veem e baixam vídeos online. Mesmo tendo pouca experiência, a maioria dos jovens já ganham o próprio dinheiro, pois 62% trabalham, 85% o fazem em tempo integral e 35% ainda conciliam o emprego com os estudos. Entre os 38% dos que afirmam que não trabalham, 53% são estudantes em tempo integral, 37% estão desempregados e 6% procuram uma oportunidade. Além desses dados, mais de 50% possuem cartão de crédito, enquanto que 23% têm cartão de lojas ou supermercado.8 Apontado pelo IBOPE Media, o dispositivo mais usado para acessar a internet continua sendo o celular, pois de acordo com o IBGE (2016), 77,1% dos brasileiros possuíam o aparelho. O mobile é usado por 96,6% dos internautas, logo após os desktops com 63,7%, tablets em 16,4% e por último a televisão com 11,3%. O resultado mostrou que 94,6% dos internautas utilizam seus aparelhos, principalmente para troca de mensagens (de texto, voz ou imagens) por aplicativos de bate-papo, assim como 76,4% dos brasileiros conectados assistem vídeos (programas, séries e filmes) nos dispositivos, superando as chamadas de voz ou vídeo, indicadas por 73,3%. Nos entrevistados da Target Group Index (2016), a maioria respondeu que seu principal local de acesso à internet é em casa (93%) e 8 Consumo de internet pelos jovens brasileiros cresce 50% em dez anos, aponta IBOPE Media. 28 de julho de 2014. Disponível em: https://www. kantaribopemedia.com/consumo-da-internet-pelosjovens-brasileiros-cresce-50-em-dez-anos-apontaibope-media/ Acesso em: 22 de junho de 2018, 19:23.


ESTRATÉGIA NA REDAÇÃO PUBLICITÁRIA

logo em seguida a rede do trabalho (26%). Segundo o levantamento, 44% concordam com a frase “internet é a principal fonte de entretenimento”, enquanto que 59% recorrem primeiro a internet quando buscam alguma informação.9 Analisando os dados obtidos, pode-se perceber o quão volátil o consumidor pode estar, afinal neste universo virtual o indivíduo tem acesso a diversas lojas, sendo capaz de verificar inúmeros produtos existentes no mercado, assim como comparar preços da mesma mercadoria, consultar opiniões e avaliações de outras pessoas, com um simples comando em mãos. Segundo a pesquisa feita pelo grupo Target Group Index (2016), no universo midiático existente os anúncios de televisão e internet são os que mais chamam atenção pelo público, considerando-se que 38% da população presta mais atenção na publicidade desses meios. De acordo com esses dados, algumas propagandas televisivas se transformam em tópicos para conversas sociais, entretanto, em razão ao restante das mídias, 37% afirma que olha anúncios de jornais, 35% de revistas, 31% escuta propaganda de rádio, enquanto que apenas 24% destacam que prestam atenção na publicidade presente nas vias públicas.10

9 Acessar redes sociais é uma das atividades preferidas dos internautas brasileiros. 23 de agosto de 2016. Disponível em: < https://www.kantaribopemedia. com/acessar-redes-sociais-e-uma-das-atividadespreferidas-dos-internautas-brasileiros-2/> Acesso em: 19 de junho de 2018, 21:40. 10 Átomo da compra, o ciclo do consumidor digital. 25 de junho de 2016. Disponível em: <https://www. kantaribopemedia.com/atomo-da-compra-o-ciclodo-consumidor-digital/> Acesso em: 15 de junho de 2018, 17:35

Para Umberto Eco, “cada um de nossos atos comunicativos está dominado pela maciça existência de códigos” (apud MARTINS, 1997, p.17). Segundo o autor, as palavras influenciam diretamente nas ações e pensamentos do cotidiano, afinal o texto publicitário ou jornalístico pode ultrapassar barreiras, atingindo espectadores de perfis diferentes e com diversas interpretações distintas. Observando o comportamento do consumidor, além dos avanços do mercado publicitário, Martins (1997) pondera que os consumidores estão sendo bombardeados pela pressão das mensagens e portanto, estão pondo “barreiras aparente intransponíveis” em relação aos anúncios publicados pelas marcas. Entretanto, o autor revela que o público ainda é sensível às formas estéticas da propaganda e ao texto agradável de convencimento, principalmente quando destacam a emoção ao invés da razão, e complementa que o público deseja que a marca fale diretamente com ele. Em razão destes parâmetros culturais e sociais, Martins (1997) declara que uma das táticas mais usadas atualmente é propor estratégias de marketing individualizadas, em vez de publicar anúncios massivos e genéricos. Isso possibilita o consumidor se sentir personalizado, permitindo que ele não descarte sua mensagem, igual a tantas outras propagandas. Para averiguar se o pensamento do teórico coincide com o mercado atual, foram feitos questionamentos aos profissionais da área, com o intuito de descobrir se a melhor forma de obter sucesso no anúncio é segmentando ou maximizando o seu públicoalvo. O entrevistado 1 afirma que escolher entre generalização ou especificação depende do produto ou serviço, assim como o tipo de meta que o indivíduo/empresa deseja atingir, ou seja, varia da estratégia do anunciante, entretanto ressalta que o lado negativo de divulgar para mais pessoas, é o investimento que se torna maior. Em contraste com a resposta anterior, o entrevistado 2 ressalta que na sua concepção,

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um anúncio com público mais segmentado funciona melhor, já que anúncios bem configurados geram mais leads e conversões, entretanto concorda que existem exceções para o sucesso da publicação. Na concepção do entrevistado 3, depende da construção e objetivo de campanha. Se a empresa vende para o Brasil inteiro, deve-se escolher um público para ser alvo da campanha (gênero, faixa etária), segmentando-o de algum jeito. Neste caso, se a indústria vende nesta extensão, o anúncio pode ser efetivo ao ser exposto massivamente, entretanto, caso a empresa não venda para todo o território brasileiro, deve ser segmentado. Atrelado a essas respostas, foi questionado se os entrevistados acreditam que anúncios personalizados vinculando o produto à cultura de cada região é uma tendência, independentemente do produto ou serviço. O entrevistado 1 e o entrevistado 3 concordam plenamente com essa suposição. Na primeira resposta, foi justificado que o anunciante deixa segmentado de acordo com o seu objetivo central. De acordo com o media buyer, os canais do YouTube por exemplo, é uma estratégia que já está sendo feita, afinal cada usuário pesquisa exatamente o conteúdo que mais lhe interessa, e descarta o que não convém. Enquanto, entrevistado 3 conclui que quanto mais segmentado, mais efetivo é o anúncio, atingindo melhor o seu público. O entrevistado 2 concorda parcialmente com essa afirmação, pois acredita não ser uma tendência, sendo necessário avaliar o objetivo da campanha, além do tipo de produto anunciado. Porém, em regiões mais tradicionalistas, como no caso dos gaúchos, a estratégia pode dar certo, levando em conta que o povo tem características bairristas. Não surpreende que as agências de publicidade empreguem sociólogos e antropólogos, com a finalidade de fazer pesquisas sociais. Através desses dados, compreende-se os hábitos de cada público específico, demonstrando uma versão particular da realidade para que no anúncio, o público possa se identificar com o personagem

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apresentado. Sendo a propaganda uma forma de preencher a carência de identidade do leitor, visando aderir seus valores e estilos de vida, é necessária a compreensão sobre o processo de significação, no qual certo produto se torna sinônimo do seu estilo de vida, ou o objetivo o qual ele pretende atingir (VESTERGAARD; SCHRODER, 2000, p. 74). Os autores Torben e Kim (2000), analisando a diferença entre anúncios de revistas masculinas e femininas, nos anos 2000, observaram que os produtos destinados as mulheres (cosméticos, roupas, sapatos, perfumes, além de utensílios de limpeza) dão ênfase ao papel de mãe e esposa, representando alguém que tem responsabilidades quanto à família, e que a estética deve ser prioridade, mesmo que isso resulte em modificar aspectos físicos naturais. Enquanto que homens são persuadidos a adquirir novos produtos para melhorar a aparência, com o objetivo de acentuar os traços naturais do corpo masculino. Obviamente, os ideais sociais estão mudando, havendo mais inclusão de diferentes tipos de corpos, raças, gêneros e opiniões, e essa transformação está se refletindo na propaganda como posicionamento das marcas. Lembrando o exemplo clássico da Dove, para integrar mulher com biótipos diferentes, ou da cerveja Skol que está desmistificando a sua objetificação feminina nos comerciais atuais11. A JUSTIFICATIVA DAS PALAVRAS O filósofo Aristóteles, na obra Arte Retórica, relata sobre os três gêneros da retórica (deliberativo, judiciário e demonstrativo) e seguindo essas classificações, o texto publicitário tem características deliberativas, 11 3 Cases de Posicionamento de marca. 17 de outubro de 2017. Disponível em: <https:// agencia242.com.br/3-cases-posicionamento-marca/ > . Acesso em: 28 de junho de 2018, 14:50


afinal seu princípio é aconselhar para que o público julgue favoravelmente o produto ou serviço (Alexandre Júnior in Aristóteles [384322 a.C], 2005:104). O texto publicitário já utilizou o esquema aristotélico como artifício para discurso de persuasão, organizando os blocos por exórdio (introdução do discurso), narração (parte do discurso em que se inicia os fatos conhecidos), provas (argumentos demonstrativos, deliberações que podem ser usadas como exemplo) e peroração (epílogo, conclusão), sendo estratégia melhor empregado em revistas e jornais (CARRASCOZA, 2006).

Os anúncios digitais são compostos por manchetes (ou títulos) que conversam com a imagem ou vídeo utilizados, criando curiosidade no consumidor que vai se sentir impulsionado a clicar. De acordo com Carrascoza (2006), a associação de ideias (quando uma ideia é associada a outra) é o princípio fundamental para que as palavras impactem o leitor, podendo ser ligadas pela semelhança, contiguidade e causa e efeito. Discorrendo sobre a associação de palavras, Saussare (apud CARRASCOZA, 2006, p.16) relaciona com a semiótica do signo linguístico, definindo como uma junção entre a imagem acústica (significante) com um conceito (significado), por exemplo, a palavra “árvore” remete ao som produzido e seu aspecto abstrato, já que cada indivíduo reconhece uma imagem diferente.

Entretanto, cabe lembrar que não é comum o uso de textos longos em mídias digitais, pois tem-se a ideia empírica de que as pessoas não leem, principalmente em redes sociais. Afinal, essas plataformas são formadas essencialmente por fotografias e vídeos, utilizadas como ferramentas usadas rapidamente. Portanto, a publicidade não está dirigida para textos compridos e detalhados, já que na era da Modernidade, quanto mais sucinto, rápido e simples, melhor será fixado na mente do consumidor12.

O autor explica que existem palavras que se associam com outras, sendo chamadas de relações paradigmas, assim como a palavra “ensinamento” faria surgir outras mentalmente, dependendo do elemento comum com a memória do indivíduo. As relações podem ser feitas pelo radical (ensinamento, ensinar, ensinaremos), sufixo (ensinamento, armamento, desfiguramento), imagem acústica (ensinamento, elemento, lento) ou analogia dos significados (ensinamento, educação aprendizagem).

Carrascoza (2006) concorda que as dimensões do texto devem estar de acordo com as características do anúncio, o tipo de plataforma empregada e a quantidade de informações que precisa ser transmitida. Porém, afirma que o texto prevalece sobre a imagem, pois as palavras certas podem convencer o leitor a uma ação real. O autor salienta que antigamente a imagem tinha mais crédito, já que não podiam ser manipuladas, realidade que não existe nos dias atuais.

Uma tendência utilizada no mercado é a informalidade, pois o espaço em que se veicula é característico pelo despretensioso, portanto a linguagem é geralmente mais descontraída (dependendo, obviamente, do produto ou serviço prestado). Outra maneira de se escrever é se posicionar como audiência e escrever algo em que os leitores possam se relacionar.

12 A publicação perfeita no Facebook: Como fazer uma postagem impecável no Facebook. 21 de outubro de 2014. Disponível em: <https://www. academiadomarketing.com.br/publicacao-perfeitano-facebook/> Acesso em:06 de julho de 2018, 02:00

Muitos profissionais dessa área apelam para a curiosidade dos consumidores, usando clickbaits e gerando revolta por parte da plataforma que quer encerrar com os ‘caça-clicks’. Embora o número de cliques para esse tipo de anúncio seja grande, não traz muitos benefícios, afinal a imagem da marca ficará negativa e

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provavelmente não converterá em vendas13. Quando perguntados sobre anúncios sensacionalistas, o entrevistado 1 e 2 concordam que os ‘ângulos’ podem chamar a atenção, mas deveriam ser usados com cautela, pois o anunciante acaba ficando sujeito a atingir um público que só tende a interagir com a publicação, porém a concretização da compra talvez não seja efetiva. Por sua vez, o entrevistado 3 argumenta que não há credibilidade no anúncio ou chance de fidelizar o cliente, mesmo tendo possibilidade de venda através do interesse pelo produto. A IMAGEM COMUNICAÇÃO

COMO

FORMA

DE

Como foi citado anteriormente, a combinação verbal e a ilustração se tornam importantes na construção do anúncio. Apesar de ter grandes estudos sobre textos escritos e redação publicitária, ou ainda tradição sobre a estética da imagem, são teorias compostas isoladamente e que devem ser melhor aprofundadas, quando esses elementos se unem na publicidade. De acordo com os autores Vestergaard e Schroder (2000), a diferença mais importante entre a imagem e o texto verbal é que este contém um verbo conjugado no tempo definido, ao contrário das imagens que são atemporais, transmitindo a mesma mensagem mesmo em períodos diferentes. Enquanto que Barthes (1964, apud VESTERGAARD; SCHRODER, 2000, p. 31) diz que as imagens têm significados dúbios, as palavras são mensagens com um único sentido. O autor denomina esta união como processo de ancoragem, quando o texto e a imagem se coincidem num anúncio, por exemplo, uma legenda que comunica o sentido de uma figura, forma-se um elo entre a figura e o texto, que separadamente não consegue expressar o mesmo sentido. Nesse sentido, um texto seleciona uma entre várias 13 Dicas para escrever melhores manchetes. 11 de setembro de 2017. Disponível em: < https:// ijnet.org/pt-br/blog/dicas-para-escrever-melhoresmanchetes> Acesso em : 19 de junho de 2018, 17:21

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interpretações da mesma imagem. Embora as imagens comuniquem, Vestergaard e Schroder (2000) concluem que elas não podem ser analisadas como uma linguagem única, pois fora códigos convencionais (como placas de trânsito, por exemplo), não é possível analisar uma imagem através de palavras, frases e fonemas. Ao usar imagens, muitas dessas figuras procuram uma ligação entre o produto anunciante e outro elemento que esteja nesse universo, empregando uma associação de ideias com imagens, ou seja, se o anúncio foi bem sucedido é sinal de boa ligação conotativa. Um exemplo clássico seria a propaganda de cigarro Red Sil Cut (1977), que retrata na fotografia um maço do produto, com uma xícara de café e um cálice de conhaque, sobre uma toalha vermelha, sendo o texto inserido sobre a imagem, informando o preço e que os cigarros têm baixo teor de alcatrão, sendo os mais vendidos na Grã Bretanha. Nessa situação, os cigarros fazem parte da situação com café e conhaque. (VESTERGAARD; SCHRODER, 2000) Estabelecer uma relação entre certo produto e uma situação desejável, é muito comum na publicidade. Apesar de ocorrer com mais naturalidade em objetos em que já exista correlação estabelecida, há a possibilidade de associação de peças que não tem ligação entre si. Um anúncio pode sugerir como presente um anel, já que o objeto tem relação com a demonstração de amor. Entretanto, uma propaganda pode associar o amor em casos onde a correlação não é estabelecida, com produtos como cosmético, automóveis, fogões a gás, entre outros produtos. Assim pode-se identificar os símbolos visuais, cuja a interpretação de uma figura já remete a sua mensagem. Percebe-se isso em uma pomba branca que sugere a paz ou quando o símbolo do


coração lembra o amor. Obviamente, existem marcas que podem ser identificadas apenas pelo seu símbolo, como na Ford ou Volkswagen (VESTERGAARD; SCHRODER, 2000) Ao escolher a imagem ideal para o anúncio, os produtores de conteúdo têm estratégias diferentes para chamar a atenção dos consumidores. Os entrevistados 1 e 2 concordam que se deve usar métodos diferentes de acordo com o seu produto, no caso deles, os anúncios de maior sucesso foram publicados com fotos amadoras, como se fosse “dicas” de uma pessoa anônima. Eles acrescentam que imagens com pessoas famosas podem gerar mais engajamento e conversão de vendas, assim como a fotografia, juntamente com o texto, devem remeter a algo que o cliente deseja ter para que ele possa se identificar com o personagem. O entrevistado 3 afirma que utiliza imagens profissionais, a partir do banco de imagens do Stock, cujo tema esteja relacionado a propaganda patrocinada. Ele complementa que seu chefe acredita que deve ser feito um flayer no anúncio, contendo o máximo de informações de pacotes e serviços. De acordo com Torben e Kim (2000), da mesma forma que no texto verbal, a imagem também dispõe de várias informações distribuídas em unidade. Quando se olha uma fotografia, por exemplo, ela precisa ser explorada como se houvesse um começo e um fim, influenciado pelo hábito de ler. No momento em que se lê, os olhos se movem do canto superior esquerdo para o canto inferior direito da página, conceito muito utilizado em pinturas e do desenho publicitário. Como foi visto, os meios mais comuns de chamar a atenção do leitor são através do título e da ilustração (ou slogan, se houver). Os modelos considerados mais comuns é a afirmação de que eles podem oferecer algo interessante ao consumidor.

Usualmente, emprega-se a palavra “segredo” ou “revelação”, para despertar a curiosidade do consumidor, ou ainda, pode ter destaque fingindo que não é um anúncio. Leech (1966, p. 99 apud VESTERGAARD; SCHRODER, 2000, p. 61) descreve esse fenômeno como empréstimo de papel, usando artigos de entretenimento como histórias em quadrinhos para aumentar o interesse, e no seu título aplicar um questionamento. O VÍDEO COMO TIPO DE COMUNICAÇÃO Enquanto que a imagem estática e o texto se coincidem no anúncio, a linguagem audiovisual transforma a comunicação cada vez mais rápida, sem encontrar obstáculos nem mesmo num país que ainda tem taxas de analfabetismo, sendo que o principal exemplo é a televisão, como descreveu Barreto (2004). De acordo com o autor, a evolução tecnológica difundiu o sinal televisivo em, praticamente, todas as regiões brasileiras. Por este fato, Barreto argumenta que o alcance geográfico do computador ainda era limitado, porém, é possível observar uma grande discordância entre essas mídias, já que na televisão o anunciante é quem decide o que o consumidor irá ver, além de determinar quando o público verá a propaganda, diferente do ambiente digital atual. Para Barreto (2004), mídias que dão poder de escolha ao consumidor (assim como revistas e jornais) tem poder de persuasão menor sobre o cliente. Nas redes sociais, as pessoas não se comunicam apenas através de textos e imagens, pois os vídeos ganham cada vez mais espaço no ambiente digital. Não é à toa que uma das redes sociais mais lucrativas é o Youtube, uma ferramenta muitas vezes utilizada para fins de entretenimento ou como site de busca para novos conhecimentos, já que vídeo é um dos jeitos mais fáceis (e rápidos) de transmitir uma mensagem14. 14 A influencia da internet e suas ferramentas no ambiente corporativo Disponível em: <http:// www.administradores.com.br/artigos/marketing/ a-influencia-da-internet-e-suas-ferramentas-noambiente-corporativo/56354/>Acesso em: 06 de julho de 2018, 13:05

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De acordo com o site Performa Web, por meio de celulares e da conexão com a internet, qualquer pessoa pode compartilhar ou visualizar vídeos em suas redes sociais, sendo essencial para construir maior relacionamento com seus clientes. É importante dizer que cada rede social interage de modo diferente com o uso dos vídeos, no Linkedin, por exemplo, o seu espaço agrega conteúdos mais sérios e profissionais, enquanto que o Twitter posta conteúdos rápidos e divertidos15. De acordo com o autor do conteúdo online Bruno Souza, os vídeos têm o poder de chamar mais atenção inicialmente, podendo ser ótimo para converter novos clientes e leads, podendo destacar diversas vantagens de seus produtos e serviços em pouco tempo, ou mesmo direcionar usuários para seu site de vendas. Para obter esse resultado, o vídeo precisa ser bem elaborado, com informações essenciais, interessante e chamativo (tanto esteticamente, quanto em relação ao conteúdo) sendo que sua estratégia deve restringir de acordo com o público específico. Conforme afirma esta fonte, para ganhar mais destaque no seu conteúdo midiático, é importante saber novidades relacionadas às notícias, memes ou matérias que circulam pela rede social pretendida. As legendas são fundamentais, já que dão acessibilidade tanto para deficientes auditivos, quanto para pessoas que desativam o áudio enquanto usam a internet no celular, o que torna o vídeo falado muitas vezes ineficaz. Essa é uma informação relevante para mídias sociais que são predominantemente acessados por aparelhos móveis, como é o caso do Facebook, Instagram ou Twitter.

escolher com cuidado a miniatura e o título da publicação, afinal vai ser a primeira coisa que o público vai ver, chamando a sua atenção16. Através da entrevista concedida, foi perguntado se os vídeos como anúncios valem o custo benefício, mesmo precisando de mais tempo e investimento. O entrevistado 1 confirma essa lógica, pois “quanto mais tempo você se dedica a algo novo, mais chance você tende a captar mais clientes”. Porém, acrescenta que mesmo sendo um método válido, deve ser posto em análise, já que todos os anúncios têm “período de vida útil” na rede social. Por sua vez, o entrevistado 2 declara que seu custo/benefício é válido quando bem segmentado, podendo dar mais retorno do que outros tipos de anúncios, pois geram mais interação com o usuário. O entrevistado 3 argumenta que o vídeo terá mais alcance, pois o Facebook tende a entregar mais facilmente patrocínios desse tipo. Explica que de acordo com sua própria experiência, as pessoas tendem a ser mais restritas, pois é difícil fazer com que o público se interesse em um período de segundos no seu conteúdo, fazendo com que a mensagem não seja entregue. Entretanto, acredita que com anunciantes com mais poder de investimento, é possível que seja mais eficiente. O PODER DAS CORES E SUA INFLUÊNCIA

O Facebook tem grande capacidade de visualização, mesmo para postagens orgânicas, criando grande engajamento entre os clientes e permitindo personalização em relação à segmentação. É fundamental

Nas artes visuais, a cor é um dos principais elementos que compõem a sua forma, afinal é ela quem dá vida e luz à obra, chamando a atenção dos olhares dos espectadores. O autor Modesto Farina (2000) declara que ao longo da história, as cores foram usadas para

15 Como usar vídeo marketing de forma efetiva em cada rede social. 02 de abril de 2018. Disponível em: <http://www.performaweb.com.br/como-usarvideo-marketing-de-forma-efetiva-em-cada-redesocial/> Acesso em: 24 de junho de 2018, 10:00

16 Como usar vídeo marketing de forma efetiva em cada rede social. 02 de abril de 2018. Disponivel em: <http://www.performaweb.com.br/como-usarvideo-marketing-de-forma-efetiva-em-cada-redesocial/> Acesso em: 24 de junho de 2018, 11:15

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surpreender os homens com a presença de príncipes, reis e sacerdotes, através de vestuários com cores vibrantes, além de ornamentos religiosos, como os vitrais da Igreja de Cora em Constantinopla ou encadernações coloridas, cravejadas de pedras preciosas, no período medieval. Entretanto, nas artes visuais, a cor não é decorativa ou estética. É um elemento fundamental para transmitir a mensagem correta, pois está ligada à expressão de valores sensoriais e culturais da sociedade. No século XIX, houve um crescente interesse quanto ao estudo científico das cores, com a participação de filósofos e escritores, surgindo alguns especialistas que delimitam o problema estético das cores, de acordo com três pontos de vista: óptico sensível (impressivo), psíquico (expressivo) e intelectual-simbólico (estrutural). (FARINA,1990) De acordo com Farina (1990), foram feitas experiências laboratoriais, cuja cor foi caracterizada como influenciadora na vida dos seres vivos, por exemplo, em larvas de moscas e besouros que morrem sobre a influência de luz verde, já a luz azulada faz perecer as plantas enquanto que cores mais quentes as tornam mais vigorosas. O autor também afirma que o corpo humano sofreu alteração com determinadas exposições: a luz vermelha estimula as funções orgânicas e o excesso de exposição pode acarretar doenças no coração e reflexos na pressão arterial, a luz anilada tem poder analgésico, o desmando do amarelo pode produzir indigestões, gastrites e úlceras, certas variações de verde provocam doenças mentais e nervosas, e o excedente do azul pode provocar pneumonia, tuberculose pulmonar e pleurisia, fazendo com que a indústria farmacêutica identificasse as cores das cápsulas de acordo com as doenças mencionadas.

Complementando seu raciocínio, Modesto Farina (1990) disserta que o individuo reage a diferentes estímulos perante algumas cores, surgindo o estudo da Psicologia das cores, com o intuito de fazer com que os consumidores se sintam mais persuadidos pela marca. A especificidade do produto ou serviço deve ter íntima conexão com a cor empregada, pois de acordo com seu significado, ela trará sensação de impacto e realidade, observandose também as tendências do mercado na publicidade. Durante as pesquisas de Dorcus, realizadas em 1925 com uma amostragem extensa de crianças, estudantes e idosos de um hospital psiquiátrico, concluindo que: (1) as associações de ideias são melhor estabelecidas com cores saturadas, como vermelho, azul e verde; (2) as mulheres têm mais facilidade com o objeto de associação por cor do que os homens, já as crianças e idosas são mais restritivas quanto a esse aspecto; (3) apesar das preferências de cores, as pessoas gostam mais de misturas, como púrpura, vinho, malva. (FARINA, 1990) Conforma cita Farina (1990), um dos fundamentos de direção de arte para a produção de anúncios é a simplicidade, para que o consumidor fixe rapidamente a assimilação da mensagem, recebendo destaque no fator de real interesse, onde se centraliza a ideia principal. Existem cores que vendem, porém cabe lembrar que esse não é um fator atemporal, pois são tendências visuais que podem mudar tanto pelo desgaste do tempo e da moda, quanto pela região em que empregamos esse conceito. Questionados se a psicologia das cores nos anúncios, podem interferir em aumento e diminuição de cliques, as respostas dos participantes da pesquisa qualitativa, atuantes no âmbito publicitário digital, divergiram completamente. O entrevistado 3 consente com essa afirmação, enquanto que o entrevistado 2 discorda integralmente da mesma, e o entrevistado 1 concorda parcialmente. O entrevistado 1 aponta que existem dados que comprovam o que cada cor desperta involuntariamente em cada indivíduo e isso

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com certeza poderia talvez ser considerado um possível “trunfo” para utilizar em sua propaganda, mas dependendo somente disso, o anúncio não vingaria no público, e acrescenta que essa estratégia é melhor empregada em anúncios mais criativos (que não sejam apenas “clique e compre”), dependendo do seu objetivo na comunicação. Discordando com tal opinião, o entrevistado 2 acredita que as cores não influenciam no sucesso do anúncio, confiando mais na qualidade da imagem e no ângulo da fotografia para prender a atenção do consumidor. Já o entrevistado 3 opina que as cores nos anúncios podem induzir ao aumento/ diminuição de cliques, principalmente no Facebook. Ao comparar com o Instagram, que foi uma das ferramentas mais utilizadas para contraste, efeitos e filtros na imagem, o profissional aponta que usa muitos desses artifícios para chamar mais atenção em suas publicações. CONCLUSÃO Com a quantidade de usuários que utilizam redes sociais, é cada vez mais difícil chamar a atenção do consumidor para o conteúdo exibido nessas plataformas, ainda mais para divulgação de produtos e serviços feitos pelas marcas. Assim como o consumidor muda seus hábitos de compra, a publicidade se adéqua as mudanças de mercado, e no âmbito digital não é diferente. Foi necessário analisar tanto a teoria quanto a experiência dos profissionais da área, através de uma pesquisa exploratória de natureza qualitativa, para obter maior aprofundamento sobre o mercado atual. Sendo o Facebook, a rede social com maior número de usuários atualmente, e tendo em vista o seu poder de configuração e segmentação, surgem questionamentos sobre as melhores estratégias para atingir o públicoalvo, melhorando o engajamento e gerando mais vendas para a empresa. Este trabalho concluiu com o seu propósito e objetivo inicial, conhecendo os critérios utilizados pelos profissionais da área (Media Buyers), para obter maior destaque na plataforma, além de

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reunir estudos sobre técnicas de criação de anúncios patrocinados e estratégias de mídia digital. A meta estipulada foi concluída através dos estudos sobre: a importância da redação publicitária, pesquisa sobre os usuários que utilizam essas ferramentas, informações sobre a influência da psicologia das cores nos anúncios, a utilização de vídeos nos links patrocinados, os conceitos das imagens na utilização da propaganda, além de técnicas sobre estratégia de segmentação. Todos esses elementos, somados as entrevistas feitas com os profissionais da área, foram de fundamental importância para que o presente estudo fosse finalizado. Entretanto, lembra-se que essas ferramentas são particularmente novas, em relação a outras mídias tradicionais. Sendo assim, o principal limitador da pesquisa foi à falta de embasamento teórico na abordagem virtual (como ao estudar sobre produção de vídeos em social media), tendo em vista que foi preciso pesquisar em fontes de sites para obter maior conhecimento sobre o assunto. Espera-se que ao longo dos anos, haverá conteúdo com argumentos mais contundentes, através de pesquisas amplas em relação ao tema discutido. Com o objetivo de auxiliar no desenvolvimento da melhor comunicação entre a empresa e o público, está pesquisa desencadeia diversos questionamentos sobre os métodos eficazes nas redes sociais, portanto propõem-se mais estudos no que diz respeito ao recurso empregado nas áreas de mídia social, aprofundando o seu conhecimento tanto na área da criação quanto no marketing. Também são propostos estudos referentes às novas tendências de mercado entre os profissionais, já que é um ambiente volátil e de fáceis transformações de conteúdo.


MARTINS, Jorge. Redação Publicitária: Teoria e Prática. 2º Ed. São Paulo: Atlas, 1997

REFERÊNCIAS BARRETO, Tiago. Vende-se em 30 segundos: Manual do roteiro para filme publicitário. 1ª Ed. São Paulo: Editora Senac, 2004 CARRASCOZA, João Anzanello. A evolução do texto publicitário. 8ª ed. São Paulo: Futura, 2007 CARRASCOZA, João Anzanello. A redação Publicitária: Estudos sobre a retórica do consumo. 4ª ed. São Paulo: Futura, 2006 FARINA, Modesto. Psicodinamica das cores em comunicação. 4ª ed. São Paulo: Edgard Blucher LTDA, 1990 GOMES, Helton. Brasil tem 116 milhões de pessoas conectadas a internet, diz IBGE. 21 de fev de 2018. Disponível em: <https://g1.globo.com/economia/tecnologia/ noticia/brasil-tem-116-milhoes-de-pessoasconectadas-a-internet-diz-ibge.ghtml> Acesso em: 15 de junho de 2018, 18:24 IBOPE MEDIA. Consumo de internet pelos jovens brasileiros cresce 50% em dez anos. 28 de julho de 2014. Disponível em:<https:// www.kantaribopemedia.com/consumo-dainternet-pelos-jovens-brasileiros-cresce50-em-dez-anos-aponta-ibope-media/> Acesso em: 22 de junho de 2018, 19:23. IBOPE MEDIA. Acessar redes sociais é uma das atividades preferidas dos internautas brasileiros. 23 de agosto de 2016. Disponível em: < https://www.kantaribopemedia.com/ acessar-redes-sociais-e-uma-das-atividadespreferidas-dos-internautas-brasileiros-2/> Acesso em: 19 de junho de 2018, 21:40.

MULCAHEY, Taylor. Dicas para escrever melhores manchetes. 11 de setembro de 2017. Disponível em: <https://ijnet.org/ pt-br/blog/dicas-para-escrever-melhoresmanchetes> Acesso em : 19 de junho de 2018, 17:21 PINHO, José. Publicidade e Vendas na Internet. 2º Ed. São Paulo: Summus, 2000 RODRIGUES, Fernanda. A publicação perfeita no Facebook: Como fazer uma postagem impecável no Facebook. 21 de outubro de 2014. Disponível em: https://www. academiadomarketing.com.br/publicacaoperfeita-no-facebook Acesso em:06 de julho de 2018, 02:00 SOUZA, Bruno. Como usar vídeo marketing de forma efetiva em cada rede social. 02 de abril de 2018. Disponível em: <http:// www.performaweb.com.br/como-usar-videomarketing-de-forma-efetiva-em-cada-redesocial/> Acesso em: 24 de junho de 2018, 10:00 SOUZA, Monaliza. A influencia da internet e suas ferramentas no ambiente corporativo. Disponível em: http://www. administradores.com.br/artigos/marketing/ainfluencia-da-internet-e-suas-ferramentasno-ambiente-corporativo/56354/ Acesso em: 06 de julho de 2018, 13:05 VESTERGAARD, Torben; SCHRODER, Kim. A linguagem da propaganda. 3ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000

IBOPE MEDIA. Átomo da compra, o ciclo do consumidor digital. 25 de junho de 2016. Disponível em: <https://www. kantaribopemedia.com/atomo-da-compra-ociclo-do-consumidor-digital/> Acesso em: 15 de junho de 2018, 17:35

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PES

QUI

SA


PESQUISA DE MARKETING QUINTANDA Elaborada por: Aniele Astrizzi Bruna Silva Clóvis Freitas Junior Lucas Backes Ricardo Motta Victoria Nogueira Orientada por: Profª Ms. Maristela de Oliveira Franco

APRESENTAÇÃO

A

través de um mercado segmentado onde se considera produtos orgânicos que são certificados direto da agricultura familiar do Rio Grande do Sul, a Feira Quintanda acontece nas quintas feiras no pátio do IPA. A feira busca modificar essa realidade de baixa procura do consumidor, oferecendo alimentos de qualidade, sem produtos químicos ou hormônios sintéticos, onde a saúde do cliente é preservada, assim como o meio ambiente. A partir deste contexto, será realizada uma pesquisa que servirá como base para analisar a possibilidade do negócio, visto que atinge um nicho de mercado bem específico. Caracterização do Objeto de Pesquisa O objeto de pesquisa deste trabalho é a Feira Quintanda. O foco é identificar os principais motivos pelos quais o público interno do Centro Universitário Metodista IPA não frequenta a feira. Também foi importante saber de quem frequenta, quais melhorias podem ser realizadas para uma melhor adesão do público. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA DE MARKETING Para se chegar ao problema de pesquisa algumas pessoas foram ouvidas com o objetivo de traçar um cenário em que pudesse se entender o real problema de pesquisa a partir d o ponto de vista do gestor da feira, aqui denominado tomador de decisão. Foi ouvida também a gestora de comunicação para complementar as informações. Entrevista com tomador de decisão Em conversa com o tomador de decisão, Elson Chaveder, foi visto que a Associação Agroecológica é a responsável pela feira no IPA. A Quintanda, que fechou seu terceiro ano de existência, acontece na quinta-feira, das 13h às 19h. Além desta, a organização coordena mais três momentos: na quarta-feira e no sábado no bairro Menino Deus e no Parque Redenção, também no sábado, ambos na cidade de Porto Alegre. A professora Rita, do Centro Universitário Metodista IPA, é quem faz o elo entre a instituição de ensino e a associação. Entende-se que a feira na universidade é pequena, são 11 bancas que contam com aproximadamente 35 famílias. A Quintanda não é uma feira rentável para as famílias que participam. Segundo Elson, o principal problema é a falta de consumidores no local, além do pouco conhecimento dos

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moradores sobre a existência da feira. O público-alvo são os moradores do entorno e o público interno do IPA. Como principais impedimentos, Elson menciona o valor do estacionamento e a localização da instituição. O problema de decisão gerencial foi apresentado pelo tomador de decisão. Segundo entrevista o principal questionamento gira em torno da pouca circulação de pessoas, baixa procura e por consequência, baixa rentabilidade. Entrevista com profissional do setor Camila Brum, vem de um ambiente familiar que estimula o uso de feiras orgânicas e voltados para o consumo agroecológico. Cursou publicidade e propaganda, mas concluiu sua formação em museologia, pela UFRGS. No período acadêmico foi convidada para trabalhar na Quintanda para integrar na comunicação digital, principalmente com o Facebook divulgando os movimentos da feira e ter um ponto de contato com o consumidor. Hoje é utilizado também o Instagram e o Whatsapp Business. A feira Quintanda está localizada numa região onde o poder aquisitivo é mais alto, assim a entrevistada observou que a comunidade local tem o costume de comprar a feira no mercado. Diferente de outros bairros como Menino Deus e o Bom fim, onde a associação também possui feiras com mais de 20 anos de atuação. Já a Quintanda está a apenas 4 anos, então o bairro não tem hábito e nem costume de ir a feira. A Quintanda tem um grande potencial de ser a vitrine do consumo consciente e da agroecologia, principalmente no público ‘A’, trazendo esses consumidores ao verdadeiro produto ‘’prime’’ uma vez que estão habituados a rotina de ir no mercado do esquilo, crendo que estão economizando e comprando bem, mas apenas fazendo parte do clichê publicitário (parte enfeitada por mim Ricardo Motta). Na opinião de Camila o preço do estacionamento pesa para aceitação do cliente, e que a associação não está tendo sucesso em flexibilizar esse valor junto a empresa responsável. Dessa forma alguns clientes já consolidados desistem por ter de pagar. Um grande motivo, na opinião dela, da baixa frequência é a questão do costume, relembrado. Para ela, o caminho é trabalhar com o público e mostrar que vale muito à pena ir na feira e a qualidade do produto é superior, e o preço muitas vezes igual ao preço convencional. Outro motivo da baixa frequência, é por ser em um espaço fechado, onde muitas vezes não é possível manter a regularidade uma vez que o IPA fecha em feriados e outras épocas, não podendo atender a demanda gerando a frustração. E o horário não ajuda visto que das 14h às 19h, é horário de trabalho e no final do dia já tem poucos produtos. As feiras de sábados e quartas do Menino Deus são boas por ser tradicional, com movimento consolidado. A feira do Bom do Fim é muito concorrida e todos os feirantes conseguem manter sua economia com seu trabalho na FAE, lembrando que isso tudo antes da pandemia. Para integrar mais a comunidade, o whatsapp estreitou os laços, dando maior facilidade de comunicação e retorno. E a dificuldade é essa: Como integrar mais a comunidade na feira? Como trazer os moradores dos condomínios em volta? O que Camila já percebeu é que o contato direto é uma forma muita boa, e tem um ótimo retorno, intimista. Adequando melhor o espaço, a feira está bem escondida no IPA, e pela própria localização da instituição ou o cliente entra a pé ou faz uma volta atrás pela rua Cabral, uma volta bastante movimentando. Então como fazer uma sinalização com retorno? Placas, banners, indicativos, para mostrar a feira e talvez buscar um espaço com maior visualização do público. E acrescentando ao debate para melhorar a integração da comunidade e público, é trabalhar com comunicação em torno dos condomínios e entregas em casa com uma comunicação sempre íntima e eficiente. Dados secundários internos: • Data da inauguração da Quintanda: 2016.

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• Número de feirantes: 11 bancas, que contemplam em média, 33 famílias. • Dia de horário de funcionamento: Todas as quintas, das 14h às 19h. • Número de pessoas que normalmente circulam: Aproximadamente 100 pessoas. Dados secundários externos: Segundo pesquisa encomendada pelo Conselho Brasileiro de Produção orgânica sustentável (Organis) mostra que 19% dos Brasileiros consomem algum produto orgânico, 35% consumiram produtos nos últimos 6 meses, e 67% estão dispostos a aumentar a compra dos produtos. Na região sul está o maior percentual de consumidores (48%), seguido pelo sudeste (42%). Conforme a pesquisa, o preço ainda pesa na decisão de compra para 65% dos consumidores, mas para 48% essa diferença é justificada pelo valor agregado, e custos de produção. De acordo com o SEBRAE, O Brasil está se consolidando como um grande produtor e exportador de alimentos orgânicos, com mais de 15 mil propriedades certificadas e em processo de transição – 75% pertencentes a agricultores familiares. Seguindo os últimos dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), a produção orgânica nacional vem crescendo mais de 20% ao ano. No entanto, esse crescimento é inferior à demanda pelos produtos. O quadro se agrava pelo fato de que 70% da produção é exportada para a Europa. Dados do Segmento Feiras antes sempre consideradas as queridinhas em diversos bairros das capitais brasileiras, enfrentam agora durante o coronavírus um dos momentos mais duros. Embora sejam consideradas atividades essenciais, o governo fez recomendações para atividade permanecer acontecendo, são 19 normas a serem cumpridas: Limpeza frequente das superfícies, dos veículos de transportes, locais de acondicionamento de produtos, equipamentos e utensílios; Aumento do espaçamento entre as bancas e entre os funcionários e entre os funcionários e clientes de, pelo menos, um metro de distância. Podem ser usadas faixas ou fitas para demarcar os limites; As bancas e barracas devem ser instaladas em locais amplos, preferencialmente ao ar livre; O lixo deve ser frequentemente coletado e estocado em local isolado da área de preparação e armazenamento dos alimentos; Disponibilização de pias com água corrente e sabonete, além de álcool 70% para uso de feirantes e consumidores; Luvas e máscaras não são obrigatórias, mas as máscaras caseiras podem ajudar a evitar a propagação do vírus; Apenas uma pessoa responsável pelo caixa; Proibir qualquer tipo de degustação ou consumo de produtos no local; Quem prepara os alimentos deve lavar as mãos com frequência e, principalmente, depois de: tossir, espirrar, coçar ou assoar o nariz; Manter as unhas curtas, sem esmaltes, e não use adornos que possam acumular sujeiras e microrganismos, como anéis, aliança e relógio; Não converse, espirre, tussa, cante ou assobie em cima dos alimentos, superfícies ou utensílios; Afastamento das atividades, de comerciantes que estejam nos grupos de risco; Os trabalhadores com sintomas devem ser afastados da atividade e permanecer em isolamento domiciliar por 14 dias. Embora tais atividades sejam importantes em tal momento, elas sobrecarregam o produtor e refletem no preço das mercadorias. Em São Paulo a capital mais afetada pela crise do novo coronavírus, Feirantes sofrem com o clima desolado e vazio. Os movimentos expostos acima em conjunto ao medo fizeram com que muitos feirantes abandonem suas rotinas de feiras livres, segundo o Presidente do Sindicato dos Feirantes (SindFeira), é estimada uma queda de 30% a 40% das vendas apenas durante a semana santa. Segundo uma das feirantes que trabalha a 45 anos no ramo, diariamente vendia entre 200 a 300kg de siri. Na última semana, as vendas não passaram de 50kg.

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A promessa para o setor está nas vendas online. Porto Alegre se tornou pioneira na atividade. A Startup chamada Poa na Rua, mapeou as feiras de rua livre da capital e criou um e-commerce conjunto chamado Bora!, Nele os expositores informam seus produtos e o cliente ao comprar combina diretamente por whats a entrega ou retirada dos materiais. Segundo a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico (SMDE) as feiras ecológicas municipais envolvem 414 famílias e mais de 1,6 mil agricultores, divididos em mais de 50 associações, grupos e cooperativas. De acordo com a estimativa da SMDE, a Feira do Bom Fim tem um público estimado de 17 mil pessoas por edição. Comportamento do Consumidor Na concepção de Samara e Mosch (2005) o marketing tem como propósito atender as demandas e ânsias dos consumidores por meio de elaboração de produtos e serviços. Sendo assim, é preciso conhecer os hábitos e desejos de seus clientes. Entender o consumidor é uma função básica do marketing para que seja possível realizar os objetivos no desenvolvimento, na produção e na colocação no mercado de bens e serviços apropriados e capazes de atender as necessidades e os desejos dos consumidores, colaborando de fato com o sucesso da empresa. Fogguetti (2019) traz que os clientes dificilmente compram algum produto por simplesmente precisar dele, existem muitas causas que influenciam a conduta de uma compra. As definições são estipuladas por um composto de elementos culturais, sociais, psicológicos e sociais, todas essas razões se combinam para que o cliente adquira um bem ou serviço. A indústria de produtos e alimentos orgânicos vem crescendo motivada pela preocupação de seus clientes com o meio ambiente e com a saúde. O consumidor desses produtos busca se informar e sabe que o padrão de sua alimentação pode ser de qualidade. Compra o produto orgânico por indicação de outras pessoas que já consomem, seguindo no mesmo padrão, estão aqueles que buscam um novo estilo de vida por razões de doença ou intoxicação. Procuram melhorar a qualidade da alimentação, orientados por médicos e nutricionistas. O varejo convencional é o principal canal, embora exista potencial em outros âmbitos alternativos como feiras, lojas especializadas e direto do produtor. Clubes de compras ainda são uma promessa. Segundo pesquisa realizada em 2017 pelo Conselho Brasileiro da Produção Orgânica e Sustentável, quando há mais de uma marca de produto orgânico disponível, o preço é o principal fator decisor de compra. A confiança na marca também tem um papel importante, citada como segundo critério de decisão. Existe uma elevada disposição a consumir mais produtos orgânicos, mas o preço é citado como maior limitador para a ascensão do consumo. A dificuldade de acesso também é citada por uma fatia importante dos consumidores, seguida pela falta de conhecimento sobre os produtos. Entre 10 entrevistados 4 consumiam produtos orgânicos pelo menos uma vez por mês. QUESTÕES E OBJETIVOS DA PESQUISA Após apresentação dos dados que proporcionaram um conhecimento mais amplo do setor de produtos orgânicos, passa se aos questionamentos e objetivos da pesquisa em questão. Questão da pesquisa: Quais são os principais motivos que levam a feira a ser pouco frequentada? Objetivo geral: Analisar e entender quais são os principais fatores que motivariam o público interno do IPA a frequentar a Quintanda. Objetivos Específicos: 1. Descrever o comportamento de compra de produtos orgânicos. 2. Entender os fatores que levam as pessoas a não se deslocarem até a Quintanda.

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CONCEPÇÃO DA PESQUISA A pesquisa foi desenvolvida em duas etapas: a primeira etapa foi uma pesquisa qualitativa de cunho exploratório e a segunda parte foi uma pesquisa quantitativa de cunho descritivo. A seguir será apresentada a pesquisa exploratória que utilizou a técnica de grupo focal. Pesquisa Exploratória – Grupo Focal: O grupo focal foi realizado no dia 28 de abril de 2020 com 5 participantes, 4 homens e 1 mulher, todos estudantes do Centro Universitário Metodista IPA. Aqui serão denominados por letras para garantir o sigilo dos participantes. Foi utilizado um roteiro de perguntas semi estruturadas que serviram como guia para o debate. Após uma breve contextualização do motivo da realização do grupo focal, foram realizadas algumas perguntas com o objetivo de responder o problema de pesquisa e entender um pouco do comportamento destes consumidores. Você Conhece a Feira? Todos os participantes informaram que conhecem a feira. Consome produtos orgânicos? A: Eu já consumi produtos orgânicos, utilizo cartão alimentação/refeição, acabo dando preferência aos supermercados pois as feiras são mais caras e não aceitam o cartão alimentação/refeição. Antigamente frequentava o mercado público, mas como nunca fui adepto ao orgânico, por mais que eu goste de alimentos naturais, nunca priorizei os produtos orgânicos. B: Depende dos valores, as feiras oferecem alfaces orgânicos já lavados e dependendo do dia, acabo comprando. C: Raramente. D: Frequento a feira da Vasco com a João Teles, priorizo comprar as frutas e verduras na feirinha pois o mercado oferece produtos mais caros. Às vezes acabo comprando no mercado pela aparência do alimento, mas priorizo as feiras. E: Eu também utilizo cartão alimentação, acabo utilizando no mercado. Gosto dos produtos orgânicos mas não compro, nunca fui na Quintanda e não tenho nenhuma feira próximo a mim. Mas pretendo mudar meus hábitos alimentares e consumir mais produtos do segmento. O que vocês acham do dia que acontece a Quintanda? A: O problema da feira acaba sendo o horário. O dia não interfere. B: O dia não é o problema e sim o horário. C: O horário é ruim. D: O horário pra mim é o problema, eu chego no final da feira. E: Para mim o horário é bom pois chego cedo, mas para aqueles que não conseguem estar mais cedo no IPA acaba sendo ruim. O que acham do horário? A: O horário é ruim, pois quando eu chego a feira está finalizando as atividades ou fechada e a noite fica bem escuro no local. B: Eu também sempre chego próximo ao horário de finalizar a feira, se ficasse aberto até o intervalo eu conseguiria aproveitar.

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C: Se a feira funcionasse até o período do intervalo, eu acabaria consumindo os produtos. D: Eu também concordo que deveria se estender até o horário de intervalo, mas a questão ali é a localização, o pessoal acaba ficando mais centralizado na hora do intervalo e a feira fica mais afastada, quem acaba visitando mais a feira é quem frequenta o prédio G. Mantendo o local onde está se estender o horário de atendimento pode até ser que na visão deles não valha a pena, mas para os estudantes seria melhor. E: Estendendo a feira até o intervalo seria bem melhor, se fosse até umas 21h, assim o pessoal tem tempo e consequentemente acaba levando os amigos para incentivar mais. O que acham da localização? A: Eu acho a localização ruim, é escuro e as pessoas acabam não percebendo o que está acontecendo ali, se não entrar pelo prédio G, não tem como ver a feira. Tem faixa sinalizando que ali ocorre a feira mas não se consegue ver nada, principalmente no inverno que acaba escurecendo mais cedo, quem deve frequentar ali são os moradores do bairro. B: No meu ponto de vista a localização é prejudicial para a feira, ela fica escondida naquele espaço e não tem como vê-la direito. C: A feira poderia ser mais centralizada, onde o pessoal acaba transitando mais durante o período das aulas. D: A feira está bem localizada para os moradores do bairro. Para os alunos a localização não é interessante. E: Acredito que se fosse localizado na frente do prédio C o pessoal frequentaria mais, hoje quem deve participar mais ativo da feiras são os alunos do prédio G. Sobre a sinalização da feira. Como está? Viram sinalizações? A: Eu vi uma faixa informando que tinha a feira, falava do estacionamento do Ipa mas não era muito específico, já que o estacionamento tem diversos pontos. Os professores comentam da feira, mas normalmente no dia que ela acontece. B: Nunca vi nenhuma divulgação em relação a feira, é algo que está ali e ninguém avisou, mas compraria ali por conveniência. C: Não me recordo de ter visto nenhuma sinalização referente a feira. D: A feira não é bem sinalizada, eu fiquei sabendo após alguém comentar, porque passando ali em frente se não for para entrar no prédio G, as pessoas não reparam. E: Não é divulgada internamente e é mal sinalizado, os alunos passam por ali e veem que tem movimento, mas é preciso colocar uma placa mais visível para que assim chame a atenção dos que passam por ali. Já foi a Quintanda? A: Eu já fui com uma amiga, mas não comprei nada, e não fiquei observando os preços. B: Nunca fui. C: Não, nunca fui na feira. D: Nunca fui lá, como encerram às 19h é um horário ruim pra mim. E: Nunca fui, não faço ideia dos preços. Pra fechar, e se a feira tivesse... eu iria… A: Se preparassem alimentos para consumir na hora seria uma boa opção, principalmente alimentos saudáveis.

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B: Indo na linha da divulgação, se fosse mais divulgada o pessoal iria consumir mais, não somente os alunos mas os moradores do bairro, como moro próximo ao Ipa eu compraria alguns produtos se fosse mais divulgada e tivesse um mix de produtos melhores do que tem hoje. C: É isso, o colega tocou em todos os pontos que eu ia falar. D: Variedade, ter mais produtos, é uma feira pequena acho que ela teria que aceitar cartões, teria que ter iluminação, teria que ter mais sinalização. E: Concordo, mas vou procurar ir mais a feira. Análise do grupo focal por membro da equipe da pesquisa: O grupo focal foi de acordo com já sido conversado nos primeiros encontros com própria organização da feira, e posteriormente apresentado no briefing, nas entrevistas com pessoa do setor, e tomador de decisão. Claro que cada um com suas observações. Visivelmente os problemas citado são os mesmos a todos como: localização dentro do IPA e horário inadequado, público-alvo não definido, Comunicação não direcionada a comunidade tanto do bairro, quanto escolar. Estacionamento inflexível, mesmo com valor baixo agregado, é uma ‘barreira’ social, o que não é de acordo com o sentimento de uma ‘feira de acesso livre’. O entrevistado “A” sintetiza bem o sentimento da má localização da feira: A: “Eu vi uma faixa informando que tinha a feira, falava do estacionamento do Ipa mas não era muito específico, já que o estacionamento tem diversos pontos. Os professores comentam da feira, mas normalmente no dia que ela acontece’’. essa crítica é do participante A mas todos concordam e confirmaram essa falta de comunicação, ou melhor, posicionamento da publicidade que tem se feito com a QUINTANDA. Também o entrevistado B, cita: “No meu ponto de vista a localização é prejudicial para a feira, ela fica escondida naquele espaço e não tem como vê-la direito’’. Isso um problema compartilhado por todos, apesar de ter uma estrutura grande, aparentemente se esconde a feira dentro do IPA, uma vez que o meio termo de ficar entre a rua e o ambiente escolar, acabou anulando para ambos a visibilidade. Dos cinco participantes, apenas um concordou com o horário, não ajudando nem a comunidade nem a escola. E, finalizando um sentimento comum expressado pelo participante D ‘Variedade, ter mais produtos, é uma feira pequena acho que ela teria que aceitar cartões, teria que ter iluminação, teria que ter mais sinalização’’. Desta forma, buscar ter produtos adequados ao hábito de consumo e também a linguagem adequada ao consumidor daquela praça. Buscar adequação do horário, forma de pagamento e entrega. Procurar entender o que o frequentador das classes A e B tem de diferente dos consumidores internos. Essas foram as principais considerações coletadas no grupo focal. Pesquisa Conclusiva: Após a elaboração da parte qualitativa partir-se para a elaboração de uma pesquisa quantitativa descritiva utilizando o método de Levantamento de campo, também conhecida por Survey. Universo do Estudo Alunos, professores e técnicos do IPA. Amostra Para a pesquisa quantitativa, fez-se uso de amostras não probabilística, por conveniência. Visto que o foco era o público interno da instituição e não se dispunha do número exato de

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pessoas para poder se calcular uma amostra. Ao todo, foram entrevistadas 104 pessoas de ambos os gêneros com idades entre 17 e 60 anos. A amostra em questão foi utilizada levando em consideração o distanciamento proposto pelo Ministério da Saúde durante a quarentena. Método de Levantamento de Dados Os dados foram coletados através de uma pesquisa por levantamento, também conhecida por Método Survey. Instrumento de Coleta de Dados Na pesquisa quantitativa foi aplicado um questionário estruturado com 24 perguntas, utilizando a escalas de intenção de compras, múltipla escolha, classificação por itens e escala likert. Que são as escala utilizadas com mais frequência para pesquisa de mercado. O questionário foi composto por uma pergunta filtro que indicava se o respondente estava dentro do público-alvo da pesquisa. Caso a pessoa não se enquadrasse na categoria, o questionário era imediatamente encerrado. Pré-teste do questionário O pré teste foi realizado com cinco pessoas de 03 a 05 de Junho de 2020, com as mesmas perguntas que constam no formulário final. Preparação e análise dos dados A codificação dos dados quantitativos foi realizada através da ferramenta Google Forms, de forma automática. Enquanto o conteúdo sonoro resultante do grupo focal foi transcrito em sua totalidade para este documento. RESULTADOS GERAIS DA PESQUISA QUANTITATIVA Do dia 06 ao dia 23 de Junho de 2020 foi aplicado o questionário, divulgado por meio das redes sociais. Dos 104 respondentes da pesquisa, 59% são alunos da instituição, 5,7% são funcionários ou técnicos e 22,9% são professores. Questão 01: Qual seu vínculo com o IPA?

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Questão 02: Qual o gênero que você se identifica?

Questão 03: Qual sua faixa etária?

Questão 04: Qual sua área de atuação?

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Questão 05: Você consome produtos orgânicos?

Questão 06: Se sim, qual frequência de compra?

Questão 7: Se você consome, qual o principal motivo que faz você optar por esses produtos?

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Questão 08: Qual tipo de produto você mais consome?

Questão 09: Onde geralmente compra esses produtos?

Questão 10: Quanto aproximadamente você gasta na compra desses produtos semanalmente?

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Questão 11: Se não consome, por qual motivo?

Questão 12: Acredito que produtos orgânicos contribuem com a preservação do meio ambiente:

Questão 13: Você conhece a Quintanda?

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Questão 14: Você frequenta a Quintanda?

Questão 15: O que acha da variedade dos produtos?

Questão 16: O que você acha do preço dos produtos?

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Questão 17: O que você acha das formas de pagamento?

Questão 18: Acredito que a feira ocorre em um dia pertinente:

Questão 19: Acredito que o horário da feira está adequado (13h às 19h)

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Questão 20: Acredito que o local da feira está adequado (próximo ao prédio G)

Questão 21:Quais os fatores levariam você visitar a feira com mais frequência:

Questão 22: Atribua uma nota para a Quintanda em relação ao seu nível de satisfação, sendo 1 para totalmente insatisfeito e 10 para totalmente satisfeito:

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Em análise geral, percebe-se que mais de 50% da base respondente consome produtos orgânicos eventualmente. O fator decisivo para o consumo é a saúde e a ausência de agrotóxicos no alimento. A média de investimento neste segmento pelos entrevistados se mostrou bastante inconstante e variando entre R$ 15 e R$ 70,00. Por outro lado, o preço elevado dos produtos é o principal fator na hora da decisão de compra, fazendo com que muitos optem por opções mais econômicas. Referindo-se diretamente a Quitanda, dos entrevistados, mais de 90% conhece a feira, porém, observa-se que o principal ponto de atenção dentro das respostas está no horário da feira, apenas 38% dos entrevistados considera ideal. RECOMENDAÇÕES E SUGESTÕES Identificou-se, com base na pesquisa, que o público estudante noturno raramente consegue comparecer a feira, muitos dos respondentes pedem uma alteração no horário. A última pergunta do questionário era solicitando sugestões de melhoria para a feira. A seguir um apanhado das ideias que foram indicadas: O estacionamento e a localização da feira também é um fator determinante para os frequentadores, muitos pedem uma localização mais central ou então parceria com o estacionamento. Outra sugestão, é uma melhor organização e comunicação visual da feira e de bancas ali presentes e uma melhor apresentação dos produtos. Pensando no público da região, pode-se trabalhar uma comunicação específica para idosos que têm tempo e gostam de programações assim, além de precisarem de uma alimentação mais saudável. Além disso, surgiu a questão do pagamento, como aceitar cartão de crédito. Por fim, sugerese integrações com a universidade e a escola, como realização de workshops em aula sobre assuntos pertinentes como meio ambiente e alimentação saudável. LIMITAÇÕES DA PESQUISA Tem-se como maior limitador da pesquisa a atual pandemia do COVID19, que impossibilitou a realização do questionário com um maior número de alunos, professores e técnicos de forma presencial na instituição. Além disso, o tempo de pesquisa também foi curto para uma maior divulgação. REFERÊNCIAS BARRETO, I. F; CRESCITELLI, E. Marketing de Relacionamento: Como implementar e avaliar resultados. São Paulo: Pearson, 2013. FOGGUETTI, C. Comportamento do consumidor. 2. ed. São Paulo: Pearson, 2019. KOTLER, P; ARMSTRONG, G. Princípios de Marketing. 12. ed. São Paulo: Pearson, 2007. KOTLER, P; KELLER, K. Administração de Marketing.14. ed. São Paulo: Pearson, 2012. KOTLER, P; KARTAJAYA, H; SETIAWAN, I. Marketing 3.0: As forças que estão definindo o novo marketing centrado no ser humano. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. KOTLER, P; KARTAJAYA, H; SETIAWAN, I. Marketing 4.0: Do tradicional ao digital. 4. ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2017. MALHOTRA, NARESH K. Introdução à Pesquisa de Marketing. São Paulo: Pearson, 2008. REICHELT, V. P. Fundamentos de Marketing. Curitiba: Intersaberes, 2013. SAMARA, B. S; MORSCH, M. A. Comportamento do Consumidor: Conceitos e casos. São

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Paulo: Pearson, 2005. PLANETA ORGÂNICO. Quem é o consumidor orgânico. Disponível em: http://planetaorganico.com.br/site/index.php/quem-e-o-consumidororganico/. Acesso em: 2 abr. 2020.

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PRO

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PROJETO DE COMUNICAÇÃO MINIMALISTA SHOP Elaborado por: Bruna da Silva Medeiros Leonardo da Silva Barcelos Renan de Vasconcellos Trindade Victória Nogueira Motta Vinícius Canani Dorfman Orientado por: Profª Ms. Maristela de Oliveira Franco

CLIENTE A marca Minimalista Baby surgiu quando uma jovem mãe quis comprar roupas confortáveis e bonitas para sua filha, algo que fugisse de personagens famosos, das cores clichês de sempre (rosa para menina e azul para menino) e roupas que continham elementos desconfortáveis para os bebês. Com este intuito, assim nasceu a “Minimalista Shop”, uma empresa feita a poucas mãos, ao estilo “Hand-Made”, com design escandinavo, minimalista, geométrico, monocromático, e unissex para a maior parte das peças. Uma loja que oferece coleções para bebês de 0 a 2 anos com caimento confortável, sem detalhes que apertem ou dificultem o brincar, o dormir e o vestir.

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APRESENTAÇÃO DA PESQUISA O atual mercado de roupas infantis não conta com uma loja de roupas unissex, nem sequer de roupas minimalistas. Característica que merece destaque para esta pesquisa. Sendo assim, uma oportunidade expansão para além do virtual, com a criação de um estabelecimento físico, dedicado às mães que gostam de sentir cada detalhe do tecido potencializando sua maior fidelização. Conclui-se então que a loja possui grande potencial de expansão, agregando um novo conceito no mercado de roupas infantis. APRESENTAÇÃO DOS CONCORRENTES • Boutique Infantil Comunicação online Marketing de conteúdo alinhados no Instagram, Facebook e Youtube e valores bem acessíveis; • Mundo Infantil Store Grande diversidade de produtos ofertados e acesso direto ao Procon via site. • Babys Mega Store Além dos produtos, presta serviços de projetos para quartos de bebês e também possui cartão fidelidade ao clientes. • Grão de Gente Certificado pela Fundação Abrinq, vende desde roupas até móveis e explora a imagem de marca dos famosos.

ANÁLISE SWOT FORÇAS Produtos de qualidade Peças confortáveis Estilo e design minimalista Modelagens sem gênero Confecção própria OPORTUNIDADES Crescimento de adeptos ao estilo minimalista Tendência da moda sem gênero Aumento de compras pela internet Pandemia Coronavírus/Quarentena

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FRAQUEZAS Sem ponto de venda físico Dependência de terceiros para entrega de seus produtos Poucas condições de parcelamento Não possui app de compra AMEAÇAS Crise econômica Alta taxa de desemprego Diminuição da taxa de natalidade Novos entrantes adeptos ao estilo


PROBLEMA DE COMUNICAÇÃO: O QUE COMUNICAR? Comunicar aos clientes já existentes e aos novos potenciais clientes sobre a abertura da loja física, mostrando quais são as vantagens deste novo espaço, destacando a relação da empresa com os clientes. POSICIONAMENTO A Minimalista é uma marca que não se prende a gêneros e/ou padrões estéticos, podendo ser utilizada por crianças de ambos os sexos. MISSÃO Promover conforto para qualquer gênero com toque minimalista. VISÃO Em cinco anos, ser a loja referência em roupas e acessórios confortáveis e unissex, no Brasil, destacando-se pelo estilo minimalista e o design escandinavo. VALORES Preocupação com o meio ambiente, responsabilidades com a infância, compromisso com a satisfação dos clientes. PÚBLICO-ALVO Mulheres que residem em sua grande maioria na cidade de Porto Alegre, com idade entre 20 a 40 anos, de classes A e B.

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REFERÊNCIAS CRIATIVAS

CONCEITO CRIATIVO As peças foram criadas seguindo o padrão minimalista de design gráfico, onde somente estarão elementos que realmente agreguem valor à arte. Dando prioridade à cores mais sóbrias e elementos com padrões e texturas mais orgânicas, é possível enfatizar a mensagem. Nos textos, o objetivo foi passar a mensagem da maneira mais clara e objetiva possível. Usando fontes mais modernas sem serifa para todos os textos. Através das zonas de respiro presente em todas as peças, o conceito minimalista serve de caminhos que interligam todos os objetos, textos, fotos e cores que produzem um resultado clean, mas sofisticado. PEÇAS DA CAMPANHA Carrossel Redes Sociais

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Backlight

Frontlight

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PEÇAS EXTRAS DA CAMPANHA

ORÇAMENTOS DE PRODUÇÃO Mala Direta para envio aos clientes de Porto Alegre que adquirirem produtos. Tamanho A4 em papel Couché brilho 90gr. Colorido Frente e Verso: 500un R$466,20 | 1000un R$497,28 Colorido Somente Frente: 1000un R$330,00 | 2500un. R$380,00

PLANEJAMENTO DE MÍDIA 2 frontlights e 2 backlight distribuídos pelos bairros selecionados (a definir) pelos 3 meses da campanha R$8.500,00. Valor negociado direto com a SetDoor. Redes Sociais: veiculação de campanhas de alcance no Facebook e Instagram todos os dias durante os meses da campanha.

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PLANILHA DE MÍDIA

Resumo financeiro: Valor total da mídia somado com o valor de produção da mala direta: R$30.749,00

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