Especial Salmonela
O método oficial, exigido pelo MAPA, de detecção de salmonela a campo é a microbiologia de swabs de arrasto, feito com propés
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A Revista do AviSite
ambiente não é elevada, o que faz com que o método de detecção microbiológica perca sensibilidade. Técnicos que vão a campo na tentativa de detectar salmonela em um foco de Typhimurium, por exemplo, sabem que são necessárias muitas amostras para encontrar a bactéria no ambiente. Por causa disso, o método de detecção molecular (qPCR) tem pouca validade para uso a campo. A técnica é muito valiosa na avaliação de carcaças e da ração, por exemplo, mas não tem uso a campo correntemente. Além da baixa carga bacteriana, outra dificuldade para a detecção molecular de salmonela é a presença de inibidores da PCR em amostras fecais. Assim, mesmo quando a amostra contém a bactéria, a própria natureza da amostra de campo é geralmente capaz de inibir a reação (1). Neste contexto, os métodos de avaliação de anticorpos contra salmonela têm grande relevância na detecção de lotes positivos. Os métodos sorológicos têm grande penetração na veterinária, mas não ganharam popularidade na detecção de aves infectadas por salmonela, apesar da recomendação já antiga de alguns formadores de opinião (4). A detecção de anticorpos apresenta algumas vantagens importantes em relação à microbiologia para salmonela: anticorpos persistem nos animais infectados, mesmo que eles já tenham parado de excretar a bactéria (animais microbiologicamente negativos), aumentando a sensibilidade para o lote. Embora em um aviário apenas cerca de 8% dos animais sejam positivos para a microbiologia de salmonela, muitos mais animais são imunologicamente positivos, visto que a produção de anticorpos persiste para além da infecção. A detecção de anticorpos é também uma técnica mais rápida do que a microbiologia, levando cerca de 4h para ser concluída. Acreditamos que o pouco uso da sorologia para salmonelas paratíficas se dá por algumas razões. Há um método microbiológico requerido pelo governo, o que acaba por excluir outras técnicas. Muitas salmonelas são conhecidas pelos técnicos a campo como “ambientais”, ou seja, de baixa infectividade
sistêmica. Alguns sorotipos como Typhimurium têm grande capacidade invasiva no hospedeiro, mas outros, como Heidelberg, não necessariamente penetram na circulação. Isto significa que para Heidelberg nem sempre são criados anticorpos sistêmicos – IgY no soro. Estes animais apareceriam negativos em um teste sorológico, embora estivessem positivos na microbiologia. Mesmo para salmonelas invasivas, as respostas imunes no soro aparecem tardiamente, visto que é necessário esperar pelo estabelecimento da infecção sistêmica para que ocorra a formação de anticorpos séricos (5). Para os métodos de detecção de anticorpos, é também crucial que o kit utilizado tenha cepas representativas daquelas encontradas na região. Há reatividade cruzada na imunidade entre as salmonelas, mas o uso de cepas locais melhora a sensibilidade dos kits. Assim, kits importados podem ter baixa sensibilidade relativa (6). A detecção de respostas imunes de mucosas sobrepõe muitas das barreiras vistas na sorologia. É possível detectar respostas específicas de anticorpos nos tecidos onde todas as salmonelas paratíficas alojam-se – neste caso, IgA nas fezes. Assim, não é necessário que a cepa de salmonela seja invasiva para produzir respostas imunes. Ademais, respostas de mucosas não necessitam de demoradas coletas de sangue, visto que necessitam apenas de fezes frescas das aves coletadas na cama para sua realização.
Método de uso Por causa das dificuldades encontradas para um bom monitoramento de salmonela baseado apenas em microbiologia (oifical ou de autocontrole) ou em métodos sorológicos, apresenta-se aqui uma alternativa para detecção de respostas imunes fecais – IgA anti-salmonela. O kit de detecção de IgA contra salmonela é utilizado com amostras fecais coletadas na cama. As amostras devem ser frescas (ainda úmidas). A presença de sujeira oriunda da cama não compromete o teste, desde que não seja excessiva, ou seja, mais volumosa do que as próprias fezes.