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Valor Bruto da Produção Agropecuária de Santa Catarina cresce 8,8% e chega a R$ 33,6 bilhões

O método oficial, exigido pelo MAPA, de detecção de salmonela a campo é a microbiologia de swabs de arrasto, feito com propés

ambiente não é elevada, o que faz com que o método de detecção microbioló gica perca sensibilidade. Técnicos que vão a campo na tentativa de detectar salmonela em um foco de Typhimu rium, por exemplo, sabem que são necessárias muitas amostras para encontrar a bactéria no ambiente.

Por causa disso, o método de de tecção molecular (qPCR) tem pouca validade para uso a campo. A técnica é muito valiosa na avaliação de carca ças e da ração, por exemplo, mas não tem uso a campo correntemente. Além da baixa carga bacteriana, outra dificuldade para a detecção molecular de salmonela é a presença de inibido res da PCR em amostras fecais. Assim, mesmo quando a amostra contém a bactéria, a própria natureza da amos tra de campo é geralmente capaz de inibir a reação (1).

Neste contexto, os métodos de ava liação de anticorpos contra salmonela têm grande relevância na detecção de lotes positivos.

Os métodos sorológicos têm grande penetração na veterinária, mas não ga nharam popularidade na detecção de aves infectadas por salmonela, apesar da recomendação já antiga de alguns formadores de opinião (4). A detecção de anticorpos apresenta algumas vanta gens importantes em relação à microbiologia para salmonela: anticorpos persistem nos animais infectados, mes mo que eles já tenham parado de excretar a bactéria (animais microbiologicamente negativos), aumentando a sensibilidade para o lote. Embora em um aviário apenas cerca de 8% dos animais sejam positivos para a microbiologia de salmonela, muitos mais animais são imunologicamente positivos, visto que a produção de anticorpos persiste para além da infecção. A detecção de anti corpos é também uma técnica mais rápida do que a microbiologia, levando cerca de 4h para ser concluída.

Acreditamos que o pouco uso da so rologia para salmonelas paratíficas se dá por algumas razões. Há um método microbiológico requerido pelo governo, o que acaba por excluir outras técnicas. Muitas salmonelas são conhecidas pe los técnicos a campo como “ambientais”, ou seja, de baixa infectividade sistêmica. Alguns sorotipos como Typhimurium têm grande capacidade invasiva no hospedeiro, mas outros, co mo Heidelberg, não necessariamente penetram na circulação. Isto significa que para Heidelberg nem sempre são criados anticorpos sistêmicos – IgY no soro. Estes animais apareceriam negati vos em um teste sorológico, embora estivessem positivos na microbiologia. Mesmo para salmonelas invasivas, as respostas imunes no soro aparecem tar diamente, visto que é necessário esperar pelo estabelecimento da infecção sistêmica para que ocorra a formação de anticorpos séricos (5).

Para os métodos de detecção de an ticorpos, é também crucial que o kit utilizado tenha cepas representativas daquelas encontradas na região. Há rea tividade cruzada na imunidade entre as salmonelas, mas o uso de cepas locais melhora a sensibilidade dos kits. Assim, kits importados podem ter baixa sensi bilidade relativa (6).

A detecção de respostas imunes de mucosas sobrepõe muitas das barrei ras vistas na sorologia. É possível detectar respostas específicas de anticorpos nos tecidos onde todas as salmonelas paratíficas alojam-se – neste caso, IgA nas fezes. Assim, não é necessário que a cepa de salmonela seja invasiva para produzir respostas imunes. Ademais, respostas de mucosas não necessitam de demoradas coletas de sangue, visto que necessitam ape nas de fezes frescas das aves coletadas na cama para sua realização.

Método de uso

Por causa das dificuldades encontradas para um bom monitoramento de salmonela baseado apenas em micro biologia (oifical ou de autocontrole) ou em métodos sorológicos, apresenta-se aqui uma alternativa para detecção de respostas imunes fecais – IgA anti-sal monela.

O kit de detecção de IgA contra sal monela é utilizado com amostras fecais coletadas na cama. As amostras devem ser frescas (ainda úmidas). A presença de sujeira oriunda da cama não com promete o teste, desde que não seja excessiva, ou seja, mais volumosa do que as próprias fezes.

A monitoria é parte integral do controle das salmonelas paratíficas. Conhecer a prevalência de salmonela permite saber onde é necessário um controle mais intenso

As amostras são analisadas em laboratório. As amostras são diluídas para realização de titulação. As amostras fecais são então analisadas no kit de ELISA GIgA Salmonela. Como todo teste imune de rebanhos, a maior utilidade do kit é em avaliar a positividade do galpão, e não de animais individuais.

Conclusão

O histórico de resultados mostra que o kit é capaz de detectar aviários positivos para salmonela com elevada sensibilida de. Contudo, como recomenda a boa prática veterinária, frisa-se que a função deste tipo de análise não é jamais substituir os métodos já utilizados para controle e detecção. Os autores acreditam que esta é uma ferramenta para se somar às demais nesta importante luta da avicultura brasi leira contra as salmonelas paratíficas.

Referências

1. Barrow,P.A. (2000) The paratyphoid salmonellae. Rev. Sci. Tech. Int. des Epizoot., 19, 351–366. 2. Buhr,R.J., Richardson,L.J., Cason,J.A.,

Cox,N.A. and Fairchild,B.D. (2007) Comparison of four sampling methods for the detection of Salmonella in broiler litter. Poult. Sci., 86, 21–25. 3. Arnold,M.E., Mueller-Doblies,D., Gosling,R.J., Martelli,F. and Davies,R.H. (2015) Estimation of the sensitivity of various environmental sampling methods for detection of Salmonella in duck flocks. Avian Pathol., 44, 423–429. 4. Barrow,P.A. (1994) Serological diagnosis of Salmonella serotype enteritidis infections in poultry by ELISA and other tests. Int. J. Food Microbiol., 21, 55–68. 5. Jouy,E., Proux,K., Humbert,F., Rose,V., Lalande,F., Houdayer,C., Picault,J.-P. and Salvat,G. (2005) Evaluation of a French ELISA for the detection of Salmonella Enteritidis and Salmonella Typhimurium in flocks of laying and breeding hens. Prev. Vet. Med., 71, 91–103. 6. Farzan,A., Friendship,R.M. and Dewey,C.E. (2007) Evaluation of enzyme- -linked immunosorbent assay (ELISA) tests and culture for determining Salmonella status of a pig herd. Epidemiol. Infect., 135, 238–244.

Valor Bruto da Produção Agropecuária de Santa Catarina cresce 8,8% e chega a R$ 33,6 bilhões

A alta foi impulsionada principalmente pelo desempenho da produção pecuária

Grande produtor de alimentos, Santa Catarina ampliou o faturamento do setor agropecuário em 2019. O Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) chegou a R$ 33,6 bilhões, um aumento de 8,8% em relação ao ano anterior. A alta foi impulsionada principalmente pelo desempenho da produção pecuária. Os dados fazem parte da Síntese Anual da Agricultura e dos Indica dores de Desempenho da Agricultura e do Agronegócio de Santa Catarina, documentos elaborados pelo Centro de Socioeconomia e Planeja mento Agrícola (Epagri/Cepa). "Com pouco mais de 1% do terri tório brasileiro, Santa Catarina é referência em várias atividades agropecuárias, desde a produção de proteína animal, cultivo de ostras e me

O Valor da Produção da avicultura, que até 2018 ocupava o primeiro lugar no ranking de faturamento, fechou em R$ 6,41 bilhões em 2019. Seguido pela produção de leite, presente em 80% dos municípios de Santa Catarina, com um VP de R$3,72 bilhões e um crescimento de 7,7% em comparação com 2018

xilhões e também a produção vegetal e florestal. Nós tivemos crescimentos importantes em diversos setores, principalmente na produção de carnes, devido às exportações de carne suína e de aves. E isso tudo é fruto do trabalho dos produtores ru rais e das entidades públicas e privadas. É importante valorizar também a condição sanitária dos nossos re banhos e lavouras", destaca o secretário adjunto da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural, Ricardo Miotto.

A suinocultura foi o grande des taque da agropecuária catarinense no último ano e superou o valor da produção de frangos pela primeira vez em 20 anos. A produção de suí nos se tornou responsável por 19,2% do VBP catarinense, alcançando um valor de R$ 6,47 bilhões. As receitas geradas pela cadeia produtiva, na fa se de criação dos animais, foram 35% maiores do que em 2018.

O bom momento da suinocultu ra catarinense é resultado de uma combinação de fatores: aumento na produção e também nos preços pa gos ao produtor. Santa Catarina é o maior produtor e exportador de car ne suína do Brasil e vem em um ritmo acelerado de crescimento nas vendas internacionais.

“O momento agora é de celebrar e enaltecer esses números, que são significativos para a economia do estado na geração de emprego, ren da e qualidade de vida, mas que também deixam o compromisso de continuar crescendo e zelando pela condição sanitária catarinense”, acrescenta Miotto.

Os analistas da Epagri/Cepa tra balham agora nas perspectivas para o VBP de 2020. Segundo o coordena dor da Síntese Agropecuária, Tabajara Marcondes, o faturamento deste ano será muito influenciado pelo de sempenho da economia brasileira e a reação do mercado internacional. "Os produtos que dependem ex clusivamente do mercado interno têm um cenário mais desafiador do que os que possuem uma válvula de escape no mercado internacional. Como por exemplo, o milho, soja e suínos, que devem ter um cresci mento na produção e faturamento. O comportamento do VBP 2020 irá depender de uma combinação de fa tores, entre eles o emprego, economia brasileira e demanda internacional", explica.

Produção Animal

A produção animal respondeu por 60% do VP da agropecuária de Santa Catarina. Em 2019, o fatura mento do setor foi de R$ 20,14 bilhões, com alta de 14,9% em relação ao ano anterior.

O VP da avicultura, que até 2018 ocupava o primeiro lugar no ranking de faturamento, fechou em R$ 6,41 bilhões em 2019. Seguido pela pro dução de leite, presente em 80% dos municípios de Santa Catarina, com um VP de R$3,72 bilhões e um cres cimento de 7,7% em comparação com 2018.

O faturamento da aquicultura também teve alta no último ano, com um VP de R$ 322 milhões, pu xado, principalmente, pela produção de tilápias.

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