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Influenza Aviária

Trata-se de uma doença sistêmica relacionada, basicamente, ao trato respiratório. O vírus apresenta RNA (ácido ribonucleico) envelopado e possui duas glicoproteínas: as hemaglutininas (HA) e as neuraminidase (N).

Franciely Benthien da

Costa, Consultora técnica comercial de aves de corte - Agroceres Multimix

Também conhecida como gripe aviária, o vírus influenza tipo A (doença infecto-conta giosa das aves) afeta muitas espécies de aves domésticas, silves tres e, eventualmente, mamíferos. Em aves domésticas, as infecções pe lo vírus da influenza aviária são classificadas, como: de baixa patogenicidade; que causam poucos ou nenhum sinal clínico e; de alta patogenicida de, que pode causar graves sinais clínicos e altas taxas de mortalidade.

Trata-se de uma doença sistêmica relacionada, basicamente, ao trato respiratório. O vírus apresenta RNA (ácido ribonucleico) envelopado e possui duas glicoproteínas: as hema glutininas (HA) e as neuraminidase (N). Os vírus de influenza possuem duas grandes classes de antígenos: os internos e os superficiais. Os antíge nos internos são, sobretudo: a nucleoproteína e a proteína M1, constituindo os antígenos solúveis, e são específicos de cada tipo de influenza (A ou B). Os antígenos superficiais são as já mencionadas: hemaglutini na e a neuraminidase. A hemaglutinina é uma proteína trimérica e, de acordo com estudos de imunodifu são, reconhece-se atualmente a existência de 16 subtipos, os quais diferem entre si na constituição aminoacídica, que se denominam de H1 a H16. O outro antígeno superficial, a neurominidase, contém, do mesmo modo, subtipos dessa proteína. Nesse caso, só se identificaram nove, os quais se denominam de N1 a N9. Apesar do vírus possuir vários subti pos, somente os subtipos H5 e H7 é que podem se tornar patogênicos, ou seja, estes vírus são introduzidos nos bandos de aves de criatórios em sua forma pouco patogênica. Quando é permitido que circulem nas popula ções de aves de criatórios, os vírus podem sofrer mutações, geralmente dentro de poucos meses, para a sua forma altamente patogênica.

Espécies de aves selvagens, princi palmente aquáticas, como patos e marrecos, podem albergar cepas de vírus, tanto de alta como de baixa pa togenicidade, sem apresentação obrigatória dos sinais clínicos. O contato entre aves domésticas e migratórias

tem sido a origem de muitos surtos epidêmicos. Outras formas de intro dução e disseminação devem ser consideradas, como: movimentação internacional de aves de produção e de companhia, criações consorciadas de muitas espécies em um mesmo esta belecimento e o comércio de materiais genéticos, produtos e subprodutos avícolas. Pessoas provenientes de áreas infectadas pelo vírus, por seus calçados e vestimentas, podem fun cionar como vetores mecânicos.

Na avicultura industrial o vírus influenza tem causado consideráveis perdas econômicas. O Brasil é o úni co país dentre os maiores produtores do mundo que nunca registrou in fluenza aviária em seu território, mas, para isso, a biosseguridade não pode ser esquecida:

Controle de acesso: Deve-se adotar um controle rigoroso de fluxo de pessoas, veículos, e material. Na portaria deve haver um livro de regis tro de entrada de pessoas e veículos, no qual consta as informações sobre quem entrou na granja, o motivo da visita, de onde veio e o tempo do úl timo contato com outro sistema produtivo ou outras aves. Na porta de acesso ao aviário devem ser coloca dos mecanismos que permitam a desinfecção dos calçados. Este pode ser um pedilúvio (recipiente contendo desinfetante) ou outro mecanismo que permita a desinfecção. Se neces sário, poderá ser realizado troca de calçados ou colocação de propé. Todo veículo que precisar adentrar no sis tema produtivo deve passar pelo sistema de desinfecção, seja arco de desinfecção, bomba de aspersão motorizada ou outro método capaz de permitir a higienização e desinfecção.

Isolamento: Os arredores do aviário deverão ser delimitados por cerca de isolamento, evitando nessa área a circulação desnecessária e não autorizada de veículos, equipamen tos e pessoas. O telamento do aviário é obrigatório e consiste na colocação de telas nas portas e nas laterais do galpão; como principal objetivo: coi bir o ingresso de pássaros no interior do galpão.

Manutenção, limpeza e de sinfecção das instalações e equi

pamento: A manutenção de um ambiente limpo e organizado, dentro e fora do aviário, propicia melhores condições à saúde das aves. A limpe za de comedouros e bebedouros deve ser realizada diariamente, assim co mo as aves mortas, que devem ser retiradas e destinadas a algum tipo de tratamento de resíduos, como com postagem e incineração, por exemplo. Ao redor dos galpões a grama deve ser aparada, entulhos devem ser retirados e é necessário realizar um controle de pragas e insetos. O acesso de outros animais, como cachorros e gatos, deve ser restringido, pois tam bém podem ser vetores de agentes infecciosos. Ao final de cada ciclo de produção, após a retirada dos ani mais, é necessário realizar todos os procedimentos de limpeza completa e higienização do aviário, equipa mentos, caixa d’água e tubulações. Lembrando que a limpeza para reti rada de toda a matéria orgânica do aviário deve ser muito bem feita pa ra que a desinfecção funcione. Após a limpeza e desinfecção, o aviário deve permanecer fechado, em vazio sanitário, por pelo menos 15 dias.

Ração e água: A água destinada ao consumo das aves deve ser clorada, obtendo uma concentração residual mínima de 3 ppm. A caixa d´água de ve ser limpa a cada intervalo de lote (limpar quinzenalmente os filtros do sistema). Fornecer água fresca para as aves, mantendo os reservatórios em local protegido do calor e realizar flushing da linha. Para a manutenção da qualidade nutricional e microbio lógica da ração, é indispensável o armazenamento em silos próprios, fechados e protegidos da umidade e calor excessivos. Recomenda-se instalar o silo em local próximo à cerca de isolamento do núcleo, no lado inter no, que permita abastecimento de ração com o caminhão do lado externo da cerca. É fundamental que o silo e todo o sistema de distribuição de ra ção limitem ao máximo o contato com moscas, roedores ou outras pra gas, para evitar contaminações.

Controle de pragas: Controlar cascudinhos, a cada vazio sanitário, e utilizar os produtos na dosagem reco mendada. Verificar e controlar moscas, principal¬mente na composteira. Inspecionar e registrar as informações, revisar periodicamente e man¬ter porta-iscas limpos e abaste cidos. Manter pátios e proximidades livres de materiais e objetos que pos sam servir de abrigo a roedores.

A influenza aviária continua pre ocupando empresários, autoridades de saúde, governos e a população. O esforço de todos é importante para manter o país livre da doença. A en trada do vírus no Brasil seria um desastre para a nossa avicultura, que demoraria anos para erradicar a en fermidade e voltar a ser um player importante no cenário internacional.

Faça sua parte! Reforce a biossegu ridade da sua granja.

Climatização x Lucratividade

Especialistas apontam os desafios da avicultura em meio às dificuldades da avicultura 4.0, novas tecnologias para climatização, custo x beneficío e muito mais

Irenilza Nääs. Pesquisadora da FACTA e Professora da Universidade Estadual de Campinas, SP

Dando sequência a uma série realizada em parceria entre a Agroceres Multimix e a Revis ta do AviSite para levar informação técnica de qualidade à avicultura, apresentamos nesta edição o material feito para esclarecer o importante papel da climatização na avicultura.

Foram ouvidos Daniella Moura, Professora da Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp, Leandro Correa, Consultor de Serviços Técnicos da Agroceres Multimix, Irenilza Nääs, Pes quisadora da FACTA e Professora da Universidade Estadual de Campinas e Rodrigo Grandizoli, Diretor da Frango Nutribem.

O Grupo de pesquisa em Ambiên cia de Zootecnia de Precisão da Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp vem atuando na pesquisa de tecnologias de ponta que fazem parte do monitoramento, manejo e controle do ambiente na avicultura como por exemplo o uso da robótica em aviários ou o desenvolvimento de uma unida de inteligente para alimentação de frangos de corte entre vários outros estudos, todos com o propósito de contribuir para a maior produtividade e bem estar na avicultura.

Daniella Jorge de Moura, Profes sora da Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp, explica que pa ra a produção em escala de frangos e poedeiras temos disponíveis hoje em dia uma gama de tecnologias que po tencialmente auxiliam os produtores

no monitoramento em tempo real do ambiente em que as aves estão confi nadas. “As tecnologias da informação e comunicação (TICs), as técnicas de Big Data, inteligência artificial e in ternet das coisas (IoT) começam a ser utilizadas no controle do ambiente para a avicultura visando uma maior produtividade e precisão no processo produtivo”, diz ela. “Sendo assim, a Ambiência de precisão auxilia o ge renciamento do ambiente fornecendo ao produtor informações relevantes sobre as quais deve basear suas decisões de manejo além de ativar seus sistemas de controle automatiza dos. Os sistemas alertam os produtores em tempo real para problemas que porventura surjam, permitindo intervenções rápidas e direcionadas que beneficiarão o resultado final do lote”, destaca.

Segundo ela, o número e posicio namento dos sensores utilizados para o monitoramento do galpão é muito importante quando se fala em preci são de controle do ambiente. “Hoje não é possível controlar o ambiente de um galpão de por exemplo, 150m x 16m, apenas com um sensor de tem peratura. Para o melhor controle do ambiente o controlador deveria além de dados de temperatura interna e ex terna, receber dados de umidade relativa, velocidade do ar, concentração de gases como dióxido de carbono e amônia, iluminação, consumo de água, ração, ganho de peso das aves, mortalidade e finalmente o compor tamento das aves na forma de índice de atividade e sua distribuição além de dados de vocalização”, explica Da niella Moura.

O uso dessas tecnologias de preci são, disse a professora da Unicamp, permite garantir maior atenção as aves 24h por dia monitorando o con forto térmico e consequentemente seu bem estar. “Uma Revisão Sistemática sobre a Zootecnia de Precisão na avi cultura foi realizada por Rowe et al, 2019 encontrou uma série de traba lhos científicos realizados na área, indicando que a Zootecnia ou Ambiência de precisão geram uma melhoria no bem estar e saúde das aves. Já Van Hertem et al., 2017, argumentam que um grande benefício da adoção de um sistema de precisão é garantir uma maior produtividade e lucratividade”, detalha.

Outros desafios que a avicultura encontra na adoção de novas tecnolo gias estão ligados à infraestrutura, isto é, exige fornecimento constante de energia e sinal de celular e internet de qualidade. “As pesquisas mostram que 74% dos produtores ainda não usam ferramentas digitais no controle de seu negócio e quase 43% ainda faz o controle dos seus dados e informações no papel. Isso indica que investimen tos básicos devem ser realizados para que as novas tecnologias possam fun cionar no campo além de treinamentos oferecidos aos produtores”, disse Daniella.

A avicultura em busca de ajustes

A climatização está totalmente relacionada a avicultura 4.0, pois traz toda a tecnologia aplicada ao campo. De acordo com Leandro Correa, Con sultor de Serviços Técnicos da Agroceres Multimix, uma área que no passado era pouco desenvolvida/valorizada, hoje demonstra sua importância

A inteligência de sensores e atuadores é organizada de forma a promover a conexão com hardware para receber e interpretar os sinais dos animais e aplicar estratégias de tomada de decisão

Leandro Correa, Consultor de Serviços Técnicos da Agroceres Multimix. “A climatização quando ideal, proporcionará menor gasto metabólico com a manutenção fisiológica das aves. Desta forma é possível trabalhar com dietas de menores níveis nutricionais, consequentemente dietas mais econômicas, sem perder desempenho zootécnico”.

Diluição do custo de aplicação de um eficiente sistema de climatização na densidade de produção

Frango de corte: Melhores condições de ambiencia para as aves que sao alojadas em alta densidade, redução de 1 a 2% de mortalidade e redução de medicações por problemas sanitários. Postura comercial: Melhores condições de ambiencia para as aves que sao alojadas em alta densidade, redução de 6 a 10% da mortalidade e redução das medicações por problemas sanitários, com ênfase na redução dos problemas respiratórios.

Fonte: Leandro Correa, Consultor de Serviços Técnicos da Agroceres Multimix

através da gestão total do galpão. “Isto é feito por meio de sistemas de softwa re e câmeras, onde é possível coletar constantemente os dados das condi ções ambientais (temperatura, umidade, velocidade de vento e níveis de gases), produção avícola (consumo de água, consumo de ração, peso dos ani mais, quantidade de ovos produzido) e avaliar o comportamento das aves”, explica Correa.

Ele aponta ainda que outro fator importante é a questão de como uti lizar as informações que são geradas pela tecnologia. “Este talvez seja o maior gargalo que dificulta a im plantação da ferramenta. Muitos produtores, por desconhecerem os parâmetros ideais (necessidades e li mites das variáveis mensuradas) podem ter dificuldades em operar os painéis e realizar as medições neces sárias, e com isso, não conseguem desfrutar 100% da tecnologia e con sequentemente de seus benefícios”, diz ele. “É neste sentido, que nós da Agroceres Multimix conseguimos contribuir, dando o suporte necessá rio para a utilização desta tecnologia a campo, ou seja, prestamos assistên cia técnica contribuindo com a climatização/ambiência das instalações já existentes e também com os projetos de novas instalações”, afir mou.

De acordo com Correa, a climati zação quando realizada de modo mais simples, “pressão positiva” (aquecedores, ventiladores, nebuli zadores e controlador simples de ambiência), poderá ter o retorno em até um ano, julgando os tipos de proble mas normalmente encontrados a campo. “Já quando se refere a clima tização por pressão negativa (aquecedores, exaustores, painéis evaporativos, inlets, controladores de ambiência sofisticados), o retorno dos investimentos tem se realizado entre 8 e 10 anos”, explica.

Detalhe Técnico: a diferença entre climatização negativa e positiva

Climatização negativa: Galpões que permanecem fechados e possuem apenas uma entrada e uma saída de ar. Estes galpões empregam o uso de exaustores para realizar a ventilação ou a remoção de excesso de gases e sua ação é de sugar o ar de uma extremidade para a outra, gerando vácuo interno (pressão negativa). Climatização positiva: Galpões que permanecem abertos por tempo integral ou parcial. Utilizam ventiladores para realizar a ventilação ou a remoção de gases do ambiente e sua ação é de conduzir/empurrar o ar para frente e/ou lateral do galpão. Seria interessante se isso fosse esclarecido na matéria, mostrando, além do custo de um e outro sistema, a possível diferença de resultados na produtividade das aves. Sob esse aspecto, aliás, é oportuno comparar as diferenças, também, em relação à criação em ambiente natural (galpões abertos, simplesmente com ventiladores e nebulizadores). Postura comercial: Persistência de produção média entre 2 a 7%, tendo casos de 10% em relação ao standard das linhagens. Frango de corte: Melhor conversão alimentar, entre 10 a 15 pontos no verão e 5 pontos no inverno na média. Importante ressaltar que os resultados de inverno ainda estão aquém dos ganhos no verão por falta de dimensionamento adequado de aquecedores e inlets para se obter uma ambiência adequada nas primeiras semanas de vida das aves.

Fonte: Leandro Correa, Consultor de Serviços Técnicos da Agroceres Multimix

A avicultura 4.0 traz um galpão que fornece as condições ideais de ambiência e segurança para as aves. Leandro Correa aponta que além da qualidade constante de ar e tempera tura, este galpão emprega tecnologias capaz de tomar ações que evitam os mais variados tipos de acidentes, do mais simples ao mais grave que ocor rem diariamente na avicultura (amplitude térmica, falta de água ou fornecimento da mesma em temperatura irregular, falta de ração e asfixia por panes elétricas). “Alguns softwares, além de disparar alarmes, acionar me canismos backup e fazer ligações quando ocorrem as falhas graves, en viam mensagens de texto ou de voz para informar as variações/dados dos parâmetros que o produtor deseja ser informado constantemente”, diz.

A ideia da avicultura 4.0 ou ainda avicultura ‘smart’ (ASt) é a avicultura sincronizada e com decisões inteli gentes apoiadas por soluções automatizadas a qual coloca a ave no centro das decisões.

Até agora, apesar de a ASt ter um grande potencial de uso, os produto res não utilizam as tecnologias disponíveis efetivamente, ou em seu mais amplo potencial. Isto porque nem to dos possuem conhecimento adequado ou profissional capacitado para analisar os dados derivados desta tec nologia. Portanto, a adoção de melhorias na ASt continua sendo um desafio em relação à coleta e processamento de dados relevantes e ao desenvolvi mento de respostas úteis para o produtor

É o que explica a Professora e Dra. Irenilza Nääs. De acordo com ela, em relação ao desenvolvimento de tecno logias automatizadas para ajudar (ou ainda substituir em determinadas eta pas do processo) a decisão do produtor, a maioria das ações depende de variáveis de entrada ou saída registra das pelos sensores. “De acordo com o desenvolvimento anterior de um sof tware de tomada de decisão para, por exemplo, indicar o status de bem-es tar dos animais, a saída dos sensores (como a avaliação da atividade com uma câmera de vídeo ou o som medi do usando um microfone) está relacionada ao animal indicadores de

Quando se utiliza a nutrição adequada e a ave está alojada em um ambiente apropriado, esta mostra seu total potencial genético

Avanços no processo da ambiência

“São vários processos que podem hoje ser utilizados na avicultura ‘smart’ (ou 4.0). Modelos matemáticos têm sido usados para estimar o bem-estar das aves usando o reconhecimento de padrões. Por exemplo, uma combinação de câmera e análise estatística de padrões de fluxo óptico são usados para avaliar o comportamento de frangos de corte em aviário comercial. Os movimentos das aves individuais afetam o movimento total do lote, e estes são significativamente correlacionados com as principais medidas de bem- -estar, como mortalidade, número de aves com gait score anormal. Sistemas automáticos já identificam problemas no lote e emitem alerta. Os alertas produzidos por mudanças no comportamento dos animais podem ser registrados nos painéis do computador ou em dispositivos móveis. Os produtores são levados diretamente ao local do problema, economizando tempo e evitando perdas de produção. Como a maioria dos produtores normalmente consegue apenas cerca de 70 a 80% do potencial genético de seus lotes, o sistema já comercial indica que a funcionalidade de alertas precoces pode resultar em uma melhoria no desempenho geral de lotes. Estes alertam hoje já existem para muitos processos dentro da produção avícola e representam cada vez mais um grande avanço no manejo de lotes”.

Por Irenilza Nääs

bem-estar e saúde baseados em saúde (como agressão ou doenças respirató rias). Quando os sinais do sensor começam a divergir de seus valores supostos, alertas são dados ao produtor”, explica.

Irenilza afirma ainda que, desta forma é necessário ter modelos mate máticos que possam ser transformados em ferramentas de tomadas de decisão, acionadas por sensores ou por comportamentos das aves e, de preferência, em tempo-real.

Desafios

E quais são os maiores desafios nes te processo? Irenilza Nääs diz que o desafio para a aplicação bem-sucedida de sistemas inteligentes de avicultura industrial depende de abundância e da qualidade dos dados. “Essas grandes quantidades de dados com a maior ca pacidade de armazenamento associada a tecnologias automatizadas têm gera do rapidamente dados em larga escala na produção animal e em outras ativi dades agrícolas”, disse a pesquisadora. “O aprendizado de máquina é um sub campo da inteligência artificial dedicada ao estudo de algoritmos para previsão e influência de processos. Aprender com os dados é a essência do aprendi zado de máquina”, diz.

Irenilza ainda afirma que “Pode mos presumir que a avicultura ‘smart’ (ou inteligente) permite a intercone xão de ações coordenadas usando sensores para avaliar sinais vitais relacionados a animais e variáveis de produção durante o processo de produção e atuadores para inferir decisões. Este avanço tecnológico está um passo à frente da ‘zootecnia de precisão’. A en trada do sistema completo é composta de dados relacionados aos animais combinados com dados ambientais, de nutrição, de saúde, de bem-estar animal e o resultado são ações de to mada de decisão. A climatização participa deste conceito quando também é automatizada e prioriza as decisões com o foco na ave”, afirma.

Os gargalos

A pesquisadora Irenilza Nääs aponta que fica mais fácil pensar em custo-benefício do uso do sistema de climatização. Segundo ela, não existe um ‘pacote pronto’, pois cada sistema tem suas finalidades e aplicabilidade para cada tipo de aviário. “Esta res posta é bem complexa. Tão complexa que fizemos um trabalho científico recém publicado (https://www.scien cedirect.com/science/article/pii/ S2214317319303452) comparando três tipos de aviários, sendo alguns com fluxo positivo com ventiladores, outros blue-houses e outros dark-hou ses. O resultado indica que, dependendo dos critérios utilizados para a comparação, os resultados podem variar”,diz. “Por exemplo, se o foco for o menor impacto ambiental com rela ção à concentração e emissão de amônia no ambiente e bem-estar animal o resultado pode ser o aviário conven cional. Além do menor custo de construção, a produção pode ser econômica dependendo da sua escala. Portanto, dependendo do foco, a resposta do sistema mais eficiente é diferente. De forma geral, o uso de equipamentos de climatização melhora o desempe nho das aves, porque temos temperaturas muito altas durante boa parte do ano no Brasil, e o uso de ventilação, associado ao resfriamento adiabático que consegue diminuir a temperatura ambiental, podendo melhorar muito as condições dentro dos aviários, principalmente na fase final de cresci mento”, destaca.

A diluição do custo de aplicação de um eficiente sistema de climatização na densidade de produção

Quando selecionado um determinado tipo de climatização para um aviário, em função do objetivo que se deseja atingir, então o sistema escolhi do deve se pagar em determinado prazo, estabelecido quando do contrato inicial. “Aqui de novo se deve pensar no custo-benefício da adoção do pro cesso. Por exemplo, a pergunta seria: Nas condições que desejo atender, com densidade x e mortalidade y, co mo será que consigo este desempenho com e sem climatização? Com a cli matização adequada, geralmente se tem uma redução de mortalidade,

considerando-se a mesma densidade x. Ou seja, o desempenho melhora com a climatização, portanto, a cli matização é diretamente proporcional à melhoria do desempenho”, diz Irenilza. “Também não dá para ser ter um número mágico, pois depende do planejamento e adequação do sistema utilizado. De maneira geral o aviário climatizado apresenta maior eficiên cia e melhor desempenho dos lotes, porque facilita nas aves a trocar calor sensível com o ambiente e, portanto, o retorno do custo é mais rápido”, diz.

Nutrição x climatização

Quando se utiliza a nutrição adequada e a ave está alojada em um ambiente apropriado, esta mostra seu total potencial genético. “Diferente de quando a nutrição não é correta ou o ambiente é inadequado ou ambas si

“A climatização de aviários traz bons resultados, sendo bem trabalhada, viabiliza e otimiza o processo de produção, desde o setor produtivo parceiro ao abatedouro. O investimento de início é expressivo, mas se paga pela eficiência e qualidade de produção”.

tuações de afastamento das condições ideais, que, neste caso o desempenho tendo necessariamente a ser aquém do que a linhagem preconiza”, aponta Irenilza Nääs.

Segundo Rodrigo Grandizoli, Di retor da Frango Nutribem, o processo de melhoria em climatização vem se mostrando muito eficaz e necessário, principalmente em regiões quentes. “Ao adotar o sistema climatizado, te mos um melhor controle sobre o ambiente interno do aviário dada as diversas variações de clima que temos durante todo o ano ou mesmo até no mesmo dia, proporcionando assim, melhores condições e conforto para todo o ciclo de vida das aves, tais co mo, adequação de temperatura, umidade, ventilação, iluminação, entre outros”, diz. “Melhores condições de ambiência são refletidas em melhores resultados, fatores como uniformida de de lote, redução da conversão alimentar, maior ganho de peso e redução de mortalidade final, são pontos que nos trazem bons índices de pro dução, resultado esperado pelo produtor e integradora. Com a automatização, há uma melhoria nas condições de trabalho, facilidade para o colabo rador responsável, fator que vem se mostrando cada dia mais difícil em nosso país, podendo-se também, au mentar o número de aves/m² para um mesmo colaborador, dando melhor viabilidade a cada unidade. Devemos considerar, que temos nesse conjunto um melhor aproveitamento do poten cial genético, como também dos níveis nutricionais oferecidos as aves”, destaca Grandizoli.

Ele explica que a construção de no vos aviários ou adequação de aviários convencionais ao sistema climatizado tem um custo considerável e deve ser bem avaliado, para o bom funciona mento de toda a estrutura é necessário que se faça o correto dimensionamen to de estrutura civil e equipamentos que contemplam todo o conjunto. Vá lido mencionar que além do dimensionamento, faz-se necessário acompanhamento técnico para ajuste e suporte durante os ciclos de criação. “Por fim, entendemos que a climatização de aviários traz bons resultados, sendo “A Ambiência de Precisão é uma solução importante para os produtores, especialmente quando se pensa em escala de produção, permitindo o monitoramento detalhado do ambiente em sistemas intensivos. No entanto a tecnologia não substitui os seres humanos, mas auxilia o processo de tomada de decisão tornando-o mais preciso. Também é necessário que o produtor tenha apoio do especialista na implantação da tecnologia e interpretação dos dados, para que permaneçam confiantes nos efeitos positivos do uso da Ambiência de Precisão”.

Daniella Jorge de Moura, Professora da Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp

bem trabalhada, viabiliza e otimiza o processo de produção, desde o setor produtivo parceiro ao abatedouro. O investimento de início é expressivo, mas se paga pela eficiência e qualidade de produção”, disse.

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